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A pintura surrealista “O Terapeuta” criada em 1937 por René Magritte, descreve um homem com chapéu sentado numa rocha, com os pés no chão entre graminhas verdes, segura uma maleta de médico, seu tronco é uma gaiola aberta com um pássaro dentro e outro fora, segura uma bengala, tem uma manta vermelha recobrindo os ombros, ao fundo o mar, um céu aberto, as cores se destacam, mas não tem rosto, o que não era raro nas obras do artista, e nem possui alguma marca que revele quem era o modelo.

Os trabalhos de Magritte são concebidos como enigmas. Nelas, ele explora os mistérios que se escondem na inesperada justaposição das coisas cotidianas, envolvendo o espectador em uma desorientação autoinduzida.

Suas pinturas excluem símbolos e mitos; tudo é visível. Magritte trabalhou de várias fontes, que ele repetiu com variações: surpresas anatômicas, como a mão cujo pulso é o rosto de uma mulher; a misteriosa abertura, onde uma porta se abre para uma vista inesperada; criaturas metamórficas, como um pássaro de pedra voando acima de uma costa rochosa.

Ele anima o inanimado, como um sapato com dedos; ele amplia os detalhes, como uma imensa maçã enchendo uma sala. Ele faz uma associação de complementares, como o pássaro de folha ou a águia da montanha.

Sempre há um tipo de lógica nas imagens de René Magritte, mas quando perguntado sobre a análise do conteúdo de suas pinturas, Magritte respondeu: “Se alguém olha para uma coisa com a intenção de tentar descobrir o que significa, acaba não vendo mais a coisa em si, mas pensar na questão que é levantada “. A interpretação da imagem era uma negação de seu mistério, o mistério do invisível subjetivo e simbólico.

René Magritte descreveu seu “terapeuta” como um estranho sentado à beira de um penhasco do mar com um chapéu de abas largas, com uma bengala e uma mala. O personagem abre amplamente sua capa, como se por um momento permitisse ao espectador olhar dentro de sua alma, revelando o véu de seu próprio segredo, um pássaro numa gaiola aberta e outro fora. Parece que o pombo livre está tentando comunicar-se com seu companheiro na gaiola, apoiá-lo e ajudá-lo a se libertar de sua própria prisão. Assim como um psicanalista/terapeuta ajuda seu cliente a deixar o lugar escuro e solitário que está dentro de si mesmo.

Surpreendentemente, apesar de não gostar de psicoterapeutas, René Magritte conseguiu retratar com maestria o princípio do trabalho da psicoterapia psicanalítica, a cura pela palavra; só então deixamos de ser “escravos do nosso inconsciente”.

Enquanto não revelarmos nossos recalques escondidos de nós mesmos não encontraremos nossa cura psíquica, seremos este personagem sem rosto, que tem todas os recursos para seguir em frente, mas está parado, sentado, aprisionado em sua própria gaiola com seu pássaro preso numa gaiola aberta.

É possível que Magritte se identificasse com essa figura, pois acreditava nos poderes restauradores da arte.

Ele faleceu em agosto de 1967, aos 69 anos.

Se desejar conhecer mais o pintor René Magritte e suas obras recomendo os sites oficiais:

http://www.magritte.be/

https://www.renemagritte.org/

Marina S. R. Almeida

Consultora Ed. Inclusiva, Psicóloga Clínica e Escolar

Neuropsicóloga, Psicopedagoga e Pedagoga Especialista

Licenciada no E-Psi pelo Conselho Federal de Psicologia para atendimento de Psicoterapia on-line

CRP 06/41029

Agendamento para consulta presencial ou consulta de psicoterapia on-line:

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