A Garrafa!

Surpresa! Pesquisando os guardados de papai descobri um envelope enviado a ele pelo meu tio Luiz com as páginas xerocadas de mais uma história de terror de autoria conjunta dos dois irmãos.

Com o título de trabalho “A Garrafa do Diabo” e apenas quatro páginas, ela foi escrita em 1961 para publicação pela Editora Outubro na revista Histórias Macabras. O desenho a lápis é de meu tio, e a arte final do Júlio Shimamoto.

Esta é mais uma daquelas da série “não mexa com o que você não conhece”, e o tema é “centro espírita”. Um cético total é convidado para uma sessão, mas (seja por arrogância, materialismo ou preconceito) não acredita em nada do que está vendo. Quando lhe colocam nas mãos uma garrafa de cachaça “carregada” de maus espíritos com instruções expressas para que ele a jogue em água corrente, o cético resolve beber seu conteúdo, com consequências desastrosas.

Hoje temos uma “piada interna” com a figura de Waldyr Igayara de Souza (12 de maio de 1934 a 7 de junho de 2002) desenhista e editor de quadrinhos que foi colega e chefe de papai em diversos momentos de suas carreiras. Mas eu tenho certeza de que ele não era assim tão cético. É mesmo só uma brincadeira entre amigos, o fato de ele ter sido colocado como o desafortunado protagonista de uma história de terror.

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A História dos Quadrinhos no Brasil, e-book de autoria de papai, pode ser encontrado na Amazon 

O Homem Elástico

Esta maratona Morcego Vermelho termina hoje, com esta história de 1973 que fecha a Edição Extra 56.

O Peninha começa a história bastante chateado. Com todos os bandidos na cadeia e nenhum crime em Patópolis há uma semana, não há motivo para se transformar em Morcego vermelho. Há, ao que parece, uma certa desvantagem em ser um grande e eficiente herói: a de se ficar sem ter o que fazer.

Pelo menos, até aparecer um novo bandido para se enfrentar. O vilão da vez é o incrível Homem Elástico, que usa o seu poder de se esticar para escapar mais facilmente de quem tenta prendê-lo.

A princípio o Peninha fica até contente quando alguém grita “pega ladrão”, só para então perceber que o furtado era ele mesmo. E pior: o objeto roubado é a roupa do Morcego Vermelho. “Será este o fim do nosso herói???”

Seja como for, a roupa é logo recuperada, e a história pode continuar. Como quase sempre, boa parte das piadas é baseada nos pulos errados, quedas e trombadas do herói. A elasticidade do bandido contribui bastante para a bagunça, e na tentativa de agarrá-lo o Morcego usa vários dos seus equipamentos, incluindo o carro Morcego. E toma mais uma multa, como sempre acontece quando ele usa esse equipamento em especial.

MOV Carro

O bandido é realmente difícil de deter, mas tem um ponto fraco bastante óbvio, que acaba levando o Morcego à captura do verdadeiro mandante da coisa toda, o Dr. Estigma.

A “piada interna” da vez fica por conta da placa que o nosso herói atravessa com o pula pula Morcego, que anuncia um filme em exibição no “Cine Kato”, chamado “Os Carecas do Barulho”, com “Iga” e “Zozô”.

MOV Carecas

“Kato” é muito provavelmente uma referência a Jorge Kato, desenhista que trabalhava com papai desde os tempos das histórias de terror, “Iga” é o Waldir Igayara, e “Zozô” certamente é Izomar Guilherme, que também faziam parte da equipe naqueles tempos.