IHGM EM REVISTA - 4: JANEIRO a JUNHO 2023

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IHGM EM REVISTA

EDIÇÃO ELETRÔNICA

Número 4 – JANEIRO – JUNHO - 2023

SÃO LUIS – MARANHÃO COMISSÃO EDITORIAL

EDMILSON SANCHES (Diretor de Divulgação) - Presidente

JOSÉ MARCELO DO ESPÍRITO SANTO (Coordenador)

IRAN DE JESUS RODRIGUES DOS PASSOS CRISTIANO DE LIMA VAZ SARDINHA

JOSÉ AUGUSTO SILVA OLIVEIRA

A presente obra está sendo publicada sob a forma de coletânea de textos fornecidos voluntariamente por seus autores, com as devidas revisões de forma e conteúdo. Estas colaborações são de exclusiva responsabilidade dos autores sem compensação financeira, mas mantendo seus direitos autorais, segundo a legislação em vigor.

EXPEDIENTE

DIRETORIA DO IHGM GESTÃO 2021-2023

PRESIDENTE DILERCY ARAGÃO ADLER

VICE-PRESIDENTE JOSÉ AUGUSTO SILVA OLIVEIRA

1º SECRETÁRIO ASSIR ALVES DA SILVA

2º SECRETÁRIO MADALENA MARTINS DE SOUSA NEVES

1º TESOUREIRO RAIMUNDO NONATO SERRA CAMPOS FILHO

2º TESOUREIRO MARIA GORETTI CAVALCANTE DE CARVALHO DIRETOR DE PATRIMONIO EDNA MARIA DE CARVALHO CHAVES DIRETOR DE DIVULGAÇÃO EDMILSON SANCHES

CONSELHO FISCAL TITULARES

CRISTIANO DE LIMA VAZ SARDINHA ABIANCI ALVES DE MELO JOSÉ BELLO SALGADO NETO

CONSELHO FISCAL SUPLENTES ALDY MELLO DE ARAÚJO FELIPE COSTA CAMARÃO ANA LUIZA ALMEIDA FERRO

COMISSÃO EDITORIAL

Presidente – EDMILSON SANCHES (Diretor de Divulgação)

MEMBROS – JOSÉ MARCELO DO ESPÍRITO SANTO (Coordenador)

IRAN DE JESUS RODRIGUES DOS PASSOS

CRISTIANO DE LIMA VAZ SARDINHA (Conselho fiscal)

JOSÉ AUGUSTO SILVA OLIVEIRA (Vice-presidente)

REDATORES/DIRETORES/EDITORES DA REVISTA DO IHGM

SECRETÁRIO/REDATOR

DIRETOR DE DIVULGAÇÃO DIRETOR DE DIVULGAÇÃO DIRETOR DE DIVULGAÇÃO DIRETOR DE DIVULGAÇÃO DIRETOR DE DIVULGAÇÃO EDITOR DIRETOR DE DIVULGAÇÃO DIRETOR DE DIVULGAÇÃO EDITOR DIRETOR DE DIVULGAÇÃO
DE
DIRETOR COORDENADOR Revista INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO Rua de Santa Rita, 230, Centro 65015-430 - São Luis - Maranhão
DIRETOR
DIVULGAÇÃO

O Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão (IHGM) é uma instituição da sociedade civil de estudos de caráter científico que tem como objetivos estudar, debater e divulgar questões sobre história, geografia e ciências afins, referentes ao Brasil e, especialmente, ao Maranhão, dentre outras finalidades.

Fundado em em 20 de novembro de 1925, na cidade de São Luís, em comemoração ao centenário do imperador D. Pedro II, sendo sócios fundadores da instituição: Antônio Lopes da Cunha, Justo Jansen, José Domingos da Silva, José Ribeiro do Amaral, Wilson da Silva Soares, Domingos de Castro Perdigão, Barros e Vasconcelos, Pe. Arias de Almeida Cruz, Pe. José Ferreira Gomes, José Pedro Ribeiro e José Eduardo de Abranches Moura.

Entre suas finalidades estão: estudar, debater e divulgar questões sobre história, geografia e ciências afins, referentes ao Brasil e, especialmente, ao Maranhão; cooperar com os poderes públicos em estudos que visem ao engrandecimento científico e cultural do Estado, colocando-se à disposição das autoridades para responder a consultas e emitir pareceres sobre assuntos pertinentes às suas finalidades; defender e velar pelo patrimônio histórico do Maranhão.

O IHGM possui um calendário cultural anual para comemoração das datas relevantes da história, promovendo palestras, seminários, conferências, simpósios, cursos, além de disponibilizar o acervo para consultas e promover visitas guiadas.

Atualmente o IHGM é composto por sessenta membros.

Fundadores IHGM.

GALERIA DE PRESIDENTES

JUSTO JANSEN FERREIRA 1925 - 1930 JOSÉ DOMINGUES 1930 - 1933 JOÃO BRAULINO DE CARVALHO 1933/1953 LEOPOLDINO LISBOA 1953/1955 ELIZABETO BARBOSA DE CARVALHO 1955/1957 DOMINGOS VIEIRA FILHO 1957/1961 RUBEN ALMEIDA 1967/1972 JOSÉ DE RIBAMAR SEGUINS 1972/1994 JORGE HÉDEL ÁZAR 1994/2000 EDOMIR MARTINS DE OLIVEIRA 2000/2002 NYWALDO MACIEIRA 2002/2006 ENEIDA VIEIRA DA SILVA OSTRIA DE CANEDO 2006/2010
EUGES
TELMA DOS SANTOS REINALDO 2010/2014
LIMA 2014/2018 JOSÉ AUGUSTO SILVA OLIVEIRA 2018/2021
DILERCY ARAGÃO ADLER 2021/2023

"O Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão é obra perene que se sucede no tempo, é órgão que se insere na vida histórica do Estado do Maranhão” (Art. 42 do Estatuto do IHGM).

O Estatuto do IHGM, no seu Capítulo I, que trata DOS TÍTULOS E DAS FINALIDADES, apresenta como VIII Finalidade a de “Editar revista periódica, em cujas páginas sejam insertos os trabalhos apresentados às reuniões, e registradas as atividades deste IHGM;” . No entanto, não tem sido fácil ao longo destes quase 98 anos publicarmos as revistas com a regularidade desejada.

Essarealidade adversa meinduz aparafrasearopoema“O MEU DESEJO”, com a dedicatória “Aum jovem poeta guimaraense”, de Maria Firmina quando diz:

São estes meus votos ─ sim. Nem outra coisa eu almejo.

E que mais posso eu querer? Ver-te Camões, Dante ou Milton, Ver-te poeta ─ e morrer.

E eu digo, a esta quase centenária Casa:

“São estes meus votos ─ sim. Nem outra coisa eu almejo.

E que mais posso eu querer?” ...

além de ver o sonho de Antônio Lopes realizado, “que esta Casa seja um dia um formoso Templo ”

Mas isso só será possível se todos os que convivem neste Sodalício se empenharem em realizar esse ideal, pois sabe-se que concretizar todas as finalidades do IHGM requer muita disposição de cada sócio e recursos financeiros.

Notocante aestenúmero daRevistaEletrônica,significamais um esforço hercúleo,paranãoficarem perdidos acontecimentos e produções dos sócios e colaboradores do nosso Instituto, o que fica evidenciado ao ser observado o período de publicação desta revista: seis meses, o dobro do que normalmente buscamos cumprir. Mas, o importante é que ela está aqui, ao seu dispor, caro leitor, e o convidamos para visitar as redes sociais do IHGM: site (ihgm.org.br), blog (http://ihgm1.blogspot.com/) Instagram (ihgm1925) que complementarão as informações sobre fatos e produções.

Talvezo quetenhamos como justificativasejaque 2023foium anoabençoadoporefemérides, dentre as quais, dois importantes bicentenários: o da Independência do Brasil no Maranhão e o do nascimento do imortal Antônio Gonçalves Dias, que é Patrono da Cadeira de Nº 20 na Casa de Antônio Lopes. Já tomaram posse nessa Cadeira os também imortais, Dr. João Braulino de Carvalho,1º ocupante; João Lima Sobrinho, 2º ocupante e, atualmente, é ocupada pela ilustre confreira, Dra. Elimar Figueiredo de Almeida Silva.

Junto a essas importantes datas temos algumas comemorações que devem ser celebradas todos os anos, como o Dia Internacional da Mulher, o Dia da Mulher Maranhense, dentre outras.

Também neste semestre tivemos um significativo acrescentamento no Quadro de Sócios Efetivos e, igualmente, no Quadro de Sócios Correspondentes e Honorários, o que de certa maneira dá mais vigor na Casa. O IHGM tem necessidade de experiências consagradas, proporcionadas pelos anos vividos na Casa pela maioria dos seus sócios, assim como daquelas provenientes dos neófitos que adentram à Casa de Antônio Lopes. E, neste caso, ambos imbuídos de generosidade e afeto, associados à empenho da construção e compartilhamento do saber.

FALA DA PRESIDENTE

Nosso agradecimento a todos os autores de textos, protagonistas e parceiros de eventos e, em especial, ao confrade Leopoldo Gil Dulcio Vaz, por dispor, com muito esmero e dedicação, grande parte do seu tempo a organizar todas as matérias que integram este número da Revista.

Ainda é pertinente declarar que esta Diretoria está convicta da necessidade do cumprimento das finalidades desta Casa e espera que ela progrida e se afirme, sempre, como um marco de referência positiva no Maranhão, no Brasil e no mundo, e por isso a todos desta Diretoria a minha gratidão, extensiva a todos os sócios e sócias desta Casa

São Luís, 30 de junho de 2023. Dilercy Adler

PALAVRAS DO DIRETOR

Os acontecimentos dos dias mais recentes. As ocorrências dos meses anteriores.

A posse de novos membros. Os escritos dos associados mais antigos.

O texto de grandes discursos. As elucidativas notas de pé de página.

Os destaques e o brilho dos que, “ex officio”, vivem sob holofotes. O registro aligeirado dos que preferem o “chiaroscuro”, o “sfumato”.

As poucas horas de um evento. Os duzentos anos de um nascimento (Gonçalves Dias, em 1823).

Asimagensquedizemvalermilpalavras.Aspalavrasquenãosedeixamvernememmilimagens. Discursos. Destaques. Eventos. Pessoas. Livros.

Tudo História ou registros para ela.

Este número traz um “apanhado” de fatos e uma seleção de textos que estavam dispersos por aí, em colunas inelásticas de páginas de jornais e nos espaços de redes sociais e outros redutos virtuais, digitais.

Trazidos esses conteúdos de ler e ver para desta nova edição da “IHGM em Revista”, ganham eles unidade (isto é, unificação, homogeneidade) e unicidade (um lugar único, onde possam ser compulsados, consultados).

E esta é a magia e dádiva das publicações como esta: acrescentam, ao brilho do que seria efêmero, a consistência do que pode ser eterno.

Senão tudo, mas muito do que o Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão é, tem e faz, e quem são e o que pensam, fazem e escrevem seus membros senão tudo, repita-se, mas muito disso está aqui, neste quarto número da “IHGM em Revista”.

Veja e leia suas páginas.

SUMÁRIO EXPEDIENTE 2 FALA DA PRESIDENTE 7 PALAVRAS DO DIRETOR 9 SUMÁRIO 10 EDITAL DE CONVOCAÇÃO PARA ELEIÇÕES 12 POSSE 13 DISCURSO DE POSSE PROFERIDO PELO PROF. JONILSON SILVA BOGÉA, NO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO, CASA DE ANTONIO LOPES, NA CADEIRA Nº JONILSON SILVA BOGÉA, CADEIRA Nº46 PATRONEADA POR DOM FRANCISCO DE PAULA E SILVA - EM 12.05.2023 14 DISCURSO DE RECEPÇÃO NO IHGM A WANDACUNHA (CAD. 33-FREI CRISTOVÃO DE LISBOA) E JONILSON BOGÉA (CAD. 46 D. FRANCISCO DA PAULA E SILVA) - 12 MAIO DE 2023 18 DIA DA MULHER MARANHENSE 24 MARANHENSES CHARLES MARTIN 25 ESTÓRIA E HISTÓRIA: MOMENTOS DE MARIA FIRMINA DOS REIS CHARLES MARTIN 29 INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO É HOMENAGEADO EM SESSÃO SOLENE COM POSSE DE NOVOS MEMBROS 34 DISCURSO PROFERIDO NA SESSÃO SOLENE DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA EM ALUSÃO AOS PREPARATIVOS DO CENTENÁRIO DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO-IHGM, CASA DE ANTÔNIO LOPES (23/06/2023) 40 ARTIGOS 43 CADEIRA 01 - DILERCY ARAGÃO ADLER 44 CADEIRA 06 –RUY PALHANO SILVA OS VÍCIOS DA VIDA MODERNA 58 CADEIRA 09 - ANTONIO GUIMARÃES DE OLIVEIRA DIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 59 CADEIRA 08 - EDMILSON SANCHES NENECA MOTTA MELLO, 7 ANOS DEPOIS AO MHARIO LINCOLN FALANDO EM SILÊNCIO... ACADEMIA DE CURITIBA HOMENAGEIA MARANHENSE CRÔNICA DA ESPERANÇA CRÔNICA 60 A 70 CADEIRA 11 – SALVIO DINO DE CASTRO E COSTA JUNIOR SÁLVIO DINO ENALTECE INICIATIVA DA ASSEMBLEIA EM RECONHECER TRABALHO DO IHGM 71 CADEIRA 13 - FELIPE COSTA CAMARÃO 73 CADEIRA 20 - ELIMAR FIGUEIREDO DE ALMEIDA SILVA PREITO A GONÇALVES DIAS 74 CADEIRA 21 – JOSÉ AUGUSTO SILVA OLIVEIRA PREITO A ROSA MOCHEL: UMA PIONEIRA NA AGRONOMIA DO MARANHÃO 80 CADEIRA 22 - EUGES LIMA –O ACIDENTE AÉREO QUE ABALOU SÃO LUÍS "RUDIMENTOS DE GEOGRAFIA" DE ANTÔNIO REGO. "VINTE ANOS SEM MARIO MEIRELLES". UM INCONFIDENTE EM SÃO LUIS A COLONIZAÇÃO AÇORIANA NO MARANHÃO 83 A 91 CADEIRA 36 - ANA LUIZA ALMEIDA FERRO PALESTRAS 92 CADEIRA 40 – POSSE: 2008 – LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ O “QUINZE”, AS MIGRAÇÕES NORDESTINAS, O FUTEBOL: ALGUMAS ILAÇÕES “AS WE MAY THINK” ALGUMAS NOTAS SOBRE LUTAS NO MARANHÃO ANO DE GONÇALVES DIAS PUBLICAÇÕES – EDIÇÃO DE REVISTAS 98 A 137

CADEIRA 43 - ALINE CARVALHO DO NASCIMENTO

CADEIRA 47 - JOAQUIM ELIAS NAGIB PINTO HAICKEL

DISCURSO
CARVALHO
NASCIMENTO,
NOVA SÓCIA EFETIVA DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO 138
ARAÚJO A IDEOLOGIA GLOBALISTA 143
IGUALDADE E EQUIDADE 17 PERGUNTAS E SUAS RESPOSTAS INCOMODAS SOBRE VERDADE E POLÍTICA, A PEDIDOS CELSO BORGES RUÍDO NA COMUNICAÇÃO TESTANDO O CHAT GPT 144 A 153 CADEIRA
O PRÍNCIPE GASTÃO DE ORLÉANS NO MARANHÃO O PRIMEIRO BRASÃO DE SÃO LUÍS DO MARANHÃO OS JARDINS DO SOBRADO N. 500 DA RUA DE SÃO JOÃO 154 A 158 COLABORADORES 159 MANOEL DOS SANTOS NETO POR QUE MATARAM DÉCIO SÁ? HÁ 16 ANOS, MORREU ESCRETE, O POETA QUE CANTOU A SEREIA DO MARANHÃO 160 ANTONIO NOBERTO IMAGEM DAS RUÍNAS DO FORTE DE SÃO FRANCISCO (ANTIGO FORTE SARDINHA, DOS FRANCESES) 410 ANOS DE NOSSO PRIMEIRO SÃO JOÃO 164 JOSEMIR CAMILO DE MELO PERNAMBUCO E SUA LONGA INDEPENDÊNCIA 167 HARLAN GADELHA RASGARAM A CONSTITUIÇÃO DA ESPERANÇA 169 ACONTECEU 170 A 178
DE RECEPÇÃO À BIBLIOTECÁRIA ALINE
DO
COMO
CADEIRA 45 - ALDY MELLO DE
56 –DIOGO GUAGLIARDO NEVES

POSSES

HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO, CASA DE ANTONIO LOPES, NA CADEIRA Nº

JONILSON SILVA BOGÉA, CADEIRA Nº46 PATRONEADA POR DOM FRANCISCO DE PAULA E SILVA - EM 12.05.2023

Senhoras e senhores, boa noite a todos!

Em virtude do avançar da hora, deixo de nominar e cumprimentar individualmente as autoridades e os integrantesdestamesade honra,masem nomeda Presidentedo InstitutoHistóricoeGeográficodo Maranhão, Prof.ª Dr.ª Dilercy Aragão Adler, venho saudar os membros da mesa, assim como todos os presentes neste recinto.

De forma objetiva, farei o elogio ao meu Patrono da Cadeira Nº46 do IHGM: DOM FRANCISCO DE PAULA E SILVA, que foi o 23º Bispo da Diocese de São Luís, atuando no período de 1907 a 1918, nasceu em 21 de outubro de 1866, em Douradinho, município de Machado/MG; foi aluno do colégio do Caraça em Minas e decidiu aos 22 anos entrar para a Congregação das Missões ou dos Padres Lazaristas, cujo fundador foi São Vicente de Paula, isso nos finais do século XVII, que motivou de um lado, a evangelização das populações carentes e humildes, e de outro lado, a formação do clero paroquial, nos seminários diocesanos.

Como lazarista, FRANCISCO DE PAULA viajou para a Europa, e na França, nas cidades de Paris e Dax fez o curso Superior de Teologia. Ordenou-se sacerdote aos 26 anos, na França. Retornando ao Brasil, o seu primeiro campo de ação foi o Seminário Arquiepiscopal em Salvador/BA. Prosseguindo a sua jornada, serviu em Petrópolis, no Rio de Janeiro e também em Caraça/MG, quando então foi Reitor do colégio em que na sua juventude havia estudado, nele trabalhando por quase 20 anos. Só interrompendo seu mandato na escola, para atender a convocação do sumo pontífice, que a ele confiou a Diocese do Maranhão. Aqui chegando, seu desembarque foi acompanhado de certa frieza e reduzido número de pessoas. De um lado a imprensa local com reportagens acintosas, de outro as PICHAÇÕES pelos mais diversos cantos de São Luís, com a frase:

“FORA O BISPO SANGUINÁRIO”. Tudo isso, por conta de uma entrevista, que dias antes, DOM FRANCISCO havia concedido à imprensa carioca, quando foi a favor da EXECUÇÃO DE UM ANARQUISTA por ordem do governo espanhol, ato este, que causou constrangimento Mundial. Agora avaliem, se fosse no dias atuais: com a velocidade de informações e a presença de whatsapp, telegram e instagram.

Mas DOM FRANCISCO conseguiu superar esse fato, trabalhando com humildade, coragem, persistência e fé, tendo assim, obtido resultados positivos. E mesmo estando a diocese sem recursos financeiros e praticamente sem padres, DOM FRANCISCO, com muita luta, reabriu o Seminário Maior. Recorreu a várias estratégias euma delas foi arealizaçãode frequentesviagens, avárioslugares doBrasil,ondetrabalhava ainda mais, além de pedir, e "às vezes até esmolar", conforme declarações nos seus apontamentos. Tudo isso, para captar recursos e colocar no depósito economias que viessem auxiliar na formação de mais um padre.

Após 10 anos de sua permanência no Maranhão, quando planejavam comemorar as suas bodas de prata pelo seu sacerdócio, e foi consultado a respeito de uma lembrança, respondeu que:

“Nada melhor do que a criação de uma bolsa permanente para o seminário, que poderia se chamar bolsa Dom Francisco e finalizou dessa forma: Poder manter sempre um menino pobre no seminário! Que bela comemoração de nossas bodas de prata de sacerdócio, que magnífica comemoração de nossos 10 anos de bispo”.

Noperíodode10anos,DomFranciscoconseguiusoerguerfinanceiramenteadiocese.Atravésdoseutrabalho, trouxeos irmãos Maristas aoMaranhão,queforam porele acolhidos e com o seuapoio, fundaram oginásio São Francisco de Paula, para meninos, no próprio Palácio Episcopal.

Dom Francisco foi autor de obras importantes, e se destacou como historiador. Escreveu ARMORIAL DA IGREJA MARANHENSE, acompanhado de desenhos originais de sua autoria e também APONTAMENTOS PARA A HISTÓRIA ECLESIÁSTICA DO MARANHÃO. O primeiro, data de 1917, e o segundo, de 1922.

DISCURSO DE POSSE PROFERIDO PELO PROF. JONILSON SILVA BOGÉA, NO INSTITUTO

Esteúltimo,principalmentetemservidobastante, comofontedepesquisa,sendoumaextraordináriareferência no quadro da história da igreja no Maranhão.

Neste ato, eu aproveito a oportunidade para fazer um registro de agradecimento especial, à gestora da casa de Cultura Josué Montello, Sr.ª JOSEANE MARIA DE SOUZA E SOUZA, que através dela, eu pude ter em minhas mãos, exemplares originais dessas obras, com mais de um século de idade. E grande foi a minha emoção, em manusear as duas obras raras, elaboradas pelo patrono de minha cadeira, Dom Francisco de Paula e Silva.

Ainda como Bispo no Maranhão, Dom Francisco desempenhou com êxito uma missão no Amazonas, conforme determinação do Papa Pio X, que quis elevar tal diocese à categoria de arcebispado, visando a sua promoção, e ao mesmo tempo, permanência no cargo, o que não foi aceito pelo bispo, por preferir continuar no Maranhão. Em 1918, quando fazia as suas atividades pelo interior do Maranhão, Dom Francisco adoeceu gravemente, na cidade de Araioses, e foi levado às pressas para Parnaíba, no Piauí, por ter melhores recursos, porém, não resistiu, e veio a óbito no dia primeiro de junho de 1918.

Antes de morrer, pediu para ser enterrado no Maranhão e foi atendido. Embalsamado, fizeram o seu traslado para a capital maranhense e seu corpo foi recebido por quase 30 mil pessoas, no mesmo local da sua chegada em 1907, quando aguardavam apenas um pequeno número de fiéis, e o saudaram como O BispoSanguinário.

Considerado o Apóstolo da Palavra e o maior Bispo de sua época no Maranhão, DOM FRANCISCO foi acolhido para Patrono da Cadeira Nº46 no IHGM. Pelas suas qualidades, tornou-se admirado dentro e fora do Estado, até mesmo pelos não católicos.

Em sua homenagem, foi mandado confeccionar um busto de bronze, que até hoje se mantém opulento, em frente à Diocese de Nossa Senhora da Vitória, mais conhecida como nossa Igreja da Sé, nesta capital. DOM FRANCISCO acabou sendo um grande exemplo de RESILIÊNCIA

e SUPERAÇÃO para todos nós!

Na sequência passamos a tratar sobre o 1º ocupante da Cadeira Nº46 do IHGM foi:

*LUIZ DE MORAES REGO, um dos mais conhecidos nomes da intelectualidade maranhense, nascido em 28 deoutubrode1906nestacapital. Foi professor normalistaeformou-seem farmacêutico químico. Em 1933, foi aprovado em concurso federal para Inspetor Fiscal em Belém e logo depois no concurso de catedrático de ciências físicas e naturais do Liceu maranhense

Além de professor no Liceu e do Colégio São Luís, Luiz Rego lecionou em várias escolas e faculdades neste Estado.

O Professor Luiz Rego ocupou vários cargos públicos e desempenhou funções relevantes na área da educação: foi Secretário de Educação e Cultura do Estado; Presidente da Fundação Paulo Ramos e Diretor da Escola Normal do Estado, onde empreendeu verdadeira revolução pedagógica, fazendo a mudança de métodos de ensino, grade curricular, atividades extra-classe, práticas educativas, dentre outros.

Pessoa de fino trato, muito educado, LUIZ REGO era conhecido pela competência, criatividade e disponibilidade, em todas as situações. Muito culto, era sócio da Academia Maranhense de letras onde ocupava a cadeira número 4. Publicou os trabalhos MEU DESEJO DE SER ÚTIL; QUESTÕES DE EDUCAÇÃO E A NOSSA SOCIEDADE e A NOSSA EDUCAÇÃO. Escreveu muitos artigos publicados na imprensa local em revistas educacionais. Por fim, faleceu nesta cidade de São Luís, em 09 de janeiro de 1987.

Prosseguindo, trataremos agora da última pessoa ocupante da cadeira 46, que me antecedeu:

*MARIA ESTERLINA MELLO PEREIRA, brasileira, maranhense, casada, professora, nascida em 16 de agosto de 1935, tem curso superior em Bacharelado e também Licenciatura, em Geografia e História pela Faculdade de Filosofia da Universidade Federal do Maranhão. É também Bacharela em direito pela Universidade Federal do Maranhão, tem Mestrado em História pela Universidade Federal Fluminense.

Foi condecorada com a Medalha do Mérito Timbira concedida pelo governador do estado do Maranhão no ano de 1987; foi condecorada com a Medalha Antenor Bogéa, concedida pela OAB/MA e também foi condecorada com o Prêmio Guará da Amizade pela UFMA.

Aposentada pela Universidade Federal do Maranhão e pela Secretaria de Educação do Estado do Maranhão. Tem um currículo muito extenso com 21 páginas e recebeu o diploma de sócio honorário do IHGM, no dia 16 de novembro de 2022. Mas me atrevo a dizer que, posso resumir a vida e obra da Professora Esterlina, como sendo uma professora fantástica, que muito se doou pela educação, especialmente, nas áreas de História, Turismo e Direito, recebendo várias condecorações e homenagens em vida, o que é importante.

Eu tive o privilégio de conversar com ela e ser muitíssimo bem recebido em sua casa, podendo desfrutar de sua boa companhia, por alguns minutos. E confesso, um fato interessante: quando eu ali cheguei, para minha surpresa, fui informado que ela estava com Alzheimer, mas a sua sobrinha me disse que ela lembrava de algumas coisas, então, eu perguntei sobre as pessoas do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, às quais ela lembrava? E ela me respondeu que lembrava sim, de algumas. E eu então insisti, perguntando de quem ela lembrava? E ela, sorrindo, respondeu: Caetano Veloso.

Daí eu disse: - Ah! Então, a senhora conhece aquela música: “debaixo dos caracóis dos seus cabelos, uma história pra contar, de um mundo tão distante...” então, nós começamos a cantar juntos a música. E cantamos a música toda, até o final e os parentes dela ficaram emocionados, em vê-la cantando e lembrando a letra daquela bela música. Depois a sobrinha dela pegou todas as medalhas e comendas que ela recebeu e expôs em uma mesa, e eu as fotografei.

E com isso, eu recebi uma grande lição:

A de que o TEMPO É REALMENTE IMPLACÁVEL!

Eu costumo dizer que, “o tempo um inimigo, que eu tenho como amigo!”

Mas em determinado momento todos nós seremos DEVORADOS pelo TEMPO, a questão é que não sabemos quanto tempo teremos até que isso aconteça.

O tempo é a matéria-prima que rege as atividades no Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, uma das mais longevas instituições do Estado, fundada a quase 100 anos.

Somos testemunhas privilegiadas dos acontecimentos históricos que o mundo atravessa e aqui temos a obrigação de deixar para as gerações futuras, esse testemunho e o devido registro.

Preservar a história e a memória, tornando-a acessível aos cidadãos desta e de outras gerações, representa uma missão que exige profunda consciência de interesse público coletivo.

Cada membro deste IHGM representa em sua cadeira, “o elo vivo de uma grande corrente, formada por outros elos, alguns deles, que não mais estão aqui em forma carnal, mas sim, espiritualmente integrados”, no ciclo vital deste Instituto, que zela pela conservação do saber literário, histórico e geográfico do Maranhão

Agradeço ao tempo por oportunizar a experiência de estar e frequentar o mesmo ambiente de Cultura onde mulheres e homens ilustres tem engrandecido e perenizado a arte de Nossa Terra.

E aí, eu fico pensando: como é que eu vim parar aqui?

Eu que não tenho a sabedoria, nem a experiência semelhante aos meus colegas, aqui empossados hoje, mas quero contribuir da forma como eu mais gosto, poeticamente:

Então, eu digo a vocês o seguinte:

É uma satisfação estar hoje, aqui

Na casa de Antônio Lopes, Que caminha rumo ao Centenário

Sob a gestão da Presidente Dilercy

Cercada de membros visionários!

Neste ambiente de pesquisadores

Consagrados e exigentes

Contando com grandes instrutores

Dedicados e inteligentes!

Na verdade lutadores

Que superam as dificuldades

E também são vorazes leitores

Ressuscitando saudades!

E de fato: “Não há história sem registro!”

Então, preservemos nossas recordações

Buscando a verdade nos arquivos

Zelando pelo bem de nossas tradições

Honremos a digna Memória

Dos célebres membros antecessores

Que buscaram sempre a vitória

Ainda que alguns taxados de sonhadores!

O legado que deixaram

Jamais será esquecido

Tudo ficando assim, bem guardado

Através do tempo transcorrido!

Rogamos que os gestores

Continuem dispostos e abençoados

Sendo de fatos condutores

De conhecimentos e aprendizados

Neste dia doze de maio

Do ano dois mil e vinte e três

Agora uma última coisa

Eu digo aqui a vocês:

Ingressar neste sodalício

Ao lado de grandes personalidades

Gera um contentamento vitalício

De grande satisfação na verdade

Justamente nesta turma brilhante

Ao lado de Wanda Cunha, Trovão e Dr. Baial

Torna-se ainda mais emocionante

Esse momento marcante e magistral

A todos os confrades e confreiras

Externo aqui minha eterna GRATIDÃO

Por doravante, integrar o quadro de membros

Do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão.

DISCURSO DE RECEPÇÃO NO IHGM A WANDACUNHA (CAD. 33-FREI CRISTOVÃO DE LISBOA) E JONILSON BOGÉA (CAD. 46 D. FRANCISCO DA PAULA E SILVA) - 12 MAIO DE 2023

Dilercy Aragão Adler, Presidente do IHGM, Casa de Antônio Lopes, Bendito culto, que evoca o passado para o brilho do presente e torna cada vez mais entranhado o amor àterramaranhenseesuasglórias.Guardamosumtesourofeito derecordaçõesdefatoseressurreições de vultos. O nosso tesouro não é transmutável em moeda, que, por efeito de regimes de inflação pode valer... Papel impresso e nada mais, na realidade. De que vale o dinheiro diante da bondade, do ideal, da ciência ou da arte?

Antônio Lopes

Com essas palavras de Antônio Lopes quero saudar a todos desta Mesa, a todos os sócios desta Casa, os familiares, os convidados e, em especial, os novos ingressantes no quadro de sócios efetivos desta Casa de Antônio Lopes: a escritora Wanda Cristina da Cunha e Silva, na Cadeira de n° 33, patroneada por Cristóvão de Lisboa e dos escritores José Ribamar de Castro Ramos (Baial Ramos), na Cadeira de n° 03, patroneada por Diogo de Campos Moreno, José Ribamar Trovão, na Cadeira de n° 42, patroneada por Antônio Rego e Jonilson Silva Bogéa, na Cadeira de n° 46, patroneada por Francisco de Paula e Silva.

Senhoras e Senhores,

Não podemos falar desta Casa sem falar do seu fundador e Secretário Perpétuo, Antônio Lopes da Cunha. Não podemos deixar de falar das suas motivações, das suas lutas, que não foram poucas, dos seus sonhos, que foram muitos, e do seu grande ideal de que o Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão fosse “[...] um dia formoso templo diante de cujo pórtico as gerações futuras de maranhenses possam compreender o valor e significação dos versos de Sousa Andrade: ‘Dobrai os joelhos, beijai esta terra/De nobre passado, sabei terlhe amor.’”

Toda história, seja de pessoa, seja de instituição ou sociedade, apresenta um transcurso, nem sempre linear, uns com momentos de maiores feitos, produtividade e felicidade, e outros, permeados por adversidades, decepções, frustrações. Assim também aconteceu com o IHGM ao longo dos seus 98 anos de existência. Trago como exemplo a palavra do Secretário Perpétuo desta Casa registrada no livro “Antônio Lopes: Estudos diversos” SIOGE,1973, Obra Póstuma, cuja iniciativa devemos ao Departamento de Cultura, que então tinha na sua direção a notável intelectual Arlete Nogueira da Cruz, atendendo à solicitação da viúva de Antônio Lopes, Maria de Lourdes Lopes, que, segundo a própria Arlete, tinha admirável devoção ao marido. Após esse esclarecimento sobre a preciosa obra, retomo a tarefa anterior de citar um exemplo de tempos difíceis: em 1946, aos 21 anos da fundação do IHGM, Antônio Lopes demonstrava preocupação com seu funcionamento e acervo, ao declarar:

O Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão precisa de uma casa onde possa instalar-se com o que ainda resta das coleções do seu museu (e ainda há muita coisa preciosa), de uma subvenção dos cofres públicos para custeio das suas despesas de expediente, conservação do museu e biblioteca, além de publicação da sua revista. Sonhador impenitente, quantos tempos sonhará com isso? Já sonha há 20 anos e continuará a sonhar. Um dia verá realizado o seu sonho. Tenhamos fé. (Lopes,1973 p. 112).

Neste traço de personalidade do Patrono desta Casa, “Sonhador impenitente”, no sentido de persistência, é que tantas outras administrações se inspiraram. E eu endosso: Só os ousados, fortes e destemidos,

quando revestidos de muito amor pelo outro e pelo coletivo, conseguem ultrapassar as barreiras do (im)possível!

Necessitamos, pois, necessitamos fortalecer a Casa de Antônio Lopes, e este momento de recepção de quatro intelectuais de diferentes áreas do conhecimento e labor, mas com a característica peculiar de pesquisadores/estudiosos adentrando nesta Casa para agregar mais valores, os seus nobres valores, materializam esse desejo.

A mim coube, hoje, a honra de apresentar Wanda Cristina da Cunha e Silva e Jonilson Silva Bogéa. Assim, inicio dizendo que considero Wanda Cunha uma irmã de alma. Temos um pai comum, dela, biológico, meu, por adoção de fonte de inspiração, o imortal de múltiplos talentos, Carlos Cunha, que também já ocupou, nestaCasa, aCadeiradenº29,patroneadaporJoséRibeirodoAmaral,tendocomoocupanteatualaProfessora Abianci Alves de Melo. Ele é meu patrono na Academia Capixaba de Letras e Artes de Poetas TrovadoresACLAPTCTC, e fundador, em 1968, da Academia Maranhense de Trovas, Casa de Carlos Cunha, cuja Presidente atual é Wanda Cunha e de que eu tenho a honra de ser Vice-Presidente. Passo agora a evidenciar algumas características pessoais atreladas aos caminhos traçados na vida cultural e profissional de Wanda Cunha, de modo a possibilitar a quem nos ouve agora, e a quem lê este discurso, em um futuro mais distante, o reconhecimento da importância desta ilustre mulher. Nas letras (trovadora, poeta, cronista, ensaísta, contista); na música (compositora/cantora), e ainda com destaque na docência, no jornalismo e radialismo maranhense. Não há dúvida de que se trata de uma artista e profissional de múltiplos talentos

Wanda Cristina da Cunha e Silvaa - conhecida no fim do século passado como a escritora Wanda Cristina e que, posteriormente, adotou o nome literário de Wanda Cunha - nasceu em São Luís, em 5 de junho de 1959. É filha de um casal de estudiosos e intelectuais: o seu pai Carlos Cunha, professor, escritor, jornalista, e sua mãe, a proeminente professora Plácida Jacimira Cabral da Cunha. Comprovadamente, Wanda Cunha apresenta, portanto, ascendência de estirpe cultural nobre. É casada com Washington Menezes e Silva e mãe de Tereza Cristina da Cunha e Silva e Wanessa Cristina da Cunha e Silva. Avó de Émerson Júnior, Wanda Vitória e Fernanda Sophya.

Um dado de Wanda Cunha, a escritora, que me chama a atenção, é que ela estreou na Literatura Maranhense aos 12 anos de idade (1971), com uma peça teatral, em dois atos, intitulada “Sociedade Moderna”, publicada no Jornal Pequeno. No início da década de oitenta, sob o pseudônimo de Marco Aurélio, recebeu um prêmio promovido pelaAcademiaMaranhense de Letras sobre“AVida e aobrade Coelho Neto”. Além disso,iniciou assuasatividadesprofissionaispedagógicasaos17anos,asdejornalismo,aos19anose,asdecompositora, na década de 90. Esses dados e datas demonstram, além de grandes e múltiplos talentos, a precocidade que a marcam de forma indelével.

É Licenciada em Letras - Universidade Estadual do Maranhão; bacharelada em Comunicação Social (Jornalismo) - Universidade Federal do Maranhão. Especialista em Língua Portuguesa; Comunicação e Reportagem; Teoria da Literatura e Produção de Texto; pós-graduação em Educação Musical e Ensino de Artes. Professora da Rede Estadual de Ensino e aposentada pelo TRT-MA. A escritora, até a presente data, publicou nove livros:

1. Uma Cédula de amor no meu salário (poesia);

2. Engraxam-se Sorrisos (crônica);

3. Rede de Arame (poesia); 4. Geofagia Ruminante no sótão da preamar (poesia); 5. Flor de Marias No buquê de Costelas (antologia poética); 6. Parede tem ouvido (conto); 7. Viagem às ruas de São Luís (Teatro); 8. No semblante do cotidiano: risos de marés e lágrimas de um solposto (crônicas); e 9. Eu sou Wanda Cunha, entre o verbo e o verso (poesias). Membro efetivo da Academia Brasileira de Letras e Artes Minimalistas; da Academia de Letras do Paço de Lumiar/MA; sócia e fundadoradaAssociação Maranhensede Escritores Independentes(Amei);integraaAssociaçãodeJornalistas e Escritoras do Brasil – Coordenadoria do Maranhão – AJEB/MA. Sócia fundadora da Academia de Belas Artes do Rio Grande do Sul (ABARS) e da Academia de Letras de São Pedro da Aldeia – no Rio de Janeiro

(ALSPA – RJ); Membro do Núcleo Académico de Artes de Portugal (NALAP) e da Sociedade de Cultura Latina do Estado do Maranhão. Presidente da Academia Maranhense de Trovas e Delegada da União Brasileira de Trovadores em São Luís do Maranhão. Integra várias coletâneas maranhenses e nacionais. Ganhou vários prêmios como compositora e escritora. Atualmente, dedica-se à produção coletiva de trovas e prepara a publicação de um livro de romance já no prelo e outro de contos. Wanda Cunha utiliza a música e a literaturaparacombatera violênciacontramulher.Suas protagonistassãoexemplos desuperaçãoeresiliência, denunciando uma sociedade falocêntrica abusiva.

O currículo de Wanda Cunha é rico e extenso e tenho a grata satisfação de além de estar com ela e Carlos Cunha na Academias Maranhense de Trovas, estamos os três na Antologia organizada pelo também consagrado Assis Brasil, “A Poesia Maranhense no Século XX, IMAGO/SIOGE, 1994. Deixo, pois, aqui umapéroladapoesiadeWanda Cunha,carregada de lirismo e extraída deseulivrodeestreia "Uma cédula de amoro no meu salário":

POEMA DE SER ASSIM

Wanda Cunha

Você precisa conhecer a solidão. Ela é baixinha como eu, e é magra, e é triste e fuma todas as melancolias que, um dia, alguém fumou. E faz poesia em espírito gonçalvino, e adentra o Modernismo sem saber inglês.... Já foi boêmia como Baudelaire, e bebeu a multidão de um gole, embriagando-se do perdido pra nunca mais deixar de ser a bêbada predileta dos bares de todos os homens.

Você precisa conhecer a solidão. ..........................

Ela é a consciência, e abrigo, a chave de todas as portas que guardam o segredo do SER ASSIM... Ela nunca morreu em alguém, antes desse alguém ter morrido.

(Uma Cédula de amor no meu salário, p. 343, 1981). In: A POESIA MARANHENSE NO SÉCULO XX, IMAGO/SIOGE, 1994. Igualmente, apraz-me agora apresentar Jonilson Bogéa, que conheci em uma palestra sobre a educação, a convite da Maçonaria, há, aproximadamente, dez anos. Na ocasião, embora tenhamos trocado rápidas ideias sobre a questão, tive a clara certeza de que eu estava diante de um jovem inteligente e promissor. Posteriormente nos reencontramos em uma cerimônia em homenagem a Carlos Cunha, e mais uma vez trocamos rápidas palavras e passamos a manter contato, por WhatsApp, o que resultou no meu convite/indicação para ele tornar-se membro da Sociedade de Cultura Latina do Estado do Maranhão, o qual foi aceito e, posteriormente, o convite veio dele para que eu prefaciasse seu primeiro livro de poemas: Lampejos Poéticos.

Jonilson é natural de São Luís/MA, nasceu em 16 de dezembro de 1978, filho biológico de João Oliveira Bogéa e Doralice Silva Bogéa e também filho do coração de Odilon Araújo Frazão e Ana Maria Mendonça Frazão. É casado com Caroline Bogéa e pai de Maria Júlia. Atualmente exerce a função de Escrivão na Polícia Civil, trabalho que muito o orgulha, é Instrutor da Academia de Polícia Civil do Maranhão desde 2008 e Instrutor Credenciado pela Polícia Federal no âmbito da Segurança Privada. Outra atuação é na Maçonaria; tem Cadastro de Identificação Maçônica-CIM, Nº: 1088 - Grande Oriente do Estado do Maranhão – GOEMA, Editor do Jornal “O Maçom”, publicado pela Loja de Estudos e Pesquisas do GOEMA; Secretário de Planejamento e Comunicação do GOEMA (2012/2015), Secretário de Relações Exteriores do GOEMA(2016/2021), Foi Dirigente da Loja Maçônica de Estudos e Pesquisas do GOEMA, no período: 2015-2021; É o atual Venerável Mestre da Augusta e respeitável Loja Simbólica Guardiã da Fraternidade. Nas Letras é Membro da Academia Maçônica de Ciências, Letras e ArtesAMCLA, da Confederação Maçônica do Brasil – COMAB, Cadeira Nº85; da Academia Maçônica Virtual Brasileira de Letras-AMVBL, Cadeira Nº10, tendo como Patrono o Poeta Castro Alves; da Sociedade de Cultura Latina do Estado do Maranhão; da Academia Intercontinental de Artistas e Poetas – AIAP, Cadeira 1057, tendo como Patrono José Chagas e Membro Correspondente da Academia Vianense de Letras – AVL. É autor do Livro de Poesias: “Lampejos Poéticos”, lançado na 15ª Feira do Livro de São Luís/MA, com participação em outras Antologias Poéticas e ainda se dedica à pesquisa e literatura, a exemplo da história da Maçonaria e da vida e obra de Maria Firmina dos Reis.

No tocante à formação acadêmica, é graduado em Ciências Contábeis pela Universidade Federal do Maranhão-UFMA, em Gestão Pública Empreendedora pela Universidade Estadual do Maranhão (UEMA); Pós-Graduado em Gestão de Segurança Pública, Defesa Civil e Cidadania pela Universidade Estadual do Maranhão (UEMA); em “Teologia e o Pensamento Religioso”, pela Faculdade Metropolitana do Estado de São Paulo; em Maçonologia: História e Filosofia, pelo Centro Universitário Internacional (UNINTER); em “História da Maçonaria”, pela Unyleya - Brasília/DF; Já foi premiado em vários certames, entre os quais: no Concurso Literário da ACADEMIA MAÇÔNICA DE CIENCIAS LETRAS E ARTES, com o 3º lugar no ano de 2019; no Concurso Literário da ACADEMIA MAÇÔNICA DE CIENCIAS LETRAS E ARTES, como MÉRITO LITERÁRIO, com o 1º lugar no ano de 2020; CAVALEIRO KADOSH - Gr. 30 R.E.A.A. CAVALEIRO TEMPLÁRIO - pela Comanderia Upaon- Açu – Rito de York;

De igual modo, quero brindar o público presente com um poema da sua lavra:

MINHA PEDRA BRUTA

Jonilson Bogéa

Sou como a pedra bruta, inanimada

Que é lapidada, dia após dia Sigo aprimorando minha jornada Buscando aprendizado e sabedoria.

Minha personalidade se aprimora

Com cada erro corrigido

Pois minha mente não ignora Cada equívoco cometido

Mas o bom é que eu não perco Pois quando não ganho, eu aprendo. E assim... me fortaleço, Com tudo que estou vivendo!

Lampejos Poéticos, 2022.

Por fim, cumpre a mim dizer, que estes dois novos sócios efetivos que hoje recebemos atendem, nas suas especificidades, as exigências da Casa de Antônio Lopes. De um lado, uma escritora e pesquisadora, já consagrada com vasta experiência em prol da cultura e da educação, expressa nos seus pródigos anos vividos, e, de outro, um escritor mais jovem, mas também com vasta experiência dentro do seu contexto de tempo vivido, e ambos dotados de muita disposição para o engrandecimento da instituição. |O IHGM carece de experiência proporcionada pelos anos vividos e pela energia e vigor dos mais jovens. E, neste caso, ambos imbuídos de generosidade e afeto, associados à sede da construção e compartilhamento do saber.

Façamos da Casa de Antônio Lopes um Formoso Templo, concretizando assim, o seu sonho, com as nossas energias, talentos e amorosidade.

Sejam todos muito bem-vindos à esta Casa, que agora é dos senhores também!

Muito Obrigada!

Comemoração do dia da Mulher Maranhense, com a presença de convidados ilustres e entre eles, Charles Martin, sócio Correspondente do IHGM (Nova York-EUA) palestrante e autor e arquiteto da exposição de fotos de São Luís e de Nascimento Morais Filho.

MARANHENSES

CHARLES MARTIN,

Sócio Correspondente do IHGM -Nova York - EUA

Úrsula, o romance de Maria Firmina dos Reis, publicado em 1859 no Maranhão sob o pseudônimo de "uma maranhense," figura entre coisas admiráveis que encontrei quando comecei a visitar o Brasil em 1982. Na introdução - "Uma Rara Visão de Liberdade" - que apareceu na 3ª edição do romance (Presença Edições, 1988), sublinhei o romance como um momento de destaque na literatura por se preocupar cedo com "os personagens negros mais do que como um tópico exótico."

Embora o espaço atribuído a essa preocupação ocupe apenas uma parcela escassa do extenso da narrativa, Úrsula, afirma a totalidade do negro em um retrato único de sua época em apresentar esses personagens como indivíduos refinados, pensantes e observadores que, além disso, haviam sido arrancados da liberdade, cultura e história dos ancestrais. O livro detalha igualmente a opressão enfrentada pelas mulheres e, juntamente com sua apresentação temática visionária, é o primeiro do Brasil escrito por um afrodescendente, e é um dos primeiros por uma mulher. Úrsula é importante, é claro, em termos da escritura brasileira, mas igualmente na escala mundial e global.

Charles Martin, Gutemberg Araújo, José Augusto Oliveira e o Luiz Thadeu Nunes

O meu encontro com Úrsula aconteceu por uma visita a São Luís do Maranhão. Aquela primeira viagem ao Brasil começou pelo Rio de Janeiro, de onde sabia que queria ir à Bahia e que terminaria minha temporada por alguns dias em São Paulo, onde houve a sorte minha de ser um representante e fazer uma apresentação do ensaio "Johnny Cakes e Alto-falantes que Zumbem," no III Congresso de Cultura Negra das Américas organizado por Abdias Nascimento. Fora isso, o Brasil era para mim um livro desconhecido, suas páginas ainda não folheadas.

No primeiro ano de pós-graduação, estudei o português e tive uma professora, uma carioca, que era maravilhosamenteexigenteeextremamenteinsistenteenquanto guiava aturmapara agramáticadoportuguês. No final do primeiro ano dos estudos, tive a sorte de ganhar uma bolsa que me levaria ao Brasil. Fui ao Brasil, rumo a cultura negra, especialmente elementos de literatura, música e teatro. Já estava familiarizado com partes da presença e do impacto das culturas negras dos Estados Unidos, no Caribe e umas partes da África Ocidental - especialmente pela literatura na língua francesa, obras como contos de Birago Diop, do Senegale queria conhecer os equivalentes - mesmo podendo ser bem diferentes - do Brasil, onde achava evidente a presençadeafrodescendentes.Foi umasurpresaouvir,antesdeiraoBrasil eàs vezes repetidonopaís, mesmo, que era um assunto muito nas sombras, com algumas pessoas alegando que a cultura negra no Brasil podia ser medida apenas nas práticas religiosas como o candomblé ou o movimento ágil e fugaz da capoeira. Para alguns, existe a noção de que a cultura brasileira nasceu de uma mistura amalgamada sem costura, uma liga cujas veias haviam desaparecido. De qualquer jeito, queria explorar.

Nas primeiras semanas, logo quecheguei, participei deumaconferênciauniversitárianoRio eencontrei várias pessoas, entre elas duas de São Luís. Era um estudante de sociologia e um professor de educação física. Os dois recomendaram São Luís e o estudante falou que se eu fosse lá, havia espaço onde poderia ficar na casa da tia dele, onde ele morava. Eu sabia pouco de São Luís do Maranhão além de ser um local do Bumba-MeuBoi, uma informação que ganhei de um professor do curso que eu segui nos Estados Unidos. Uma vez no Brasil, ao reconhecer que sou fã da música reggae, algumas pessoas me disseram que aquela música é muito querida em São Luís, que pode ser considerada um berço brasileiro dela. Ao viajar sempre aproveito das dicas de amigos e conhecidos. Como São Luís foi indicado várias vezes, decidi que iria visitar e, depois de algumas semanas e visitas a outros lugares, aproveitei do convite que recebi na conferência e fui para São Luís do Maranhão.

Ao chegar, entrei em um pequeno hotel. Quando liguei para meu amigo, ele ampliou o convite e, no dia seguinte, me mudei. Dormiria numa rede organizada num corredor da casa. Durante a noite o cachorro da casa circulava passando de vez em quando em baixo da rede. De manhã, quando eu acordava e mexia as pernas um pouco, a rede balançava e uma nuvem de mosquitos começava a voar e procurar outro espaço para aguardar a volta da noite e as atividades picantes deles.

Enquanto houvesse luz do dia, eu andaria pela cidade. Tirei fotos, provei a comida (incluindo os miúdos de porco que, no Brasil, eram tão nojentos para mim quanto aqueles que deleitavam o meu pai em casa na Pensilvânia) e descobri onde havia bumba-meu-boi. Um dia, estava em um café com José Nascimento Morais Filho, escritormaranhense,membrodaAcademiaMaranhense -filho doescritoreacadêmicodomesmo nome - e muito envolvido com tradições e produções do Maranhão. Não me lembro se nós nos encontramos na rua ou no café, mas iniciamos uma conversa e Nascimento Morais Filho ficou fascinado por saber que eu era um estudante de pós-graduação e pesquisava a cultura negra. Ele estava especialmente interessado no meu interesse pela literatura e começou a conversar comigo sobre Úrsula e sobre a autora do romance, Maria Firmina dos Reis. Ele insistiu que eu conhecesse o livro, dizendo que sua autora não era apenas negra, mas que ele considerava o livro o primeiro verdadeiramente brasileiro, no sentido de tratar um assunto distintamentebrasileiro, enãoportuguês. Com referências etratamento de personagens negrosque mostravam seres humanos completos, pessoas que discutiam suas origens e situações, o livro era original. As pessoas sabiam ou descobriram que havia uma continuidade iniciada antes do Brasil. Havia brasileiros escrevendo em português antes de Úrsula mas, ele disse: "Maria Firmina foi a primeira a olhar para uma das instituições fundamentais do Brasil, a escravidão, e descobrir a humanidade daqueles que foram forçados a ocupá-la."

Nascimento Morais Filho e eu tivemos muitas conversas (umas sobre a preservação ambiental, uma paixão dele). Ele me convidou para fazer um discurso, que eu fiz, “Cultura: Negra e Branca,” na Benedito Leite

Biblioteca Pública, em julho de 1982. E nessa biblioteca eu li uma cópia da edição fac-símile de Úrsula com que ele era tão envolvido, feito em 1975. Ao ler rapidamente o livro, vi que o Nascimento Morais Filho estava absolutamente correto sobre a humanidade que o livro via em seus personagens negros, e que o livro poderia ser importante para meus estudos de pós-graduação - não apenas sobre literatura no Brasil, mas sobre os usos de personagens negros na literatura no mundo. Em geral, a ideia de Úrsula ressoou para mim como quase fundamental, muito importante. Por alguma razão, eu não estava feliz com os serviços de fotocópias que pude encontrar, então trouxe uma cópia de Úrsula comigo para a universidade nos Estados Unidos, copiei, e enviei o emprestado de volta ao seu lugar na biblioteca, retornando muito após a data estipulada. Depois, li o livro devagar e com cuidado, ficando cada vez mais impressionado com as caracterizações no romance de seus personagens, entre outros, Túlio, a Preta Susana e Antero.

São Luís me ofereceu muito. Eu ouvia reggae em praças, fui para a matança do boi de Bumba-Meu-Boi. Conheci uma senhora idosa de óculos que disse que ela era criança no momento da abolição. Ela disse que a memória dela como criança era de uma explosão de alegria e celebração desse momento. Eu me diverti muito e nunca teria encontrado Úrsula se não tivesse viajado a São Luís, onde topei com o José Nascimento Morais Filho. Com o tempo, Nascimento Morais Filho e eu perdemos o contato, mas nos vimos pela última vez, muitos anos depois. Voltei para o Maranhão e, por acidente, nos encontramos no aeroporto, onde ele esperava sua filha chegar dos EUA. Conversamos e relembramos um pouco, e foi nosso último encontro. Úrsula acabaria se tornando material de um capítulo inicial da minha dissertação de doutorado que desenvolvia a noção de "The Deminstrelization of Black Figures in Fiction (A Desminstrelização de Figuras Negras na Ficção)", uma consideração de personagens negros selecionados em ficção e poesia de partes do mundo, incluindo o Brasil, o Caribe de expressão francesa e partes da África lusófona. A desminstrelização ganhou seu título em resposta aos shows de menestréis nos Estados Unidos. Onde pessoas se apresentavam maquiadas de preto e ridiculizavam o negro como facilmente assustado, e especialmente aterrorizado por espíritos. Tocavam uma música desafinada e sem qualidade por personagens de caricatura de felicidade tolaz - como: um palhaço degenerado, grosseiro, ignorante mas contente e sorridente. Esses shows surgiram após a GuerraCivil Americana, eram paraentretenimento dopúblicobrancoe,inicialmente,os artistas eram brancos. Eventualmente, artistas negros entraram nessa oportunidade humilhante de negócios e também foram obrigados a se maquiar de preto. Este era o menestrel, e eu estava procurando para o que chamei "Desminstrelização": a remoção da maquiagem aflitiva e a suavização do passo para levar a sério personagens negros. Eu estava procurando por literatura consciente das vidas emocionais e pensativas de todos os personagens, fazendo deles mais que símbolos desbotados e sim em personagens completos. Úrsula, com certeza, é uma parte importante dessa fila. Até em livros muito mais tarde, como Native Son, de Richard Wright, representavam em grande parte as dificuldades sociais para o negro, mas mostrando personagens que só conseguiam articular palavras e frases desconexas, e personagens desprovidos de quaisquer vestígios da complexidade encontrada em alguém como o próprio escritor.

Eu estava considerando independentemente do histórico de seus autores, a qualidade de personagens. A cultura geralmente se reflete muito mais do que seja evidente, sem que tenhamos sido informados. Pode ter vários pontos de interesse que podem ou não ter sido pretendidos. Isso, por exemplo, achei ser o caso de aspetos do conto, "São Marcos", de Guimarães Rosa, que pode oferecer o ponto de vista de um personagem branco brasileiro que tem desdém para um personagem negro que ele casualmente encontra e ofende. É, todavia, cercado e influenciado pela cultura negra que ele não reconhece e nem respeita. Nesta história, vemos que as influências não admitidas, até negadas, podem ser fortes. A negação dessas ações não elimina o fato de sua influência. O caso de Maria Firmina, no entanto, é muito mais claro. Suas passagens e referências de complexidade e plenitude de perspetivas retratadas em personagens negros são entre os exemplos mais ricos para a época. As partes de Úrsula que brilham com a desminstrelização são, de fato, apenas alguns capítulos e outras referências ao longo da história principal do livro de amor frustrado entre a personagem Úrsula e o Tancredo, uma narrativa extremamente romântica, uma história de amor que fala diretamente a obstáculos e restrições impostas às mulheres, especialmente através do componente do romance da opressão de Úrsula por Fernando B., um suposto cavalheiro. Mas intercaladas nisso estão as passagens curtas e impressionantes que falam do trio, Túlio, a Preta Susana e Antero, incluindo lembranças do Antero da liberdade na África antes de ser levado ao cativeiro e à escravidão. Também notáveis para o romance é a linguagem complexa dada aos personagens, das camadas sociais exploradas, uma linguagem que um autor como o Machado de Assis teria

dado apenas aos personagens de alto nível social. Machado, ele também de ascendência negra, era talentoso e educado de classe média, e criou personagens de dimensões deslumbrantes de psicologia, mas eram personagens que não pareciam como ele. Ele deixou nem um pouco da mentalidade diversa dele entrar em um personagem negro.

Enfim, como o meu ensaio se tornou parte da edição de 1988 de Úrsula? Um amigo dramaturgo britânico na Escola de Teatro da Universidade de Yale, New Haven, Connecticut, ao saber que eu estava indo para o Brasil pela primeira vez, me deu um contato no Rio. O contato era com a escritora e professora Luiza Lobo. Ela e eu nos tornamos amigos e ainda somos. Mais tarde, Luiza visitou Yale para dar palestras e também fez uma apresentaçãoparaumaaulaqueeuestavadando. Elaficouinteressadanomeuinteressepor Úrsula e,enquanto eu escrevia sobre o livro para a minha dissertação, ela disse que seria uma boa ideia incluir o livro de Maria Firmina na coleção Resgate, da Biblioteca Nacional, pela editora Presença, onde ela teve o projeto de publicação de vários livros raros. A então nova edição, em 1988, coincidiria com os 100 anos da abolição da escravatura no Brasil (uma escravatura que se diz especialmente brutal nas regiões do Norte, como o Maranhão). A introdução do livro seria extraída do material que eu estava desenvolvendo. Minha introdução enfatizou a atitude que se destaca no romance da humanidade e na história dos personagens negros, Túlio, Susana e o velho Antero.

Atualmente, pensando em Úrsula, parece importante ver o romance como um apelo a se livrar de preconceitos do que seja possível alcançar um ser humano. Não se limitando a mulheres ou a cor de uma pessoa, a preocupação deve ser com o que se pode imaginar: Machado não podia imaginar um personagem parecido à imagem dele. Mas, com o exemplo de Machado, vemos que é menos a pessoa e mais a educação, o ambiente. O que a educação incentiva e desencoraja? Como pode uma pessoa ser educada por trilhos tão estreitos que a levem para não se ver? Ou, vendo o eu, desmoronando com a ideia de que mostrar-se seria fatal?

Isso, no entanto, não é um apelo à política de identidade, pois não há razão para acreditar que pessoas de qualquer tipo escapem facilmente da noção, oposta dela exemplificada por Machado mas igualmente particular, de se mergulhar em amplificação qualquer de si. Isso também pode resultar em estereótipos de uma maneira ou outra. A negaçãodo eu porum lado, eegoísmototal, pelo outro, as limitações dos dois são severas. Em Úrsula, Maria Firmina rompeu com os padrões de educação, de academias e da "cultura" ao redor, para confrontar uns limites do pensamento confortavelmente aceito ou tolerado por vários setores. Para ver toda pessoa como humana completa, a medida da humanidade não pode ser dividida em categorias. Devemos avaliar as pessoas e a produção humana quanto à expansão do conteúdo. Estilo e forma, por mais graciosos ou rudes que sejam, não devem nos seduzir mas, sim, o conteúdo de uma ideia por sua amplitude. A vida é um encontro com miríades de labirintos, alguns deles admirados por sua complexidade e elaboração cuidadosa. A forma labiríntica pode ser arquitetura física ou manifestações cerebrais - não menos pesadascomo regras e regulamentos da educação, academias, costumes sociais e leis, muitas delas escritas, outras não. Os árbitros - oficiais e clandestinos - podem ter o ar e o status da dignidade e o apoio da autoridade ou, igualmentepoderoso,o apoio vigorosodamultidão.Benefícios erecompensas institucionais epessoais podem ser muitos para quem domina. Pode exigir grandes atos de sacrifício - ou, ao contrário, "small axes" ("machados pequenos") da letra do Bob Marley - para pensar de maneira diferente, por mais que seja, expor e opor-se aos subornos reconfortantes de poder, posição e status. Thomas More escreveu Utopia, mas a sociedade descrita lá, relatada com satisfação ofuscada por um visitante privilegiado, dependia da escravidão de vizinhos e visitantes. O narrador era um visitante excepcional que inexplicavelmente não estava sujeito à escravidão, mas extasiado pela ordem que testemunhou, relatou o bem, apoiou a elite coletiva - os utopianos - e justificou o mal. Thomas More, um personagem de seu próprio romance, encerra o livro dizendo que mais discussões devem ser feitas para resolver os méritos e fraquezas relativos do que o visitante excepcional relatou. Fica para os leitores completarem o livro.

Umas pessoas vivem confortavelmente num labirinto. Alguns não podem. Alguns veem o labirinto, outros não. Alguns o discernem por acidente ou esforço. O labirinto, uma estrada frequentemente percorrida, aparentemente inescapável, pode ser um caminho muito batido, um local onde alguém pode ser espancado, forçado a se contorcer, a se autoapagar. E a acreditar que contorções sinuosas são uma bela e realizada dança de excelência, ganhando assim aplausos, cumprimentos e distinção, até reverência. Esta dança poderia ser

outra versão do show de menestréis em um extenso palco elegantemente decorado, pintado para parecer ao ar livre. No meio da dança que aprendemos a fazer, pode ser difícil mudar os passos para desminstrelizar. Úrsula é um relato desse encontro com o labirinto cujos contornos moldavam - por vezes sutilmente, outras brutal - requisitos de comportamento e pensamento desprovido belamente de direitos. Nos caminhos entrelaçados dentro do labirinto, são necessários diferentes graus de ajuda ou confronto para que os personagens reconheçam suas situações e a possibilidade do melhor, de reformulação, de fuga. Machado construiu labirintos deslumbrantes em sua brilhante ficção e parece que, de muitas maneiras, os habitou. Machado construiu e ingressou na Academia e a carimbou com virtuosismo literário, uma conquista monumental que poderia ter sido ainda maior se ele conseguisse revelar um andar ou um lugar não apenas para si mesmo, como pessoa singular, mas por sua herança. Podemos pensar nele como uma inspiração para fazer ainda mais.

Como leitores, precisamos ser ativos e avaliar não só os textos escritos mas também os da vida. Usá-lo para avaliar a nós mesmos e a sociedade que criamos. Temos que completar o texto, colocar-nos em trabalho, reconhecer o labirinto e não ser apenas espectadores, mas atores críticos que demonstram injustiça, exigem melhorias, "tentam" a humildade, buscam a justiça e a promovem.

Bob Marley, em Redemption Song (1980), figura palavras anteriores de Marcus Garvey, e canta

“Emancipate yourselves from mental slavery. None but ourselves can free our minds.”

(“Emancipem-se da escravidão mental Ninguém senão nós próprios podemos libertar as nossas mentes.")

Essa é a tarefa, e Úrsula faz parte. Marina Firmina e seus trabalhos caíram na obscuridade. Após a publicação de Úrsula, mais de 100 anos se passaram antes que o livro fosse literalmente puxado por Horácio de Almeida de um sebo no Rio de Janeiro, como parte de um lote, e depois chegou à republicação e ao José Nascimento Morais Filho, em São Luís do Maranhão (1975). Porém, o livro não caiu simplesmente na obscuridade, um risco sempre presente; ele foi originalmente assinado sem um nome: só por "Uma Maranhense". Quem sabe o motivo? Modéstia? Não querendo ser tão visivelmente apegado e responsável por uma posição, embora expressa nesse romance, de acentuada diferença e condenação de instituições sociais e jurídicas então atuais? Mas há outra maneira de pensar sobre isso: "Maranhense" pode sugerir não apenas a escritora, mas o leitor que continuaria o trabalho e o edificaria respondendo atentamente, vendo as várias injustiças descritas pelo romance como uns trabalhos a serem remediados na vida. Ao respondermos a Maria Firmina, ampliamos a nossa visão humana.

Não somos todos Maria Firmina. Mas todos podemos ser maranhenses.

Nota:

Este ensaio apareceu inicialmente em Revista Fir[minas]. Pensamento, Crítica e Escrita de Autoras Negras Brasileiras. (São Paulo), 2020.

https://mariafirmina.org.br/maranhenses-charles-martin/

ESTÓRIA E HISTÓRIA: MOMENTOS DE MARIA FIRMINA DOS REIS

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CHARLES

MARTIN, Sócio Correspondente do IHGM -Nova York - EUA

Em certos casos “estória” é entendida a ver com ficção, configurar um conto. A “história” pode então ser tomada como fatos, como eventos reais. Na verdade: a história é apenas os fatos, os eventos, as pessoas envolvidas. A escrita desse material em relatos e livros é a historiografia: a escrita da história, assim como a biografia é a escrita de uma vida. A história acontece. Mas a forma escrita dela é feita. Agora, vamos considerar uns aspetos da estória e da história do romance Úrsula e a escritora dele, Maria Firmina dos Reis. Para mim, a importância de Maria Firmina não tenha a ver com ela ter sido uma das primeiras escritoras ou escritores negros do Brasil, mas sim pelo trabalho dela ser essencial. Não pelo que era, mas pelo que ela fez: ela contou uma grande estória. É uma estória de respeito. Respeito entre dois jovens homens, Túlio e Tancredo, o primeiro sendo um negro escravizado, o segundo um homem branco livre. Os dois ficam representados, cada um, de coração aberto e de mentes do mesmo nível alto de entendimento. Isso, na história, se encontra pouco nas estórias. Os dois entendem a importância, a essência da liberdade, e Tancredo faz que Túlio consiga alforria. Um outro aspeto de liberdade, igualmente forte no livro, é o desejo deterigualdadenum casal enestaparteo Tancredo mais umavezfigura,esta vezpelo amorquesedesenvolve entre ele e a heroína do romance, a Úrsula. Os dois do casal desejam simplesmente amar e ser amados: ser respeitados, o que o romance mostra ser dificultado pela sociedade e pela a desigualdade dela muitas vezes criada entre homem e mulher. O romance relata estórias disso indicando vítimas e auto-vítimas de tais atitudes. E, ao final da estória coisa frequentemente vista na história de todos os tempos até agora – o desejo para amor sem tais obstáculos muitas vezes fica destruído.

Úrsula notavelmente conta várias estórias dos escravizados pessoas que, na história, tinham culturas, passados e lembranças das terras natais, mas só raramente recebiam em estórias tratamentos tal detalhados e balançados como neste romance.

Apesar da beleza e importância dessas estórias, a criadora delas, Maria Firmina, na história, foi geralmente negligenciada, esquecida. Hoje em dia a história reconhece ela muito mais. Há quem diz que um escritor como o Machado de Assis, também de ascendência negra ficou reconhecido mais facilmente por ele ser homem. Certamente este é o caso, mas Machado foi promovido mais do que Maria Firmina por causa do conteúdo das estórias dele. Com certeza a escrita dele é lindamente feita, intrincadamente tramada, e cheia de ironia e insinuações. Muito mais sutil e elegante as estórias dele são para com a escrita de Maria Firmina. Porém, acho que a diferença que facilitou a elevação dele e atrasou a posição dela seria que ele não levantou as considerações difíceis de raça que são levantadas por Maria Firmina. Ou seja, ele foi um escritor mais fácil dedigerirparaaépoca, nãosó doBrasilescravizador,masdetodaamáquinadeproduçãocultural do ocidente. Ela enfrentou as questões, ainda por encarar, que ele deixou ao lado. Machado não tinha personagens como ele mesmo: personagens negros pensativos, como se encontra em Úrsula Ele escreveu estórias que seduzem. Ela fez estórias que analisam. Provavelmente ele nem entendeu que ele era negro, ou tinha sido treinado para esquecê-lo ou fugir o fato. Essa atitude não faz parte da obra de Marina Firmina, e aposto que tenha a ver com a relativa diferença do tratamento dela pela história: Ela contou estórias que a história não facilmente registrava. O que acontece quando a estória é diferente? Quando a estória vai contra a corrente? Quando a estória vai contra o típico? Quando a estória vai contra a história?

Hoje em dia, há muita discussão de “inclusão” de pessoas variadas de raça, gênero, idade, origem, mas temos que lembrar que diferença de ponto de vista é importante de reconhecer e respeitar, e acho que o exemplo de

Maria Firmina se ergue bem. Somos produtos de treinamento, não só de vontade. Precisa de muito valor para quebrar e abrir treinamento, educação. Nesse sentido, a história, em muitos aspetos, são as estórias usadas para explicar eventos e ocorrências. Pessoas como Maria Firmina mudam as estórias, e fazendo assim, abrem a história ou, mais precisamente, alteram e abrem a historiografia para melhor e mais amplamente contar história.

Arevisão,claro,éumaprerrogativadahistória: revisaramaneiracomo ahistóriaévista.Nãonecessariamente para mudar os fatos e eventos mas para interpretá-los de maneira diferente, para contar estórias dierentes sobre eles, de acordo com os tempos atuais, ou para mudar os tempos atuais. A história não muda, mas a historiografia sim: o modo de contar a história muda: a ênfase, as escolhas do que contar e o que deixar de fora. Ou seja, a forma como a estória é contada muda, e às vezes, os contadores e as contadoras mudam também.

Maria Firmina dos Reis contou uma grande estória e sua própria história está sendo revisada.

José Nascimento Morais Filho falava dela como a primeira escritora a escrever um tema genuinamente brasileiro. Vamos lembrar que ela foi esquecida em seu tempo. Quem é esquecido em nossos tempos?

Mais uma estória: um pesquisador norte-americano encontra um brasileiro, o Nascimento Morais Filho, e este conta para o outro a história de Maria Firmina dos Reis. O pesquisador, procurando coisas de destaque da cultura negra no Brasil, presta atenção. E coloca a obra da Maria Firmina em contextos no campo mundial, vendo além do Brasil.

De fato descobri informações sobre Úrsula por sorte. Pela sorte, em 1982 de visitar São Luís do Maranhão depois de algumas pessoas terem me indicado aquela região. Pela sorte de ter conhecido provavelmente num café, não me lembro onde o escritor e pesquisador José Nascimento Morais Filho. Ele, ao saber que eu estava procurando produções de cultura negra, especialmente em formas escritas, me fez conhecer o romance, Úrsula. Ele me levou à biblioteca Benedito Leite, pegamos uma cópia do livro, e comecei a lê-lo. Repito: tive muita sorte. E isso faz parte da história, agora. Mas a sorte não deve ocupar um papel tão importante em nossa aprendizagem.

Vamos continuar repetindo a história de Maria Firmina dos Reis, contando mais e mais estórias variadas para, como esta escritora, abrir e estender o alcance da história.

Espero que, nestas notas, tenha uma estória para lembrar e continuar, não pensando dos primeiros a contar, mas aos conteúdos. Vamos reconhecer estórias que mudam a história, como vários momentos de Maria Firmina dos Reis. Vamos ver os riachos abrindo em rios!

INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO É HOMENAGEADO EM SESSÃO SOLENE COM POSSE DE NOVOS MEMBROS

Na ocasião, foram empossados como novos sócios do IHGM o professor Sálvio Dino, que também recebeu a Medalha “Maria Aragão”; e Aline Nascimento, diretora da Biblioteca Benedito Leite

Agência Assembleia

A solenidade foi conduzida pela presidente do Parlamento Estadual, deputada Iracema Vale, autora da homenagem

A Assembleia Legislativa do Maranhão homenageou em sessão solene, nesta sexta-feira (23), o Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão (IHGM) em reconhecimento aos relevantes serviços prestados pela instituição, que vai comemorar seu primeiro centenário. A solenidade foi conduzida pela presidente do Parlamento Estadual e autora do requerimento, deputada Iracema Vale (PSB), com a presença do Ministro da Justiça, Flávio Dino, do vice-governador e secretário de Estado da Educação, Felipe Camarão (PT), entre outras autoridades.

Na ocasião, foram empossados como novos sócios do IHGM o professor Sálvio Dino, que também recebeu a Medalha do Mérito Legislativo “Maria Aragão”; e a bibliotecária Aline Nascimento, atualmente diretora da Biblioteca Pública Benedito Leite.

Iracema Vale destacou a satisfação da Assembleia Legislativa em homenagear não só o IHGM pelo seu importante trabalho no Maranhão, mas também personalidades como Sálvio Dino e Aline Nascimento, que muito contribuem para o estado.

“Estudar e preservar a nossa memória, nossas artes, os aspectos geográficos e nossas maiores tradições são apenas alguns dos muitos serviços relevantes prestados ao povo do Maranhão pelo IHGM, assim como o doutor Sálvio e a doutora Aline, que tanto nos orgulham pelo trabalho em prol do nosso estado”, afirmou a chefe do Legislativo maranhense.

Wesley Ramos

Iracema Vale com o homenageado, Sálvio Dino, o ministro Flávio Dino, o secretário Felipe Camarão e os deputados Júlio Mendonça, Carlos Lula, Rodrigo Lago e Francisco Nagib

OministrodaJustiça, Flávio Dino,parabenizou a Assembleiapela iniciativa.“Cuidardahistória,do território, dos estudos acadêmicos que o Instituto Histórico e Geográfico representa é uma forma de abraçar todo o povo do Maranhão”, disse.

‘Medalha Maria Aragão’

O deputado Júlio Mendonça (PCdoB), autor da homenagem a Sálvio Dino com a Medalha do Mérito Legislativo ‘Maria Aragão’, justificou que a comenda é dada aos cidadãos que contribuem com o desenvolvimento social do Maranhão e, por isso, a Casa presta uma justa homenagem ao professor. “Espero que essa comenda fortaleça, lhe dê força e coragem para que, juntos, possamos continuar lutando por um Maranhão belo, inclusivo, justo e sustentável”, completou o parlamentar.

Wesley Ramos

Na solenidade, a bibliotecária Aline Nascimento e o professor Sálvio Dino foram empossados como novos sócios do IHGM

Posse

Na solenidade, Sálvio Dino e Aline Nascimento foram empossados como novos sócios do IHGM e passam a ocupar, respectivamente, as cadeiras de nº 11, cujo patrono é Sebastião Gomes da Silva Belfort, e de nº 43, que tem como patrono Tasso Fragoso.

O vice-governador do Maranhão e membro do IHGM, Felipe Camarão (PT), proferiu o discurso de boasvindas a Sálvio Dino e Ana Luiza de Almeida Ferro a Aline Nascimento. “São dois grandes amigos, que vão engrandecer muito o Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão e a preservação do patrimônio histórico. Também é para nós muito simbólico fazer essa solenidade na Casa do Povo”, disse.

Sálvio Dino destacou a tradição do IHGM e a honra de tornar-se associado da instituição. “O Instituto Histórico e Geográfico é uma entidade sociocultural de promoção e desenvolvimento da pesquisa, do estudo e da valorização das melhores tradições do Maranhão. Integrar essa instituição de tanta tradição e de quase um século é de uma alegria imensa. Agradeço a todos os confrades e confreiras por esse reconhecimento”, declarou Salvio Dino.

Wesley Ramos

Sessão solene em homenagem ao Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, realizada na Assembleia Legislativa Aline Nascimento também agradeceu ao IHGM e ressaltou a alegria em tomar posse na entidade. “É uma responsabilidade entrar nesse sodalício, que tem uma função histórica muito grande e muito comprometimento. Espero estar à altura dessa honraria que recebo hoje”, assinalou.

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DISCURSO PROFERIDO NA SESSÃO SOLENE DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA EM ALUSÃO AOS PREPARATIVOS DO CENTENÁRIO DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO-IHGM, CASA DE ANTÔNIO LOPES (23/06/2023)

"O Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão é obra perene que se sucede no tempo, é órgão que se insere na vida histórica do Estado do Maranhão” (Art. 42 do Estatuto do IHGM).

Meus cumprimentos à Mesa, na pessoa da Presidente da Assembleia Legislativa do Maranhão, a Deputada Iracema Vale. A ela a minha saudação especial, e, em seu nome, cumprimento a todos que trabalham nesta Casa.

Minha saudação às distintas autoridades aqui presentes. Aos Presidentes e representantes de Academias e Instituições Culturais.

Permitam-me cumprimentar aos confrades e às confreiras da Casa de Antônio Lopes, em nome do VicePresidente, Prof. José Augusto Oliveira.

Senhoras e Senhores,

Nunca será demais falar da honra que sinto, em nome do Instituto Histórico e Geográfico do MaranhãoIHGM,emrecebertãogratahomenagem.Homenagemesta,deiniciativadeumamulher,aprimeiraPresidente ao longo de quase dois séculos, desta insigne Casa.

A história da Assembleia Legislativa do Estado do Maranhão está imbricada nos episódios da vida nacional e do Estado que marcaram a política do País e tem seu início a partir do Primeiro Império até chegar à noção de democracia que se tem hoje, cujo princípio fundamental é a ideia de que “Todo o poder emana do povo e em seu nome é exercido”.

Nos 198 anos (1825-2023) de atividades, o parlamento estadual teve entre seus membros personagens históricos de reconhecida inteligência, dentre os quais, alguns, que de alguma maneira também marcaram presença no IHGM, principalmente como Patronos de Cadeiras, como João Lisboa, Sotero dos Reis, Dunshee de Abranches, Barbosa de Godois.

No tocante ao Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão – IHGM, após a fundação do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro-IHGB em 1838, o Instituto de História e Geografia do Maranhão, como era então chamado,foi o 16º a ser criadonopaís, dentre os quais, 09no Nordeste,um noNorte eseis nas demais regiões.

Segundo Antônio Lopes, Sócio fundador, Secretário Perpétuo e Patrono do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão,

Há muito se fazia sentir a necessidade de uma associação científica trazendo programas de estudo das tradições e da terra do Maranhão e destinada também a coordenar os esforços dos que se ocupassem de tais lucubrações ou pesquisas (LOPES,1973, p.108).

[...] A primeira tentativa para a fundação de uma sociedade geográfica-histórica em São Luís fracassou, por motivos que não pudemos destrinçar.

Em 1925, tomei a iniciativa de reunir alguns homens de boa vontade na livraria de Wilson Soares, expondo-lhes a minha ideia de se comemorar o centenário do nascimento de Dom Pedro II com a inauguração, nesta capital, de um instituto de História e Geografia. Os que prestaram apoio à ideia foram: Justo Jansen, Ribeiro do Amaral, José Domingues, Barros e Vasconcelos, Domingos Perdigão,JoséPedroRibeiro,JoséAbranchesdeMoura,AriasCruz,WilsonSoareseJoséFerreira Gomes. Mais tarde incorporou-se a esse grupo João Braulino de Carvalho. Ausentes de São Luís apoiavam calorosamente aideiaRaimundoLopes, FranPacheco,CarlotaCarvalho eAntônio Dias que também foram considerados sócios fundadores do Instituto

A 20 de novembro realizou-se a sessão inicial, sendo apresentados, discutidos e votados o estatuto e eleita a diretoria, cujo presidente foi Justo Jansen. José Ribeiro do Amaral foi eleito presidente da assembleia geral.

A2dedezembro,nosalãodaCâmaraMunicipal,inaugurava-seemsessãomagna,emhomenagem à memória de Dom Pedro II, o Instituto de História e Geografia do Maranhão (LOPES,1973, pp.110-111).

Ainda segundo Antônio Lopes, O conhecimento do homem brasileiro deve ao Maranhão notabilíssimos serviços. Deu-lhe a nossa terra quatro dos seus maiores construtores.

CadaqualéautordeumnovoegrandeCapítulonaantropologia,etnologiaearqueologiadoBrasil. Cada qual se distinguiu em seus estudos e pesquisas por uma capacidade de investigação admirável indefeso entusiasmo pela ciência. Cada qual realizou trabalho de incontestável originalidade.

Gonçalves Dias, com seus livros e memórias sobre o índio ofereceu uma contribuição preciosa no estudo dos povos que habitavam o país na época do descobrimento, entre outros estudos e produções científicas e literárias.

[...] Nina Rodrigues lançou os fundamentos da antropologia e etnologia do negro brasileiro. Neste campo de pesquisa tudo que se tem feito e poderá realizar não prescindiu, não prescinde, nem prescindirá dos trabalhos do insigne maranhense como ponto de partida ou de referência.

[...] Celso Magalhães inaugurou outro Capítulo da etnologia brasileira estudando pela primeira vez com critério científico o nosso folclore, nos seus famosos inscritos entre os quais “A poesia popular no Brasil”.

[...] Raimundo Lopes acrescentou um novo capítulo à arqueologia, o estudo do homem e das habitações lacustres. A arqueologia até então conhecida eram a do ilustre Peter Lund, sobre o homem da Lagoa Santa ou de Ferreira Penna e Goeldi sobre a cerâmica de Marajá e as covas funeráriasdeCunanieinvestigaçõesdecientistasoucuriososacercadossambaquisouItacoatiaras (LOPES,1973, pp.108-110).

Assim teve início o IHGM, uma instituição inspirada no exemplo desses quatro maranhenses e dos nossos historiadores e geógrafos, que procuraram estimular no Maranhão estudos desse gênero, o que só poderia ter pródigos e úteis resultados.

No entanto, não significa que ao longo dos seus quase 198 anos o IHGM não tenha passado por momentos difíceis, mesmo no tempo de Antônio Lopes, como alguns citados por ele próprio, em alguns dos seus artigos. Mas, a despeito de tudo, o IHGM persiste na busca da realização do sonho de Antônio Lopes: que seja um “Formoso templo”. E este é um momento glorioso propiciado por uma mulher, a primeira a presidir uma Casa que cria leis, normas e preceitos. E que afirma: “após quase dois séculos de existência da Casa do Povo, esta é a primeira vez que uma mulher tem a oportunidade de atuar como protagonista dessa história. ‘Sem dúvida alguma, nós enfrentaremos todos os desafios com coragem e determinação’". E ainda: “Sou uma mulher que não fujo de desafios, pois eles me motivam. As oportunidades de servir ao meu Estado e ao meu povo me inspiram. Estamos fazendo história de muitas maneiras.” Decerto, nós, da Casa de Antônio Lopes, reconhecemos que a história desta Casa está sendo escrita de forma singular.

Destarte, o nosso agradecimento para esta Casa se centra na figura da Deputada Iracema Vale, que, além de firmeza e determinação demonstra sensibilidade, apreço e zelo com a cultura e a história da nossa terra, assim como para com aqueles que delas cuidam.

Para finalizar tomo emprestada de Antônio Lopes a citação de um pequeno excerto de um poema de Sousândrade, do seu texto intitulado “Instituto Histórico”, em seu livro Estudos Diversos (1973, p. 104), que assim diz:

Dobrai os joelhos, beijai esta terra

De nobre passado, sabei ter-lhe amor!

Obrigada!

ARTIGOS E PARTICIPAÇÕES DOS MEMBROS EFETIVOS

1991 Crônicas & Poemas Róseos-Gris.

Na Associação dos Magistrados do Maranhão, no dia 12 de maio de 2023, entregando o Diploma de Sócia Efetiva para a querida confreira Wanda Cunha, minha Presidente na Academia Maranhense de Trovas. Muito honrada.

CADEIRA 01 - DILERCY ARAGÃO ADLER - POSSE: 2007

Noite de sexta-feira, 12 de maio, no Auditório da Associação dos Magistrados, Cerimônia de Posse de quatro novos Membros do IHGM e honrada com a presença do Presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Viana o escritor César Brito, o Instituto recém- fundado. O ilustre convidado é também Presidente da Sociedade de Cultura Latina do Estado do Maranhão

GONÇALVES DIAS:

Ontem realizamos uma reuniao virtual com os membros do IHGM, Dilercy Aragão Adler e prof. José Augusto Silva Oliveira para definirmos ações de divulgação de palestras, virtuais e presenciais, em comemoração ao bicentenário de Gonçalve Dias. Conosco também o professor Weberson Grizoste, estudioso da obra do poeta maranhense.

Muitas ideias, muitas iniciativas para comemorar, à altura, este belo aniversário. Aguardem novidades!

Com historiadores de Viana, na solenidade de fundação do IHG, no dia 29 de abril de 2023.

Dilercy e D. Zelinda Lima (sócia honorária do IHGM) no dia 27 de abril, na Inauguração do Centro de Memória e Documentação e nele, a sala Zelinda e Carlos Lima.

Hoje, na Câmara Municipal de São Luís, no café da manhã, proposição do vereador Dr. Gutemberg, em homenagem à querida D. Zelinda Lima, que em breve tomará posse no IHGM, como Sócia Honorária. Na foto a irmã da D. Zelinda, ad queridas Profa. Dra. Mundinha Araújo, a Profa. Dra.Mundicarmo Ferretti e Vice - Prefeita Ismênia Miranda.

Hoje, dia 05 de abril na Abertura do ano cultural Gonçalvino da AMT. Além do lançamento oficial do Concurso de Trovas foram realizados o Elogio ao patrono Gonçalves Dias pelo acadêmico José Carlos Sanches; o Elogio à Maria Firmina dos Reis pela acadêmica Dilercy Adler.

FUNDAÇÃO DA MEMÓRIA REPUBLICANA – DIA DA MULHER MARANHENSE

11 de março,. reinauguração da Biblioteca Municipal José Sarney. Manhã festiva e plena de estímulos à leitura e à contação de histórias. A Diretora da Biblioteca, a querida e dinâmica, Rita Oliveira e personagens de histórias infantis abrilhantando está manhã de março, quando comemoramos o Dia da Mulher Maranhense, em homenagem à Maria Firmina dos Reis, professora de primeiras Letras do sexo feminino e primeira romancista brasileira.

Dia 8 de fevereiro de 2023, na Abertura do Ano Cultural do IHGM, Casa de Antônio Lopes. Na foto, estou na Mesa de abertura do evento, com o Dr.Leonidas Araújo, presidente da Agência Executiva Metropolitana. Na programação homenagem à Rosa Mochel e abertura das Comemorações do Bicentenário de nascimento de Gonçalves Dias. O IGHM contou, na realização do evento, com a parceria da AGEM e da proec/ dac/UFMA

No dia 28 de janeiro (2023), em Viana, na posse da Diretoria da Academia Vianense de Letras. Parabenizo a Academia em nome da sua Presidente, Dra Fátima Travassos. (30/01), pela manhã, na "Escola Paroquial Frei Alberto" doando o "Meu Primeiro Livro de Trovas" para Biblioteca e levando o convite para participação da escola no Projeto

"Bicentenário de nascimento de Gonçalves Dias" do IHGM, considerando que a escola participou há 10 anos (2013) dos "Mil Poemas para Gonçalves Dias"

Aniversário de 40 anos da Casa de Cultura Josué Montello! Linda homenagem!

Encontros poéticos- Sarau em homenagem ao Grande poeta Gonçalves Dias

Gratidão imensa por ter sido convidada pela querida Maura Luza Frazão e @Dillercy

Ablle Lilian Porto Dilercy Aragão Adler Renata Barcellos BarcellArtes

Instituto Cultive Brasil Suíça AJEB Nacional Ajeb-mg - Associação de Jornalistas e Escritoras de Minas Gerais Ajeb-Ma

Com a confereira Dra. Elimar Figueiredo, ocupante da Cadeira n° 20 do IHGM, Patroneada pelo imortal Antônio Gonçalves Dias.

Gonçalves Dias é Patrono Homenageado do IHGM neste ano se 2023.

Dia 18 de janeiro na Feira Virtual do LIvro da França

17 de janeiro na reunião da AML para tratar da programação do Bicentenário do poeta Gonçalves Dias

Representantes do IHGM, os confrades Campos, Iran, eu, as confreiras,, Dra.Elimar e Ana Luiza.

Na foto: Profa. Dra.Diomar, eu, Laura Amélia, Vice- Presidente da AML e Profa.Dra.

Dia 08 de janeiro. Aniversário de Mundinha Araújo. Muito feliz em poder compartilhar da comemoração dos 80 anos de vida dessa Mulher fantástica, fonte de inspiração!. Além da grande família de 14 irmãos, estavam presentes muitos amigos, amigas e representantes de instituições e Movimentos como: UFMA, Movimento Negro, AML, AICLA, ALL, AMT, AJEB e o IHGM.entre outras. Vida longa querida Mundinha! Que Deus continue a te abençoar com saúde paz e sabedoria!

Na

solenidade dos 40 anos de fundação da UEMA, entregando em nome do IHGM, o Diploma de Honra ao Mérito, ao Magnífico Reitor da UEMA, Gustavo Pereira da Costa. CADEIRA 06 –RUY PALHANO SILVA POSSE: 2018 -

DIA DA LÍNGUA PORTUGUESA

- Minha língua, minha pátria. Como me orgulho dela - falando e escrevendo. Surgem do "nada" artigos, crônicas e romances históricos ou não... Enfim, histórias de homens e seus sonhos que se materializam nos "esconderijos", aparentemente escuros e inacessíveis. Mas tudo é luz - liberdade, e meus folhetos, brochuras, opúsculos, guias, livretos, livros, manuais e rituais, obras impressas ou não, emergem e são frutos de tudo isso, sobretudo da minha amada e inseparável língua pátria - portuguesa. Fico às vezes a imaginar, sem ainda escrever, quantos filhos ainda me darão a língua que falo, minha mãe que me compreende e vice-versa. Pobre, infeliz, eu diria: é aquele que não compreende sua fala, sua escrita, seus pais e mães - seus meandros. Ai de mim se não tivesse que falar e escrever essa língua tão linda, complexa, mas como mãe e pai, compreensível e sempre acessível. Aos primeiros - pioneiros, sobretudo aqueles que estudam e preservam e fazem dela sua cama, seu trabalho e seu aconchego - descanso, meu reconhecimento. Eu dou viva à língua que falo, a Língua Portuguesa. Saúdo a todos! Viva nossa pátria! Viva nossa Língua Portuguesa!!! ( Antonio Guimarães de Oliveira - 10.06.2023. São Luís - MA).

CADEIRA 09 - ANTONIO GUIMARÃES DE OLIVEIRA

NENECA MOTTA MELLO, 7 ANOS DEPOIS (20/01/1930 02/04/2016)

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Fotos: Neneca Motta Mello a escritora e seu livro.

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Há 17 anos, em janeiro de 2006, ela escreveu para mim, de Serra Negra (SP): "Prezado confrade Sanches: Recebi o 'Verbo' [jornal da Academia Imperatrizense de Letras], enviado pela querida confreira Edna Ventura. // Da leitura, o que mais me encantou foi a louvação que meu estimado amigo Livaldo Fregona fez ao nobre companheiro. Perfeita. Merecedora da assinatura de cada um de seus colegas da AIL. // Livaldo Fregona foi muito feliz no revelar a grandeza de seu caráter e personalidade em tão curto texto. // Gostaria que fossem minhas as palavras: ..."qualquer defeito [do Sanches] é esmagado, diminuído e, senão subtraído, ao menos, perdoado". (NENECA MOTTA MELLO – Serra Negra - SP) Como esquecer?

O início do mês de abril marca a perda, para Imperatriz, de um de seus mais originais talentos: Neneca Motta Mello, que há sete anos, em 02 de abril de 2016, faleceu em Campinas, São Paulo. Foi sepultada no dia seguinte, 3, um domingo, em Serra Negra (SP).

Dª Neneca desenvolveu intenso trabalho sociocomunitário, jornalístico e cultural em Imperatriz e em cidades de São Paulo e de seu estado natal, Minas Gerais. Em Imperatriz, Neneca Motta Mello foi colaboradora do jornal "O Progresso", apresentadora de programas de TV e rádio. Também foi escritora, pintora e música. Sobre Dª Neneca, escrevi o texto a seguir. (EDMILSON SANCHES)

DONA NENECA (1930 2016)

A dor da perda, maior, foi na Família Motta Mello. Mas a Arte e a Cultura, a História e a Pintura, o Jornalismo e a Literatura em pelo menos três estados (Minas Gerais, São Paulo e Maranhão) perderam uma grande e sensível trabalhadora das Letras, das imagens, da Imprensa e das causas humanitárias.

Morreu Neneca Motta Mello. Que amava Imperatriz nos 13 anos em que aqui viveu, tempo suficiente para fazer muitos amigos, lançar livro, escrever muitos textos em jornal, falar em programas de rádio, fazer-se ver e ouvir na televisão e ser exemplo, conselheira, amiga e realizadora de serviços humanitários, cujo espírito e prática ela já desenvolvera em outras cidades onde morou, em Minas Gerais e São Paulo, onde o bem que ela fazia era sempre bem feito.

Escritora, pintora, música, jornalista e radialista, Neneca Motta Mello morreu em uma noite de sábado, 02/04/2016, em hospital de Campinas (SP), após complicações cardiorrespiratórias. Tinha 85 anos. O filho Paulo Motta Mello que, com a esposa Raquel Mello, mora em Imperatriz estava lá, acompanhando a mãe de perto. Dª Neneca morava em Campinas há cerca de sete anos, desde que lhe falecera o marido, Sr. Tarcísio. Na cidade campineira ela estava perto de irmã, sobrinhos e outros familiares. Seu corpo foi enterrado junto ao do marido, em Serra Negra (SP), cidade a mais ou menos 80 km de Campinas e onde o casal morou por muitos anos. Após fundar a Academia Imperatrizense de Letras (AIL), e na condição de presidente da Casa, dei posse a Dª Neneca Motta Mello como membro efetivo em 19 de julho de 1991, numa concorrida solenidade. Ela recebeu seu diploma das mãos do renomado escritor maranhense José Chagas, residente em São Luís e falecido em 13 de

CADEIRA 10 - EDMILSON SANCHES – POSSE 2016
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maio de 2014. Ocupava a Cadeira nº 18, que tem como patronesse Luzia Ayres de Carvalho Maranhão, respeitada escritora e professora sul-maranhense.

Dª Neneca e eu trocávamos opiniões, falávamo-nos por telefone ou nas reuniões da Academia, quando ela morava aqui. Foi boa a convivência. São boas as lembranças.

Dª Neneca Motta Mello (na certidão, Sebastiana Vicentina da Motta Melo), nascida em 20/01/1930, era mineira de Passa Quatro, a pequena e acolhedora cidade que já hospedou nomes como Marechal Deodoro da Fonseca, Venceslau Brás e Paulo de Frontin.

Inteligente, inquieta e produtiva, fez os estudos primários na terra natal, estudos de Pedagogia em Andradina (SP) e de Letras Neolatinas em Campinas.

Sua infância foi marcada por uma avó lendo para ela histórias de um livro (“Coletânea Brasileira”) e pela leitura dela de “O Tico-Tico”, revista criada no Rio de Janeiro, com circulação de 1905 a 1977.

Viveu a infância aos pés da Serra da Mantiqueira, vendo e brincando entre vales e verdes, rios e cachoeiras. Ainda criancinha, uma irmã um pouquinho menos nova começou a chamar-lhe “Neneca”, tentando repetir o termo “boneca”, com que sua mãe chamava Sebastiana (que, por sua beleza, parecia uma boneca). O apelido pegou, ao ponto de nem Neneca nem sua própria mãe gostarem mais do nome oficial, original.

Neneca perdeu a mãe aos oito anos e dela manteve o espírito, a inteligência, a fortaleza... e o nome carinhoso: Neneca.

Após fazer o respeitado Curso Normal em colégio de freiras, Neneca Motta Mello foi ensinar crianças a ler e escrever por diversas cidades paulistas. Escrevia muito, lia mais ainda. Ganhou prêmios literários em São Paulo e no Rio de Janeiro. Deixou suas pegadas de tinta, sensibilidade e criatividade nas páginas de jornais como o “Diário do Povo” e “Correio Popular”, de Campinas, e “Correio da Serra”, de Passa Quatro.

Para ficar perto de filho, nora e muitos netos, mudou-se com o marido para Imperatriz e retornou à Imprensa, na década de 1990: no jornal “O Progresso”, escrevia a página “Mulher & Cia.”, nome e assunto que levou para um quadro em programa de TV apresentado por Clélio Silveira e, depois, em outras emissoras de televisão. Em 1991 tomou posse na Academia Imperatrizense de Letras. Em 1997 lançou sua obra mais conhecida: “A Casa da Esquina” (Ética Editora, ilustrado, 184 páginas).

Seu trabalho sociocomunitário era visto e sentido em instituições imperatrizenses como a Casa Dom Bosco e o Projeto Missão Criança (Promic). Tinha experiência no “ramo”: coordenou por 17 anos a Associação de Ensino Crescer, em Campinas, onde também foi instrutora na Guarda Mirim, apoiando o menor trabalhador. Também trabalhou por três anos no Departamento de Serviço Social da prefeitura de Paulínia (SP), onde organizou Clubes de Mães.

No primeiro semestre de 1999 mudou-se de Imperatriz para a cidade de Serra Negra, considerada “a mais popular estância hidroclimática do Estado de São Paulo”, que Dona Neneca conhecia desde 1950. Aí, Neneca Motta Mello voltou à carga, escrevendo e colaborando com os jornais serra-negrenses “Água Viva” (mensal), “O Serrano” (semanal) e “Jornal de Serra Negra”. O tempo passou, Dª Neneca enviuvou e foi para Campinas. Ao lado de filhos e familiares, faleceu. Deixou três filhos – Sílvia Lúcia, Paulo e Marcos , diversos netos e bisnetos e muitos, mas muitos mesmo meninos e meninas bem encaminhados para o mundo, pela força e compromisso do trabalho social de Dª Neneca. E como quem colhe a bondade que semeia, foi um desses antigos meninos, hoje homem feito, formado e vivido, que fez emocionado e emocionante discurso no sepultamento do corpo de Dª Neneca, em Serra Negra. O menino, hoje pastor evangélico, disse em palavras espontâneas e verdadeiras, disse que ele e tantos outros pelo Brasil e pelo mundo são o que são por causa do trabalho, das palavras e do carinho de Neneca Motta Mello. Com reconhecimento assim, um enterro transforma-se em ressurreição. O sepulcro recebe o corpo mas o espírito se abriga, se fortalece e se espalha nos diversos corações que por ele foram tocados. Pessoas com o trabalho e a bondade de Dª Neneca não morrem...

AO MHARIO LINCOLN

Neste 27 de março de 2023.

Mhario Lincoln não é uma pessoa. É um elenco delas.

Antes de tornar-se espírita, já era médium, isto é, um meio, um instrumento, um intermediador, aquele que, neste mundo mundano, profano, laico, secular, facilita a comunicação entre os diversos, os muitos espíritos de Luz, da Literatura, da Música, da Arte e da Cultura em geral.

Sim, há seres luzeiros, há estes luminares além e mesmo antes da existência das doutrinas filosófico-religiosas de graças a Deus! excepcional contribuição para o aperfeiçoamento moral e espiritual do ser humano e prática de sua propensão para a generosidade.

Nascido em 27 de março de 1954, ele é “da Ilha”, de São Luís, ludovicense com ascendência libanesa (é só ver as ventas, e o sobrenome Felix).

Mhario Lincoln não parece ser esse pré-setentão que sua carteira de identidade alardeia em segredo. Muito ao contrário, e paradoxalmente, Mhario Lincoln parece ter todas as idades: a da eterna juventude, por seu espírito sadiamente inquieto e positivamente realizador e renovador; e a da plena e prazerosa maturidade, rica em saberes e experiente em habilidades, indulgente com os inconformismos e inconformidades humanos e exigente com o que quer para a essência de si mesmo.

Sendo, mais que uma pessoa, um “cast” delas, Mhario Lincoln é o jornalista experiente, o escritor producente, o advogado assente, o músico comovente, o amigo presente, além de gestor competente e editor consciente de uma plataforma digital FACETUBES – que, dedicada à Literatura, à Arte, à Música, teima em ousar agregar versos virtuosos ao universo virtual.

Mhario Lincoln, assim, nem precisaria completar anos, pois já tem todas as idades. E neste 2023, quando completa 69, ele adiciona mais uma efeméride, uma efemeridade (efêmera idade): debutante, faz 15 anos de Curitiba, a bela capital paranaense para onde mudou-se com mala, talento e cuia.

*

Mais que ceder (muito) espaço em sua plataforma para as coisas (apoucadas) que escrevo, Mhario Lincoln tem-me (con)cedido alongados tempos em regulares conversas por telefone. São dezenas e dezenas de minutos em que falamos um para o outro e ouvimos um do outro palavras que, espiritual e espiritamente, são em verdade o meio que incorpora e traduz, revela e reluz, apreende e conduz percepções e emoções, saberes e sentimentos sobre Céus e Terra, Caos e Cosmos “y otras cositas más”, coisas e causas do mundo, dos seres e haveres que o habitam e dos pensares, penares e pesares que habitam neles.

*

Ao oceano de abraços, cumprimentos e homenagens de que Mhario Lincoln certamente será alvo, ajunto esta diminuta, líquida e incerta gota d’água, cuja maior qualidade é não ter nenhuma pois, mantendo-se inodora, insípida e incolor, deixará que permaneça imarcescível, inalterável, o frescor de todos os cheiros, o viço de todos os gostos e o vigor de todas as cores que molduram a vida desse bom maranhense, homem-mar, homem-rio Mhario.

Que neste 27 de março, Mhario Lincoln, seu Contrato com a Vida, a Espiritualidade e a Cultura se renove por muitos e muitos anos.

Felicidades.

EDMILSON SANCHES

edmilsonsanches@uol.com.br

www.edmilson-sanches.webnode.page

Comentário da Dra. Elimar Figueiredo de Almeida Silva. (Sem dúvida, uma longa história de vida. Mhario Lincoln e o Dr. José Antonio Almeida Silva, advogado brilhante, nasceram no mesmo dia, no mesmo hospital, e, depois, ficaram em apartamentos frente-a-frente. Tinham a supervisão do mesmo médico). Abaixo:

"Que mensagem, amigo Edmilson! Vale por uma consagração. Conheço Mhario Lincoln praticamente desde que nasceu : no mesmo dia em que nasceu meu filho José Antonio. Eu e sua mãe, querida amiga minha, tínhamos o

mesmo médico, que se desdobrou no atendimento…ao homem-mar, ao homem-rio, Mhario, meus votos de felicidades todos os dias de sua vida!".

Na foto, o multiplural escritor e pesquisador Edmilson Sanches e a Dra. Elimar Almeida Silva, ex-Procuradora do Estado do Maranhão.

8 de março, Dia Internacional da Mulher

MULHERES E ESTRELAS

Por Edmilson Sanches

Uma palavra de carinho, gratidão e reconhecimento para as mulheres.

Qual o poema que falta ser feito de um homem para uma mulher?

Que palavras, que modo, que... que jeito de bem dizer aquilo que se quer?

O melhor poema para a mulher, quem sabe, talvez nunca seja escrito porque o melhor poema para ela seja, sim, aquilo que lhe seja dito... ...dito com ternura, verdade, carinho, como quem acaricia flor e ramo, esse poema, bem pequenininho, é o mais simples, e o maior: "Eu te amo!"

MULHERES E ESTRELAS

Há algo de diferente, muito diferente, no espírito feminino. As mulheres têm uma capacidade de suportação, de resignação e resistência que transcende a imaginação e a perplexidade do homem.

As mulheres merecem mais, muito mais: mais poder, mais participação, mais reconhecimento. As mulheres são melhores.

Tem algo de múltiplo e vário na singeleza da mulher, de arrebatador em sua beleza, de premonitório em seu olhar, de indecifrável no seu ser, de irresistível em sua sedução.

Talvez porque não haja um homem que, no íntimo, não se quede ante esse poder invisível, invejável, de que foi dotada, às escondidas, a mulher. O poder e a resistência, a sedução e o encantamento femininos ante os quais impérios ruíram e também se alevantaram, vidas se ergueram e igualmente tombaram, fracos se fortaleceram e heróis se acovardaram...

* * *
* * *

Sim... Seja à frente de reinados ou nos bastidores de residências, sentadas em tronos como rainhas reais ou em pé em casa como rainhas domésticas, as mulheres têm, escondido ou explícito, um poder diferente, uma força indescrita, um segredo não revelado, um mistério indecifrado.

Mulher. Mar pouco navegado.

Território pouco desbravado.

Alma quase nunca compreendida.

Sentimentos quase sempre pouco correspondidos.

Desejos simples contrafeitos. Vontades abissais insatisfeitas.

Uma mulher não é só um corpo, embora, mesmo quando acompanhada, seja uma alma só. Sozinha.

Solitária.

Mulher usada e ousada.

Mulher cifrada e indecifrada.

Mulher que acomoda e incomoda.

Mulher citação e excitação.

Se o homem veio do barro, as mulheres vieram do pó.

Pó de estrelas.

Por isso brilham.

Por isso luzem.

Por isso ofuscam.

Por isso reinam.

Por isso voam.

...E também por isso nós homens as amamos.

FALANDO EM SILÊNCIO...

“SILÊNCIO ELOQUENTE”

O advogado, escritor e acadêmico Agostinho Noleto Soares, da Academia Imperatrizense de Letras (MA), costuma bissextamente* (!) me “provocar” sobre palavras, frases, livros, Literatura, Arte(s), Cultura...

Neste 31 de janeiro de 2023 escreveu-me:

“Seria o ‘silêncio eloquente’, famoso oximoro de Almeida Garret. Confirme a autoria, Sanches. [...]. Abraço do amigo. Agostinho.”

Não, Agostinho, “silêncio eloquente” não é expressão garrettiana. É ciceroniana. Explico: o escritor, dramaturgo, orador e ministro português João Baptista Almeida Garret nasceu em 1799 e morreu 55 anos depois, em 1855. Já o advogado, político, escritor, orador e filósofo romano Marcus Tullius Cicero nasceu no ano 106 antes de Cristo e morreu em 43 a. C., com 63 anos. Portanto, Cícero nasceu 1.905 anos-quasedoismilênios--antesdeGarret.(Apronúnciacorretaé‘garrét’,comacentoagudono‘é’,segundo João Ribeiro [1860-1934], crítico literário, historiador, filólogo, tradutor, que foi membro da Academia Brasileira de Letras).

No ano 63 a. C., aos 43 anos de idade, Cícero pronunciou quatro discursos contra as tentativas de conspiração do senador romano Lucius Sergius Catilina, que queria derrubar o governo republicano de seu país. Do sobrenome do conspirador deriva o título “Catilinárias”, que em português nomeia aquelas quatro peças de oratória, originalmente intituladas “In Catilinam Orationes Quattuor”, “Quatro Discursos/Orações Sobre/Contra Catilina”. Dois desses famosos discursos (o segundo e o terceiro) foram feitos para o povo romano; o primeiro e o último discurso foram pronunciados no Senado.

A primeira “Catilinária” tem 33 partes. E é logo e exatamente no primeiro discurso, na parte 21, que está a expressão latina que foi traduzida ou veio para a Língua Portuguesa como “silêncio eloquente”. A frase latina de Cícero é: “[...] De te autem, Catilina, cum quiescunt, probant, cum patiuntur, decernunt, cum tacent, clamant, nequehi solum, quorum tibi auctoritas est videlicet cara,vitavilissima,sed etiam illi equites Romani, honestissimi atque optimi viri, ceterique fortissimi cives, qui circumstant senatum, quorum tu et frequentiam videre et studia perspicere et voces paulo ante exaudire potuisti. [...]”. No Google obtém-se esta tradução: “E de ti, Catilina, quando calados provam, quando sofrem decidem, quando calam, gritam, não só aqueles cuja autoridade te é cara, a vida é muito barata, mas também esses cavaleiros romanos , os homens mais honrados e bons, e o resto dos cidadãos mais corajosos, aqueles que cercam o senado, cuja presença você pôde ver e estudar e ouvir suas vozes um pouco antes.”

O “silêncio eloquente” veio do trecho “cum tacent, clamant”, ou “quando calam, gritam”, em Português, e “callando, lo proclama”, em espanhol, na tradução de Juan Bautista Calvo para a obra “Catilinarias”, de 70 páginas, com edição, introdução e notas de Pere J. Quetglas, catedrático da Universidad de Barcelona.

Pois bem: A frase original foi encompridada em diferentes traduções / versões. E uma das frases que mais prosperam no vasto mundo, e-mundo, da Internet é “O silêncio deles é uma eloquente afirmação”, quase sempre assinada/atribuída ao grande cônsul romano Cícero.

Outro que nasceu antes de Cristo (portanto, antes de Garret), o escritor, poeta e dramaturgo romano Públio Terêncio Afro, que viveu apenas 26 anos (185 a. C – 159 a. C.), igualmente escreveu: “O silêncio é elogio suficiente” (em Inglês: “Silence is praise enough”). Outra frase latina com esse paradoxismo silêncio e não silêncio, de autoria que não localizei, é: “Probatum est; tacent satis laudant” (em Português: “Está provado: ficam em silêncio, louvam bastante”, na tradução da professora doutora Maria do Rosário Laureano, especialista em línguas e literaturas clássicas da Universidade Nova de Lisboa).

*

Nas pesquisas que fiz, não consegui localizar texto que vinculasse a expressão “silêncio eloquente” a Almeida Garret. Mas descobri que um outro autor famoso, também nascido antes de Garret, já utilizara aquela expressão. Trata-se de François de La Rochefoucauld, escritor, moralista e duque francês, nascido em 1613 e falecido aos 66 anos, em 1680, ou seja, 119 antes de Almeida Garret nascer (1799).

La Rochefoucauld é autor muito citado de frases curtas, as máximas ou sentenças, reflexões e epigramas. Uma dessas frases, na tradução para o Português, é: "Há um silêncio eloquente, que serve para aprovar e condenar". Sua obra mais conhecida, além de suas “Mémoires”, é o livro "Reflexões ou Sentenças e Máximas Morais", publicado em 1664, quando o autor contava 51 anos de idade. Consta que La Rochefoucauld “influenciou profundamente” diversos escritores e filósofos, entre os quais Friedrich Nietzsche (1844-1900), Emil Cioran (1911-1995) e Matias Aires (1705-1763).

Para não tornar ainda mais exaustiva esta exposição, diga-se que a expressão “silêncio eloquente” é bem conhecido dos juristas e presente em textos de jurisprudência até do Supremo Tribunal Federal. Inspirado no Direito Alemão, onde é denominado “beredtes Schweigen”, o “silêncio eloquente” ocorre quando, de modo intencional, legisladores (senadores, deputados, vereadores) optam por não incluir algo nas leis que eles fazem, debatem e aprovam – ou seja, não incluir é o mesmo que silenciar... eloquentemente.

Como se sabe, expressões como “sonhar acordado”, as camonianas “contentamento descontente” e “dor que desatina sem doer” e, é claro, “silêncio eloquente” são figuras da Retórica denominadas oxímoro (ou oximoro e oxímoron ou paradoxo e paradoxismo). No caso da grafia e pronúncia de “oxímoro”, há dicionaristas que defendem a paroxítona “oximoro” (com o “x” com som “cs”, sem acento agudo no “i” e com a pronúncia “ó” no segundo “o” ou, como em Portugal, o segundo “o” fechado, como se houvesse um acento circunflexo: “ô”). Prefiro a grafia e pronúncia a que há muito me acostumei a escrever e falar: “oxímoro”, proparoxítona e segundo “o” com som levemente fechado.

Além das frases, há livros inteiros cujos títulos trazem o oxímoro no título: “História de um Silêncio Eloquente” (2019),deThaís Dumêt Faria; “OSilêncio Eloquente - Omissão do Legislador e Responsabilidade doEstadonaComunidadeEuropeiaenoMercosul”(2008),deMarcílioToscanoFrancaFilho;e“Transmissão Especial O Eloquente Discurso do Silêncio” (2016), de Satyaprem.

(*) A propósito, a expressão “costuma bissextamente”, no início deste texto, pode ser considerada um oxímoro, pois ela juntou o verbo “costumar” (ser comum, habitual, cotidiano) ao advérbio “bissextamente” (eventualmente, ocasionalmente, escassamente, não frequentemente).

Como se vê, por não tratar o bastante sobre o silêncio, este amontoado de palavras só é muito barulho - por nada...

Melhor ficar mudo...

*Edmilson Sanches é escritor, jornalista, administrador e consultor. É presidente de honra do Conselho Municipal de Educação de Imperatriz. Membro titular e correspondente de Academias do Maranhão, Pará, Espírito Santo e São Paulo e dos Estados Unidos. Tem dezenas de livros nas áreas de Administração, Biografias, Comunicação, Desenvolvimento, Edição, História e Literatura. Diversos prêmios e honrarias literárias, profissionais e culturais. Colabora periodicamente para o site literário pernambucano DCP.

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Acesse e visite o site: https://edmilson-sanches.webnode.page/

ACADEMIA DE CURITIBA HOMENAGEIA MARANHENSE

“O escritor Sanches foi de rara felicidade ao falar sobre Nélida Pinõn e com essa felicidade que envolve seus leitorestransmite-nososfrutosda benquerença.Graçasa Deusexistem escritoresassim que fazem dosseusleitores o ABC dos calouros na literatura”. *

A Academia Poética Brasileira, fundada em Curitiba (PR) em outubro de 2015, acaba de homenagear o jornalista, escritor e administrador maranhense Edmilson Sanches. A homenagem ocorreu na primeira semana de janeiro e, para documentá-la, a Academia expediu diploma [foto] onde se registra que “a Academia Poética Brasileira, por seu presidente e vice-presidente abaixo assinados, concede honrosamente ao escritor Edmilson Sanches o reconhecimento literário ‘Gonçalves Dias’ pela publicação aplaudida da crônica ‘Nélida Piñon e os Caxienses’ na plataforma internacional do www.facetubes.com.br”. O documento é assinado por Mhario Lincoln, presidente nacional e fundador, e Edomir M. de Oliveira, vice-presidente executivo nacional.

Edmilson Sanches vinha há mais de ano publicando, de modo avulso, artigos e crônicas na plataforma Facetubes, que é também baseada na capital paranaense e qualificada como uma das de maior nível da Internet no Brasil voltada majoritariamente para Literatura, Arte e Música, além de Educação e Economia, entre outros segmentos. Agora, desde 5 de janeiro deste ano, o jornalista e escritor maranhense passou a integrar o seleto quadro de colunistas da plataforma. Segundo o Facetubes, “Edmilson Sanches é jornalista, consultor, palestrante, editor, bacharel em Administração Pública, licenciado em Letras e é um dos intelectuais brasileiros mais aplaudidos em diversas áreas da literatura contemporânea”. O texto de estreia foi apresentado pelo escritor, músico e advogado MharioLincolncomo“Aopiniãogratificante econselheiradoescritorEdmilsonSanchesemtempode AnoNovo”. Para o presidente da Academia, “a comenda concedida a Edmilson Sanches é única, seja pela natureza da homenagem, seja pelos elementos iconográficos e simbólicos presentes no diploma que materializa o reconhecimento”. Não é a primeira vez que a Academia Poética Brasileira (APB) distingue intelectuais, sobretudo os de fora de seu quadro de membros. Em 2017, a APB, em solenidade de vulto em São Luís (MA), homenageou outros intelectuais maranhenses.

REPERCUSSÃO - O texto escrito por Edmilson Sanches, sobre a escritora Nélida Piñon, da Academia Brasileira de Letras e falecida em 17/12/2022, foi publicado na plataforma Facetubes e mereceu boa acolhida entre leitores

do Brasil e do Exterior. De São Luís, Edomir de Oliveira, advogado, escritor, ex-superintendente do Banco do Brasil, escreveu: “O escritor Sanches foi de rara felicidade ao falar sobre Nélida Pinõn e com essa felicidade que envolve seus leitores transmite-nos os frutos da benquerença. Graças a Deus existem escritores assim que fazem dos seus leitores o ABC dos calouros na literatura”.

Por sua vez, Marlene Glória, do Rio de Janeiro (RJ), disse: “Professor Edmilson, aproveito para lhe desejar tudo de bom em 2023. O seu texto é muito bom. Nossa imortal está vivíssima”.

De Londres, Inglaterra (Reino Unido), Hilary Francis, que privava da amizade de Nélida, exultou: “It is a magnificent text. She was my friend. And I, a big fan of PIÑON [‘É um texto magnífico. Ela era minha amiga e eu, grande fã de Piñon’, em tradução livre].

De Brasília (DF), Kalil Guimarães classificou como “Muito bom!”. Raimunda Pinheiro de Souza Frazão, de São José de Ribamar (MA), também qualificou como “Excelente texto!” e concluiu: “Parabéns, Edmilson Sanches! Aplausos para Nélida agora em outro Plano!” De Brasília (DF), o leitor Jaime escreveu: “Parabéns [...] por mais uma publicação de excelência”.

De SãoLuís (MA), HilmarRibeiro Hortegal,médico,escritor, gestor hospitalare professor universitário,escreveu: “Bela matéria. Um textode conhecimentoliterário,com destaque para oprivilégio dos [irmãos] caxiensesAdailton e Adailma [Medeiros] conviverem com a escritora Nélida, tendo privilégio de receber um livro autografado por ela. Obrigado, prezado Edmilson”.

Crônica da esperança crônica

Publicado em 1 de janeirode 2023, às 11:04

Imagem cedida pelo autor.

Por: Edmilson Sanches – Administrador, historiador, comunicador, escritor, palestrante, consultor, autor da Enciclopédia de Imperatriz.

Pé ante pé. Dia após dia. E de repente, “não mais que de repente”, já não havia mais tempo, já não havia mais dia. O ano se acabou. Mais um ano se passou. O lugar do calendário é uma parede vazia, cheia de cor, quadroverde onde traçaremos, a giz, os passos de mais um ballet de esperança. Esquecida no chão, resta a folhinha de um último dia, ponto de partida, sinal de largada para uma nova maratona, teste de resistência. E sobrevivência

Não; nós nunca esqueceremos 2022. Não devemos. Não podemos esquecer (alguns bem que gostariam). O ano morto está vivo dentro de nós.

Sabemos: 2022 foi danado, agoniado, sapato acochado, faca afiada, de dois gumes. Mas resistimos. “Resistir é permanecer”.

Vamos encarar 2023, de peito estofado e queixo erguido. Vamos recuperar, ou fortalecer, a confiança deste Povo, os méritos deste País. Sem falsas expectativas nem exageradas angústias. Mas serenidade e espírito de luta, como de sempre. E como sempre, vale a pena um bocadinho de oração, um pouquinho de reflexão, em quaisquer lugares, insabidos ou incertos. Pode ser de manhãzinha na igreja, ou à tardinha no bar. Nesses momentos, com o copo ou com o rosário, mais uma vez o que vale é a intenção, o que importa é o homem. O homem e sua alma. Pois nem tudo está perdido.

Muito bem. Nem oito nem oitenta. Nem nove nem noventa. Nem cem ou mil. Dois mil. E vinte e três. Quem sabe, com 2023 estaremos ganhando um belo futuro. De presente. Vamos ter esperança. De quê? Em quê? Ora… Na gente mesmo. Vamos dar uma geral na vida. Uma geral no trabalho. Uma geral no País. Bem que precisa. Precisamos. Pois todo ano novo/ é sempre um novo ano,/ de sonhos fartos/ e visões nuas/ que embalam/ su-a-ve-men-te/ os viventes/ destas ruas.

*

Há lágrimas nos olhos. Há um aperto no coração. Há um nó na garganta. Há uma dor no peito, um frio no lombo, suor nas mãos… Mas há sorrisos também. E disposição para continuar vivo. É assim mesmo perfeição é coisa de Deus, não ficou para o homem. Então, vamos lá! Pelas palavras do Poeta, temos a certeza de que

“o último dia do ano não é o último dia do tempo. O último dia do tempo não é o último dia de tudo. Novas coxas e ventres se abrirão e nos comunicarão o calor da vida”.

*

Perdemos 2022. Mas não perdemos a vida nem a vontade de viver. Ganhamos 2022, porque ultrapassamos

* * *
* * *

sua própria marca, transpusemos suas barreiras. Chegamos ao seu fim sem nos finarmos. Em 2022 tanta esperança nos foi frustrada, tanta coisa nos foi tirada… Mas nada, nada neste mundo de meu Deus, impedirá que a vida sobreviva, que a esperança continue. Por tudo isso, e por isso tudo, feliz, mas feliz mesmo, FELIZ ANO NOVO!

SÁLVIO DINO ENALTECE INICIATIVA DA ASSEMBLEIA EM RECONHECER

TRABALHO DO IHGM

Requerimento propondo a homenagem é de autoria da presidente da Assembleia, deputada Iracema Vale (PSB). Na oportunidade, Sálvio Dino será empossado membro do IHGM

Agência Assembleia

Agência Assembleia

Iracema Vale propôs uma sessão solene em homenagem ao IHGM, ocasião em que Sálvio Dino tomará posse como membro da instituição

O advogado Sálvio Dino enalteceu, nesta sexta-feira (9), a iniciativa do Parlamento Estadual em homenagear oInstitutoHistóricoeGeográficodoMaranhão(IHGM) comarealizaçãodeumasessãosolene,aserrealizada dia 23 de junho, às 14h30, no Plenário Hagib Haickel.

CASTRO
COSTA
CADEIRA 11 – SALVIO DINO DE
E
JUNIOR

O requerimento propondo a homenagem é de autoria da presidente da Assembleia, deputada Iracema Vale (PSB). Na oportunidade, Sálvio Dino será empossado membro do IHGM.

“O IHGM tem prestado relevantes serviços ao povo do Maranhão, na medida em que é uma entidade vocacionada para os estudos e a preservação da memória, da cultura, das artes e dos aspectos geográficos e das melhores tradições de nossa terra. Grandes nomes já integraram seus quadros, a exemplo de Mário Meireles, historiador de grande notoriedade e respeitabilidade”, salientou.

Reconhecimento

A presidente do IHGM, Dilercy Adler, afirmou que a instituição atua a serviço do Maranhão e que se sente honrada em receber o reconhecimento da Assembleia Legislativa do Estado do Maranhão, por intermédio da iniciativa da deputada Iracema Vale, primeira mulher a presidir o Parlamento Estadual maranhense.

“Na qualidade de presidente dessa instituição, manifesto nossos sinceros sentimentos de felicidade pelo reconhecimento da sociedade pelo serviço que prestamos ao Maranhão. Somos uma instituição quase centenária e que tem uma história. Agradecemos e nos sentimos muito honrados e felizes. Essa atitude da Assembleia muito nos honra e serve de prova pública para que outros entes públicos olhem melhor para as instituições que são de caráter puramente culturais”, ressaltou.

Para Sálvio Dino, a Assembleia reconhece a envergadura de tantos anos de relevantes serviços prestados ao povo maranhense. “É uma iniciativa extremamente louvável da deputada Iracema, que demonstra sua sensibilidade para com essa temática, ou seja, a preservação da cultura, das tradições e história do Maranhão”, afirmou.

A diretora da Biblioteca Pública Benedito Leite, Aline Nascimento, também será empossada durante a sessão solene.

História do IHGM

O IHGM foi fundado em 20 de novembro de 1925, em São Luís, em comemoração ao centenário de D. Pedro II. Dentre os sócios fundadores, constam Antônio Lopes da Cunha, Justo Jansen, Domingos de Castro Perdigão, Pe. Arias de Almeida Cruz e José Eduardo de Abranches Moura.

Tem por finalidade estudar, debater e divulgar questões sobre história, geografia e ciências afins, referentes ao Brasil e, especialmente, ao Maranhão. E cooperar com os poderes públicos em estudos que visem ao engrandecimento científico e cultural do Estado. Teve seu primeiro Estatuto promulgado no ano de 1925 e outros quatro nos anos de 1951, 1978 e 1997.

Durante o Estado Novo, no final da década de 30, o Instituto foi perseguido, desalojado de sua sede e seu acervo foi pararnos porões doLiceuMaranhense. Até1948,o IHGMfoi despejadocincovezes, só adquirindo sede própria em 1950, quando recebeu a doação de um prédio do Governo do Estado, situado à Rua Grande, 640, esquina com a Rua de Santa Rita.

O IHGM foi responsável pela instalação do primeiro museu do Estado do Maranhão, em 1926. É mantido por meio de doações, contribuições mensais dos sócios efetivos e colaborações eventuais. Possui um calendário cultural anual para comemoração das datas relevantes da história, oferecendo ao público palestras, seminários, conferências, simpósios e cursos. Tem uma revista editada, cuja primeira edição foi publicada em 1926. Atualmente conta com quarenta e cinco número editados.

CADEIRA 13 - FELIPE COSTA CAMARÃO – POSSE 2017

PREITO A GONÇALVES DIAS

Coube-me a responsabilidade, que reputo imensa, de abrir o primeiro ciclo de palestras promovido pelo Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão em comemoração ao Bicentenário de Gonçalves Dias. Sei que a escolha de meu nome deveu-se não a méritos que por acaso possua, mas ao fato de ocupar a cadeira número 20 patroneada por Antônio Gonçalves Dias. Não levaram em conta minha provectude… Meus 93 anos

CADEIRA 20 - ELIMAR FIGUEIREDO DE ALMEIDA SILVA POSSE – 1999

agradecem a extremamente honrosa indicação. Me esforçarei por não desmerecê-la, de já contando com a complacência do seleto público aqui presente.

Início este preito a essa figura estelar do Panteon Maranhense e Nacional, com versos de Mata Roma, meu saudoso professor dos tempos de Liceu:

‘’Poeta Gonçalves Dias, nossa terra escrínio de almas raras, teve contigo os seus mais belo dias e as suas noites de luar mais claras…’’

Nessa época tínhamos por obrigação, para mim por demais prazerosa, saber de cor poesias de Gonçalves Dias e muitas vezes íamos em romaria declamá-las ao pé de sua estátua na praça de seu nome onde,no dizer de Graça Aranha ‘’o poeta espera, na sua palmeira de mármore, o sabiá que não vem nunca…’’

Esse homem singular teve uma produção literária impressionante para o pouco que viveu. Talento multifacetado, foi também teatrólogo, advogado, jornalista e etnógrafo. Foi considerado o maior expoente do romantismo no seu tempo e, podemos dizer, o maior indianista brasileiro.

Josué Montello ao prefaciar as Poesias Completas de Gonçalves Dias assevera que “O culto a um poeta implica numa atitude mais complexa do que um simples ato de Fé; exige o nosso exame, o estudo atento da mensagem que ele nos deixou.” “E é isto que se pretende seja feito com esta nova publicação das poesias de Gonçalves Dias. Elas constituem, inegavelmente, o primeiro documento considerável da sensibilidade brasileira traduzida em versos duradouros.”

Essas palavras de Montello foram citadas, 48 anos depois de proferidas, por Dilercy Adler na apresentação da belíssima obra Sobre Gonçalves Dias, em boa hora organizada por essa ilustre confreira e o não menos ilustre confrade Leopoldo Gil Dulcio Vaz. E eu me permiti repeti-las hoje, caríssima Presidente, 58 anos depois, tal o seu significado. Por oportuno, ressalto o valioso contributo de Vossas Excelências, pela iniciativa arrojada de homenagear a passagem dos 190 anos de nosso poeta com a publicação dos Mil Poemas para Gonçalves Dias.

No prefácio da excelente obra Sobre Gonçalves Dias, de autoria de Weberson Fernandes Grizoste, encontrei informações valiosas que peço vênia para incorporar a esta minha manifestação no propósito de enriquecê-la. Assim vejamos logo ao início:

“Bendita a hora em que nasce um gênio, aqui, ali, além, que importa se for a luz benéfica que esclareça e guie a humanidade?”

Estas palavras são de Antônio Henriques Leal e estão grafadas no primeiro parágrafo do terceiro tomo do Pantheon Maranhense (1874), dedicado inteiramente a biografia de Gonçalves Dias.”

“Quem não dirá que Antônio Gonçalves Dias foi uma luz benéfica que esclareceu e guiou toda uma nação? Entre todos os ilustres filhos do Maranhão, Gonçalves Dias é, sem dúvida, aquele cuja luzência resplandeceu com maior pujança. Hoje, quando cantamos o Hino Nacional, muitas vezes declaramos despercebidos do seu significado: “nossos bosques têm mais vida, nossa vida [no teu seio] mais amores”, mas foi ele o primeiro a ter percebido essa generosidade da natureza, saudoso e triste diante das margens viçosas do Mondego. Foi em Coimbra que ele escreveu a sua “Canção do Exílio” que se tornou, o poema brasílico mais declamado, elogiado, imitado e conhecido até a atualidade’’.

Detém-se o autor ainda, sobre a origem da expressão ordem e progresso estampada na Bandeira Nacional e por todos atribuída a Augusto Comte, sendo certo que Gonçalves Dias em 1846 já referia no penúltimo subcapítulo de Meditação escrito em São Luís: “Porque a ordem e o progresso são inseparáveis; - o que

realizar uma obterá a outra.” Cuida o ilustre prefaciante de esclarecer que os Discursos de Comte foram publicados em 1848 e Meditação viria a lume em 1850.

Recorro agora ao discurso que proferi por ocasião da minha posse na cadeira número 20 deste sodalício:

“Falar de Gonçalves Dias, senhoras e senhores, é falar do Maranhão e do Brasil. É falar do cultor da história de nossos avós. É falar do poeta indianista. É falar do profundo amor que devotava à sua terra ao ponto de cantá-la como jamais alguém a cantou nos versos da Canção do Exílio. É falar do maior dos poetas brasileiros. Caxias viu nascer o menino Antônio, aquele que Bilac chamaria de gênio tutelar de nossa inteligência, a 10 de agosto de 1823, pouco depois da adesão do Maranhão à Independência. Filho do português João Manuel Gonçalves e da mestiça maranhense Vicência Ferreira, não lhe impediu a origem o acesso aos estudos, nos quais, bem cedo, se revelou. Assim, quando partiu para Coimbra, aos quinze anos, já estudara latim, filosofia e francês com o professor Ricardo Leão Sabino que vivia em Caxias. Esse professor, segundo nos conta Jomar Morais, era “uma curiosa e fascinante personalidade, que combinava a inteligência viva com boa cultura, grande coragem pessoal e índole aventureira” e deve ter sido de grande valia na formação intelectual do discípulo precoce.

Em Coimbra, frequentou Gonçalves Dias o Colégio das Artes a fim de concluir os estudos preparatórios iniciados em Caxias, com vistas a ingressar no Curso de Direito, revelando notável aproveitamento, tornandose conhecido como “o esperançoso menino do Maranhão". A falta de recursos financeiros quase o impediu de matricular-se na Universidade de Coimbra ante ordenar-lhe a madrasta o retorno ao Maranhão, por não mais poder mantê-lo em Portugal. Felizmente outros jovens maranhenses que estudavam em Coimbra, Joaquim Pereira Lapa e Alexandre Teófilo de Carvalho Leal (o maior e melhor amigo de Gonçalves Dias por toda a vida) e o fluminense José Hermenegildo Xavier de Moraes, lhe oferecem os recursos necessários para continuar os estudos, o que aceito, não sem alguma hesitação por parte do jovem estudante. Após submeterse, com êxito, aos exames preparatórios, matriculou-se no Curso de Direito, onde logo figurou entre os primeiros. Isto aos 17 anos de idade.

Além dos estudos jurídicos, esse aluno exemplar dedicar-se-ia ao estudo da literatura inglesa e francesa, sintonizando-se de imediato, com o movimento romântico onde pontificavam Victor Hugo, Chateaubriand, Lamartine, Alexandre Herculano e Almeida Garrett, cujas obras leu avidamente. A nostalgia da Pátria que perpassavapelos estudantesbrasileiros em Coimbra,à época, atingeo ápice nos versosda“Canção do Exílio”, misto de evocação e saudade, de paisagem e ternura, que consagraria Gonçalves Dias para todo o sempre. Manuel Bandeira afirma ter sido a “Canção do Exílio” para Gonçalves Dias, “o seu grande momento de inspiração, o passaporte de sua imortalidade". Ainda que não tivesse escrito mais nada, ficaria a Canção do Exílio para sempre gravada na memória de sua gente. "Na atualidade tornou-se a “Canção do Brasil” na feliz expressão do ilustre confrade Edmilson Sanches, cujo nome de forma exponencial se projeta hoje, para gáudio nosso, aqui e além fronteiras.

ApoesiaindianistadeGonçalvesDiasseriaoutrolegadoinestimável.NãotivessesidoelemembrodoInstituto Histórico e Geográfico Brasileiro (onde ingressou a 12 de setembro de 1847); não tivesse ele sido membro da Comissão Científica de Exploração instituída por Dom Pedro II em que titular/responsável pela Seção de Etnografia e Narrativa de Viagem; não tivesse ele escrito o notável trabalho científico “Brasil e a Oceania”; não tivesse ele revolvido os arcanos de nossa história ao pesquisar os arquivos daqui e d’além-mar, ainda assim mereceria figurar entre os patronos deste Instituto por essa poética indianista repassada de sentimento nativista,nãosócaptandoohomem/índioemseumeionaturalcomopelacompreensãoimpiedosadosbrancos, tão bem traduzida no:

CANTO DO PIAGA

“Ó guerreiros da Taba sagrada. O guerreiros da Tribo Tupi, Falam Deuses nos cantos do Piaga Ó guerreiros meus cantos ouvi.

Esta noite - era a lua já morta

Anhangá me vedava sonhar;

Eis na horrível caverna, que habito, Rouca voz começou-me a chamar.

Abro os olhos, inquieto, medroso

Manitôs! Que prodígios que vi!

Arde o pau de resina fumosa, Não fui eu, não fui eu que o acendi!

Eis rebenta a meus pés um fantasma.

Um fantasma d’imensa extensão; Liso crânio repousa a meu lado, Feia cobra se enrosca no chão.

O meu sangue gelou-se nas veias, Todo inteiro - ossos, carnes - tremi, Frio horror me coou pelos membros, Frio vento no rosto senti.

Era feio, medonho, tremendo, Ó guerreiros o espectro que eu vi.

Falam deuses nos cantos do Piaga

Ó guerreiros, meus cantos ouvi!

(II)

Por que dormes, ó Piaga divino?

Começou-me a Visão a falar, Por que dormes? O sacro instrumento

De per si já começa a vibrar.

Tu não viste nos céus um negrume

Toda a face do sol ofuscar;

Não ouviste a coruja, de dia, Seus estrídulos torva soltar?

Tu não viste dos bosques a coma

Sem aragem - vergar-se e gemer, Nem a lua de fogo entre nuvens, Qual em vestes de sangue, nascer?

E tu dormes, ó Piaga divino!

E Anhangá te proíbe sonhar!

E tu dormes, ó Piaga, e não sabes, E não podes augúrios cantar?!

Ouve o anúncio do horrendo fantasma, Ouve os sons do fiel maracá; Manitôs já fugiram da Taba!

Ó desgraça! Ó ruína! Ó Tupã!

(III)

Pelas ondas do mar sem limites

Basta selva sem folhas, i vem;

Hartos troncos, robustos, gigantes, Vossas matas tais monstros contém.

Traz embira dos cimos pendentes

- Brenha espessa de vário cipó.

Dessas brenhas contém vossas matas, Tais e quais, mas com folhas; é só!

Negro monstro os sustenta por baixo, Brancas asas abrindo ao tufão,

Como um bando de cândidas garças, Que nos ares pairando - lá vão.

Oh! Quem foi das entranhas das águas, O marinho arcabouço arrancar?

Nossas terras demanda, fareja…

Esse monstro… - o que vem cá buscar?

Não sabeis o que o monstro procura?

Não sabeis a que vem, o que quer?

Vem matar vossos bravos guerreiros, Vem roubar-vos a filha, a mulher!

Vem trazer-vos crueza, impiedadeDons cruéis do cruel Anhangá;

Vem quebrar-vos a maça valente.

Profanar manitôs, maracás.

Vem trazer-vos algemas pesadas, Com que a tribo Tupi vai gemer; Hão de os velhos servirem de escravos.

Mesmo o Piaga inda escravo há de ser!

Fugireis procurando um asilo, Triste asilo por ínvio sertão; Anhangá de prazer há de rir-se, Vendo os vossos quão poucos serão.

Vossos deuses, ó Piaga, conjura, Susta as iras do fero Anhangá, Manitôs já fugiram da Taba, Ó desgraça! Ó ruína! Ó Tupã!

Premonição? Quem sabe? a continuidade dessa colonização, da exploração das nossas riquezas naturais, o tratamento iníquo dispensado aos indígenas, povos originários, verdadeiro donos destas terras, com práticas genocidas que remontam à barbárie, confrangem a todos os que têm noção de liberdade e de dignidade, e humilha o Brasil diante do mundo. O que diria hoje o poeta diante de tamanho aviltamento?

Mas calou-se a voz do poeta a 3 de novembro de 1864, tragado pelo mar que temia tanto, no naufrágio do Ville De Boulogne. Antes, em 1862, fora anunciado seu falecimento a bordo do navio francês Grand Condé, tecendo-lhe os jornais do país extensos elogios fúnebres. Ao tomar conhecimento desses fatos buscou desmenti-los, até ironizando-os, chegando a dizer em carta a Teófilo Leal:

“O fato é que entre as singularidades da minha vida terei de mais a mais o prazer singular e esquisito de ler as minhas necrologias.”

Em verdade, singular e profético fora o hino composto pelo poeta em 1846, intitulado “Adeus aos meus amigos do Maranhão”:

“..... a desgraça

Do naufrágio da vida há de arrojar-me

À praia tão querida, que hora deixo, Tal parte o desterrado: um dia as vagas

Hão de os seus restos rejeitar na praia, Donde tão novo se partira, e onde

Procura a fria cinza achar o jazigo.”

Machado de Assis, em crônica publicada no Diário do Rio de Janeiro escreveu, ao saber da trágica morte do poeta:

“.... chegou a notícia da morte de Gonçalves Dias, o grande poeta dos Cantos e Timbiras. A poesia nacional cobre-se, portanto, de luto. Era Gonçalves Dias o seu mais prezado filho, aquele que de mais louçanias a cobriu. Morreu no mar, túmulo imenso quanto seu talento. Só me resta espaço para aplaudir a ideia que vai se realizar na capital do Maranhão: a ereção de um monumento à memória do ilustre poeta. Não é um monumento para o Maranhão, é um monumento para o Brasil…”

O autor de D. Casmurro dedicaria ainda a Gonçalves Dias versos magistrais que assim terminam:

“Morto. É morto o cantor dos meus guerreiros!

Virgens da mata, suspirai comigo.”

Assim finalizo, repassada de emoção, este meu preito a Antônio Gonçalves Dias.

Muito Obrigada!

Elimar Figueiredo

CADEIRA 21 – JOSÉ AUGUSTO SILVA OLIVEIRA POSSE: 2012 -

PREITO A ROSA MOCHEL: UMA PIONEIRA NA AGRONOMIA DO MARANHÃO

José Augusto Silva Oliveira

Professor. Ex-reitor da Universidade Estadual do Maranhão – UEMA. Vice-Presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão – IHGM.

Rosa Mochel Martins nasceu no Município de Miritiba, hoje Humberto de Campos, em 19 de janeiro de 1919. Nos versos do poema MIRITIBA SEMPRE, os nossos olhos descobrem uma declaração de amor e de gratidão à cidade em que ela nasceu: “Um porto, um igarapé/Barcos ancorados, velas a secar/ Crianças rolam nas areias do morro/ E se jogam nas águas salobras do Periá// Miritiba// Ali nasci/ Ali vivi a minha infância/ Abrindo os caminhos para a adolescência”

Rosa Mochel era a oitava filha do casal José Augusto Mochel e Ercília Rodrigues Mochel. Casou-se com o Engenheiro Agrônomo Ezelberto Martins. Professora Normalista, Geógrafa e Historiadora, foi a primeira mulher do Estado do Maranhão a se formar-se em Engenharia Agronômica.

Segundo o Engenheiro Agrônomo Lourenço José Tavares Vieira da Silva, idealizador e fundador da Escola de Agronomia do Maranhão, hoje incorporada à estrutura da Universidade Estadual do Maranhão – UEMA, Rosa Mochel Martins iniciou o curso de Agronomia no Maranhão, na década de 40. A iniciativa logo se encerrou com não mais do que uma ou duas turmas, o que a levou a concluir seus estudos no Rio de Janeiro. A Engenheira Agrônoma Rosa Mochel integrou o quadro de profissionais do Ministério da Agricultura, como Assessora Técnica. À mercê de sua formação acadêmica, ocupou diversos cargos na estrutura do Governo do Estado do Maranhão.

Com cursos de especialização e aperfeiçoamento, o de Aperfeiçoamento de Professores para o Magistério, Curso de Professores de Geografia de Ensino Superior, Curso de Folclore, Curso de Agricultura, entre outros, Rosa Mochel foi Engenheira Agrônoma da Seção de Genética da Universidade Rural do Rio de Janeiro, Chefe do Campo de Sementes dos municípios de Codó e Coroatá, no Maranhão, e do Setor de Agrostologia da Granja Barreto, em São Luís.

Entusiasta da natureza, Rosa Mochel atuou fortemente na defesa do meio ambiente. Criou um horto florestal, no bairro Maracanã, zona rural de São Luís. Nele, cultivou diversas espécies, cujas sementes eram objetos de doação o que era feito com o intuito de contribuir para a preservação ambiental local, num papel de vanguarda na defesa do meio ambiente.

Em EM BUSCA DA PRIMAVERA, obra de Rosa Mochel, publicada em 1977 e que integrava o Programa de Ação Cultural do Serviço de Imprensa e Obras Gráficas do Estado do Maranhão – SIOGE, o então administrador dele, acadêmico Jomar Moraes, assim apresentou a autora: “Autora, entre muitos trabalhos, do livro CONHEÇA O MARANHÃO, Rosa Mochel Martins ama a natureza, distribui sementes, incentiva o artesanato, pesquisa manifestações folclóricas, escreve teatro, planta flores ou denuncia, como neste oportuno texto, as distorções que ferem de morte a natureza, numa época em que é necessário preservá-la”. Dois pequenos belos trechos de EM BUSCA DA PRIMAVERA são reveladores das considerações feitas por Moraes: “[...] O menino morava em frente a uma pequena praça circundada de grosseiros bancos de cimento bastante danificados. De espaço a espaço, contavam-se trinta quadras dos abertos no chão para conterem árvores. Das trinta mudas ali plantadas, doze morreram, quatorze sumiram como por encanto e quatro conseguiram sobreviver. Uma, a que ficava defronte de sua casa, era a mais frondosa. As três restantes, deformadas pela falta de proteção, não chegaram a alcançar dois metros. Aquele, decididamente, não era o

melhormeiopara abrigar andorinhas”; “[...]Plantandoeprotegendo árvores, talvezaprimavera chegassemais depressa e com ela, as andorinhas”.

Seguindo a obsessão de Rosa Mochel pelo meio ambiente, foi criado, em 1988, há 35 anos, portanto, o Herbário da Universidade Estadual do Maranhão – UEMA, como espaço das aulas práticas do Curso de Agronomia. Desde 2009, ele está registrado na Rede Brasileira de Herbários da Sociedade Botânica do Brasil – SBB como Herbário Rosa Mochel. A partir do ano de 2010, ele passou a integrar o Programa Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia do MCT – Herbário Virtual da Flora e dos Fungos do Brasil.

O acervo possui cerca de 7 mil amostras de material botânico. O Herbário Rosa Mochel tem como missão conhecer e conservar a flora do Estado do Maranhão, atendendo alunos de graduação, pós-graduação, pesquisadores e bolsistas da UEMA e de outras instituições, e a comunidade escolar em geral.

Para mais, a Fazenda Escola do Campus de São Luís da UEMA, espaço para a pesquisa e experimentação dos cursos da área de Ciências Agrárias, mantém a Reserva Florestal Rosa Mochel.

Em homenagem à Professora Rosa Mochel, existe a Unidade Integrada de Ensino Rosa Mochel Martins, situada no bairro da Vila Embratel, em São Luís. Em Humberto de Campos, a Biblioteca Municipal também leva o nome dela.

No Maracanã, em conjunto com a comunidade local, Rosa Mochel criou e organizou o que vem a ser hoje a tradicional Festa da Juçara, realizada anualmente no mês de outubro.

Professora normalista, Geógrafa e Historiadora (Bacharelado), esteve à frente da Secretaria de Educação e Ação Comunitária de Toponímia para a Conservação do Patrimônio Histórico do Município de São Luís, onde desenvolveu abrangente e arrojado programa, cujo objetivo principal era o de despertar as potencialidades da gente maranhense numa linha de preservação dos mais autênticos e mais representativos valores culturais do Estado, com ações voltadas, sobremaneira, para a educação de crianças e jovens.

Em O MUNDO LENDÁRIO DO HOMEM, a autora relata o que se diz por aí: “[...] nas calçadas altas das casas de interior, nas horas de uma roçada, no semissilêncio da espera do peixe ou da caça, nos largos de festa e até nos velórios, que tudo é motivo para relembrar o acontecido ou não, com os enfeites da imaginação humana. Talvez gostosas mentiras que caíram no 'gosto' e se popularizaram”.

Para Rosa Mochel, “Lendas sempre existirão. Elas nascem da imaginação popular”. Ela as retrata em O MUNDO LENDÁRIO DO HOMEM, desde o Dom Sebastião perdido na costa maranhense àquela terra em mãos dos soldados portugueses transformada, como por encanto, em pólvora que reabastece as armas no Milagre da Guaxenduba, não sem antes lembrar que “[...] em dias de sexta-feira, à meia-noite, sai uma procissão do cemitério. São os escravos sacrificados por dona Ana Jansen, rezando e pedindo o castigo à culpada. Percorre essa procissão as principais ruas de São Luís com velas acesas e regressa depois ao lugar santo”.

Rosa Mochel exerceu o magistério como Professora do Liceu Maranhense, do Colégio de São Luís, do Instituto Rosa Castro, da Escola Técnica do Comércio e do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial –SENAC.

Foi também, na década de 70, membro do Departamento de Geografia e Estatística da Universidade Federal do Maranhão – UFMA, atuando como docente e Assessora Técnica do Programa Centro Rural Universitário de Treinamento e Ação Comunitária (CRUTAC), criado em 1965, com o objetivo de formar profissionais adequados às exigências das áreas interioranas do Brasil.

Auxiliou o Geógrafo e Engenheiro maranhense e um dos fundadores do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão – IHGM, Dr. José Eduardo de Abranches Moura (irmão de Dunshee de Abranches) na elaboração da nova “Carta do Estado”.

Foi executante de estudos das linhas divisórias e demarcações dos municípios de Coelho Neto, Buriti, Urbano Santos, Humberto de Campos, Pastos Bons, Mirador, Colinas, Pedreiras, entre outros.

Em 3 de novembro de 1969, por meio da Lei Nº 3.003, regulamentada pelo Decreto Nº 4.045, de 12 de dezembro do mesmo ano, foi criada a Escola de Agronomia do Maranhão como entidade autárquica estadual, com autonomia orçamentária, administrativa e didática, com sede em São Luís. Em menos de uma década de existência, a Escola de Agronomia do Maranhão recebeu autorização de funcionamento do Conselho Estadual de Educação, em 30 de setembro de 1970 e, posteriormente, foi reconhecida como Instituição de Ensino Superior, em sessão plenária do Conselho Federal de Educação, em 30 de abril de 1974.

A Portaria Nº 002/70, de 04 de maio de 1970, nomeava Professor-Assistente da Escola de Agronomia do Maranhão a Professora Rosa Mochel Martins, para a Cadeira de Desenvolvimento de Comunidade. Apresentou a Professora. Rosa Mochel o seguinte currículo: “Rosa Mochel Martins, Engenheiro Agrônomo. Bacharel e Licenciada em Geografia e História pela Faculdade de Filosofia de São Luís do Maranhão (1961). Curso de Aperfeiçoamento de Professores promovido pelo Departamento Nacional de Serviço Social da Indústria (1964). Curso de Avicultura Doméstica (prático), realizado em 1966. Exercício de Magistério nas disciplinas: Complementos Humanísticos e Problemas do Desenvolvimento Brasileiro, na Escola de Engenharia do Maranhão”.

Com sensibilidade para as artes, criou o Centro de Artes Japiaçu (1972) e a Casa de Alice, onde eram oferecidos cursos voltados ao artesanato, música e teatro, além de desenvolver trabalhos com artesões e artistas.

Rosa Mochel Martins conciliou, brilhantemente, as atividades técnicas e artísticas, sendo autora de diversos poemas, poesias, contos, peças teatrais e músicas, entre os quais o poema “O Globo e a Primavera”, onde se tem: “Outras Primaveras virão/ porque o globo gira, gira/e caminha sempre/ para onde não sei/ Estou nele/ Ando com ele/ e sei que é só uma vez”.

Em “De Quem é o Arroz”, revela a expropriação do pequeno lavrador: “João roçou/ João plantou/ João apanhou/ O arroz douradão/ Depois o Chefão/ Não deixou João socar o arroz/ No seu pilão/ De quem é o arroz/ Que João plantou?/ Será de João?/Ah! Isso é que não/ O arroz de João/ Não chega ao pilão/ O chefe é chefão/ João é peão”.

RosaMochel foiagraciadacom aMedalhadoMérito AgronômicopelaSociedadedeEngenheirosAgrônomos do Maranhão; Medalha Comemorativa do Nascimento de Alberto Santos Dumont pelo Ministério da Aeronáutica; Medalha Gonçalves Dias pela Academia Maranhense de Letras; Diploma de Honra ao Mérito pelo Ministério da Educação – Fundação Mobral.

Rosa Mochel tem vários trabalhos publicados em suas diversas áreas de atuação. Dentre eles, o famoso CONHEÇA O MARANHÃO, de caráter pedagógico, publicado no início da década de 70.

Foi membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão –IHGM e ocupou, naquele sodalício, a cadeira de número 09, patroneada pelo historiador e administrador colonial Bernardo Pereira de Berredo e Castro (foi governador do Estado do Maranhão, de 1718 a 1722).

Rosa Mochel faleceu no dia 2 de fevereiro de 1985, na cidade de São Luís.

O ACIDENTE AÉREO QUE ABALOU SÃO LUÍS EUGES LIMA

Historiador, professor, bibliófilo, palestrante e ex-presidente do IHGM

Era 6 de agosto de 1948... Almeida Galhardo estava no seu quarto, pensativo, na república onde morava, no Centro de São Luís, compondo mais um de seus sonetos. Seu plano, era em breve, assim que conseguisse recursos financeiros suficientes ou apoio, publicar seu primeiro livro de poemas, alguns já bem conhecidos, como Cruz de Ouro e Gaiovotas, publicados anteriormente em jornais da cidade.

Quando de repente, chega um telegrama vindo da sua cidade natal − a longínqua e paradisíaca Tutóia − informando que sua mãe, dona Joaquina, não passava nada bem e teria ido com urgência para a cidade de Parnaíba, no Piauí, em busca de auxilio médico.

Nos anos de 1940, rodovias no Maranhão eram coisas raras e principalmente na região do Baixo Parnaíba, praticamente não existiam, o transporte corrente era o marítimo, barcos, navios... A maneira mais viável e rápida de ir visitar sua mãe enferma, era pelo ar, Galhardo, então, já naquele momento, aviador do estado do Maranhão e de alguns políticos, pede emprestado ao deputado estadual Januário Figueiredo, seu avião monomotor “Aeronca” P.P. – R.Z.P. Camocim.

8 de agosto... A aeronave não era nova e precisava de revisão, por isso, Galhardo, convida seu amigo e colega de Aeroclube, Betinho Chaves (Alberto Augusto Fontoura Chaves) para juntos revisarem o avião.

16 horas... Após o trabalho de revisão pelos pilotos, já durante a tarde, eles resolvem testá-lo e escolhem sobrevoar o então povoado da Forquilha (hoje, Bairro da Forquilha), então, área rural de São Luís, pois lá residiam algumas garotas conhecidas dos pilotos.

No momento que o avião, pilotado por Almeida Galhardo, tendo como copiloto, Betinho, sobrevoava o povoado da Forquilha, os pilotos são surpreendidos por uma pane no motor, desestabilizando completamente a aeronave. Mesmo com todas as tentativas da tripulação em recuperar o controle do aparelho, todos os esforços foram inúteis, caindo assim, vertiginosamente a aeronave em parafuso, direto no solo, em meio a uma roça da região. “O avião entrou em perda, parando o motor. O piloto ainda cortou o magneto e a gasolina e o aparelho placou no solo”, declarou à época para a imprensa o deputado Cesar Aboud, presidente do Aero Clube do Maranhão no período da tragédia. A carcaça do avião ficou completamente danificada.

Após o desastre, o poeta Almeida Galhardo, não resistiu e faleceu na hora com o impacto do avião no solo, no entanto, seu colega Betinho, ainda foi retirado dos destroços com vida, porém, não resistiu aos ferimentos e morreu ao dar entrada no pronto socorro.

Quando a noticia do acidente trágico (o segundo do gênero em São Luís) dos dois jovens pilotos se espalhou pela cidade, São Luís foi tomada por uma grande comoção, provocada pela tragédia em si, mas também pela juventude das vitimas. Almeida Galhardo tinha apenas 25 anos, era jornalista, cronista esportivo − entusiasta do futebol maranhense −, poeta em ascensão e piloto de avião. Fazia apenas um mês que tinha recebido o seu

CADEIRA 22 - EUGES LIMA – POSSE 2012

brevê. Já era bem conhecido no meio jornalístico e cultural da cidade, era membro do CCGC (Centro Cultural Gonçalves Dias), uma das mais importantes agremiações literárias da juventude ludovicense desse período. A comoção foi geral, houve manifestações de pesar de vários poderes, legislativo estadual, municipal e executivo, sendo designados representantes para acompanhar o funeral. As famílias das vitimas receberam condolências formais das autoridades políticas. O velório dos dois amigos se deu na residência de Betinho, na Rua de Santana, n.º 478, próxima a uma fábrica de velas. De lá, saíram em cortejo fúnebre em direção ao Cemitério do Gavião, na Madre Deus, onde estão sepultados. Várias autoridades acompanharam o cortejo, inclusive, o então governador do estado, Sebastião Archer, além de um grande número de amigos e populares.

"RUDIMENTOS DE GEOGRAFIA" DE ANTÔNIO REGO.

Muito interessante esse pequeno "Rudimentos de Geografia" de Antônio Rego. Ele foi o primeiro médico homeopata do Maranhão.

Tem uma parte chamada "Do Maranhão" que é uma espécie de "perguntas e respostas" sobre história e conhecimentos gerais acerca do estado. Em 1872, o Maranhão tinha 32 municípios. Seis desses, eram considerados cidades...Caxias, Alcântara, Viana, Brejo, entre outros. Nessa época, o município de Brejo era considerado "cidade", estava entre as seis da província do Maranhão, a cidade do Brejo. Uma outra questão que me chamou atenção foi sobre a chegada dos franceses no Maranhão. O autor pergunta: Em que ano os franceses aportaram no Maranhão? A resposta, objetiva e direta: "aportaram em 1594 e foram expulsos em 1615 pelos portugueses ". Veja como foi a abordagem do autor em relação a essa temática. Primeirousacomo marco oanode1594,anodonaufrágio dos navios deJacques Rifault edesembarquedesses náufragos na ilha do Maranhão. Não cita o ano de 1612 e muito menos seus líderes ou qualquer história de fundação francesa de São Luís. Observe que nesse período não havia essa versão de fundação francesa da cidade. Isso só começa a ser gestado nas primeiras décadas do século vinte.

"VINTE ANOS SEM MARIO MEIRELLES".

Euges Lima é cronista do Facetubes e seu texto foi escolhido pela Academia Poética Brasileira para publicação.

Euges e Meirelles.

EUGES LIMA

Historiador, professor, bibliófilo, palestrante e ex-presidente do IHGM

Há vinte anos, no dia 10 de maio de 2003, falecia em São Luís, o historiador e professor universitário ludovicense, Mário Martins Meireles, aos 88 anos. Ele nasceu no dia 8 de março de 1915. Foi um historiador que marcou uma época, nas letras, na historiografia e no meio universitário maranhense, sobretudo na Universidade Federal do Maranhão, onde exerceu por longos anos a docência no Curso de História e foi um de seus fundadores.

Lembro-me que em 2001, dois anos antes do seu falecimento, assisti a uma palestra do professor Mário Meireles na Academia Maranhense de Letras, foi uma das poucas vezes que o vi pessoalmente, era um Ciclo dePalestraspromovidopeloInstitutoHistóricoeGeográficodoMaranhão. Euerarecém-graduadoemhistória pela Universidade Estadual do Maranhão, tinha colado grau no ano anterior e fazia um curso em nível de especialização pela mesma Universidade. O auditório da Academia estava repleto, principalmente de jovens estudantes, ansiosos para ouvir o lendário professor Meireles.

Nessa época, ele já bem idoso, porém bastante lúcido e ativo, era uma das atrações principais do evento. Meireles fazia uma palestra descontraída, cheia de tiradas bem humoradas, que arrancavam gargalhadas do público e prendia sua atenção. Era uma característica dele, o senso de humor em suas entrevistas e palestras. Nesse dia, contou sobre a ocasião em que certa vez, foi participar de um evento sobre a história da medicina no Brasil – Meireles escreveu sobre a história da medicina no Maranhão −, e lá estavam vários médicos, pesquisadores da história da medicina, especialistas nas mais diversas áreas. Um deles se aproximou de Mário Meireles, e perguntou acerca de sua especialidade médica, o que Meireles retrucou: “sou clínico geral!”. Esse era seu estilo, falava de coisas sérias, com pitadas de humor, característica dos bons palestrantes.

Mário Meireles se tornou um dos historiadores maranhenses mais conhecidos do século XX, principalmente a partir da segunda metade. Teve uma longa carreira como professor, historiador e acadêmico, sendo membro da Academia Maranhense de Letras, do Instituo Histórico e Geográfico do Maranhão, sócio correspondente da Academia Paulista de Letras, sócio correspondente do prestigioso Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, além de outras agremiações.

Para entrar na Academia Maranhense de Letras, Meireles foi incentivado pelo professor Mata Roma − seu grande amigo −, a se inscrever a uma vaga. Tinha 33 anos quando foi eleito para cadeira de nº 9, patroneada por Gonçalves Dias e curiosamente, em que pese ele já vinha publicando artigos em jornais, era professor de História Universal do Colégio Cisne, além de ser um voraz leitor de livros de história, Meireles é eleito para a AML, sem ter nenhum livro publicado. É a partir de sua entrada na Casa de Antônio Lobo que Meireles

inicia sua produção literária com a publicação de seu discurso de posse: O Imortal Marabá em 1948. Um opúsculo, considerado seu primeiro livro publicado. Foi presidente da AML de 1962 a 1966. A partir daí, nos anos seguintes, o jovem acadêmico, vai publicando alguns opúsculos, em sua maioria, frutos de palestras e conferências proferidas por ele. A exemplo de “Ana Amélia e Gonçalves Dias”, (1949) e “José do Patrocínio”, (1954). Até que em 1955, publica o seu primeiro livro importante: “Panorama da Literatura Maranhense”. Três anos depois, no cinquentenário da AML, em coautoria com Arnaldo Ferreira e Domingo Vieira Filho, publica “Antologia da Academia Maranhense de Letras”, (1958). Portanto, Meireles, começa sua carreira como historiador da literatura maranhense. Finalmente, em 1960, publica a sua “História do Maranhão” pelo DASP, Rio de Janeiro. Este trabalho, o consagra como historiador, pois é o primeiro livro publicado com esse caráter de abarcar toda a história do estado, uma espécie de manual de história, desde “História do Maranhão” de Barbosa de Godóis de 1904, que já se constituía numa raridade, portanto, nesse sentido, Meireles, preenche essa lacuna didática, essa carência bibliográfica e vira referência.

Embora tradicional na forma de escrever sobre história, fazendo uma história positivista, mas como o historiador é filho do seu tempo, Mário Meireles deve ser analisado dentro das possibilidades e referências historiográficas que o influenciaram e que estavam ao seu alcance. Não obstante, ele se notabilizou como historiador, por contata da sua vasta e variada produção bibliográfica, não se restringindo a estudar apenas um tema, mas publicando dezenas de trabalhos durante sua longa carreira, sobre os mais diversos e principais temas da história do Maranhão, “clínico geral”, como ele brincava, se constituiu em referência obrigatória a quem se propunha a pesquisar e escrever sobre a história do estado.

CADEIRA 36 - ANA LUIZA ALMEIDA FERRO – POSSE 2011

Umsábadoproveitoso...Vice-campeãnacategoriaRGF,emmaisumaetapadocampeonato maranhensedetênisdemesa.

O “QUINZE”, AS MIGRAÇÕES NORDESTINAS, O FUTEBOL: ALGUMAS ILAÇÕES

O que teriam – o romance “O Quinze”, o primeiro livro da escritora Rachel de Queiroz, publicado em 1930, emquenarraasecahistóricade1915peloolhardeumaprofessoraquemoraemFortaleza,eofutebolnascente no Maranhão?

Vaz e Vaz (inédito) , ao recuperarem a memória da família de Antonio de Brito Lira

o Antonio Paraibano

verificou-se que começaram um périplo por vários estados brasileiros, fugindo dessa seca, que assolou o Nordeste,incluindo, claro,oseuestadonatal:Pernambuco.FogemparaoCeará,embuscadeauxíliodealguns familiares, passando por Juazeiro do Norte; daí, seguem para a Paraíba, e para o Maranhão. Logo após a Guerra do Juazeiro - conflito popular ocorrido em 1914 durante a República Velha (1889-1930) na cidade de Juazeiro do Norte, no sertão do Cariri, Ceará. Sabe-se que, após perderem quase tudo, apostando na loteria de Padre Cícero, e a conselho deste, vêm para o Maranhão. Por volta de 1917, estão trabalhando, alguns na Mercearia dos Neves, como balconistas, outros, vão para o Engenho Central. O certo, que nesse período, passam por São Luis, como tantos outros migrantes, fugindo das secas...

Em 1915, o futebol – introduzido oficialmente em 1907, mas praticado desde 1905 – está em crise. Nesse, há uma tentativa de reabilitação por parte de jovens estudantes, alunos do Liceu Maranhense, dos Maristas e do Instituto Maranhense. São criados vários clubes, como o Brasil Futebol Clube, São Luís Futebol Clube, Maranhão Esporte Clube (1916), Aliança Futebol Clube, e Gentil Silva fundada um novo clube, o Guarani Esporte Clube.

Em 1915 tivemos outro “primeiro campeonato maranhense’ organizado em função de movimento em prol dos flagelados dos estados vizinhos - Ceará e Piauí – tendo se reunidos na Cervejaria Maranhense, localizada na Praça João Lisboa os idealizadores do “Campeonato Maranhense de Foot-ball”, que pretendiam realizar (O JORNAL, 14 de agosto de 1915). Nessa reunião ficou resolvido que "... na impossibilidade de fundação do Clube, se organizem dois 'team' denominados Franco Alemão - que terá de se bater em benefício dos flagelados da seca.

"Ficam assim compostos os team

"Presidente: Carlos Alberto Moreira

"Thesoureiro: Affonso Guillon Nunes

"Secretário: Hugo Burnett

"TEAM FRANCEZ

"Forwards - Gastão Vieira; Trajano Lebre, Carlos Moreira, Hugo Burnett, Manoel Borges, Antonio Ferreira;

"Half-backs - Carlos Leite; Antonio Cunha;

"Backs - Affonso Guillon Nunes; João Torres, dr.;

"Goal-keeper - Antonio Carvalho Branco

"Captain - Carlos Moreira

"TEAM ALLEMÃO

"Forwards - Nestor Madureira; Gentil Silva, José Souza; José Cantanhede; Maralteno Travassos;

"Half-backs - João Guedes; Antonio Paiva;

CADEIRA 40 – POSSE: 2008 – LEOPOLDO
GIL DULCIO VAZ

"Backs - Julio Gallas; Raul Andrade

"Goal-keeper - Albino Faria

A movimentação esportiva nesse final de 1915 estava bem intensa. O Brazil Foot-ball Club convocava seus sócios para a partida de final de temporada (O JORNAL, 12 DE DEZEMBRO DE 1915). Haveria outro jogo entre o "team" Allemão, do Internacional e os jogadores da Escola de Aprendizes Marinheiros. Eram convocados, pelo time Alemão, Branco, Fereth, Guillon, Albino, Paiva, Guedes, Trajano, Leite, Travassos, Madureira e Cunha. (O JORNAL, 13 de novembro de 1915). O Barrozo Foot-ball Club desafiara o "team" infantil dos Aprendizes, com o jogo terminando em 2 x 1 , para o Barrozo (O JORNAL, 22 de novembro de 1915). É anunciado um jogo do Internacional no campo da fabril (O JORNAL, 18 de novembro de 1915). Em 1916 é fundada a Liga Sportiva Maranhense (LSM), que não sobrevive. De acordo com MARTINS (1989), em meados de 1916, já era regular o número de clubes:

- BANGU FOOT-BALL CLUBE;

- FLUMINENSE FOOT-BALL CLUB;

- PAYSANDU FOOT-BALL CLUB;

- ATENIENSE FOOT- CLUBE;

- ONZE MARANHENSE F. CLUBE;

- MARANHÃO ESPORTE CLUBE;

- FOOT-BALL ATHLETIC CLUB;

- BARROSO F. CLUBE;

- CABRAL F. CLUBE;

- IPIRANGA F. CLUBE;

- GUARANI ESPORTE CLUBE;

- SÃO PAULO F. CLUBE e outras associações menores (p. 344).

“A ditadura científica eu penso que será parecida em muitas partes do mundo, será provavelmente a mais próxima do padrão de Admirável Mundo Novo”. "Admirável Mundo Novo" ( 1932) de Aldous Huxley

Um bate-papo

ChatGPT: Peço desculpas se houve alguma confusão, mas como uma inteligência artificial, não sou capaz de ter conversas com pessoas, nem cometer erros ou gerar informações falsas. Meu objetivo é fornecer informações precisas e úteis, com base no que foi publicado e comprovado na literatura científica e em outras fontes confiáveis. É possível que alguém tenha utilizado o meu nome ou o nome de uma versão anterior de minha programação em uma conversa, mas eu não posso confirmar ou negar essa afirmação, pois não tenho acesso a informações fora domeusistema.Qualquerinformaçãoque euforneçaébaseadaem princípios éticos e de integridade, e estou sempre disponível para ajudar a esclarecer qualquer dúvida ou fornecer informações adicionais, dentro dos limites do meu conhecimento e programação.

A “conversa” acima foi trocada entre uma máquina e um ser humano. Trata-se de um “chatbot”, um programa de computador que tenta simular um ser humano na conversação com as pessoas. O objetivo é responder as perguntas de tal forma que as pessoas tenham a impressão de estar conversando com outra pessoa e não com um programa de computador. Trata-se de é um modelo de linguagem ajustado com técnicas de aprendizado supervisionado e por reforço. No caso, foi utilizado o aplicativo “ChatGPT”, que significa “transformador pré-treinado gerador de conversas”, é um protótipo de um chatbot com inteligência artificial desenvolvido pela OpenAI e especializado em diálogo.

Outros dois conceitos merecem menção aqui: “machine learning”, ou aprendizado de máquina, através do qual os algoritmos conseguem ir melhorando seu funcionamento por meio da experiência, ou dos exemplos que passa a coletar em bancos de dados. Um aplicativo como o Waze, por exemplo, usa informações sobre o trânsito e é capaz de indicar os melhores percursos para os motoristas a partir das experiências e dos exemplos verificados pelos algoritmos. Já o “deep learning” também ajuda a Inteligência artificial a funcionar. É um braço mais aprofundado do machine learning: seus algoritmos conseguem aprender processos mais complexos, como detecção de fala, de objetos e reconhecimento facial. Ou seja, os algoritmos estão sendo trabalhados de forma cada vez mais complexa e aprofundada para permitir que a inteligência artificial ofereça soluções para problemas cada vez mais complexos.

Algoritmos são um conjunto de regras, ou instruções lógicas, que um programa de computador (um software) utiliza para realizar uma tarefa. E esses algoritmos podem ser ensinados (pelos humanos, a princípio), de formas diferentes. Esse aprendizado pode se dar pelo método supervisionado, não supervisionado e por reforço. A inteligência artificial usa os algoritmos para aprender a solucionar um problema em questão.

AInteligênciaArtificial,quevocêvaiverporaísendocitadaapenascomo IA(ouAI,deartificialintelligence), é um avanço tecnológico que permite que sistemas simulem uma inteligência similar à humana indo além da programação de ordens específicas para tomar decisões de forma autônoma, baseadas em padrões de enormes bancos de dados. fórmula: big data + computação em nuvem + bons modelos de dados.

Para uma classificação técnica da inteligência artificial, devemos nos concentrar em três: Inteligência artificial estreita (ANI): representa toda a IA existente, em que só pode realizar uma tarefa específica; Inteligência geral artificial (AGI): se refere à capacidade da inteligência artificial geral aprender, perceber, compreender e funcionar completamente da mesma forma que um ser humano; Superinteligência artificial (ASI): pode replicar a inteligência multifacetada dos seres humanos, possui uma memória maior, analisa dados rapidamente e possui capacidades de tomada de decisão. Em relação à sua capacidade, isso está relacionado ao nível de inteligência da IA, ou seja, a sua habilidade em executar funções semelhantes às humanas. E essas habilidades são divididas em quatro: Máquinas reativas: são as formas mais antigas de inteligência artificial,

“AS WE MAY THINK”

que não possuem funcionalidade baseada em memória; Memória limitada: conseguem aprender com base em dados históricos; Teoria da mente: esse é o próximo nível de sistemas de IA que encontra-se em andamento; “Autoconsciente”: a IA autoconsciente é uma formulação hipotética, que conseguirá compreender e evocar emoções, necessidades, crenças e, potencialmente, desejos próprios.

Para quem estuda a área das TICs, não é “novidade”, mas a evolução lógica da “Era da Informação e do Conhecimento” que vivemos nos mostra um mundo novo, na qual o trabalho humano é feito pelas máquinas, cabendo ao homem a tarefa à qual é insubstituível: ser criativo, ter boas ideias.

Há algumas décadas, a era da informação vem sendo superada pela onda do conhecimento, já que o aumento de informação disponibilizada pelos meios informatizados vem crescendo bastante, a questão agora está centrada em como gerir esse mundo de informações e retirar dele o subsídio para a tomada de decisão.

As “novas” formas de comunicação já foram definidas na ficção científica. Aldous Huxley , em seu livro "Admirável Mundo Novo" ( 1932) já descrevia uma sociedade extremamente científica, onde as pessoas são pré-condicionadas biologicamente e condicionadas psicologicamente a viverem em harmonia com as leis e regras sociais da sociedade, essa sociedade não possui ética religiosa e valores morais.

Isaac Asimov, um prolífico escritor não apenas de ficção científica mas também de obras científicas, publicando ao todo mais de 500 livros e contos ao longo dos seus 52 anos de carreira; entre eles incluindo-se "Eu, Robô" e "Manual de Robótica, 56 Edição, 2058 d.C.".

O título da coletânea veio do conto "I, Robot" (1939), de Eando Binder (pseudónimo de Earl (1904–1965) e Otto Binder (1911-1974). Asimov queria que o título fosse Mind and Iron, e inicialmente se opôs quando a editora usou o mesmo nome do conto. Isaac Asimov foi fortemente influenciada pelo conto.

É de Asimov as Leis da Robótica:

Um robô não pode ferir um humano ou permitir que um humano sofra algum mal. Os robôs devem obedecer às ordens dos humanos, exceto nos casos em que essas ordens entrem em conflito com a primeira lei. Um robô deve proteger sua própria existência, desde que não entre em conflito com as leis anteriores.

Essas Três Leis da Robótica são, na verdade, três regras e/ou princípios idealizados por Isaac Asimov a fim de permitir o controle e limitar os comportamentos dos robôs que este trazia à existência em seus livros de ficção científica. Mais tarde Asimov acrescentou a “Lei Zero”, acima de todas as outras: um robô não pode causar mal à humanidade ou, por omissão, permitir que a humanidade sofra algum mal.

O ensaio As We May Think de Vannevar Bush, primeiro publicado em The Atlantic Monthly em julho de 1945, argumentava que enquanto os humanos iriam virando as costas para a guerra, esforços científicos deveriam variar do aumento de habilidades físicas para fazer todo o conhecimento humano previamente coletado mais acessível. O artigo foi uma versão retrabalhada e expandida do seu "Mechanization and the Record" de 1939. O sistema, o qual ele chamou de memex, foi descrito como baseado no que se pensava, na época, seria a onda do futuro: rolos de microfilmes de resolução ultra-alta, junto com múltiplos visualizadores de telas e câmeras, através de controles eletromecânicos. O artigo de "The Atlantic Monthly" foi seguido, em novembro de 1945, por um artigo da revista "Time" que mostrava ilustrações da proposta área de trabalho e máquinadeescreverautomáticadomemex.Seuartigodescrevealgo emmuitasmaneirassemelhantesàWorld Wide Web.

A internet traz uma extensa gama de recursos de informação e serviços, tais como os documentos interrelacionados de hipertextos da World Wide Web (WWW), redes ponto-a-ponto (peer-to-peer) e infraestrutura de apoio a correio eletrônico (e-mails). As origens da internet remontam a uma pesquisa encomendada pelo governo dos Estados Unidos na década de 1960 para construir uma forma de comunicação robusta e sem falhas através de redes de computadores. Embora este trabalho, juntamente com projetos no Reino Unido e na França, tenha levado à criação de redes precursoras importantes, ele não criou a internet.

A Internet é um sistema global de redes de computadores interligadas que utilizam um conjunto próprio de protocolos (Internet Protocol SuiteouTCP/IP)com opropósitodeservirprogressivamenteusuáriosno mundo inteiro. É uma rede de várias outras redes, que consiste de milhões de empresas privadas, públicas, acadêmicas

e de governo, com alcance local e global e que está ligada por uma ampla variedade de tecnologias de rede eletrônica, sem fio e ópticas.

A ciência da informação é um campo interdisciplinar principalmente preocupado com a análise, coleta, classificação, manipulação, armazenamento, recuperação e disseminação da informação. Ou seja, esta ciência estuda a informação desde a sua gênese até o processo de transformação de dados em conhecimento.

A Ciência da Informação pode ser definida, segundo Oliveira, como “o estudo dos fenômenos ligados à produção, organização, difusão e utilização de informações em todos os campos do saber”. Sua origem está relacionada, brevemente citando, à biblioteconomia, à bibliografia e à documentação.

Já a Ciência da Comunicação “tem como objeto central a informação, transmitida por um comunicador a um receptor, utilizando um canal e um sistema de códigos específicos e posteriormente recuperados para a transmissão de novas informações”. Ela pode ser dividida em três vertentes, o jornalismo, a publicidade e o cinema.

A tecnologia da informação (TI) tem um papel significativo na criação desse ambiente colaborativo e, posteriormente, numa gestão do conhecimento. Entanto, é importante ressaltar que a tecnologia da informação desempenha seu papel apenas promovendo a infraestrutura, pois o trabalho colaborativo e a gestão do conhecimento envolvem também aspetos humanos, culturais e de gestão. Os avanços da tecnologia da informação têm contribuído para projetar a civilização em direção a uma sociedade do conhecimento. A análise da evolução da tecnologia da informação, de acordo com Silva (2003), é: "Por 50 anos, a TIC tem se concentrado em dados coleta, armazenamento, transmissão, apresentação e focado apenas o T da TI. As novas revoluções da informação focalizam o I, ao questionar o significado e a finalidade da informação. Isso está conduzindo rapidamente a redefinição das tarefas a serem executadas com o auxílio da informação, e com ela, a redefinição das instituições que as executam".

Tecnologias da informação e comunicação (TICs) é uma expressão que se refere ao papel da comunicação (seja por fios, cabos, ou sem fio) na moderna tecnologia da informação. Entende-se que TICs são todos os meios técnicos usados para tratar a informação e auxiliar na comunicação, o que inclui o hardware de computadores, rede e telemóveis. Em outras palavras, TICs consistem em TI, bem como quaisquer formas de transmissão de informações[1] e correspondem a todas as tecnologias que interferem e medeiam os processos informacionais e comunicativos dos seres. Ainda, podem ser entendidas como um conjunto de recursos tecnológicos integrados entre si, que proporcionam, por meio das funções hardware, software e telecomunicações, a automação, comunicação e facilitação dos processos de negócios, da pesquisa científica, de ensino e aprendizagem, entre outras.

Uma observação, feita por Lévy (1999):

A maior parte dos programas computacionais desempenha um papel de tecnologia intelectual, ou seja, eles reorganizam, de uma forma ou de outra, a visão demundo de seus usuáriose modificam seus reflexos mentais. As redes informáticas modificam circuitos de comunicação e de decisão nas organizações. Na medida em que a informatização avança, certas funções são eliminadas, novas habilidades aparecem, a ecologia cognitiva se transforma. O que equivale a dizer que engenheiros do conhecimento e promotores da evolução sociotécnica das organizações serão tão necessários quanto especialistas em máquinas (LÉVI, 1999, p. 36).

Metaverso é o termo que indica um tipo de mundo virtual que tenta replicar/simular a realidade através de dispositivos digitais. É um espaço coletivo e virtual compartilhado, constituído pela soma de "realidade virtual", "realidade aumentada" e, "Internet".

Para visualizar o conceito, pense no filme Matrix, dirigido por Lilly e Lana Wachowski. No longa, as pessoas vivem em uma realidade virtual arquitetada por uma inteligência artificial assassina que usa seus corpos para produzir energia. O metaverso é mais ou menos por aí, mas sem as máquinas vilãs – pelo menos por ora.

Apesar de ter virado pop recentemente, o termo metaverso é antigo. Ele foi cunhado pelo escritor Neal Stephenson em seu livro de ficção científica “Snow Crash”, publicado em 1992. A obra conta a história de “HiroProtagonist”,personagem quena“vidareal” éum entregadordepizza, masnomundo virtual – chamado na história de metaverso – é um samurai. Em 2011, o escritor Ernest Cline também tratou do tema em seu

romancefuturista“Ready PlayerOne”(JogadorNúmero1noBrasil)”,queem 2018ganhouastelas do cinema pelas mãos de Steven Spielberg. Na obra, os personagens vivem em um mundo distópico e, para fugir da realidade, costumam passar horas e horas no OASIS, um simulador virtual que dá a eles a possibilidade de serem o que bem entenderem. Alguns projetos tentaram criar algo semelhante a um metaverso. Um dos principais exemplos é o jogo Second Life, lançado em 2003 pela empresa Liden Lab, baseada nos Estados Unidos. O game é um ambiente virtual 3D que simula a vida real. Ao entrar, os usuários podem criar avatares e socializar uns com os outros.

Realidade virtual é uma tecnologia de interface entre um usuário e um sistema operacional através de recursos gráficos 3D ou imagens 360º cujo objetivo é criar a sensação de presença em um ambiente criado por técnicas computacionais diferente do real (ambiente virtual 3D). Para isso, essa interação é realizada em tempo real, com o uso de técnicas e de equipamentos computacionais que ajudem na ampliação do sentimento de presença do usuário no ambiente virtual. Esta sensação de presença é usualmente referida como imersão. A realidade virtual (VR) é o uso de alta tecnologia para convencer o usuário de que ele se encontra em outra realidade, provocando o seu envolvimento por completo. Além da compreensão da VR como simulação da realidade através da tecnologia, a VR também se estende a uma apreensão de um universo não real, um universo de íconesesímbolos,maspermeandoemumprocesso designificaçãooespectadordessefalsouniversoofornece créditos de um universo real. Em suma, uma realidade ficcional, contudo através de relações intelectuais, a compreendemos como sendo muito próxima do universo real que conhecemos.

A realidade aumentada (RA ou AR, na sigla em inglês) é a integração de elementos virtuais em cenas do mundo real, em geral por meio de câmeras e sensores de movimento.

Tanto a Ciência da Informação como a Comunicação tem o intuito de produzir e transmitir as formas e os conteúdos simbólicos das culturas e sociedades. Além de as duas serem campos de estudos dos significados.

A tecnologia a favor da inclusão e da equidade (acontecendoaqui.com.br)

ARAÚJO, Carlos Alberto Ávila. Correntes teóricas da ciência da informação. Brasília, DF, v. 38, n. 3, p.192204, set./dez., 2009. Disponível em <http://www.scielo.br/pdf/ci/v38n3/v38n3a13>. Acesso de 23.set.2016

As We May Think - The Atlantic

BARRETO, Aldo de Albuquerque. A condição da informação. São Paulo em Perspectiva, São Paulo: Fundação Seade, v. 16, n. 3, p. 03-05, 2002.

O que é Big Data?

Tecnoblog

Coluna Carreira | Descubra o lado FAKE do ChatGPT (acontecendoaqui.com.br)

Coluna Ozinil Martins | A Inteligência Artificial e a criação de um novo mundo! (acontecendoaqui.com.br) Freires,Thiago (Dezembrode2007).«RelaçõesentreaCiênciadaInformaçãoeasCiênciasdaComunicação: um estudo dos conceitos de representação documentária, mediação e comunicação científica» (PDF).

KUHN, Thomas S. A estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Perspectiva, 1975. 257 p. LÉVY, Pierre. As Tecnologias da Inteligência. Rio de Janeiro: Editora 34, 1993

SILVA, Ricardo Vidigal da; NEVES, Ana. Gestão de Empresas na Era do Conhecimento. Lisboa: Serinews Editora, 2003

ALGUMAS NOTAS SOBRE LUTAS NO MARANHÃO

Existem vários estilos da chamada “luta livre”, antes de sua regulamentação como arte marcial de combate.

Luta livre esportiva, luta livre brasileira ou luta livre submission é um sistema de submission wrestling criado em meados do século XX no Rio deJaneiro por EuclydesHatem (omestre"Tatu") -nascido noRio deJaneiro em 16 de setembro de 1914, descente de libaneses. Quando criança, por ter sido um garoto gordinho ganhou o apelido de Tatu e, por este motivo, aos 14 anos, em 1928, levado por seu irmão Eduardo, começou a prática do Remo com o objetivo de perder peso. Não conseguindo seu objetivo neste esporte, passa , a partir de 1930, a praticar Luta Livre na Associação Cristã de Moços, no centro do Rio. Tornou-se lutador profissional e ficou muito conhecido durante as décadas de 1930 a 1950. É um dos personagens fundamentais para o desenvolvimento do que veio a ser conhecido como Luta Livre Brasileira, um estilo totalmente adaptado e desenvolvido no Brasil. Assim que parou de lutar, passou a dar aulas de Luta Livre no clube Santa Luzia no centro do Rio de Janeiro. No início dos anos 70 passa a batuta para Fausto Brunocilla e Carlos Brunocilla. CBLLE - Confederação Brasileira de Luta Livre Esportiva.

Submission wrestling (lit. luta de submissão) também conhecida como submission fighting, submission grappling, sport grappling ou simplesmente como no-gi, é uma fórmula de competição e um termo geral que descreve o aspecto das artes marciais e dos esportes de combate que se concentram no clinch e na luta no solo, com o objectivo de obter uma submissão usando submission holds. É conhecido como combat wrestling no Japão. O termo "submission wrestling" geralmente se refere apenas à forma de competição e de treino que não usa um "casaco", "gi", ou "quimono de combate", muitas vezes usados com cintos que estabelecem a graduação por cor. O esporte de submission wrestling reúne técnicas de wrestling tradicional americano (catch-as-catch-can), luta livre esportiva, freestyle wrestling, jiu-jitsu brasileiro, judô e sambo. O submission fighting é um elemento de uma grande variedade de esportes sendo muito comum nas artes marciais mistas, pancrácio, catch wrestling, entre outros. Submission wrestlers ou grapplers costumam usar shorts, e roupas coladas à pele, como lycra, sungas e roupas curtas misturadas para que não sejam arrancadas em combate. Submission wrestling – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)

Esta arte marcial brasileira surge como uma adaptação do catch wrestling (ou catch-as-catch-can), na época chamada de luta livre americana, com uma mistura das técnicas da luta olímpica, estilo greco-romano, estilo livre, judo e jiu-jítsu. O mestre "Tatu" enfrentou (e venceu) George Gracie nos anos 1940.

Catch wrestling (lit. luta de captura ou luta de agarrar) ou também Catch-as-catchcan (lit. agarre quando puder agarrar), conhecido no Brasil no início do Século XX como Luta livre americana, é um estilo de luta tradicional que se desenvolveu e popularizou no final do século XIX pelos lutadores do carnaval itinerante, que tem incorporado submission holds, ou "hooks", em sua luta para aumentar sua eficácia contra os seus adversários. O catch wrestling deriva de vários estilos diferentes, o estilo inglês de wrestling de Lancashire (catch-as-catchcan), o collar-and-elbow irlandês, a luta greco-romana, os estilos do subcontinente indiano como o pehlwani, e os estilos iranianos como o varzesh-e pahlavani A formação de alguns lutadores modernos de submission wrestling e artes marciais misturadas é fundamentada no catch wrestling. Catch wrestling – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)

Na década de 1970 a luta livre foi fortemente influenciada por Fausto Brunocilla e Carlos Brunocilla, pai e filho que foram alunos de Tatu e responsáveis pela transmissão da Luta Livre e a formação de vários mestres de Luta Livre. Também Roberto Leitão, professor da Universidade de Engenharia, que dedicou muitos anos ao wrestling e ao judô. Sendo de menor estatura física do que a maioria dos atletas do clube de remo, Leitão primavapelatécnica,ALutaLivreevoluiuefoiexpandidapelo mundo pelos mestres Denilson Maia, Eugênio

Tadeu e Hugo Duarte.É antes de tudo um estilo de submission grappling onde os competidores usam chaves nas articulações e estrangulamentos para submeter o adversário:

• Luta livre esportiva é a versão de competição. É mais fácil descrever como "No-Gi submission grappling". Nas competições de luta livre esportiva, só são permitidas técnicas de grappling para subjugar o adversário. Para este tipo de competição, é importante elaborar estratégias e executar tranqüilamente os movimentos.

• Luta livre vale-tudo é uma versão da luta livre muito semelhante a um combate livre. Além da componente do grappling de luta livre, os profissionais também podem executar socos, chutes, joelhadas e cotoveladas. Estes componentes são utilizados para fazer a transição para o chão (quedas), como no MMA. Luta livre vale-tudo é provavelmente uma das mais semelhantes artes marciais em comparação com a atual MMA.

• Luta livre T36 inclui 36 habilidades de luta livre para finalizar uma situação de combate real, por estrangulamentos e chaves nas articulações do adversário. É um programa especial com uma gameplan estruturado para o grappling, MMA e qualquer tipo de situação de combate real, como a defesa pessoal.

A Luta livre profissional (Também conhecido como Pro Wrestling) começou com lutas de Catch até que elementos de artes cénicas foram introduzidas, transformando o esporte em um espetáculo com lutas prédeterminadas. Enquanto o catch wrestling amador se tornou um esporte olímpico, ao remover golpes perigosos e adicionar regras competitivas adaptadas do wrestling greco-romana, se tornando a Luta livre olímpica

No Japão, década de 80, Antonio Inoki organizou uma série de lutas de artes marciais misturadas – o “shootwrestling” , com a formação de uma das primeiras organizações japonesas de artes marciais misturadas conhecida como “shooto”.

A partir de 1993, Rorion Gracie e outros sócios criaram o primeiro torneio de UFC, quando as artes marciais misturadas obtiveram grande popularidade nos Estados Unidos.

Rickson Gracie - um grande lutador de Vale Tudo do Brasil na década de 1970 e 1980, e que fazia lutas em MMA no Open Japan, vencendo as duas primeiras edições (1995 e 1995); luta também nas Primeiras edições do “PRIDE Fighting Championships”. O UFC passou a ficar em baixa, perdendo valor e sendo proibido em vários estados dos Estados Unidos

Os japoneses, em 1994, criam o “Free Style Japan Championship” ou “Open Free Style Japan”.

Em 2001, os empresários Dana White, Lorenzo e Frank Fertitta compraram o UFC, fundando uma empresa chamada Zuffa. Após várias mudanças nas regras conseguiram legalizar o esporte em praticamente todos os estados americanos.

Em 2007 o UFC compra o Pride, levando vários atletas do Japão para os EUA e tranformando o UFC na maior organização de MMA do planeta

Assim, temos as seguintes modalidades de lutas:

- Jiu-jitsu brasileiro: um estilo cada vez mais popular, com grande ênfase na luta no solo. Envolve treinamento com e sem quimono.

- Catch wrestling: Também chamado de "Catch-as-Catch-Can", o estilo original de submission wrestling (sem kimono) ensinado nos Estados Unidos e no Reino Unido está tendo um crescimento nos últimos anos.

- Judô: Uma arte marcial japonesa com foco em arremessos de alto impacto, pins, armlocks, e estrangulamentos. Também é um esporte olímpico, e é praticado com o gi, mas por vezes tem sido adaptado para fins de wrestling submissão.

- Jujutsu: uma arte milenar japonesa de wrestling/grappling que coloca uma grande ênfase em joint-locks, estrangulamentos e arremessos. Usa um quimono tradicionalmente, mas o treino sem ele não é incomum.

- Luta livre esportiva: Uma forma de grappling nativo do Brasil sem o uso do quimono.

- Luta livre vale tudo: Uma forma de luta livre (sem restrições), nativa do Brasil com fortes elementos de submission wrestling.

- Pancrácio: Praticado no mundo antigo, combina elementos tanto de boxe (pygme/pygmachia) quanto de wrestling (pále) para criar um grande esporte de combate, similar às atuais artes marciais misturadas.

- Sambo: O estilo russo de grappling que normalmente usa uma jaqueta, mas sem calças kimono. Sambo utiliza leglocks, mas a maioria dos estilos não permitem engasga.

- Shootoo: A arte marcial japonesa que consiste em catch wrestling, judô, jujutsu, sambo e muay thai.

-CombatSubmissionWrestling(CSW):Umaformamodernadewrestling (esistemadeMMA)sem quimono, que utiliza elementos e técnicas do catch wrestling, luta livre, luta greco-romana, judô, shoot wrestling, e sambo. Este estilo tem também um sistema de golpes

- Shootfighting: A arte marcial japonesa que consiste em Muay Thai e Catch Wrestling.

- Submission arts wrestling (SAW): Estilo de submission criado por Hidetaka Aso

Ano 1934\Edição A00057 (1) Noticias (MA) - 1933 a 1934

Ano 1937\Edição 03519 (1) O Combate (MA) - 1925 a 1965
Ano 1948\Edição 04373 (1) Ano 1952\Edição 05690 (1)

Ano 1952\Edição 05692 (1)

Ano 1952\Edição 05694 (1)

Ano 1952\Edição 05695 (1)

Ano 1952\Edição 05699 (1) Ano 1956\Edição 06573 (1)
Ano 1957\Edição 06592 (1)
Ano 1957\Edição 06607 (1) Ano 1957\Edição 06928 (1)
Ano 1957\Edição 06929 (1)

Tubino (2010, p. 20) ao tratar da ‘origem do esporte’, refere-se aos estudos de Diem (1966) para quem a história do esporte é íntima da cultura humana. Ela vem da natureza e da cultura humana (EPPENSTEINER, 1973): “[...] a natureza e a cultura coexistem ao criar um ‘instinto esportivo’, que para ela é a resultante da combinação do lúdico, do movimento e da luta.”

As antigas civilizações já tinham atividades físicas/pré-esportivas em suas culturas, a maioria com características utilitárias, que desapareceram com o tempo; outras se transformaram em esportes autóctones, esportes considerados “puros”, que continuaram a ser praticados ao longo do tempo sem sofrer influência de outras culturas. Quando essas práticas permanecem, mas sofrem modificações de outras culturas, geralmente de nações colonizadoras, passam a ser chamados de Esportes ou Jogos Tradicionais (TUBINO, 2010)

Dentreascorrentesesportivascontemporâneas, encontramos,dentreoutros,os EsportesTradicionais,esportes consolidados pela prática durante muito tempo - os Esportes das Artes Marciais – provenientes da Ásia, inicialmentepraticadasmilitarmentepelosguerreirosfeudais,ehojepráticasesportivas:jiu-jitsu,judô.Karatê, taekwondo; os Esportes de IdentidadeCultural, quesão aqueles com vinculação cultural: no Brasil,a Capoeira principalmente; são identificadas outras modalidades esportivas de criação nacional, de prática localizada nos seus ”lócus”, inclusive as indígenas: Uka-uka, Corrida de Toras, etc., sem preocupações de práticas por manifestação. (TUBINO, 2010).

As it happens with natural opponents, luta livre absorbed elements from jiu-jitsu as well, just as jiu-jitsu absorbed elements from luta livre in the process of becoming "BJJ". Many jiu-jitsu experts fought professionally in the pro-wrestling context. Among some of the fighting cultures present in the Brazilian context having some impact upon Brazilian luta livre, we may consider huka-huka wrestling (from the Amazonian indigenous people), marajoara wrestling (practiced on the sands of the Marajó Island), tarracá (practiced at Maranhão) and capoeiragem (especially from the tradition practiced in Rio de Janeiro). As some early experts came from the "Graeco-Roman" wrestling context, luta livre also received some of its influence. (Notes on the History of Brazilian Luta Livre) (grifos nossos).

“Como acontece com os adversários naturais, Luta Livre elementos absorvidos do jiu-jitsu, assim, como jiu-jitsu elementos absorvidos luta livre no processo de tornar-se "Bjj". Muitos especialistas do jiu-jitsu lutaram profissionalmente no contexto pro-wrestling. Entre algumas das culturas de luta presentes no contexto brasileiro, tendo algum impacto sobre a luta livre brasileira, podemos considerar wrestling huka huka (dos povos indígenas amazônicos), marajoara wrestling (praticado nas areias da Ilha do Marajó), tarracá (praticado no Maranhão) e capoeiragem (especialmente a partir da tradição praticada no Rio de Janeiro). Enquanto alguns especialistas mais antigos vieram do "greco-romano" wrestling contexto, a luta livre também recebeu algumas de suas influências” Sem dúvidas,amais antigaprática, sejao Huka-huka,umalutapredominanteindígenaeque apresentaescassa informação científica e documental disponíveis, que relatem suas características

A Huka-huka é uma luta de agarramento (grappling), parecida com a luta greco romana ou wrestling e possui quedas similares como: firemans carry, bodylock, bear hug, double leg, single leg, suplex, lateral drop, arm spin, flyng mare, shouder throw, colar elbow, pinch headlock, lifting, cross buttock, standing arm roll, entre outras. A luta se inicia com o lutador anfitrião escolhendo o seu oponente, que fica de pé quando este se aproxima. Os dois começam a girar em círculos se aproximando fazendo o barulho de onça. Quando bem próximos, ambos, se dão a mão direita, e a mão esquerda segura o pescoço do respectivo oponente (Figura 2). Neste momento se inicia o combate. As lutas não passam de dois Não existe uma pontuação, e para vencer a luta é necessário: a) derrubar o oponente de decúbito dorsal ou ventral; ou; b) levantá-lo totalmente do chão; ou c) um dos guerreiros manifestar desistência; ou d) quando segura atrás de um ou dos dois joelhos do oponente 3 e 5 segundos; ou e) quando dominar as costas do oponente, por cima, fazendo com que este fique com as mãos e os joelhos no chão, Os empates ocorrem nos seguintes casos: os dois lutadores perdem o contato um do outro; há uma desistência dupla; algum lutador se lesiona. Não há chaves de lutas, prêmios e nem ranqueamento. Entretanto, apresenta-se uma valorização social do guerreiro vencedor, o qual passa a ser respeitado por sua vitória e, consequentemente, a sua aldeia fica reconhecida como exemplo de força e saúde social. Durante o combate não podem ocorrer golpes como soco, chute, joelhadas, cotoveladas, cabeçadas e chaves de articulações (cotovelos, joelhos, cervical, punho, entre outras). Também se proíbe dedo no olho, mordidas e agarrar os cabelos.

No final do século XX, acompanhando as inúmeras mudanças históricas, a Huka-huka começa a migrar também para parte esportiva. No ano de 1996, na cidade de Goiânia (GO), ocorreu o primeiro evento esportivo indígena de nível nacional, que foi denominado de I Jogos dos Povos Indígenas, realizado pelo Comitê Intertribal - Memória e Ciência Indígena e apoiado pelo Ministério do Esporte do Brasil. Esse evento contou com aproximadamente 29 etnias e cerca de 400 atletas. Foram disputadas diversas modalidades, como o futebol, voleibol, atletismo, natação, canoagem, arco e flecha, arremesso de lança, demonstrações de lutas e a corrida de toras.

Sobre o Huka-huka, andando por esses interiores, fui encontrar em Carutapera o estilo ‘onça pintada’, introduzido na região por um mestre paraense – Mestre Zeca – baseado em luta de antiga tradição marajoara – o agarre marajoara; lembrando que muitas das nações indígenas que se estabeleceram na Ilha do Marajó foram ‘desterradas’ do Maranhão durante o período colonial; inclusive, há certa semelhança entre as cacarias encontradas nas estearias do lago Cajari com motivos marajoaras. No Jornal do Capoeira (Ed. 05/06/2005) escrevii:

Já retornei de Caratupera, região do Alto Turi, fronteira com o Pará... Conversei com alguns capoeiras da área - Caratupera e Maracassumé - que estão ligados ao Pará, através do Mestre Zeca... Turiaçu fica bem próximo de Carutapera, na mesma região do Turi... O grupo de Carutapera denomina-se ACANP - Associação Capoeira Arte Nossa Popular - fundada por Mestre Zeca, de Belém do Pará - Jose Maria de Matos Moraes (33 anos); mantém vários grupos atuando na região do Alto Turi, no Maranhão, e em outras localidades do Pará, além de Belém. A ACANP é filiada à Federação Paraense de Capoeira - e o estilo praticado é o "Angola com Regional", estando desenvolvendo, em Maracassumé, e introduzindo em Caratupera, o estilo desenvolvido pelo Mestre Zeca, que denominam de "Onça Pintada" - que seria uma fusão da Regional com o Agarre Marajoara. De acordo com Álvaro Adolpho, de Belém do Pará, ex-diretor do Departamento de Educação Física do Pará, o "Agarre Marajoara" é uma luta desenvolvida pelos índios da Ilha do Marajó - que guarda certa semelhança com o Huka-hukahavendo registro de sua pratica há mais de 300 anos. De acordo com o Prof. Álvaro, talvez seja a primeira luta-esporte com registro de sua prática no Brasil.

A “Agarrada Marajoara” é uma manifestação de Identidade Cultural da Ilha do Marajó/Pará. A Agarrada Marajoara é praticada pelos nativos da Ilha do Marajó, especificamente do Município de Cachoeira do Ararí, localizada no oeste do estado do Pará. Esta manifestação cultural contribui assim para o desenvolvimento da qualidade de vida e física do homem do campo marajoara e valorização de raízes e heranças do povo marajoara. Disputada entre dois atletas, por vez, não permitindo nenhum tipo de ato contundente com os membros (socos, chutes,.etc), nem estrangulamentos, como chaves ou traços. Na sua essência a Luta Marajoara é, das artes marciais, a menos violenta, motivo pelo qual reúne condições de interagir com todos as faixas etárias, pois é verdadeiramente uma luta suave, onde os oponentes buscam, tão somente, o desequilíbrio e a projeção um do outro Luta marajoara – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)

“WRESTLING” TRADICIONAL MARANHENSE – O TARRACÁ: A LUTA DA BAIXADA - O lutador de Vale-Tudo (MMA) maranhense Rei Zulu - Casimiro de Nascimento Martins, por não ‘pertencer’ a uma escola do então Vale Tudo, ‘inventa’ a tradição de luta aprendida dos índios, TARRACÁ – atarracar, ou atarracado – que vai se constituir em um estilo - maranhense – disseminado tanto por ele, Zulu, em suas investidas no mundo da luta livre pelo mundo afora, como por seu filho Zuluzinho, quando coloca que seu estilo fora criado por seu pai – quem o treinava - e se chamaria ‘Tarracá’, de tradição indígena e negra, maranhense.

Tendo como referência o Rei Zulú, tem-se a origem do “Tarracá” e, leva-nos ao moderno movimento das lutas corporais, hoje corporoficadas na sigla MMA – as artes marciais misturadas modernas com suas raizes em dois acontecimentos: o vale-tudo no Brasil, e o “shoot wrestling” japonês. “Wrestling” (lit. luta) é uma arte marcial que utiliza técnicas de agarramento como a luta em “clinch”, arremessos e derrubadas, chaves, pinos e outros golpes do “grappling”. Uma luta de “wrestling” é uma competição física entre dois (às vezes mais) competidores ou parceiros de “sparring”, que tentam ganhar e manter uma posição superior. Há uma grande variedade de estilos, com diferentes regras tanto nos estilos tradicionais históricos, quanto nos estilos modernos (Wikipédia).

Rei Zulú é a maior referência do “Vale Tudo” no/do Maranhão. Nascido Casimiro de Nascimento Martins, em 09 de junho de 1947 é um lutador de Vale-Tudo. Ficou famoso por desafiar lutadores do Brasil e de outras partes do mundo. Após 17 anos de competição estava invicto após 150 lutas (década de 1980). Lançou um desafio à família Gracie para ver quem era o melhor lutador de Vale Tudo de toda a nação. Em entrevistaantes da primeira luta contra Rickson Gracie (1980) -, disse que “seria mais um freguês de pancada e que não se preocupava com a alimentação antes da luta, pois “comia até ferro derretido”. “criado em Pontal, no interior do Maranhão. Lá, aprendeu a Tarracá, luta cabocla praticada e ensinada por índios e negros da região. Como seus 17 irmãos, nunca freqüentaram a escola. Cresceu forte e brincalhão. Aos 14 anos, mudou-se com a família para a Vila Ilusão (sic), na Ilha de São Luís.” (LAROCHE, 2010) (grifos nossos).

Mestre Baé – da Federação de Capoeira – responde e informa sobre o “ATARRACAR” em correspondência eletrônica:

Recebi seu Email, com relação ao tema ATARRACAR; posso lhe adiantar o seguinte: desde criança tenho ouvido falar, assim como quase todos que também como eu sou da Baixada maranhense, grande parte da minha família é de Viana, Penalva, e Municípios vizinhos.

Minha família sempre foi voltada para criação de gado e pescaria no interior, quando éramos crianças sempre a gente se atarracava um com o outro na beira do curral ou do rio e até no campo para ver quem era melhor de queda e isso porque a gente via os mais velhos fazerem também, meus avós e tios/avós falavam que isso sempre existiu o nome ATARRACAR e conhecido em vários interiores do Maranhão, mas nunca ouvir dizer que era uma LUTA ou eu tenho lido algo afirmando ser luta, sempre foi o nome dado a forma de nos pegarmos para dar uma queda no outro em um corpo a corpo mais nunca foi denominado como luta até porque era baseada mais na força física e jeito de cada um pegar e arremessar o outro no chão através de uma queda. Luta pelo que eu tenho conhecimento possui técnica, bases, nomenclatura de movimentos, regras e etc..

Então, é uma tradição na Baixada, uma forma de movimento agonístico, em forma de luta, conforme Baé guarda em suas memórias. Este Mestre Capoeira não considera aquela brincadeira como luta, dado seu conhecimento da Capoeira, e sua sistematização.

Em outra correspondência, recebida de Mestre Marco Aurélio, em que indaguei sobre a busca da origem do “TARRACÁ

Quanto ao Atarracado, desconheço sua presença no centro-sul do Maranhão, apesar de poder haver, mas é uma prática muito comum no centro-norte, pelo menos na região do Pindaré e na Baixada, nesta última, pelo que já ouvi de alguns capoeiras originários daquela região das águas falarem-me a respeito.

No que diz respeito à sua presença na região do Pindaré é fato, pois eu mesmo a praticava bastante, tendo sido ao longo do tempo, na qualidade de menino, e aí vai até meus doze (12) anos, a base de tudo o que sabia nas minhas ”brigas de rua”.

Apesar de ter nascido em São Luís, me criei, desde bebê, até os sete (07) anos de idade, na cidade de Pindaré-Mirim, outrora, Engenho Central, e em sua origem, Vila São Pedro. Como toda criança ribeirinha, as brincadeiras eram em torno do rio, dos lagos e igarapés, ou então nas várzeas, e aí, não faltavam os embates.

Lembro-me que a minha afinidade com a prática era bastante estreita, talvez, por desde pequenino ter sido corpulento, de maneira que não era muito afeito à briga “corpo fora”, como se dizia, mas, mais no “atarracado“, ou “corpo dentro”, o que se dava a partir de uma cabeçada. A ponto de quando ousava me aventurar pelo “corpo fora”, na maioria das vezes saía perdendo…

Foi na Capoeira, que fui aprender o embate, digamos, “corpo fora”, a partir da ginga, de peneirar… – por favor, deixo claro que “corpo fora” e “corpo dentro”, não é nem um tipo de modalidade de luta, mas somente para fins, talvez, de didática, consoante dizíamos no interior.

Quanto à origem do Atarracado – Tarracá -, Mestre Marco Aurélio diz:

[...] não sei afirmar, se indígena ou africano, quiçá, até mesmo europeia, nesta senda, somente pesquisando-se para buscar referências. Posso afirmar, no entanto, o que não quer dizer que a priori seja africana, é que tive oportunidade de ver, em um evento internacional de lutas de origem africana, em Salvador/BA, em 2005, quando levamos daqui, a “Punga dos Homens”, uma prática que existe rasteiras e desequilibrantes, no tambor de crioula, um pessoal de Angola/África, apresentar a Bassúla, uma luta, a despeito de alguns golpes diferentes, muito semelhante ao Atarracado, pois imediatamente, quando vi os angolanos praticando-a, eu achei bastante parecida com o Atarracado, impressão esta, também denunciada pelo Mestre Alberto Eusamor, que lá estava comigo, assim como tantos outros, representando o Maranhão.

No que diz respeito a uma influência indígena direta, e que é uma brincadeira da região do Pindaré e, acho, da região Norte como um todo, é o “Cangapé”, uma espécie de rabo de arraia e outros molejos que se pratica lançando-se para cima do contrário, na água.

Em outra mensagem eletrônica, Mestre Marco Aurélio acrescenta:

Falei de como o atarracado tem semelhança com a Bassúla, luta de um país africano (Angola) e, no entanto, não me lembrei, na oportunidade, de falar de uma luta de origem indígena, o que se faz necessário, para ponderarmos, trata-se do Huka-huka, um embate indígena, que consiste em fazer com que o contrário ponha um dos ombros no chão, hoje, ocorrente durante o “Quarup” um grande eventocerimonial existente entre os povos do Alto-Xingú.

Mas poderiam perguntar o que uma prática existente entre povos indígenas do Alto-Xingú tem a ver com uma prática ocorrente no Maranhão? Segundo Roberto da Mata, desculpem-me não dispor da referência bibliográfica, os povos Krahô e Xavante saíram em uma corrente migratória, a partir do Maranhão, para onde se encontram hoje, respectivamente, Tocantins e Alto-Xingú.

Daí há de notar-se que o Maranhão em razão de ser banhado por inúmeras e grandes bacias hidrográficas era e é um celeiro de alimentos, o que deve ter sido berço de inúmeros povos indígenas, entre atuais, extintos e migrantes. Talvez, esse berçário, para os que possuem uma visão míope, e consideram que o maranhense tenha uma cultura ”preguiçosa” é por desconhecerem exatamente esse manancial de alimentos que é e, que outrora, tenha sido ainda mais.

Em resposta ao Mestre Marco Aurélio, coloquei que o Xavante é originário do Maranhão, forçado a migrar, indo para os lados do Tocantins, subiuoAraguaia, seestabelecendona Ilha doBananal, forçado pelas ‘guerras justas’ do período colonial. As frentes de penetração, mais modernas, têm forçado essas migrações. É um fato histórico.

Além da correspondência do Marco Aurélio, recebo de Javier Cuervo, lá das Astúrias (Espanha) um comentário, de que no Calahari sub-sahariano, entre os bosquímanos, luta semelhante àquela apresentada pelo

Rei Zulu; mandou-me vídeo via iutube, demonstrando as semelhanças, comparando-se com o da luta de Rei Zulu e Rickson Gracie , nos anos 80…, disponível em vídeo do link anexo: E “Batuque duro” do Kalahari1930.

http://forum.portaldovt.com.br/forum/index.php?showtopic=126140

Encontrei, ainda, descrição de luta-jogo semelhante, trazida por vaqueiros portugueses, durante o período colonial, a Galhofa - o “wrestling tradicional transmontano” - que se define como um desporto de combate. É tida como a única luta corpo a corpo com origens portuguesas. Tradicionalmente, este tipo de luta era parte de um ritual que marcava a passagem dos rapazes a adultos, tinha lugar durante as festas dos rapazes e as lutas tinham lugar à noite num curral coberto com palha.

Galhofa é um estilo de luta tradicional da região portuguesa de Trás-os-Montes, que se define como um desporto de combate. É tida como a única luta corpo a corpo com origens portuguesas. O objetivo deste jogo é imobilizar o adversário, mantendo-lhe as costas e os ombros assentes no chão. Quaisquer movimentos mais violentos, como puxões, murros ou pontapés, não são permitidos. A luta começa e termina com um abraço cordial. Outra regra é jogar descalço e de tronco nu, ou usar camisolas justas ao corpo para dificultar ao adversário que se agarre e calças de ganga ou de outro material robusto. Tradicionalmente, este tipo de luta era parte de um ritual que marcava a passagem dos rapazes a adultos, tinha lugar durante as festas dos rapazes e as lutas tinham lugar à noite num curral coberto com palha. A galhofa foi integrada no currículo das licenciaturas em Desporto e Educação Física - variante ensino, da Escola Superior de Educação em 2008. No Soito, em Sabugal esta luta chamava-se de maluta

Maluta ou Queda é uma forma de luta tradicional, conhecida em quase todo o distrito de Guarda e praticada ainda em várias aldeias. É semelhante à luta Greco-romana, embora tecnicamente mais rudimentar. Ocorre no feno e na palha, no Outono e no Inverno, que os homens das zonas rurais medem as suas forças tentando derrubar o opositor. Também no Verão, na época das malhas, surgem os desafios nas eiras. Na Maluta ou Queda, os dois lutadores agarram-se, passando um dos braços por cima do ombro do adversário e o outro por baixo, entrelaçando os dedos das mãos, assentes sobre as costas do adversário. O único objetivo do jogo é fazer cair o opositor, por forma a que toque com as costas no solo. Conforme o combinado, poderá fazer-se ou não uso da “travinca” (meter a perna para desequilibrar o outro lutador). Trata-se, pois, de lutas saudáveis,

em que os participantes continuam amigos depois de medirem forças, independentemente dos resultados e das pequenas mazelas que possam ser originadas pela entrega mútua ao jogo.

Em depoimento de Álvaro (Vavá) Melo, de Osvaldo Pereira Rocha, e de Edomir Martins, jovens nos seus mais de 80 anos, que quando crianças e adolescentes, costumavam praticar o ‘atarracado’ e o ‘atarracar’, na região da baixada, onde moravam; Osvaldo Rocha, ilustre pesquisador e historiador, disse-me que, embora franzino, costumava ganhar algumas das ‘brincadeiras’, pois o segredo era a agilidade em agarrar a perna do adversário e levá-lo ao chão; tão logo autorizado o combate, a rapidez com que se lançava ao adversário era fundamental. JáÁlvaro Mello,Vavá, presidentedaFederaçãodas Academias de Letras do Maranhão,cronista do Arari e de São Bento, deu seu depoimento, ressaltando que os embates se davam na beira do rio, e os combatentes saiam cobertos de lama; O mesmo disse Aymoré Alvim – ilustre pesquisador hoje aposentado, da nossa UFMA/Medicina.

De Barreirinhas, em conversa com alguns professores de educação física de algumas comunidades do interior daquele município, falaram-me haver por ali, ainda, um jogo/luta semelhante ao descrito, mas que ali, denominavam de ‘queda’.

Segundo o Prof. Dr. Jorge Olímpio Bento (2019), Trás-os-Montes tem algo no Maranhão, levado pelos açorianos. Informa que a maior parte das ilhas dos Açores foi povoada basicamente por gente originária de Trás-os-Montes, excetuando Santa Maria e São Miguel: Estava agora tentando enviar-lhe uma canção tradicional açoriana - São Macaio - que fala no Maranhão:

S. Macaio, S. Macaio deu à costa

Ai deu à costa nos baixos da urzelina

Toda a gente, toda a gente se salvou

Ai se salvou, só morreu uma menina

S. Macaio, S. Macaio deu à costa

Ai deu à costa lá na ponta dos mosteiros

Toda a gente, toda a gente se salvou

Ai se salvou, só morreu dois passageiros

S. Macaio, S. Macaio deu à costa

Ai deu à costa nas pedras da fajazinha

Toda a gente, toda a gente se salvou

Ai se salvou, só morreu uma galinha

S. Macaio, S. Macaio deu à costa

Ai deu à costa nos baixos do Maranhão

Toda a gente, toda a gente se salvou

Ai se salvou, só o S. Macaio não.

Todaaregiãoamazônica,doMaranhãoaoPará,doAmazonas aoAmapáfoiconstituídaporesselastropolítico açoriano que forjou os costumes, a cultura, as festas, o modo de ser e de estar açoriano, os bailados, as lendas, os mitos e as superstições, o jeito de falar e a alma alegre que se incorporou ao saber local, tornando-se aspectos comuns às duas culturas desde então, resultado da intensidade religiosa milenar e devocional, a moralidade única da palavra dada, o sentido de insularidade e a cultura folclórica que sustentam, ao longo dos séculos, o imaginário popular (MARQUES, 2005). Passados quatro séculos desde a primeira leva de imigrantes, ainda é possível observar vestígios dessa presença em todos os cantos do Maranhão.

CAPOEIRAGEM TRADICIONAL MARANHENSE - capoeira do Maranhão, genuína, singular, com uma prática quase bicentenária - tal qual nos outros locais onde surgiu, como o Recife, Salvador e Rio de Janeiro. TemosindíciosdesuapráticaemSãoLuísdoMaranhãoapartirdasegundadécadados1800,emboramenções de que de há muito ocorriam essas práticas da lúdica e do movimento dos negros aqui encontrados ocorriam na zona rural ou semiurbanas.

Abrindo parente: uso o termo “negros’, e não ao politicamente correto ‘afrodescendentes’, haja vista que para cávieram não só africanos escravizados, mastambém negrosoriundosdeoutras províncias,traficados,apartir de algumas das revoltas e fugas em massa ocorridas no Brasil – e digo Brasil, pois por muito tempo tivemos dois estados coloniais – o Maranhão e o Brasil, até a chegada da família real, no 1808 e a anexação do Maranhão ao Império brasileiro, em 1823... fecha o parente...

Concordamos com Kafure (2012), quando trata do processo de “desconstrução da capoeira maranhense”, de que no início tudo – aqui - era uma coisa só: capoeira, batuque, punga, tambor de crioula, tambor de mina, bumba-meu-boi – e frevo, samba, cangapé, etc. alhures... Por desconstrução, entenda-se que [...] o tipo de transformação [...da] capoeira começou a se formar a partir da repercussão dessa arte supostamente vinda da Bahia, com os mestres Bimba e Pastinha. Esse autor se propõe: [...] em nível do Maranhão analisar a história da linhagem de mestres da capoeiragem de Patinho e suas metodologias, bem como as ligações com religiosidade, musicalidade e filosofia. (Kafure, 2012).

Esse autor reconhece a existência de uma “Capoeiragem Ludovicense”, pois [...] é o nome denominado pelos mestres da cidade de São Luís - MA para um jogo que mistura a Capoeira Angola com a Capoeira Regional, uma síntese das modalidades e estilos de capoeira. Essa miscigenação propiciou a caracterização do jogo maranhense de uma maneira singular, muito semelhante a uma capoeira antiga em que não havia uniformes ou obrigatoriedade do sapato.

Outro estudioso, Greciano Merino (2015), refere-se a uma característica, singular, de ‘maranhensidade, que ela teria, em relação às Capoeiras Regional e Angola. Em sua hipótese de pesquisa considera ser a capoeira um jogo popular de interação comunicativa e caráter cultural que veicula um modelo de cidadania e expressa esteticamente como as relações entre o indivíduo, seu grupo e a comunidade no que se inserem podem gestar conhecimento social e sabedoria individual. Ao apresentar suas hipóteses, afirma que uma aproximação antropológica da visualidade na capoeira ‘maranhense’ permite delimitar aquelas dinâmicas sensitivas e sensoriais que, gestadas no devir das ecologias tecno-culturais, configuram um complexo imaginário social cuja fenomenologia é uma das mais influentes de nossa cultura.

Esse autor caracteriza a capoeira maranhense como sendo aquela capoeira que se realiza na cidade de São Luís, capital do estado do Maranhão, em torno da comunidade representativa que se forma ao redor de Mestre Patinho – herdeiro de Sapo – e a metodologia de estudo desenvolvida por ele.

Os Mestres Capoeira participantes do Curso de Capacitação dos Mestres Capoeira do Maranhão, organizado pelaUFMA/DEF2017,concordamcomaexistênciadeumaCapoeiragenuinamentemaranhense/ludovicense. E que esta se caracteriza pela forma de jogar, de se adaptar e não se define por ‘estilo’; a maior diferença da Capoeira Maranhense para a Angola, regional, ou Contemporânea é a metodologia de ensino tradicional praticada no Maranhão, com suas influências da cultura do Maranhão; exemplos: Bumba-meu-boi, Tambor de Crioula, Punga. É o jogo solto, com floreios e movimentos oscilantes, jogo alto e rasteiro obedecendo ao toque do berimbau. Esse jogo é executado nos três tempos (embaixo, no meio, e em cima); musicalidade e o seu espírito de jogo. Portanto, concordam com a existência de uma Capoeira Maranhense, e tem uma característica própria, pois ela é jogada de forma diferenciada, sempre seguindo os toques executados. A Capoeira Maranhense se diferencia da Angola, Regional, e/ou Contemporânea porque é jogada de forma diferente, não seguindo as tradições das mesmas, pois é jogada nos três tempos (ritmos): Angola, São Bento Pequeno e São Bento Grande; o que a diferencia são as influências muito fortes da mossa cultura e da nossa região.

JIU-JITSU, JUJUTSU, OU JUDÔ: O QUE SE PRATICAVA EM SÃO LUIS? - Dentre as modalidades implantadas, consta, a partir da primeira década dos 1900, o ‘jiu-jitsu”. Inúmeras referencias se apresentam em nossa imprensa

escrita da época, até os anos 1960, tido como o da introdução do Judô no Maranhão, por membros da família Leite – considerados oficialmente como seus precursores. O que vimos contestando.

Durval Paraíso, durante evento de arbitragem ocorrido no ano 1980, afirmava que desde os anos 30 já se praticava Judô e que ele era um desses praticantes. Vamos ver, nos anos 40, 50, e 60 sua participação em eventos de “luta - livre”, que ocorriam na cidade, com desafios entre praticantes de artes marciais e boxe. Servimo-nos da Wikipédia para estabelecer a memória dessas artes marciais, aparecidas no Maranhão. O “The Kodokan Institute”, conhecido em português como “Kodokan” - Instituto do Caminho da Fraternidade

foi a escola de judô, fundada por Jigoro Kano, em 1882, e que teve uma grande aceitação em todo o mundo, pois Kano conseguiu reunir a essência dos principais estilos e escolas de jujitsu, arte marcial praticada pelos "bushi",ou cavaleiros,duranteo período Kamakura (1185-1333), aoutras artesdelutapraticadas no Oriente e fundi-las numa única, e básica.

Foisóno finalde 1886,apósumacélebrecompetição,contravárias escolas dejujutsu,organizadapelapolícia, que definitivamente ficou constatado o grande valor do judô kodokan. O resultado dessa jornada constituiuse num marco decisivo na aceitação do judô, com o reconhecimento do povo e do governo que passaram oficialmente a prestigiar o judô kodokan. Depois da célebre ‘vitória de 1886’, como ficou conhecida, o judô kodokan começou a progredir com passos confiantes. A fórmula técnica do judô kodokan foi completada em 1887, enquanto a sua fase espiritual foi gradativamente elevada até a perfeição, aproximadamente, em 1922. Nesse ano, a Sociedade Cultural Kodokan foi inaugurada e um movimento social foi lançado, com base nos axiomas seryoku zen'yo (lit. máxima eficácia) e jita kyoei (lit. prosperidade e benefícios mútuos).

Nessa época o judô começava a ser introduzido em quase todas as nações civilizadas do mundo, todavia, no ocidente o termo ‘jujutsu’ ainda era empregado, embora o nome Jigoro Kano fosse citado:

A denominação "jiu jitsu", é o resultante de um duplo erro: um de tradução devido ao sistema fonético europeu que fez com que jū (柔?) jutsu (術?) se tornando Ju-Jitsu nos países europeus onde primeiramente migrou. O segundo erro é oriundo do conhecimento imperfeito da escrita Hiragana: a sílaba "Ju" não existe na sua forma pura em japonês, ela é a contração das sílabas "Ji" e "Yu". A junção das duas sílabas formam o jū (柔?) e não "Jiu". O "Jiu" é a forma chinesa de pronúncia da mesma escrita.

Ju-Jutsu, no Japão, foi composto para designar técnicas de combate que envolvem a utilização de armas pequenas e técnicas desarmadas. Nesse contexto, o termo acabou por reunir grande variedade de estilos de combate, que se tinham desenvolvido até aquele momento.

A palavra Ju-Jutsu, historicamente tem seu primeiro registro escrito no século XIV, durante o período Sengoku quando o país vivia um violento período de guerra civil, por outro lado não se pode apontar em qual momento histórico esse processo se iniciou nem qual foi a semente, embora há relatos de lutas ou duelos desde 500 AEC. É aceite, contudo, o facto de que as culturas que entraram em contacto intercambiavam elementos e dentro desses elementos estavam as disciplinas marciais. Destarte, posto que não formalmente, existiu esse contubérnio porque havia a migração de pessoas, comerciantes, pescadores, agentes diplomáticos etc. Ou, ainda, durante os conflitos e encontros bélicos em que se envolveu o Japão, porque, depois dum embate, vencedores e vencidos, como consequência lógica, buscavam aprender e apropriar-se daqueles métodos eficazes no campo de batalha. https://pt.wikipedia.org/wiki/Jiu-jitsu

Quero acreditar que o Jiu-jitsu – ou o kodokan, ou o jujutsu - devem ter sido apresentados aos sócios do Fabril Athetic Club (fundado em 1907) pelo escritor Aluísio Azevedo. Ao abandonar as carreiras de caricaturista e de escritor, abraça a carreira pública em busca de sobrevivência como funcionário concursado do Ministério deRelações Exteriores,torna-se cônsul,servindo porquase três anos noJapão,entresetembro de 1897 a1899, na cidade de Yokohama, onde deve ter aprendido essa arte marcial, assim como a jogar Tênis e Futebol, quando de sua estada na Inglaterra.

Informa Martins (1989) que Nhozinho Santos, em 1908, implanta mais duas modalidades esportivas no FAC: o Tiro, com inscrição na Confederação Brasileira de Tiro; e o "jiu-jitsu", com um grande número de adeptos.

Em “A Pacotilha”, São Luís, segunda feira, 14 de junho de 1909, há uma notícia que tem por titulo “JIUJITZÚ” - certamente transcrita de "A Folha do Dia" - do Rio de Janeiro (ou Niterói):

"Desde muito tempo vem preocupando as rodas esportivas o jogo do Jiu-Jitzú, jogo este japonês e que chegou mesmo a espicaçar tanto o espírito imitativo do povo brasileiro que o próprio ministro da marinha mandou vir do Japão dois peritos profissionais no jogo, para instruir os nossos marinheiros. Na ocasião em que o ilustre almirante Alexandrino cogitava em tal medida, houve um oficial-general da armada que disse ser de muito melhor resultado o jogo da capoeira, muito nosso e que, como sabemos, é de difícil aprendizagem e de grandes vantagens. Essa observação do oficial-general foi ouvida com indiferença. A curiosidade pelo jiu-jitzu chega a tal ponto que o empresário do "Pavilhão Nacional", em Niterói, contratou, para se exibir no seu estabelecimento, um campeão do novo jogo, que veio diretamente do Japão.

Gazeta de Notícias, abril de 1909 – anuncio publicado várias vezes

Sada Miako ficou instruindo militares e civis até 1912, quando foi exonerado da Marinha. Depois disso foi para a colônia japonesa em SP e posteriormente deve ter voltado ao Japão. Os japoneses que deram continuidade ao ensino do "Jiu-Jitsu" no Brasil eram todos ligados ao método de Kano, sendo oriundos ou não do Kodokan.

“A Pacotilha” - de 18 de abril de 1910, segunda feira, no. 90, notícia de que o “Fabril Athletic Club” – FAC - estava preparando uma jornada esportiva para recepcionar ao Barão de Rio Branco, em visita à São Luís. Em nota do final da notícia é informado que:

"Tem funcionado neste clube aos domingos pela manhã, um curso de jiu-jitsu, dirigido pelo Sr. F. Almeida contando já com muitos adeptos. Esse curso passará a funcionar, regularmente d'agora em diante, aos domingos das 8 as 10 horas do dia."

Nesse mesmo ano, 13 associados do Fabril Athetic Club – FAC - se desligam dessa agremiação pensando na formação de outra, mais popular, aberta, mais democrática. Fundam o ONZE MARANHENSE, que, além do futebol, desenvolveu outras atividades esportivas: tênis, crocket, basquetebol, bilhar,boliche,ping-pong (tênis de Mesa), xadrez, e a luta livre, introduzida por Álvaro Martins.

Consta que o “Jiu-jitsu” foi introduzido no Brasil, oficialmente, por Mitsuyo Maeda, - "Conde Koma" -, por volta de 1914. Em 1915, o Conde Koma - em viagem de exibição pelo Brasil para divulgar sua arte -, e a caminho de Belém (novembro daquele ano), passou por São Luís e fez algumas exibições, permanecendo aqui por cerca de três meses:

PACOTILHA,09e10de dezembrode1915

http://www.judoctj.com.br/mitsuyio-maeda-o-conde-koma-a-historia-do-jiu-jitsu-parte-3/ De acordo com Elton Silva, Koma sempre praticou Judô Kodokan, o termo "Jiu-Jitsu" é genérico e usado por todos osjaponeses foradoJapão,incluindo Kano.Opróprio CondeKomafalavaissoabertamentenaimprensa americana, existindo dezenas de jornais onde ele explica isso.

Ainda esclarecendo mais, informaque Katsukuma Higashi, o coautor dolivro“The CompleteKanoJiu-Jitsu”, esclarece:

“Alguma confusão surgiu com o emprego do termo “Judô”. Para esclarecer, vou declarar que Judô é o termo selecionado pelo Professor Kano para descrever seu sistema mais precisamente que Jiu-Jitsu. Professor Kano é um dos líderes da educação no Japão. E é natural que ele deva velar pela palavra técnica que mais precisamente descreva seu sistema. Mas os japoneses geralmente ainda chamam pela popular nomenclatura Jiu-Jitsu”.

Já em Belém do Pará, o professor Koma passou a lecionar o verdadeiro Jiu Jitsu. Os irmãos Carlos e Hélio Gracie são tidos como os precursores do que hoje é chamado de Jiu Jitsu Brasileiro, de eficiência comprovada no mundo inteiro, muito embora em “O livro proibido do Jiu-Jitsu” seu autor Marcial Serrano coloque dúvidas de que os Gracies foram alunos de Koma, quando da estada deste em Belém. Na realidade, foram alunos de um praticante ensinado por Koma, e depois, por Omori, em São Paulo, lá pelos anos 30...

Em Belém, o Conde Koma teve entre seus alunos, Carlos Gracie e Luiz França. Maeda ensinou somente o judô de Jigoro Kano [...] Hélio Gracie afirma que "Carlos lutava judô" [...] Luiz França, colega de turma de Carlos na escola de Maeda, foi responsável pelo nascimento de outro ramo do jiu-jitsu no país. Além de aprender judô/jiu-jitsu com o Conde Koma, inicialmente treinou com Soishiro Satake em Manaus, concluindo sua formação com Geo Omori, em São Paulo França fixou-se no Rio de Janeiro, onde ensinou a arte para militares e moradores carentes do subúrbio carioca

Em “O Jornal”, de 27 de abril de1918, era anunciado o match de Box, com a participação dos campeõesJemySmith,americano,eJoãoPedro,brasileiro(baiano).Terminadoojogo,seriamefetuados diversosencontrosdejiu-jitsu,entreJemySmithealgunsrapazes.

No ano de 1946, conforme destaque no jornal “O Combate”, de 6 de agosto, sob o título: “UM DELEGADO DE POLÍCIA MESTRE DE CAPOEIRA E ‘JIU-JITSU” –contraventorespresoscom”cabeçadas’e ‘rabos de arraia’ – Invadindo residência, o delegado de Alcântara atraca-se com os seus desafetos, armandoverdadeiros“sururus”:

Assim que assumiu a Delegacia de Alcântara, o delegado nomeado pelo Interventor Saturnino belo, resolveu por em prática uma ideia que há muito tempo vinha acalentando carinhosamente.

Convocou para uma reunião, o Prefeito, o escrivão da Coletoria Federal e o tabelião do 2º ofício. E expoz o seu plano, dizendo-lhes mais ou menos o seguinte:

A nossa crise é de homens, mas de homens fortes. Precisamos – como diria Pittigrili –ser bastante fortes para quebrar a cara de 75%, do próximo.

Querendo colaborar na grandeza de nosso paíz, cuja glória, um dia, se firmará pela capacidade física dos seus filhos., eu venho já de há muito tempo, me dedicando a um acurado estudo do ‘jiu-jitsu’, essa tradicional luta do Japão, cuja prática estimula os movimentos, dá agilidade e resistência ao corpo, proporcionando grandes capacidades de defesa e concorrendo para o nosso bem estar físico, moral e espiritual, pois o ju-do, como vulgarmente chamamos essa luta, assegura a confiança em nós mesmos...

Os outros tres big olhavam, boquiabertos para o delegado ‘sportman’.

E ele continuou sua explanação, afirmando que não tem fundamento a suposição de que o jin-jutsu (sic) foi trazido ao Japão por Chin-Gen-Pin e Chaen Yuan, da dinastia de Ming, na China.

Explicou que os verdadeiros do ju-do, foram os japoneses, por intermédio do médico Akiuyama Shirobei, estabelecido em Nakasaki e que lhe deu o nome de “Yoskin-riyu”, método que foi depois aperfeiçoado em Kusatsu por Yanagi Sekiaki Minamoto-no-Massarati, pertencente à classe feudal da província de Kynshu.

Se quizermos ser fortes – explicou o delegado – devemos aperfeiçoar os nossos conhecimentos sobre o ju-do. A força vence tudo, Conhecendo alguns golpes e contragolpes, seremos os donos desta terra. Ninguém ousará defrontar-se conosco. Querem aprender como é?

E passando da teoria à prática, o delegado gritou para o escrivão:

Isto aqui se chama “nagewaza”! e aplicou-lhe um brasileiríssimo ponta-pé no estomago!

O prefeito arregalou os olhos e nem teve tempo de abrir a boca. O atlético delegado deulhe uma cabeçada bem maranhense, explicando:

Isto é ‘haraigoshi’!

O prefeito caiu desmaiado, por cima do escrivão, que continuava estendido no solo. Quanto ao tabelião, foi mais rápido. Defendeu-se de uma rasteira que o delegado dizia chamar-se ‘osotogari’, meteu-lhe o pescoço debaixo do braço e explicou, por sua vez:

e isto aqui, chama-se ‘grampo’, meu filho! Sáe desse!

Serenados os ânimos, o delegado, auxiliado pelo tabelião, tratou de fazer o prefeito e o escrivão recuperarem os sentidos, fazendo-lhes beber ‘água de lima’, método que ele chamou de ‘kwasei-ho’.

E a reunião terminou ali mesmo.

No dia seguinte, 29 de maio, dia de inicio da festa do Espirito Santo, saíram os quatro a percorrer a cidade, utilizando-se em todas as barracas do gostoso método “kwassei-ho”.

De então para cá, segundo as noticiais que recebemos de Alcântara, o delegado ‘cisma’ com qualquer popular, não discute, nem hesita:

Aproxima-se e diz:

“Esteje preso, por infração!

Si o ‘infrator’ pergunta o motivo, entram, então em prática os conhecimentos “judoisticos” da original autoridade, que com uma cabeçada e dois rabis de arraia estende por terra o adversário, intimando os presentes a conduzirem o preso para a cadeia.

Assim aconteceu, há dias, quando ele invadiu a residência de um rapaz conhecido pelo nome de Antonio “Pirulico”, onde se travou uma luta espetacular, no decorrer da qual, em virtude dos ‘haraigoshi, e dos ‘nage-wasa do delegado, foram quebrados os potes, os alguidares, o espelho, cadeiras e a mesa do pobre rapaz.

[...]

E assim termina a ‘história’ do delegado de Alcântara, discípulo emérito do método de ‘ju-do’, fundado pelo dr. Prof. Gigoro Kano e adotado pelo Kodohwan em Tóquio [...]

No“DiáriodeSãoLuís”,ediçãode1ºdejunhode1949,eraanunciadoarealizaçãodeumfestival esportivo em prol da igreja do Anil, com duas taças em disputa, e uma luta de jiu-jitsu, entre os desportistasDurvalParaísoeoSargentoCirino.Naediçãode4dejunho,tratadeuma“atraentetarde esportivaqueserealizarianoestádiosantaIzabel”:

Em 1949, conforme noticia oDiáriodeSão Luís, ediçãode13 dejunho, seriaabertaa temporada de lutasdaqueleano.NessadataseriafundadaaAcademiaMaranhensedePugilismo,etodasaslutasdali emdianteseriamcontroladaspelanovelentidade.IdealizadaporCarlosRibeiro,adiretoriaeraassim composta: Presidente de Honra: Cesar Aboud; Presidente: Diógenes Barbosa; Secretário: Durval Paraíso; Tesoureiro: Zilmar Cruz; Diretor Técnico: Carlos Ribeiro; Diretor de Publicidade: José de RibamarBogea;ConselhoFiscal:IvisMiguelAzar,JoãoSilva,eEdmirsonViegas.Suplentes:Raimundo Gonçalves, Raimundo Francisco do Nascimento, e Tácito José de Sousa. A abertura da temporada de 1949iniciarianomêsdejulho,comcarátersolene,econtariacomlutasdejiu-jitsulivre,Box,etc.

Nadécadade1950,encontramosqueRubemGoulartmantinhauma‘escolinhadejudô’,noSESC. E que em 1952 anuncia a criação do Curso de Educação Física do Aeroclube, conforme registro em PACOTILHA,quinta-feira,24deabrilde1952p.3;dentreosesportesaseremensinados,constajudôe luta-livre.

Em A PACOTILHA, quinta-feira, 24 de agosto de 1956, p.3, sob o título “TOLEDO DESAFIA BLACK PARAUMDUELODEJUDÔ”, anunciando,para apróximasemanaoconfrontoentreoscampeões doParaná e do Maranhão Lutadoras esperadas. Na próxima semana, os admiradores do pugilismo em nosso estado terão o ensejo de presenciar o primeiro duelo do judô. Toledo, o campeão maranhense vem de lançar um desafio a Black Maciron, campeão paranaense. Os que acompanham a temporada de Luta Livre e Vale Tudo, aguardam com vulgar interesse a resposta de Black

DISPOSTO A VENCER

Na manhã de hoje Toledo com pareceu à redação dos Diários Associados a fim de comunicar o seu desafio e também declarar aos nossos desportistas que está disposto a conquistar novo triunfo para as cores do Maranhão, no duelo do Judô.

A 29 de agosto –“BLACK ACEITA O DESAFIO COM BOLSA”. O lutador paranaense aceita o desafio de uma luta de judô, desde que haja uma bolsa para o vencedor.

Já na década de 1960, e de acordo com Antonio Matos – um dos maiores nomes do Judô maranhense, junto com Cláudio Vaz, Emílio Moreira, e James Adler – o Judô foi introduzido no Maranhão pela família Leite. Depois, surgiu o Major Vicente. O que é confirmado por Cláudio Vaz, que afirma que Paulo Leite já praticava Judô, em São Luís, antes da chegada do major Vicente.

Em 1966, PAULO LEITE funda a academia "JUDÔ CLUBE IRMÃOS LEITE"; sua primeira sede foi um salão nos altos do antigo Banco do Maranhão, na Rua da Estrela nº. 175 - Praia Grande; mudando-se depois para Rua Rio Branco nº. 276 - Centro. Após terminar o curso de Engenharia Civil na Universidade Federal do Ceará, onde iniciou a prática do JUDÔ com o Professor Antonio Lima, retorna a São Luís e, como atleta sagrou-se campeão em vários torneios e campeonatos no estado do Ceará, Rio de Janeiro, Bahia, e São Paulo. Além de iniciar todos os seus irmãos na prática do JUDÔ, formou vários atletas, inclusive as primeiras mulheres judocas dentre elas sua esposa Margarida.

Iniciou o JUDÔ nas escolas de São Luís, sendo pioneiro o Colégio Marista. Promoveu a vinda da seleção Baiana de JUDÔ, evento este que lotou o Ginásio Costa Rodrigues, quando foi homenageado juntamente com oprofessorLhofeiShiozawa(atual2ºvice-presidentedaCBJ-ConfederaçãoBrasileiradeJudô),pelotambém judoca da época, Cláudio Vaz dos Santos, o conhecido desportista "ALEMÃO".

Em 1968, Cláudio Vaz dos Santos – o Cláudio Alemão - retorna do Rio de Janeiro a São Luís, já como praticante de Judô. Com a chegada do Major Vicente é criada a academia “Samurai”, que funcionava atrás do Ginásio Costa Rodrigues; além de Cláudio, praticavam Marco Antonio Vieira da Silva, seu irmão Fabiano Vieira da Silva, Paulo “Juca Chaves” Miranda. Cláudio Vaz perdeu dois campeonatos para Paulo Miranda. O judô só era defensivo, não valia pontos ofensivos, “só valia a defesa, você sempre contra-atacava, mas não valia o ataque, só valia a defesa” .

O Major Vicente permaneceu em São Luís por três anos, criando uma elite de judocas no Maranhão; esse trabalho durou de 68 até 70. Ainda nesse ano é criada a segunda escola de Judô em São Luís, no Clube Sírio Libanês, tendo como instrutor o Major Vicente, após a introdução da modalidade pelo Prof. Paulo Leite; faziam partedo grupo,além deAntonio Matos, Marco Antonio VieiradaSilva, Paulo “Juca Chaves” Miranda, Sargento Leudo, Cláudio Vazdos Santos, FranciscoCamelo,AlbertoTavares, Gabriel Cunha,Durval Paraíso, Mestre Sapo – Anselmo Barnabé Rodrigues, o maior capoeirista que o Maranhão já teve.

É em 1969 que a primeira seleção maranhense de Judô é formada, para disputar um Campeonato Brasileiro, em Brasília-DF; a equipe era formada por Antonio Matos, Paulo Juca Chaves Miranda. Sargento Leudo, e Francisco Camelo, técnico: Major Vicente.

No ano de 1970 com a transferência do Major Vicente para o Rio de Janeiro, o grupo já formado procurou trazer um professor no nível dele; foi quando Jorge Saito - campeão das Forças Armadas – foi trazido para o Maranhão.

Em resposta à indagação: o que se praticava em São Luís, então, era o que conhecemos hoje como Judô? Elton Silva respondeu:

Se veio de Sada Miako ou de Conde Koma, sim. Não conheço ninguém até hoje que não tenha ensinado Kodokan Judô no Brasil.

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SILVA, Elton. Correspondência pessoal, via facebook, 28/11/2017,com o autor, esclarecendo alguns termos e dúvidas. https://www.facebook.com/elton.judo/posts/1476521202429319?comment_id=1477134512367988&reply_comment_id=1 477140569034049&notif_id=1509214453043699&notif_t=feed_comment_reply

SILVA, Elton. Correspondência pessoal, via facebook, 28/11/2017,com o autor, esclarecendo alguns termos e dúvidas. https://www.facebook.com/elton.judo/posts/1476521202429319?comment_id=1477134512367988&reply_comment_id=1 477140569034049&notif_id=1509214453043699&notif_t=feed_comment_reply

The Complete Kano Jiu-Jitsu (Judo) (Inglês) Capa Comum – 11 jul 2016. por H. Irving Hancock (Autor), Katsukuma Higashi (Autor). https://www.amazon.com.br/Complete-Kano-Jiu-Jitsu-Judo/dp/0486443434

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ANO DE GONÇALVES DIAS

DISCURSO DE RECEPÇÃO À BIBLIOTECÁRIA ALINE CARVALHO DO NASCIMENTO, COMO NOVA SÓCIA EFETIVA DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO1

Ana Luiza Almeida Ferro2

Exmo. Sra. Presidente da Assembleia Legislativa do Maranhão, Deputada Iracema Vale, na pessoa de quem saúdo os demais membros dessa Casa do Povo,

Exma. Sra. Presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão (IHGM), Professora Dilercy Aragão Adler, na pessoa de quem saúdo todos os confrades, sócios da Casa de Antônio Lopes, Exmo. Sr. Ministro da Justiça e Segurança Pública, Senador Flávio Dino, confrade da Academia Maranhense de Letras,

Exmo. Sr. Vice-Governador do Estado do Maranhão, Confrade Felipe Costa Camarão, Exmo. Sr. Procurador-Geral de Justiça do meu Ministério Público do Estado do Maranhão, Eduardo Jorge Hiluy Nicolau,

Exmo. Sr. Vice-Presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão, Desembargador Ricardo Duailibe, Ilma. Sra. Aline Carvalho do Nascimento, empossanda na Cadeira nº 43 do IHGM, patroneada por Tasso Fragoso,

1 Proferido no Plenário Nagib Haickel do Palácio Manuel Beckman (Assembleia Legislativa), em São Luís-MA, na data de 23.06.2023.

2 Promotora de Justiça, professora, escritora premiada, historiógrafa, poeta, conferencista internacional, oradora e declamadora, nascida em São Luís-MA. Doutora e mestra em Ciências Penais (UFMG) e pós-doutora em Derechos Humanos (Universidad de Salamanca, Espanha), é Membro de Honra da Sociedade Brasileira de Psicologia Jurídica, membro da European Society of International Law, do PEN Clube do Brasil, da Academia Brasileira de Filosofia, da Academia Brasileira de Direito, da Academia Maranhense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, entre outras entidades. Detém certificados de proficiência da University of Cambridge (Inglaterra) e diplomas pela Université de Nancy II (França), como o Diplôme supérieur d’études françaises. É docente e Coordenadora do Programa de Pós-Graduação da ESMP-MA. Escreveu mais de 15 livros, sobretudo jurídicos, historiográficos, de poesia e crônicas, além de numerosos artigos. Tem poemas publicados em inglês e italiano. Foi entrevistada no Programa do Jô, da Rede Globo (2010). Recebeu o Prêmio “Poesia, Prosa e Arti figurative” (Itália, 2014 e 2019), o Prêmio Literário Nacional PEN Clube do Brasil 2015 (Ensaio) e a Menção Honrosa do Prêmio Pedro Calmon 2014 (IHGB). É autora do verbete “Anticorrupção” no Dicionário dos Antis, bem como um dos vencedores do concurso “Monólogos históricos para o PEN Clube em tempos de confinamento e reclusão – 2020”.

CADEIRA 43 - ALINE CARVALHO DO NASCIMENTO – POSSE 2023

Exmo. Sr. Sálvio Dino de Castro e Costa Junior, empossando na Cadeira nº 11 do IHGM, patroneada por Sebastião Gomes da Silva Belfort, Exmos. Deputados Júlio Mendonça e Roberto Costa, Estimados professores Nicolau Dino de Castro e Costa Neto e Helena Heluy, na pessoa de quem saúdo todas as mulheres aqui presentes, Digníssimas autoridades dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário e das diversas carreiras jurídicas, Prezados familiares dos empossandos, Senhoras e senhores,

Em Dom Quixote, Miguel de Cervantes se refere à História como émula del tiempo, depósito de las acciones, testigo de lo pasado, ejemplo y aviso de lo presente, advertencia de lo por venir, isto é, “êmula do tempo, repositório das ações, testemunha do passado, exemplo e aviso do presente, advertência do futuro”. Ela alumia as sombras do passado, move as areias do presente e sopra os ventos do porvir. Ela acompanha o caminhar da humanidade, celebra e varre civilizações e cidades, costumes e tradições, ideias e concepções. Ela devora continuamente fatos e personagens, à maneira de um Cronos mitológico. Nesse cenário, o Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão – IHGM, fundado em 20 de novembro de 1925 por iniciativa de Antônio Lopes da Cunha, primeira instituição de pesquisa por estas plagas, assume, como as instituições congêneres do Brasil e do mundo, o papel de um Zeus moderno, ao provocar o “regurgitamento” desses mesmos fatos e personagens, devolvendo-os à luz do Sol e tirando-os do Tártaro do esquecimento.

E é essa Casa de Antônio Lopes, dirigida, com mãos seguras e competentes, pela Profa. Dilercy Aragão Adler, que se aproxima, sob a marcha, ora galopante, ora vagarosa, do tempo, de seu centenário, fato em boa hora lembrado por esta quase bicentenária Casa do Povo, presidida, pela primeira vez, por uma mulher, a Deputada Iracema Vale. Com perspicácia, sustenta o saudoso poeta José Chagas, que o “maior patrimônio é o da memória,/o que fica na mentecoletiva,/o quenão mais écoisatransitória,/porqueo inconsciente faz queviva/e se eternize e seja mais que história”. Sendo assim, nada mais natural do que honrar o maior guardião da memória do Maranhão: o IHGM.

Mas esta tarde memorável tem outras razões. Hoje comemoramos o ingresso de dois novos sócios efetivos: a bibliotecária e professora Aline Carvalho do Nascimento e o advogado e professor Sálvio Dino de Castro e Costa Junior, respectivamente na Cadeira nº 43, patroneada por Augusto Tasso Fragoso, e na Cadeira nº 11, patroneada por Sebastião Gomes da Silva Belfort. Se não fora por outro motivo, já seria auspiciosa a circunstânciadequehojefalamosdelivroseleis,deumabibliotecáriaeum advogado.Parodiandoaafirmação de Monteiro Lobato de que um “país se faz com homens e livros”, pensamos que um país se faz com leis e livros. Leis, quando emanadas de fonte legítima, sob as bênçãos da Casa do Povo, produzidas em forja democrática, promovem a justiça. “Não há democracia sem Parlamento livre”, aponta o sempre parlamentar José Sarney. Livros, e mais livros, sempre livros, literários ou científicos, breves ou volumosos, físicos ou digitais, testemunhas da saga humana, são bastiões da cultura e do conhecimento humano e instrumentos indispensáveis para a educação solidária e libertadora de que nos fala o saudoso Prof. José Maria Ramos Martins em sua obra Retalhos de uma vida

O IHGM é uma confluência de saberes, reunindo em seus quadros, do passado e do presente, os mais diversos profissionais. Coube-me a honrosa missão, pela qual agradeço desde já, de saudar uma bibliotecária. E por que tal é significativo? Ora, se a igreja é o templo da religião, a biblioteca é o templo do saber. As bibliotecas antecedem os próprios livros e sua história se confunde com o domínio da escrita. Já abrigaram tabletes de argila, rolos de papiros e pergaminhos, até chegarem ao livro propriamente dito. Da mais antiga, a biblioteca do rei Assurbanipal, da Assíria do séc. VII a.C., à mais famosa, a de Alexandria, criada pela dinastia ptolomaica do Egito, a qual, no seu auge, contava com 700 mil volumes de papiros, elas são monumentos ao conhecimento humano.

E quem é essa legítima herdeira dos monges copistas da Idade Média? Não bastasse ser Aline, palavra de origem celta, significando “de linhagem nobre, graciosa, atraente”, o que é visível aos olhos, ela também é Carvalho e do Nascimento. Do Carvalho, árvore sagrada para muitos, por sua robustez e grandiosidade, extrai a força com que dirige, com competência e zelo, a Biblioteca Pública Estadual Benedito Leite. Do nascimento em Barras, Piauí, rincão da família da genitora, traz os princípios e valores que lhe foram incutidos, com amor e dedicação, pela mãe Durvalina Carvalho do Nascimento e pelo pai Edmundo Soares do Nascimento, ambos já desaparecidos, do contrário certamente os veríamos na primeira fila deste plenário. É a caçula da família, pois lhe antecederam na viagem da cegonha Mônica Carvalho do Nascimento e Edmundo Soares do Nascimento Filho, além de Maurélio Carvalho do Nascimento, desafortunadamente falecido em 2017. Entretanto, a cidade maranhense de Codó a viu ser gerada e criada. E São Luís a recebeu aos 14 anos de idade. Principiou seus estudos na Escola Santa Filomena, das Irmãs Missionárias Capuchinhas. A Irmã Anunciata, como boa anunciadora, em suas aulas de redação, estimulou-lhe o amor pela escrita. A iniciação se completou no Colégio Dom Bosco, aquele da rua do Passeio, onde cursou o ensino médio, culminando com o ingresso na Universidade Federal do Maranhão – UFMA pela porta do Curso de Biblioteconomia. Ao estagiar no SESC,foiatraídaparaabiblioteconomiasocialecompreendeuqueasuavocaçãoresidianabibliotecapública. Não resistiu ao chamado do magistério. Foi como professora pró-labore da UFMA que conheceu o seu primeiro trabalho, ministrando aulas em diversos cursos sobre métodos e técnicas de pesquisa e estudo bibliográfico. Em sequência, por seis anos, foi professora substituta do Departamento de Biblioteconomia da UFMA, tendo sob sua regência as disciplinas de Materiais Especiais em Bibliotecas e Gestão em Bibliotecas Públicas.

Pela via do concurso público, conquistou o seu espaço nos domínios estaduais, passando a integrar o quadro de efetivos da Secretaria de Estado da Cultura, com lotação na Biblioteca Pública Benedito Leite. Foi amor à primeira, à segunda e a perder de vista. Nem a aprovação, pouco tempo depois, em concurso público para bibliotecário da UFMA, que a inseriu na equipe do Núcleo de Bibliotecas da UFMA, com a função de Bibliotecária Chefe do Serviço de Informação Bibliográfica, teve o condão de afastá-la da Biblioteca Pública Benedito Leite. Recorreu à demissão, e a UFMA perdeu uma profissional de escol. Igualmente foi aprovada em concursos para bibliotecário no TRF e no TRT e para escriturário do Banco do Brasil.

Além de Diretora da Biblioteca Pública Estadual Benedito Leite, é Coordenadora da Rede de Bibliotecas Faróis do Saber, do Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas do Maranhão. Já lá se vão 30 anos de amor pela Benedito Leite, onde também já desempenhou os cargos de Diretora da Biblioteca Infantil e Juvenil Viriato Corrêa, Diretora Técnica e Coordenadora do Escritório de Direitos Autorais. Na verdade, nenhum setor ou serviço da Benedito Leite lhe é estranho: atendimento, trabalho técnico, difusão cultural e gestão.

Ademais, émembra e InstrutoradoComitêEstadual doPrograma Nacional de IncentivoàLeitura –PROLER, desde a sua implantação no solo maranhense em 1997, e Representante do Estado do Maranhão no programa de Visitas Internacionais, promovido pela Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, com o tema “Bibliotecas Públicas Brasileiras e Norte-Americanas”. Aline coordena a Biblioteca Pública Benedito Leite, no programa de Acessibilidade em Bibliotecas Públicas. É membro do Comitê Gestor da Pessoa com Deficiência no Estado do Maranhão. É membro titular do Fórum Permanente do Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas do Estado do Maranhão, bem como organizadora do Catálogo de Jornais Maranhenses do Acervo da Biblioteca Pública Benedito Leite, publicado em 2007. Foi Conselheira Titular do Conselho Estadual da Mulher, líder dos Sistemas Estaduais de Bibliotecas Públicas da Região Nordeste e membro do Comitê Nacional para Sustentabilidade das Bibliotecas – COALISÃO.

Idealizou ou coordenou vários projetos. Já realizou trabalhos de incentivo à leitura em comunidades carentes: Coroadinho, Jaracaty, Quebra Pote, Desterro, Maracujá, Vila Embratel, Coqueiro, Maracanã, Muruaí, Fialho e Igaraú.

A intensa atividade como bibliotecária não lhe fez renunciar ao magistério, exercendo o mister em cursos e oficinas de incentivo à leitura e formação de mediadores e leitores, com temas variados: dinâmicas de leitura na escola e na biblioteca, ação cultural na biblioteca, leitura e pesquisa, leitura pela ludicidade, a magia da

leitura, organização e dinamização de bibliotecas, ler e brincar com a literatura infantil, leitura e cidadania, acessibilidade em bibliotecas públicas, incentivo à leitura na prática em bibliotecas públicas, entre outros.

No campo da pós-graduação, é Especialista em Leitura e Formação de Leitores e em Elaboração de Programas e Projetos. Possui MBA em Gestão Pública.

Na seara acadêmica, é membro correspondente da Academia Vargem-Grandense de Letras, da Academia Itapecuruense de Ciências, Letras e Artes e da Academia João Lisboense de Letras.

Possui diversos artigos publicados em anais de congresso e na Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação, além de crônicas e poemas autorais, ainda não publicados. A escrita é um de seus hobbies, a reclamar a concretude da publicação.

Aline herdou do pai, grande leitor e incentivador da leitura, o amor pelos livros. Já a mãe, sua figura feminina de proa, lhe legou o gosto pela escrita e oratória e a paixão pela música e pela dança.

Para um bibliotecário não deve ser fácil escolher um autor referencial. Mas ela me confidenciou que figuram, na sua seleta lista, Bartolomeu Campos de Queirós, Jorge Luís Borges, Cora Coralina, Antonio Cândido e Gonçalves Dias. Inspiram-na ainda as vidas de Maria Aragão e Maria Firmina dos Reis.

Mas o grande amor de sua vida tem 24 anos de idade: seu filho Vinícius Nascimento de Azevedo, concludente de Engenharia Mecatrônica na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em Natal, torrão de sua família paterna. Se ele houvesse de ter um irmão, seria Edmundo Soares do Nascimento Neto, outro que usufrui de lugar especial no coração de Aline, onde igualmente habitam os irmãos Edmundo Filho e Mônica, os sobrinhos-netos e outros familiares...

Contou-me um passarinho que Aline tem lugares secretos para determinados livros, cujo paradeiro nem a família sabe; que ela costuma presentear os sobrinhos-netos com livros, às vezes autografados; que ela já amanhece pensando na Biblioteca Pública Benedito Leite; e que ela pouco sai de casa e que, quando o faz, é geralmente para a Biblioteca, onde passa o dia. O mesmo passarinho contou-me que ela adora maratonar filmes e séries, talvez buscando repetir as emoções proporcionadas pelos livros.Todavia, não a convidem para assistir a filmes de ação ou de terror...

ConfreiraAline, sois uma guardiã da história das ideias e das gentes, com suas aventuras e desventuras e seus êxitos e insucessos, especialmente os produzidos em solo maranhense. Por isso, sois necessária ao IHGM. O Brasil não pode prescindir de livros, de livrarias, de bibliotecas, do hábito da leitura, de leitores, para a formação de verdadeiros cidadãos. Hoje vivemos uma época de crise, que transborda do rio da Ética e invade as margens da História. Segundo o psicanalista francês Charles Melman, o novo homem privilegia o prazer e a estética em desfavor, respectivamente, do saber e da ética, em um tempo de admirável liberdade, mas infecundo para o pensamento, no qual o excesso se tornou a norma. Esse excesso nem sempre foi adequadamentecombatido,comoatestamalgumas decisõesjudiciaisquecederamàtentaçãodeumatemerária restrição à liberdade de expressão e, mais inquietante, da censura. Na ética kantiana, a vida política é presidida pelo Direito, que é orientado para a compatibilização do exercício externo da liberdade dos cidadãos. A lei universaldoDireitoencontrasíntesenamáxima:“ageexteriormente(socialmente)detalmodoqueoexercício de teu livre-arbítrio possa coexistir com a liberdade dos outros.”

No Brasil hodierno, de cuja realidade não escapa o Maranhão, o que percebemos, contudo, é o exercício abusivo da liberdade por uns em detrimento da liberdade de outros, desrespeitados em sua própria dignidade como pessoas, sujeitos de direitos, provocando a contínua deterioração de princípios éticos e dos costumes sociais e políticos.

O relativismo levado às últimas consequências, por outro lado, chancela condutas antiéticas, em nome do “jeitinho brasileiro”. O patrimonialismo, o clientelismo político, o assistencialismo sem porta de saída e a espécie de liderança alicerçada na figura do “salvador da pátria” estão impregnados nas práticas incrustadas no meio social. A luta anticorrupção, que parecia ter vingado por estas plagas por um tempo, tem sofrido seguidos retrocessos, na contramão do Direito internacional. Talvez devêssemos indagar, como Carlos Drummond de Andrade: “E agora, José?” E agora, que a eleição passou, que o povo sumiu, que o país rachou?

Não hácomo ignorarmosque,nomeiodocaminho,temumapedra.Ouvárias. Etalvezdevêssemos responder, como Gonçalves Dias: “A vida é combate, / Que os fracos abate, / Que os fortes, os bravos, / Só pode exaltar.”

Por isso, Senhoras e Senhores, o Brasil precisa de livros, mais livros, mais leitores, mais educação, mais reflexão. Por isso, Confreira Aline, precisamos de vós. Onde está o fogo que Prometeu roubou aos deuses? No mesmo lugar onde crepita a fogueira ao redor da qual se senta o sábio timbira para cantar os feitos do moço tupi, sob a advertência: “Meninos, eu vi!”

Professora e Confreira Aline Carvalho do Nascimento, em nome do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, sede bem-vinda. Vosso pai e vossa mãe vos aplaudem dos planos superiores. Transpondes hoje os umbrais de uma das mais antigas e relevantes instituições do Maranhão, aquela responsável pelo estudo e divulgação da História, da Geografia e das ciências afins relativas ao Brasil e, notadamente, ao Maranhão, assim como pela defesa do patrimônio histórico deste estado. Tomais assento em uma cadeira que tem como patrono um militar, magistrado e escritor, Augusto Tasso Fragoso. Uma confluência de muitos saberes, portanto. Novos campos esperam a vossa semeadura. Uma vez mais parodiando a frase de Monteiro Lobato, acreditamos que um país também se faz com mulheres e livros.

Muito obrigada.

CADEIRA 45 - ALDY MELLO DE ARAÚJO – POSSE 2012

IGUALDADE E EQUIDADE JOAQUIM HAICKEL

Algumas pessoas bem-intencionadas, no afã de fazerem sua defesa de pautas sociais através de posições mais ideológicas que coerentes, cometem graves equívocos, enquanto outros mal-intencionados tentam subverter a ordem jurídica.

Ouvi recentemente de uma pessoa, um verdadeiro absurdo. Ela disse não só para mim, mas para todos os presentes naquela oportunidade, que o crime de preconceito racial não pode ser comparado ao crime de preconceito religioso, pois o primeiro é cometido contra uma “minoria”, enquanto o crime de preconceito religioso é cometido contra uma “maioria”, sendo que, em seu entendimento, o segundo nem deveria ser considerado crime, enquanto o primeiro o é.

Aquela pessoa que parecia ser bem instruída, culta e elegante, disse isso exemplificando o fato de um certo humorista tripudiar e enxovalhar a figura de um líder religioso, e sendo os adeptos daquela religião parte de um extrato social mais bem posicionado na sociedade, e representarem uma “maioria”, tais atos não configurariam crime de preconceito religioso, ficariam restritos ao direito de livre opinião e manifestação, a tal liberdade de expressão, enquanto o fato de um outro humorista tripudiar e enxovalhar pessoas de uma determinada raça, por essas pessoas fazerem parte de um extrato social menos bem posicionado na sociedade, por serem parte de uma “minoria”, isso se configuraria, segundo ela, um grave crime de preconceito. Acontece que nos dois casos, o que ocorre são crimes tipificados e constantes dos mesmos parágrafos e incisos da lei brasileira, qualificados com o mesmo nível de gravidade. O que ocorre é que para um crime a sociedade faz vista grossa, enquanto o outro é repudiado peremptoriamente.

Tentar majorar a importância de um tipo de crime de preconceito ou desvalorizar a importância do outro, configura grave erro quando cometido de boa-fé, mas se estabelece como já disse, grave atentado ao estado de direito e a ordem jurídica.

Dizer e defender o que aquela pessoa disse e defendeu é o mesmo que dizer que o assassinato de uma pessoa negra, homossexual e pobre é crime, pois ela faz parte de uma “minoria” e que o assassinato de uma pessoa branca, heterossexual e rica não é, só por ela fazer parte da “maioria”.

Isso não é igualdade e nem equidade. É simplesmente um delírio do bonito e do aparentemente politicamente correto, defendido por pessoas completamente despreparadas para o produtivo debate de assuntos tão importantes para nossa sociedade.

A noção de equidade deve estar sempre presente em todos os aspectos de nossa vida, arraigada a todas as nossas ações, mas no que diz respeito especificamente a aplicabilidade DIREITO NATURAL, a equidade não pode jamais ser aplicada de forma absoluta, por isso se opor ao fundamento básico desse mesmo direito, previsto em nossa constituição em seu artigo 5º e presente em todas as boas cartas magnas do mundo, que declara que todos são iguais perante a lei.

Igualdade e equidade não são palavras e ideias que possam ou devam ser aplicadas apenas em relação a uns em detrimento de outros, pois se assim ocorrer, essas palavras e as ideias que elas representam, perdem completamente o sentido, a razão e a aplicabilidade.

CADEIRA 47 - 4 JOAQUIM
ELIAS NAGIB PINTO HAICKEL – POSSE 2011

A equidade é a realização plena e suprema da igualdade. É quando a lei reconhece que a realidade desiguala as pessoas e por isso corrige esse fato, sem jamais quebrar o preceito da igualdade. É quando os mais bem colocados espontaneamente ou por força de lei, abrem espaços e oportunidades para os que não estejam bem colocados e possam a eles se igualar em posição e oportunidades.

SOBRE VERDADE E POLÍTICA, A PEDIDOS JOAQUIM HAICKEL

Alguns amigos meus, frequentemente, têm me pedido que volte a escrever sobre política, assunto que tenho evitado pelo imenso grau de radicalização que esse setor sofreu nos últimos tempos e pelo fato de eu dizer coisas que acabam desagradando a todos, característica peculiar das pessoas que falam verdades, e verdades geralmente não são coisas agradáveis de serem ouvidas, e que transformam quem as dizem em personas non gratas, coisa que eu não desejo ser.

Nos últimos tempos tenho me dedicado exclusivamente aos meus projetos cinematográficos que estão em andamento,umavezqueosnegóciosdeminhafamíliaestãosendotocados, emuitobem,diga-sedepassagem, por meu irmão e minha esposa.

Mas como meus filmes me deram uma folguinha nos últimos dias, até porque essa atividade, de tempos em tempos, exige certo distanciamento, para que se possa ver as coisas em perspectiva, resolvi parar para analisar alguns poucos aspectos da política, assunto que como todos sabem, muito me agrada, principalmente em seu aspecto estratégico e filosófico, uma vez que, já faz algum tempo, sou completamente refratário à prática diária da política, o tal corpo a corpo.

A política nacional está uma verdadeira loucura. Lula que era um craque da política, no bom e no mau sentido, dá claros sinais de senilidade, falando e fazendo coisas que nem ele mesmo aceitaria, mesmo em seu piores momentos.

Alguns de seus ministros, ouviram o sino tocar, mas não conseguem encontrar a igreja, enquanto outros, estes competentes e bem-preparados, tropeçam em suas idiossincrasias mais atávicas e acabam por demonstrar desequilíbrio e destempero, características que não podem estar presentes no perfil daqueles que desejam ser verdadeiros líderes, faróis na noite escura da política brasileira.

O poder legislativo no âmbito federal, mais do que nunca é um balcão de negócios. Seus comandantes ou são covardes oportunistas ou são ávidos negocistas. É triste esse panorama.

No âmbito estadual, nunca se viu uma situação de tamanha hegemonia. Não que eu me lembre. Mas isso que pode ser muito bom por um lado, pode ser péssimo por outro. Eu explico, ou pelo menos vou tentar. Quando se atinge a hegemonia através de uma luta renhida, uma disputa “sangrenta”, quando ela é resultado de uma conquista monumental, ela normalmente é boa e as partes, as facções, as pessoas que compõem esse grupo, sabem o que as levaram até ali e têm um compromisso maior. Quando a hegemonia é decorrente da dissolução dos grupos políticos anteriormente constituídos, quando ela é construída nos escombros do que havia antes, mesmo que ela tenha a frente um líder experiente, cauteloso e bem-intencionado, como é o caso de Carlos Brandão, ela é na verdade uma hegemonia frágil, que até aparenta ser forte, mas que traz sérios e graves problemas de manutenção, normalmente ligados ao aspecto financeiro de um grupo gigantesco, onde cadaumadesuas partes reivindica um cadinho, deixando porcontadoseu comandanteasoluçãodeproblemas gigantescos e quase insolúveis a curto e médio prazo.

No caso desse tipo de hegemonia, o que ocorre é que quem perdeu o protagonismo só aguarda a dissolução dela, só espera que o tempo passe para voltar ao centro das atenções como salvador da pátria.

Comentei esse fato com um amigo e ele me perguntou qual seria a solução para esse problema e eu disse que a solução, em primeiro lugar é reconhecer que há um problema, pois muitos não conseguem perceber e outros, os que percebem, tiram proveito disso e, portanto, não se importam.

A segunda coisa que deve ser feita nesses casos é a escolha de seu efetivo, não falo de amigos ou parentes, falo de um exército capaz de enfrentar o por vir, pois numa hegemonia pouca gente se preocupa com isso.

A eleição de prefeitos do ano que vem é a primeira trincheira e será mais do que nunca decisiva para o futuro da política local, e veja que isso não é uma questão de semântica! É uma questão de prática, tanto que acredito

que quem melhor esteja pensando nisso seja o deputado Kleber Verde, que deseja candidatar o prefeito Eduardo Braide, pelo MDB.

Braide é um político relevante, mas não tem um grupo em torno de si, não tem uma base sólida, que o apoie. Ele sozinho configura-se como uma equação politicamente inexequível, mesmo que tenha boa perspectiva eleitoral a curto prazo.

Nesse cenário, lembro que o MDB hoje pertence a base mais bem alicerçada do governo. Partido que já foi comandado pela então governadora Roseana Sarney, que apesar de ter perdido o poder, por vários e vários motivos, juntamente com seu agora reduzido grupo, ainda é uma força que não pode ser descartada.

Como disse antes, pessoas como eu normalmente desagradam a todos, não por simplesmente estarem erradas, pois quem está errado nem é levado em consideração, mas por dizerem verdades, coisas que normalmente incomodam.

Mas vá lá! Seja o que Deus quiser, se é que ele se mete nessas coisas.

JOAQUIM HAICKEL

Existem algumas perguntas que precisam ser respondidas e as respostas a elas devem ser analisadas com total isenção, sem víeis ideológico ou político de qualquer natureza, sob pena de desqualificar tanto as respostas quanto as perguntas.

1- Existem em nosso país políticos corruptos?

2- Existem em nosso país juízes corruptos?

3- Existem em nosso país promotores ou procuradores corruptos?

4- Existem em nosso país funcionários públicos corruptos?

5- Existem em nosso país jornalistas corruptos?

6- Existem em nosso país empresários corruptos?

7- Existem em nosso país religiosos corruptos?

8- Existem em nosso país artistas corruptos?

Depois de respondidas essas perguntas, e analisadas minuciosa e detalhadamente suas respostas, outras perguntas se farão necessárias.

1- Existe um nível ou quantidade ou qualidade de corrupção aceitável?

2- Há diferença entre um corrupto pequeno, médio ou grande?

3- É lícito distribuir verbas públicas para conseguir apoio político?

4- É lícito distribuir verbas públicas para conseguir apoio eleitoral?

5- É lícito, para defender a lei, subvertê-la?

6- Qual deve ser a pena para atos de corrupção?

7- O que fazer para diminuir a incidência de atos de corrupção?

8- Existe uma forma eficaz e eficiente de separar os corruptos dos menos corruptos e estes dos não corruptos?

Existem muitas outras perguntas, que como essas precisam ser respondidas e analisadas, mas penso que por hoje essas sejam suficientes para nos fazer pensar um pouco.

Mas para finalizar, depois de se fazer todas essas perguntas e de respondê-las, fazendo as análises recomendadas, você poderia me dizer, em sã consciência, se você acha justo e correto criminalizar a prostituição e o jogo do bicho?

17 PERGUNTAS E SUAS
RESPOSTAS INCOMODAS

JOAQUIM HAICKEL

Nos últimos dias senti uma dor que já fazia trinta anos que não sentia. A dor da perda da presença física de uma pessoa. Em 1993 perdi meu pai, Nagib Haickel, e no último dia 23 de abril, perdi meu “irmão” Celso Borges.

No caso da morte de meu pai, eu perdi o chão embaixo de mim. Perder Celso me tirou a lateralidade e a visão em profundidade, em perspectiva.

A perda de meu pai me obrigou a, em alguns aspectos, tomar o lugar dele, a perda de Celso faz de mim um inútil, pois nada que ele fazia eu posso minimamente imitar.

Há mais de quarenta anos eu conheci um garoto de seus vinte e poucos anos, magrinho, lourinho, risonho. Literalmente um garoto, coisa que ele, para o seu bem e para o bem de quem com ele convivia, jamais deixou de ser.

As pessoas se identificam com as outras por suas semelhanças e havia muitas entre nós. Assim como havia diferenças, que não servindo para nos identificar, estabeleceram os parâmetros que nos fizeram buscar a compreensão e o entendimento.

Eu e Celso, desde sempre construímos nossa amizade baseados na admiração por nossas semelhanças e no respeito por nossas diferenças. Eu sempre pude beber da fonte da pureza e da inocência dele e ele sempre pode aproveitar de meu celeiro de praticidade e objetividade.

Em 1982 reunimos um seleto grupo e resolvemos fazer um programa de rádio, onde só tocaríamos músicas maranhenses e só falaríamos de arte e de cultura de nossa terra. Foi o “Em tempo de guarnicê”. No ano seguinte,transformamos oprogramaderádioemumarevista,a“Guarnicê”.Juntocomelavieramumagráfica, umaeditoraeuma produtorade audiovisual emais queisso,vieram Kenard, PaulinhoCoelho, ÉricoJunqueira Ayres, Cordeiro Filho, Dulce Brito, Ronaldo Braga, e tantos outros amigos e parceiros, que durante toda a vida iriam, de uma forma ou de outra, caminhar conosco.

O tempo passa e passa muito depressa, e nem sempre se percebe as mudanças que ele traz consigo.

Eu que já era deputado estadual, em 1986 me elegi deputado federal constituinte e nossa aventura editorial teve fim, mas nossa amizade não, mesmo que fosse ser modificada, primeiro pela distância e depois pelo tempo.

Cada um tomou seu rumo. Eu fui para Brasília, Celso foi para São Paulo, Kenard para o Rio de Janeiro, Paulinho foi trabalhar com Antônio Carlos, na Gráfica Minerva, Érico continuou dando aulas e fazendo seus maravilhosos desenhos... A vida iria continuar e cada um de nós iria em busca de seu destino. O meu foi durante trinta e poucos anos, a política, com suaves e discretas incursões na literatura. O de Celso foi a poesia e a fecundidade... Em todos os aspectos. Com cinco filhos, ele tem mais que eu, Kenard, Paulinho e Érico juntos! Fecundo em tudo.

Fico falando do Celso da década de 80, porque é nele em que o meu sentimento se reflete. No irmão, com quem dividíamos nossas famílias. Nossas mães, amigas de infância eram nossas.

É verdade que eu era mais filho de “Marrenha” que CB de “Cici”. É que a timidez dele o fazia desfrutar pouco daquilo que eu muito desfrutava: do convívio com a família dele, onde todos, menos “seu” Mário, me chamavam de “Rua”, apelido que ele e Kenard me deram, em homenagem a Joaquín Murieta, uma espécie de Robin Hood do velho oeste, que era visto por uns como um revolucionário patriota e por outros como um bandoleiro mexicano. Bem como acontece realmente comigo.

CELSO BORGES

Lembrar dessas coisas é um balsamo para a dor latejante que tenho em meu peito e em minha cabeça. Melhor que essas lembranças, só a certeza de que CB realizou quase tudo a que se propôs. Digo quase tudo porque em nenhuma agenda cabem os planos que ele tinha.

Mesmo que não tivéssemos o mesmo convívio dos anos 1980, continuamos realizando muitos trabalhos juntos. Participei devários projetos literáriosde e com Celso. Produzi praele um disco com poemas de Tribuzi adaptados e musicados por ele e seus parceiros. Ele fez comigo e Beto Matuck diversos filmes, entre eles, dois inéditos, um sobre o próprio Tribuzi e outro sobre músico Miguel Damous. Além disso estávamos começando a trabalhar num documentário sobre o mestre Catulo da Paixão Cearense. Eu e Beto teremos um grande problema: Arrumar alguém que minimamente possa fazer o mesmo trabalho sensível de Celso, quanto aos textos para este filme.

O espaço está acabando e eu ainda não disse quase nada efetivamente sobre Celso, mas pelo menos preciso dizer que seus amigos estão programando fazer uma homenagem para ele no próximo dia 18 de maio, quando ele COMPLETARÁ 64 anos, algo que deixe claro que a nossa alegria por ele ter existido e por nós termos podido desfrutar de sua companhia, é infinitamente maior que a tristeza que sentimos por ele ter partido. Para o ano que vem, quando Celso COMPLETARÁ 65 anos, quem sabe possamos exibir um documentário completo, e apoiarmos sua família a lançar um livro de poemas dele, com suas poesias inéditas ou talvez com suas obras completas.

Avé, Celso!... Todos por aqui de saúdam!...

JOAQUIM HAICKEL

A vida está muito cansativa, principalmente por causa da imensa e absurda exposição a que todos nós somos submetidos através dos mais variáveis dispositivos que compõem as redes sociais.

Quem não está nas redes, não existe. Quem existe, precisa ter zilhões de seguidores para que sua marca pessoal seja valorizada e ele possa ser considerado um influenciador, ou seja, alguém que “impõe” suas opiniões sobre seus “seguidores”, uma coisa que beira o fanatismo.

Porém, mais que criticar as redes sociais em si ou mesmo quem a usa como instrumento de trabalho, gostaria de abordar um aspecto delicado desse instrumento, muitas vezes utilizado de forma tirânica, como temos visto ultimamente.

As redes sociais por si só não fazem mal a ninguém nem a coisa alguma, assim como uma arma de fogo, ou um carro. É o bom ou o mau uso dessas coisas que definem o que podem ser.

Quando Andy Warhol disse que no futuro todos teriam 15 minutos de fama, jamais imaginou que iria acertar tanto quanto a fama e errar tanto quanto ao tempo dela. A fama de todo mundo nas redes sociais é por muito, muito tempo e só deixa de existir em casos extremos e raros.

Eu sou o exemplo perfeito de fracasso das redes sociais, tenho poucos seguidores e acredito que não influencio ninguém ou se muito, uma ou duas pessoas que pensam como eu e se veem refletidos nas coisas que eu mostro, falo e escrevo.

Outro dia, fiz uma postagem onde apresentei as fotos de dois criminosos. Um que roubou um país inteiro, de diversas formas e através de muitos métodos, mais que isso, fragilizou seu povo, dividindo-o para poder escravizálo, e outro que assediou mulheres e cometeu estupro, crimes covardes e hediondos.

Naquela postagem eu dizia que me causava espécie que algumas pessoas perdoavam os crimes de um daqueles sujeitos, mas não perdoavam os crimes do outro.

Houve quem pensasse que eu estivesse comparando os dois criminosos e até seus crimes. Teve quem imaginasse que eu relativizava os crimes e até quem dissesse que eu estava politizando uma coisa que nada tinha de política.

Lembroqueumapessoameacusoudedefenderumestuprador,quandonaverdadeeudeixeiclarooseuabominável crime.

Uma outra pessoa me mandou ter cuidado com aquele tipo de mensagem, pois elas normalmente causam ruído, ao que eu reconheci a possibilidade, mas ressaltei que é preciso que se investigue para saber se o ruído é proveniente do transmissor ou do receptor.

Depois de toda essa polêmica, eu fiz uma outra postagem, que transcrevo mais abaixo, onde eu esclarecia peremptoriamente a minha intenção ao publicar aquela matéria.

“Vejam bem, essa postagem não é sobre esse ou aquele criminoso nem sobre os crimes que eles cometeram, nem mesmo sobre perdoá-los ou não. Essa postagem é sobre a hipocrisia das pessoas que agem de maneiras diferentes em situações parecidas, pessoas que usam pesos diferentes e medidas distintas em casos semelhantes, pessoas que acham que a razão está sempre do seu lado, que sistematicamente se vitimizam e costumam colocar sempre a culpa nos outros!...” Ainda assim algumas pessoas fizeram questão de não entender. Não sei até agora se o ruído está no transmissor ou no receptor.

RUÍDO NA COMUNICAÇÃO

JOAQUIM HAICKEL

Pedi a dois amigos, um com tendência socialista e o outro de tendência liberal, que usassem suas contas no Chat GPT para fazerem, cada um, um artigo sobre a política brasileira atual, usando referências do livro O Príncipe, de Maquiavel, citando os ensinamentos de alguns capítulos desse livro como por exemplo o XVII e o XVIII, comparando Lula e Bolsonaro e as práticas políticas vivenciadas por eles.

Veja alguns fragmentos do artigo encomendado ao Chat GPT por meu amigo socialista:

“A política brasileira tem sido objeto de intensa discussão tanto internamente quanto no exterior. Desde a eleição de Jair Bolsonaro em 2018, o Brasil tem vivido uma intensa polarização política que tem gerado muita controvérsia e intensos debates sobre o futuro do país.

Para entender melhor o cenário político da atualidade, podemos recorrer ao livro "O Príncipe" de Nicolau Maquiavel, que contém ensinamentos importantes sobre liderança e governança.

Nocapítulo XVII, Maquiavel abordaaimportância dacrueldade em certas circunstânciaspara manter o poder. Ele argumenta que, em certos casos, a crueldade é necessária para evitar que ações futuras sejam implementadas. No entanto, essa crueldade deve ser aplicada de forma calculada e limitada, para não causar revolta na população. Esse ensinamento pode ser aplicado a políticos como Bolsonaro, que tem adotado uma postura autoritária e agressiva em relação a opositores políticos e minorias, o que pode gerar revolta na população e colocar em risco a governança.

Por outro lado, Lula tem adotado uma abordagem mais conciliadora e pragmática em relação à política. Anteriormente, ele teve um governo marcado pela realização de políticas sociais, o que o tornou popular entre as classes mais pobres.

No capítulo XVIII de "O Príncipe", Maquiavel discute a importância da astúcia e da habilidade política para manter o poder. Ele argumenta que é necessário saber quando ser generoso e quando ser cruel, quando ser honesto e quando ser mentiroso.

Pelo que se viu Bolsonaro ficou reprovado neste quesito, pois demonstrou não ter inteligência emocional, astúcia ou habilidade em seus relacionamentos, políticos ou mesmo pessoais.

Em contraste, Lula tem sido elogiado por suas habilidades políticas, ele é conhecido por sua capacidade de mobilizar e unir diferentes grupos em torno de uma causa.

No artigo encomendado pelo meu amigo liberal ao mesmo chat, as coisas acontecem um pouco diferente:

A grande polarização política do Brasil tem sido intensamente discutida não só no âmbito interno, como também externamente. Desde 2018, com a eleição de Jair Bolsonaro, o Brasil tem se tornado uma espécie balão de ensaio dessa tendência de extrema polarização que se alastra pelo mundo.

Passados 35 anos da promulgação da Constituição Brasileira e quase o mesmo tempo da queda do Muro de Berlim, que simboliza efetivamente a queda do poder soviético no leste europeu e o fim da guerra fria, fatores que pautavam filosófica e ideologicamente grande parte da humanidade, experimentou um renascer das ideias liberais, no Brasil embasadas por 24 anos de governos de esquerda, 8 anos do PSDB e 16 anos doPTe PMDB. Podemos usar um velho livro, publicado a exatos 510 anos, "O Príncipe", de Maquiavel, para tentar aprender com seus ensinamentos coisas importantes sobre como se formam e se mantém ou se perdem as lideranças. Escolhemos dois nomes para comparar: O ex-presidente Bolsonaro e o atual e novamente presidente Lula. No capítulo XVII de O Príncipe, Maquiavel pergunta ao leitor o que é mais importante, se ser amado por suas bondades ou se ser temido por suas maldades, e demonstra que o mais importante é ser amado por uns e ser temido por outros. A pergunta que fazemos é quem entre Lula e Bolsonaro pratica com mais eficiência tal preceito.

TESTANDO O CHAT GPT

Tanto Bolsonaro quanto Lula são seguidores de Maquiavel, mas Lula parece levar vantagem por também ser seguidor de Gramsci, e Bolsonaro fica em desvantagem por não seguir a ninguém.

Já no capítulo XVIII de O príncipe, Maquiavel trata da importância politica de ser astuto e habilidoso, para se manter no poder, dosando amor e medo como combustível que movimenta as engrenagens deste mesmo poder.”

Moral da história. Ficou claro para mim que a inteligência artificial que controla o Chat GPT é extraordinária, mas também ficou claro que ela depende de dois universos. Aquele no qual o seu interlocutor está imerso e no universo no qual está contido o próprio Chat GPT, a base de dados a que ele tem acesso. Ou seja, o produto resultante do trabalho do Chat GPT terá sempre o DNA do interlocutor e o DNA da plataforma a qual ele pertence, o que não deixa de ser um grande perigo.

PS: No início desta semana uma grande quantidade de importantes personalidades ligas a área tecnológica, pediram que haja uma contenção na expansão das inteligências artificiais, pois acreditam que elas sejam inseguras e possam ficar incontroláveis.

O PRÍNCIPE GASTÃO DE ORLÉANS NO MARANHÃO

DIOGO GUAGLIARDO NEVES

from MARANHA-Y 03, MAIO DE 2023 - Revista de História(s) do Maranhão Direção: Leopoldo Gil Dulcio Vaz

No próximo dia 24 de junho se relembra os 134 anos da chegada do Príncipe Gastão de Orléans, o conhecido Conde d'Eu, a São Luís.

Marechal do Exército e esposo da Princesa D. Isabel, a subscritora da Lei Áurea – que somava pouco mais de um ano de sua entrada em vigor foi o único membro da Família Imperial então reinante a conhecer o Maranhão.

A maior vítima da divulgação de fake news em sua época, é, ainda, uma das mais desconhecidas personalidades do período imperial brasileiro. Foi batizado como Louis Philippe Marie Ferdinand Gaston d'Orléans, neto do então Rei da França, Luís Felipe. Nasceu em Neuilly-sur-Seine, a 28 de abril de 1842.

Desposou D. Isabel, a princesa herdeira do trono brasileiro, a 15 de outubro de 1864. Com apenas 27 anos de idade, a 22 de março de 1869, assumiu o posto de comandante-em-chefe das forças aliadas na Guerra do Paraguai, onde teve destacado papel na reorganização do Exército, punindo oficiais acusados de saques nos territórios ocupados e participando dos combates quase na linha de tiro. Depois do conflito, passou a ser o alvo preferencial da "Propaganda" republicanista, que o acusava de ser "estrangeiro", andar mal vestido, falar mal o português, e, supostamente, estar envolvido na cobrança de alugueres em cortiços no Rio de Janeiro. Ignorando tudo, em meio à crise da Monarquia no primeiro semestre de 1889, empreendeu uma excursão de promoção do aguardado Terceiro Reinado às chamadas "Províncias do Norte", todas aquelas a partir da Bahia e até o Amazonas. O Maranhão figurava como uma das escalas. Passavado meio-diadeumasegunda-feiranublada emormacenta,depois de chuvas fortes. Ovapor "Alagoas" cruza a barra do Maranhão sob salvas da guarnição do fortim de Santo Antônio, respondidas pelo toque demorado da sirene da embarcação. Bandeira imperial desfralda e tremulando.

Os passageiros de pé pelos bordos observam e acenam ao cortejo improvisado de cúteres, bianas e canoas, com suas velas de vivos matizes pontilhando a desembocadura comum do Bacanga e Anil. Ao fundo, a cidade dos sobradões pombalinos cujas ruas descem ao mar turvo. Janelas abertas e sacadas ocupadas. A multidão se apertano Cais da Sagração,quasetomandoarampadePalácio. Desdea alvoradaoespocar contínuoderojões. Era São João.

O escalão provincial foi ao Alagoas buscar Sua Alteza.

Ao pisar a acentuada ladeira que ligava o porto aos altos da cidade, deram-se muitos aplausos e aclamações aoimperador,àD.Isabel enquanto"Redentora",eaelepróprio:"[...] foioalvoroçodapopulaçãomaranhense, saudando o Conde d'Eu [...]. Os entusiastas vivas, que irrompiam espontaneos, do seio da população manifestaram belissimos sentimentos [...]", conformenarradopelapublicaçãocatólica"Civilização". Segundo a "Tribuna Liberal", folha do partido de mesmo nome e que circulava na capital do Império, "O povo em massa reunido no cais de desembarque, em número superior a 4.000 pessoas, saudou freneticamente o augusto viajante [...], percorrendo em seguida a cidade, sempre festejado pela população".

CADEIRA 56 – POSSE: 2016 - DIOGO GUAGLIARDO NEVES

Os principais celebrantes são os libertos da lei de 13 de maio de 1888, que não conheciam diretamente as letras, nem participavam do núcleo decisório do país, mas que sabiam quem era quem no jogo do poder, especialmente na cidade. E, ali, eram eles os vitoriosos. Por enquanto, ao menos, pois também tinham a exata consciência de que essa não era uma questão resolvida. Poderia não tardar, inopinada, a desforra nutrida de ódios eressentimentos dos proprietáriosdas senzalas fechadas ematrículas deescravos canceladas por decisão do governo imperial.

A reescravização era um cenário possível.

Gastão caminhava ao som da banda marcial do 5º Batalhão de Infantaria e do grupo musical da Casa dos Educandos Artífices, rumo à sede do governo maranhense, cercado pelo préstito acompanhados das gentes. Bandeirolas auriverdes em cordames pretendiam alegrar a estreita e íngreme via.

Ele ficaria hospedado no atual “Palácio dos Leões” (que ainda não tinha esse apelido), mas o prédio estava em reforma: “[...] o principe consorte foi recebido em pardieiro, velho que se chama palacio, o qual, além de tudo está em obras, cheio de andames [sic.], cipós, barro, cal, etc.!...”, como noticiou as páginas antimonárquicas do jornal “O Novo Brazil”.

O Conde d’Eu adentrou o Palácio ladeado pelo Barão de Grajaú, no alto de seus 74 anos, pelo presidente Moreira Alves, cuja substituição já estava agendada para os próximos dias. Foram junto as patentes militares da ativa, alguns veteranos locais da Guerra do Paraguay e as autoridades católicas, todos trajados ao rigor e calor da moda. Mas, as manifestações principais tinham cara e cheiro de povo, que aguardava apinhado na porta a saída e continuação das visitações.

Depois das orações na Igreja da Sé – o Príncipe era um católico praticante -, a próxima parada era o Liceu Maranhense, então instalado nos baixos do Convento do Carmo. Mas uma terrível surpresa os aguardava: pequenos inconfidentes haviam arquitetado um motim.

Antes de completados os degraus que iam até o templo e ao colégio, enquanto a figura de cerimonia subia, um molequesemeteunomeioegritou aplenospulmões:"VivaaRepública!" EraManoelNina,ou,simplesmente "Maneco", que apenas começava suas peripécias. Outros dois discentes responderam da mesma forma e vaiando. A confusão estava posta. Troca de urros, alguns se empurrando com braços e bengalas. Correria. Aluísio Porto e Antônio Lobo haviam prometido entre si o feito e "[...] cumpriram a palavra empenhada", como lembrou depois Dunshee de Abranches nas suas memórias de "O Cativeiro".

Passaram os insurgentes rindo para o interior do prédio, escapando por hora dos cascudos e puxões de orelha. Lá haviam pendurado uma bandeira dos Estados Unidos e riscada em letras grandes uma paredes com equivalentes exclamações. Não tinha acabado, porém. No protocolo estava agendada a ida à Biblioteca Pública, uma das primeiras do país, título esse que ostentava somente pela antiguidade. Para acessá-la, era preciso passar por dentro da escola. Por ali estava acoitado um dos rapazotes, à postos para a nova investida: "Ao sahir o princípio, da biblioteca, Maneco toma de dois cófos de maravalha, ali deixados pelos operários da marcenaria e os derrama todos sobre a cabeça do príncipe, dizendo: 'Flores, flores! Viva a República!'", caso relembrado em curiosa biografia sobre o Maneco Nina, aparecida muitos anos depois. Gastão, indiferente, ao contrário dos demais que proferiam insultos e clamavam desforra, com sua luva bateu a serragem do chapéu e da casaca, pedindo que nada fizessem contra Maneco e seus colegas.

De qualquer maneira, "[...] a república pregada pelos fedelhos do Liceu [...]", no dizer indignado do deputado João Evangelista de Carvalho, padre da Paróquia de São João, como relembra Dunshee de Abranches, encerrava ali suas atividades sediciosas, com os paladinos asilados entre os muros do educandário. Eles não seguiram o cortejo que partiu para a igreja da Imaculada Conceição na rua Grande, hoje desaparecida. Os jovens corriam sério risco de serem linchados pelos libertos da lei de 13 de Maio de 1888.

Por fim, naqueles meados de 1889, a pauta pela República não ecoava entre os setores populares, especialmente os maranhenses beneficiados diretos da Lei Áurea, que viam no Príncipe Gastão de Orléans a própria figuração de sua esposa, a representante da liberdade contra a possibilidade de reescravização. E estariam prontos para morrer pela causa, como aconteceria dali a poucos meses...

O PRIMEIRO BRASÃO DE SÃO LUÍS DO MARANHÃO DIOGO GUAGLIARDO NEVES

O antigo Brasão de Armas de São Luís do Maranhão, concedido pela coroa portuguesa em 1647, anos após a expulsão dos colonizadores holandeses pelos próprios moradores de São Luís.

Estebrasão significaque oJus (Direito)lusitanosobreaterrapesou mais que oVis (vigor,força)dos franceses e holandeses, e por causa disso, a cidade voltou ao poder português duas vezes.

Nas “Memórias do Estado do Maranhão”, diz o Padre José de Morais “que pesou mais o jus, ou a justiça das armas de Portugal, que o vis ou a fôrça das de França e Holanda, com imortal desempenho do valor português, e não menor glória da valentia daqueles ilustres moradores do Maranhão”.

No dia 25 de novembro de 1641, uma poderosa esquadra holandesa, sob o comando pelo Vice-Almirante João Corneles Lichthardt formada por dezenove navios, dois mil soldados, invadiu a Ilha do Maranhão.

Para fugir do alcance da artilharia do forte São Felipe, Lichthardt entra na embocadura do rio Bacanga e desembarca na praia do Desterro com cerca de mil soldados e sobem até o altiplano onde estava localizada a ermida Nossa Senhora do Desterro que é saqueada pelos invasores. Em seguida, casas dos moradores são invadidas eroubadas em várias ocasiões.Osaque,apilhagem eaprofanaçãodetemplos,foiumamarcadesses primeiros dias de invasão flamenga. Muitos moradores fogem para as matas da ilha e até para o Continente.

Após essas primeiras hostilidades, as tropas do Coronel Koin Anderson, finalmente, marcham para a fortaleza portuguesa que é ocupada sem resistência por parte do governador Bento Maciel Parente, até porque não tinha forças para tal. A partir daí, a ilha passa a estar sob as ordens do Príncipe Maurício de Nassau, ampliando os holandeses o seu domínio para o Norte. Depois dessa conquista, os holandeses partem para o interior, em direção ao vale do Itapecuru, tomam o forte do Calvário e ocupam os cinco engenhos de açúcar dessa região.

Após dez meses de ocupação holandesa no Maranhão, em 30 de setembro de 1642, tem início no Itapecuru, a reação portuguesa.

Adaptado de @brasilis_regnum .

DIOGOGUAGLIARDONEVES

O palacete, dos mais bonitos da cidade, entrou para sua história como o local do “Crime da Baronesa”, onde Ana Rosa Viana Ribeiro, esposa do chefe político Carlos Fernando Ribeiro, futuro barão de Grajaú, matou uma criança escravizada de nome Inocêncio.

A edificação, à semelhança do chamado “Palácio Cristo Rei”, na praça Gonçalves Dias, possuía um vasto e monumental jardim, talvez mesmo o maior de São Luís, tomando todo um canto de quadra, entre as ruas de São João e do Sol.

Essa verdadeira praça privada era guarnecida por uma grande estátua de louça ao centro, proveniente das oficinas de artesanato do Porto, vielas de cascalho e muitas plantas, nativas e exóticas (imagem 01).

Povoadodepalmeirinhas esamambaias,eralugardecontemplaçãodosmoradores,comonoregistrodeEmília de Lima Furtado, irmã de Lúdce Furtado Neves, esposa de Euclides Mathias de Souza Neves, filho dos proprietários (imagem 02).

Os proprietários do palacete, Manuel Mathias das Neves Filho e sua esposa, Celeste de Souza Neves, ali recebiam amigos, como no caso do registro fotográfico em que ela (à esquerda) está com uma amiga. A parede de vãos tampados, tem a rua de São João por fundo (imagem 03).

O jardim foi barbaramente demolido nos anos 1990, quando de uma reforma de gosto duvidoso que arrancou o piso de ladrilho hidráulico externo, demoliu colunas e apagou as trilhas. A ideia do governo do Maranhão era integrar o Museu de Arte Sacra, instalado em suas dependências, ao Museu Histórico e Artístico do Maranhão, fronteiro.

Infelizmente, o Palacete, aqui retratado no começo do século XX (imagem 04), nos dias presentes, apesar de sua alta relevância para a capital maranhense, é subutilizado como reserva técnica e biblioteca do Museu Histórico e Artístico do Maranhão, não possuindo uma destinação própria, condigna do que representa.

OS JARDINS DO SOBRADO N. 500 DA RUA DE SÃO JOÃO

COLABORADORES

POR QUE MATARAM DÉCIO SÁ?

Na noite de 23 de abril de 2012, o jornalista Aldenísio Décio Leite de Sá, conhecido como Décio Sá, blogueiro e repórter de política do jornal O Estado do Maranhão, saiu da redação pouco depois das 22h30 e dirigiu-se, de carro, ao bar e restaurante Estrela do Mar, na Avenida Litorânea, disposto a degustar uma caranguejada, iguaria típica maranhense.

Cerca de uma hora depois, Décio Sá estava estendido no chão, entre as mesas do estabelecimento, abatido à queima-roupa com seis tiros de pistola ponto 40.

O crime teve enorme repercussão nacional e internacional e, passados menos de dois meses, em 13 de junho, aPolíciaCivil do Maranhãodeflagroua “Operação Detonando”,prendendo os dois acusados como mandantes – os agiotas Gláucio Alencar Pontes de Carvalho, então com 35 anos, e seu pai José de Alencar Miranda Carvalho, então com 73.

Eles teriam, segundo a polícia, mandado matar Décio porque o jornalista havia feito publicações em seu blog sobre a prática de agiotagem envolvendo Gláucio, Miranda e prefeituras do estado.

Preso em 27 de dezembro de 2015 no Presídio São Luís 3 (PSL 3), de segurança máxima, na Vila Maruaí (próximo ao Complexo Penitenciário de Pedrinhas), Gláucio Alencar ficou numa cela de 2m por 3m, em isolamento quase completo, segundo familiares.

Gláucio, que chegou a passar pela cadeia do Quartel do Comando Geral da Polícia Militar, no Calhau, e pela prisão do Quartel do Corpo de Bombeiros, no Bacanga, sempre negou envolvimento com o assassinato de Décio Sá.

Numa entrevista exclusiva ao JP publicada em janeiro de 2013, Gláucio apontou a família Telles, de Barra do Corda, como uma “lacuna” na investigação da polícia e do Ministério Público do Maranhão sobre o assassinato. Postagens de Décio sobre outros crimes envolvendo a família – especialmente Pedro Telles, também supostamente ligado a agiotagem – teriam motivado o homicídio. O secretário de Segurança Pública da época, Aluísio Mendes (atual deputado federal), refutou a afirmação de Gláucio e disse que “todas as linhas de investigação do caso Décio foram apuradas”, inclusive a que levava a Barra do Corda.

O assassino confesso de Décio, o pistoleiro paraense Jhonathan de Sousa Silva, então com 24 anos, foi preso dias antes da “Detonando”, em 5 de junho, por tráfico de drogas, e acabou confessando o assassinato do jornalista. Jhonathan atualmente está no mesmo presídio que abrigava Gláucio Alencar, o PSL 3, depois de passar por um presídio federal, em Campo Grande (MS).

Acusado de ser o intermediário que contratou o matador, o ex-empresário do ramo de automóveis e exrepresentante comercial de bebidas José Raimundo Sales Chaves Júnior, o “Júnior Bolinha”, então com 38 anos, também foi preso na “Operação Detonando”.

Em entrevista ao JP publicada em julho de 2013, “Bolinha” envolveu no crime um grande empreiteiro maranhense, que estaria incomodado com postagens no “Blog do Décio” sobre megaprojetos imobiliários que afrontavam as leis ambientais. OGrupo de AtuaçãoEspecialdeCombate a Organizações Criminosas (Gaeco), do Ministério Público, investigou a versão, mas concluiu que ela não se sustentava em fatos concretos.

Dos 12 indiciados pelo homicídio, 7 já foram despronunciados pela Justiça maranhense (ou seja, não vão a julgamento), e apenas Jhonathan Silva e Marcos Bruno Silva de Oliveira (acusado de ser o “piloto de fuga” do pistoleiro Jhonathan) enfrentaram o Tribunal do Júri, até agora. Jhonathan foi condenado a 25 anos e três

- MANOEL DOS SANTOS NETO

meses em fevereiro de 2014. Marcos Bruno pegou 18 anos e três meses (mesma pena em dois julgamentos, em fevereiro de 2014 e abril de 2016).

Além de Gláucio, José Miranda, Jhonathan, “Júnior Bolinha” e Marcos Bruno, foram presos e indiciados por envolvimento no assassinato: Fábio Aurélio Saraiva Silva, o “Fábio Capita” (capitão da Polícia Militar do Maranhão, ex-comandante do Batalhão de Choque da corporação, seria o dono da pistola usada no crime; despronunciado pela Justiça maranhense por falta de provas); Ronaldo Henrique Santos Ribeiro (advogado, seria o “braço jurídico” de agiotas maranhenses; também despronunciado); Fábio Aurélio do Lago e Silva, o “Buchecha” (preso na “Detonando”; despronunciado); Alcides Nunes da Silva e Joel Durans Medeiros (investigadores da Seic; dariam suporte informal aos suspeitos de agiotagem Gláucio Alencar e José Miranda; ambos despronunciados); Elker Farias Veloso (supostamente deu apoio logístico no assassinato; está preso em Minas Gerais por outro crime; despronunciado); Shirliano Graciano de Oliveira, o “Balão” (supostamente deu apoio logístico no assassinato; nunca foi preso; despronunciado).

HÁ 16 ANOS, MORREU ESCRETE, O POETA QUE CANTOU A SEREIA DO MARANHÃO

Há exatos 16 anos, o cantor e compositor José Henrique Pinheiro Silva, o Escrete, faleceu em São Luís, aos 54 anos, naUnidadedeTerapia Intensiva(UTI)do Hospital Geral. Elenãoresistiuacomplicações decorrentes de um acidente vascular cerebral, agravado por insuficiência renal, diabetes, cirrose e úlcera elevada.

A morte do artista causou enorme consternação em São Luís, e mobilizou dezenas de pessoas que foram homenageá-lo no Memorial Maria Aragão, onde o corpo foi velado. O falecimento de Escrete, que aconteceu na manhã do dia 25 de janeiro de 2007, representou uma grande perda para a cultura popular do Maranhão.

Ao som de um surdo da Favela do Samba e dos atabaques e agogôs do Bloco Afro Akomabu, o cantor e compositor foi sepultado, no final da manhã de 26 de janeiro de 2007, no Cemitério do Gavião. Uma verdadeira multidão acompanhou a pé o cortejo fúnebre, que saiu da Praça Maria Aragão, com o caixão bem à frente colocado sobre um carro do Corpo de Bombeiros.

Familiares, amigos, artistas, intelectuais, sambistas, mães-de-santo, brincantes e dirigentes de grupos da culturapopularemilitantesdeentidadesdoMovimentoNegroforamdaroúltimoadeusaofamoso compositor maranhense, numa cerimônia carregada de emoção.

Ao longo do percurso da Avenida Beira-Mar até o Cemitério do Gavião, vários intérpretes, entre eles Tadeu de Obatalá, Paulinho Akomabu, Professor Carlão, Luís Carlos Guerreiro e Gisele Padilha, revezaram-se sobre um carro de som, cantando as canções de Escrete, sambas da Favela e músicas do Akomabu.

Sob aplausos, o corpo de Escrete foi sepultado no momento em que muitas pessoas rezavam e integrantes do Centro de Cultura Negra do Maranhão (CCN-MA), da Favela do Samba, do Boi Pirilampo e do Bloco Akomabu, cantando e dançando, também gritavam “Viva Escrete, Viva!”, com uma expressão de dor e sofrimento estampada em seus rostos.

Escrete iniciou sua vida musical no Bairro da Liberdade, onde compôs sua primeira música, no ano de 1979, motivado na luta dos palafitados. A música “Palafita” foi cantada pelo grupo “Rabo de Vaca”. Depois disso compôs para as escolas de samba Unidos da Camboa o enredo “Encantos do mar” e para a Favela do Samba “Sonho infantil”.

Autor de dezenas de sambas-enredos e durante muitos anos compositor da Favela do Samba, Escrete ganhou fama ao fazer um dos primeiros registros da música afromaranhense, com o LP “Malungos”, cujas músicas foram levadas às ruas de São Luís pelo Bloco Afro Akomabu. Depois disso, Escrete gravou a música “Gaiola não é prisão para negro”, em parceria com Joãozinho Ribeiro, e compôs “Sereia”, juntamente com Carlos Gomes e Nicéias Dumont, que se transformou num hino do carnaval maranhense.

Além de ser um dos grandes vencedores de sambas de enredo, Escrete ganhou destaque com o Show Bumba Maranhão, fez parte do Show Canto Afro, gravou seu CD solo intitulado “Lua de Luanda”, participou dos CDs “Pérolas Negras” e “Canto Afro”, em parceria com Paulinho Akomabu e Tadeu de Obatalá, e chegou a lançar uma coletânea com músicas de bumba-meu-boi.

Dando sinais de que já estava com sua saúde muito debilitada, Escrete acabou ganhando uma grande homenagem, no primeiro sábado do ano de 2007 (era o dia 6 de janeiro), com o show “Viva Escrete”, que reuniu um grande número de artistas na sede do Centro de Cultura Negra do Maranhão, na Rua do Barés, no João Paulo.

A festa cultural contou com a presença dos cantores Tadeu de Obatalá, Cláudio Pinheiro, Josias Sobrinho, Teresa Canto, Sami do Cavaco, Walbinho Vamu di Samba, Ribão D’Oludô, Daffé e Joãozinho Ribeiro (atual secretário de Estado da Cultura) e a banda de reggae Guetos. Os cantores maranhenses Cláudio Pinheiro, Zé Carlos Daffé e Rosa Reis, além de Neguinho da Beija-Flor e Ovelha são apenas alguns dos nomes que gravaram músicas de Escrete.

Nascido em São Luís, no dia 15 de março de 1952, Escrete, com tino e talento extraordinários, teve várias participações especiais em shows de cantores maranhenses e teve suas músicas gravadas por vários deles.

Escrete foi parceiro de Joãozinho Ribeiro, Paulinho Akomabu, Tadeu de Obatalá, Josias Sobrinho, José Raimundo Gonçalves e Niceas Drumont e outros compositores.

Suas músicas foram gravadas por outros músicos maranhenses e por músicos de outros estados: Cláudio Pinheiro, Rosa Reis, Neguinho da Beija-Flor, Ovelha, Lourival Tavares. Participou do Festival Internacional de Música de São Luís, no show Asa do Vento, onde apresentou músicas do CD Lua de Luanda, e realizava anualmente os shows Canto Afro e Bumba Maranhão.

IMAGEM DAS RUÍNAS DO FORTE DE SÃO FRANCISCO (ANTIGO FORTE SARDINHA, DOS FRANCESES)

Resolvi postar aqui para as informações ficarem para a posteridade. Anotações do Noberto:

1 - o Forte do São Francisco é o antigo Forte Sardinha, dos franceses, levantado, provavelmente, no final dos anos mil e quinhentos põe Charles des Vaux e seus aliados;

2 - Foi neste Forte que Daniel de La Touche de la Ravardière se rendeu no dia 4 de novembro de 1615 a Alexandre de Moura;

3 - A época dos franceses era de taipa de pilão e guarnecido com três ou quatro peças de artlharia;

4 - Este Forte tinha a função de proteger a entrada da Ilha, especialmente a aldeia de Uçaguaba / Miganville (atual Vinhais Velho) e Jeviré (Ponta da Areia);

5 - o Forte foi edificado pelos franceses em local estratégico, em um promontório, em uma ilha (é verdade, o São Francisco era uma Ilha até 1970, quando foi construída a avenida Colares Moreira. que separou o mangue e lagoa da Jansen do mangue do Jaracati), onde hoje está o Armazém Paraiba, Shopping Monumental, etc.;

6 - Charles des Vaux também participou da escolha do local onde seria edificado o Forte do Presépio de N S de Belém, marco inicial do Pará. E note a coincidência do local escolhido para a edificação do Forte, um promontório, com vários igarapés ao fundo, quase formando uma Ilha;

7 - Descobri o local onde existiu o Forte Sardinha a partir de um pedido do amigo e acadêmico Sálvio Dino, que me relatou uma missão dada pelo professor, historiador e escritor Rubem Almeida, que em 1964, quando da visita do Embaixador da França no Brasil, em frente a estátua de Daniel de la Touche, na Praça Pedro II, os alunos e ex-alunos de Almeida foram instados a pesquisar onde existiu o Forte Sardinha, pois ali era importante levantar um monumento que mostrasse que naquele local São Luís passou de mãos francesas para mãos portuguesas. Os destinos da América do Sul foram selados naquele local.

8 - no dia da capitulação de La Touche, o nome do Forte foi rebatizado de Fortaleza do Sardinha para Forte do São Francisco, que deu nome ao importante e tradicional bairro de São Luís. Mas vamos ao texto sobre a foto capturada das ruínas do Forte de São Francisco, imagem onde aparece o magnifico historiador Raimundo Lopes.

Raimundo Lopes nas Ruínas do Forte de São Francisco, Ponta de São Francisco, Ano de 1939 Essa bela fotografia foi feita pelo fotógrafo Clodomir Pantoja, proprietário da famosa Foto Londres. Clodomir Pantojaregistrao geógrafovianenseRaimundoLopes(1894-1941)posandonas ruínas doForteSãoFrancisco, em 1939. No fundo da fotografia, podemos ver a vista da cidade velha de São Luís do Maranhão. Provavelmente, o Raimundo Lopes deve ter contratado o Clodomir Pantoja de freelancer para fazer serviço de fotografia em pesquisas de campo.

NOBERTO
ANTONIO

Raimundo Lopes era um intelectual membro do AML, IHGM e era conhecido nacionalmente pelo seu trabalho no Museu Nacional nas áreas que envolvem Naturalismo, Geografia, Etnolografia, Arqueologia e Antropologia.

O intelectual de Viana fez parte do IPHAN, foi importantissimo no levantamento e tombamento de bens do Maranhão. Sob a sua orientação, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) fez o primeiro tombamento nacional no Maranhão. Trata-se do sítio arqueológico sambaqui do Pindaí, em 1939. Mas o trabalhou não parou só no Sambaqui do Pindaí, há registros que o Raimundo Lopes penetrou outros lugares da nossa ilha para fazer levantamentos e tombamentos de bens históricos para o Maranhão, mas pena que foi efêmero, pois dois anos depois do Tombamento do Sambaqui do Pindaí, falece o Raimundo Lopes, em 1941.

- Arquivo Geral do IPHAN (@iphangovbr)

PERNAMBUCO E SUA LONGA INDEPENDÊNCIA

JOSEMIR CAMILO DE MELO

(Sócio correspondente do IHGM)

Historiador. jcdemelo2@gmail.com

Pernambuco aparece no cenário político da Independência com certa prerrogativa de ter sido a primeira provínciaaimplantaraRepública(1817),eondeseexpulsoutropasportuguesasemplenoabsolutismo(1821). Entre pioneirismo, avanços, tentativas de estabilização, o golpe de Estado (1823, que Frei Caneca batizou de o nosso “18Brumário”) e verdadeiraindependênciapreterida(1824),os pernambucanos nãotiveram descanso na política, nem na economia, entre feridos, mortos e presos.

As causas de tal instabilidade ou melhor de momento crítico podem ser rastreadas desde a fuga da Corte para a colônia Brasil, o contrapeso da revolução do Porto, em 1820, diante do esvaziamento da economia e do Poder em Portugal. Surge o movimento que se denominou de vintismo, tão bem analisado pelo historiador alagoanoDenisBernardes(inmemoriam).Daínasceuumaassembleiaconstituinteliberalparaosportugueses, de que nos aproveitamos, e neocolonialista, o que combatemos, liberdades e contradições.

As reações pernambucanas sob o vintismo respingou também em outras províncias, principalmente na Paraíba: a campanha de Goiana para eleger uma Junta provisória (1821), teve o apoio da província irmã, em seu apoio na Convenção de Beberibe. Aprendida a lição, a própria Paraíba realizou sua eleição de Junta, ao mesmo tempo que Pernambuco, e expulsou seu governador português. Para os contemporâneos, devia ser mais necessário brasileiros gerenciarem a coisa pública, isto já era um trunfo, do que pensar na “loucura” de um rompimento sangrento,republicano, como em 1817.AJuntadeGoiana foium ensaio dequasedois meses, paralelo ao governo despótico de Luiz do Rego, que terminaria expulso pelos “goianistas”, mas já na gestão de Gervásio Pires.

Iniciada com a Junta de Goiana, a administração paralela, revolucionária e liberal mostrou como pernambucanos poderiam gerir a coisa pública, coisa que um ex-preso político de 1817, mas burguês de sucesso, Gervásio Pires Ferreira, muito bem biografado por Antônio Joaquim de Mello (testemunha histórica) enxergou naquele governo e o apoiou. Seria ele a lançar um programa de governo autônomo em Pernambuco. Obteve

apoio de Frei Caneca e alguns líderes da ex-Junta de Goiana e do apoio do jornal Segarrega, de Felippe Menna Callado, pois sem pincelar publicamente seu ideário, defendia um federalismo com monarquia. Cumprindo promessa da Junta de Goiana, não só expulsou as tropas portuguesas de Luiz do Rego, como proibiu o desembarque das que vieram com o governador geral, José Maria de Moura, que fora mandado pela Assembleia Constituinte portuguesa. Certo fez o presidente da Junta pernambucana, Gervásio Pires, pois o calo da Independência nacional no Pará teve um nome, o brigadeiro Moura. Proibiu, em seguida o substituto governador das armas, José Correa de Mello de descer com tropa, no que foi obedecido. Mas, internamente, forças políticas tinham outras tendências; pelo menos quatro “partidos” pretendiam a hegemonia diante da Corte ou a independência. Esses encaminhamentos abalaram Pernambuco, a ponto de correligionários da Junta de Goiana ficarem divididos pró-grupo enviado por José Bonifácio para a separação e outros pró-Gervásio Pires, pela desconfiança ao príncipe e até apego ao rei, no caso pessoal de Gervásio Pires. Este período foi bem analisado por Barbosa Lima Sobrinho, agora relançado, cobrindo todo o período até 1824. Estes conflitos internos ente Gervásio Pires e os “Beneméritos”, liderança político-militar criada durante a campanha de Goiana contra Luiz do Rego, que se juntaram aos agitadores de José Bonifácio, manipulando Pedro da Silva Pedroso a favor deste grupo, levando à queda de Gervásio Pires.

Com a independência política do Brasil, ocorreu o esfacelamento da autonomia pernambucana devido a um governo pusilânime, a “Junta dos Matutos”, e da qual Pedro da Silva Pedroso era o governador das armas. Surgem dois novos elementos políticos: a intervenção das câmaras, e um homem forte, Manoel de Carvalho Paes de Andrade.

A partir do vintismo, surgiu certa autonomia das câmaras municipais. Baseado nisto, as câmaras de Olinda e Recife se posicionam contra Francisco Paes Barreto, o derrotado entre os da Junta dos Matutos, que havia se tornado um triunvirato, com a demissão do presidente Afonso Maranhão e do secretário. As duas câmaras convocam um Grande Conselho, que rejeita a nomeação do Imperador, de Paes Barreto como presidente de Pernambuco e elegem Manoel de Carvalho Paes de Andrade, Intendente da Marinha, para presidir a província. No calor do golpe de estado de Pedro I, a rejeição a Paes Barreto e até a nomeação de um tertius, como presidente, o mineiro, radicado em Pernambuco, José Carlos Mayrink Ferrão. No meio de tudo isto, surgiu a bomba da fake news: “Portugal, que derrubara a recente Constituição liberal, quer invadir o Brasil”. Com a retirada da frota que ameaçava Pernambuco por não aceitar Paes Barreto, agora, alegando concentrar as forças navais no Rio de Janeiro, isto (se verdade fosse) deixaria Pernambuco e as províncias do Norte às mãos de Portugal. Já que a Corte do Rio não defende Pernambuco, esta província grita pelas armas e convoca às irmãs para mudar também o regime político: a proclamação da Confederação do Equador.

RASGARAM A CONSTITUIÇÃO DA ESPERANÇA HARLAN GADELHA

// advogado// Presidente do Instituto Histórico de Goiana//harlan.gadelha@hotmail.com

Em fevereiro de 1987 tinha início o processo constituinte que ao fim de longos meses resultou na Constituição de 05 de outubro de 1988, esta que sacramentou no país o Estado Democrático de Direito, após o fim do regime de exceção de nefasta memória (1964-1985)

Quis a providência me levar àquela constituinte como deputado federal por Pernambuco (PMDB), com isso, tornei-me testemunha ocular da histórica republicana recente, de marcantes debates parlamentares, e de fatos políticos ocorridos naquele período.

O saudoso Dep. Ulisses Guimarães, Presidente da Câmara e da Constituinte, àquela época, brilhantemente comandou o processo e ao seu fim, quando subscreveu a Carta Política elaborada, cunhou a expressão “Constituição Cidadã”, mas, no meu íntimo, até hoje, aquele diploma ficou gravado como a Constituição da Esperança.

Falo assim, porque aquela Carta Política trouxe esperança à nação brasileira, pois inaugurou uma era de liberdades públicas, direitos sociais, cidadania, o fortalecimento das instituições públicas, enaltece os direitos humanos e visa combater a pobreza e desigualdades sociais.

Uma ordem constitucional extremamente voltada ao social, nunca antes vista no país. Infelizmente decorridos cerca de 35 anos da Carta de 1988 o país viveu no dia 08 de janeiro p.p. uma tentativa de golpe de Estado, quando fanáticos militantes políticos de extrema direita, invadiram e quebraram as sedes dos Três Poderes da República, num badernaço sem igual, tudo com o fito de reclamar sem sentido contra a eleição do Presidente Lula, um ato legítimo, reconhecido até pela comunidade internacional.

Os danos físicos foram enormes, o patrimônio histórico foi vilipendiado, rasgaram pinturas, quebraram móveis, etc. Mas, ao lado disso, a pior agressão foi à ordem jurídica constitucional, esta que prima pela democracia, fruto de uma luta aguerrida do povo brasileiro e dos parlamentares constituintes de 1987.

Nunca, em tempo algum, como cidadão, e ex-parlamentar, imaginava vivenciar essa agressão sem igual ao sistema democrático brasileiro, um retrocesso político e civilizacional.

A CF/1988 é a mais antiga da República, perde apenas para a do Império que perdurou 65 anos (1824

1889),e consagra a educação como dever do Estado e direito do cidadão (art. 205 ), e diante dessa realidade sugiro que ocorra mudança nos currículos escolares para inserir uma disciplina dirigida à democracia e cidadania, para criar nas futuras gerações uma cultura política de paz, participação cidadã (voto) e respeito a Constituição.

“Ohumanoéimperfeito,porqueaperfeiçãoédesumana”,jádiziaFernandoPessoa,ecomohomemimperfeito que sou, carrego defeitos mas também emoções, e assim não pude conter as lágrimas quando vi a minha Constituição da Esperança ser ferida por vândalos que são dignos de pena.

Torço por melhores dias para o Brasil, com paz, alegria, e sempre democracia!

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Livro "200 anos da Imprensa no Maranhão - Vol.2" é lançado em São Luís

Foi lançado nessa segunda-feira, 5, o livro 200 anos da Imprensa no Maranhão – (O valor social da imprensa) –Vol. 2, no Palacete Gentil Braga, no Centro de São Luís. O livro reúne artigos de 16 autores locais e nacionais. Com produção da Editora da UFMA, o livro possui prefácio do reitor Natalino Salgado e foi organizado pelo vicereitor Marcos Fábio Belo Matos; pelo professor Roni César Araújo e pela professora Roseane Arcanjo Pinheiro. Em breve, o livro estará disponível em e-book na internet Saiba mais e acompanhe o vídeo institucional em nossa bio.

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