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“O Intruso”, conto ilustrado por Hipólito Colomb.
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“Passaram quatro mezes.
Em princípio de dezembro as duas mulheres que se tinham escondido nas galerias das minas onde a industria hulheira interrompera a sua laboração, levavam uma existencia miseravel, obtendo com dificuldade os alimentos de que necessitavam, minadas pelo desgosto da terrivel evidencia que o tempo e os sofrimentos de Alice se incumbiram de demonstrar.
O crime execravel de que a infeliz fôra vitima, tivera como consequencia uma gravidez. Alice gerara no seu ventre um inimigo, o filho de um opressor da sua patria, de um destruidor do seu lar, da bêsta abjeta que a violentara. (…)
– Meu pai prefere vêr a sua filha morta a vê-la amamentar esse intruso que ela traz no ventre. Pois bem: ninguem sabe onde eu estou, vista o meu luto, todos pódem julgar que morri. Abandone-me ao meu triste destino. Quem perde mais sou eu, no melhor dos pais. Mas darei á luz a criança que a minha maternidade tem o dever de proteger. O filho tem direitos sobre a mãe. Será desprezivel para todos menos para mim. Um crime não justifica outro crime. (…)
Armando apoiando-se ao braço de Ernesto Lamote pousou a mão sobre o hombro de Alice dizendo-lhe piedoso.
– Não chores, mulher. O teu filho será o meu.”