Arte para pensar identidade

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UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL – ULBRA/Canoas/RS UNIDADE ACADÊMICA DE GRADUAÇÃO CURSO DE LICENCIATURA EM ARTES VISUAIS

ARLETE NEUBÜSER FENNER

ARTE PARA PENSAR IDENTIDADE

Canoas/RS 2010


Arlete Neubüser Fenner

ARTE PARA PENSAR IDENTIDADE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do título de Licenciado (a) em Artes Visuais, pelo Curso de Licenciatura em Artes Visuais da Universidade Luterana do Brasil. Orientadora: Ma. Ana Lúcia Beck

Canoas/RS. 2010


AGRADECIMENTOS

Agradeço à minha família que, mesmo distante, sempre me deu o maior apoio e incentivo em todas as minhas escolhas. Aos meus professores do curso, em especial o Prof. Me. Celso Vitelli, pela dedicação, paciência e orientação durante os estágios. Aos alunos e professores das escolas onde estagiei, pelas oportunidades de aprendizado, crescimento, amadurecimento pessoal e pelos momentos de convivência. A todos os amigos que conquistei e fizeram parte dessa caminhada. Em especial à amiga Jenifer pelo incentivo, e por ter me dado auxilio nas etapas mais difíceis dessa caminhada. E a Deus, a quem devo tudo o que sou e sei minhas maiores e mais significativas lições.


SUMÁRIO

RESUMO INTRODUÇÃO .........................................................................................1 1. CAPÍTULO 1..........................................................................................4 1. Pesquisa sobre o tema.............................................................................5 1.1 A questão da Identidade na pós-modernidade.................................7 1.2 Três concepções de identidade..........................................................9 1.3 Identidade e diversidade cultural......................................................11 1.4 A diversidade cultural no espaço escolar.........................................12 1.5 O papel da arte na formação da Identidade......................................15 1.6 Arte, Educação e Identidade..............................................................17 2. CAPÍTULO 2 2. Aplicando o tema para as Artes Visuais..............................................18 2.1 A Identidade nos conteúdos artísticos..............................................19 2.2 O desenho como identificação e a identidade no desenho..............20 2.3 A imagem na Arte..............................................................................23 2.4 A imagem e a fotografia na Arte........................................................24 2.5 O folclore e a influência da mídia na Arte.........................................27 2.6 Pensar a pintura no fazer artístico......................................................29 3. CAPÍTULO 3 3.1 Diálogo com a escola.........................................................................31 3.2 Análise das observações silenciosas..................................................40 4. CAPÍTULO 4 4.1 PROJETO EDUCATIVO DE ENSINO............................................43


4.2 PLANOS E REALIZADOS DAS AULAS ......................................46 4.2.1 Aula nº 1..........................................................................................46 4.2.2 Aula nº 2..........................................................................................50 4.2.3 Aula nº 3..........................................................................................55 4.2.4 Aula nº 4..........................................................................................59 4.2.5Aula nº 5...........................................................................................63 4.2.6Aula nº 6...........................................................................................68 4.2.7Aula nº 7...........................................................................................73 4.2.8 Aula nº 8..........................................................................................77 4.2.9 Aula nº 9..........................................................................................81 4.3.0 Aula nº 10........................................................................................84 4.3.1 Aula nº 11........................................................................................88 4.3.2 Aula nº 12........................................................................................91 CONCLUSÃO............................................................................................95 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................105 APÊNDICE Questionários realizados nas escolas.........................................................108 ANEXOS CD acoplado com o material do estágio no Ensino Fundamental e Médio. Contendo a pesquisa, planejado e realizado e fotografias dos trabalhos realizados...................................................................................................115


RESUMO

Esse trabalho resulta da prática pedagógica realizada no Instituto Rio Branco com alunos do 1º ano do Ensino Médio e tem como tema ARTE PARA PENSAR IDENTIDADE. O tema partiu da reflexão sobre a necessidade de dialogar com os alunos sobre a importância da Arte para a formação da Identidade do aluno. Para tanto foi realizada uma pesquisa sobre o termo Identidade e sua aplicação para as Artes Visuais. Para a pesquisa consultei os PCNs, e autores como Ana Mae Barbosa; Stuart Hall; Paulo Roberto M. Araújo; entre outros. Para preparar o Projeto de Ensino foi feita uma pesquisa sobre os Períodos Gótico e Renascença na qual busco não só apontar artistas e obras, mas situá-los dentro da história geral, e dentro do pensamento artístico e cultural da época para que o aluno pudesse refletir sobre o papel do artista daquele período e de hoje. Para tanto foram feitos estudos de texto e leituras de imagens. Nas leituras de imagens foram abordados artistas como Leonardo da Vinci, Rafael Sanzio, Michelangelo Buonarroti, Albrecht Dürer, Stefhan Doitschinoff, Xico Stockinger, entre outros. Nelas foram feitas as descrições, análise, interpretação e julgamento das obras. Os alunos foram participativos durante os diálogos e isso foi fundamental para abordar também questões da arte contemporânea aproximando da realidade do aluno a arte como ela é hoje bem como a sua importância para o desenvolvimento do senso critico do aluno em relação a ela. Assim também refletindo sobre a necessidade do


aluno dialogar e questionar sobre a sua Identidade através do ver, perceber, fazer e apreciar Arte. Os objetivos foram atingidos dentro de suas possibilidades, conforme o planejado. No entanto o projeto foi prejudicado levando em conta a seqüência das aulas devido à frequência irregular dos alunos nas aulas. Como os alunos faltavam muito (nas práticas) foi necessário que houvesse sempre uma revisão para dar continuidade aos trabalhos. Todavia o interesse e a força de vontade em aprender dos alunos no decorrer das aulas fizeram com que estas se transformassem em boas vivências de aprendizagem em arte.

Palavras-chave: Conhecimentos - Arte - Identidade


INTRODUÇÃO

Neste trabalho abordei o tema Arte para pensar Identidade dando ênfase ao papel da arte na formação da identidade do aluno. Escolhi esse tema a partir do que presenciei em sala de aula durante as aulas de observação. Percebi que havia um enorme desinteresse dos alunos pela disciplina de artes e pela dificuldade do aluno em perceber o espaço escolar como um ambiente de aprendizagem. Assim também o fato do aluno não perceber o papel da arte como um agente de formação e transformação da própria realidade desse aluno. A partir das reflexões sobre essa problemática, preparei o Projeto Educativo de Ensino, porém, adaptando o tema dentro dos Períodos da História da Arte (Gótico e Renascença) que estavam no plano de ensino da professora titular e exigência da escola para a turma do 1º ano do ensino médio no 2º semestre. Como os períodos mencionados são de uma época distante da nossa realidade, no entanto importante quanto ao conceito, e influências que exercem sobre o pensamento cultural e artístico atual, decidi abordar questões da arte contemporânea para trabalhar a arte visando à realidade do aluno e suas necessidades. Seja através do fazer artístico e das reflexões sem deixar de abordar a História da Arte relacionada aos Períodos Gótico e Renascença. No primeiro capitulo há uma pesquisa referente ao termo Identidade de forma geral, na qual pesquisei autores como Martin Heidigger, Stuart Hall, Ana Mae Barbosa, entre outros. O segundo capítulo refere-se à aplicação do termo para as Artes Visuais e o terceiro é o diálogo com a escola na qual abordei a importância de trabalhar o tema nessa escola. O foco sobre o termo Identidade foi direcionado ao papel do aluno frente


ao ver, perceber, fazer e apreciar arte. Com o olhar voltado à construção do senso crítico dos alunos em relação à arte e esse desenvolvendo seus próprios conceitos sobre arte, função e utilidade. Assim a pesquisa que deu origem ao Projeto Educativo de Ensino envolveu História da Arte (Períodos Gótico e Renascença) e a Identidade do artista dentro desses períodos, bem como Arte Contemporânea para trabalhar a Identidade do aluno frente a sua realidade, seu ser, pensar e fazer artístico. O quarto capítulo apresenta a prática pedagógica. As aulas planejadas e realizadas foram divididas entre teoria e atividades práticas. Nas aulas teóricas com estudo de texto e leituras de imagens foram situados os períodos dentro da história geral da humanidade: localização geográfica; pensamento artístico e cultural; conceito; principais artistas e obras, bem como uma análise sobre elas. As atividades práticas tiveram como objetivo incentivar os alunos a produzirem trabalhos e reflexões sobre as mesmas usando imaginação e criatividade partindo do que eles assimilaram do conteúdo e do que estava proposto como exercício para cada aula. Através de técnicas como o mosaico, a gravura, o desenho e a pintura foram confeccionadas composições plásticas. Nestas foram abordadas questões referentes à Identidade: como a produção de um autorretrato (quem sou, para onde vou, etc.); à profissão, gostos, lazer, e interesses do aluno na qual foram utilizadas fotografias e propagandas; às relações entre escrita, desenho e símbolo. Durante todo o percurso da prática pedagógica foram realizados diversos diálogos sobre questões das mais variadas relacionadas ao tema, bem como ao fazer artístico. Entre elas: o conceito do belo e do feio; as relações entre conceito da arte renascentista e de arte contemporânea; o realismo na pintura e na fotografia. Quanto à avaliação do aluno e sobre os trabalhos realizados foi determinante o desempenho do aluno frente às atividades propostas. Assim como o seu interesse e a sua


participação nos diálogos e discussões tornando as aulas boas vivências com aprendizado, o que vem a somar com na construção da identidade do aluno. Acredito que o resultado do Projeto Educativo de Ensino deve-se boa parte a busca incessante de meios que possibilitassem uma reflexão sobre Identidade. Isso tanto da parte do aluno, como da educadora frente ao pensar e fazer artístico.


Capítulo 1 ARTE PARA PENSAR A IDENTIDADE


O termo Identidade na sociedade contemporânea não é novo. Na pré-história os primeiros homens a ocupar a terra já manifestavam seu interesse para a descoberta de suas origens. Imprimiam suas mãos nas paredes das cavernas não só para afirmar seu desejo de posse e poder sobre a natureza humana como deixar sua marca através da história da humanidade. Mas o que vem a ser Identidade? Identidade vem do latim e significa “o mesmo”, qualidade de idêntico. No dicionário Aurélio (1999), “identidade é o conjunto de caracteres próprios e exclusivos de uma pessoa: nome, idade, estado, profissão, sexo, defeitos físicos, impressões digitais,” etc. “Como aspecto coletivo é um conjunto de características pelas quais algo é definitivamente reconhecível, ou conhecido.” Pelo sentido amplo da palavra torna-se complexa e pouco compreendida pela sociedade contemporânea. Se buscarmos o significado dentro do pensar filosófico, Identidade está relacionada ao ser e pensar do sujeito enquanto ser humano com sua relação com os outros e o mundo.

O que a principio da Identidade, quando ouvido em seu teor fundamental, expressa é exatamente aquilo que todo o pensamento ocidental- europeu pensa, a saber, isto: a unidade da identidade constitui um traço fundamental no seio do ser do ente. Em toda parte, onde quer que mantenhamos qualquer tipo de relação com qualquer tipo do ente, somos interpelados pela identidade. (HEIDIGGER, 1973, p.378).

De acordo com o pensamento de Heidegger onde o ser do ente chega primeiro é a palavra. Assim, a identidade algo que significa o “mesmo” está relacionado tanto ao “aprender” (pensar) como para o “ser”. Para Heidegger o pensar e o ser são coisas diferentes. ”Eu sou” realmente é diferente do que “eu penso que sou”, mas, são pensados como o “mesmo”; absolutamente diverso com o que se conhece como a doutrina da metafísica, onde a identidade faz parte do ser. O ser é determinado a partir de uma identidade, como um traço dessa identidade. Ser é pertencer e no comum-pertencer:


O sentido de pertencer é determinado a partir da comunidade, quer dizer a partir da sua unidade. Neste caso, “pertencer” significa: integrado, inserido na ordem de uma comunidade, instalado na unidade de algo múltiplo, reunido para a unidade do sistema mediado pelo centro unificador de uma adequada síntese (HEIDIGGER, 1973, p. 379).

A filosofia representa esse comum pertencer como a junção de “nexus” e “connexio”. Como o ente o homem um ser pensante precisa estar aberto para o ser. Homem e ser pertencem um ao outro. O homem é propriedade do ser e como o ser é apropriado ao homem e apropriar significa descobrir com o olhar, despertar com o olhar. A apropriação ser e homem em sua essencial comunidade é ser o “mesmo” e é tanto ser quanto pensar. A questão do sentido deste mesmo é a questão da essência da identidade. Heidegger ainda conclui que: “ser como o pensar faz parte de uma identidade, cuja essência brota daquele comum pertencer que designamos acontecimentos-apropriação. A essência da identidade é uma propriedade do acontecimento-apropriação”. (Ibidem, 1973, p. 384) O ser no mundo é espacial. Mas o espaço não está no sujeito nem o mundo no espaço. O espaço está no mundo quando há presença. A presença é sempre o eu sujeito e o mundo da presença é o eu compartilhado.

A própria presença, bem como a co-pre-sença dos outros, vem ao encontro antes de tudo e na maior parte das vezes, a partir do mundo compartilhado nas ocupações do mundo circundante. Empenhando-se no mundo das ocupações, ou seja, também no ser-com os outros, a presença também é o que ela própria não é. (HEIDIGGER, 1998, p. 178).

Ainda seguindo o mesmo raciocínio, para Heidegger o ser próprio cotidiano e pessoal é quem assume o ser enquanto convivência cotidiana. O modo de agir e pensar do ser como sujeito real (todo aquele que é capaz de propor objetivos e praticar ações) e todo o conjunto de conhecimentos que se formam a partir do mesmo


dá origem ao que se denomina cultural. Todos os povos e sociedades tem sua cultura: não existe sociedade sem cultura. Na psicologia o termo Identidade está em grande parte associada há uma “consciência de identidade”, ou “crise de identidade” e foi bastante divulgada através dos estudos e trabalhos de Freud no século passado em referência pós-guerra, que levantou a questão a respeito dos soldados que retornavam transformados interiormente das guerras, confusos sobre sua identidade pessoal: heróis ou assassinos.

1.1 A questão da Identidade na pós-modernidade Na sociedade contemporânea o termo está sendo questionado de forma relevante por ser de fundamental importância para a compreensão das grandes transformações que estão ocorrendo na humanidade. Com os grandes inventos tecnológicos a atualidade está passando por significantes transformações em todos os sentidos, social, político, econômico e principalmente cultural. Também o papel do sujeito no contexto social e cultural está passando por transformações e o conceito de sujeito como um indivíduo integrado no mundo moderno e contemporâneo está sendo modificado. A questão do individualismo moderno também é responsável por essas mudanças. Um tipo diferente de mudança estrutural está transformando as sociedades modernas no final do século XX. Isso está fragmentando as paisagens culturais de classe, gênero, sexualidade, etnia, raça e nacionalidade, que, no passado nós tinham fornecido sólidas localizações como indivíduos sociais. (HALL, 2005.p.9)

Em termos sociais e políticos pode-se dizer que a identidade tornou-se politizada. O sujeito é representado na sociedade conforme as mudanças políticas que


ocorrem na sociedade onde ele está inserido isso porque passa de uma identidade de classe para uma política de diferença. Quando a forma de representação política muda, também muda o pensar e o comportamento de um sujeito dentro da sociedade. Há séculos atrás o termo estava mais associado ao gênero homem, geralmente à concepção masculina, do sujeito-homem, hoje o conceito é mais relativo. Na psicologia o termo Identidade está em grande parte associada a uma “consciência de identidade”, ou “crise de identidade” e foi bastante divulgada através dos estudos e trabalhos de Freud no século passado em referência pós-guerra, que levantou a questão a respeito dos soldados que retornavam transformados interiormente das guerras, confusos sobre sua identidade pessoal: heróis ou assassinos. O gênero na atualidade passa a agregar outros termos importantes a Identidade: relacionados à sexualidade, como a homossexualidade, bissexualidade e outros; o papel da mulher e o espaço que ela conquistou dentro da sociedade contemporânea; nas questões raciais, quanto ao preconceito e a discriminação passam a ser destaque e são discutidos em todos os espaços da sociedade e estão provocando debates significativos na conscientização dos seres humanos. No entanto as maiores transformações estão ocorrendo devido aos avanços tecnológicos. Os meios de comunicação estão rompendo fronteiras, provocando mudanças de comportamento das sociedades em geral. Transformam a realidade de muitas culturas mudam seus hábitos, costumes e aos poucos o conceito tradicional do pensar do sujeito como ser humano vai adquirindo novos significados e valores. Isso de certa forma tem um aspecto negativo e gera polêmica por se tratar da preservação de hábitos e costumes de uma cultura podendo colaborar na destruição de muitas dessas culturas que ainda procuram conservar seus costumes e hábitos milenares e de grande


importância para o próprio entendimento das gerações futuras. Os meios de mídia estão influenciando no comportamento dos indivíduos dentro da sociedade e para muitos pesquisadores isto estaria gerando uma nova crise de identidade ou uma perda da mesma. Sendo que estas mudanças estão relacionadas a um processo de Globalização. [...] como caracterização geral, que a Globalização seja compreendida como processo de intensificação dos relacionamentos trans-fronteiriços -sejam esses de cunho econômico, político, social ou cultural, que tendem a se manifestar de maneira bastante desuniforme quanto a sua intensidade e escopo geográfico- dentro de um processo dialético, que estimula simultaneamente dinâmicas de integração e de fragmentação, de diferenciação como de homogeneização. (Ioris, 2007. http//www.cenariointernacional.com.br-11.05.2009)

Nessa nova lógica de tentar organizar as diferentes interações culturais a globalização representa um perigo por tendência os modos culturais há um padrão único de se pensar e compreender as diferentes culturas; generalizando a cultura num sistema padronizado e restrito a uma visão única, política e global. Ioris também ressalta que: “no que se refere ás questões culturais, a Globalização apresenta também tendências de universalização como de (re) localização de traços e elementos culturais distintos”. (Ibidem, Ioris, 2007)

1.2 Três concepções de Identidade

Segundo Stuart Hall (2005), existe três concepções de identidade: há do sujeito do iluminismo, sujeito sociológico e pós-moderno. O sujeito do iluminismo quase sempre era descrito como masculino, totalmente centrado, unificado e conduzido pela razão. O sujeito como o centro do universo, portanto de concepção bastante individualista, isto é o sujeito pode permanecer essencialmente “idêntico” à vida toda do nascer ao morrer.


Como o sujeito sociológico o homem passa a refletir sobre a complexidade do mundo moderno, das relações do “eu” interior do sujeito interagindo com as outras pessoas. A concepção de identidade social forma-se da interação entre o “eu” e a sociedade. Surge do dialogo entre o real “eu” interior com as identidades exteriores que o mundo estava a oferecer com toda a sua diversidade cultural de valores, sentidos e símbolos. Já o sujeito pós-moderno não tem uma identidade fixa. A identidade é formada e transformada continuamente em relação às formas em que fomos inseridos na sociedade. Passamos a nos identificar com diversas culturas diferentes em momentos diferentes da nossa vida, isso porque os sistemas de representação da identidade se tornaram multicultural. O Estado-nação, símbolo da modernidade que garantia estabilidade a um país e que existia nos séculos passados entra em declínio. Grandes conceitos que conduziam as construções de identidades culturais como territórios, povo, entre outras que a conduziam estão perdendo importância para conceitos relacionais de identidade. De definitivas passam a ser temporárias, de achadas passam a ser construídas. O homem moderno está se fragmentando, de sujeito unificado para um sujeito em transformação. O fato de que projetamos a “nós próprios” nessas identidades culturais, ao mesmo tempo em que internalizamos seus significados e valores, tornando-os parte de nós contribui para alinhar nossos sentimentos subjetivos com os lugares objetivos que ocupamos no mundo social e cultural. A identidade, então costura (ou para usar uma metáfora medica, “sutura”) o sujeito à estrutura. Estabiliza tanto os sujeitos quanto os mundos culturais que eles habitam, tornando ambos reciprocamente mais unificados e predizíveis. (HALL, 2005, p 2)

A Identidade assim, como concepção sociológica revela-se como uma junção do espaço interior e o exterior, o que é pessoal e o que é público; o individuo social e o coletivo.


1.3 Identidade e diversidade cultural

Quando se fala em identidade cultural leva se em conta a conexão entre indivíduos e estrutura social. No que diz respeito às representações individuais e coletivas na qual as linguagens verbais e não verbais fazem parte vão se alterando. É a identidade social e cultural que define como os indivíduos se inserem num grupo e como eles agem, tornando se sujeitos sociais. A sociedade não é como os sociólogos pensaram muitas vezes, um todo unificado e bem delimitado, uma totalidade, produzindo-se através de mudanças evolucionárias, a partir de si mesma, como o desenvolvimento de uma flor a partir de seu bulbo. Ela está constantemente sendo “descentrada” ou deslocada por forças de si mesma. (LACLAU, 1990, apud HALL, 2005. p.17)

A forma como o individuo incorpora o mundo material a partir da experiência que ele projeta essa incorporação funciona como manifestação simbólica. Do simbólico ao tradicional e cultural. “A tradição é um meio de lidar com o tempo e o espaço, inserindo qualquer atividade ou experiência particular na continuidade do passado, presente e futuro, os quais, por sua vez, são estruturados por práticas sociais e recorrentes.” (GIDDENS, 1990, apud HALL, 2005.p. 14) Hoje há uma diversidade cultural bastante significativa, e são múltiplas as identidades em continuo processo de construção, adaptações e ressignificações simbólicas que possa haver entre eles. Em se tratando de identidade social poderia se afirmar que a partir da identidade se busca a identificação. Assim um determinado grupo procura-se igualar a outro dentro de um meio social através de modelos de identificação. Muitos desses modelos são estipulados pela própria sociedade. O que identifica o eu é o que o diferencia dos outros. Existe a necessidade do indivíduo de compartilhar e fazer parte de outros grupos sociais dentro de outros


meios culturais. Ou melhor, há uma busca não só pelo ser, mas pertencer na existência de outra cultura ou diga-se socializar-se, compartilhar informações, para enriquecer sua própria cultura. Porém em contra ponto a esta lógica surgem por exemplos grupos de defesas e de preservação geralmente extremistas e radicais, fundamentadas em idéias discriminatórias e preconceituosas de outras ordens sociais. Com o desenvolvimento das sociedades modernas, muitos teóricos tiveram grande preocupação em apontar o enorme “perigo” que o avanço das transformações tecnológicas, econômicas e políticas poderiam oferecer a determinados grupos sociais. Nesse âmbito, principalmente os folcloristas, defendiam a preservação de certas práticas e tradições. (RevistaMundoEducação,http://www.mundoeducação.com.br/sociologia/identida de-cultural.htm. 2009)

Neste contexto há povos e movimentos culturais que procuram preservar costumes que ferem a dignidade humana. Muitas dessas sobrevivem por terem formado em seu núcleo idéias radicais de preservação de costumes fechando-se contra qualquer outra concepção de identidade. É o radicalismo como fonte de extinção de diversos grupos étnico-culturais.

1.4 A diversidade cultural no espaço escolar.

A escola é o primeiro espaço formal onde se dá o desenvolvimento de cidadãos e um lugar onde ocorre a socialização cultural, que proporciona ao aluno a interação entre diversas culturas. A diversidade cultural é formada pela identidade individual e coletiva de grupo social. Cultura e educação andam juntas, e faz-se necessário compreender seus significados para entender a importância da diversidade cultural.


Pode-se afirmar que cultura é a soma de determinados valores, costumes, crenças e tradições. É a Identidade própria de um determinado grupo social, seus valores e sua interação com o mundo. É na representação cultural que se sustentam um leque de diferenças que muitas vezes não são compreendidas e aceitas e das quais como consequência dão origem ao preconceito e a discriminação. A educação possibilita interrupções pelas quais a cultura se renova e o sujeito constrói sua história. A escola também é um agente importante na formação de identidades. É lá que muitos valores são moldados, formados e compartilhados. “A escola como espaço de formação do sujeito social, não pode acabar se transformando em um lugar onde os indivíduos ou alunos aprendem a reproduzir as formas de dominação de manipulação correntes em nossa sociedade.” (ARAÚJO, 2006. P.48) A educação é um processo social e como todo espaço social é na escola que muitos preconceitos se confrontam. As diferenças sociais, étnicas, religiosas nem sempre são aceitas com naturalidade. A escola precisa perceber e exercer seu papel no combate ao preconceito contribuindo através de informações, debates, etc, para a superação de todas as formas de discriminação. Pensar em uma escola de qualidade é pensar na inclusão dos diferentes grupos sociais e culturais. Assim é possível a aceitação e respeito das diferenças entre raças e culturas no ambiente escolar. As pessoas não são iguais e as diferenças variam umas das outras. Porém, todos os indivíduos têm direitos iguais, liberdade de ir e vir que são garantidos por lei: cada qual no seu meio ou sociedade, país onde vive. Portanto tem direito a educação e respeito como cidadão.


O preconceito surge quando se defende a idéia de que há uma cultura uniforme. As diversas etnias que formam a identidade nacional na maioria das vezes são desprezadas e ignoradas. Dentro de escolas brasileiras o pluralismo étnicocultural e racial ainda é tratado com indiferença pelo menos em relação a alguns grupos étnicos. Muitos são os educadores que não estão preparados para lidar com essa questão por ainda estar presos a uma educação na maioria das vezes preconceituosa. Na maioria dos conteúdos escolares de história, por exemplo, não contam a importância do negro na formação da identidade brasileira; a herança dos costumes indígenas é lembrada, mas, e a valorização dos mesmos na nossa sociedade? Entre outras tantas que ofendem e envergonham nossa sociedade. Há tempos que o desrespeito a outras etnias causaram e causam extermínio de muitos grupos sociais e culturais. O desrespeito a outros povos dão origem a grandes desigualdades sociais e são responsáveis pela violência que proliferam em todos os espaços da sociedade e do mundo. E a escola como espaço de construção de identidades tem o dever de dialogar sobre essas questões reconhecer que existe o pluralismo nas diferenças culturais.

[...] talvez pensar o multiculturalismo fosse um dos caminhos para combater os preconceitos e discriminação ligados à raça, ao gênero, às deficiências, à idade e a cultura, constituindo assim uma nova ideologia para uma nova sociedade como a nossa que é composta por diversas etnias, das quais as marcas identitárias, como cor da pele, modos de falar, diversidade religiosa, fazem a diferença em nossa sociedade. E essas marcas são definidoras de mobilidade e posição social em nossa sociedade. (ELIANA DE OLIVEIRA, 1990. http://www.espacoacademico.com.br13.05.2009)

A escola deve propiciar um ambiente agradável para que grupos de várias origens socioculturais, não só de alunos, mas, também pais, dirigentes e corpo


docente, possam dialogar e interagir transformando os diálogos em um campo privilegiado de aprendizagem. Também é de fundamental importância que a escola como formadora de cidadãos se preocupe na não reprodução de esteriótipos muitos repassados até por parte dos professores, equipe escolar, involuntariamente usando rótulos para qualificar genericamente grupos sociais, étnicos ou de sexos diferentes. Para lidar com a diversidade é essencial ao professor definir o que é comum a todos e o que é particular a cada aluno. Criar diferentes ambientes de aprendizagem: diversificar os materiais didáticos: e principalmente não destacar em excesso as diferenças dentro das turmas em sala de aula. Olhar e perceber as diferenças no plano da coletividade é pensar na diversidade cultural e numa educação inclusiva de respeito e consciência por uma identidade cultural e social mais justa.

1.5 O papel da arte na formação da Identidade

Arte é cultura: pensamento e ação. Seja visual, musical, dança, teatro e literatura ela está presente nas mais diversas manifestações individuais e coletivas de um grupo social. O conceito de arte é extremamente subjetivo e relativo e ás vezes confundese com o conceito de vida, por estar intimamente relacionada com essa subjetividade e realidade dos seres humanos. Através dos tempos o homem busca entender sua relação entre o sujeito e o mundo e procura interpretá-la através da arte. Quando se faz arte se elabora conceitos sobre a própria Identidade.


Aceitar que o fazer artístico e a fruição estética contribuem para o desenvolvimento de crianças e de jovens é ter a certeza da capacidade da capacidade que eles têm de ampliar o seu potencial cognitivo e assim conceber e olhar o mundo de modos diferentes. (LEÃO, 2003. www.caracol.imaginario.com)

O fazer artístico resulta numa série de conhecimentos sobre a nossa própria existência como seres humanos e é através da arte que a história da evolução humana também é escrita. Além do mais a produção artística pode ser de grande ajuda para o estudo de um período ou de uma cultura particular podendo revelar valores do meio em que foi produzida, isto é através da história em arte. Não basta fazer arte se faz necessário compreendê-la, mesmo que a arte seja de certa forma incompreensível ela se revela em códigos que possibilitam a compreensão das ações do homem através dela. A arte desenvolve a sensibilidade e desperta as pessoas para outra consciência de percepção do meio em que vive. Ela se processa através dos cinco sentidos e se torna objetiva através da ação do conhecimento que se forma na subjetividade e ao se fazer arte se produz significados e esses significados precisam ser interpretados para formar aprendizagem. A arte também está na expressividade, na imaginação e na criação. Todos os seres vivos têm necessidade de se expressar, se comunicar seja através da linguagem verbal ou escrita, seja através da linguagem artística. Porém nem toda forma de expressão é válida em arte. Nem todo trabalho artístico é considerado uma obra de arte. Uma obra de arte faz parte de um significado maior e não depende só da subjetividade do artista, ou de fazer arte, ela está associada a um processo criativo mais elaborado de um individuo ou grupo de indivíduos.

O conceito de arte

contemporânea passa por um conceito de representação de uma idéia, que é subjetiva e sendo por isso mais complexa de significado.


A arte contemporânea hoje está fortemente ligada ao caos da nossa própria realidade. O fazer artístico pode ser compreendido segundo Heidegger (1990, apud Araújo, 2006. P.17) “como processo de desvelar a própria arte como possibilidade significativa do seu ser em sua originalidade.” Se a realidade se mostra confusa e complexa, a arte oferece a possibilidade de resgatar a essência da própria existência humana. A Arte é capaz de formar cidadãos livres e quebrar barreiras principalmente numa sociedade como a nossa, excludente e escravista. Permite que os indivíduos manifestem a sua maneira, sua culturalidade e serem reconhecidos como indivíduos nas suas diferentes expressões humanas. Diferentes expressões humanas, diferentes identidades e diferentes realidades.

1.6 Arte, Educação e Identidade A arte tem um papel fundamental na formação de cidadãos e é na escola o primeiro espaço formal para que ocorra o desenvolvimento dos cidadãos. O ensino de Arte na escola está garantido no art. 3° da Nova LDB, n° 9394, de 20 de dezembro de 1996: “O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:... II – Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber...” A educação em arte propicia o desenvolvimento do pensamento artístico e dá percepção estética, e caracterizam o modo próprio de ordenar e dar sentido a espécie humana: o aluno desenvolve sua sensibilidade, percepção e imaginação, tanto ao realizar formas artísticas quanto na ação de apreciar e conhecer as formas produzidas por ele e pelos colegas, pela natureza e nas diferentes culturas. (PCNs, 1997. p. 19)

Na sala de aula o ensino de arte deve estar em consonância com a contemporaneidade. Para que ocorra aprendizado deve se levar em conta a


diversidade cultural, o que cada aluno traz na sua bagagem para que essa possa ampliar seu potencial cognitivo, conceber e olhar o mundo de modos diferentes. Todo o trabalho ou fazer artístico deve ser práticas que se relacionam entre a arte e educação. A escola um lugar de vivências e construção de identidade, de inclusão, de respeito, e conscientização e responsabilidade.

Conhecendo a arte de outras culturas, o aluno poderá compreender a relatividade dos valores que estão enraizados nos seus modos de pensar e agir, que pode criar um campo de sentido para valorização do que lhe é próprio e favorecer abertura à riqueza e à diversidade da imaginação humana. (PCNs, 1997.p.19)

Ainda levando em conta que na sala de aula o aluno tem a possibilidade de exercer através de atividades e pesquisas um olhar mais crítico sobre o que pensa de cultura.

A concepção de arte no espaço implica numa expansão do conceito de cultura, ou seja, toda e qualquer produção e as maneiras de conceber e organizar a vida social são levadas em consideração. “Cada grupo inserido nesses processos configura-se pelos seus valores e sentidos, e são atores na construção e transmissão dos mesmos. (LEÃO, 2003. www.caracol.imaginario.com)

O ensino de arte qualifica o aluno também para o mundo do trabalho, pois o mercado de trabalho exige cidadãos criativos e versáteis. Todavia todo o processo pedagógico e educativo em sala de aula passa pelo educador. “... a responsabilidade do pedagogo ao elaborar projetos educacionais, está em sua própria compreensão do que é formar alguém.” (ARAÚJO, 2006.p.40) Um professor de arte precisa estar ciente de sua identidade sobre o que é educar um agente humano. Alguém que está orientando outro ser (agente) humano. Este educador precisa estar bem informado, portanto, para poder despertar seu aluno para sua própria formação. Não pode permanecer-se fechado para outras possibilidades de


realização do ato de educar. Perceber, refletir sua própria prática pedagógica é fundamental para a construção de sua identidade como professor.

Os educadores poderão abrir espaços para manifestações que possibilitam o trabalho com a diferença, o exercício da imaginação, a auto-expressão, a descoberta e a invenção, novas experiências perceptivas, experimentação da pluralidade, multiplicidade e diversidade de valores, sentido e invenções. (LEÃO, 2003. www.caracol.imaginario.com)

O papel do educador passa pela compreensão do que ele mesmo entende por cultura e diversidade cultural. Entender a arte dentro do contexto geral da história é fundamental para que se possa dialogar sobre cultura e arte dentro da escola. A arte na escola deve estar ligada a educação assim como a educação para a vida.


Capítulo 2 APLICANDO O TEMA IDENTIDADE NAS ARTES VISUAIS


2.1A Identidade nos conteúdos artísticos

Os conteúdos a serem trabalhados em sala de aula devem ser compatíveis com as possibilidades de aprendizagem dos alunos e adequados a realidade dos mesmos. Dentro da metodologia do perceber, fazer, refletir e apreciar, o aluno irá desenvolver em sala de aula um olhar mais pertinente para a arte. Seguindo as diversas modalidades de expressão em arte seja no desenho, na pintura, na gravura, escultura, e outras formas da linguagem artística, os alunos podem expressar-se e comunicar-se entre si de diferentes maneiras. Através da representação nas formas artísticas o aluno tem a possibilidade de conhecer-se e trocar conhecimentos culturais socialmente partilhados em sala de aula. Através da sua cultura visual o aluno tem a possibilidade de desenvolver sua identidade em Arte. Como forma de comunicação a representação da linguagem artística e visual se produz através da imagem. A imagem na arte contemporânea revela e desvela a realidade humana. A imagem possibilita a construção e a reconstrução da história humana e global. Através dos desenhos dos homens das cavernas, por exemplo, somos capazes de reconhecer a capacidade que o ser humano tem de criar impressões. Impressões que revelam nossa identidade e maneira de pensar, agir, criar, imaginar, ou simplesmente de viver. Através da imagem na arte constrói-se a história em arte e o desenho é uma forma de construção de imagem. Há vários artistas contemporâneos que trabalham com impressões em suas obras. Conhecer seu trabalho, técnicas em sala de aula poderá ser útil para os alunos desenvolverem atividades que possam servir de


reconhecimento de formas e reproduções de marcas e registros deixadas pelos homens ou pela própria natureza. Coletar dados através de impressões deixadas pelas outras pessoas e reproduzi-las artisticamente possam servir de leitura e releitura para reconhecer informações pessoais e impessoais sobre uma determinada cultura.

2.2 O desenho como identificação e a identidade no desenho

O desenho é uma das construções culturais que variam de acordo com a cultura ou civilização que a produz e dependendo da época e do lugar que é realizado e varia na forma de aparência e função. Também é uma das linguagens artísticas mais antigas assim como a pintura em termos de comunicação visual. Pode-se dizer que o desenho constrói sínteses sobre o que vemos e imaginamos. O desenho é uma imagem cognitiva e identifica quem o produziu, envolvendo o perceber, ver, fazer e o apreciar. É um registro visual da imaginação de um individuo e o desenho produz conhecimento porque ele se origina da observação de alguém que está desenhando. Porém a imagem é apenas uma representação da realidade, e o desenho por mais realista que seja é apenas um fragmento ou película dessa realidade. Em muitas escolas ainda há professores que oferecem como atividades de arte a reprodução de desenhos ou simplesmente cópias para os alunos colorirem. As aulas de arte constituem um dos espaços onde os alunos podem exercitar suas potencialidades perceptivas, imaginativas ou fantasiosas. Para isso é necessário que se desenvolva em sala de aula um campo fértil de imaginação e criação para que os alunos possam desenvolver sua própria identidade artística. Portanto, desenhos prontos para colorirem só vão fazer com que com o passar do tempo o aluno deixe de


fazer seus próprios desenhos isso, sem contar que o mais problemático do desenho pronto é que não possibilita ao aluno desenvolver sua própria concepção de olhar e perceber as coisas. Aprender a desenhar é possibilitar-se a observar, a perceber outras formas de olhar e ver. Em sala de aula é possibilitar que o aluno através do desenho possa compreender melhor a imagem que o rodeiam. Motivar o aluno a prática do desenho é importante em todas as idades do ensino. O desenho faz parte de todas as áreas do conhecimento, está na arquitetura, engenharia, e outras. Específicas ou não o desenho é o registro visual das imagens que se vê e imagina. Desenho é gesto, é subjetividade, e objetividade. Desenvolver um olhar crítico em relação ao desenho é pensar nas inúmeras possibilidades que o mesmo oferece. Desenhar além de trabalhar com os aspectos cognitivos dos alunos em arte, não exige muita coisa em termos de materiais. Pode-se fazer desenho apenas com um papel e um lápis, ou uma caneta qualquer, lugar ou espaço. Claro que o desenho não se limita aos mesmos materiais, há uma grande variedade de materiais como grafites, lápis, lápis aquarelável, canetas, etc. O desenho na arte contemporânea deixou de ser apenas um esboço ou meio de se chegar a uma pintura como foi nos séculos passados. Hoje o conceito de desenhar é outro. O desenho tem autonomia própria, uma linguagem de estudo independente da simbologia de remonta dos séculos anteriores ao século XX. O desenho como ilustração é também uma forma de expressão gratificante para o desenvolvimento imaginativo e criativo dos alunos, principalmente no ensino fundamental. Produzir uma história em quadrinhos com o tema Identidade é uma atividade que pode ser desenvolvida em sala em aula. Pedir aos alunos para que


façam desenhos buscando características próprias, pessoais ou as quais se identificam pode ser um exercício interessante para que possam se conhecer melhor. Refletir sobre o trabalho, reconhecer não só os elementos formais, mas, também o processo. Como vejo o mundo; como me identifico como sujeito; quem eu sou; para onde vou; o que penso e como sou; como me relaciono com as outras pessoas; etc. podem ser questões como temas para diálogo e atividades práticas de desenho. Com a cultura dos desenhos animados em ascensão, os desenhos estão conquistando outras mídias como, por exemplo, os videogames. Como imagens em três dimensões conquistam até o público adulto e encantam crianças de todas as idades. O desenho na gravura, como a xilogravura pode ser uma atividade prática de aula. Há vários artistas principalmente no Rio Grande do Sul que trabalham com a gravura. Levar os alunos para conhecer um ateliê de um artista conhecer um pouco de seu trabalho de suas obras e vida. Conhecer a obra de gravadores que em seus temas trabalharam a questão cultural regional como, por exemplo: as xilogravuras de Danúbio Gonçalves: que gravou cenas dos costumes e tradições dos gaúchos, entre outros que trabalham a identidade cultural gaúcha e brasileira. Artistas que abraçaram a causa popular: política e social, evidenciando um olhar mais amplo sobre seu povo. Muitos deles fazendo parte do Clube de Gravura do Rio Grande do Sul: O Clube de Gravura foi disseminado pelo Brasil, América do Sul e pelo mundo socialista, pela iniciativa de seus membros, Scliar, Danúbio, Glênio, Glauco, além de outros artistas militantes dos ideais de esquerda da época, que passaram, inicial e teoricamente, a aderir ao realismo socialista como arte e forma de instrumento dos ideais políticos, confiantes nas possibilidades da imagem visual para mudar o mundo: Vasco Prado, Plinio Bernhardt, Carlos Mancuso, Gastão Hofstetter, Edegar Koetz, Fortunato de Oliveira, Carlos Petrucci, Charles Meyer, Ailema Bianchette, Avatar Morais, Denny Bonorino, Francisco Ferreira, Paulo Yolovich e Nelson Boeira Faedrich. (PIETÁ, apud,VEEC.1998 p 36.)


Fazer leituras de imagens comparando-as com imagens da nossa atualidade, da maneira de pensar dos artistas sobre o sentido da arte e do fazer artístico. Há várias maneiras e materiais para se fazer gravura e que possam ser utilizadas em sala de aula.

2.3 A Imagem na Arte

As imagens são representações visuais construídas através dos olhares e percepção que temos do mundo. Oferecem possibilidades de compreensão da nossa cultura e afins. A imagem forma identidades. Formam narrativas que juntas ganham sentidos influenciando olhares e subjetividades atuando como mediadoras culturais. Estudar a imagem através da história é compreender a nossa própria história. A imagem possibilita a compreensão da arte como fato histórico no contexto das diversas culturas. Toda imagem carrega em si elementos visíveis e invisíveis de identificação. Cada pessoa tem um modo diferente de perceber e ver as coisas. Isso porque cada ser humano é único em seu espaço e modo de vida. Cada ser humano produz sua própria identidade. O fazer artístico depende da bagagem cultural que cada indivíduo carrega em si e no qual se identifica com os outros. Muitos elementos visuais passam despercebidos ao nosso olhar e apesar de parecerem inofensivos podem estar carregados de sentimentos ambíguos ou estereotipados. Repensar a reprodução de imagens em sala de aula, através das representações étnicas e de gênero na maioria das vezes não corresponde aos fatos e mais sugerem ainda posicionamentos de sujeitos e identidades que não condizem com a realidade distorcendo o significado.


A nossa cultura está fortemente vinculada ao poder da imagem. A imagem produz linguagens que se estruturam nas bases da representação simbólica que possibilitam a compreensão sobre a cultura de um determinado grupo social. As imagens geram narrativas que podem atuar como mediadoras de uma cultura a outra. Através da representação visual que a cultura esta sendo construída e adquirindo significados. Porém, é de suma importância desenvolver um olhar crítico em relação à imagem. Esse olhar crítico deve ser desenvolvido através da educação ou educação do olhar. A começar pela educação artística em sala de aula. Uma atividade a ser desenvolvida em sala de aula pode ser a produção de um livro de imagem onde cada página pode ser um elemento visual de identificação como exemplo: auto-retrato; hábitos e gostos; roupas e vestimentas; religiosidade e crenças; etc. Utilizar materiais diversos na confecção do livro, para aguçar a imaginação e a criatividade.

2.4 A Imagem e a fotografia na Arte

Discutir em sala de aula a questão da imagem do desenho nas mídias tanto de lazer e entretenimento pode ser importante para ampliar o conhecimento dos educandos no sentido de abrir o desenho para uma nova reflexão. É preciso levar em conta que o desenho animado educa, mas, também tem seu aspecto negativo, como a reprodução de imagens que podem criar estereótipos, e a influência que eles exercem sobre o olhar e comportamento das crianças. O desenho em si pode criar novas realidades sem reproduzi-la.


Em se tratando de novas realidades, a fotografia está conquistando cada vez seu espaço no meio artístico. Quando ela surgiu pensava-se que ela tomaria o espaço do desenho realista (visão renascentista e acadêmica) e até da pintura. Do questionamento de artistas modernos do inicio do século XX, já não incluem esse quesito nas discussões sobre desenho. Pois o desenho é uma forma de expressão e a fotografia como uma forma reprodutora de um instante, um momento congelado no tempo. Porém cada qual tem seu valor artístico. Trabalhar com fotografia em sala de aula pode beneficiar os alunos de diversas formas. Pedir para que tragam fotografias antigas de outros tempos para a sala de aula e contrapor-las com fotos atuais para estudar costumes e hábitos das pessoas e suas épocas.

A câmera fotográfica evoluiu a tal ponto que ela

praticamente vai para qualquer lugar, e a câmera digital se popularizou por estar no celular de milhares de brasileiros, claro que para sua melhor visualização ela deve ser conectada ao programa de computador. Com a evolução das câmeras digitais hoje a fotografia está conquistando outras dimensões aliada aos programas de digitalização de imagem, a fotografia como arte passa pelo photoshop, e outros acessórios de mídia para uma nova leitura em imagem fotográfica. Além da fotografia artistas contemporâneos está utilizando cada vez mais as novas tecnologias como forma de produção em arte.

As mudanças decorrentes do abandono de técnicas tradicionais como a pintura, o desenho, a escultura, o afastamento da idéia de arte como mercadoria, a reavaliação dos conceitos artísticos fundados na representação de formas, no belo, na subjetividade, na individualidade e na artistificação dos meios, deixam seu lugar para novas formas de produção de arte. (DOMINGUES, 1997. p.17)

Pesquisar sites e imagens de artistas no computador, usar dos recursos do power-point, desenharem e produzir imagens digitais e de animação e estudar efeitos são atividades que podem ser feitas em sala de aula.


A fotografia como documentação em arte terá sempre seu valor histórico e válido, pois é um registro inegável de algo que já aconteceu. Já uma imagem fotográfica artística não tem essa preocupação com a realidade, mas com a idéia que transcende essa realidade. A fotografia documental pode ser uma aliada para professores e alunos em sala de aula como, exemplo, uso de imagens que marcaram épocas, costumes, ou vestimentas, que formam a identidade cultural de um povo. Abordar a questão da moda, como referencial de identidade. Sair com os alunos para fotografar, e fazer relatos sobre o que se vê e o que se percebe, fotografando aquilo o que cada um percebe e aprecia e o que mais lhe agrada ou não e após dialogar sobre as diferenças pode ser uma maneira de se estudar a estética das imagens e como cada pessoa vê sua realidade: ou pensa sua identidade. Pode-se através da imagem fotográfica conhecer um pouco da história de outras culturas, também as mais distantes. Como uma forma de registrar acontecimentos e fatos a fotografia é capaz de guardar e zelar a memória de um grupo cultural. Portanto, ela exerce um papel de suma importância para resgatar o patrimônio histórico e cultural de um povo. Levar para dentro da escola questionamentos sobre o que vem a ser a memória de um povo ou de determinada cultura e também chamar atenção para que o aluno busque valores que fazem e farão parte de sua própria formação como sujeito, também formador de identidades. Incentivar os alunos a buscarem elementos de identificação na memória visual e de seus entes passados pode ser uma forma de reconhecer sua própria identidade como ser humano e cidadão, conhecer suas origens, refletir sobre ela, formar, transformar conhecimentos.


2.5 O folclore e a influência da mídia na arte

Questões folclóricas também podem estar entre os conteúdos de uma aula de arte em se tratando de Arte Popular, pois, através do folclore pode-se identificar um povo. “Folclore é o estudo e conhecimento das tradições de um povo, expressas nas suas lendas, crenças, canções e costumes”. (AURÉLIO, 1999). Trabalhar a arte através dos elementos de expressão de um povo seja através da dança, da música, do teatro e poesia é aprimorar a bagagem cultural dos alunos. Costumes e hábitos de diversas culturas e identidades quando estudadas em sala de aula podem contribuir fazendo com que os alunos, crianças e jovens ampliem seu potencial cognitivo e ao olhar o mundo de modos diferentes. Como se vestiam os entes passados de cada um, que hábitos tinham, sua culinária, como se comportavam, como se divertiam, e assim por diante. Questionamentos como esses também podem levar a reflexões sobre a estética como valor intrínseco na arte. Trabalhar a questão do belo e o feio na arte que varia de significado de século para século. A questão estética da arte é relativa por causa da enorme influência que os meios de comunicação de massa exercem sobre o pensamento das pessoas. Trabalhar em sala de aula o poder das imagens através dos meios de mídia é desenvolver o senso crítico dos educandos chamando-os para debates, discussões sobre diversos temas relacionados à alfabetização visual. As propagandas de televisão geralmente voltadas a um consumismo exagerado atraem o olhar o expectador de tal forma que o torna alienado ao modo de ver das coisas. Levar para a sala de aula a problemática dos excessos de imagens por toda a parte é trabalhar o poder da imagem na formação da identidade do aluno. Trabalhar


com diversos materiais em sala de aula, cartazes, jornais, revistas, anúncios, pode possibilitar debates que farão com que os alunos reflitam sobre a atualidade. Os meios de mídia influenciam o modo de pensar, de agir, a maneira de se vestir, e o comportamento projetando personalidades, e estilos que fazem a cabeça das pessoas. As propagandas influenciam e também podem manipular as pessoas, criando através da imagem idéias destorcidas da realidade. E isso atingindo milhares de pessoas no mundo inteiro, pois a televisão está em toda parte, ultrapassando fronteiras, continentes e culturas. A televisão informa e forma conhecimentos e o professor precisa estar atento, preparado para trabalhar com os alunos a importância de saber ver e compreender as imagens que os meios de mídia oferecem. Criar e manipular imagens no computador pode ser uma atividade interessante para abrir uma discussão sobre como a tecnologia possibilitou uma nova definição de imagem. E elas podem contribuir com o desenvolvimento do pensamento artístico do aluno. A televisão também aguça a curiosidade do expectador sobre os costumes e hábitos de outros povos. O professor pode desenvolver atividades em sala de aula relacionadas há essas curiosidades. Permitir que o aluno fizesse suas reflexões a cerca de outras etnias e que possa trocar conhecimentos sobre elas no grupo escolar é propiciar uma aprendizagem de reconhecimento de outras identidades culturais. Muitos costumes, hábitos, e a própria linguagem verbal podem trazer novas possibilidades de aprendizado, também de ordem filosófica, de onde vim, para onde vou, o que eu sou, e assim por diante. Como vivem outros povos e por que alguns povos usam a pintura corporal como manifestação artística, é outro tema importante na formação da identidade do


aluno. Por que povos como os aborígines pintam seus corpos; o que é uma arte móvel; as diferentes formas de se pensar arte. Levar para a sala de aula vídeos ou imagens ou obras de arte dos continentes, estudarem a história de arte, também a local. Toda cidade geralmente possui um próprio museu contando sua história através de objetos, pinturas, etc, de outros tempos que as identifica. Os museus são grandes aliados na preservação da cultura local ou regional, pois geralmente possuem acervo de documentação de como viveram ou vivem as pessoas de uma determinada comunidade. Como evoluíram os costumes ou como se perderam: crenças, mitos; o que contribuíram para a atualidade das outras gerações, sua produção artística. Levar o aluno ao museu, planejar atividades, buscando a compreensão dos tempos da história, resgatar o passado para construir o futuro, pensando o presente fazendo

comparações,

analisando,

produzindo

novos

significados

para

o

conhecimento como um todo. Através do olhar visual e artístico ampliar os horizontes de possibilidades de compreensão como ser humano. Mas quais influências a pintura exerce sobre o pensar artístico? Como compreender a pintura senão analisando os elementos formais e não formais dentro da arte? ; compreender o próprio tempo através das produções artísticas.

2.6 Pensar a pintura no fazer artístico A pintura possivelmente nasceu da impressão do homem das cavernas. São os registros mais antigos. Fortemente relacionada a rituais e magia dos homens da pré-história evoluiu para pintura corporal, e muralista. A pintura conquistou as


paredes das linhas arquitetônicas dos primeiros povos dentro os quais os egípcios se destacaram, também, os gregos assim por diante. Da pintura, surgiu entre os povos diferentes e significativas formas de representação visual. Desde o período do Renascimento, e através dos séculos seguintes representou os maiores acontecimentos no ângulo artístico e cultural dos grandes centros europeus, com imagens que relatavam e estipulavam o modo de viver do homem europeu. Pode-se conhecer toda a História da Arte através do estudo da estética na pintura. A pintura no Brasil começa a ser de importância após o modernismo. Relativou o significado e com ela a tela cedeu espaços para a utilização de outros suportes e materiais na produção de imagens entre as mais atuais são as imagens digitalizadas. Da passagem manual e artesanal para os meios midiáticos e tecnológicos. A pintura é uma das possibilidades de trabalhar expressão individual e coletiva em sala de aula. Pintar para expressar, objetivar a imaginação, exercitar o pensamento criativo. Possibilitar a criação e construção de formas plásticas e visuais em sala de aula para que o aluno possa refletir sobre o fazer e compreender esse saber. O professor através de obras de arte pode trabalhar a produção individual do aluno juntamente com obras de artistas fazendo link e sempre que necessário trazer a reflexão para a atualidade, portanto não apenas trabalhar com as obras de artistas dos séculos passados, mas fazer entendimentos para que o aluno compreenda a arte mais atual, contemporânea. A pintura assim como o desenho desmistifica o olhar. O que é real e o que não é real ganha importância na imagem. A pintura realista ou não passa pelo estágio


do choque para o encantamento. A fotografia revoluciona o olhar porque contagia. Fotografar não é pintar um quadro, é uma ação mecânica e visual. Com o avanço das câmeras digitais é fácil o manuseio e rapidez na produção de imagens. Já a pintura leva mais tempo para ser concretizada, e exige mais espaço e material para ser realizada. Na sala de aula dependendo do tempo do período de aula certas tintas ou materiais serão limitados, principalmente quando não há uma sala ambientada para as aulas de arte. Uma das modalidades pictóricas que na nossa contemporaneidade está conquistando olhares e atenção até de espaços como museus antes considerados bem tradicionais é o grafite. O grafite é uma arte popular de desenho de rua ou de periferia, trazidas e expostas para dentro das escolas, galerias e espaços urbanos onde até pouco tempo não se imaginavam. É o desenho, pintura e expressão do artista revelando realidades. A pintura corporal também está conquistando novos grupos culturais, como exemplo as tatuagens. A tatuagem é outra maneira de pensar o corpo esteticamente. A arte de tatuar o corpo é antiga, e adquire uma nova função móvel de arte na atualidade. O sujeito do século XIX e XX está ressignificando esteticamente a maneira como percebe seu corpo. Tatuar é criar um novo estilo, é para os adeptos atitude e a moda do momento. A moda dita estilos e se percebe que a tatuagem esta impressionando um vasto público entre esses a maioria jovens. Para eles não basta ser é preciso identificar-se, criar vínculos. Uma das possibilidades de trabalhar tatuagem pode ser associando-a a carimbos. Muitos jovens em idade escolar exibem suas tatuagens, de tamanhos variados, fixas ou não fixas, e servem para impressionar: lembram formas de identificação. É possível abordar em sala de aula a questão dos estilos. A tatuagem


lembra a arte corporal primitiva, é uma maneira de usar o corpo como suporte em arte. Pensar o corpo na arte é pensar nos cinco sentidos da percepção: tato, olfato, audição, visão e degustação. Explorar os cinco sentidos na arte é criar sensações e trabalhar a sensibilidade dos alunos em sala de aula. Fazer atividades que envolvem os alunos com a questão não só visual da arte possibilita compreender como as sensações também criam formas de comunicar-se. Outra modalidade de arte para atividade com alunos é a performance. A performance combina elementos do teatro, artes visuais e música, portanto interdisciplinar e possibilita aos alunos questionar a própria definição em arte. O corpo através da performance possibilita refletir as relações entre a idéia de corpo do sujeito e a representação da idéia de corpo que o próprio sujeito tem de si mesmo. Instalação, body-art entre tantas outras possibilidades que a arte oferece, enriquece o ser humano porque faz com que este reflita sua relação com o mundo. Há muitas formas de se trabalhar arte na escola. E por possibilitar inúmeros diálogos sobre a realidade do ser humano, de como este se relaciona com o mundo ela é necessária e fundamental como disciplina dentro do ambiente escolar. Seja através do desenho, da pintura, da gravura, da escultura ou de outras modalidades artísticas a importância e a riqueza da arte vem exatamente da sua capacidade de reunir todas as dimensões humanas: emotiva, racional, mística, corporal. Como experiência única a arte humaniza, forma e transforma identidades.


Capítulo 3 DIÁLOGO COM A ESCOLA


3.1

A Escola onde pretendo desenvolver o Projeto Educativo de Ensino é o

Instituto Estadual Rio Branco situado na Avenida Protásio Alves, 999, Bairro Santa Cecília em Porto Alegre. O Instituto Estadual Rio Branco é uma escola pública, comprometida com os Direitos Humanos, a Constituição do país, o ECA e a LDB, onde se praticam conquistas sociais e políticas, e onde todas as crianças e adolescentes tem assegurados os seus direitos à educação. A escola organiza sua proposta pedagógica visando à educação como dever da família e do estado dentro dos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana. Para que possa acontecer o pensamento pedagógico faz-se necessário efetuar mudanças sempre que possível para que objetivos e metas possam ser atingidas. É preciso desenvolver a capacidade de Conhecer, pensar e refletir. Refletir sobre a forma e o conteúdo dos valores éticos, artísticos, políticos e culturais e devendo ser uma prática constante. Aprender fazendo, agindo, experimentando na maneira mais natural possível, interagindo com o mundo. O plano de estudos é organizado pela escola. Os trabalhos com projetos devem ter tempo limitado e não muito longo. O resultado deve ter aproveitamento pedagógico. Os conteúdos devem ser de forma contextualizada adequados a realidade. As atividades devem inovar a prática, estimular o pensar e propor desafios. A escola tem por finalidade “preparar o educando para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. Com esse pensamento almeja uma sociedade mais justa e sem exclusão. Portanto trabalhar o tema Identidade com os alunos é uma proposta viável dentro do Projeto Pedagógico da Escola. A escola possui sala própria para Artes, mas a professora atual não está se utilizando dela. Segundo a professora a sala de artes não é arejada, não possui janelas, o


piso é frio e a acústica do assoalho é horrível. A escola possui sala de vídeo, auditório, data show, mas por causa da reforma no colégio as salas não estão sendo usados. Quanto a não disponibilidade de ter uma sala especifica para as aulas de arte não é motivo para não planejar aulas interessantes para os alunos. Será apenas uma questão de como organizar os espaços e o tempo disponível para desenvolver as atividades dentro do período previsto de uma aula semanal. Utilizar bem os espaços de trabalho para tornar a aula mais significativa dentro do tempo necessário será uma questão de bom planejamento. A escolha dos materiais que irei trabalhar com os alunos serão os mais variados possíveis. Segundo respostas dos questionários os alunos sugeriram materiais diversos, porém, de fácil aquisição. Cada aluno usará além dos materiais sugeridos e poderão utilizar-se também de outros os quais considera importante e significativo para desenvolver suas ideias. Segundo observações e diálogos com o professor muitos alunos não trazem os materiais requisitados para fazer as atividades. Propor aos alunos trabalhar em grupo pode ser interessante para incentivar trocas de materiais e também de informações sobre o próprio material a ser utilizado. Experimentar outros objetos como suporte na arte além de provocar a imaginação tornará o trabalho mais criativo e valoroso. Trocar informações sobre a qualidade dos materiais e da sua utilidade terá como finalidade a compreensão da estética através dos materiais. Cada aluno tem interesses e facilidade de trabalhar com determinado material do qual poderá se expressar melhor. Portanto, como professora penso que é de suma importância permitir que o aluno experimente e pesquise sobre outras possibilidades de trabalhar os mais diversos objetos dentro das propostas de trabalho. A finalidade da arte neste sentido é de que o aluno desenvolva seu próprio percurso artístico e sua capacidade emotiva e cognitiva através do processo criativo.


Não há restrições pela escola quanto às saídas aos museus ou para atividades fora do colégio e até trazer um artista para a sala de aula. Todavia levando em conta o curto período de tempo de aula acredito não ser possível agendar uma ida ao museu, porém incentivar o aluno a visitar exposições será de fundamental importância como dever de professora. É papel da escola incluir as informações sobre a arte produzidas nos âmbitos regional, nacional e internacional, compreendendo criticamente também aquelas produzidas pelas mídias para democratizar o conhecimento e ampliar as possibilidades de participação social do aluno.(PCNs, 1997, p. 48)

Através das conversas com a professora as visitas a museus são sempre importantes não só para desenvolver o hábito nos alunos de freqüentar espaços de arte como trazer questionamentos sobre a arte que está sendo desenvolvido na nossa atualidade; além de ter contato com artistas e sua obra e refletir sobre a prática do fazer artístico e a próprio significado da arte, todavia devido ao horário ela apenas estava agendando visitas para os alunos do período da manhã. Apesar da recomendação de trabalhar dois períodos da História da Arte já definidos pela Escola, isto é Arte gótica e renascentista, de acordo com a professora da turma também poderão ser abordados artistas contemporâneos. Através de leituras de imagens de diversos artistas o aluno irá desenvolver questões e provocações a respeito do que vê e o que pensa por arte. A partir da visão do artista e do qual nos identificamos somos capazes de produzir nossos questionamentos e buscar no fazer/ arte as respostas que precisamos para a compreensão desse processo artístico. É através da apreciação da arte que se desenvolve a criatividade, mas, para isso é necessário desenvolver um grau de entendimento pela produção artística de qualidade. “Apreciar, educar os sentidos e avaliar a qualidade das imagens produzidas pelos artistas é uma ampliação necessária à livre-expressão...”(BARBOSA, 1999 ). Ainda seguindo o raciocínio: “Através da apreciação

e decodificação

de trabalhos

artísticos,

desenvolvemos

fluência,


flexibilidade, elaboração e originalidade- os processos básicos da criatividade.” (BARBOSA, 1999) Para tanto, usarei de reproduções de imagens para levantar questionamentos a partir da produção de algum artista contemporâneo sendo da Bienal ou de alguma exposição em cartaz da atualidade para trabalhar juntamente com artistas dos períodos góticos e renascentistas. Como meta para desenvolver a capacidade de aprendizagem do aluno, “a finalidade última da Educação de acordo com o Projeto Educacional do colégio é a de preparar a criança e o adolescente para participar completamente e livremente de buscas de alternativas para as decisões que também afetam a sua maneira de viver, com sabedoria nas dimensões pessoal, social e cultural.” (PPP, 2008). Para tanto a arte para pensar Identidade não só favorece o pensar cognitivo artístico como também o entendimento geral a conhecimentos pertinentes a outras disciplinas como história, literatura, etc. A metodologia de ensino da escola está baseada nos princípios da organização curricular através de projetos. As situações de aprendizagem tem como objetivo aproximar a escola da realidade e da vida do aluno criando pontos entre seu meio físico e social e de acordo com os conteúdos propostos nos Planos de Estudos. Para tanto os projetos desenvolvidos na escola devem propiciar o aluno através de diálogos, debates e que levem em conta também os interesses do aluno quanto aos conteúdos desenvolvidos em sala de aula. Para tanto se faz necessário um constante diálogo entre professor e aluno em sala de aula. (...) O ensino somente é bem-sucedido quando os objetivos do professor coincidem com os objetivos de estudo do aluno e é praticado tendo em vista o desenvolvimento das suas forças intelectuais. (LIBÂNEO,1991, apud FERRAZ e FUSARI,1999,p. 20).

De acordo com a resposta do questionário a professora ainda a metodologia de ensino baseia-se na proposta triangular. As aulas que presenciei eram dividas em dois


momentos: história da Arte e atividade prática de acordo com o que foi explicitado, geralmente a produção de um desenho referente ao assunto abordado. Os alunos apesar das reclamações chamaram a atenção do professor que deu suas aulas como se fosse apenas uma obrigação a ser cumprida: faltou interesse de ambas as partes para chegar há um acordo em comum. Estimular a imaginação e a criatividade é um passo importante para a compreensão sobre a arte para o entendimento cultural do aluno. As técnicas de desenho e pintura são formas de produção plástica, o aprendizado vai muito além da técnica e precisa ter caráter significativo para o aluno. O aluno precisa pensar na intencionalidade da ação durante o fazer artístico; desenvolver os sentidos para a percepção poética e visual da arte. Construir sua própria identidade artística através da vivência em sala de aula, do conhecer, fazer e apreciar arte. De acordo com os questionários uma grande maioria dos alunos associa a arte com a ideia do artista como um gênio; aquele que tem o dom de fazer arte e como se a arte fosse algo distante da realidade. Se os alunos concluem que arte é isso o que está sendo trabalhado em sala de aula na disciplina de artes? Pensando nisso na minha primeira aula vou ter que abrir um espaço de conversação sobre o tema Arte antes de partir para o tema Identidade, pois, de certa forma trabalhar Identidade dentro da contemporaniedade vai exigir um raciocínio mais atencioso em relação à arte. Se a arte não se resume a uma pintura, ou, a uma obra de arte e ela está na ação do sujeito, ela precisa ser desenvolvida. Razão por essa que a arte é uma disciplina que trabalha a condição subjetiva dos alunos em todos os sentidos. Não vou desenvolver técnicas com meus alunos, porém, utilizarei algumas técnicas de desenho e de pintura para algumas atividades. Como considero a arte essencial para desenvolver a sensibilidade nas pessoas e principalmente para um “olhar em arte” devo trabalhar a percepção do olhar e as


sensações pela qual a arte favorece a imaginação. “... sequenciar atividades pedagógicas que ajudem o aluno a aprender a ver, olhar, ouvir, pegar, sentir, comparar os elementos da natureza e as diferentes obras artísticas e estéticas do mundo cultural, deve contribuir para o aperfeiçoamento do aluno.”(FERRAZ E FUSARI, 1999,p. 21) Não é só desenvolver atividades artísticas, mas, refletir sobre o fazer. Quando pensamos em identidade não podemos levar em conta apenas nossas ações, mas, aquilo que move nossas ações e o nosso pensar. Se a escola fornece um espaço para esse diálogo, então, cabe transformá-lo num espaço agradável de aprendizagem, com aulas criativas e prazerosas. Cabe então, ao professor buscar atualização e formação necessária para que isso aconteça. Quanto aos materiais pedagógicos à escola precisa estar preocupada em fornecer aos professores auxilio necessário. Não há muitos livros sobre arte na biblioteca. Também cabe ao professor providenciar os materiais necessários como livros através de empréstimos ou em outras bibliotecas. Para trabalhar cultura dentro do tema Identidade irei abordar o tema através de leitura de textos referentes aos períodos definidos pelo plano de aula, bem como a cultura na atualidade voltada a arte através de leituras de imagens contemporâneas bem como suas inquietações. Cada aluno tem características pessoais, físicas e individuais próprias de suas origens. Essas características serão abordadas em algumas atividades práticas. Abrir o assunto Identidade para cultura geral como um meio de pensar a cultura do mundo. O que nos torna idênticos ou não em relação às outras pessoas. A avaliação tem finalidade efetuar um necessário e seguro diagnóstico a fim de orientar as mudanças, nunca como forma de pressão. Como objetivo e meta desenvolver uma educação que possibilite ao aluno ser agente de mudança, capaz de refletir sobre a


realidade. Ela é feita de maneira contínua e cumulativa e a qualidade de ênfase aos resultados. A Avaliação é trimestral. O resultado da avaliação é a soma das notas de todas as atividades e dividida pelo numero das atividades. A média para aprovação é 60. Desenvolver um aprendizado em relação à questão da Identidade em sala de aula é dar condições ao aluno de refletir sobre sua própria concepção de sujeito que produz conhecimentos a partir ser/pensar; do que compreende por identidade. O que sou e o que penso faz parte do conhecer a si mesmo (autoconhecimento) e de como se relaciona com seu meio e mundo onde vive. Daí a importância de se trabalhar a Identidade dentro da sala de aula. Possibilitar ao aluno a reflexão sobre sua própria identidade, através da arte construir seu próprio entendimento a cerca de si próprio e sobre outras identidades culturais.

O conhecimento da arte abre perspectivas para que o aluno tenha uma compreensão do mundo na qual a dimensão poética esteja presente; a arte ensina que é preciso mudar referências a cada momento, ser flexível. Isso quer dizer que criar e conhecer são indissociáveis e a flexibilidade é condição fundamental para aprender. (PCNs, 1997, p.21).

Aprender implica em perceber através do fazer artístico o que cada cultura determina como valores, costumes, crenças e tradições. Estudar outras culturas, no caso a cultura da renascença conhecer um pouco de suas identidades, dentro do seu tempo histórico. O reconhecimento através das artes das diferentes culturas e povos, é um espelho de sua memória e identidade, bem como o papel do artista daquele período para a atualidade. Conhecendo a arte de outras culturas, o aluno poderá compreender a relatividade dos valores que estão enraizados nos seus modos de pensar e agir, que pode criar um campo de sentido para a valorização do que lhe é próprio e favorecer abertura à riqueza e à diversidade da imaginação humana. (PCNs,1997, p.19)

A função da Arte neste sentido também é de formar cultura. Através dela percebemos nosso espaço no tempo e nossa realidade e de como nós percebemos nossa


cultura dentro do mundo. A cultura não é concebida nem definida por um só individuo, mas, de um conjunto de indivíduos com características comuns entre si. O que determina ou diferencia uma cultura de outra, parte de seus anseios e necessidades sendo responsável pelo patrimônio material e imaterial do visível e cada qual adquire seu valor dentro de um determinado tempo e espaço. Através da memória e da ação desses povos é que se define a cultura. Cada região, estado, país ou continente tem uma cultura própria que a caracteriza, e, portanto, não povo sem cultura. A arte não está só nos museus e galerias porque ela também é móvel. Sua importância é de valor inestimável para a memória das identidades que a tornaram. No espaço escolar a arte deve estar voltada a formação educacional dos alunos. Toda a escola deve fornecer espaços onde a cultura possa ser discutida, produzida e divulgada. Seja através da disciplina de artes ou através da interdisciplinaridade entre áreas afins o conhecimento não pode ter caráter de reprodução, mas, de resgate e memória que instiga novas produções artísticas e culturais.

A manifestação artística tem em comum com o conhecimento científico, técnico ou filosófico seu caráter de criação e inovação. Essencialmente, o ato criador, em qualquer dessas formas de conhecimento, estrutura e organiza o mundo, respondendo aos desafios que dele emanam, num constante processo de transformação do homem e da realidade circundante. O produto da ação criadora, a inovação, é resultante do acréscimo de novos elementos estruturais ou da modificação de outros. (PCNs,1997, p.32)

Para tanto a escola deve valorizar propostas pedagógicas que atendam as mais diferentes formas de se pensar cultura, onde as diferenças não sejam formas de exclusão, mas, que atendem o maior número possível de identidades que se renovam assim como a cultura. A pensar através da Arte que a cultura se forma e renova a disciplina de arte na escola também precisa ser repensada, para que não fique na reprodução de


conhecimentos. O sujeito que produz arte não pode permanecer estático diante das constantes mudanças dos conceitos artísticos. Assim a escola que também forma sujeitos e artistas precisa se adaptar as novas mudanças na educação artística. A escola com uma proposta pedagógica ideal para a disciplina de artes é segundo a direção da escola aquela que oferece ao aluno atividades que permitam fluir e explorar idéias e imagens ampliando as formas de expressão, o Universo criativo e o imaginário.


3.2 Análise das observações silenciosas Instituto Rio Branco Durante o período de observações silenciosas refleti bastante sobre a importância da educação e como ela muitas vezes é tratada com descaso nas escolas, isto é, praticamente abandonada em algumas salas de aula. Nas aulas de arte que eu observei não havia diálogo entre a professora e os alunos. Os alunos entravam e saiam da sala o tempo todo e a professora já se diz acostumada com o desinteresse dos alunos pelas aulas de arte. Porém, para que uma aula seja interessante para o aluno o professor precisa planejar aulas que sejam significativas, e, que despertam o interesse pela arte. Afinal, “ele é o mediador de conhecimentos em arte durante os cursos, o articulador das vivências dos estudantes com os novos saberes a serem aprendidos.”(FERRAZ E FUSARI,1999.p21) Assim os alunos precisam entender que as aulas de educação artística não são aulas de passatempo, mas, que a arte tem uma função de desenvolver as potencialidades quanto a percepção, imaginação e sensibilidade do ser humano como um todo dentro do seu universo e o mundo que o rodeia. É importante que os alunos compreendam o sentido do fazer artístico; que suas experiências de desenhar, cantar, dançar ou dramatizar não são atividades que visam distraí-los da “seriedade” das outras disciplinas. Ao fazer e conhecer arte o aluno percorre trajetos de aprendizagem que propiciam conhecimentos específicos sobre a sua relação com o mundo.(PCNs, 1997.p 44)

As aulas que presenciei foram todas de história da arte e as atividades foram todas de desenho de livre expressão. Como não havia uma aula planejada que despertasse a criatividade dos alunos tornou-se monótona e sem sentido, e os alunos conversavam o tempo inteiro, assuntos que nada tinham haver com a aula. “O ensino somente é bem sucedido quando os objetivos do professor coincidem com os objetivos


de estudos do aluno e é praticado tendo em vista o desenvolvimento das suas forças intelectuais (...)”( LIBÂNEO, 1991 apud FERRAZ E FUSARI, 1999,p. 20) A explanação da professora sobre os períodos da história da arte foi incompleta. A matéria da aula foi reduzida e generalizada a algumas características do período abordado por aula.

Cabe também ao professor tanto alimentar os alunos com informações e procedimentos de arte que podem e querem dominar quanto saber orientar e preservar o desenvolvimento do trabalho pessoal, proporcionando ao aluno oportunidade de realizar suas próprias escolhas para concretizar projetos pessoais e grupais. (PCNs, 1997, p.50)

Como a professora não utilizou nenhum material didático de apoio como livros e imagens, os alunos não souberam compreender a intencionalidade das atividades, que estavam voltadas a dominar alguma característica da história através de desenhos. Assim, “não é suficiente dizer que os alunos precisam dominar os conhecimentos, é necessário dizer como fazê-lo, isto é, investigar os objetivos e métodos seguros e eficazes para a assimilação dos conhecimentos.” (FERRAZ E FUSARI, 1999, p. 20). Após as atividades os alunos se preparavam para sair da sala. Não houve em nenhum momento uma reflexão sobre o que estava sendo trabalhado nem mesmo no final da aula. Os trabalhos dos alunos ficaram semelhantes, pois, uns copiavam dos outros. Dessa forma é difícil pensar em arte como educação porque não há como existir aprendizado se não há uma preparação antecipada do professor quanto ao planejamento, à escolha dos conteúdos, que despertam o aluno para imaginar, perceber e criar significados que possam fazer diferença na sua relação com os outros e com o mundo onde vive.


Capítulo 4 PROJETO EDUCATIVO DE ENSINO


1. Dados de Informação Geral:  Nome da autora do Projeto: Arlete Neubuser Fenner

 Nome e endereço da Escola: Instituto Estadual Rio Branco Av. Protásio Alves, 999 Bairro Santa Cecilia Porto Alegre

 Nome do professor titular: Professora Daniele Fetter

 Série: 1º ano do Ensino Médio

Turma: 109

 Turno: Noite  Nº de alunos: 29

 Datas e horários de atuação na escola: Dias 24/08; 31/08; 14/09; 21/09; 05/10; 19/10; 26/10; 09/11; 16/11; 23/11; 30/11; 07/12.

 Horário: 19h45min à 20h30min


2. Dados Estruturais do Projeto Áreas envolvidas: Artes Visuais Eixo central: Identidade

3. Título do Projeto Arte para pensar a Identidade.

Justificativa: Considero importante trabalhar o tema Identidade dentro dos períodos da História da Arte por tais motivos:  O interesse no assunto pela escola;  Uma oportunidade para dialogar com os alunos questões relacionadas á sua Identidade através da Arte.  A importância de trabalhar a Identidade dentro de outros períodos da História da Arte através de noções sobre Arte contemporânea.

Objetivos Gerais:  Compreender o papel da Arte na formação da Identidade do aluno a partir de um olhar sobre a Arte Contemporânea.  Reconhecer os Períodos Gótico e Renascentista através das suas Identidades artísticas e culturais dentro do contexto da História da Arte.

Conteúdos envolvidos:  História da Arte; Desenho; Gravura; Pintura; Artistas.


Metodologia(s):  Expositiva e dialogada;  Práticas em grupo e individual;  Leitura de imagens;  Diálogos;  Produção de texto.


PLANOS DE AULAS 4.2.1 AULA Nº1 PLANEJADO_ 24.08.2009 OBJETIVOS:  Refletir sobre o papel da arte na formação de uma identidade visual e cultural.  Compreender o papel da identidade dentro dos processos artísticos dos Períodos Gótico e Renascença.  Identificar através da leitura de imagens os elementos visíveis e invisíveis que caracterizam as obras dos dois períodos. CONTEÚDO: História da Arte, artistas. METODOLOGIA: Expositiva e dialogada; leitura de imagens. DESENVOLVIMENTO:  Primeiramente, será feita uma explanação do projeto Identidade: a definição do termo; questões que envolvem a identidade individual, coletiva e cultural dentro do ensino escolar e o papel da arte na formação da identidade.  Como vou trabalhar durante o semestre, os Períodos Gótico e Renascença, pretendo situar os períodos dentro da História da arte contemporânea. Para isso no segundo momento será feito um breve diálogo através reproduções de imagens, identificando as características de cada período; o conceito de arte dos séculos XII a XVI aos quais pertencem os dois períodos; os principais artistas e as influências desses períodos em relação à arte contemporânea.

RECURSOS: Reproduções de imagens.


AVALIAÇÃO: 

Será levado em conta o interesse do aluno quanto ao tema abordado.

 A participação do aluno no diálogo.

Pietá, 1498. Michelangelo. Fonte: Charles. 2007

Monalisa, 1503-06. Leonardo Da Vinci. Fonte: Santi. 1990

Anunciação(detalhe). 1333 Simone Martini Fonte: Charles, 2007

Vitral da Saint Chapelle, Paris Fonte: Fenner, 2008


REALIZADO Iniciei a aula me apresentando e pedi que cada aluno se apresentasse. Comecei a explanação do meu Projeto Educativo de Ensino e como irei trabalhar o tema Identidade dentro dos Períodos Gótico e Renascença, que são exigências da proposta da escola nos planos de aula de Artes para o Ensino Médio. A turma de alunos estava separada em três grupos bem isolados e pedi que se aproximassem mais ou que formassem um círculo, porém, com pouco sucesso; apenas no decorrer da aula é que o grupo se formou para a leitura de imagens. Levantei algumas questões aos alunos sobre o que eles pensam sobre Identidade e apenas alguns se dispuseram a responder. Uma das respostas que poderia resumir a idéia foi respondida por um aluno como: “Identidade é tudo o que nos somos, nossas características e cada pessoa é diferente, então, a identidade muda de pessoa para pessoa.” Outras questões apenas ficaram como reflexão, pois grande parte dos alunos preferem não responder às perguntas apenas concordando com os demais. A falta de interesse em participar da aula é visível em alguns alunos, porém também me fez pensar como deverei preparar e conduzir as próximas aulas procurando torná-las mais interessantes, e despertar a atenção de todos em aula. No segundo momento abri o assunto para os dois períodos que serão trabalhos durante as aulas. Através de leituras de algumas imagens foram apontadas as características gerais desses períodos bem como as influências para a arte contemporânea. Através da leitura de imagens se faz possível a compreensão do que poderíamos chamar de períodos dentro da História da Arte. “Conhecer e contextualizar a produção artística da humanidade nos permite adentrar no tempo/espaço histórico do homem, descobrindo o seu modo de olhar e interpretar o mundo, a sua poética.” (MARTINS, 1998, p.60)


A arte no período gótico está toda voltada à religiosidade. A arte se manifesta na arquitetura das catedrais onde predominam as cenas bíblicas religiosas como nos vitrais coloridos, nas pinturas das paredes as esculturas ainda dependentes da estrutura arquitetônica das paredes e como decoração das fachadas. Já no período renascentista com o humanismo a arte tem uma relação com a valorização do pensamento científico, da razão, do homem com a natureza, e, portanto, voltada à figura humana. Assim predominam as relações matemáticas na arquitetura e os estudos da perspectiva na pintura, o surgimento do retrato na pintura, a escultura assim como a pintura a figura humana bem realista e dentro dos padrões de beleza dos estilos gregos. O artista ou artesão assim denominado estava a serviço da igreja ou de uma classe burguesa: a arte simbolizava a riqueza e o poder. Como a arte segue a história global da humanidade ela vai adquirindo novos valores e significados de tempos e tempos. Hoje a arte está voltada há alguma outra realidade, assim levantei algumas questões aos alunos do que poderia significar no pensar deles a arte de hoje e como a arte gótica e da renascença se assemelha e se diferencia do conceito de arte atual. Compreender que: [...]na verdade a arte não envelhece porque o ser humano que a contempla é sempre novo, ou terá um olhar outro e estará realizando uma infinidade de leituras porque infinita é a capacidade do homem de perceber, sentir, pensar, imaginar, emocionarse e construir significações diante das formas artísticas. (MARTINS, 1998, p.61)

Surgem algumas dúvidas em relação às pinturas: como eram produzidas as tintas para as pinturas; a simbologia presente nos retratos como no retrato da Monalisa, de Da Vinci; a auréola nas pinturas góticas; porque o artista quase sempre adquire fama depois que morre e como resposta, questionei a questão do mito presente nas questões artísticas, pois, alguns mitos como este ainda fazem parte do imaginário das pessoas; o artista hoje não é visto como um gênio, portanto, o reconhecimento está presente em cada trabalho que ele produz e expõe. Um aluno concluiu com o seguinte raciocínio:


tudo na arte hoje é questionado; a religião, os mitos, os símbolos, a realidade; nada mais é como antes. Percebi que as imagens despertaram interesse nos alunos em questões diversas e não houve deslocamentos dentro da sala de aula e para fora da sala de aula. A idéia de trabalhar com reproduções de imagens interessaram os alunos, penso que será interessante trabalhar com leitura de imagens nas próximas aulas. Finalizei a aula com o diálogo e como houve interrupção da vice-diretora para recados e avisos sobre troca de horário o período de aula ficou mais curto.

4.2.2 AULA Nº 2 PLANEJADO_31.08.2009 OBJETIVOS:  Identificar características, tais como: planos, cor, luz, sombras, etc., através da leitura de imagens de obras de artistas daquela época.  Construir uma composição lançando mão dessas características.

CONTEÚDOS: Mosaico METODOLOGIA: Leitura de imagens e prática em grupo. RECURSOS: Cartolina, papéis de várias cores, cola e tesoura. DESENVOLVIMENTO:  Inicialmente começo a aula falando sobre o período que antecede o gótico, o mosaico como

manifestação artística Bizantina. Serão observadas as

características de algumas imagens de mosaicos do período da Bizantina.


 No segundo momento iniciada uma atividade onde os alunos formarão grupos e através de algumas características como a forma e a cor trabalharão a técnica do mosaico. O tema será identidade e a composição plástica um autorretrato.

AVALIAÇÃO:  Avaliar o interesse e o empenho na realização do trabalho.  Verificar se houve aprendizagem em relação à teoria e proposta de trabalho.

A Imperatriz Teodora e o Imperador Justiniano. Igreja San Vitale. Séc. IX, Itália Fonte: Bovini. Ravena. 1996

Apóstolos Paulo e Pedro. Igreja San Vitale. Séc. IX, Itália Fonte: Bovini. Ravena, 1996


REALIZADO Iniciei a aula falando sobre o período que antecede o gótico, isto é, um pouco sobre a arte bizantina que teve o mosaico como sua maior manifestação artística. Decidi retornar a este período, devido a uma conversa que tive com a professora titular, pois ela não conseguiu finalizar esta parte com os alunos antes de eu começar a dar as minhas aulas. Comentei com a turma sobre a ideia de produzir um livro com as atividades realizadas em aula dentro do tema arte gótica e renascentista fazendo sempre um link com a idéia de identidade na contemporaneidade através de leituras de obras destes três períodos e do fazer artístico da produção plástica de cada aluno. Constará como página inicial e capa a composição de um auto-retrato do aluno através da técnica do mosaico que foi o planejado para esta aula. A explanação do conteúdo foi direcionada às características do mosaico, entre elas, a cor e a forma. Como forma a representação quase sempre é simbólica, assim como nos vitrais das catedrais góticas geralmente adquirem as formas retangulares e ovais que completam as estruturas como os tetos e paredes dos templos e catedrais. Os temas são na maioria símbolos religiosos e lembram personalidades como: pessoas do clero, (lideres religiosos) ou de pessoas da nobreza. O mosaico se espalhou pela Europa através dos povos do oriente onde a técnica já era bem desenvolvida e ocorreu devido às invasões destes povos de outras culturas que foram se estabelecendo morada e mesclando elementos de sua cultura com as que ali encontraram nos territórios onde hoje é a Europa. A arte do mosaico teve sua maior desenvoltura nos países como a Itália e Roma sendo que a representação nestes países se diferencia do oriente por ser simbolicamente cristã e católica.


Trazendo o tema para atualidade compreender a arte através da sua simbologia é buscar entender as relações homem-mundo. Segundo Fusari e Ferraz, a arte “é representação do mundo cultural com significado, imaginação; é interpretação, é conhecimento do mundo; é, também, expressão dos sentimentos, da energia interna, da efusão que se expressa, que se manifesta, que se simboliza.”(2001, p. 23) Como a maioria dos alunos não trouxe o material requisitado na aula anterior pedi que sentassem em grupos e distribui folhas brancas e de diversas cores, cola, tesoura, etc. No momento inicial pedi que cada aluno pensasse uma forma com a qual, dentro ela mesma, iria confeccionar um autorretrato com características que fazem parte de sua personalidade ou de sua Identidade sendo de livre escolha para a maioria como essas características seriam representadas no papel. A técnica utilizada para materializar essa ideia é através do mosaico, com recortes em papéis e colagem, respeitando a regra simples de fazer formas bem nítidas. As cores utilizadas no mosaico com freqüência são ouro e a prata. Faz parte da produção a reflexão, a imaginação para que esse trabalho possa ser realizado. Surgiram várias questões e ideias diferentes e criativas por parte dos alunos. Após, algum tempo de trabalho, percebi que certos alunos não estavam fazendo nada e argumentação era de que iriam fazer a atividade em casa. Mesmo a aula sendo num período curto, argumentei a importância de se utilizar o momento de aula para desenvolver o raciocínio através do fazer artístico. Pedi que começassem em aula mesmo que não pudessem concluir o trabalho, pois na sala de aula há possibilidade de trocas de informações com os colegas sobre o que está sendo trabalhado. Um aluno me respondeu que não pensa em fazer atividades de artes em aula com a desculpa de que não entende nada de arte e que a outra professora já estava acostumada com o fato dele não fazer os trabalhos, e que a disciplina de artes não


reprova. Enquanto os outros estavam trabalhando pedi que ele me respondesse sobre o que pensa ser arte. Como ele associou a arte ao desenho e, segundo ele, “não sei desenhar” perguntei, porque não considera interessante o que desenha; como irá aprender a desenhar se não praticar o desenho ainda que a arte não é só desenho e que refletisse sobre essa questão. Argumentei que gostaria que ele desenvolvesse em aula as atividades assim como os outros alunos e que durante as aulas as dúvidas que surgissem seriam discutidas com os colegas. Percebi que a empatia que muitos têm em relação ao fazer artístico se deve ao fato de que a maioria pensa que em arte não é preciso raciocinar. A maior dificuldade da falta de interesse não está no fazer algo, mas em imaginar, em criar e desenvolver novas ideias. A falta de interesse nem sempre está associada à falta de motivação pelo professor e pela escola, mas o que o aluno traz em sua bagagem de sua realidade. Uma grande parte dos alunos trabalha durante o dia, e o argumento para não fazerem as atividades em aula é a de estão cansados ou não tem condições de comprar o material. Assim há que se pensar em maneiras de desenvolver também o senso crítico quanto à importância de trabalhar com arte voltada para essa realidade. “A educação escolar é influenciada por muitos determinantes sociais, históricos e, ao mesmo tempo, é capaz de influenciá-los,

de

intervir

para que

mudem,

se transformem e

melhorem

socialmente.”(Fusari e Ferraz, 2001, p.45) Finalizei a aula lembrando os alunos da importância de refletir sobre o que está sendo realizado e o compromisso de providenciarem os materiais necessários para a execução das tarefas em aula. Os trabalhos iniciados serão finalizados na próxima aula.


4.2.3 AULA Nº3

PLANEJADO_14.09.2009 OBJETIVOS:  Despertar para o espírito crítico sobre o processo artístico.

CONTEÚDOS: Mosaico METODOLOGIA: Prática em grupo. RECURSOS: Cartolina, papéis coloridos, cola e tesoura. DESENVOLVIMENTO:  Continuação da atividade prática iniciada na aula anterior.

AVALIAÇÃO:  Avaliar o interesse e a reflexão sobre o que estava sendo realizado

REALIZADO Poucos alunos vieram para a aula. Comecei pedindo aos alunos que entregassem seus trabalhos iniciados na aula passada. Apenas três alunos trouxeram o que haviam iniciado na aula passada, e dois terminaram os trabalhos em casa. A desculpa de esquecer o material é de que tem muita “coisa” a ser lembrada e isso acontece nas outras disciplinas também. Tive que novamente lembrar à turma de que não estão em aula como passa tempo e sem material não há como desenvolver um bom trabalho, o que é necessário para haver aprendizagem. Vários alunos disseram que fizeram o trabalho em casa, apenas não o trouxeram para a aula. Como alguns alunos não estavam na aula passada revisei o conteúdo e


solicitei que iniciassem o trabalho. Pedi que uma aluna falasse sobre o seu trabalho que já estava pronto, para incentivar os outros alunos, que pela falta de interesse, não estavam a fim de trabalhar em aula. Mesmo os que disseram que fizeram o trabalho em casa tiveram que começar um novo trabalho em aula.

Metade sol, metade lua. Aluna: Michelle Fonte: Fenner, 2009

Como eu me vejo... Aluna: Jaqueline Fonte: Fenner, 2009

Como o interesse do aluno está relacionado com a prática do professor questionei à turma quanto às atividades desenvolvidas em sala de aula, porém, as respostas foram de que as aulas estão interessantes, mas que a falta de interesse é “normal”. Percebi que a falta de interesse está relacionada ao raciocínio de ocupar seu tempo para imaginar algo diferente, criar e produzir novos significados a partir do tema que está sendo trabalhado em aula. Depois que os alunos começaram a desenvolver a atividade no papel fui fazendo algumas observações. Quanto às características formais dos trabalhos, uma boa composição segundo os alunos tem que ter cores “expressivas”, isto é, a arte para eles é expressão: muita cor.


Foram levantadas algumas questões quanto ao fundo da imagem, e as combinações de cores. Um dos alunos em seu trabalho abordou a questão do origami na tridimensionalidade da imagem. Achei interessante a reflexão do aluno durante a prática, pois, alguns alunos não entendiam as diferenças entre uma imagem bidimensional e tridimensional. Uma aluna utilizou o personagem pica-pau do desenho animado argumentando que se identifica com esse personagem e que o autorretrato não tem haver com a aparência, mas, com a personalidade própria dela.

Me identifico com... Aluna: Jaqueline Fonte: Fenner, 2010

Achei interessante o aluno não tentar reproduzir uma cópia fiel de seu rosto no papel que seria um autorretrato, mas de trabalhar características individuais e próprias como no caso de um outro aluno que também se identifica com um personagem de desenho animado e que segundo ele, percebe como herói.


A influência de personagens de desenhos animados tidos como heróis e ídolos mesmo que no caso de alunos que não são mais crianças é curioso na hora do fazer artístico.

Sou como.... Aluno: Daner Fonte: Fenner, 2009

Os desenhos animados são constituídos de conteúdos diversos e articulados entre si, que possibilitam à criança criar uma rede de relações significativas, que permitem construir e reconstruir seu conhecimento, bem como perceber as diferentes realidades que compõem o mundo que o mundo que o cerca”. (MENDONÇA; MENDES, 2005, p. 5)

Usar da simbologia nos trabalhos artísticos é uma forma de representação de sua realidade. Características como a representação mítica, do bem e do mal, a esperteza, as lutas pela sobrevivência de pais e filhos, professores, disputas e assim por diante fazem parte do imaginário das pessoas. “O conhecimento se constrói pela interação do indivíduo com o mundo. Com isso, permite ao homem interpretar e re-interpretar esse mundo. Nesse sentido não é possível à escola ignorar a influência dos agentes midiáticos.” (Idem. p. 6 )


Finalizei a aula pedindo que um aluno comentasse alguma coisa sobre a sua composição e a turma refletisse sobre como podem ser as próximas aulas e de como será a sua participação para a aula tenha mais sentido, pois, o interesse não parte só do professor. Para um bom andamento das aulas exigi que todos os alunos trouxessem seus trabalhos prontos para a próxima aula, assim como, os materiais para a próxima atividade.

4.2.4 AULA Nº4

PLANEJADO_21.09.2009 OBJETIVOS:  Identificar a escrita como desenho e símbolo. 

Reconhecer o desenho como meio de comunicação.

 Construir uma composição plástica com o uso da repetição do carimbo sobre o papel.

METODOLOGIA: Pratica individual. CONTEÚDO: Gravura RECURSOS: E.V. A, tesoura, tintas e papéis. DESENVOLVIMENTO:  Serão atividades de desenho e gravura. Através de carimbos será abordada a importância da escrita dentro do período gótico das quais a letra se assemelhava a desenhos ou símbolos. Os carimbos feitos em sala de aula farão parte de uma página de uma iluminura, na criação de um texto ou uma lei do século XV.


 O tema que norteia a atividade será a relação entre a escrita e desenho como símbolo de comunicação e linguagem. A letra dentro da arte gótica e contemporânea. Produção de um carimbo.

AVALIAÇÃO:  Verificar se os alunos atingiram os objetivos propostos, ou seja, se houve aprendizagem em relação à proposta de trabalho, bem como a teoria apresentada sobre o assunto.  A criatividade e a manipulação do material para o trabalho proposto.

Letras Góticas. Fonte: http://www.larityzij.blogspot.com 2009

REALIZADO Comecei a aula pedindo aos alunos que não haviam terminado seus trabalhos na aula passada que apresentassem para os colegas através de uma pequena explanação sobre o seu autorretrato representado no papel. Considero importante o aluno falar sobre


o seu trabalho para que este não seja apenas fazer artístico, mas que provoque reflexões a cerca do seu tema. Vários alunos não quiseram comentar nada, pois consideram seu trabalho “algo feio, e motivo de crítica dos colegas”. A questão do belo e do feio na arte está fortemente presente na hora da produção e conclusão dos trabalhos. Buscar atingir um ideal, ou algo esteticamente belo ou perfeito, está na meta do fazer artístico para muitos alunos. A busca por ajuda acontece o tempo todo, e pergunta tipo, “é assim?”, “estou fazendo certo?” foram freqüentes durante a produção do auto-retrato e também na hora de apresentar em seus trabalhos. Há uma grande preocupação do aluno na aceitação do professor, bem como dos colegas, sobre o que seria um bom trabalho, apresentável. Após as apresentações dos trabalhos foi iniciada uma atividade envolvendo a produção de um carimbo, com o tema a letra escrita como um símbolo ou desenho propriamente dito. Falei um pouco sobre a técnica do carimbo, seu surgimento e importância para a arte e na produção literária. No período gótico a produção literária se utilizava da ornamentação das letras como forma de traduzir uma boa apresentação estética. Geralmente os textos dos livros se iniciavam com uma letra ornamentada com símbolos, ou ícones. Como objetivo da aula também é trabalhar essa relação entre o que é ornamentação, decoração e do que poderíamos chamar de uma arte mais voltada à contemporaniedade, assim, foi trabalhado em aula a produção de uma letra em forma de carimbo no qual o aluno fez a inicial do seu nome. A partir daí foi realizado um trabalho com repetição e sobreposição do carimbo no papel. Eles deveriam criar, um outro símbolo e que adquirisse novos significados. Apesar de ser uma tarefa simples onde a imaginação pudesse trilhar caminhos livres a preocupação em criar uma forma nítida, lembrando algum objeto ou figura,


estava bem presente no resultado final do trabalho. Perceber a letra também como um símbolo e criar outras formas a partir dela foi de início um exercício com limitações. O que é a forma? A escrita, uma letra? Possibilitar o aluno a criar outros símbolos é um dos objetivos dessa atividade levando em conta a necessidade da comunicação simbólica através do fazer artístico. Símbolos são signos que estão em toda a parte, e desde os princípios da história os humanos produzem símbolos seja através do desenho e da escrita. “O homem préhistórico, enquanto não havia desenvolvido suficientemente sua capacidade de criar símbolos, não nos deixou nenhum sinal de sua existência. Nossa história começa exatamente quando o desenho se transforma em símbolo: a escrita”. (VELLONI 2009, p.4) Assim, criar outras formas a partir de um modelo, como um carimbo na produção de novos olhares para uma mesma imagem ou um mesmo signo. Depois de várias explicações foram surgindo alguns trabalhos bastante expressivos. Alguns alunos trabalharam apenas com formas isoladas do carimbo no papel. Durante a prática foram surgindo muitas dúvidas não só sobre o que fazer, como fazer, mas também quanto ao material adequado, seu manuseio como no caso o E.V.A e a tinta (guache). Para alguns usar tinta remetia às aulas de artes do primário, (4ª série segundo um aluno onde vivenciou suas últimas experiências com esse material). Compor uma imagem levando em conta a cor, o arranjo dos elementos sobre o papel exigiu atenção, esforço e dedicação.


Composição com carimbos. Letra, símbolo... As alunas Jaqueline, Maria Clarice e o aluno Daner durante a atividade prática. Fonte: Fenner, 2009

A maioria dos alunos trouxe o material requisitado para a aula que foi um problema constante nas aulas anteriores e nesta atividade houve organização significativa também na troca de informações dentro dos grupos durante o processo. Como foi utilizado tinta na produção dos trabalhos eles ficaram expostos numa mesa para secagem e serão utilizados na próxima aula para uma outra atividade. Alguns alunos não conseguiram terminar seus trabalhos e serão finalizados na próxima aula. Ao finalizar a aula alguns alunos comentaram a aula e a experiência de trabalhar com carimbo. Solicitei que anotassem o material para a próxima aula e a aula se deu por encerrada.

4.2.5 AULA Nº5

PLANEJADO_05.10.2009


OBJETIVOS:  Reconhecer o desenho como meio de comunicação visual.

METODOLOGIA: Pratica individual. CONTEÚDO: Gravura RECURSOS: E.V. A, tesoura, tinta e papéis. DESENVOLVIMENTO:  Será dada a continuação das atividades iniciadas na aula anterior.

AVALIAÇÃO:  Verificar se houve entendimento sobre a intenção da proposta de trabalho.  A criatividade e a manipulação do material para o trabalho proposto.

REALIZADO: Apenas seis alunos compareceram à aula. Muitos moram em bairros não muito próximos à escola e o deslocamento até a escola nem sempre é fácil, e por motivo de chuva muitos faltaram. Os que compareceram estavam bem dispostos a participar da aula. O planejado para a aula foi à continuação dos trabalhos iniciados na aula passada. Como alguns alunos não estavam na aula passada eles iniciaram os seus trabalhos confeccionando seus carimbos. Revisei com os alunos a proposta da atividade prática e como alguns ainda não haviam terminado seus trabalhos anteriores a proposta da aula foi finalizar esses trabalhos. A teoria ficou em torno das curiosidades sobre a história da letra gótica e qual importância teve dentro da produção literária da Idade média até o século XX. Como a proposta era de criar outros símbolos através de um mesmo houve bastante dificuldade


em se pensar novas maneiras de representações. Como nos trabalhos anteriores percebi que muitos alunos não exercitaram a linguagem plástica ou não tiveram oportunidade de trabalhar com materiais variados nas aulas de arte, isso se reflete na produção e nos resultados dos seus trabalhos. A estética no fazer artístico é fundamental para a compreensão dos saberes práticos e teóricos. [...] o desenvolvimento estético está diretamente ligado a um crescimento constante de fatores, permitindo ao individuo a discriminação entre qualidades “perceptuais e imagens”, bem como o desenvolvimento de níveis de percepção e composição. (FUSARI E FERRAZ, 2001.p.61)

Primeiramente produzir um carimbo foi uma novidade, o que criar a partir do modelo pronto gerou dúvidas. Pedi que brincassem com a forma sobre o papel, levando em conta a sobreposição do carimbo, a percepção quanto os arranjos e as cores utilizadas.

Composição (detalhe) Aluna: Maria Clarice Fonte: Fenner, 2009

Como os poucos alunos ainda não haviam trabalhado com tintas, eles se dispuseram a explorar o material sendo que a preocupação com o resultado acabou


ficando em segundo plano. Voltei a falar sobre como a organização da forma dentro de um trabalho, e como ele pode adquirir um resultado mais apresentável sem deixar de levar em conta que o processo do trabalho é o mais importante. Percebe-se que em alguns trabalhos a limpeza e a organização das formas foi bem pensada e planejada. Claro que isso vem de uma vivência anterior do aluno, aquele que já trabalhou com esses materiais antes. Mesmo eu tendo exigido que fosse utilizada a sobreposição de formas, a maioria optou por isolá-la, assim como a insistência de usar apenas uma cor.

Símbolo ou Letra. Aluno: Davi Fonte: Fenner, 2009

Como o carimbo era uma letra, penso que talvez a letra tenha sido melhor percebida como um símbolo da escrita e não como um desenho. Aparecem também frequentemente alguns estereótipos como o símbolo do coração, que se faz presente nos desenhos infantis, e muitos dos trabalhos desenvolvidos em aula esteticamente lembram desenhos dos estágios gráficos infantis. Conversando com uma aluna perguntei sobre o que ela já havia trabalhado em sala de aula durante o ensino fundamental, quanto aos


conteúdos e materiais. “ela respondeu o que os outros também acabaram concordando, que as práticas geralmente foram “desenhos livres” isto é, de expressão livre, e completou que pintar com tintas é uma experiência legal. Finalizei a aula pedindo que eles falassem um pouco sobre a atividade e o que refletiram durante a prática. Uma das alunas finalizou a conversa acrescentando que a falta de prática com os materiais acabou deixando o resultado “feio”. Pedi que eles refletissem sobre a ideia desenvolvida e se foi válido o exercício quanto ao pensar de ver a imagem sobre um outro ângulo, e o que isso acrescenta ou acrescentou no seu trabalho e no seu aprendizado. Para entender uma imagem é preciso compreender seu significado. O significado está relacionado ao sentido que se dá à situação, ou, seja, às relações que estabelecemos entre as nossas experiências e o que estamos vendo...o significado não é algo que está na linguagem e que o leitor recebe dela, mas algo que é trazido para a linguagem.(BARBOSA, 2003.p.73)

Composição Aluno: Davi Fonte: Fenner, 2009


4.2.6 AULA Nº6

PLANEJADO_19.10.2009 OBJETIVOS:  Compreender a diferença entre arte e artesanato dentro do contexto histórico e cultural.  Construir um texto refletindo sobre o que cada aluno percebe de sua realidade relacionado ao seu pensar sobre ela.

METODOLOGIA:  Construção de texto, expositiva e dialogada com prática individual.

CONTEÚDO: História da arte. RECURSOS: Lápis, caneta e papel. DESENVOLVIMENTO:  Aula Teórica. A escrita e o desenho como ornamentação nas ilustrações de livros. Será abordado o tema arte versus artesanato. A produção de livros como divulgação da cultura.  A identidade cultural dentro do contexto político e social relacionado à produção artesanal de livros. O livro de horas. O livro de imagens na arte contemporânea como variação do livro de horas dentro da literatura dos séculos XII ao século XV.  Produção de um texto.

AVALIAÇÃO:  Avaliar se houve interesse sobre o assunto, questionamentos sobre o tema.


 Criatividade e desenvolvimento do texto.

Texto. Cristóvão e o peso do mundo. Fonte: Fajardo. 1999

Retábulo de São Zacarias, 1505. Bellini. Fonte: Charles. 2007

Página de umaIluminura. Fonte: http://Vidareal.Wordpress.com/20 08/06/ - 2009

O Juízo Final, 1536-1541. Migelangelo. Fonte: Charles. 2007

Autorretrato. 1500 Albrecht Dürer. Fonte: Charles. 2007

REALIZADO A aula foi teórica e iniciada com uma revisão e reflexão a respeito dos trabalhos finalizados na aula passada. Pedi a alguns alunos que falassem sobre seus trabalhos.


Thiago (figura abaixo) começou falando sobre a sua produção plástica interpretando-a e falando sobre o que gostou e não gostou na imagem final.

Caminhos, direções... Aluno: Thiago Fonte: Fenner, 2009

Geralmente o primeiro olhar do aluno está associado à representação de uma figura. Ela lembra algum objeto ou uma forma conhecida ou um “abstrato”. A partir dessa explanação foi dialogado sobre o que é um desenho abstrato e o que é uma reprodução, levando em conta o fato de estarmos trabalhando com a reprodução de um símbolo, no caso, um carimbo. Achei interessante o aluno comentar que no momento em que carimbou a letra no papel a ideia que lhe surgiu foi de caminhos, direção, e assim ele relembrou de alguns símbolos que geralmente reproduz fazendo grafite e que para ele têm vários significados, nem sempre reconhecidos pelos outros como tais. A arte neste sentido pode funcionar como narrativa. “Arte é texto. É comentário sobre o tempo e a vida, que toma o corpo de uma escritura, tão subjetiva como o próprio alfabeto. Arte é hieróglifo, forma que clama sentido e sensibilidade.” (CANTON, 2000. p.37).


O significado de um símbolo ou uma imagem é sempre relativo ao olhar de quem vê. Alguns são mais fáceis de serem entendidos e neste caso o desenho teve um parecer idêntico para a maioria. Foi comentado sobre a importância desse exercício para entendermos a construção e desconstrução da forma e foram lembrados alguns símbolos conhecidos e reproduzidos através dos meios de comunicação como marcas famosas que acabam conquistando o olhar do espectador. Sobre a estilização da forma em alguns trabalhos foi comentado sobre a dificuldade de compreender o significado sobre a produção plástica de alguns alunos. Percebo que para a maioria o resultado é o que importa. Conversamos sobre a importância da experimentação e do processo em si, e surgem várias perguntas a respeito das obras de arte. Para a maioria dos alunos, estas são de difícil entendimento, “não tem sentido” Em referência estão os trabalhos vistos nas Bienais do Mercosul que está ocorrendo agora. Alguns alunos visitam a Bienal sempre que ela acontece em Porto Alegre, outros chegaram a perguntar “o que é a Bienal?” Um dos alunos disse que é importante conhecer a Bienal e que ela não tem só a ver com Arte, mas que ela faz pensar sobre “as ideias das pessoas e como elas são imaginadas e feitas”. “De muitos modos, o contato com a produção da arte contemporânea, seja nas Bienais ou em outras exposições, mexe com nossos modos de ver e com nossos pensamentos, pois exigem um esforço de compreensão tanto cognitiva quanto sensorial. (VIEIRA DA CUNHA, 2005. s/p) Ressaltei a importância de todos visitarem a Bienal e que, infelizmente, nesta turma só seria possível agendar uma visita em horário diferenciado. Vários concluíram que é complicado durante a semana, pois todos trabalham, porém, alguns combinaram de ir no fim de semana.


Retomamos o assunto quanto à questão do que é Arte Contemporânea através de uma breve abordagem sobre “Arte relacionada ao artesanato”. Quanto à Arte de hoje não há sentido em reproduzi-la materialmente: não há cópias, porém, no sentido de produzir significados, mesmo que ela não venha com algum lembrete “esta obra significa que....” sempre fará algum sentido e o significado será relativo ao olhar de quem vê. Douglas comentou que leu no jornal sobre o trabalho do artista Cildo Meireles, que se perdeu no incêndio do ateliê na semana passada e que é uma pena, o que acontece muitas vezes com o descaso às obras de Artes, e na falta de interesse das pessoas e órgãos públicos em conservá-las. Achei interessante a colocação do aluno, afinal de contas, ele se diz “um grafiteiro nas horas vagas “e afirma que também já fez “pichação em prédios.” A sala de aula também tem que ser um lugar onde há possibilidade de dialogar sobre esses temas. Lembrei os alunos sobre a exposição de gravuras no Museu do Margs e entrei no assunto programado para essa aula sobre Iluminuras exemplificando o conteúdo com algumas reproduções de imagens. Com tais imagens foram feitas leituras sobre as características e a utilização de letras ornamentadas, bem como a ilustração que acompanhavam os textos produzidos na época do período gótico e a importância da produção artística através do desenho e pintura na literatura. Como eram feitas as Iluminuras, e por quem? A atividade prática para esta aula é a produção de uma Iluminura. Nesta aula foi lido um texto com o título “Cristovão e o peso do mundo”, de um autor anônimo. Neste, há uma gravura de 1423 de um artista também anônimo, ilustrando esse texto, de acordo com as características que serão trabalhadas na composição plástica da Iluminura. O texto dessa prática será a produção de uma lei que já foi produzida em aula e está


relacionada à Identidade hoje. Cada aluno irá confeccionar uma ilustração a partir da lei da qual ele, como mentor, produzirá uma página de um livro e também será utilizado o carimbo como o início de texto. A atividade iniciada em aula continuará na próxima aula.

4.2.7 AULA Nº7

PLANEJADO_26.10.2009 OBJETIVOS:  Construir uma página de uma iluminura, através do carimbo e texto.  compreender uma imagem através dos vários elementos que a compõe.

METODOLOGIA: Prática individual. CONTEÚDO: Carimbo e produção de texto. RECURSOS: Lápis de cor, canetas hidrocor, E.V. A, tintas, papéis. DESENVOLVIMENTO  Atividade prática. Produção de uma página de uma Iluminura. Texto e criação de uma lei.

AVALIAÇÃO:  Avaliar a compreensão do aluno sobre o contexto abordado.  Criatividade e desenvolvimento das atividades.


REALIZADO No primeiro momento da aula foi feita uma revisão sobre o conteúdo da aula passada. Alguns alunos faltam com freqüência, e como na maioria das aulas as atividades práticas são continuadas, é preciso rever o conteúdo para que esses possam iniciar seus trabalhos. A atividade prática planejada para essa aula é a produção de uma iluminura como página de um livro. Nesta página está sendo usado o carimbo, e o texto é uma lei imaginada e criada individualmente pelo aluno. Posteriormente essa página será ilustrada dentro das características formais de uma iluminura. Como nesta aula as práticas também estão relacionadas à criação de textos juntamente com os conteúdos artísticos, a turma elaborou pequenos textos relacionados a palavras-chave que, para eles, definem a Identidade. O aluno Daniel leu para a turma um texto escrito por ele onde a virtude, a justiça e a sabedoria consistem como elementos necessários para a construção da personalidade de uma pessoa. A criatividade é uma variante de aluno para aluno. Compreender o processo do fazer artístico dos alunos é parar para questionar o que este aluno tem como influência do meio artístico e de como ele percebe a sua própria produção artística. Alguns necessitam de ajuda constante e o que se percebe durante a prática é de que alguns alunos ainda estão num estágio infantil de organização dos arranjos dos elementos formais dos trabalhos, bem como a maneira como manipula os materiais necessários como exemplo na pintura, o uso das tintas na pincelada, na limpeza do próprio suporte do trabalho neste caso o papel. Enquanto alguns alunos ainda estão na primeira parte de elaboração, outros já adiantados partem para a etapa da ilustração. Para a ilustração alguns alunos reclamaram quanto à técnica do desenho e aquela velha história: “professora eu não sei


desenhar” Uma aluna sugeriu um desenho pronto para colorir. Como? Pergunto. Ela responde que: desenhar exige “pensar e eu não estou afim, trabalhei o dia todo e...” As desculpas variam e é notável que a falta de interesse, também está associada à realidade desse aluno. Porém, como professora, penso que as atividades práticas planejadas precisam despertar e conquistar o interesse do aluno para as artes. Para isso, é preciso reconhecer o que esses alunos trazem da sua bagagem artística para que a aula seja significativa. Assim como o aluno precisa avaliar e compreender seu próprio fazer artístico, cabe ao professor fazer essa mediação.

Na rede de significações do mundo da arte, de seus produtores e fruidores, o educador se encontra “com uma rédea no criativo, uma rédea no estético, uma rédea no estético, uma rédea no processo de vida, uma rédea no futuro, e uma no passado, todas elas puxadas ao mesmo tempo. (MARTINS; PICOSQUE; GUERRA. 1998, p. 129)

Conversando com essa aluna pedi que ela falasse um pouco sobre materiais e técnicas que já utilizou e trabalhou em aula. A resposta dela, como a dos outros integrantes desse grupo, é que as aulas que elas estavam tendo com a outra professora eram “mais sobre história da arte” e na prática, só usavam lápis, papel e lápis de cor. Questionei a resposta da aluna quanto à técnica do desenho, começando a falar sobre desenho de observação, a importância ver e perceber corretamente uma imagem (usei como exemplo, uma reprodução de uma imagem) e do que é visível e não visível numa imagem. Para saber desenhar é preciso prática, tempo, dedicação e se propor a começar. [...] desenhar é uma habilidade que pode ser aprendida por qualquer pessoa normal com visão e coordenação motora medianas – com habilidade suficiente para enfiar uma linha numa agulha ou atirar uma bola à distância. Ao contrário do que se costuma pensar, a habilidade manual não é um fator primordial para o desenho. (Edwards, 2002, p.29)


Para iniciar a ilustração, neste caso, é preciso saber o que vou colocar no papel, como vou materializar minha idéia e que ela não fuja do contexto que está sendo trabalhado. De que maneira vou materializar essa lei no papel? Após vários questionamentos sobre o que é desenho e ilustração e sobre a montagem de cenas que usam também da fotografia para a criação de imagens para a confecção de livros sugeri que pudessem usar como auxilio recortes de revistas onde coladas tinham que ser finalizadas com a técnica de desenho. Algumas composições ficaram interessantes, outras faltaram observar alguns elementos como o uso do fundo da imagem como parte de um todo; os arranjos dentro da composição entre outros o funcionamento das imagens recortadas entre si.

Iluminura “contemporânea” Aluna: Michelle Fonte: Fenner, 2009

Composição Aluna: Ana Luiza Fonte: Fenner, 2009

Para finalizar recomendei aos alunos que trouxessem os trabalhos para finalizálos na próxima aula, bem como os materiais necessários para as atividades seguintes.


4.2.8 AULA Nº 8

PLANEJADO_09.11.2009 OBJETIVOS:  Interpretar através do desenho ou pintura a idéia principal do seu texto.

METODOLOGIA: Prática individual.; CONTEÚDO: Desenho ou pintura; RECURSOS: Lápis de cor, canetas hidrocor.; DESENVOLVIMENTO:  Finalização dos trabalhos. Será feita a Ilustração através de desenho.

AVALIAÇÃO:  Se há reflexão do aluno durante o processo de trabalho.

REALIZADO: A aula foi uma continuação da atividade prática da semana anterior, isto é, a ilustração da página da iluminura. Alguns já haviam terminado em casa seu trabalho, outros esqueceram de trazer para continuá-los na aula. Alguns iniciaram seus trabalhos somente nesta aula, pois faltaram na anterior. Relembrei o conteúdo para a turma. Como muitos alunos desta turma não gostam de desenhar eu levei imagens recortadas de revistas e propus uma nova proposta. Cada um escolheu algumas imagens que pudessem exemplificar a lei por ele inventada, mas que fosse continuada com desenho ou pintura ou outro material como canetas, etc. No início alguns acharam difícil e o pedido de ajuda foi constante.


Nesta turma dois alunos têm problemas de deficiência visual, seguidamente preciso repetir a proposta do trabalho, todavia são alunos bastante esforçados, questionam durante os diálogos e, com paciência, eles conseguem desenvolver os seus trabalhos.

Direito ao tempo de lazer. Aluno: Thiago Fonte: Fenner. 2009

Liberdade de expressão. Aluna: Rhariane Fonte: Fenner, 2009

A maior dificuldade desta atividade foi dar continuidade à imagem pronta. Como era a primeira vez que faziam uma atividade com essa proposta foi complicada a recepção desta idéia pelos alunos: uma, a dificuldade de trabalhar o fundo da imagem que geralmente permanece a cor da folha. Mesmo com folhas coloridas interferir com outras cores permanece o colorir para preencher o espaço. O outro problema está no aluno em interferir na imagem pronta e as desculpas são muitas, entre elas, está à questão do gosto e como esse aluno percebe a imagem. No caso, uma fotografia recortada. Por mais que eu busque explicitar


a idéia de que é preciso criar outras formas para dar um novo sentido para a imagem, a interferência dificultou o raciocínio. No resultado do trabalho de vários alunos o recorte funcionou como fotografia, algo completo, só como um complemento isolado e finalizado. Quanto ao processo de trabalho alguns alunos não têm muita familiaridade com tintas e outros materiais e mesmo eu levando esses materiais para os alunos, a opção está no meio mais simples, isto é, fazer um desenho, uma colagem e pronto e na maioria dos trabalhos falta desenvolver a imaginação e a criatividade.

Liberdade Aluna: Jaqueline Fonte: Fenner, 2009

Natureza Aluna: Thamires Fonte: Fenner, 2009

Faço em quase todas as aulas uma pequena pausa para conversar com os alunos sobre a importância da imaginação e da criatividade não só para as aulas de Arte, mas, para todas as áreas do conhecimento onde de uma forma ou outra a arte está sempre presente.


Um grande número de trabalhos e profissões estão direta e indiretamente relacionadas à arte comercial e propaganda, out-doors, cinema, vídeo, à publicação de livros e revistas, à produção de discos fitas, Cds, som e cenários para a televisão, e todos esses campos do design para a moda e indústria têxtil, design gráfico, decoração, etc.(Barbosa, 2009. p. 4)

Existe uma dificuldade enorme do aluno em compreender e refletir sobre o papel da arte também para a profissão. Percebo que para alguns a arte é algo isolado e próprio da disciplina. Alguns alunos se esforçam para fazer os trabalhos de acordo com a proposta, mas a criatividade é algo que vem com a prática e penso que a cobrança deve vir do próprio aluno em pensar em produzir algo não só para ter uma nota, mas que aprenda algo para a vida, o fazer pelo fazer (lembro com freqüência aos alunos) não deve ser bem vindo nesta aula. Nesta aula, como nas outras, pedi que alguns alunos falassem sobre seus trabalhos, Assim, a turma toda é convidada a refletir sobre as suas produções e tirar suas próprias conclusões sobre o que pode ser melhorado ou modificado nos trabalhos seguintes. Durante as tarefas são feitos alguns diálogos não só sobre a questão subjetiva, mas, pelas questões formais das produções plásticas. O descuido com os materiais utilizados na hora da prática, como o manejo com as tintas, a cola bem como na hora de recortar as imagens, são feitos de qualquer forma, isto não por falta de lembrete, mas por desinteresse. Percebo que a maioria dos alunos gosta das práticas, não é a questão da atividade não ser prazerosa, mas lhes falta conteúdo, isto é, expandir seus olhares, observação e percepção sobre o que está sendo proposto. Percebe-se que muitos alunos não tiveram boas práticas de aprendizagem em arte no ensino fundamental. Alguns alunos, como esqueceram seus trabalhos em casa, acabaram inventando outras leis, de acordo com as imagens selecionadas. Surgiram algumas discussões


quanto à importância de uma lei para exemplificar uma imagem, se ela pode ter vários significados, e mais, que podem contradizer a escrita ou ela mesma, e segundo uma aluna “a imagem fala pó si, vale mais que mil palavras.” Devido a esses diálogos considero importante ouvir a opinião dos alunos quanto a sua produção plástica. Nem sempre é fácil avaliar um trabalho sem o relato do aluno. Na maioria das vezes percebo que alguns fogem do contexto da proposta, porém, na arte, não pode prevalecer o domínio de uma só linguagem, a do professor. O que cada aluno expressa em seus trabalhos é a sua subjetividade, e ela é relativa a aquilo que o aluno percebe de sua realidade e como arte. A arte também é um exercício de liberdade, todavia não deve se resumir a alguns trabalhos práticos sem fins de aprendizagem, a meros trabalhos de livre expressão. Finalizei a aula lembrando que alguns alunos não estão em dia com os seus trabalhos, pois faltaram aula, e como a próxima aula é teórica terão que fazer os trabalhos em casa e como são uma minoria não será usado o espaço da aula para esse fim.

4.2.9 AULA Nº9 PLANEJADO_16.11.2009 OBJETIVOS:  Reconhecer diferenças e semelhanças no pensamento cultural dentro do tema abordado em relação à atualidade.

METODOLOGIA:Leitura de texto; CONTEÚDO: História da Arte RECURSOS: Texto sobre o Renascimento.


DESENVOLVIMENTO:  Leitura de texto: O Renascimento. A Identidade dentro do período da renascença  Será abordada a questão da identidade artística dentro do período renascentista através de leitura de texto e de imagens.

AVALIAÇÃO:  Avaliar participação do aluno na leitura e nos questionamentos durante o diálogo.

REALIZADO A aula foi teórica com algumas leituras de imagens. Como nesta turma é uma exigência da proposta da escola trabalhar com a história da arte dentro dos períodos, a aula dada foi sobre o período do Renascimento. Como minha proposta de trabalho é sobre Identidade foi discutido em sala de aula a questão da Identidade no período da renascença, isto é, com foco no papel do artista daquele período da história. Iniciamos com uma leitura de texto, sobre o Renascimento, levando em conta o indivíduo, seu tempo, isto é, como ele viveu sua cultura, a questão geográfica, política, social, e como surgiram os primeiros artistas daquele tempo. Para compreender o papel do artista neste período foi preciso abordar várias questões relacionadas a esta época, entre elas, o pensamento que vigora naquele período. Como o Renascimento foi à cultura de uma classe rica e poderosa, o artista ou artesão, como era denominada, era visto de uma maneira diferente como ele é hoje, na atualidade. Sempre em forma de representação fiel de um desse pensamento. “Na arte representacional, sempre se utiliza o ser humano como referência para a representação. É por meio dos olhos humanos que se organiza a realidade e, desde o Renascimento,


esse olhar, em sua escala também humana, determina o ordenamento da realidade”. (Material pedagógico da Bienal, 2008, p. 49) O conceito de arte também era outro, assim durante a leitura foram discutidas também questões quanto a Identidade do artista contemporâneo, para que o aluno possa compreender, como a cultura de uma época se modifica através dos tempos. Também foram feitos questionamentos quanto à função da arte naquele período e como ela é percebida hoje. Para exemplificar o texto foram lembrados alguns artistas como da Vinci, Michelangelo, Rafael Sanzio, e outros. Entre os artistas, para os alunos o mais lembrado foi Da Vinci, pois, além de artista ele é reconhecido por suas múltiplas habilidades em outras áreas do conhecimento, como engenharia, arquitetura, etc. Como o texto tratou o assunto do papel do individuo, de forma clara e objetiva, foram levantadas apenas algumas considerações sobre a relação do individuo de hoje com relação à arte. O que mais chamou a atenção foi o fato do surgimento do individualismo no período do Renascimento e que ainda permanece até hoje, e que de certa forma influência também a cultura na nossa contemporaniedade, porém, visto sob um outro prisma. Como a arte contemporânea é o assunto do último ano do ensino médio (que eu considero um absurdo), a maioria dos alunos não tem muito a comentar sobre a arte contemporânea. Busco em todas as aulas teóricas e práticas fazer sempre um link com a atualidade. Como não há condições desta turma visitar a Bienal por motivo de horário, e a maioria não vai por conta própria, procuro mencionar alguns artistas e obras sempre que necessário para que o aluno possa desenvolver seu próprio senso crítico quanto o conceito de arte hoje. Isso é muito importante também na hora das atividades prática, principalmente o porquê e o para quê estudar arte.


Como tema de casa (já que a leitura de texto ocupou toda a aula), pedi aos alunos que fizessem uma pesquisa no computador, ou em livros, sobre algum artista contemporâneo, uma obra e sobre como eles pensam ser arte contemporânea através daquilo que eles pesquisarem. A aula deu-se por encerrada.

4.3.0 AULA Nº1O

PLANEJADO_23.11.2009 OBJETIVOS:  Pesquisar imagens de artistas dentro dos períodos trabalhados.  Reconhecer os elementos que caracterizam uma pintura renascentista e contemporânea.  Comparar imagens e reconhecer as diferenças entre os dois períodos.  Construir uma composição plástica onde a interferência numa imagem pronta possa possibilitar novas leituras.

METODOLOGIA:  Expositiva e dialogada com recursos, leituras de imagens.

CONTEÚDO: Fotografia, pintura e história da arte. RECURSOS: Mídia, reproduções de imagens, revistas, tintas, papéis, cola, tesoura, etc.

DESENVOLVIMENTO:  Sala de informática. Pesquisa e leituras de imagens de artistas da renascença e contemporaneidade.


 Como no renascimento a pintura tem caráter mimético isto é realista serão feitas algumas leituras de imagens de artistas conhecidos dentro desse período e também algumas leituras de obras de artistas que trabalham o hiper-realismo nas suas pinturas dentro da arte contemporânea.  A atividade prática será uma composição com técnicas de colagens de revistas e fotografias onde será trabalhada a questão realista também na fotografia. Leituras de imagens de artistas renascentistas e contemporâneos.

AVALIAÇÃO:  Avaliar o interesse do aluno pelo assunto.  Participação do aluno respondendo as questões elaboradas para as leituras.

Vitruvius. 1490. Da Vinci. Fonte: Santi. 1990

O homem apropriado. 2009 Stefhan Doitschinoff. Fonte:http://www.google/ imagens.com. 2009

Propaganda Fonte: Revista Marie Claire, set/2009


REALIZADO A aula ocorreu na sala de informática. Convidei os alunos para uma pesquisa de imagens no computador. Na aula passada alguns alunos comentaram que seria interessante ter uma aula no laboratório de informática. Como o acesso dos alunos a esse meio é limitado achei que seria uma proposta interessante levar o aluno para uma atividade no computador. A Internet é um instrumento poderoso de ação artístico e cultural, por sua inédita capacidade de levar imagens, textos, e documentos hipermídia, possibilitando assim gerar novos paradigmas no âmbito das propostas do ensino de Arte. Entendendo a Arte como uma maneira de organizar variadas experiências, é fundamental integrá-la ao processo educativo, principalmente ao definir sua contribuição para o desenvolvimento de processos mentais. (PORTELLA,apud BARBOSA 2003, p. 125)

A aula planejada e realizada foi pesquisar imagens dos períodos da renascença e da arte contemporânea. No primeiro momento foi combinado um tempo para que cada aluno pudesse fazer suas pesquisas nos sites de imagens do Google. Entreguei para a turma uma lista com alguns artistas a serem pesquisados e após essa pesquisa cada aluno escolheu uma imagem de sua preferência para fazer uma leitura da mesma imagem. Alguns fizeram a atividade em duplas porque não havia computador para todos. Pedi que escolhessem imagens pensando também na qualidade visual, isto é, imagens com um tamanho razoável para observação dos detalhes, quanto à cor, pois há uma quantidade enorme de fotos de uma mesma obra, que possam se diferenciar da original. Alguns alunos demoraram mais do que os outros na escolha da imagem, pois nem todos têm familiaridade e prática no manuseio com o computador. Para as leituras de imagens a maioria optou por obras de artistas da renascença. Pedi que pelo menos


um deles escolhesse uma obra contemporânea, mas, mesmo assim a escolha foi do aluno. Para auxiliar os alunos na leitura preparei uma lista com as principais características a serem observadas, isto é, elementos visíveis ou formais e invisíveis ou informais. Comecei com algumas indagações sobre o primeiro olhar para a imagem, o que é observado no primeiro momento e a maioria respondeu pelo motivo de escolha: “gostei dessa imagem ela me passa a idéia de..”. Geralmente o nosso primeiro olhar tem uma relação direta com o gosto. A obra que nos chama atenção e nos atrai é aquela da qual já temos uma certa familiaridade, nos reconhecemos nela elementos que fazem parte do nosso repertório cognitivo e mental de símbolos, e dos quais no primeiro momento se sobressai. Assim é normal que o primeiro olhar está relacionado com aquilo que já conhecemos, se gostamos ou não é geralmente o primeiro passo para a adoção e compreensão da imagem. Uma das imagens selecionadas onde foi feito um diálogo sobre mitos.

Allegoria da Primavera, 1478 Sandro Botticelli Fonte: www.google.com.br/imagens


Após a reflexão pedi que fosse feita a leitura propriamente dita e que fosse observadas e respondidas às questões e entregues no final das aulas. No início pareceu complicado e o pedido de ajuda foi constante. Entre os elementos formais as maiores dúvidas e diálogos estavam relacionados aos planos das imagens; profundidade. A questão da representação, se ela é uma imagem realista e o porquê de alguns detalhes; as expressões; o que é o equilíbrio e harmonia na imagem; o que é a perspectiva, entre outras. A maioria dos alunos concordou que nunca haviam observado uma imagem levando em conta tantos itens de observação. Ressaltei a importância desse exercício para toda e qualquer imagem, e em nosso dia a dia, pois as imagens estão em toda a parte e temos que educar o nosso olhar para desenvolver o senso crítico em relação a elas. Algumas imagens na nossa atualidade são responsáveis, segundo alguns autores, pelo consumismo exagerado. Esse tema focado na arte contemporânea foi o último diálogo e reflexão da aula. Antes de finalizar a aula pedi que dois alunos comentassem a sua leitura. Todos terminaram em tempo a atividade. Finalizei a aula lembrando que a gente voltaria a comentar algo sobre algumas obras contemporâneas na próxima aula.

4.3.1 AULA Nº11

PLANEJADO_30.11.2009 OBJETIVOS:  Reconhecer os elementos que caracterizam uma pintura renascentista e contemporânea.


 Construir uma composição plástica onde a interferência numa imagem pronta possa possibilitar novas leituras.

METODOLOGIA:  Expositiva e dialogada com recursos, leituras de imagens.

CONTEÚDO: Fotografia, pintura e história da arte. RECURSOS: Mídia, reproduções de imagens, revistas, tintas, papéis, cola, tesoura, etc.

DESENVOLVIMENTO:  Revisão de conteúdo e realização de atividade prática.

AVALIAÇÃO:  Avaliar o interesse do aluno pelo assunto.  A criatividade e a participação do aluno quanto ao exercício apresentado.

REALIZADO Iniciei fazendo uma revisão sobre o conteúdo da aula passada. Como alguns alunos faltaram à aula anterior distribui a folha de atividades com a proposta de trabalho para aqueles alunos que não estiveram em aula, e que possam fazer a atividade em casa. No primeiro momento fizemos a correção do exercício de leitura de imagens, pois percebi que alguns itens deixaram dúvidas e não foram bem compreendidos pelos alunos. Entre as dúvidas: o que é um plano na imagem e a luminosidade. Foram feitas algumas leituras de imagens para auxiliar os alunos que não fizeram as leituras no computador e para melhor explicitar o assunto, tirando as dúvidas que restaram. Para isso, levei algumas reproduções de outros artistas não escolhidos


pelos alunos como Michelangelo, Rafael e também de alguns artistas contemporâneos, entre eles, Stephan Doitschinoff. Durante as leituras de imagens surgiram vários diálogos sobre a questão da arte contemporânea. Percebi que nesta turma os alunos estão despertando para algumas questões básicas da arte contemporânea, isto é, estão buscando, através do diálogo, tentar compreender o que a arte de hoje possa significar para eles. Um aluno fez um breve relato sobre a sua visita à Bienal e achei interessante que ele se propôs a explicar aos colegas sobre o que ele viu, e o seu parecer sobre a exposição. Fiquei feliz pela iniciativa do aluno, pois numa aula anterior esse mesmo aluno ironizou a importância das artes em geral. Na sala de aula, ele falou sobre a “insignificância” de fazer práticas artísticas e que ele não fazia trabalhos com a outra professora porque a arte é feita por artistas considerados “gênios” (ele estava se referindo aos grandes mestres como Da Vinci, etc ). Comentei com os alunos sobre a função da arte dentro dos meios de comunicação para o trabalho, isto é em algumas profissões. Levei a imagem de um anúncio de revista para exemplificar a idéia da arte para a propaganda. Na imagem (uma propaganda de calçado), aparece uma mulher usando salto alto e, ao lado, a cena é descrita por uma lei inglesa do século XV. Pedi aos alunos que fizessem a leitura antes de ler o anúncio. A relação com o anúncio parte da criatividade de quem fez a propaganda. A imaginação e a criatividade devem estar presentes durante a produção de uma imagem. Lembrei da importância de prestar atenção também nas práticas artísticas chamando atenção para os detalhes, o que está ou não explícito nela. No segundo momento distribuí algumas reproduções de imagens que fazem parte da atividade prática. Para essa prática cada aluno escolheu uma imagem e fará uma releitura sobre ela usando algumas partes da imagem sem tentar reproduzi-la.


Como o período de aula é curto e os alunos se envolveram em vários diálogos a atividade não foi iniciada em aula. Considero importante que o espaço e o tempo de sala aula seja também para o aluno debater e discutir arte e não apenas voltada para o fazer artístico. Trazer para a sala de aula questões sobre a contemporânedade é fundamental para despertar o interesse do aluno para a sua própria produção artística. Finalizei a aula lembrando aos alunos que têm trabalhos pendentes para que tragam na próxima aula, pois será a última comigo.

4.3.2 AULA Nº12

PLANEJADO_07.12.2009 OBJETIVOS:  Reconhecer as características semelhantes e diferentes numa escultura renascentista e contemporânea.  Refletir sobre a questão da mimese na escultura renascentista versus a escultura da contemporaneidade.

METODOLOGIA: Expositiva e dialogada, leitura de imagens; CONTEÚDO: História da Arte e escultura; RECURSOS: Reproduções de imagens; DESENVOLVIMENTO:  A escultura no renascimento é vista como uma arte maior até muito mais que a pintura, segundo alguns críticos de arte. A figura humana é o centro das atenções e os artistas trabalham o desenho como objeto de pesquisa para a ciência, para a arquitetura, etc. Atividade prática. Leitura de imagens.


 Finalização dos trabalhos e reflexão sobre o que foi trabalhado em aula. Fechamento do Projeto Educativo de Ensino e a avaliação final.

AVALIAÇÃO:  Avaliar se o aluno compreendeu o tema abordado.  Avaliar a participação com questionamentos sobre o assunto.  Se houve reflexão e aprendizado sobre o que foi abordado durante as aulas.

Pietá, 1547-1555. Michelangelo. Fonte: Charles. 2007

Guerreiro. 1973. Xico Stockinger Fonte: http://.www.google/ imagens.com. 2009

REALIZADO Iniciei a aula fazendo a avaliação sobre todos os trabalhos realizados com a turma durante o meu período de estágio. Como vários alunos faltaram na aula passada e alguns têm trabalhos pendentes, combinamos que a próxima aula será para a entrega e recuperação para os que não atingiram a média. Devido a falta de comprometimento em trazer os trabalhos já finalizados das práticas feito a exposição dos trabalhos. Quanto às atividades práticas, foi dialogado sobre os mais diversos problemas encontrados pelos alunos, bem como os resultados positivos alcançados.


Quanto às práticas (para os alunos) em alguns trabalhos foi dado mais importância ao processo do que ao resultado. Para muitos as práticas foram momentos de experimentação como exemplo nas práticas com tintas, a falta de manuseio com o material deixou a desejar em algumas composições. Alguns alunos comentaram a dificuldade de fazer uma boa composição, de concentração, de deixar fluir as idéias sem levar em conta o parecer (o que eu penso sobre bonito ou feio), para compor uma imagem. No resultado de alguns trabalhos faltou qualidade, devido à falta de atenção e cuidado e por alguns alunos faltarem aula e fazê-los em casa (fugindo do contexto da proposta).Muitos dos trabalhos feitos em casa foi devido a irregularidade de freqüência nas aulas. Muitos nesta turma seguidamente questionavam o valor e a utilidade da arte de hoje e o discurso trás sempre à tona a idéia de que arte foi feita no passado e por gênios. Como nas minhas aulas eu sempre busquei trabalhar arte contemporânea juntamente com os períodos de história da arte determinados pelo plano de aula da escola. Um outro questionamento a respeito do que é arte e de como ela é capaz de provocar o senso critico do aluno em relação a própria arte bem como a outras questões da realidade. Nesta turma, por diversas vezes, foi discutido sobre o que é arte, como ela pode sim ser trabalhada e discutida em aula. Assim como a reflexão sobre o seu papel para a formação da sua Identidade. É função da escola instrumentar na compreensão que podem ter dessas questões, em cada nível de desenvolvimento, para que sua produção artística ganhe sentido e possa se enriquecer também pela reflexão sobre a arte como objeto de conhecimento. (PCNs, 1997, p. 43)

Um dos alunos que seguidamente traz questões polêmicas para a aula e se dizia desinteressado por tudo que diz respeito às artes relatou que resolveu visitar a Bienal e que apesar de não entender muita “coisa” disse ter tirado conclusões interessantes de algumas obras. Ele acredita que o que estava lá não estava para passar uma idéia do que


é bonito ou feio, mas para questionar e provocar as pessoas a verem a as coisas, objetos e a realidade de uma outra forma. Achei interessante o parecer dos alunos em relação ao que foi abordado sobre a arte contemporânea durante as aulas. Segundo eles nenhum professor trouxe questões de arte da atualidade para serem discutidas em sala de aula. Como alguns alunos tinham pouco conhecimento sobre escultura tanto da renascença quanto da atualidade boa parte da aula foi teoria sobre a escultura, entre os artistas abordados, Michelangelo e Xico Stockinger. Foram feitas algumas leituras de imagens. A curiosidade maior dos alunos foi em relação aos materiais utilizados e as diferentes formas de representação da figura humana. Para finalizar as aulas alguns alunos fizeram comentários e também uma avaliação sobre a minha pessoa como professora e educadora. E mesmo que em muitos trabalhos não houve um resultado “satisfatório” para eles, todos de uma forma ou de outra buscaram se envolver nas atividades. Comentei sobre a importância de não pensar somente no resultado, mas em todo o processo desenvolvido durante as atividades e que o mais importante e necessário é o que o aluno aprenda e leve como aprendizado das aulas. O único sentido de frequentar a escola, de participar das aulas e desenvolver atividades é de buscar aprender algo pra vida. Isso é pensando na formação da Identidade através das vivências em sala de aula, compartilhando idéias, dialogando, refletindo sobre a importância da arte para a vida.


CONCLUSÃO

A partir da consciência de que construímos nossa Identidade através das relações compartilhadas com outras pessoas é que nos damos conta do que somos com que nos assemelhamos ou do que nos diferenciamos. Dentro do espaço escolar essa diversidade se torna um campo privilegiado de aprendizagem. Para que a arte seja um diferencial na formação da identidade do aluno, ela precisa encontrar meios e modos de desperta-lo para outros olhares. Mas para que isso ocorra é preciso que o aluno esteja aberto ao diálogo, a participar do processo artístico, vivenciando-o através da ação, interpretando e elaborando conceitos e apropriando-se deles. Para que haja aprendizado, as vivências em arte devem estar voltadas à realidade dos alunos. A Identidade é a soma de todas as experiências vividas e o que está para ser vivido. Portanto as vivências em arte também devem ter o objetivo de vir a somar na vida do aluno quanto a sua concepção de realidade, através de sua percepção de arte. Para que estes, a partir do fazer artístico, desenvolvem seus próprios conceitos bem como o seu senso crítico em relação à arte. Como o termo identidade é abrangente, pois engloba várias áreas do conhecimento, o projeto de ensino - Arte para pensar identidade - elaborado e executado, teve seu foco, à priori, no papel do aluno. No sentido de fazer refletir sobre a importância que a Arte exerce e pode exercer na formação da Identidade do aluno dentro do espaço escolar.


Durante o percurso das aulas o tema não pode ser aprofundado em alguns itens como deveria. Devido aos períodos curtos de aula e questões mais urgentes surgiram que de certa forma não poderiam deixar de serem discutidas, sendo a maioria delas relacionadas à arte contemporânea. Foram abordadas as relações de conceito da arte renascentista e do conceito de arte contemporânea em diversas aulas. Em algumas as discussões sobre o tema se excederam. Como dentro da visão renascentista a arte é mimética, isto é na tentativa da representação fiel da realidade boa parte dos alunos apresentavam desinteresse nas atividades práticas de desenho e pintura, porque consideravam que um desenho ou uma pintura deviam ter caráter realista. Entender e trabalhar essas diferenças foram determinantes para o bom andamento de grande parte das atividades práticas. A idéia de que arte é coisa de gênio, feita por artistas, pra quem gosta de arte, são conclusões ainda presentes no fazer artístico de muitos alunos e inicialmente nessa turma também. Nas primeiras aulas esse assunto foi amplamente discutido. Obviamente isto foi tema dentro dos períodos trabalhados e as discussões foram importantes devido à enorme dificuldade dos alunos em buscar desenvolver trabalhos com mais criatividade ou qualidade artística (observando o conjunto: espaço, cor linhas, etc.). Assim sem se deixar levar por pré conceitos já estabelecidos (arte coisa de gênio) que não tem mais fundamentação dentro do nosso período da história da arte. O resultado nas atividades práticas está diretamente relacionado àquilo que o aluno percebe e aprende durante o processo. No entanto os que vinham às aulas e participavam dos diálogos davam mais atenção ao processo, e fizeram trabalhos com mais qualidade isto é se esforçavam mais para entender o que estavam tentando produzir e interpretar. Isso já vem de práticas


anteriores nas quais o aluno muitas vezes não era incentivado a pensar e refletir sobre o seu próprio trabalho, faltando interesse, motivação e apreciação. Sem interesse e motivação muitas crianças que hoje são adolescentes e alunos refletem uma acomodação em relação ao fazer artístico que é difícil de ser remediado em pouco tempo. Sendo assim, é um desafio para o professor lidar com essas acomodações, que na maioria das vezes são negações ao fazer artístico, e ao reconhecimento da própria disciplina como área de conhecimento das ciências humanas. Nesta turma percebi desde o inicio que teria que lidar com diversas questões relacionadas a esses desvios vindos de um sistema de ensino de transmissão e reprodução de conhecimentos. No entanto, refletindo, não posso julgar os alunos quando eles demonstram não ter muita prática com materiais. Mas posso como educadora, incentivá-los (ainda que os resultados não sejam tão visíveis) a buscar outras referências, sendo que para isso é necessário ver, perceber e conhecer arte. Assim, além da sala de aula propor ao aluno visitar exposições, conhecer de perto uma obra de arte, fazer reconhecimento dos materiais utilizados. Isso porque em sala de aula muitas vezes não há espaço ou possibilidade de trabalhar com determinados materiais além do tempo limitadamente curto. No entanto foi dado espaço ao processo de experimentação. Por exemplo: Nesta turma, os grupos envolviam-se com os materiais de forma a comentar (no caso com tintas) sobre texturas, tonalidades, etc. Porém como ninguém levava para a aula os materiais requisitados, me obrigava a fazê-lo. Ainda em relação aos materiais, o imediatismo e a pressa de finalizar os trabalhos fez com que alguns alunos não se dessem ao tempo de pensar em um trabalho mais elaborado e significativo. Isto fez com que eu refletisse sobre a aula na sala de informática, a qual o aluno diz ter sido a aula mais interessante.


Penso que o computador pode ser uma ferramenta importante de auxílio para as aulas de Arte. Se tivesse que mudar ou acrescentar algo no projeto de ensino optaria por mais aulas usando o computador para desenvolver trabalhos de arte em mídia, com pesquisas de imagens. Segundo relato de um aluno na primeira aula “arte hoje é transgressão e não é interessante.”Isso me fez refletir por diversas aulas seguintes porque alguns alunos nesta turma entraram em sala de aula pensando que na disciplina de arte não há nada a ser feito, como se tudo na arte já havia sido feito e discutido. Inicialmente, usavam os mais diversos argumentos para não participarem das práticas. Isto fez com que eu refletisse por diversas vezes durante o andamento do projeto sobre o meu papel como professora de Artes. De como é preciso estar sempre buscando novos entendimentos de aprendizagem não só no que diz respeito à arte, mas em relação à educação em geral, isto principalmente através de pesquisa e de formação continuada. Para que este aluno perceba que transgredir também faz parte da busca de outras percepções da realidade propriamente dita sendo é necessário e fundamental usar da imaginação e a criatividade. Para tanto é preciso saber argumentar e o professor precisa estar preparado para buscar respostas. No início das atividades alguns alunos apresentaram forte resistência quanto ao aceitar outra forma de trabalho, isto é, de participar das práticas, dos diálogos, do exercício de refletir sobre o que estava sendo feito. Isto fez com que eu me convencesse a abrir espaço para discutir questões contemporâneas da arte e assim, despertar o interesse dos alunos nas aulas. No decorrer das aulas os alunos foram se tornando mais receptivos quanto às propostas de trabalho. Alguns curiosos e atenciosos, todavia, com muitas dúvidas a


respeito dos mais variados assuntos de Arte que às vezes era necessário chamar a atenção dos alunos para o que estava planejado para a aula. Percebi que o desinteresse inicial apontado pelos alunos nesta turma pela arte em geral tem várias fontes além dos pré conceitos. Mas talvez a pior delas partia da idéia que a maioria não consegue perceber o quanto a arte esta presente no dia a dia, seja através das imagens, propagandas, e afins; em exposições, museus, nas ruas entre esculturas, grafite e nas mais diferentes formas de manifestações culturais e artísticas móveis ou imóveis do nosso meio. Assim também na dificuldade do próprio aluno em perceber que hoje também se faz arte e na dificuldade de aceitar a arte contemporânea como arte. Todavia os diálogos e as reflexões propuseram a modificar os pareceres dos alunos no decorrer do projeto. Essa realidade, no andamento das aulas, foi se modificando a partir dos questionamentos que os alunos traziam para a discussão. A arte só transforma quando a partir dela o aluno se possibilita a refletir sobre o seu espaço, seja em sala de aula ou fora dela. A arte pode modificar a realidade bem como o espaço onde ela é inserida. Portanto, ela transforma quando o aluno toma conhecimento e ciência sobre a sua importância. Isso também na formação da identidade cultural na qual o aluno está inserido e no qual absorve as constantes modificações de suas identidades culturais, sociais. No entanto, durante as aulas, tanto teóricas quanto nas práticas este pensar se fez presença. A aula na sala de informática foi uma das aulas onde os alunos mais questionaram da importância de uma obra de arte como imagem. Isto parte do principio de que há imagem em tudo que nos rodeia e é de fundamental importância que o aluno entenda a imagem. Assim, descrevendo através de uma análise e não buscando apenas


interpretá-la, pois a imagem geralmente está associada á diversas idéias e muitas vezes até preconceituosas, que nem sempre está visível ao primeiro olhar. Aprender arte usando um meio de mídia despertou um enorme interesse por obras de arte e artistas. Já que na biblioteca do colégio havia poucos livros de arte e o computador é uma fonte de fácil acesso, podemos utilizar um grande número de imagens que é fundamental para despertar o interesse do aluno também para a pesquisa. A divergência quanto às relações de importância da arte na contemporaneidade durante as aulas realizadas foram motivos para que os alunos discutissem e refletissem sobre diversas questões quanto à própria disciplina de arte ao fazer artístico em relação à função da arte. Segundo o parecer de alguns alunos, toda disciplina tem uma função e está fortemente associada ao trabalho. Partindo dessa conclusão o aluno vai para escola em busca de um conhecimento que irá lhe fornecer os requisitos necessários para entrar no mercado de trabalho, sendo através de um diploma de conclusão, objetivo de vários alunos nesta turma. para tanto usei de leitura de imagens para dialogar sobre essas abordagens. A realidade foi se modificando no decorrer das aulas, e fez com que os alunos despertassem para diversas questões básicas sobre a arte contemporânea como o processo do fazer Arte. Refletindo sobre as questões apresentadas pelos alunos desde o início das atividades, algumas leituras de imagens tiveram o seu foco sobre a utilidade da arte como formação profissional, neste caso imagens de propagandas. Em todas as aulas teóricas foram feitas diversas leituras de imagens, com o intuito de chamar atenção dos alunos quanto à importância da compreensão sobre elas, afinal de contas elas estão por tudo e carregadas de significado e significações. Através da leitura de imagens também se faz possível a compreensão do que poderíamos chamar de períodos dentro da História da Arte. Para compreender o termo Identidade dentro dos


Períodos Gótico e Renascença foi dada maior ênfase ao artista dentro do pensamento cultural e artístico predominante naquela época, baseado nas leituras de textos e obras de arte deixadas pelos artistas daquele período, e que de uma forma ou de outra são fortemente simbólicas. Para entender uma imagem é preciso compreender seu significado através dos símbolos ou signos representados nas obras de arte dos períodos abordados, foi dada ênfase ao simbolismo como forma de entender também o termo identidade-símbolo, como relações do homem com o mundo. A questão do belo e do feio foi um dos assuntos por diversas vezes discutidos em aula, principalmente durante as primeiras práticas, isto porque na hora de desenvolver uma composição plástica os alunos apesar de entenderem a proposta sentiam uma enorme insegurança durante a prática. A dificuldade na hora de pensar a composição como um todo na prática do mosaico dando significação à forma e ao conteúdo fez com que na hora da prática com carimbos nas aulas quatro, cinco e seis fossem trabalhadas a desconstrução e construção da forma, usando símbolos que às vezes remetem à escrita (letra), outras ao desenho. A partir dessas práticas, os alunos se aventuraram em uma experiência nas quais, para eles, o processo adquiriu mais importância devido à falta de uma técnica definida e da prática com os materiais. A dificuldade dos alunos em se apropriarem das imagens foi significante durante o processo e resultado de alguns trabalhos. Alguns conseguiram desenvolver um trabalho significativo, isto é em termos de apropriação de ideias e a reflexão sobre esse trabalho, pelo próprio aluno, foi motivo para este, através do relato, auxiliar os colegas nos seus trabalhos. Esse exercício exigiu sensibilidade e atenção para a construção das formas e dando significância ao sentido do processo dentro de uma composição. As


relações que surgem a partir da percepção do aluno são diferentes devido à significância de um símbolo para cada aluno. Durante as práticas os alunos procuram semelhanças com figuras ou objetos, ou dar um sentido abstrato às imagens no caso figurativas. Alguns percebiam letras, outros símbolos. Nestes exercícios foram abordadas as relações entre letra, escrita, desenho e símbolos. Nas práticas das aulas sete e oito houve enorme dificuldade dos alunos quanto à interferência de uma fotografia dentro de outra imagem pronta com o intuito de modificá-la. O imediatismo na hora de construir uma composição plástica fez com que os alunos percebessem a imagem como algo completo sem se dar ao trabalho de pensar e criar algo mais elaborado. Alguns repetiram o exercício, outros questionaram o fato de que, se uma imagem fala por si só não é necessário acrescentar ou modificar algo. A proposta tinha como finalidade fazer o aluno repensar a imagem dando lhe outro sentido. Todavia foi com muita dificuldade que os alunos entenderam o fato de que as imagens adquirem sentidos para os observadores porque essas o definem de sentido completo, mas quanto às inúmeras possibilidades de dar outro sentido a ela só depende de um tempo para se dedicar a imaginar usando da criatividade e de se possibilitar a criar algo. Depois de várias reflexões sobre alguns trabalhos prontos, nas aulas seguintes, comentei com eles sobre a importância de começarem a observar todos os detalhes para fazer uma boa leitura de imagem seja ela uma propaganda, um cartaz, etc. Assim, na hora de criar ou inventar algo, seja através do desenho, da pintura, o que se faz em arte está relacionado àquilo que se vê e se percebe da arte e na realidade de cada um. Percebi que o desafio é uma forma de despertar o aluno para que este perceba que na nossa atualidade a imagem realmente fala mais que mil palavras.


Concluindo assim percebi que não basta exigir dos alunos bons resultados se estes não entenderem o processo e não manter argumentos para justificarem as suas práticas. A final de contas, não se faz trabalhos artísticos apenas por fazer e a grande maioria dos alunos desta turma não teve boas vivências em arte que justificassem boas práticas. Percebi que, apesar da boa vontade dos alunos eles dificilmente irão representar aquilo que não tem como referência. Isto também estava visível em alguns trabalhos nos quais o desenho tinha importância. Apesar dos alunos terem passado anos desenhando no ensino fundamental, na hora de desenhar, dificilmente algo não saía estereotipado e repetitivo. Os estereótipos estão relacionados com a falta da prática com certos materiais. Isso está visível nos trabalhos feitos em casa que foge do contexto abordado. Um dos motivos da pouca compreensão sobre a arte contemporânea está relacionado ao fato de que arte contemporânea é tema de aula projetado para o último ano do ensino médio nesta escola. Fica difícil exigir do aluno um trabalho mais elaborado. Alguns alunos tinham uma boa formação quando o assunto é teoria da arte. Outros, por necessidade, buscavam se informar. Isso fez com que alguns, por causa de suas dúvidas, fossem visitar pela primeira vez uma Bienal em Porto Alegre, que estava acontecendo no período em que ocorreu o estágio. Para tanto é uma satisfação para o professor que o aluno busque conhecer arte visitando exposições, bem como ver o retorno que se torna explicito nos diálogos e trabalhos artísticos desses alunos. Em suma, considero importante que o aluno traga para a sala de aula seus questionamentos que é um espaço também de discussão e não voltado apenas ao fazer artístico. Se a identidade do aluno está diretamente relacionada com aquilo que ele percebe da realidade, que vivencia e compartilha com outras pessoas, nada mais justo que este seja incentivado a falar sobre sua realidade. A buscar uma boa formação


também em arte seja dentro do espaço escolar ou fora dele. É de suma importância que o aluno tenha essa percepção, pois o interesse pela Arte também nasce da curiosidade de buscar a compreensão necessária para que ela abra espaço para o entendimento. Gostar ou não gostar depende muito mais da busca de entendimento e para tanto espaços como a Bienal são um convite. Enfim, apesar dos objetivos atingidos, o projeto foi prejudicado levando em conta a sua seqüência. Isso devido à frequência irregular dos alunos durante as aulas. Como seguiam uma ordem e os alunos faltavam muito e o período era curto, sempre havia revisão de conteúdos para que houvesse continuidade dos trabalhos, principalmente nas práticas. Ao finalizar esse projeto percebi que mais importante do que preparar os alunos através de boas aulas planejadas é prepará-los para despertarem para outros olhares em Arte. Perceber o quanto a Arte é significativa na formação da identidade, não enfatizando apenas o olhar descompromissado, mas, o refletir e compreender o que ela te propõe a descobrir. O resultado do projeto está diretamente relacionado ao envolvimento e a boa receptividade dos alunos, e por aquilo que ele entende por arte, isso, todavia foi de fundamental importância e gratificante no decorrer do processo para que se tornasse viável e conclusivo esse projeto de ensino.


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