Edição 239 - Jornal das Lajes

Page 1

Jornal das Lajes

Antônio Orlampios dos Santos, mais conhecido por Chá Preto, é pedreiro de mão-cheia, mas também esportista e músico nas horas vagas. Este santiaguense de 56 anos adotou Resende Costa em 1980, onde começou a atuar como pedreiro. “Meu primeiro serviço foi para o senhor Oscar e a dona Inácia. Daí por diante, as portas foram se abrindo para várias construções.” Teve curta passagem por São Paulo, onde construiu a casa de Giovani, da dupla Gian e Giovani, no bairro nobre de Alphaville. Já jogou em vários times de Resende Costa e, atualmente, dedica-se à escolinha de base do Expedicionários. Na música, envolveu-se com Folia de Reis, Coral da Paróquia e criou a banda que leva o seu nome.

PÁG 05

Educação e Tecnologia

Equipe de Robótica da Escola Estadual Afonso Pena Junior, de São Tiago (MG), prepara-se para novos desafios em 2023, retomando o ritmo intenso anterior à pandemia. O projeto, criado em 2010, vem revelando jovens talentos na área das Ciências da Computação e outras afins. Leia editorial na página 2 sobre o papel transformador da educação.

PÁG 10

Encontro da Mulher Rural e Concurso de Pratos Típicos valorizam a

cultura gastronômica de Resende Costa

O encontro reuniu mulheres ligadas ao meio rural do município de Resende Costa

Os eventos, que chegaram, respectivamente, à 3ª e 2º edições, aconteceram no último dia 12 de março na comunidade do Curralinho do Andrade, zona rural de Resende Costa. A realização ficou a cargo da

Secretaria de Agropecuária e Meio Ambiente, em parceria com a Emater, Arcosta e Clube dos Cavaleiros. “Buscamos valorizar a mulher rural e também levar conhecimentos a ela. Promovemos palestras e apro-

veitamos o evento para divulgar o trabalho de cada uma delas”, disse Alexssander Lourdes, secretário de Agropecuária e Meio Ambiente.

Lucas Paulo, prefeito em exercício, destaca o objetivo do evento: “Va-

lorizar a mulher do meio rural, conhecer culturas gastronômicas diferentes, o que pode ser uma porta de entrada para o turismo rural”.

PÁG 06

ANO XIX • MARÇO 2023 • Nº239 FUNDADO EM 2003 - RESENDE COSTA www.jornaldaslajes.com.br DISTRIBUIÇÃO GRATUITA
Foto: LucasDivulgação
Chá Preto: artista na construção civil, futebol e música

EDITORIAL

O papel transformador da educação

O filósofo e professor Tiago Adão Lara (1930-2019), natural de São Tiago, no Campo das Vertentes, em artigo intitulado “Educar?”, afirma que “tarefa primordial para a humanidade é a educação das novas gerações”. O professor nos instiga a pensar a educação como ferramenta de inserção cultural. “É preciso ensinar os jovens a viver segundo o estilo de vida do grupo a que pertencem”.

O papel da educação na sociedade pós-moderna torna-se ainda mais desafiador diante do enorme leque de inovações que se descortinam, principalmente levando em consideração as mudanças de paradigmas éticos e de costumes outrora enraizados na família, nas religiões e até mesmo nas escolas. Como os educadores devem preparar os jovens para a nova sociedade e para o amanhã? Quais caminhos a escola deve apontar para inserir o jovem no contexto cultural pós-moderno, marcado pelas novas tecnologias?

Nesta edição, o Jornal das Lajes mostra o papel transformador da educação. Em Resende Costa, uma escola localizada na zona rural completou 60 anos no último dia 12 de março. A Escola Municipal Paula Assis, situada no povoado do Ribeirão, vem sendo referência em qualidade de ensino no município e na região do Campo das Vertentes. A excelência dos professores que lá trabalham, somada ao investimento realizado pelo poder público nas últimas décadas, especialmente a partir dos anos 90, transformaram a escola. “Famílias que se construíram por alunos que se conheceram lá, amizades para uma vida inteira que se iniciaram nas salas de aula, conquistas...”, diz o texto publicado nesta edição em comemoração aos 60 anos da Paula Assis.

“Conquistas” define bem o que a escola Paula Assis vem colhendo em sua vitoriosa história. Alunos formados nas turmas da Paula Assis conquistaram e vêm conquistando espaços em importantes centros universitários do país, brilhando nas diversas áreas do saber. É a nossa escola preparando nossos jovens para o futuro.

Outro exemplo de conquista transformadora da educação é o “Projeto de Robótica Educacional: Café-com-Byte”, tema de reportagem desta edição, e que existe desde 2010 na Escola Estadual Afonso Pena Junior, de São Tiago (MG). A equipe de robótica da escola conquistou 33 medalhas até 2019, sendo 13 de ouro, 13 de prata e 7 de bronze. O resultado desse investimento? “A grande maioria dos alunos que participam da equipe de robótica é bem-sucedida na aprovação em cursos superiores da área (Ciências da Computação, TI etc.)”, diz a professora Antônia Beatriz de Oliveira Silva, atual coordenadora do projeto.

Voltando ao desafio proposto por Tiago Adão Lara de pensar a educação como ferramenta de inclusão do jovem na sociedade e em suas diversas e mais amplas manifestações culturais, é necessário hoje repensar a escola e sua metodologia. “Na escola talvez possam os educadores falar menos, dedicando-se mais atenta e cuidadosamente a criar dipositivos, que atuem com maior eficácia e elegância. Melhor ainda: dediquem-se a criar o grande dispositivo pedagógico que a escola é. Isso implica criar situações educativas nas quais agindo, operando, sendo protagonistas, os educandos tenham oportunidade de pensar, sentir, relacionar-se, imaginar, inventar soluções, organizações e simbolizações”, propõe o professor Tiago. Quando a escola estimula o pensar e exercita a criatividade dos educandos, revelam-se talentos como os jovens do projeto de robótica da E. E. Afonso Pena Junior, de São Tiago. Quando a família e as relações sociais e culturais são inseridas na comunidade escolar, alçando-se como prioridade e ferramenta pedagógica, vemos a educação cumprir seu papel de abrir caminhos, conforme exemplo da E. M. Paula Assis.

A Escola Paula Assis e a Escola Afonso Pena Junior, com metodologias próprias e distintas, convergem para o mesmo propósito de preparar seus educandos para os desafios de uma sociedade plural, exigente e em contínua mudança. Ensinam, sobretudo, aos educandos, como diz Tiago Adão Lara, a “saborear a vida, seus desafios e suas aberturas, pois viver é criar soluções de convivência. E isso não é tão fácil, mas é o que dá sabor à vida”.

Jornal das Lajes Ltda

Sócio administrador:

Antônio da Silva Ribeiro Neto

Editor-chefe:

André Eustáquio Melo de Oliveira

Editora assistente: Vanuza Resende

Editor regional: José Venâncio de Resende

Revisão: José Antônio Oliveira de Resende

Diretor de administração:

Eustáquio Peluzi Chaves

Conselho Editorial:

De um ponto de vista

JOÃO BOSCO DE CASTRO TEIXEIRA*

Cotidiano

Era uma criança nos meus felizes oito, nove anos. Comentava com um padrinho que o dia da semana que mais apreciava era o sábado. Ele me entendia e me disse: “Você nasceu em dia de sexta-feira com os pés no sábado”. Nasci mesmo numa sexta-feira, de Dores, na antevéspera do Domingo de Ramos. Gostei do que meu padrinho falou: “É isso mesmo”, reagi, “o sábado deixa a gente livre e até o que tenho para fazer no sábado é mais alegre e mais feliz.” E era quase que só divertimento: ausência de aula, futebol, empinar estrela, passear com papai pelas beiradas da cidade e convivência aumentada com os irmãos. Sábado era bom demais. Os sábados eram dias que não cabiam dentro do tempo.

Já crescido, adolescente, novamente uma conversa semelhante com um dos superiores do seminário em que me encontrava. Falávamos de nossas vidas diárias, desenvolvidas também nos feriados e nas numerosas festas que invadiam de entusiasmo e alegria o internato. Aqueles dias

Opinião

Vinícola Salton:

Redação: Rua Assis Resende, 95 Centro - Resende Costa, MG CEP 36.340-000 TEL(32)3354-1323

Editoração e Site: Rafael Alves

Tiragem: 2000 exemplares

Circulação: Resende Costa e São João del-Rei

Impressão:

Tel: (31) 2101-3544

André Eustáquio Melo de Oliveira, Emanuelle Resende Ribeiro, José Venâncio de Resende, Rosalvo Gonçalves Pinto, João Evangelista Magalhães e José Antônio Oliveira de Resende.

Os artigos assinados não refletem obrigatoriamente a opinião do jornal.

em que a gente “mal enxergava as pessoas, só supunha”. Lá pelas tantas, o superior, gente fina lá de Santo Antônio do Amparo, me disse: “Gosto mais é do dia a dia; do corriqueiro dos dias comuns em que a vida é sem percalços ou com os percalços comuns da vida”.

Aquilo me chamou a atenção. Cresci e pouco a pouco fui me convencendo de que somos seres do cotidiano. É no dia a dia que se estabelece a comunidade de vida. Comunidade de comunhão e não de dominação, comunidade de libertação e não de escravidão. Lembra-me tanto Guimarães Rosa: “Miguilim, Miguilim, vou ensinar o que agorinha eu sei, demais: é que a gente pode ficar sempre alegre, alegres mesmo com toda coisa ruim que acontece acontecendo... alegre nas profundezas”. E isso pertence ao cotidiano. É nele que lemos o mundo nos olhos do outro. Tudo aí se torna signo, sentido, poema. O dia diferenciado, a festa, pode empanar o essencial da vida. Essa é feita de simplicidade, sem

complicações ou com as naturais complicações da vida, vez que o homem não nasceu para morrer, mas para começar. Nasceu para viver sua vida como um poema, sempre nascendo e renascendo. No todo dia. No cotidiano.

O cotidiano não me cansa. A festa, às vezes, sim. O cotidiano me faz inúmeros desafios. A festa apenas os celebra. O cotidiano me tranquiliza. A festa me excita. O cotidiano me ensina que não é desonra ser vencido. A festa, às vezes, me leva a recusar-me a combater, iludido pelos festejos fugazes. Enfim, o cotidiano me lembra até que o amor não é um momento na vida, mas a revelação de seu sentido, pois cria exigências, provoca crises, mas traz o gosto de viver. Na festa, o prazer. No cotidiano, a vida.

O melhor da festa é esperar por ela. Isto é, o melhor é o cotidiano que gera a festa.

*Professor aposentado da UFSJ, membro da Academia de Letras de São João del-Rei.

do vinho canônico ao trabalho escravo, um contrassenso que escandaliza a Igreja Católica

MAURO LUIZ DO NASCIMENTO JÚNIOR*

A Vinícola Salton, uma das maiores produtoras de vinhos do Brasil, tem em seu portfólio o vinho canônico, utilizado nas celebrações religiosas. Porém, além de ser conhecida pela qualidade de seus produtos, a empresa também tem sido alvo de polêmicas. Recentemente, a Salton foi acusada de manter trabalhadores em situação análoga à escravidão em suas propriedades.

Além da questão trabalhista, a

acusação de que a Vinícola Salton mantinha trabalhadores em condições análogas à escravidão traz à tona um contrassenso: a produção do vinho canônico, utilizado em celebrações religiosas, por uma empresa que não garante condições dignas de trabalho a seus funcionários.

O contrassenso entre a produção do vinho canônico e a acusação de trabalho escravo na Vinícola Salton evidencia a necessidade de que empresas e instituições religiosas estejam alinhadas com os princípios éticos e morais que pregam. A

luta contra a escravidão e a defesa da dignidade humana devem ser valores inegociáveis em todas as esferas da sociedade. Para uma empresa que tem em sua história a produção de um vinho tão simbólico, é importante que seus valores estejam em consonância com a justiça social e a dignidade humana.

*Mestre em Filosofia pela UFJF e Membro da Academia de Letras de São João del-Rei (MG), Cadeira n° 13 – Patrono: Manuel Inácio da Silva Alvarenga.

PÁG. 2 • JORNAL DAS LAJES ANO XIX Nº 239 - MARÇO 2023 E X P E D I E N T E

CÂMARA DE RESENDE COSTA INFORMA

Lei cria campanha de combate ao abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes

De autoria dos vereadores Cláudio e Lucas, o Projeto de Lei nº 001/2023 tem o objetivo de criar a campanha institucional de combate ao abuso e à exploração sexual de crianças e adolescentes em todos os setores do Poder Público Municipal de Resende Costa.

De acordo com o projeto, o município deverá realizar encon-

tros, debates e palestras com profissionais e sociedade civil em geral a fim de elucidar ações que visam a conscientizar a sociedade quanto ao enfrentamento do abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes, principalmente no mês de maio.

Com o objetivo de mobilizar a sociedade brasileira e convocá-la

para o engajamento contra a violação dos direitos sexuais de crianças e adolescentes, 18 de maio foi estabelecido como o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. Aprovado por unanimidade, o projeto resultou na Lei Municipal nº 5.061/2023.

Projeto de lei cria programa de reforma habitacional no município

De autoria do Executivo, o Projeto de Lei nº 005/2023 tem o objetivo de criar o programa de reforma habitacional, visando ao desenvolvimento municipal, por meio da promoção do acesso à moradia digna, com melhorias nas condições de habitabilidade, bem como na saúde, na preservação

ambiental e na qualificação dos espaços urbanos.

O referido programa se propõe a trazer benefícios à população no que tange à reforma de moradias das famílias que residam em casas precárias, com alvenaria e sem revestimento e com riscos de desabamento e de qualidade insa-

lubre. Estão previstas reformas nos lares de usuários que já possuem residência própria, mas não conseguem, por razões de cunho financeiro, fazer os reparos necessários em suas casas.

Aprovado por unanimidade, o projeto resultou na Lei Municipal nº 5.063/2023.

Câmara Municipal aprova repasse de recurso à ARCOSTA

O Executivo Municipal apresentou o Projeto de Lei nº 007/2023, que visa promover repasse de recursos financeiros na ordem de R$185.600,00 para a Associação dos Pequenos Produtores e Trabalhadores Rurais de Resende Costa – ARCOSTA. O PL foi apro-

vado por unanimidade e resultou na Lei Municipal nº 5.065/2023.

O objetivo do projeto de lei é o incentivo à correção do solo, com apoio da EMATER-MG, além de realizar compras conjuntas de calcário e fertilizantes a fim de se obter menores custos de produção. Bus-

ca, ainda, valorizar e apoiar eventos no município, tais como: desfiles de carros de boi, torneios leiteiros e Encontro da Mulher Rural. Tais ações valorizarão o produtor rural, fortalecendo a associação e promovendo o desenvolvimento do comércio local.

Projeto de lei cria educação bilíngue no Ensino Infantil

De autoria do Executivo, através da Secretaria Municipal de Educação, Esporte e Lazer, o Projeto de Lei nº 009/2023 tem o objetivo de implantar o ensino bilingue na Educação Infantil. A inclusão no Plano Plurianual

será no valor de R$180.000,00 por ano, para implantar o programa bilingue no Ensino Infantil. Aprovado por unanimidade, o projeto resultou na Lei Municipal nº 5.067/2023.

Projeto de lei institui a obrigatoriedade de divulgação dos Conselhos Municipais no site da Prefeitura

O vereador Fernando Chaves apresentou o Projeto de Lei nº 011/2023, que institui a obrigatoriedade de divulgação, na página da internet da Prefeitura Municipal, das informações dos Conselhos Municipais. Nesses conselhos, a sociedade civil pode participar na implementação de políticas públi-

cas, questionar seu funcionamento e propor alterações e melhorias.

A Câmara Municipal deverá disponibilizar em seu site oficial um ícone denominado “Conselhos Municipais”, redirecionando os usuários de sua página para o link da Prefeitura Municipal.

O objetivo é possibilitar maior

transparência a respeito do trabalho dos Conselhos Municipais, facilitando-se, assim, o acompanhamento e a participação dos cidadãos.

Aprovado por unanimidade, o projeto resultou na Lei Municipal nº 5.071/2023.

Projeto de lei cria o programa social Bolsa Aprendizagem Profissional

De autoria do Executivo, o Projeto de Lei nº 015/2023 tem o objetivo de doar 100 (cem) bolsas de estudo para jovens ou adultos oriundos de famílias carentes do Município que desejam ingressar

em curso de graduação EAD de Administração ou Pedagogia. Será concedido benefício financeiro mensal no limite de R$ 360,00 (trezentos e sessenta reais) por beneficiário, reajustáveis anualmente pelo

índice oficial de inflação, durante todo o curso.

Aprovado por unanimidade, o projeto resultou na Lei Municipal nº 5.082/2023.

Indicações, requerimentos e moções aprovados no mês de fevereiro

- Indicação 01/2023 - Possibilidade de o Executivo Municipal providenciar a instalação de caixas de som no Velório Municipal. Autor: Vereador Coló.

- Requerimento 01/2023Ofício à Polícia Civil de Resende Costa sobre a possibilidade de se realizar um mutirão para que a população faça e/ou renove a Carteira

INFORME

Câmara Municipal aprova repasse de recurso à Associação dos Estudantes Universitários de Resende Costa – AEURC

O Executivo Municipal apresentou o Projeto de Lei nº 023/2023, que visa promover repasse de recursos financeiros de R$ 158.004,00 para a Associação dos Estudantes Universitários de Resende Costa – AEURC.

O PL foi aprovado por unanimidade e resultou na Lei Municipal nº 5.086/2023.

O objetivo é o auxílio ao transporte escolar de Resende Costa a São João del-Rei, promovendo melhoria na qualidade de vida dos estudantes do município, bem como garantir o dever constitucional do município para com a educação dos munícipes.

de Identidade. Autor: Vereador Lucas.

- Requerimento 02/2023Possibilidade de contratação de empresa especializada na prestação de serviços de Assessoria de Comunicação para o ano de 2023 e da transmissão ao vivo das reuniões ordinárias da Câmara Municipal pela Internet. Autores: Vereadores

Fernando Chaves, Guerra e Zé do Dico.

- Moção 01/2023 - Manifestação de repúdio aos atos antidemocráticos e terroristas do dia 8 de janeiro encaminhada ao Presidente da República, ao Presidente do Senado e ao Presidente da Câmara dos Deputados. Autores: Vereadores Guerra e Zé do Dico.

PROJETO DE LEI Nº 002/2023: ALTERA LEI MUNICIPAL QUE INSTITUI O AUXÍLIO ALIMENTAÇÃO EM PECÚNIA, NO ÂMBITO DO PODER EXECUTIVO MUNICIPAL.

PROJETO DE LEI Nº 003/2023: AUTORIZA ABERTURA DE CRÉDITO ESPECIAL PARA FORMALIZAÇÃO DE PARCERIA COM ENTIDADE PARA AÇÕES DE MANEJO, CUIDADOS E CONTROLE DE POPULAÇÃO DE ANIMAIS DE RUA.

PROJETO DE LEI Nº 004/2023: AUTORIZA SUPLEMENTAÇÃO DE DOTAÇÕES CONSTANTES DO ORÇAMENTO MUNICIPAL DA SECRETARIA DE SAÚDE.

PROJETO DE LEI Nº 006/2023: AUTORIZA ABERTURA DE CRÉDITO ESPECIAL PARA CUSTEIO DE EXTENSÃO DE JORNADA DE TRABALHO DA SERVIDORA PÚBLICA MUNICIPAL, OCUPANTE DO CARGO DE PSICÓLOGO DO CRAS.

PROJETO DE LEI Nº 008/2023: ALTERA NOMES DE RUAS NO BAIRRO TIJUCO.

PROJETO DE LEI Nº 010/2023: AUTORIZA ABERTURA DE CRÉDITO ESPECIAL PARA CUSTEIO DE TERMO ADITIVO PARA TROCA DE PASSAGENS ELEVADAS NA AVENIDA ALFREDO PENIDO.

PROJETO DE LEI Nº 012/2023: CONCEDE REAJUSTE ANUAL AOS SERVIDORES MUNICIPAIS QUE MENCIONA.

PROJETO DE LEI Nº 013/2023: CONCEDE REAJUSTE SOBRE O VENCIMENTO BÁSICO INICIAL DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE E AGENTES DE COMBATE ÀS ENDEMIAS.

PROJETO DE LEI Nº 014/2023: CONCEDE REAJUSTE SOBRE OS VENCIMENTOS BÁSICOS DOS SERVIDORES MUNICIPAIS ATIVOS, INATIVOS E PENSIONISTAS.

PROJETO DE LEI Nº 016/2023: CONCEDE REAJUSTE DE VENCIMENTOS DOS SERVIDORES PÚBLICOS DO LEGISLATIVO MUNICIPAL.

PROJETO DE LEI Nº 017/2023: AUTORIZA ABERTURA DE CRÉDITO ESPECIAL PARA AQUISIÇÃO DE UM VEÍCULO TIPO SEDAN PARA USO EXCLUSIVO DO GABINETE DO PREFEITO MUNICIPAL.

PROJETO DE LEI Nº 018/2023: AUTORIZA ABERTURA DE CRÉDITO ESPECIAL PARA AQUISIÇÃO DE UMA AMBULÂNCIA PARA O PROGRAMA DE TRATAMENTO FORA DO DOMICÍLIO –TFD.

PROJETO DE LEI Nº 019/2023: DISPÕE SOBRE A ATUALIZAÇÃO DO SUBSÍDIO DOS VEREADORES E PRESIDENTE DA CÂMARA DO MUNICÍPIO DE RESENDE COSTA.

PROJETO DE LEI Nº 020/2023: DISPÕE SOBRE ATUALIZAÇÃO DO SUBSÍDIO DO PREFEITO E DO VICE-PREFEITO.

PROJETO DE LEI Nº 021/2023: DISPÕE SOBRE ATUALIZAÇÃO DO SUBSÍDIO DOS SECRETÁRIOS MUNICIPAIS.

PROJETO DE LEI Nº 022/2023: AUTORIZA ABERTURA DE CRÉDITO ESPECIAL CUSTEIO DE TERMO ADITIVO PARA TROCA DE PASSAGENS ELEVADAS NA AVENIDA ALFREDO PENIDO.

PROJETO DE LEI Nº 024/2023: AUTORIZA REPASSE DE CONTRIBUIÇÃO ESPECIAL FACULTATIVA PARA ASSOCIAÇÃO DOS MUNICÍPIOS DA MICRORREGIÃO DO CAMPO DAS VERTENTES – AMVER.

PROJETO DE LEI Nº 025/2023: AUTORIZA PERMISSÃO DE USO DE ESPAÇO PÚBLICO, A TÍTULO PRECÁRIO E GRATUITO, DE ÁREA DO PARQUE DE EXPOSIÇÕES PREFEITO GILBERTO JOSÉ PINTO, PARA A ASSOCIAÇÃO DE PEQUENOS PRODUTORES E TRABALHADORES RURAIS DE RESENDE COSTA – ARCOSTA.

PROJETO DE LEI Nº 026/2023: ALTERA A LEI MUNICIPAL Nº

5.075/2023

JORNAL DAS LAJES • PÁG. 3 ANO XIX Nº 239 - MARÇO 2023
OUTROS PROJETOS DE LEI APROVADOS PELA CÂMARA MUNICIPAL EM 02/2023: PUBLICITÁRIO
PÁG. 4 • JORNAL DAS LAJES ANO XIX Nº 239 - MARÇO 2023
INFORMA INFORME PUBLICITÁRIO
GOVERNO MUNICIPAL

Chá Preto, pedreiro, futebolista, músico… e mais alguma coisa

JOSÉ VENÂNCIO DE RESENDE

Antônio Orlampios dos Santos, mais conhecido por Chá Preto, é pedreiro de mão-cheia, mas também esportista e músico nas horas vagas. Ainda novo, ele começou a trabalhar de servente do pai na fazenda do Jacu, Morro do Chapéu, e na redondeza, “o que me orgulha muito por ser o profissional que sou hoje”.

Este santiaguense, nascido em 1956 na fazenda do avô materno Antônio Sebastião Justino, estudou na escola do povoado do Jorge, em São Tiago, com a professora Marlene do Zé Barbinha. Aos 10 anos, Chá Preto mudou-se com a família para o Morro do Chapéu, continuando os estudos na fazenda São Miguel, município de Ritápolis, com a professora Regina. Ali passou uma infância feliz na companhia dos pais Osvaldo Francisco Santos, o Vandico, e Ilda Antônia, e dos 10 irmãos (sete rapazes e três meninas).

Em 1980, Chá Preto mudou-se para Resende Costa, onde começou a atuar como pedreiro. “Meu primeiro serviço foi para o senhor Oscar e a dona Inácia. Daí por diante, as portas foram se abrindo para várias construções.” Entre os seus clientes, ele cita, por exemplo, o Eli do depósito e o Elmo do Efraim (construção de casa e de sobrado), o Ésio do Zé Henrique (construção do prédio da autopeças), João Bosco da loja, Rubens da loja Róbia, Tiãozinho e Joãozinho da serraria (construção de prédios), Maria Moreira (do Tunico do Cartório), dona Mercês do Zé Alencar, os irmãos Dilson, Guinho e Lia Daher (construção de casas na cidade e em sítio).

Em São João del-Rei, Chá Preto construiu a garagem da empresa de ônibus São Vicente e a casa do resende-costense Geraldo Moreira, o Dinho do senhor Ananias (da Polícia Militar).

SÃO PAULO

Em 1995, Chá Preto tomou o rumo de São Paulo, onde morou por 14 anos em Osasco (área metropolitana) e trabalhou em várias regiões do estado. Em Alphaville 9, construiu a casa de Giovani, da dupla Gian e Giovani, além de casas em outros condomínios daquele bairro nobre, situado nos municípios de Barueri e Santana de Parnaíba. Para isso, Chá Preto liderou uma equipe nunca inferior a 10 profissionais (pedreiros e ajudantes), muitos deles resende-costenses. “Em todos os meus percursos, e ainda hoje, mui-

Vale a pena celebrar a Semana Santa?

Refletindo sobre a prática do catolicismo no cotidiano

tos profissionais iniciaram-se comigo. Dei e dou oportunidades para o iniciante.”

De volta a Resende Costa, em 2009, Chá Preto continuou a arregimentar profissionais e a montar equipes para dar conta do aumento da demanda (novas construções e reformas). A primeira obra foi a reforma da casa do William do Guil. Entre outras obras, ele destaca a construção de uma casa de adobe no povoado do Ramos, muros de pedra seca e casas de pau-a-pique, assim como uma grande reforma na fazenda das Éguas. Na lista a perder de vista, ainda constam a reforma do sobrado de José Augusto de Melo (atualmente, do João Bosco da loja), o restauro do sobrado de Nelson do Joaquim Batista e a construção de várias casas no bairro Nova Resende. Na zona rural, além da reforma da fazenda das Éguas, Chá Preto construiu a capela da Micaela e várias casas. Atualmente, está erguendo um prédio (cinco andares) na cidade para o José Antônio do Irapê Alumínios e Enxovais. “Tenho muito orgulho de tudo isso”, resume Chá Preto.

Apesar da atividade intensa, Chá Preto arranjou tempo para trabalhar com perua escolar, transportando, com a ajuda da família, crianças do pré-escolar para o Centro Municipal de Educação Infantil Aquarela (CMEI), para a Escola Estadual Assis Resende e para a Escola Municipal Conjurados Resende Costa. Facilitou bastante o fato de ele ser muito conhecido na cidade desde que construiu a residência do casal Oscar e Inácia Moreira. O transporte escolar durou sete anos e cessou com a chegada da pandemia.

APELIDO

E, pra não dizer que só trabalha, Chá Preto faz incursões nos campos do esporte e da música. Já jogou futebol nos times do Boa Vista e do Parruca, em Resende Costa, e do Rio do Peixe, em São Tiago,

além de outros times na zona rural. Deve ter sido zagueiro de primeira, a julgar por suas credenciais. Tanto que foi convocado para a seleção do município. “Participei do jogo contra os juniores do Cruzeiro na inauguração do gramado do campo.” Já no Expedicionários, integrou a seleção resende-costense, no aniversário da cidade, contra os masters de Belo Horizonte, com Luizinho, Paulo Isidoro e outros nomes de peso. “Joguei muito com o Deizinho e o Newton do Antônio Machado.”

Uma curiosidade: foi no jogo contra os juniores do Cruzeiro que ele ganhou o apelido de Chá Preto, por obra do então treinador Boanerges. “No começo, era muito engraçado, mas acabou por ficar até hoje.” Atualmente, ele faz parte da direção do Expedicionários e ajuda na coordenação da escolinha de base do time - que define como “meninos de ouro” - em conjunto com Paulo Ricardo.

Chá Preto cresceu vendo o pai participar de Congado e Folia de Reis, identificando-se principalmente com a tradição da Folia. “Por uma brincadeira, eu e meu pai convidamos dois amigos, Claudiney e Vanderlei, para tocarem em rezas e quermesses. Aí surgiu o nome da Banda Chá Preto.” Com o falecimento do pai, ele convidou o padeiro Luís Vieira para integrar a banda. Também passaram pela banda o Antenor Noel, conhecido por Tilu, e a cantora Carol Brasil, “uma grande voz”.

Com o tempo, a banda passou por mudanças e os atuais integrantes, além de Chá Preto, são: Lourenço, Nelci Moraes, Caney, Ângelo Márcio e Geraldo Marinho (de Ritápolis). “Continuamos a fazer vários eventos na cidade e em outras regiões, levando as raízes da música para aqueles que curtem a nossa alegria. Quem estiver interessado é só entrar em contato que agendaremos com prazer.”

A Semana Santa é uma das celebrações mais importantes do calendário católico. Ela representa um momento de reflexão, penitência e renovação espiritual para os fiéis em todo o mundo. No entanto, diante das várias semanas “profanas” ao longo do ano, questiona-se: o que realmente vale a pena celebrar na Semana Santa?

Os ritos e celebrações são importantes na prática católica, mas não podemos nos limitar a eles. Ser católico vai além de ir à missa aos domingos e em ocasiões especiais. É necessário viver o catolicismo em sua amplitude, ou seja, em todos os momentos da nossa vida.

O Protocolo do Cristão - Mateus 25, como descrito pelo Papa Francisco, nos convida a aplicar as lições do Evangelho no cotidiano de nossas vidas. Mateus 25, por exemplo, nos ensina sobre a importância da solidariedade e do amor ao próximo. Também nos

lembra que não podemos ser somente católicos de fachada, mas sim viver nossas crenças e valores em todas as esferas da nossa vida.

Portanto, a Semana Santa deve ser celebrada com a consciência de que não é um momento isolado, mas sim uma oportunidade para renovar nosso compromisso com a fé e com nossos irmãos. Devemos meditar sobre o significado desses dias santos e refletir sobre como podemos aplicar esses valores em nossa vida diária.

Celebrar a Semana Santa é uma forma de honrar e reafirmar nossa crença na ressurreição de Cristo, mas também é uma oportunidade para avaliarmos como estamos vivendo nossa vida como cristãos. Somente assim poderemos tornar nossa fé uma realidade presente em todas as áreas da nossa vida e não apenas em momentos específicos.

*Mestre em Filosofia –UFJF, membro da Academia de Letras de São João del-Rei.

Desde a época do Boa Vista, Chá Preto participa da Folia de Reis Nossa Senhora da Penha, com os foliões Heitor Pinto e Vanderlei Cardoso. E como bom católico, integra o Coral Sagrada Família, da Paróquia.

E não é que ainda sobra tempo para distrações, como jogar baralho e disputar torneios? “Há pouco tempo, fomos participar de um torneio no distrito de Jacarandira.” Além disso, para além da correria do cotidiano, Chá Preto dedica-se a caminhadas

com uma turma de jovens e idosos, não apenas dentro da cidade, como também para o povoado da Restinga e para os municípios de Ritápolis e Coronel Xavier Chaves.

Nada disso impede que Chá Preto considere a família “a razão do meu viver”. Ele é casado com Daria Helena Alves e tem cinco filhos: Patrícia (antes do casamento), Anderson, Alison, Aline e Carlos Daniel, bem como os netos Cecília e Bernardo.

JORNAL DAS LAJES • PÁG. 5 ANO XIX Nº 239 - MARÇO 2023
Chá Preto em frente à casa do Nelson do Joaquim Batista A partir da esquerda, Kanei, Cha Preto, Geraldo Marinho e Nelci. Atrás, em pé, Ângelo Márcio e Lourenço.
DO NASCIMENTO JÚNIOR* PERFIL RELIGIÃO
MAURO LUIZ

3º Encontro da Mulher Rural e 2º Concurso de Pratos Típicos

Evento realizado na comunidade do Curralinho do Andrade resgata e divulga as tradições gastronômicas de Resende Costa

“Ao explorar a cultura alimentar dos resende-costenses, temos como referência uma crônica de Maria Lúcia Pinto Roman no livro “Um Olhar Sobre Resende Costa”, em que a autora descreve como era a gastronomia local na sua infância. Na obra, ganham ênfase o feijão refogado em gordura de porco, junto com a couve colhida na horta e o angu bem mexido de fubá de moinho d’água. Destacam-se ainda as quitandas feitas de leite e fubá, que acompanhavam o café, e as famosas festas de casamento, em que as cozinheiras se reuniam para prepararem fornadas de biscoitos durante toda semana para serem consumidos no dia do casamento.

Tradições como o abate de porcos eram frequentes nas famílias, que cozinhavam as carnes e as deixavam curtir na lata de gordura por meses. Nas Sextas-Feiras da Paixão, preparavam-se tachos de doces com o leite doado pelas famílias que possuíam criação de gado”.

As informações estão no “Livro de Receitas Tecendo Saberes e Sabores – com pratos típicos da culinária rural de Resende Costa”, lançado no dia último dia 12 de março, durante o 3º Encontro da Mulher Rural e o 2º Concurso de Pratos Típicos de Resende Costa. O livro ressalta as grandes produções, em sua grande maioria, feitas no fogão e forno a lenha. Um sabor que só aqueles que já experimentaram sabe o quão gostoso é cada produto feito ali na roça. Geralmente passando de geração em geração, em algumas vezes sendo adaptadas, as receitas carregam também um valor sentimental e afetivo muito grande.

Para preservar e até resgatar todas essas boas memórias,

a edição de 2023 do Encontro da Mulher e o Concurso de Pratos Típicos, evento organizado pela Secretaria de Agropecuária e Meio Ambiente, em parceria com a Emater, ARCOSTA e Clube dos cavaleiros, foi um sucesso. Em 2023, o evento aconteceu na sede da AMACA (Associação dos Moradores do Curralinho do Andrade), na comunidade do Curralinho do Andrade, zona rural do município de Resende Costa.

O secretário de Agropecuária e Meio Ambiente, Alexssander Pinto Lourdes, falou sobre o evento. “Por conhecer a força da mulher no campo, pensamos em algo que pudesse valorizá-la. Desta forma, criamos este evento para fortalecê-la ainda mais e aproveitamos para levar conhecimento a todas as mulheres através de palestras”.

A extensionista de Bem-Estar Social da Emater, Marina Moreira Rocha, destaca a importância de eventos no meio rural que valorizem a mulher. “Entendemos que as mulheres representam uma grande força na zona rural e, pensando nisso, optamos por realizar esse evento a fim de valorizá-las e promover o devido reconhecimento a elas”.

O local foi escolhido através de votação no Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural e Sustentável – CMDRS. Os participantes e presidentes de cada conselho votaram para o local do evento em 2023.O prefeito em exercício, Lucas Paulo, falou sobre o povoado que recebeu o encontro. “Foi muito importante a escolha do local. Ribeirão fez muito bem o papel de anfitrião no ano passado e o Andrade não fez diferente, uma comunidade que sempre foi muito unida. Portanto, levar esse evento para lá fortalece essa união”.

PROGRAMAÇÃO

Com uma programação diversificada, aproximadamente

100 mulheres participantes puderam desfrutar de palestras e oficinas que abordaram temas relevantes para o seu cotidiano. A primeira palestra foi ministrada por Cláudio Faccion, que falou sobre as hortaliças PANC (Plantas Alimentícias Não Convencionais), que são plantas comestíveis pouco conhecidas e que apresentam grande potencial nutricional.

Já a segunda palestra, ministrada por Christiane Cléria (enfermeira) e Marceliana Silva (enfermeira e coordenadora do PSF), abordou a saúde da mulher nas diversas fases da vida.

Lucas Paulo ressaltou a importância da programação extensa do evento. “Os intuitos são vários: valorizar a mulher do meio rural; conhecer gastronomias diferentes, o que pode ser uma porta de entrada para o turismo rural; fortalecimento das comunidades rurais, além de levar diversão e interação para as comunidades rurais”.

2º CONCURSO DE PRATOS TÍPICOS

Para além das palestras, o concurso de pratos típicos reuniu iguarias produzidas por aqueles que dominam a arte da cozinha. De acordo com as regras do concurso, para participar a mulher

precisava comprovar algum vínculo com o meio rural, como produtora rural, por exemplo. Marina Moreira explica: “As regras incluem vínculo com o meio rural, como ser agricultora familiar ou sócia da ARCOSTA (Associação de Pequenos Produtores e Trabalhadores Rurais de Resende Costa), residir em Resende Costa, preencher a ficha de inscrição e participar da capacitação em Boas Práticas de Fabricação de Alimentos e esclarecimentos sobre o regulamento do concurso. São três categorias julgadas (Pratos Salgados, Doces e Diversos). Cada categoria foi avaliada por três jurados”.

Cada prato foi avaliado em cinco quesitos e os vencedores foram:

Categoria Pratos Salgados:

1ª colocada: Adriana Aparecida dos Santos - Jiló Recheado

2ª colocada: Marli Sirlene Pio - Broto de Bambu

3ª Colocada: Edneia Flávia Coelho Gonçalves - Salpicão de Carne de Porco de Lata com Couve

Categoria Pratos Doces:

1ª Colocada: Josimaura Ga-

briela Aparecida Resende - Arroz Doce

2ª Colocada: Ana Claudia Pedro Brito Santos - Doce Surpresa de Jiló

3ª Colocada: Aparecida Ferreira Campos Maia - Pé-de-moleque da Vovó

Categoria Pratos Diversos:

1ª Colocada: Josiane Magali Resende Silva – Pamonha

2ª Colocada: Maria Alice de Lima Ferreira - Biscoito de Fubá de Canjica

3ª Colocada: Fernanda Mendes de Almeida - Broa de Fubá

LIVRO DE RECEITAS

O evento desse ano contou com o lançamento do livro “Tecendo Saberes e Sabores”, com receitas do concurso do ano anterior. O livro foi elaborado pela estagiária de nutrição Pávila Maria Resende Santos. Alexssander Lourdes comenta sobre a iniciativa de realização do evento. “Buscamos valorizar e levar conhecimento à Mulher Rural. Desse modo, levamos palestras e aproveitamos o evento para divulgar o trabalho de cada uma, como o livro de culinária que criamos. Reunimos no livro todas as receitas presentes no último evento”. O secretário aproveita para agradecer aos envolvidos na organização do evento. “Agradecer a parceria de sempre entre a Secretaria de Agropecuária e Meio Ambiente, Emater, ARCOSTA e Clube dos Cavaleiros. Isso fortalece cada vez mais as ações, o que facilita e nos motiva ainda mais a criar ações e projetos e, de alguma forma, poder ajudar a família rural. Aproveito para agradecer o apoio da Prefeitura Municipal e do Sicoob, que são fundamentais para que tudo aconteça. E, claro, agradecer aos vários comércios locais que disponibilizaram brindes para serem sorteados entre as mulheres presentes”.

PÁG. 6 • JORNAL DAS LAJES ANO XIX Nº 239 - MARÇO 2023
Fotos: Cássio Almeida
VANUZA RESENDE
A tradicional broa de fubá de milho
Especial
Receita típica da culinária mineira elaborada para o Concurso

Mirante Eventos realiza Ressaca de Carnaval

O evento marcou a despedida das folias de Carnaval e contou com grande público de Resende Costa e região

No dia 11 de março, aconteceu, na Mirante Eventos, a festa “Ressaca de Carnaval”, com presença de grande público de Resende Costa e cidades da região das Vertentes. O evento contou com diversas atrações, com destaque para a banda Batukelê, DJ Jota V e DJ Rods.

O proprietário da Mirante

Eventos, Paulo Guilherme, o PG, falou ao Aconteceu sobre a festa. “O evento Ressaca de Carnaval teve por objetivo despedir-se da tão marcante época das folias, reunindo um repertório de músicas carnavalescas antigas e atuais. Foi um projeto que logo de cara ganhou bastante aceitação do público e, mesmo com a

chuva, teve uma quantidade expressiva de foliões. Marcaram presença no evento várias cidades, tendo por maioria os resende-costenses, seguidos por um público expressivo de São João del-Rei, Lagoa Dourada, Prados e Coronel Xavier Chaves”. PG destacou os pontos positivos e negativos do evento, já pla-

nejando a próxima festa que acontecerá em abril. “Ao final de cada evento, enumeramos pontos positivos e negativos a fim de melhorarmos ainda mais a experiência do público. Um fator que foi bastante elogiado na festa e que nos deixou muito realizados foi a otimização das filas, consequente do aumento

no número de barmans e caixas. No entanto, há também um ponto negativo, relacionado à quantidade de banheiros. Foi sugerido a nós a locação de mais banheiros químicos para não sobrecarregar. Essa otimização já estará no próximo evento, no Buteco da Mirante, que acontecerá no dia 8 de abril.”

Empresa JL ganha novo site: Rede de Cidades Resendenses

Às vésperas de completar 20 anos, a empresa Jornal das Lajes Ltda ganha mais um produto que se vem juntar ao jornal. Trata-se do site “Rede de Cidades Resendenses (RCR)”, que reúne oito municípios. São eles: Resende e a freguesia de Carregal do Sal (Portugal continental); Ilha de Santa Maria (arquipélago dos Açores); Prados, Lagoa Dourada, Resende Costa e Nova Resende (Minas Gerais, Brasil) e Cidade de Praia (capital do Cabo Verde).

Em breve, será lançada uma campanha nas redes sociais para divulgar o site RCR, dividida em duas etapas: na primeira, haverá uma divulgação geral do site

(conteúdo) e, na segunda, a ênfase será dada para cada cidade. O objetivo é tornar o site mais conhecido e assim buscar atingir o seu propósito que é o de “Promover a integração cultural entre cidades resendenses de Portugal, Brasil e Cabo Verde”.

As cidades que compõem o RCR são as mesmas do livro “Cidades e Resendes – Uma viagem por Portugal continental, Arquipélago dos Açores, Minas Gerais e Cabo Verde” (editora Chiado Books) do jornalista José Venâncio de Resende. O plano é, numa segunda fase, incluir novas cidades, revela José Venâncio de Resende, coordenador do site.

ESTRUTURA

O RCR tem uma estrutura

simples. A home traz informações gerais sobre o site, janelas para os municípios e links para notícias e vídeos, bem como a lista dos Rezsendões e referência ao acordo de cidades geminadas (irmãs) entre Resende Costa e Vila do Porto (Santa Maria); outros acordos virão. Ainda há espaço para parcerias e patrocínios e, no final, uma relação de colaboradores.

As páginas das cidades seguem um único padrão. Links das Câmaras Municipais (caso de Portugal e Cabo Verde) e das Prefeituras/Câmaras Municipais (Brasil), notícias e vídeos do município (estes sempre atualizados), entidades da sociedade civil, mídia (links de jornal, rádio, TV, web), publicações (livros), turismo (atrações) e cultura (mu- seus,

JORNAL DAS LAJES • PÁG. 7 ANO XIX Nº 239 - MARÇO 2023
ACONTECEU Por Vitória Cristina
Fotos: Vitória Cristina Print da página de Resende Costa
bibliotecas, centro cultural). O endereço na internet é https://redecidadesresendenses. com/
DA REDAÇÃO
Paulo Guilherm, o PG, e Alex Truko, sócios na Mirante Eventos Ressaca de Carnaval na Mirante reuniu público de Resende Costa e de cidades da região

EDUCAÇÃO

Workshop do SENAC chega a Resende Costa

VITÓRIA CRISTINA

Nos dias 01 a 21 de março, aconteceu em Resende Costa o Workshop de cursos de culinária, uma parceria da Secretaria Municipal de Assistência Social, através do CRAS (Centro de Referência em Assistência Social), com o Senac/ MG (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial). Foram oferecidos ao público participante nove cursos na área da gastronomia, sendo eles doces finos, preparo de pizzas, preparo de ovos de páscoa, técnicas de massas e molhos, desenvolvimento de hambúrgueres artesanais, espetinhos, pratos de rua: mexido, tropeiro e macarrão na chapa, preparo de quitandas criativas e preparo de drinks.

Edirlene do Nascimento, secretária de Assistência Social, conta como surgiu a iniciativa e qual é objetivo da administração municipal ao desenvolver esta ação em parceria com o Senac. “A iniciativa surgiu a partir da observação de uma demanda crescente por busca de geração de renda no município.

O Poder Executivo vem com a proposta social de empoderar, aumentar a autonomia, capacitar e dar a oportunidade de geração de renda ao público participante dos cursos.

O intuito do Poder Executivo é que o público participante se capacite e possa ter mais autonomia e geração de renda, e que assim possamos reduzir a vulnerabilidade no município. Além disso, nosso principal objetivo na área social vai além da concessão de benefícios. Desejamos garantir à população uma melhor qualidade de vida, seguridade aos direitos sociais, através de capacitações, busca de conhecimento, fortalecimento de vínculos a partir do convívio social, dentre outras propostas. Diante disso, os cursos de geração de renda não param por aqui: iremos sempre trazer novidades voltadas à população.”

Edirlene destaca também o envolvimento do público com o pro-

E. M. Paula Assis: 60 anos construindo histórias!

DA

jeto. “Tivemos muitas inscrições, inclusive uma lista de espera muito grande para todos os cursos. De início, cada pessoa poderia participar de um curso. Havendo desistência, as vagas poderiam ser preenchidas com a lista de espera. Além disso, com o sucesso dos cursos, planejamos trazer mais opções no segundo semestre deste ano, tanto na área da gastronomia quanto na área de beleza e outras.”

Lucas Paulo, prefeito em exercício de Resende Costa, falou sobre a importância de oferecer cursos profissionalizantes à população resende-costense. “Sabemos que a gastronomia é muito importante para o desenvolvimento do turismo e também, claro, para própria população. É uma forma de gerar emprego e renda. A pessoa tem a oportunidade de aprender, estudar através dos cursos e abrir o seu próprio negócio. Essas ações movimentam o mercado na cidade, gerando emprego e renda para a família. Trata-se de algo interessante para pessoas que, eventualmente, estejam desempregadas, uma vez que poderão ter oportunidade de abrir seu próprio negócio através da gastronomia”.

De acordo com o prefeito em exercício, já havia uma demanda no CRAS de oferecimento de cursos de capacitação na área da gastronomia. Mais opções serão oferecidas à população. “Pretendemos trazer mais cursos. Acreditamos que foi um sucesso, foram mais de 140 inscritos, com aprovação muito grande do pessoal que participou. O Senac já sinalizou positivo, gostou muito. Desse modo, já estamos preparando novos cursos para a população. É importante trazer mais cursos de capacitação, tanto com o Senac quanto com o Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural)”.

Lucas traz uma boa notícia à população de Resende Costa. “Estamos quase concluindo a implantação de uma faculdade em Resende Costa. O processo está bem adiantado. Teremos a oportunidade de

ter uma instituição universitária em Resende Costa, com dois cursos iniciais, Administração e Pedagogia. Será aberta à população, mas também vamos tentar gerar bolsas para ajudar as pessoas mais carentes.”

SENAC

Patrick, chef responsável por ministrar os cursos do Senac, conta como foi a experiência em Resende Costa. “Foi muito bacana ministrar esse curso em parceria com a prefeitura de Resende Costa com o Senac Minas, unidade de São João del-Rei e Tiradentes. Considero essas ações de extrema importância, justamente para poder trazer oportunidades de negócios para população. Trata-se de um aprendizado muito grande. Ofertamos nove cursos diferentes, distribuídos em 15 dias de aulas. Vimos diversas técnicas da cozinha profissional. O principal de tudo é trazer oportunidades e ideias de novos negócios para população de modo geral. Dar aula é uma paixão, é algo que eu tenho comigo e fazer o que a gente gosta é sempre importante.”

Além disso, ele também falou da importância de haver esses cursos na cidade. “O mercado está

12 de março de 1963. Surgia, então, na casa das primeiras professoras, a escola do povoado Ribeirão de Santo Antônio. Foi nomeada “Paula Assis” - sobrenome do doador do terreno - um tempo depois, com a construção das primeiras salas. De lá para cá, com muita luta e dedicação, a escola ampliou sua parte física, seu número de alunos e funcionários e também a sua história. A comemoração dessa data tão importante para todos os que fizeram e fazem parte dessa

escola tão querida foi carregada de emoções. Encontros de antigos funcionários com os atuais, ex-alunos que hoje trabalham na escola, depoimentos carregados de saudade e orgulho, exposição de fotos.

A Paula Assis fez e faz parte de muitas histórias: famílias que se construíram por alunos que se conheceram lá, amizades para uma vida inteira que se iniciaram nas salas de aula, conquistas... Valeu por você existir, Paula Assis! Parabéns! Continue ajudando a construir muitas histórias!

Foto:

escolar Foto:

“Quem não conseguiu participar dos cursos desta vez, entre em contato com a Secretaria de Assistência Social e solicite novas ações como essa e busque conhecimentos nas redes sociais, tendo como fonte conteúdo confiável. Além disso, claro, procure a unidade do Senac de São João del-Rei ou de Tiradentes e se inscreva em um dos nossos cursos”, conclui Patrick.

PÁG. 8 • JORNAL DAS LAJES ANO XIX Nº 239 - MARÇO 2023
REDAÇÃO
E. M. Paula Assis organizou evento comemorativo pelos 60 anos de criação da escola Chef Patrick, do Senac, finalizando um dos pratos elaborado durante os cursos de gastronomia em Resende Costa
Arquivo
O evento contou com a participação de alunos, funcionários , professores e de toda a comunidade escolar Vitória Cristina
em constante transformação e junto com ele vem a demanda por profissionais cada vez mais qualificados. Possibilitar aos habitantes da cidade a condição de se qualificarem, seja para empreender ou tentar encontrar um emprego no segmento, que por sinal está em um crescente, é de fundamental importância e de uma nobreza inigualável. Poucas pessoas têm oportunidades assim.”

A teia do mundo

Amor corpóreo

Traçam o amor como um rio: seguro de seu curso, jamais parado, desaguando na infinitude do oceano... Pintam o amor como uma flor: singelo, efêmero, nobre, natural... Versificam o amor como contradição: dor sem doer, contentamento sem contentamento, eterno enquanto não acaba...

Meu traço é torto e não sei pintar. O que me resta é escrever sobre o amor. Devo a meu corpo o ofício de escrever. Meu corpo, companheiro inseparável... confidente tão íntimo que assume em seus órgãos, músculos e glândulas os mais recônditos sentimentos da minha alma.

E é assim, ó minha amada, que vou dizer do amor: juntando palavras e corpo, pois é desse jeito que o amor se declara.

Meu corpo fala de amor em todas as suas fibras. Amo-te, ó minha amada, com unhas e dentes. E grito com a força dos pulmões um verso que sussurra ao pé de teu ouvido. Amo-te a ponto de te comer com os olhos e fazer ouvidos de mercador

Contemplando as palavras

ao não do instante.

Amada minha, só de pensar em tua distância, meu queixo bate e minha solidão fala teu nome pelos cotovelos. Por isso, não te afastes do meu amanhecer. Osso de meus ossos, tu és costela cúmplice de tantos paraísos, frutos, expulsões e perdões.

Meu coração é testa de ferro do meu dia a dia. Vive arranhado e arranhando. Sempre com o cabelo em pé e a pulga atrás da orelha. Mas dou de ombros... o que se há de fazer? Meu coração tem costas largas e um rei na barriga. Jamais deixa se aquietar, incomoda o esqueleto e me leva a pescoçar teus movimentos, ó amada.

E quando estás assim, corpo vivo em minha mão leve, meu sangue ferve à flor da pele; são borbulhas de uma ousadia que transforma o momento em tudo, a palavra em literatura... e faz das tripas coração para sempre abrigar teu corpo e tua alma em minha alma e meu corpo.

É assim, minha amada, que meu corpo se faz amor.

*JOSÉ ANTÔNIO OLIVEIRA DE RESENDE é professor de Prática de Ensino de Língua Portuguesa, do Departamento de Letras, Artes e Cultura da Universidade Federal de São João del-Rei. Membro da Academia de Letras de São João del-Rei. E-mail: jresende@mgconecta.com.br

Diante da recusa inicial pelo Cartório de Registro Civil do 28º Subdistrito de São Paulo (capital) ao prenome “Samba”, escolhido para o quarto filho, que nasceu recentemente, o cantor Seu Jorge conseguiu finalmente autorização na justiça para registrar o menino conforme queria.

Do quimbundo (língua dos indígenas bantos de Angola) semba, samba é dança, é ritmo, também a música que acompanha essa dança. Como nome próprio a ser dado a alguém, não é usual, mas também não é ofensivo. Pelo contrário, em se tratando da opção de Seu Jorge e namorada pelas razões que apresentaram com base na preservação de vínculos africanos e restauração com suas (dele) origens eno estudo do caso, que mostrou a existência desse nome em outros países. Final feliz para essa história.

Felicidade também é ter uma filhinha e escolher para ela como nome um sinônimo para esse sentimento: Alegria. Vi há pouco tempo na TV em matéria, salvo engano, sobre vacinação infantil, a pequena Alegria de mãos dadas com a mãe. Nos meus tempos de faculdade em Lafaiete, fui colega da Elizabeth Taylor, logicamente, não da famosa atriz britânica (1932-2011) de faiscantes olhos cor de violeta. Nas duas situações, os nomes carregam um certo peso para suas donas. Da menina espera-se que seja sempre alegre; da moça, que pelo menos lembre a beleza de Liz Taylor.

De acordo com o escritor gaúcho Moacyr Scliar (1937-

2011), “os nomes são recados dos pais para os filhos e são como ordens a serem cumpridas para o resto da vida”. A propósito, “Moacyr” quer dizer “filho da dor”. Aliás, observar o significado da palavra que será uma marca forte na vida toda da pessoa é um dos motivos na escolha desse nome. De outra forma, há o gosto por prenomes tidos como os da moda, portanto, datados, formando gerações de homônimos. Existem aqueles que são inspirados na Bíblia, os herdados de parentes, alguém em especial da família, ou mesmo os escolhidos em homenagem a ídolos famosos ou em pagamento de promessa religiosa a algum(a) santo(a).

Meu avô materno, Alcides Lara, na intenção de homenagear a mãe, fez questão de registrar uma das filhas com o nome dela, vencendo a objeção da mulher (vovó Zezé) ao nome, digamos, estranho da homenageada. E nessa, tia Custódia foi a contemplada. E provou que as pessoas é que fazem os nomes que têm, as duas xarás lindas e muito queridas. E foi usando denominações de flores, segundo gostava de lembrar minha mãe, que um casal, certa época, fez “florescer” aqui na cidade sua família formada por Rosa, Margarida, Violeta, Hortênsia e Jacinto. Sem dona Olga para me socorrer nos detalhes dessa narrativa, não sei dizer se esse “ramalhete” está completo.

Ruim mesmo foi o que teria ocorrido com Nostratateladenina ao nascer. Mais

tarde, já aluna de uma universidade do Sul do país e diante da decisão de uma professora de não chamá-la pelo nome em sala de aula (para evitar zoações), e um dia, quando estavam a sós, querer saber dela o porquê de se chamar Nostratateladenina, a moça desabafou: “Erro de cartório, bah! Quando meu pai foi me registrar, o escrivão perguntou como eu me chamava. Papai respondeu: ‘Nós trata ela de Nina”.

Parece piada isso, mas me foi contado como sendo real.

Engraçado foi o que aconteceu, certa feita, numa agência bancária de BH. Ao chegar até um segurança, um rapaz disse a ele: “Celuta, por favor?” E ele: “Já lutei, mas hoje tô meio parado”. Esclarecimento: o outro estava apenas querendo saber onde encontrar a funcionária chamada Celuta.

Sobre tudo isso, tenho da infância uma especial lembrança. Já começando a frequentar missa na Matriz de N.S. da Penha, muitas vezes sem a concentração necessária ao que o Padre Nélson rezava ou pregava, eu me distraía, quase sempre olhando o teto da igreja até ver/ler o que julgava ser, praticamente, meu nome escrito no centro de uma bonita pintura: “Regina Coeli (pronúncia: Redgína Tchéli), Laetare, Alleluia”. “Rainha do Céu, Alegrai-vos, Aleluia” é a tradução da legenda (do latim), referência a uma oração em honra a Nossa Senhora.

Rainha de nada sou eu, mas feliz com meu nome.

JORNAL DAS LAJES • PÁG. 9 ANO XIX Nº 239 - MARÇO 2023
Um nome pra chamar de seu

Equipe de robótica de São Tiago, pronta para voltar às competições

A equipe de robótica da Escola Estadual Afonso Pena Junior, de São Tiago (MG), prepara-se para novos desafios em 2023, retomando o ritmo intenso anterior à pandemia. Afinal, foram 33 medalhas conquistadas até 2019, sendo 13 de ouro, 13 de prata e 7 de bronze, nas categorias “resgate”, “dança” e “soccer”.

O “Projeto de Robótica Educacional: Café-com-Byte”, que existe desde 2010, não faz parte da grade curricular da escola, o que demanda envolvimento extra dos alunos e acompanhamento dos pais. A ideia surgiu quando dois alunos se interessaram por uma reportagem sobre um campeonato de robótica do IFET (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia) e de escolas particulares em Varginha (MG).

Então, os alunos sugeriram ao professor de Física, Ronaldo Antônio de Castro, participarem do certame. Mas havia um problema: falta de dinheiro. Persistentes, os alunos montaram o primeiro robô de sucata; a esta altura, já havia quatro alunos. Assim, a equipe participou da etapa mineira da OBR (Olimpíada Brasileira de Robótica), quando conseguiu a primeira medalha de ouro na categoria “resgate” (Ensino Médio). Essa conquista credenciou a equipe para participar da LARC (Competição Latino Americana de Robótica), que aconteceu em São Bernardo do Campo (SP).

O resultado entusiasmou os alunos a continuarem com a equipe, conta a atual coordenadora do projeto, professora Antônia Beatriz de Oliveira Silva, mais conhecida por Bia. Hoje, a equipe é formada por 28 alunos sob a coordenação, além de Bia, dos professores Francismar Elder dos Passos (Química) e Francisco Herbert Assis (Educação Física). Aqui aparece a primeira característica da equipe: não necessariamente o professor precisa entender de robótica. “Hora nenhuma

Trilha sonora

RENATO RUAS PINTO

Ecos do cânion

o professor programa nada para os alunos”, observa Bia.

COMPETIÇÕES

Ao longo do tempo, outros alunos foram sendo incorporados à equipe, por meio de processo natural (convite). Em 2011, por exemplo, foram duas equipes de quatro alunos, cada uma participando da etapa mineira da OBR em Lavras (MG). No mesmo ano, cinco equipes no total de 28 alunos disputaram a Competição Brasileira de Robótica (CBR) em São João del-Rei. Foram seis medalhas no mesmo ano: ouro e bronze na categoria “resgate” (respectivamente Ensinos Fundamental e Médio); prata e bronze na categoria “dança” (Fundamental e Médio pela ordem); e pratas nas categorias “resgate” e “soccer” (ambas Ensino Médio).

Para efeito de melhor compreensão, na categoria “resgate” o robô precisa vencer obstáculos de diferentes tipos para resgatar uma vítima (antes, seguia uma linha feita com fita isolante; agora essa linha vem impressa em preto numa grande folha branca); na “dança”, há interação entre robô e humano (sob determinadas regras como tempo, organização etc.); e a “soccer” é futebol de robôs (dois jogadores por time: goleiro e atacante).

Outro destaque foi a presença na Robocup do México, em 2012, proporcionada pela prata na categoria “dança” e pelo fato de a escola ter sido considerada a melhor do país, de acordo com parâmetros definidos pela revista Veja, conta Bia. Isto fez com que a Secretaria Estadual da Educação custeasse a viagem. Foram seis alunos que ganharam os prêmios “Best Programming” e “Super Team” (numa interação com alunos alemães e chineses). “As outras viagens dos alunos para participar de competições são todas pagas pela Prefeitura Municipal”, diz Bia.

Em 2012, a equipe participou da LARC em Fortaleza (CE) graças à “sobra” do dinheiro da viagem ao México. Mas não esteve presente nas competições Robocup de 2013, 2015, 2016, 2018, 2019 e 2020, apesar de classificada, por falta de

recursos. “Na pandemia, os meninos perderam o entusiasmo, mesmo participando virtualmente”, conta Bia. Ficou nítida a falta que faz a troca entre os pares, proporcionada pela presença física.

Um salto qualitativo foi dado em 2017, com a introdução do processo seletivo na escolha dos alunos, feito no oitavo ano (dois anos depois de os alunos se transferirem para a escola). A equipe visita as salas de aula para apresentar o projeto, inscreve os interessados, há uma prova de raciocínio lógico, os selecionados são submetidos a entrevista, seguida de aula prática e reunião com os pais para explicar o funcionamento (atividades extraclasse, viagens etc.).

A grande maioria dos alunos que participam da equipe de robótica é bem-sucedida na aprovação em cursos superiores da área (Ciências da Computação, TI etc.), segundo a professora Bia. Um dos dois primeiros alunos do projeto, Rodrigo Caputo, é voluntário da equipe; aliás, vários alunos tornam-se voluntários.

RETOMADA

Na retomada pós-pandemia, em 2022, a equipe participou da OBR em Araxá (MG), mas decidiu não ir à LARC (que é opcional) porque os alunos consideraram que não estavam preparados. Porém, em 2023, os alunos Rafael Tiago B. do Vale e Matheus Andrade Rios, desde 2019 no projeto, estão animados e prometem voltar aos tempos anteriores à pandemia, sempre com foco na LARC. Uma das primeiras tarefas deles este ano será a de conduzir a seleção dos novos alunos para compor a equipe; experiência para isso eles possuem, pois já participaram de dois processos seletivos.

Em outro front, a equipe coordenadora continua na maratona para superar as dificuldades: falta de recursos financeiros e de espaço físico adequado e, principalmente, o reconhecimento do projeto. O desafio da equipe, encampado pelos coordenadores, é recuperar o ritmo anterior à pandemia e participar de todas as competições.

Os serviços de streaming em vídeo têm nos trazido documentários interessantes sobre música, falando de artistas, eventos ou movimentos. Esses documentários nos dão a oportunidade de conhecer as histórias de bastidores ou saber de detalhes que passariam despercebidos, por exemplo, ao ouvir certos discos. Recentemente pude assistir no Netflix a alguns documentários muito bons e pretendo comentar sobre aqueles que considero mais relevantes.

Nesta edição, falarei sobre um, cujo tema nos remete aos agitados anos 60, período de efervescência do rock.

Trata-se de “Echo in The Canyon – uma celebração à música”, de 2018, e que faz um recorte interessante sobre uma região de Los Angeles e a influência que seus ilustres moradores tiveram sobre a música do período.

O documentário, apresentado por Jakob Dylan, filho de Bob Dylan e líder da banda The Wallflowers, que gozou de algum sucesso nos anos 90, conta a história do Laurel Canyon e seus moradores famosos. Laurel Canyon é uma região montanhosa da metrópole Los Angeles e com um certo ar rural. Além do cinema, Los Angeles sempre foi um dos mais importantes centros da indústria da música, reunindo uma série de estúdios de porte e escritórios de grandes gravadoras. Assim, vários artistas sempre tiveram moradia em seu entorno. Um certo isolamento e um ar interiorano de montanha, mas logo ao lado da cidade gigante de concreto e aço, possivelmente foram decisivos para atrair uma série de músicos que por lá se instalaram.

O documentário trata justamente desse ambiente musical que reuniu artistas como o quarteto The Mamas & The Papas, os Byrds, de Roger McGuinn e David Crosby, e Brian Wilson, o inspirado compositor dos Beach Boys, além de outros tantos expoentes do rock e da contracultura dos anos 60. É natural que, com tanta gente talentosa reunida, o intercâmbio entre essas pessoas fosse frequente. Além de surgirem colaborações formais entre músicos, os encontros em festas, reuniões ou visitas privadas faziam com que os músicos estivessem sempre

apresentando os rascunhos de seus trabalhos para pares exigentes, gerando um clima prolífico de composições de qualidade cada vez mais alta. O ambiente permitiu também a aproximação de músicos para somarem forças, como foi o caso do quarteto Crosby, Stills, Nash & Young. David Crosby havia sido expulso do The Byrds mais ou menos na mesma época quando o Buffalo Springfield de Neil Young e Stephen Stills se dissolveu.

No documentário, Jakob Dylan entrevista vários dos personagens que fizeram parte dessa cena e que revivem histórias e fazem análises interessantes do ambiente, das músicas e de um mundo que passava por rápida transformação no fim dos anos 60. É curioso poder ouvir em primeira mão essas narrativas, até para entender como era o processo criativo de vários artistas e saber mais sobre um momento crucial da arte popular. Todo esse intercâmbio e colaboração, a meu ver, não fez com que o que aconteceu no Laurel Canyon pudesse ser chamado de um “movimento”, isto é, quando vários artistas caminham claramente na construção de uma determinada estética. Ainda assim, o que se produziu ali naquele período será escutado e estudado por muitos anos.

Além disso, é de se esperar que não faltem histórias engraçadas envolvendo a excentricidade dos artistas, como a curiosa caixa de areia que Brian Wilson colocou em sua sala de visitas para acomodar seu piano. Ou histórias narrando os incontáveis problemas com a polícia por conta de festas com música alta ou, é claro, das drogas ilícitas, como a maconha ou o LSD, que estão invariavelmente associadas a esse período. Finalmente, o documentário faz um resgate musical muito interessante da época, com clássicos interpretados por Jakob e convidados de peso, como Fionna Apple, Norah Jones e Beck.

Enfim, é um documentário mais do que recomendado não só para quem curte e conhece a música do final dos anos 60, mas também para o ouvinte casual que tem a chance de descobrir novas músicas e artistas que merecem estar em qualquer playlist

PÁG. 10 • JORNAL DAS LAJES ANO XIX Nº 239 - MARÇO 2023
EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA
Rafael e Matheus, no projeto desde 2019 e prontos para novos desafios Foto: José Venâncio

De olho na cidade

Considerações acerca do Carnaval: não deveríamos tentar realizá-lo no Parque do Campo?

No início da década de 1940, foi que, podemos dizer, nasceu o Carnaval resende-costense. A contragosto e com forte crítica da Igreja Católica e de setores da sociedade local, alguns jovens se atreveram a sair fantasiados, tocar alguns instrumentos musicais, cantar e dançar. Mais tarde, bailes carnavalescos começaram a ser realizados no Teatro Municipal com músicas interpretadas por instrumentistas da banda de música local. Além disso, havia os blocos carnavalescos que desfilavam pela Rua Gonçalves Pinto (que chamamos de avenida), o que dava um brilho especial à festa.

No século passado, sambas e marchas carnavalescas eram aguardados por todos e com certa antecedência. Era preciso ouvi-los através do rádio, decorá-los para serem cantados pelos foliões. Eram canções com letras e melodias simples, que facilmente ficavam gravadas na memória do povo. Isso funcionou tão bem

que até hoje, depois de décadas, essas músicas ainda fazem parte do nosso repertório. E a primeira canção carnavalesca a fazer sucesso foi composta por uma mulher, Chiquinha Gonzaga, na cidade do Rio de Janeiro/RJ. Numa época em que a participação de mulheres se apresentando como compositoras e instrumentistas era quase nula, ela, em 1899, compôs “Ô Abre Alas”, obra que conhecemos e ainda cantamos no Carnaval.

Para refletir um pouco acerca do nosso Carnaval, comecemos pelo baile carnavalesco, que é bom dizer, não era para todos. O espaço pequeno não comportava todos que lá queriam entrar. Por sorte dos organizadores, muitos jovens, até meados da década de 1970, eram barrados na porta do Teatro Municipal por serem menores de idade. E havia aqueles que, por imposição dos pais, só podiam ficar na rua até as 22h.

É fácil perceber mudanças ocorridas desde aquela época na

Meio Ambiente

ADRIANO VALÉRIO RESENDE

A pavimentação mais utilizada no Brasil é o asfalto, principalmente em vias de tráfego intenso, que são as rodovias e as avenidas. Nas áreas urbanas tem aumentado o seu uso, até mesmo no recobrimento de pavimentos já existentes, sejam eles de pedras, paralelepípedos ou pisos intertravados (bloquetes), como é o caso de Resende Costa. Mas, o que parece ser uma solução rápida para as prefeituras, ao longo do tempo pode se tornar um problema, tanto no quesito durabilidade quanto no ambiental.

A utilização do asfalto remonta ao período antes de Cristo, por exemplo, com os babilônios e os gregos. Na América, no início do período colonial, ele foi encontrado in natura pelos europeus na Venezuela, mais especificamente na Ilha de Trindade. Era utilizado inicialmente como impermeabilizante, selando reservatórios, aquedutos e cascos de navios. As

primeiras pavimentações asfálticas foram realizadas ainda na Antiguidade, no Oriente Médio.

O asfalto tem origem no petróleo, podendo ser obtido naturalmente em lagos pastosos (lagos de asfalto) ou artificialmente, em escala industrial, através do aquecimento do óleo bruto nas refinarias, passando por processos físicos e químicos (destilação fracionada).

Os subprodutos asfálticos são os materiais que permanecem no fundo da torre de destilação, que são os asfaltenos, resinas e hidrocarbonetos pesados (em especial os betumes).

Sobre a questão ambiental, o asfalto, por ser um subproduto do petróleo, é um combustível fóssil não renovável e sua utilização causa danos ambientais, tanto na extração quanto no beneficiamento. O componente asfalteno faz parte de uma das classes de compostos químicos mais poluentes.

Alguns tipos de asfalto utilizam

maneira de realizar o Carnaval em Resende Costa. A cidade cresceu, os dois blocos carnavalescos que desfilavam na avenida desapareceram. Os bailes no Teatro deixaram de ser realizados quando a festa passou a ser toda ela feita na rua. Aos poucos, foram surgindo os blocos destinados a promover uma festa com muitos dias de antecedência das datas oficiais do Carnaval. E foi um sucesso. Esses blocos, que surgiram quase que espontaneamente, mantiveram-se firmes até antes da pandemia. Verificou-se também, nesse período, certo esvaziamento da cidade durante os dias oficiais da folia, quando muitos optavam por aproveitar a festa em cidades vizinhas. Notou-se, então, que algo precisava ser feito a fim de tornar nosso Carnaval melhor, mais atrativo... Enfim, fazer com que foliões se sentissem motivados a permanecer na cidade entre o sábado e a terça-feira.

Algumas ações foram colocadas em prática, como a entrada

em cena do disk jockey (DJ), colocação de arquibancadas e tendas para maior conforto dos foliões, banheiros químicos e até contratação de seguranças particulares. Ambientes distintos foram criados para atender os que apreciam funk e pagode, por exemplo, e outro somente com sambas e marchinhas. Porém, uma coisa é certa: não dá para promover um momento de Carnaval para as crianças, oferecendo-lhes um repertório que nada tem a ver com elas. O descaso para com as meninas e meninos é imenso e vem de longa data. Certo dia, sem músicos para tocar e cantar para elas, o prefeito municipal precisou, às pressas, providenciar uma caixa de som para, com celular, colocar música para as crianças. Além do mais, crianças devem ouvir músicas escritas especialmente para elas, jamais funk, pagode ou outros gêneros que lhes são até inadequados.

Por fim, é preciso oferecer aos foliões os banheiros quími-

cos desde o primeiro dia de festa, que ocorre já a partir de uns dez dias antes do sábado de Carnaval. Caso contrário, nossas ruas e becos continuarão a ser mictórios a céu aberto, da forma como aconteceu recentemente. Além disso, o desmonte de arquibancadas, barracas e toldos precisa ser mais rápido, terminada a festa, a fim de desobstruir a área central da cidade.

Penso que passou da hora de tentarmos promover o Carnaval no Parque do Campo, que tem estrutura muito mais adequada para a realização de festas para grande público como essa.

Finalmente, não é só com investimento maior feito pela Prefeitura Municipal que se tem garantia de melhoria da festa. Da mesma forma que não é deixando por conta de empresários que se tem certeza da contração de boas bandas para abrilhantar a folia. E a realização de eventos em bairros, da forma como ocorreu em 2019, deveria ter sido mantida.

o querosene como solvente, que pode contaminar o solo quando aplicado em excesso e sua evaporação pode causar danos aos trabalhadores. Já existem pesquisas mostrando que, mesmo depois de implantado, o asfalto continua a liberar misturas complexas poluentes, em especial para as águas. Outra questão a ser mencionada é a emissão de material particulado fino em dias muito quentes.

No que se relaciona à pavimentação, a sua utilização tem pontos negativos e positivos. As desvantagens são: o pavimento asfáltico é impermeabilizante, o que não permite a infiltração da água da chuva, favorecendo o escoamento rápido e, consequentemente, as enchentes; o custo-benefício do asfalto depois de instalado é mais elevado, uma vez que é necessário fazer manutenções periódicas; esse pavimento é o que mais absorve calor por causa, principalmente, do albedo, o que

gera desconforto para os pedestres nas grandes cidades; ele é menos resistente às variações diurnas de temperatura e de umidade (o que é comum em clima tropical como o nosso), causando maior incidência de trincas, rachaduras e até a desintegração total.

As vantagens são: é um pavimento silencioso para o trânsito de veículos e flexível, visto que sua estruturação feita em múltiplas camadas permite boa resistência às tensões sobre a faixa de rolamento; seu tempo de aplicação é menor do que o pavimento de concreto e a execução é feita por máquinas automatizadas; é um piso impermeável, quando bem feito, protege todo o pavimento contra infiltração, ferrugem e outros fenômenos; os veículos geralmente transitam com maior rapidez e segurança, já que a aderência dos pneus nesse material é maior.

É notório que a pavimentação de ruas melhora a mobilidade de

veículos e de pessoas e evita transtornos como poeira e lama. O asfalto é uma das várias opções para calçamento de ruas e muitas vezes é tido como sinônimo de progresso. Inicialmente, sua utilização parece ser vantajosa, mas, em curto prazo, há sérias desvantagens. Por isso, a utilização de pavimentos mais ecológicos deve ser valorizada e mantida em ruas de baixo tráfego, a exemplo do piso intertravado e do paralelepípedo.

Em Resende Costa, existem basicamente quatro tipos de revestimentos nas ruas: pedras quebradas de gnaisse, paralelepípedos de granito, bloquetes de concreto e asfalto. Recentemente, quase todas as ruas de pedras foram cobertas com asfalto, o que é bem visto pela maioria dos moradores. No entanto, precisamos ter um olhar mais crítico sobre a questão.

(Falaremos sobre os calçamentos de Resende Costa na próxima edição)

JORNAL DAS LAJES • PÁG. 11 ANO XIX Nº 239 - MARÇO 2023
O pavimento asfáltico e a questão ambiental

Construções de adobe estão de volta a Resende Costa

JOSÉ VENÂNCIO DE RESENDE

O adobe está de volta. Chegando devagarinho a Resende Costa e mesmo a outras cidades vizinhas, é usado para realçar paredes sem reboco ou de “adobe à vista”. Fica vistoso e contribui com o meio ambiente.

Mas será essa a única diferença em relação ao seu uso no passado, quando as paredes eram rebocadas?

A forma de produzir o adobe é praticamente a mesma; só muda o processo de fazer o barro. Usa-se a betoneira em vez de amassar com os pés, o que fazia a festa da criançada. Eu mesmo amassei muito barro pra fazer adobe.

Cláudio Miguel dos Santos atualmente é fabricante de adobe em Resende Costa. Antes, ele trabalhava na olaria do Leo do Zé Tarcísio, no Viegas, produzindo tijolo maciço. Ficou lá cerca de 20 anos, intermitentes, até que mudou para o adobe.

Há cerca de 10 anos, Cláudio aceitou o desafio de Emerson Nunes de Souza, do Rancho Celeste (1,5 km do asfalto), para construir uma casa de adobe. “Então, eu resolvi a experimentar o adobe”. Foram cerca de quatro mil unidades fabricadas para levantar a casa de Emerson.

A partir dessa experiência, começaram a surgir as encomendas. Cláudio fabricou cerca de oito mil adobes para a construção de um casarão na cidade. Também forneceu adobe para um chalé na Água Limpa, município de Coronel Xavier Chaves. Atualmente, o que mais aparece são encomendas de balcões e muros. Balcões para barzinhos e muros para a frente de casas, sempre com “adobe à vista”.

Mas a produção ainda não comporta dedicação exclusiva. Por isso, Cláudio divide seu tempo entre fabricar adobes e tecer tapetes.

FABRICAÇÃO

O espaço de Cláudio, na Picada (saída para Coronel Xavier Chaves), é pequeno, mas o suficiente para atender à demanda atual. É formado por terreno e varanda onde cabem cerca de 800 adobes (500 ao ar livre e 300 na área coberta). Na maior parte do ano, o adobe é secado ao sol; no período de chuvas, a secagem é feita na área coberta.

Para produzir o adobe, Cláudio usa terra obtida geralmente em áreas de desaterros. A preferência é pela terra amarela, mas há encomendas de adobe de terra avermelhada. Essa terra é colocada na betoneira junto com capim seco picado e água; leva cerca de 20 minutos para obter o

Retalhos literários

Irmão Aristides

“Bendito é o nome santo do Senhor!”. Pausada e enfaticamente, num soletrar de fé e visitação do Espírito Santo, essa frase voava do púlpito sobre toda a pequena igreja. E vinha da boca de homem branco, rosto vermelho pelo esforço no empenho das palavras. Suas mãos gesticulavam, ora indo sobre as palavras bíblicas, buscando não se perderem nas linhas ancestrais, ora se levantando para os lados e para o alto, admoestando, confortando e louvando o sagrado.

Era o irmão Aristides, descendente de italianos. A barriga buscando caminhar adiante do homem, sobejando ela no tanto existir e balançar, nas vozes duras e meigas da boca, no cantar altissonante, no dar risadas amorosas e sem fim. Um senhor ítalo-brasileiro, alegre e religioso, brin-

calhão com tanta meiguice e um olhar de veludo e voz trovejando amorosa nas objurgatórias e execrações diante da igrejinha.

Era o nosso cooperador ou, como muitos conhecem em diversas igrejas, nosso pastor. Porém não dizíamos “pastor”, pois na Congregação Cristã no Brasil, no seguir dos desígnios bíblicos, o nosso único pastor é Jesus Cristo, o deus humanado, o que se fez homem para sentir no corpo a beleza e a dor desta existência, para compreendê-la no seu cerne e para apaziguá-la e libertá-la da Morte Eterna. Precisou morrer para isso: a necessidade nossa de matar nosso deus para crer nele.

As alegrias e brincadeiras do irmão Aristides me tinham como um dos “alvos”. Deixei a chupeta mais ou menos aos dez anos de idade. Não abria mão dela ao

barro suficiente para 40 adobes. Terminada a mistura, o barro é transportado em carrinho de mão para o local, seja a varanda ou o terreno, onde está a fôrma. A próxima etapa é encher com barro a fôrma de madeira (capacidade de quatro unidades), que tem duas alças para Cláudio segurar e movimentar. Ao colocar os adobes no chão para secar, lava-se a fôrma e repete-se a operação. Uma das consequências dessa etapa do trabalho é a dor na coluna por causa do movimento frequente de levanta-e-abaixa.

Entre 40 e 50 minutos, todo o barro já foi utilizado e 40 adobes estão a secar. A secagem leva três a quatro dias ao sol ou uma semana na varanda. É diferente do tijolo, que é queimado em forno, o que consome energia. Além disso, a matéria-prima do tijolo é solo argiloso extraído de várzeas e beiras de córregos, processo regulado por lei ambiental.

Atualmente, Cláudio está construindo a própria casa (10m x 7m) no local onde fabrica os adobes. A frente e as laterais são de adobe à vista.

ADOBE X TIJOLO

Adriano Valério de Resende, do Instituto Rio Santo Antônio (IRIS), destaca algumas diferenças

entre o tijolo maciço e o adobe. “No quesito ambiental, o adobe é mais ecológico porque ele é apenas secado ao sol e não precisa ser ´queimado´, isto é, não há utilização de lenha ou outro combustível no processo.”

Outra questão é a origem do barro (argila) para a fabricação do adobe, já que “o material pode vir de áreas de desaterro, mas isso depende da quantidade que é produzida”. Já a produção de tijolo maciço, que é ainda grande, necessita de muita matéria-prima, geralmente retirada das várzeas (beiras de córregos).

Quanto ao custo de produção, “o adobe, por não exigir a ´queima´,

a princípio é um produto mais barato. No entanto, sobre o quesito durabilidade, o tijolo maciço é melhor”, observa Adriano. É possível aumentar a resistência e a durabilidade do adobe. Para isso, “deve-se fazer um acabamento com resina ou outro produto”. Adriano lembra que “o adobe não é usado de forma estrutural (sustentação) nas construções, porém, apenas como vedação dos espaços vazios entre as colunas e as vigas, que podem ser de concreto ou de madeira”. Por fim, “esteticamente falando, a escolha depende do gosto de cada pessoa, mas o adobe é mais rústico”.

me deitar. Na duração da madrugada, a chupeta era um amuleto, openhor de que eu seria sempre criança. Não que a infância seja um puro mar de rosas, um mundo onde tudo é várzea. Sem idealizações aqui. Apenas a chupeta cumpria a função de me garantir ser sempre pequeno e ficar protegido pelos braços imorredouros de minha mãe.

No entanto, carregar o amuleto me dava o desprazer de ouvir adultos mangando de mim, dizendo-me que um cavalão não podia mais ter bico na boca, coisa de criancinhas. Minha mãe só me pedia amorosa que eu largasse o bico. Diante da minha dificuldade em fazê-lo, seus olhos compreendiam tudo, e ela me amava e me aceitava. Até hoje tenho seu olhar sobre mim.

Sabendo da minha mania, o irmão Aristides não perdia tempo. Era só me olhar, e lá vinha sua voz retumbante e macia: “Olá,

chupeta! A paz de Deus!”. Eu lhe respondia um “amém” de início meio envergonhado, mas depois fui me acostumando abrandado e contente. Afinal, em cada abordagem, balas para quem tem boca. E ele comprava as jujubas, coisa do outro mundo de tão gostosa. A bala de goma me caía bem, adoçando os cultos: os ouvidos e olhos vendo e ouvindo a voz do irmão Aristides, e a boca sendo enternecida no experimento das canduras da vida.

A mesma voz do homem alto e barrigudo também reboava nos quatro cantos do templo. Eram trovões de amor e de fúria. A respiração ofegante, as pupilas dilatadas, a boca ameaçando espumar como as muitas ondas em fúria de um oceano descomunal.

Olhando para tanto vigor, eu me lembrava de passagens bíblicas. O salmista pregando que a “voz do SENHOR ouve-se sobre as águas; o Deus da glória troveja;

o SENHOR está sobre as muitas águas”. O profeta Ezequiel ouvindo a voz do Senhor e dando o testemunho dela: era como a voz de muitas águas! O discípulo João, amado por Cristo e perseguido pelo império romano, profetizando na ilha de Patmos: “Também ouvi uma voz como a de grande multidão, como a voz de muitas águas, e como a voz de fortes trovões, que dizia: Aleluia! Porque já reina o Senhor nosso Deus, o Todo-Poderoso.” Na vulcânica ilha, no fundo da caverna ilhada, no exílio-prisão, o visionário apóstolo enxergando a força sagrada.

O meu corpo inteiro lia e ouvia o que se dizia no púlpito. E do que o irmão Aristides falava, entre narrações, profecias, admoestações, promessas de vida e de bênção, imprecações – de tudo isso resulta o que sempre ecoa em meus ouvidos: quem tem ouvidos ouça o que diz a existência humana carente de Deus!

PÁG. 12 • JORNAL DAS LAJES ANO XIX Nº 239 - MARÇO 2023
Foto: José Venâncio Cláudio em frente à sua casa erguida com adobe
SUSTENTABILIDADE
EVALDO BALBINO

Elisa, a artesã lagoense de igrejas e casinhas

Tudo começou no primeiro Natal da pandemia (2020), com a montagem (em outubro) de uma Vila Noel na casa da irmã Edlamar, em Lagoa Dourada. As pecinhas de presépio foram compradas em loja, mas Elisa notou que faltava uma capelinha e o presépio estava incompleto. Então, colocou mãos à obra e confeccionou a miniatura da capela e a casinha onde o Menino Jesus nasceu – tudo com palitos de picolé e de churrasco.

Não satisfeita, Elisa ainda criou (em novembro do mesmo ano) mais três casinhas de presépio para a Vila Noel. E, em dezembro, ainda fez mais quatro peças: um poço de água, um coreto e dois banquinhos. “Isso foi o que deu origem à minha criação.” A Vila Noel existe até hoje na casa da irmã de Elisa.

Elisa Maria de Melo, formada em pedagogia e supervisão/gestão em Educação e cozinheira da Escola Municipal Angelina Medrado, não parou mais de se dedicar à arte das miniaturas. Em outras palavras, passou a ocupar seus fins de semana para atender as encomendas cada vez mais em número crescente.

Apesar de gostar do que faz, essa lagoense, moradora num sítio no município de Entre Rios de Minas, tem de conciliar o trabalho

na cantina da escola com a atividade artesanal despertada três anos atrás. Por isso, leva mais tempo para produzir as peças, sejam réplicas de originais ou criações próprias a partir da observação da realidade.

Basicamente, seu trabalho se concentra em miniaturas de igrejas

(capelas) e de casas (maioria para presépios). “Muitas encomendas são do próprio local onde as pessoas vivem.”

Elisa já recebeu várias encomendas da igreja de Nossa Senhora do Rosário (a maioria de Lagoa Dourada); quatro

O verso e o controverso

JOÃO MAGALHÃES

Entre aspas porque faz parte do discurso de Sobral Pinto, que emocionou a todos no enterro de seu grande amigo. Na série sobre os grandes humanistas brasileiros, já escrevi sobre ele, Sobral Pinto; também sobre Graciliano Ramos, Dom Paulo Evaristo Arns. Agora, Alceu Amoroso Lima. Era para ser na edição de agosto deste ano, lembrando os 40 anos de sua “partida”, mas como o futuro ninguém sabe, resolvi antecipar. Nunca esqueci da frase de Dom Inácio Accyoly, abade do Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro: “Alceu, ao céu”.

Tristão de Athayde foi e será uma das intensas admirações minhas. Ainda fazendo o colegial (atualmente 2º grau) no seminário, lendo sobre Jackson de Figueiredo, soube sobre sua conversão ao catolicismo. Depois caiu em minhas mãos seu livro (comigo até hoje): “Quadro Sintético da Literatura Brasileira”. Mais tarde, já formado em Letras e lecionando literatura brasileira até me aposentar, ele foi um dos meus autores guia.

O último contato pessoal com ele foi no auditório do jornal Folha de São Paulo, onde ele era articulista. Ele ia dar uma palestra. Corri para assistir. Não havia lugar nem para uma mosca! O porteiro só me deixou entrar com a condição de ficar sentando no chão do palco. Foi um privilégio. Assisti à palestra a dois metros à frente dele.

Para mim, Alceu Amoroso Lima foi dos maiores vultos que o Brasil já teve. Escrever sobre ele é muito difícil e Leandro Garcia Rodrigues, em seu recente livro

“Alceu Amoroso Lima - cultura, religião e vida literária” (Edusp 2012 (*)), confirma isso: “Falar de Alceu é realmente complicado e desafiador. Ele teve várias faces: crítico literário, crítico cultural, poeta bissexto, professor, ensaísta, advogado, filósofo, teólogo e outras mais – para ficar apenas no campo profissional, há ainda outras da sua dimensão pessoal”.

Prefiro, por conseguinte, mostrar ao leitor a comoção nacional que foi sua morte, num domingo, 14 de agosto de 1983,

através dos jornais que publicavam seus textos. Consegui todos: O Estado de S. Paulo (já era assinante) – Folha de S. Paulo – O Globo – Jornal do Brasil. Tenho-os até hoje.

As manchetes, as narrativas, os artigos, as presenças no velório e na missa de corpo presente, o cortejo até o cemitério São João Batista acompanhado pelos batedores da Polícia Militar, os discursos à beira do túmulo, os depoimentos, os cânticos gregorianos dos monges etc.dão ideia de sua importância para o Brasil.

Marcaram presença no velório, ou missa, ou sepultamento dezenas de religiosos: dois cardeais (entre eles Dom Eugenio Sales), cinco bispos (entre eles Dom Luciano Mendes de Almeida, na época secretário da CNBB), como o mostra a missa de corpo presente celebrada pelo cardeal Dom Paulo Evaristo Arns e concelebrada por cinco bispos e 26 sacerdotes, com pregação do abade Dom Marcos Barbosa. Além dos monges beneditinos.

Dezenas de políticos das mais variadas tendências, como

Rosário na cor rosa (a original); a maioria das encomendas ainda é na cor azul (a atual). Além disso, muitas igrejinhas são criações próprias, a partir de originais observados em diferentes localidades ou povoados.

A procura pelas casinhas também é grande, principalmente em Lagoa Dourada. São casinhas de presépio, a maioria com telhado de duas águas e muitas com ornamentos que são comprados porque não podem ser feitos de palitos. Mas há também encomendas de réplicas de residências.

Outra curiosidade é o interesse por miniaturas de curral para as crianças brincarem. Um curral chega a ter detalhes, como cocheira, laço, banco de tirar leite e carrinho de mão. Muitas vezes, os pais compram miniaturas de animais para compor o cenário do curral encomendado.

Outra criação própria foi um castelo de papelão e massinha de biscuit (30 x 30cm); para fazer essa miniatura, Elisa inspirou-se no filme da Cinderela.

encomendas da capela dos Olhos d´Água (duas de Lagoa Dourada, uma de Conselheiro Lafaiete e outra de Contagem); e três pedidos da igreja do Bom Jesus (duas de Lagoa Dourada e uma de São Paulo).

Uma curiosidade está ligada a dois pedidos de réplicas da igreja do

Um dos próximos desafios de Elisa é a réplica da igreja Matriz de Lagoa Dourada. “Já recebi três encomendas, mas ainda não fiz porque a igreja tem muitos detalhes, muitas janelas; vai levar muito tempo (uns dois meses) e gastar muito material.”

os governadores Leonel Brizola e Franco Motoro, Francelino Pereira, Magalhães Pinto, Paulo Brossard, Darcy Ribeiro, o ex-secretário geral do Partido Comunista, Luís Carlos Prestes, e até o general Lira Tavares, ex-integrante da junta militar que governou o país, em 1969.

Dezenas de escritores e presidentes de academias, historiadores, reitores de faculdade: Austregésilo de Athaíde, Otto Lara Resende, Paulo Mendes Campos, Fernando Sabino, Hélio Pellegrino, Abgar Renault, Origines Lessa, Viana Mogg, Antônio Houaiss, Antônio Carlos Vilaça, Cândido Mendes de Almeida, José Honório Rodrigues, Vivaldi Moreira, presidente da Academia Mineira de Letras.

Muito artigos nos jornais. Entre eles destaco o de Frei Betto, na Folha, o deArtur da Távola (nome literário do saudoso Paulo Alberto, do programa na TV Quem tem medo da música clássica?”), no Globo e o de Drummond no Jornal do Brasil.

Muitos depoimentos: Aureliano Chaves, presidente da Re-

pública em exercício; Tancredo Neves, governador de Minas; Hélio Silva, historiador; Luís Viana Filho, senador; André Franco Montoro, governador de São Paulo; Sobral Pinto, advogado; José Honório Rodrigues, historiador.

Fecho com o depoimento do cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, que realça minha grande admiração: “Após o golpe de 1964, poucas vozes se faziam ouvir no Brasil. Mas o próprio Castello Branco se declarou discípulo de Alceu e por isso não calaram também Alceu. E desde então ele sempre bateu na mesma tecla da democracia, liberdade e participação do povo. Devemos a Alceu a esperança de muita gente, e muitos pensamentos autoritários mudaram após conhecê-lo”.

É o que penso. E você?

JORNAL DAS LAJES • PÁG. 13 ANO XIX Nº 239 - MARÇO 2023
Elisa e sua arte - criação própria ou por encomenda
REGIONAL
JOSÉ VENÂNCIO DE RESENDE
(*) Agradeço a Elaine Martins (Laninha) por colocar à minha disposição o livro do Leandro sobre Alceu.
“Alceu Amoroso Lima (Tristão de Athayde) deixa o humanismo como herança”

Inscrições abertas para o 23° Enduro das Lajes

Competição está marcada para o dia 16 de abril

Uma das provas esportivas mais tradicionais de Resende Costa é o Enduro das Lajes, que neste ano chega à sua 23ª edição. O evento tem muito prestígio entre os competidores, que vão se reunir na Cidade das Lajes no dia 16 de abril.

A prova, com aproximadamente 100 km, é uma das mais técnicas do gênero de regularidade na região e uma das principais do estado. Na edição deste ano, a largada e chegada acontecerão no CAT – Centro de

Atendimento ao Turista, diferente de anos anteriores, em que os pilotos se concentraram no Parque de Exposições.

A etapa será válida pelo Campeonato Mineiro e Copa Estrada Real de Enduro de Regularidade 2023. Um dos organizadores, Jonas Pinto, explica a logística da prova.

“A largada vai ser no CAT, com um movimento na Avenida dos Artesanatos, onde se concentra o turismo em Resende Costa. Os pilotos vão dar um giro, fazer um percurso e parar novamente para o neutro, ali mesmo no CAT. Será meia-hora

Papo de Esportes

de parada, para abastecimento, alimentação e algum reparo na moto. Depois eles percorrerão mais uma etapa para finalizar”.

Serão diversas categorias participantes: Elite, Graduado, Over 35, Brasil, Over 45, Intermediária, Over 55 e Novato. Além da categoria GPS e Feminina. “Vamos repetir o que fizemos no ano passado, que é a categoria feminina. As mulheres estão começando a entrar no mundo Off Road também”, destaca Jonas.

As inscrições podem ser feiras pelo site:www.copaestradareal. com.

Após boa campanha do Mineiro, Athletic se prepara para a Série D do Brasileiro

No último dia 18 de março, o Athletic se despediu do Campeonato Mineiro de 2023 após perder por 1x0 do Atlético na semifinal do estadual. Como o Galo jogava por dois resultados iguais, por ter feito melhor campanha na primeira fase do torneio, classificou-se para mais uma final do estadual ao devolver o resultado conquistado pelo Athletic em São João del-Rei.

A temporada de 2023 começou muito bem para o Athletic, que faturou a Recopa Mineira ao vencer o Democrata de Governador Valadares por 1x0. No Campeonato Mineiro, na primeira fase, foi o segundo melhor colocado, com 62% de aproveitamento. Foram 4 vitórias, 3 empates e 1 derrota, consagrando-se o melhor time do interior, pelo segundo ano consecutivo, com 13 gols feitos e oito sofridos.

Na semifinal, surpreendeu ao vencer o Atlético no Estádio Joaquim Portugal por 1x0. No jogo da volta, o Atlético venceu por 1x0 em BH, no Independência, mas com lance polêmico. O goleiro Everson bateu com a mão no rosto do Nathan dentro da grande área. O VAR chamou o árbitro de campo, mas a decisão foi de não marcar a penalidade máxima. A despedida do Athletic do estadual também marcou a despedida do técnico Roger. O técnico vai fechar com

O dia em que o Galo jogou em São João del-Rei

Os ingressos começariam a ser vendidos às 12 horas. O primeiro torcedor chegou às 8h. A carga era pequena e a expectativa era gigante para garantir um dos 403 ingressos para a torcida visitante do jogo entre Athletic x Atlético/MG, válido pela semifinal do Mineiro 2023. Se não dava para ser da torcida atleticana, o jeito foi assistir pelo lado do Athletic – mas de preto e branco para preto e branco, estava tudo certo. E assim, muitos atleticanos dividiram a arquibancada com os torcedores do Athletic, que fizeram a festa com um resultado pouco provável –a vitória do Esquadrão de Aço.

de acompanhar de pertinho a história acontecer.

o Pouso Alegre para treinar a equipe do Sul de Minas na Série C do Brasileiro. Outros contratos também se encerraram, porém novos reforços devem ser anunciados para o restante da temporada. A Série D do Brasileiro começa no dia 06 de maio, com o Athletic enfrentando o Nova Iguaçu fora de casa. Os clubes terão o direito de inscrever até 50 jogadores na competição nacional de futebol. A data limite para inscrição será 4 de agosto.

As 64 agremiações esportivas ficaram dividas em oito grupos regionalizados, respeitando o formato das últimas edições do torneio. Os clubes jogarão em partidas de ida e volta. Ao todo, 14 rodadas serão

disputadas. Os quatro melhores colocados de cada chave avançarão para a segunda fase da Série D do Brasileirão, no conhecido modelo de mata-mata. As quatro melhores equipes classificadas subirão para a Série C de 2024.

PREMIAÇÃO

Neste ano, a CBF distribuirá R$ 25 milhões para os participantes do campeonato. Pela primeira fase, cada clube vai receber R$300 mil – pagos em três parcelas.

O Athletic está no Grupo 6, ao lado de Nova Iguaçu, Democrata GV, Santo André, Portuguesa-RJ, Real Noroeste-ES, Vitória-ES e Resende.

V.R.

Estive na reportagem de campo de 12 jogos do Athletic no início da temporada de 2023. Pela Rádio Emboabas, pude acompanhar muito mais do que as boas defesas da zaga, o meio de campo consolidado e o ataque de um time, que por vezes era limitado, mas sempre muito bem treinado. Acompanhei a realidade do futebol interior vivo.

Há três anos, o Athletic na Série A do Campeonato Mineiro vem sendo destaque na região. E, pela primeira vez, os torcedores atleticanos tiveram a oportunidade de ver acontecer em São João del-Rei um jogo do time do coração. E se a diretoria do Galo fez proposta milionária para o jogo acontecer na capital, os torcedores do interior valorizaram a chance de milhões

Recebi inúmeras mensagens de amigos e familiares querendo saber onde o time iria ficar hospedado. Não queriam perder a oportunidade, e não perderam. Distribuição de autógrafos ainda na pousada, gritos eufóricos, cantos entoados e carreata para receber a delegação atleticana.

Ouvi de um companheiro de mídia da capital: “Os jogadores estão cansados, Libertadores no meio de semana. Mas a sensação de estar em casa, mesmo há quilômetros da capital, é algo impagável”. E percebi o quão impagável foi, mesmo com ingressos a R$150,00, a sensação de receber jogadores que estão se tornando ídolos da torcida na porta de casa.

Após o apito final, muitas entrevistas polêmicas, dentro e fora de campo. Mas a certeza que fica é: 12 de março será sempre o dia em que o Galo jogou em São João del-Rei.

PÁG. 16 • JORNAL DAS LAJES ANO XIX Nº 239 - MARÇO 2023 VANUZA RESENDE ESPORTE
O campeonato
começa em maio
O Athletic fez, mais uma vez, brilhante campanha no Campeonato Mineiro
VANUZA RESENDE
Foto: Gustavo Rabelo Foto: CAMDivulgação Presença de astros do Atlético, como o atacante Hulk, agitou a torcida em São João de-Rei
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.