Storyboard terra santa

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TERRA SANTA, TERRA MALDITA ROTEIRO DE CURTA-METRAGEM DE ANIMAÇÃO (FICÇÃO) – 08’

Imagens

Texto

01. DESENHO. - EXT. Câmera passeia pelos rostos de pessoas, todas com expressões contritas. Luz intensa.

02. DESENHO. - EXT. - DIA. Zoom out mostrando lentamente que a cena se passa em um cenário desolado de região de caatinga. Trata-se de um cortejo fúnebre. Dois homens carregam o defunto uma rede. BG: Litania, música de lamento.

03. DESENHO. - EXT. - REGIÃO DE CAATINGA. - DIA. Plano geral. Cortejo pára próximo a uma cova aberta. Coveiro está de pé, segurando uma velha pá. CAVALEIRO (OFF) Mais um pra essa terra amaldiçoada devorá a carne.


04. DESENHO. - EXT. - REGIÃO DE CAATINGA. - DIA. Corta para cena aérea. Vê-se corpo sendo baixado na cova. CAVALEIRO(OFF) Peste!

05. DESENHO. - EXT. - REGIÃO DE CAATINGA. - DIA. Primeiro plano. Vê-se uma velha pá jogando terra sobre o defunto. Ao seu entorno, as pernas das pessoas que estão no enterro. Barulho surdo de terra caindo em cima do corpo.

06. DESENHO. - EXT. - REGIÃO DE CAATINGA. - DIA. Primeiro plano, rostos das pessoas do cortejo de cabeça abaixada. Rezam. Por entre as cabeças vê-se um cavaleiro que passa à distância. Ele toca o cavalo que segue devagar.

CAVALEIRO (OFF) Cumpade Quirino num mintiu quando disse que nessa região tem coisa ruim que persegue a gente até muntá na cacunda.

CAVALEIRO (OFF) Tô mi sintindo como se tivesse carregando uma tora de pau em cima dos ombro. Tomara que cumpade Quirino tenha razão quando disse que a véia Culó pode me dá um remédio pra isso!


08. DESENHO. - EXT. - REGIÃO DE CAATINGA. - DIA. Plano médio. Cavaleiro toca com o estribo a barriga do cavalo. Este recomeça a andar e se afasta. 09. DESENHO. - EXT. - REGIÃO DE CAATINGA. - DIA. Fade out. Cavaleiro afasta-se. À medida que se afasta, vemos que no chão, cavado na terra seca, está escrito o título do filme: TERRA SANTA, TERRA MALDITA. 11. DESENHO. - EXT. - REGIÃO DE CAATINGA. – FINAL DE TARDE. Plano geral. Cavaleiro apeia o cavalo próximo a uma árvore, amarrando o cavalo no tronco. Mais à frente, um casebre de pau a pique coberto de palha, com vários troncos e caveiras de animais mortos sobre alguns troncos. CAVALEIRO (falando entredentes) Lá está a tapera da véia Culó! Quem sabe essa mardita possa me ajudar! 12. DESENHO. - EXT. - REGIÃO DE CAATINGA. – FINAL DE TARDE. Primeiro plano. Rés do chão. Vemos a figura decrépita da velha Culó, de costas a partir de suas pernas arqueadas e seu vestido esfarrapado. Câmera sobe e enquadra o cavaleiro a certa distância que caminha em sua direção, segurando uma espingarda apontada para a velha. CULÓ


Baixa a arma, homi... O demônio num gosta de sê afrontado! O que tu veio percurá? CAVALEIRO Assunto de tua sabedoria, muié! 13. DESENHO. - EXT. - REGIÃO DE CAATINGA. – FINAL DE TARDE. Cavaleiro já está perto da velha Culó, que masca um pedaço de fumo. Desvia a arma da direção da mulher. Encara Culó. CAVALEIRO Vim te percurá porque tô sentindo umas coisa muito ruim. Um peso na cacunda e a impressão de que tem alguém na minha tocaia, me perseguindo. CULÓ Hummmm... Deve de tá carregado. Com a alma encomendada pro demo. CAVALEIRO Tá doida mulher! O demo não é dono de mim... Conversa mais fora de hora! 14. DESENHO. - EXT. - REGIÃO DE CAATINGA. – FINAL DE TARDE. A velha Culó em primeiro plano. Masca mais um pouco e dá uma cusparada para o lado. CULÓ Tô vendo que tu num querdita nessas coisas. Mais divia pelo menos respeitá!O capirôto se apossou de tua alma e só tem um jeito de tu te livrá dele.

Corta para a cusparada que cai em cima de uma aranha caranguejeira. A aranha estrebucha, seca e depois morre. CULÓ Tu tem que ir no cemitério e retirar as tripas do defunto mais fresco que tiver por lá. Tu vai saber qual é pelo monte de terra batida. E vai ligêro por que a cada hora que passa, o demo vai tomando mais conta do teu corpo.


16. DESENHO. - EXT. - REGIÃO DE CAATINGA. – FINAL DE TARDE. Plano geral. Vê-se a cabana e o cenário deserto ao redor. A velha Culó, pequena e arqueada faz contraste com o Jagunço grande e vestido com grossas roupas de couro. No chão a aranha encolhida. CAVALEIRO Num quero nem saber dessa história do capiroto ficar com minha alma! Eu num fiz nenhum trato com o coisa ruim, num vendi nem nada! CAVALEIRO Mas eu prefiro num arriscá. Se é prá trazer as tripas, eu vou fazê isso agora!

17. DESENHO. - INT. – CASA DE CULÓ. Fade out. Câmera abre do rosto de Culó para o cenário. Vê-se um salão com vários símbolos místicos de adoração ao demônio; um uma mesa com vários vidros e um caldeirão sobre um fogão à lenha. No meio disso tudo vê-se a figura da velha Culó admirando uma figura demoníaca no altar. CULÓ Huurrumm... Cusp... Eh! Eh! Agora é só esperar. Eh! Eh! Eh! (sorriso demoníaco) 18. DESENHO. - EXT. - CEMITÉRIO. - NOITE. Vêem-se covas, cruzes e árvores retorcidas. Passando por entre eles, o cavaleiro segue puxando seu cavalo, procurando a cova certa.



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