Catálogo da Exposição de Artes Visuais Artistas do Cerrado - 2021

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EXPOSIÇÃO DE ARTES VISUAIS

Artistas

do

Cerrado



EXPOSIÇÃO DE ARTES VISUAIS

chapada dos guimarães, MT 2021


artistas:

Alena Maggi • Anderson Moura • Angela Godinho Dani Tamara • Fabrícia Campello • Henrique Santian Keila silveira • Lucileicka David • Mário Friedlander • Rai Reis Renato Campello • Ruth Albernaz • Sandra Vissotto CuradorIa:

Assistente de Montagem:

ruth albernaz

Plínio Suzuki

Arte-educação:

Monitoria:

Micheli Sierra

Clara Sierra

PRODUÇÃO CULTURAL:

Design Gráfico/Webmaster:

ROSELI CARNAÍBA

Juarez Carnaíba

Produção de Vídeo:

Gestão de Mídias Sociais:

Henrique Santian

Paula Biul

Montagem:

Assessoria de Imprensa:

Rodrigo Leite

Alessandra Barbosa


A Exposição Coletiva Artistas do Cerrado é um projeto da produtora cultural Roseli Carnaíba, moradora e proprietária do espaço cultural Casa di Rose, com atividades em Chapada dos Guimarães desde 2015. Esta proposta foi contemplada pelo edital Mostras e Festivais da Lei Aldir Blanc em Mato Grosso - 2020.



SUMÁRIO Há Um Silêncio Sobre O Cerrado? 7 Alena Maggi 24 Anderson Moura 28 Angela Godinho 36 Dani Tamara 42 Fabrícia Campello 46 Henrique Santian 50 Keila Silveira 58 Lucileicka David 62 Mário Friedlander 68 Micheli Sierra 72 Rai Reis 76 Renato Campello 80 Ruth Albernaz 84 Sandra Vissotto 88



Há Um Silêncio Sobre O Cerrado? “NEM TUDO QUE É TORTO É ERRADO. VEJA AS PERNAS DO GARRINCHA E AS ÁRVORES DO CERRADO.” (NICOLAS BEHR)

POR RUTH ALBERNAZ *

O

Cerrado é o segundo maior bioma do Brasil, corresponde a 25% do seu território, na região central. Paisagem natural que se estende por 13 estados e se conecta com a Mata Atlântica, Amazônia, Caatinga e o Pantanal. É berço de pequenas águas e das nascentes dos grandes rios que formam as principais bacias hidrográficas brasileiras. Tem uma rica diversidade de unidades de paisagem como a vereda, mata de galeria, campo limpo, palmeirais, capão, campos rupestres e Cerradão.


Possui a maior concentração de plantas medicinais por metro quadrado e rica diversidade animal com destaque para a riqueza de espécies de aves. No entanto, numerosas espécies de plantas e animais estão ameaçadas ou correm risco de extinção. Estima-se que 20% das espécies nativas e endêmicas não são protegidas por nenhuma das áreas protegidas legais e pelo menos 339 espécies de animais que ocorrem no Cerrado estão ameaçadas de extinção (CEPF, 2017 p.33). O Cerrado é também uma paisagem cultural com centenas de comunidades tradicionais e locais. Atualmente, no bioma habitam povos indígenas, quilombolas, geraizeiros, ribeirinhos, retireiros do Araguaia, morroquianos, quebradeiras de côco e milhares de cidades. Em Mato Grosso, o maior continuum de Cerrado conservado encontra-se dentro do Parque Indígena do Xingu, paisagem manejada há milhares de anos, que após a diáspora imposta pelo Estado brasileiro (1961) é ocupado por 15 etnias. Há um silêncio sobre o Cerrado brasileiro, assim o professor e pesquisador Carlos Eduardo Mazzetto começa seu livro “O Cerrado em Disputa”. Há muitos silêncios por parte das instituições governamentais nas diversas escalas e também por parte da sociedade que permite os massacres, principalmente da biodiversidade do Cerrado. Depois do bioma Mata Atlântica, é o mais ameaçado de extinção. É necessário o conhecimento, a


pesquisa, a arte e a manutenção das culturas do Cerrado para que esse patrimônio sócio-biodiverso não seja extinto. É urgente políticas públicas para conservação do que ainda existe e está sob ameaça. Nesse cenário bastante controverso, centenas de artistas do Cerrado vivem em paisagens dominadas pelo setor do agronegócio com produção de commodities e contaminadas com o uso de agrotóxicos. Sabemos que os impactos são assustadores e incalculáveis, principalmente na saúde humana, contaminação da água, do solo e do ar. Com a expansão dessa atividade econômica, surgem os conflitos socioambientais caracterizados pela desocupação humana em função da produção e dos interesses econômicos de pequenos grupos de empresários do setor. Essas mudanças ambientais e, consequentemente, no nosso modo de viver, de ver e sentir a vida frente a esse processo desenfreado de des-envolvimento e ocupação dos territórios ocasionam grande vulnerabilidade cultural. Muitas perguntas permeiam o imaginário dos artistas do Cerrado que procuram resistir e re-existir pelas suas artes difundindo as riquezas do bioma ou os seus dilemas. É importante destacar o que Daniel Pellegrim, artista-pesquisador que viveu em Chapada dos Guimarães, reflete a respeito do giro decolonial dos artistas de Mato Grosso:


[...] Muitos artistas e trabalhos artísticos, resistindo e existindo do modo que conseguem, parecem – assim como a vegetação do Cerrado, com suas árvores de cascas grossas, que têm a capacidade de se queimar inteiras e ainda assim continuarem vivas e ressurgirem com suas flores – ter desenvolvido força e formas para assumir as fronteiras que os constituem, tornando-se aptos a buscarem caminhos diferenciados de legitimação e autonomização que necessariamente não precisam estar no “trajeto único” das artes visuais, que se impõe sobre os artistas em termos globais (PELLEGRIM SANCHEZ, 2015 p.84).

É de fundamental importância trazer marcadores do tempo da arte com a temática do Cerrado em Mato Grosso. Há muitas décadas, artistas trazem como narrativa principal a paisagem do bioma ou elementos de sua biodiversidade, com destaque para os pintores: Benedito Nunes com suas emblemáticas Lixeiras (Curatella americana), as paisagens do chapadense Márcio Aurélio, a ictiofauna de Jonas Barros, cotidianos da vida rural de Nilson Pimenta, a diversidade de paisagens de Miguel Penha, a Chapada de Renato Campello e os poemas visuais de Ruth Albernaz, bem como, o acervo histórico de imagens do fotógrafo Mario Friedlander. Em 2014 aconteceu a exposição coletiva Fecundo Cerrado no Museu Morro da Caixa D’água Velha em Cuiabá-MT, realizada pelos artistas Benedito Nunes, Carlos Lopes, Guadá Senatore, Rosylene Pinto e Ruth Albernaz.


O fotógrafo Tchélo Figueiredo realizou, em 2016, duas exibições da exposição Cinco Elementos do Cerrado, a qual foi cancelada no primeiro espaço expositivo por sofrer censura. No mesmo ano, as artistas Imara Quadros e Ruth Albernaz apresentaram a instalação Aqui jaz o Cerrado, no Museu de Arte e de Cultura Popular - MACP/UFMT no contexto da exposição coletiva Intersecções da Arte em Território Interdisciplinar com curadoria de José Serafim Bertoloto. Em 2020, os artistas Caio Ribeiro e Henrique Santian apresentaram a exposição virtual Atenção Há Tensão que pode ser visitada ao acessar https://atencaoexpo.wixsite.com . As artistas Rosylene Pinto e Ruth Albernaz participam da galeria virtual do Museu do Cerrado, projeto da Universidade de Brasília disponível em museucerrado.com.br .

Um Sobrevoo sobre a Arte de Chapada dos Guimarães Para conhecer a arte de Chapada dos Guimarães é necessário perceber em escala temporal ampliada, refletir sobre os conceitos de arte e decolonizar o olhar. A região abriga dezenas de sítios arqueológicos com artes rupestres (pinturas ou inscrições) indicação de ocupação por humanos há mais de 10 mil anos. A região foi ocupada por povos indígenas e quilombos que potencializaram a cultura local.


Pensando a arquitetura como uma linguagem da arte, há um marco histórico importante em Chapada dos Guimarães, de acordo com o IPHAN.

O primeiro bem tombado em Mato Grosso foi a Igreja de Santana do Sacramento, na Chapada dos Guimarães, em 1957. Localizada ao norte de Cuiabá, a cidade foi fundada como aldeamento jesuítico em 1751, mas a igreja só foi construída, em taipa de pilão, depois da expulsão dos padres, em 1779.

Na década de 1980, chegou um grupo de ambientalistas em Chapada e alguns desenvolveram atividades artísticas, com destaque para a artista Andrea Antonon com a série de pinturas intitulada “Entre Nuvens e Montanhas” e os trabalhos em papel artesanal pintados com pigmentos naturais, como óxido de ferro, que pesquisava na região. Com essa temática, a artista fez sua primeira exposição individual no Museu de Arte e de Cultura Popular com curadoria de Aline Figueiredo em 1988. Atualmente a artista vive e trabalha no Rio de Janeiro ( www.andreaantonon.com ). Nesse período, a ecologista-artista Eliana Martinez cria séries de colagens de elementos da biodiversidade do Jamacá (para os chapadenses anciões João Macá) sobre papéis artesanais. Em 1984, o pintor naturalista Miguel Penha muda-se para Chapada, onde vive até os tempos atuais. Sua pintura sai do surrealismo e se aprofunda nas paisagens ligadas à sua memória de infância e ancestralidade indígena.


Na mesma temporalidade a jornalista e aquarelista Maria Liete Silva (Lika) produzia papéis com fibras da Chapada, os quais serviam de suportes para as famosas colagens de Bené Fonteles, que viveu por um período no Jamacá (bairro semi-rural de Chapada). Contemporaneamente, Margot Gaebler (Meg) realiza experimentos com fibras nativas da Chapada, em especial com fibras de lírios do brejo nativos do Jamacá De Baixo (Cachoeira do Índio). Ainda nos anos 80, a artista Ruth Albernaz aprende a artesania do papel reciclado/fibras naturais no I Festival de Inverno de Chapada com a papeleira goiana Mirian Pires, a qual desenvolve grande produção em papel entre os anos de 1999 a 2005. Na década de 1990, o pintor e gravurista Noam Salzstein, que havia frequentado o ateliê do museu Lasar Segall em São Paulo, chegava com sua arte em Chapada dos Guimarães, cria uma grande série de xilogravuras com paisagens do Cerrado e cenas do cotidiano. Pintavaa em óleo sobre tela e identificava suas obras como arte naif. Poderemos considerá-lo o primeiro xilogravurista de Mato Grosso? Outros artistas iniciaram suas experimentações e estudos ainda nos anos 90, como as pintoras: Suely Reindel, Keila Albernaz Silveira, Glória Albernaz, Eliana Muxfeldt e Márcia Castrillon; esculturas em Cerâmica de Maria de Lurdes Torres (Lurdinha); colagens de elementos do Cerrado sobre espelho/moldura de Buriti de Rogério Lenzi.


Em 1993, o Instituto de Ecologia e Populações Tradicionais do Pantanal - ECOPANTANAL realizou a campanha “Chapada Sem Queimadas”, coordenada por Ruth Albernaz, Clóvis Matos e Epaminondas Carvalho, tendo como parte da programação a ação de intervenção urbana com painéis de grandes dimensões que foram alocados na Praça Dom Wunibaldo. Os artistas participantes foram: Aleixo Cortez, Gervane de Paula, Jonas Barros e Nilson Pimenta. Em 1998, a família de artistas composta por Renato Campello, sua companheira Angela Godinho e a filha Fabrícia Campello abrem o ateliê/galeria Coração da América no centro de Chapada dos Guimarães. Atualmente, a família de pintores se dedica à arte e se divide em temporadas no sítio na região da Cachoeira Rica e temporadas na casa/studio na cidade. Em 2003, a Prefeitura Municipal de Chapada dos Guimarães realizou a exposição coletiva com 09 artistas mulheres: Marcia Bobroff, Keila Albernaz, Suely Reindel, Ana Flávia Garcia, Lídia Paixão, Sonia Castrillo, Mariazinha Bezerra, Jakeline Alves e Stephania Batista. No mesmo ano, o artista e produtor cultural Daniel Pellegrim muda-se para Chapada e abre a Pellegrim Galeria de Arte, um espaço que movimentou a cena cultural da cidade, expondo obras de artistas como, Carlos Lopes e Roberto de Almeida.


A artista visual Regina Pena, de grande relevância para a cultura de Mato Grosso, viveu por alguns anos em Chapada dos Guimarães, no início dos anos 2000. Pintou muitas obras numa série com a paisagem do bairro Aldeia Velha, assemblages e desenvolveu oficinas com crianças do bairro. A cidade carece de espaços que possam contribuir com a formação de público apreciador, educação para arte e fomento à cultura. O espaço público de cultura denominado Sala da Memória encontra-se fechado e é administrado pela Associação Casa de Guimarães, possui uma exposição permanente com obras de artistas importantes na cena cultural do Estado. Em 2020/21, em Chapada dos Guimarães, pode-se encontrar diversos ateliês em atividade e acessíveis com agendamento: Miguel Penha, no bairro Aldeia Velha; no centro Eliana Muxfeldt, Marcia Bobrof e Ruth Albernaz; no Vale da Benção, o fotógrafo Henrique Santian; No Vale do Jamacá, os fotógrafos Mario Friedlander e Jeane Martins, os pintores Noam Salztein e Helenice; no bairro Bom Clima, a ceramista Lucileicka David; na Florada da Serra e região, Anderson Moura, Suely Reindel, Alena Maggi e Sandra Vissoto; no bairro Santa Elvira, Renato Campello, Angela Godinho e Fabrícia Campello; na região do centro geodésico da América do sul, o fotógrafo Izan Peterle.


Exposição Artistas do Cerrado - 2021 A Exposição Coletiva Artistas do Cerrado é um projeto da produtora cultural Roseli Carnaíba, moradora e proprietária do espaço cultural Casa di Rose, com atividades em Chapada dos Guimarães desde 2015. Esta proposta foi contemplada pelo edital Mostras e Festivais da Lei Aldir Blanc em Mato Grosso - 2020. A curadoria foi realizada pela artista-bióloga Ruth Albernaz, tendo como metodologia de trabalho visitas aos ateliês e escuta das narrativas atuais que cada artista convidado está se envolvendo em seus experimentos e fazeres artísticos. Os/as artistas convidados/as são: Alena Maggi, Anderson Moura, Angela Godinho, Dani Tamara, Fabrícia Campello, Henrique Santian, Lucileicka David, Mário Friedlander, Rai Reis, Renato Campello, Ruth Albernaz e Sandra Vissotto. A artista italiana Alena Maggi vive em regiões do Cerrado há mais de três décadas. Atualmente, tem seu ateliê em espaço com fragmento de Cerrado na borda da Chapada. É uma pintora muito delicada em seus traços, retrata o Cerrado em conexão com suas vivências no universo xamânico e a força do conhecimento ancestral. A imagem da “Flor da Vida” é recorrente em suas obras potencializadas por uma paleta de cores com predominância de verdes pastéis, lilases e tons iridescentes como, dourado e cobre.


Anderson Moura nasceu em Rondonópolis. É historiador, guia de turismo e artista. Traz como narrativa central a afrobrasilidade e elementos da cultura popular. Apresenta esculturas figurativas com personagens populares em movimentos de danças que remetem às festas tradicionais, com visualidades do siriri, cururu ou à cenas do cotidiano. Suas obras se destacam pela capacidade do artista de gerar movimentos de grande riqueza visual. Moura busca para suas obras o conceito de reutilização de papéis como proposta de produção de uma arte de baixo impacto ambiental. Angela Godinho é uma artista singular. É preciso visitar o conjunto de sua produção artística para melhor apreciar e compreender sua narrativa. Transita entre o abstracionismo e o figurativo; Traz grande intensidade de cores, oferece muitas possibilidades interpretativas e aponta vestígios de cenas do cotidiano, da presença humana indireta. Nos faz refletir sobre o instante e o efêmero, assim como, a captura das cenas cotidianas. Suas pinturas recebem colagens de elementos da biodiversidade local criando disparadores de imaginação. Utiliza-se de suportes a partir de reutilização, como papelão, sobras de tintas, retalhos de tecido, lonas e ferros. Participa com três obras, duas de grandes dimensões com as temáticas: fragmentos do Cerrado e cenas do cotidiano. Dani Tamara é arquiteta e artista visual, começou suas experi-


mentações artísticas em 2001, traz como temática principal mandalas em conexão com paisagens naturais. Suas obras valorizam a potência das cores, das formas abstratas e a presença de elementos figurativos quase dissolvidos. A artista Fabrícia Campello, nasceu em uma família de artistas e vive em Chapada dos Guimarães desde 1998. Trabalha com técnicas e suportes diversificados, aquarela, acrílica sobre tela, óleo e xilogravura. Participa da exposição com a obra que traz como narrativa as mulheres indígenas, intitulada As Graças. O fotógrafo Henrique Santian tem um rico trabalho pelo viés etnográfico. Tem uma pesquisa artística com a cultura Waurá desde 2012. Apresenta nesta exposição a série Terra em Transe composta por sete imagens captadas no contexto Waurá, povo indígena que habita o Alto Xingu no Território Indígena do Xingu - TIX. A ceramista Lucileicka David vive em Chapada dos Guimarães, tem um ateliê bem estruturado e trabalha com uma grande produção de peças utilitárias e esculturas em cerâmica. Nesta exposição participa com uma escultura figurativa com imagem de mulher afrodescendente, presença feminina dos quilombos de Chapada. Mário Friedlander, paulistano de ascendência alemã, chegou muito jovem à Chapada dos Guimarães, no início da década de 1980.


Desenvolveu inúmeros trabalhos na área ambiental, foi um dos fundadores da Associação para Recuperação de Ambientes - ARCA. Na exposição Artistas do Cerrado, o fotógrafo trouxe um conjunto de imagens de festas da região de Poconé. A arte-educadora Micheli Sierra é responsável por ações educativas no contexto da exposição com foco no patrimônio cultural de Chapada dos Guimarães. Participa com um vídeo de 4’30” que descreve seu processo de construção da escultura intitulada Troá. O fotógrafo cacerense Rai Reis apresenta nesta coletiva, duas fotografias: um lambe-lambe de grande dimensão com a temática indígena, premiado no 25º Salão Jovem Arte - MT e uma imagem de paisagem do Cerrado. A pintora Keila Silveira começou a estudar retratos e pinturas de paisagens no início da década de 1990. Vive na zona rural de Chapada dos Guimarães, onde elabora presépios e instalações de arte com elementos do Cerrado. Nesta exposição apresenta uma pequena instalação composta por um quadro de assemblage que dialoga com um arranjo de elementos da biodiversidade e uma obra de seu acervo em lápis grafite com imagem figurativa de um lobo-guará, espécie ameaçada de extinção. Renato Campello é um pintor da natureza. Dedica-se exclusiva-


mente à arte há mais de 40 anos. Vive em Chapada desde 1998 com Angela Godinho e sua filha Fabrícia Campello. Nesta mostra apresenta duas obras de paisagens com riqueza de detalhes e fino trabalho com as cores, uma obra traz a paisagem em dia de neblina. Ruth Albernaz vive em Chapada dos Guimarães desde os seis meses de idade e tem parte de sua ancestralidade em profunda conexão local. Participa com duas obras onde o Cerrado se encontra em momentos antagônicos, uma apresenta a paisagem queimada e a outra remete à sua memória de infância. Sandra Vissotto é uma artista múltipla que transita entre diversos suportes e temáticas. Formada em Artes Visuais no Rio de Janeiro, tem grande experiência no setor cultural. Na exposição apresenta um tríptico, lançando mão de pinturas e assemblages com imagens que buscam refletir sobre a conversão da paisagem do Cerrado em campos de monocultura. A exposição Artistas do Cerrado tem a intenção de abrir janelas da imaginação, propor novas formas de olhar para a arte e para o Bioma Cerrado e contribuir com a difusão da produção artística de Chapada dos Guimarães - MT. Não temos intenção de esgotar esse assunto, sonhamos com a continuidade da temática em outras edições e possíveis itinerâncias.


REFERÊNCIAS CITADAS OU CONSULTADAS CEPF, Critical Ecosystem Partnership Fund. Perfil do Ecossistema Hotspot de Biodiversidade do Cerrado. 506 p., 2017. Acesso em https://www. cepf.net/sites/default/files/cerrado-ecosystem-profile-pr-updated.pdf BIOGRAFIA, Revista. Daniel Pellegrim. http://sociedadedospoetasamigos.blogspot.com/2012/03/daniel-pellegrim-artista-visual.html http://www.chapadadosguimaraes.com.br/reoarque.htm IPHAN, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/mt/pagina/detalhes/594 Acessado em: 03 de fevereiro de 2021. MAZZETO SILVA, Carlos E. O Cerrado em disputa: apropriação global e resistências locais. Brasília: Confea, 2009. Museu do Cerrado. Disponível em: https://museucerrado.com.br/ arte/arte-visual/ Acessado em: 03 de fevereiro de 2021.

* Ruth Albernaz é Doutora em Biodiversidade, artista visual interdisciplinar, ilustradora e curadora independente de Arte.



Alena Maggi


The Gift 2020 Acrílica sobre tela 0,70 x 1,00 m


Compassion 2020 Acrílica sobre tela 0,95 x 0,76 m



Anderson Moura



Chica Benzedeira 2021 Papietagem 1,20 x 0,55 cm


Dança Da Primavera 2021 Papietagem 1,20 x 0,55 m


Salve-se 2021 Papietagem 1,20 x 0,55 m


Dança Do Verão 2020 Papietagem 1,20 x 0,55 m


Liberdade 2020 Papietagem 1,20 x 0,55 m



Angela Godinho



Cerrado Alado 2021 Mista sobre tela 0,90 x 1,90 m


Somente Flores 2020 Mista sobre papel 0,46 x 0,66 m


Jarros Para As Flores 2020 Mista sobre tela 0,40 x 2,20 m



Dani Tamara


Nada Será Mais Como Antes I 2020 Acrília + posca + spray 0,60 x 0,90 m


Nada Será Mais Como Antes II 2020 Acrília + posca + spray 1,50 x 1,50 m



Fabrícia Campello



As Graças 2021 Acrílica sobre tela 0,96 x 1,66 m



Henrique Santian



Mostra Terra em Transe Papel fotográfico com laminação fosca sobre painel de madeira sem vidro 0,75 x 0,50 m


Mostra Terra em Transe Papel fotográfico com laminação fosca sobre painel de madeira sem vidro 0,75 x 0,50 m


Mostra Terra em Transe Papel fotográfico com laminação fosca sobre painel de madeira sem vidro 0,75 x 0,50 m


Mostra Terra em Transe Papel fotográfico com laminação fosca sobre painel de madeira sem vidro Tríptico 0,96 x 0,30 m (cada)


Mostra Terra em Transe Papel fotográfico com laminação fosca sobre painel de madeira sem vidro 0,90 x 0,60 m



KEILA SILVEIRA


A Mulher Que Corre Com A Loba 1996 Grafite sobre papel canson 0,53 x 0,42 m


Cerrado Em Flor 2021 Instalação Tamanhos variados



Lucileika David



Negra Benga 2020 Cerâmica 0,32 x 0,22 x 0,50 m R$ 1.500,00


Meu Cerrado 2021 Cerâmica 0,42 x 0,42m


Cerrrado em Flor 2021 Cerâmica 0,42 x 0,42 m



Mário Friedlander


Festas Populares de Poconé Papel fotográfico sobre madeira 0,70 x 0,50 m


Festas Populares de Poconé Papel fotográfico sobre madeira 0,36 x 0,24 m



micheli sierra


A Lenda do Troá 2021 Vídeo Educativo 4’30”


Troá 2021 Técnica Mista 0,50 x 2,00 x 0,60 m



Rai Reis


Felicidade Líquida 2016 Lambe-lambe 2,20 x 1,40 m


Sem Título 2020 Fotografia sobre canvas 1,15 x 0,65 m



Renato Campello


Poesia de Quintais 2020 Acrílica sobre tela 0,79 x 0,90 m


Manhã com Neblina 2019 Acrílica sobre tela 0,60 x 0,80 m



Ruth Albernaz


No Meu Morrer Tem Uma Dor De Árvore (Manoel de Barros) 2021 Acrílica sobre tela 1,02 x 1,02 m


O Cerrado Onde Nasci 2021 Acrílica sobre tela 0,62 x 0,82 m



Sandra Vissotto


Agro é fofo 2021 Técnica mista 1,20 x 0,55 m

A Arara Que Virou Uma Almofada 2021 Técnica mista 1,20 x 0,55 cm

Curto Circuito De Águas 2021 Técnica mista 1,20 x 0,55 cm



REALIZAÇÃO:

realização:

apoio:

foto: rai reis


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