O Zorrinho Ataca Novamente

História do Zorrinho, de 1975.

Esta pode ser considerada uma segunda história de criação da identidade secreta dos sobrinhos do Donald, com os personagens ainda em um estado bem inicial. Ainda não temos o “grito de guerra” inspirado nos três mosqueteiros, nem a importunação dos Metralhinhas às meninas Lalá, Lelé e Lili.

Mas isso não quer dizer que os vilõezinhos não vão aprontar aos montes, antes de serem finalmente pegos e punidos. Hoje a “peraltagem” é entrar e sair dos lugares sem pagar, o que em alguns momentos coloca os meninos bonzinhos em situação delicada enquanto eles tentam não perder os bandidinhos de vista.

Uma coisa que eu acho interessante é que o dinheiro de Patópolis teoricamente se chama “pataca patopolense” mas, na maioria das histórias onde é mencionado algum valor específico, a moeda é a brasileira. Neste caso, Cruzeiros.

Uma das piadas, bastante sutil, fica por conta da cédula que o Zorrinho usa para pagar a entrada de um brinquedo que custa 3 Cruzeiros. Talvez seja preciso virar a revista de cabeça para baixo e olhar com a ajuda de uma lente de aumento, mas pode-se ver nitidamente que é uma nota de 3 Cruzeiros, coisa que não existia na época.

Isso se explica pelo fato de que a história não pode parar para o Zorrinho receber o troco, e uma nota é mais reconhecível para o leitor do que três moedinhas, que ficariam pequenas demais no desenho. Em todo caso, não sei se isso é coisa de papai, ou uma inserção do desenhista Primaggio Mantovi.

Voltando ao desenvolvimento do personagem Zorrinho, hoje os meninos se darão conta de que podem conquistar uma liberdade de ação quase “sobrenatural” ao fingirem ser um só, já que os Metralhinhas são, de qualquer maneira e como todo o resto da família Metralha, burrinhos demais para perceber que estão lidando com três patinhos, e não apenas um.

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A Maior Atração

História do Palhaço Sacarrolha, de Primaggio Mantovi, publicada pela Editora Abril na Revista Sacarrolha número 26, de Setembro de 1975.

Ao que parece, um circo é como qualquer outra empresa: funcionários são contratados, demitidos, saem de férias, etc. Há, também, algum tipo de hierarquia, com atrações “maiores” e “menores”, e uma amigável e discreta rivalidade entre eles, que hoje será trazida para debaixo dos holofotes, por assim dizer.

A maior atração do Circo Kabum é, no pensar do próprio dono, o Dom Pepe, o Palhaço Sacarrolha. É certamente para ver as suas palhaçadas que o público vem ao circo. Com a chegada das férias dele, o espetáculo será desfalcado e um substituto temporário precisará ser encontrado.

Isso causa, a princípio, mais problemas, que acabarão levando a uma solução inesperada. Para começar, quem, dentre os vários artistas, seria o “segundo maior”? O domador de feras Gambini ou o mágico Xaveko? Para decidir eles começam uma divertida competição na qual, obviamente, quem ganha (principalmente em risadas) é o leitor.

É aqui que papai coloca o elemento da trama que vai distrair discretamente o leitor e fazê-lo esquecer um pouco do problema principal: entre truques de mágica e de adestramento de animais, cada um deles é muito bom em sua especialidade, obviamente, mas não se esqueçam de que quem está saindo de férias e precisa ser substituído é o palhaço.

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Os Clandestinos

História do Sacarrolha, de Primaggio Mantovi, publicada pela Editora Abril na Revista Sacarrolha número 30, de janeiro de 1976.

O tema do Circo, além de ser universal e não estar preso a um único país ou região, dá ensejo a uma infinidade de histórias, sempre com muito movimento e confusão. Foi exatamente por isso que Primaggio o adotou, aliás.

Uma característica dos circos é que eles estão sempre em movimento, viajando de uma cidade a outra, de um país a outro. Na verdade, Primaggio nos conta, com a ajuda de vários outros argumentistas, e papai entre eles, a história de dois circos: o Gran Circo Kabum, de Sacarrolha e sua turma, e o Circo Trapassa, de uma turma de trapaceiros que vivem para seguir o pessoal do bem para todo lugar, sempre na tentativa de atrapalhar ou levar alguma vantagem.

Mas quem segue os outros, especialmente se motivado pela inveja, tem o inconveniente de estar sempre um passo atrás, o que certamente nunca leva a nada de bom.

Hoje, no afã de seguir o Circo Kabum até mesmo em uma viagem de navio, os integrantes do Circo Trapassa elaboram um trabalhoso plano para se aproveitar da confusão dos preparativos para a partida e entrar clandestinamente na embarcação, como se fizessem parte da trupe da qual são rivais.

Sacarrolha Clandestinos

Como é comum nas histórias de papai, o plano é bom e se inicia bem. Mas, como não existe plano perfeito, logo a coisa degringola, para o deleite do leitor e desespero dos personagens maus. O fato é que o Sacarrolha e seus amigos são bons, mas não são bobos. Já os maus podem ter seus lampejos de esperteza, mas sempre serão irremediavelmente burros.

Sacarrolha Clandestinos1

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Tenho o prazer de anunciar um novo livro, que não é sobre quadrinhos, mas sim uma breve história do Rock and Roll. Chama-se “A História do Mundo Segundo o Rock and Roll”, e está à venda nos sites do Clube de Autores agBook

O Diabólico Kid Monius

Voltando à “Maratona Morcego Vermelho”, esta história de 1974 mostra nosso herói às voltas com dois bandidos que faziam parte do mundo do Mickey, até aquele momento.

A justificativa que papai deu para esse encontro é que o Mickey estaria viajando, e portanto o único representante do bem disponível para enfrentá-los é o Morcego.

A trama toda se baseia na estranheza e no desconhecimento, o que gera alguns mal entendidos hilários. O fato é que Ted Tampinha e Kid Monius nunca enfrentaram o Morcego, que começou a agir enquanto eles estavam servindo uma longa pena na cadeia, de onde acabaram de fugir. Eles só o conhecem de ouvir falar.

E tudo o que o Morcego sabe sobre eles é que são bandidos e devem voltar para a cadeia, mas também nunca os enfrentou, e não sabe realmente do que eles são capazes (o que, neste caso, não é muito, apesar dos planos mirabolantes dos bandidos).

O tamanho e bravatas do Kid Monius deixam o Morcego com medo dele, e os bandidos não sabem o trapalhão que o Morcego realmente é, e se impressionam com o uso que ele faz dos equipamentos morcego.

Mas seja como for, o nosso herói consegue cair por acaso em cima do Ted Tampinha, levando à sua prisão, para então sair atrapalhadamente à caça do auto denominado (e apavorado) “diabólico” Kid Monius. O bandidão só tem tamanho, e não é nada sem o seu comparsa baixinho, mas o Morcego está tão convencido de que ele é perigoso que mal consegue prendê-lo, de tanto medo, ele também.

MOV Kid Monius

Dignas de nota são as placas sobre o prédio, no primeiro quadrinho, da “Pizzaria Primaggio” (uma referência a Primaggio Mantovi) e da “H. Errero Turismo” (referência a Carlos Edgard Herrero, o desenhista desta história).