Caderno Educativo "Samico e Derlon"

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caderno educativo

narrativas em madeira e muro apresenta


Poética vem do grego poieses e quer dizer criação ou capacidade criadora. Esse termo está diretamente ligado à idéia de Arte, que também se relaciona com a técnica, ou techné. para saber mais

http://www.cronopios.com.br/ blogdotexto/blog.asp?id=1242

Não podemos entender a cultura de um país sem conhecer sua arte. Ana Mae Barbosa

Imaginário, segundo Aurélio Buarque de Holanda, é o que só existe na imaginação; ilusório; irreal; fantástico. Mas também é o conjunto de imagens, símbolos e idéias de um grupo social. O imaginário é uma das formas de interpretação simbólica do mundo. Cultura popular pode ser definida como qualquer manifestação cultural que o povo produz e de que participa de forma ativa. Exemplos de manifestações da cultura popular: carnaval, danças e festas folclóricas, literatura de cordel, provérbios, samba, frevo, capoeira, artesanato, cantigas de roda, contos e fábulas, lendas urbanas, etc. para saber mais

http://www.suapesquisa.com/o_ que_e/cultura_popular.htm

Narrativas em madeira e muro: Presença da xilogravura popular nas obras de Samico e Derlon Exposição de 27 de novembro de 2008 a 18 de janeiro de 2009 Museu do Estado de Pernambuco – Mepe

Linguagem é o meio pelo qual o indivíduo organiza suas percepções e coloca em ordem um amontoado de estímulos visuais, sonoros, táteis, etc., visando à construção de um todo significativo. No entanto, a linguagem na arte não corresponde propriamente a símbolos convencionais. A arte tem uma forma de exprimir sentidos diferente da maneira de transmitir significados da linguagem verbal. para saber mais

http://pt.shvoong.com/ humanities/398142-linguagemarte/

BOAS-VINDAS! Este Caderno Educativo faz parte da exposição Narrativas em madeira e muro: Presença da xilogravura popular nas obras de Samico e Derlon. Essa exposição reúne obras de dois artistas que constroem suas poéticas inspiradas no imaginário nordestino e na cultura popular, especialmente na literatura e nas gravuras populares. Com a intenção de propor novos olhares e acrescentar novas experiências a partir das obras desses dois artistas, este Caderno Educativo foi elaborado para que você some nossas propostas aos seus conhecimentos e faça relações com o que já sabe, para que tudo se torne muito mais interessante. Neste caderno, você vai encontrar informações sobre os artistas e suas linguagens, sugestões de fontes de pesquisa, glossário de palavras-chave, pensamentos de outras pessoas, conhecimentos de História da Arte, questões para pensar e atividades para fazer sozinho ou com outras pessoas. Você pode criar associações e usar este caderno do jeito que achar mais apropriado aos seus interesses. Nas últimas páginas deste caderno, você vai encontrar o jogo Que história é essa?. Você pode destacar as cartas e jogar quantas vezes quiser. Esse jogo não tem regras préestabelecidas. A idéia é que você crie suas próprias regras e imagine histórias e atividades sugeridas a partir das reproduções das obras dos artistas. Conhecer o trabalho de Samico e Derlon poderá possibilitar um melhor entendimento da arte como cultura e como veículo para a construção de nossas identidades culturais e do nosso desenvolvimento como indivíduos mais conscientes do mundo em que vivemos. Bom proveito!


Conheça o Salão de Artes Plásticas de Pernambuco

Apresentando a exposição Esta é a primeira exposição da edição 2008/2009 do 47º Salão de Artes Plásticas de Pernambuco. Nela estão reunidas obras do gravador Gilvan Samico e do grafiteiro Derlon Almeida. A curadoria desta exposição traz a proposta de observar a presença da xilogravura popular nas obras desses dois artistas pernambucanos, destacando as aproximações que se formam nesses trabalhos, produzidos em diferentes épocas e diferentes suportes.

O Salão de Artes Plásticas de Pernambuco ocupa lugar de destaque no cenário dos salões de arte nacionais, sendo um dos mais antigos do País. Foi criado em 1942 e, através de prêmios aquisitivos, constituiu o importante acervo do Museu do Estado de Pernambuco – Mepe, e do Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco – MAC-PE. Já passaram pelo Salão, artistas pernambucanos como Vicente do Rego Monteiro, Francisco Brennand, Gilvan Samico, João Câmara e Paulo Bruscky. O Salão de Artes Plásticas de Pernambuco chega à sua 47ª edição e apresenta como diferencial a premiação de bolsas de pesquisa que, em vez de premiar obras prontas, seleciona projetos que serão patrocinados pela Instituição, com o intuito de incentivar as áreas de pesquisa, de formação, de difusão, etc. Em paralelo com os projetos selecionados, outras ações irão acontecer durante a 47ª edição do Salão, tais como exposições de artistas locais e nacionais e ciclos de palestras e oficinas. Os salões de arte tiveram sua origem na França, no século XVIII. Nessa época, não existiam exposições individuais, e os salões assumiram a função de mostrar as criações artísticas. Os salões de arte possibilitam a aproximação entre público, arte e artistas, permitindo um aperfeiçoamento estético, pois consentem que o público analise obras e artistas, bem como os critérios de seleção e de premiação. No Brasil, o primeiro salão surgiu no século XIX e, em Pernambuco, somente no século XX. para saber mais

http://www.jornal.ufrj.br/jornais/ jornal13/jornalUFRJ1321.pdf

Em 2008/2009, o 47º Salão de Artes Plásticas de Pernambuco, que nesta edição homenageia o pintor Jairo Arcoverde, pretende gerar um sistema dinâmico de incentivo à arte atual, dialogando com a história das artes visuais pernambucanas, articulando tanto os artistas locais como os nacionais, com o intuito de renovar e solidificar o cenário artístico de Pernambuco, que é um dos mais ricos e que mais cresce no Brasil.

Curador é o profissional capacitado responsável pela concepção, montagem e supervisão de uma exposição de arte. A curadoria é também um processo de criação, assim como a obra de arte. Existem curadores de caráter público ou privado, que podem atuar em galerias de arte, museus e fundações. Xilogravura, do grego: xylon – madeira; graphein – escrever. Suporte, segundo Aurélio Buarque de Holanda, é o que suporta algo ou aquilo em que algo se firma ou se assenta. Em arte, é a superfície ou o material no qual o artista cria sua obra. O cordel é assim chamado pela forma como são vendidos os folhetos, dependurados em barbantes (cordão), em feiras, mercados, praças e bancas de jornal, principalmente das cidades do interior e nos subúrbios das grandes cidades. para saber mais

www.fundaj.gov.pe

Gilvan Samico é conhecido por sua produção artística de gravuras em madeira. Na década de 1960, Samico passou a criar obras inspiradas na tradição da gravura nordestina, com influência da xilogravura que ilustra a literatura de cordel, caracterizada pelo traço simples — impresso em preto-e-branco ou poucas cores — e por temáticas do cotidiano e do imaginário da cultura local. Desse período da produção do artista, foram selecionadas trinta obras para compor esta exposição. A xilogravura popular nordestina também serve de inspiração a Derlon, que, desde 2004, cria pelos muros do Recife — e também em cidades como Garanhuns (PE) e Marselha (FR) — variados grafites em que se percebe a influência dessa tradição. Derlon desenvolve um desenho com contornos firmes e economia nas cores, diferente do traço esfumaçado e da abundância de cores que caracterizam o grafite urbano, sugerindo temáticas que contam histórias que são referências da cultura nordestina. Ao destacar a presença da xilogravura popular nas obras desses dois artistas, esta exposição também faz uma homenagem à contribuição da gravura popular à arte e à literatura brasileira.


O Movimento Armorial surgiu da inspiração de Ariano Suassuna e tem como objetivo valorizar a cultura popular do Nordeste brasileiro, com interesse em pintura, música, literatura, cerâmica, dança, escultura, tapeçaria, arquitetura, teatro, gravura e cinema. para saber mais

www.fundaj.gov.br/docs/pe/ pe0069.htm

Intervenção urbana são interferências artísticas realizadas fora dos espaços tradicionalmente dedicados a elas: os museus e as galerias. É acessível e modifica a paisagem de modo permanente ou temporário. Arte popular é a manifestação espontânea da arte feita pelo povo, por exemplo: objetos de cerâmica ou de tecelagem, manifestações feitas na rua, ditos populares ou ainda histórias contadas e inventadas em rodas de conversa e passadas pelas pessoas através dos tempos. para saber mais

http://www.edukbr.com.br/ artemanhas/artespopulares.asp

Arte contemporânea é a produção artística que busca se desligar por completo do academicismo, defende uma maior liberdade criativa e utiliza novos conceitos de suporte e material.

CONHEÇA SAMICO

VOCÊ SABE O QUE É GRAVURA?

Gilvan Samico nasceu em 1928, no Recife, Pernambuco. É um grande nome da xilogravura do Brasil. Gravador, pintor e desenhista, participou da fundação do Atelier Coletivo da Sociedade de Arte Moderna do Recife – SAMR, estudou gravura com Livio Abramo, no Museu de Arte Moderna de São Paulo – MAM-SP, e com Oswald Goeldi, no Rio de Janeiro. Foi convidado por Ariano Suassuna a integrar o Movimento Armorial, voltado à cultura popular nordestina, à literatura de cordel e à utilização criativa da xilogravura. Sua gravura é povoada de personagens provenientes do imaginário, das lendas e das narrativas locais, assim como por animais fantásticos e míticos, e tem como característica o rigor técnico na sua execução.

O termo gravura é utilizado para vários processos nos quais um desenho é talhado numa placa (madeira, metal, isopor, pedra) e, em seguida, aplicado numa base. A gravura permite a multiplicação de tiragens e a divulgação de idéias. Dependendo da superfície em que é feita, a gravura recebe várias denominações. MONOTIPIA  É uma técnica de impressão em que obtemos uma única reprodução. A tinta é aplicada sobre uma superfície ­— pedaço de vidro, metal, fórmica, azulejo ou outro ­—, depois é feito o desenho sobre a tinta com um instrumento pontiagudo e, antes de a tinta secar, é comprimida uma folha de papel sobre a superfície para imprimir o desenho. XILOGRAVURA  É a gravura feita numa matriz de madeira. Nessa base, são feitos sulcos com instrumentos pontiagudos, como goiva, faca ou estilete. Depois do desenho pronto, essa base é entintada com um rolo de impressão, e, logo após, uma folha de papel é comprimida manualmente ou por uma prensa para a retirada da imagem. Essa técnica permite múltiplas impressões.

A identificação, hoje, da minha fonte é muito mais difícil do que antes.

Nos anos 1960, eu fazia coisas em cima do cordel, usava os personagens,

pinçava elementos do cordel para fazer uma composição minha. Sempre fiz questão de não querer que a minha gravura parecesse que era uma

ampliação da gravura popular. Eu não achava sentido nisso. Eu não sou

CALCOGRAVURA (ou gravura em metal)  É a gravura feita numa matriz de metal, geralmente o cobre. Pode também ser feita em alumínio, aço, ferro ou latão amarelo. As ferramentas mais comuns usadas para gravar uma imagem na matriz são a ponta-seca e o buril.

popular. Não sou erudito, mas também não sou popular.

Samico

CONHEÇA DERLON Derlon Almeida nasceu em 1985, no Recife, Pernambuco. É estudante de Ciências Sociais na Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, e artista plástico que trabalha com técnicas relacionadas à intervenção urbana. Desenvolve grafites a partir de pesquisas e estudos sobre a xilogravura, com poucas cores, a maioria em preto-e-branco, sugerindo uma fusão da arte popular com a arte contemporânea. Sua produção artística é influenciada pelo cotidiano e pela cultura popular do Recife. Seu trabalho é distribuído nas ruas ocupando espaços em desuso e tem facilidade de comunicação ao público. Um dos primeiros gravuristas que eu conheci foi o Samico. Fiquei fascinado pela obra dele. A obra dele é fantástica, é uma obra que não tem igual.

Acredito que foi muito bom também para o Samico travar contato com o grafite, uma forma de arte de que ele não tinha muito conhecimento.

Derlon

Tiragem é o número de exemplares que serão impressos de um determinado produto. Impressão é a técnica de reprodução de textos e imagens utilizando-se uma matriz que pode ser de diferentes materiais. Buril é um instrumento de aço com uma ponta cortante em forma de V. para saber mais

HADDAD, Denise Akel e MORBIN, Dulce Gonçalves. A arte de fazer arte. 7ª série. São Paulo: Saraiva, 2004. P. 43-48. História da gravura: www. gravura.art.br/expo_abramo. htm http://www.casadacultura.org/ arte/Artigos_o_que_e_arte_ definicoes/gr01/oqueeh_giclee_ sm_barreto.html – escrito por Sônia Menna Barreto. Tipos de gravura: http://www6. ufrgs.br/acervoartes/modules/ smartfaq/faq.php?faqid=67

LITOGRAVURA  Nessa gravura, a matriz é uma pedra calcária que possui a propriedade de reter a água e absorver a gordura. O processo de gravação é químico e se utiliza do princípio de que água e gordura se repelem. Não se cria relevo na pedra, por isso a impressão litográfica é também conhecida como planográfica. SERIGRAFIA  Processo de impressão em que a imagem é gravada numa tela de nylon (com produtos químicos e por meio da luz). Essa tela possui uma trama muito fina e é presa a um bastidor. A tinta a atravessa, depositandose na superfície colocada sob a tela. FROTAGEM (frottage)  Técnica de impressão em que a imagem é obtida colocando-se um papel sobre uma superfície áspera ou rugosa e pressionando-se o papel com um lápis macio ou um lápis de cera. A gravura é um meio de expressão de grande força. Ainda que se imprimisse apenas uma prova de cada cobre, mesmo assim eu continuaria fiel a esse meio de expressão.

Pablo Picasso


LINHA DO TEMPO DA XILOGRAVURA IDADE ANTIGA

Conhecida dos egípcios, indianos e persas, que a usavam para a estampagem de tecidos, a xilogravura, mais tarde, foi utilizada como carimbo sobre folhas de papel para a impressão de orações budistas na China e no Japão. Era empregada nas cartas de baralho e em imagens sacras. Pranchas de madeira eram gravadas com texto e imagem para a impressão de livros. Com os tipos móveis de Gutenberg, as xilogravuras passaram a ser utilizadas somente para as ilustrações.

idade média

idade moderna

século xix

A descoberta das técnicas de gravura em metal levou a xilogravura ao plano editorial, mas ela nunca desapareceu completamente como arte.

Aparecem os primeiros folhetos de cordel impressos. Em 1808, a xilogravura chega ao Brasil com a mudança da família real portuguesa para o Rio de Janeiro. No final desse período, para tornar os livretos mais atraentes, os editores decoravam as capas usando clichês de metal (são como carimbos), que começavam a substituir os de madeira.

século xx

A xilogravura como ilustração, feita sob encomenda para determinado título, nasce da necessidade de substituir os clichês de metal já gastos. Mas a xilogravura popular nordestina ganhou fama pela qualidade e originalidade de seus artistas. Hoje em dia, muitos gravadores nordestinos vendem suas gravuras soltas, além de continuarem a produzir ilustrações para as capas dos cordéis.

Arte urbana é o termo utilizado para indicar os movimentos artísticos relacionados às intervenções visuais nas cidades e em seus espaços públicos. Hip-hop é um movimento social surgido nos Estados Unidos nos anos 1970: hop – saltar; hip – movimentos dos quadris. Pichação é o ato ou efeito de pichar; escrever em muros e paredes; aplicar piche em; sujar com piche; falar mal. Vandalismo, segundo Aurélio Buarque de Holanda, é a ação própria de um vândalo — todo aquele que é destruidor de monumentos; quem nada respeita. Patrimônio é o conjunto de bens naturais, históricos ou artísticos com relevante valor local, regional, nacional ou internacional e que, por essa razão, merece proteção. para saber mais

GITAHY, Celso. O que é grafite. São Paulo: Brasiliense, 1999. p. 20. Grafite. http://www.brasilescola. com/artes/grafite.htm Grafite: vandalismo ou manifestação artística? http:// br.geocities.com/grafiteiros2003/ arte_pichacao.htm Agora é lei: grafite não pode ser considerado crime. http://www. favelaeissoai.com.br

para pesquisar... O Muralismo Mexicano foi um movimento artístico importante para a arte mundial do século XX. Jean-Michel Basquiat (1960– 1988) foi um artista americano que ganhou popularidade primeiro como grafiteiro. Alex Vallauri (1949–1987) foi o primeiro artista do grafite no Brasil.

para saber mais

http://www.teatrodecordel. com.br/xilogravura.htm.

Osgemeos são uma dupla de irmãos gêmeos grafiteiros de São Paulo, autores de importantes trabalhos em várias paredes do mundo.

VOCÊ SABE O QUE É GRAFITE? O termo grafite vem do italiano graffiti, que quer dizer “marca ou inscrição feita em um muro”. A arte do grafite é uma modalidade da arte urbana. A definição mais popular diz que o grafite é um tipo de inscrição feito em paredes desde o Império Romano. Seu aparecimento na Idade Contemporânea se deu na década de 1970, em Nova York, nos Estados Unidos. Alguns jovens começaram a deixar suas marcas nas paredes da cidade; algum tempo depois, essas marcas evoluíram com técnicas e desenhos. O grafite está ligado a vários movimentos, em especial ao hip-hop, como forma de expressar idéias e opiniões, refletindo a realidade das ruas. Essa arte foi introduzida no Brasil no final da década de 1970, em São Paulo. Os brasileiros começaram a incrementá-la com um estilo próprio. O grafite brasileiro é reconhecido entre os melhores de todo o mundo. Muitas polêmicas giram em torno desse movimento artístico, pois, de um lado, o grafite é desempenhado com qualidade artística, e, do outro, não passa de pichação. A pichação é caracterizada pelo ato de escrever em locais proibidos, sendo considerada um ato de vandalismo quando depreda o patrimônio público. GRAFITE, ISSO É LEGAL?  No Brasil, o grafite não é crime. A Lei Federal n°176 garante a legalização do grafite, desde que a prática tenha o objetivo de valorizar o patrimônio público e privado, mediante manifestação artística, com consentimento dos proprietários dos imóveis utilizados como base para ação. A lei diferencia o grafite da pichação, que continua sendo considerada ilegal. Talvez, um dia, todo centro urbano, apesar de caótico, possa se tornar uma grande galeria a céu aberto.

Celso Gitahy (1968)  Artista Plástico

Decidi voltar ao desenho, que mudou pouco desde a pré-história e ainda guarda a mesma origem.

Keith Haring (1958–1990)  expoente do grafite nova-iorquino


Narrativa é uma história. Uma narrativa pode aparecer em forma de conto, novela ou romance. Para que haja narrativa, é necessário que haja também um contador de história e uma história. O contador da história é o narrador. A narrativa apresenta: a) Uma seqüência de fatos (enredo). b) Personagens (que vivenciam os fatos). c) O lugar onde os fatos ocorrem (espaço ou cenário). para saber mais

www.algosobre.com.br/ redacao/narrativa.html www.brasilescola.com/redacao/ tipos-discurso-narrativa.htm SILVA, Maria Betty Coelho. Contar histórias: uma arte sem idade. São Paulo: Ática, 1986. TAHAN, Malba. A arte de ler e de contar histórias. Rio de Janeiro: Conquista, 1957. http://br.geocities.com/ contadores_ufrgs/page02.htm

A literatura de cordel é uma poesia folclórica e popular com raízes no Nordeste do Brasil. Consiste, basicamente, em longos poemas narrativos, chamados romances ou histórias, impressos em folhetins ou panfletos, que falam de amores, sofrimentos ou aventuras, num discurso heróico de ficção. O cordel tem características tanto populares quanto folclóricas, ou seja, é um meio impresso, com autoria designada, consumido por um número expressivo de leitores numa área geográfica ampla, enquanto exibe métricas, temas e performance da tradição oral. Pelejar, segundo Aurélio Buarque de Holanda, é o mesmo que batalhar, combater; sustentar uma discussão. Na literatura de cordel, peleja é um duelo poético, um desafio.

Era uma vez... Há muitos e muitos anos, contar histórias faz parte do mundo em que vivemos. As histórias estão presentes em um quadro, nas novelas de televisão, nas histórias em quadrinhos, numa fotografia, na letra de uma música, nas páginas de um livro, etc. As histórias recriam uma realidade e contam fatos que ficam registrados para o futuro. Contar histórias é narrar. Narrar é reinventar o mundo, é recriar a vida. Todos nós somos capazes de inventar histórias, de criar narrativas. O principal objetivo de contar uma história é estimular a imaginação. Além disso, criar e contar histórias pode atingir outros objetivos, como: educar, instruir, desenvolver a inteligência ou ser um dos instrumentos para ensinar algum conteúdo. Todos temos, dentro de nós, um contador de histórias. A escolha da história funciona como uma chave mágica e tem importância decisiva no processo narrativo. A peleja entr e Samico e Der lon

A xilogravura de Samico e o grafite de Derlon estabelecem um diálogo claro, principalmente porque apresentam, em suas obras, o universo comum da literatura e das gravuras populares. Essa comunicação acontece pelo estilo fantasioso e poético de suas criações. As narrativas de Samico e Derlon se referem a histórias sem tempo nem lugar. Quando esses artistas desenham cenas fantasiosas — inspiradas nos clássicos do cordel, em leituras bíblicas, lendas, mitos, romances, folhetins, contos de fadas e de aventuras —, conduzem-nos a um mundo de idéias e imaginações sem fim. Nas próximas páginas, você irá encontrar reproduções das obras desses dois artistas. Nossa proposta é que você as utilize para criar uma peleja, ou seja, imagine histórias, faça desenhos, músicas, peças de teatro, histórias em quadrinhos, novelas, etc. Enfim, que essa peleja gere boas idéias e que você utilize essas imagens como a sua imaginação achar mais interessante!



PROPOSTAS DE ATIVIDADES ARTÍSTICAS 1. Gravu ra-su r pr esa

Com esta atividade, você vai poder criar imagens únicas, que não se repetem! São as monotipias, que produzem uma gravura de cada vez: uma gravura-surpresa! Do que você vai precisar »» Uma base lisa, como, por exemplo: azulejo, bandejinha de isopor (reciclada), fórmica ou mesmo papel mais encorpado (tipo papelão ou cartão). »» Tinta guache (várias cores). »» Pincel (vários tamanhos). »» Folhas de papel (sulfite, madeira, jornal, etc.). Como fazer »» Você pode escolher uma das obras de Samico ou Derlon e usar como inspiração para a pintura. »» Comece fazendo a pintura sobre uma base lisa, utilizando quantas cores quiser. »» F eita a pintura, coloque, sobre ela, um papel (sulfite, madeira, jornal, etc.) e faça uma leve pressão com a mão no verso do papel. »» Retire o papel com cuidado e veja se a pintura da base passou para o papel. A impressão não é perfeita, mas isso pode ser bem interessante. Observe que a pintura sairá invertida. »» Depois de tirar a primeira cópia, a base lisa ficará com uma leve marca da pintura original. Você pode limpar para começar uma nova gravura-surpresa ou então aproveitar o que já está na base e acrescentar mais tinta para uma nova impressão.


2. Coleção de textu ras

3. Car imbar, car imbar, car imbar ...

Nas obras de Samico e Derlon, encontramos um universo variado de texturas. Elas são características das gravuras populares. Que tal você começar a colecionar texturas? Através da frotagem, você pode criar uma coleção de texturas interessantes e passar a observar o mundo ao seu redor de uma forma diferente: com as mãos!

O carimbo também é uma técnica de impressão. Assim como a gravura, a repetição é uma particularidade que pode ser experimentada com o carimbo. Você pode criar muitos carimbos diferentes e começar a carimbar, carimbar, carimbar...

Do que você vai precisar

»» Diversos materiais macios e fáceis de entalhar, tais como: legumes (batata, cenoura, chuchu, etc.), rolha de cortiça, isopor, borracha EVA, madeira.

»» Superfícies ásperas ou rugosas, tais como: folhas, flores, sementes, galhinhos, lixa, moeda, toalha de renda, etc. Pode pesquisar à vontade! »» Folhas de papel (sulfite, madeira, jornal, etc.). »» Lápis macio ou lápis de cera. Como fazer »» Faça sua pesquisa de superfícies com texturas variadas. »» Depois disso, ponha a folha de papel sobre as superfícies recolhidas (folha, flores, lixas, tecidos, etc.), pressionando o papel com um lápis macio ou com um lápis de cera. »» Procure uma maneira de identificar as texturas da sua coleção: crie nomes, faça anotações, escreva suas idéias e sensações. »» Você pode também criar um arquivo para sua coleção de texturas com pastas de papelão, caixas recicladas, etc.

Do que você vai precisar

»» Objeto pontiagudo para entalhar: tesoura, prego, etc. (Atenção: cuidado no manuseio de objetos pontiagudos! Faça a atividade sob a orientação de um adulto.) »» Tinta guache (várias cores). »» Folhas de papel (sulfite, madeira, jornal, etc.). Como fazer »» Você pode observar as obras de Samico ou Derlon e criar um símbolo a partir delas ou mesmo reproduzir algum elemento que se repete nas obras dos artistas. »» Entalhe o desenho no material que você escolheu para o carimbo. Pode ser em alto ou baixo-relevo. Experimente os materiais livremente, procurando perceber suas características. »» Depois de entalhar o desenho, você deve entintá-lo com tinta guache. »» Agora é só carimbar no papel! »» Você poderá carimbar várias vezes sem ter que entintar novamente o carimbo. Com isso, poderá conseguir tons diferentes na impressão. »» Você pode também compor um trabalho usando diferentes carimbos, cores variadas, repetindo formas, etc.


4. Impr imi n do uma idéia

5. Se essa rua fosse mi n ha...

Estêncil (do inglês stencil) é um tipo de arte urbana. Diferente do grafite, que é criado com traços à mão livre, o estêncil é feito a partir de moldes vazados e spray de tinta. É um desenho ou uma ilustração que representa um símbolo, uma forma, um texto ou uma imagem, que possa ser delineado por corte ou perfuração em papel (ou em outros materiais), sendo usado para imprimir sobre um sem-fim de superfícies, do cimento ao tecido de uma roupa. Muitas vezes, o estêncil é criado com a intenção de passar alguma mensagem. Então, que tal criar seu estêncil e imprimir sua idéia?

Derlon produz grafites em muros e paredes de diversos lugares no Recife e em Olinda. Suas obras procuram dialogar com o ambiente e interagir com seu entorno. O artista observa o lugar e cria seus desenhos como um meio de se comunicar com as pessoas. Para ele, ao interferir no ambiente, coloca a obra ao alcance de quem passa e presta atenção.

Do que você vai precisar »» Papel-cartão, papel paraná ou lâmina de radiografia velha. »» Tinta guache (várias cores). »» Folhas de papel (sulfite, madeira, jornal, etc.). »» Esponja (de tomar banho ou lavar louça). »» Tesoura ou estilete. (Atenção: cuidado no manuseio de objetos cortantes! Faça a atividade sob a orientação de um adulto.) Como fazer »» Crie um símbolo, uma forma, uma palavra ou mesmo uma frase a partir das obras de Samico ou Derlon e desenhe sobre o suporte escolhido (papel-cartão, papel paraná ou radiografias). »» Recorte o desenho seguindo seu contorno para fazer o molde vazado. »» Aplique o molde vazado sobre as folhas de papel utilizando a esponja e a tinta guache. »» Crie composições com seu estêncil e imprima sua idéia!

Então, que tal se inspirar nos lugares onde o artista produziu suas obras e criar seu próprio grafite?


6. Mapean do o grafite na mi n ha cidade

A arte do grafite é uma forma de manifestação artística em espaços públicos. Alguns grafiteiros deixam suas obras em paredes e muros da cidade. Que tal mapear o grafite na sua cidade? Do que você vai precisar »» Máquina fotográfica ou papel e lápis para desenhar. »» Mapa da sua cidade. »» Papel (sulfite ou cartão). »» Cola ou fita adesiva. Como fazer »» Escolha uma região (bairro, rua, etc.) da sua cidade e comece a identificar os exemplos de grafite que existem por lá. »» Registre esses grafites através de fotografia ou desenho de observação. »» Construa um mapa da sua cidade ou da região escolhida. Você pode construí-lo a partir de mapas de catálogos telefônicos, de livros, de internet, etc.

Isto me lembra...

Pra quem canta o galo?

samico O pecado Xilogravura, 1964

samico O galo de ouro Xilogravura, 1965

Neste jardim...

Conte esta história

samico A louca do jardim Xilogravura, 1963

samico Alexandrino e o pássaro de fogo Xilogravura, 1962

»» Imprima suas fotos ou selecione seus desenhos dos grafites. »» Aplique esses registros num suporte rígido e acrescente as informações que achar interessantes (onde está o grafite, nome da rua, quem fez o grafite, etc.). »» Localize, no mapa, os grafites identificados. »» Pronto! Está feito o mapeamento do grafite na sua cidade. »» A partir desse mapeamento, crie reflexões e discussões sobre temas relacionados com a arte pública, o grafite, o patrimônio, etc. »» Você pode também convidar outras pessoas para conhecer o roteiro do grafite na sua cidade. Sugestão de apresentação para o suporte:

Fotografia ou desenho


Pra onde foi o Sol?

Conte esta história

samico O rapto do Sol Xilogravura, 1960

samico Comedor de folhas Xilogravura, 1962

Que bicho é este?

Que conversa é esta?

DERLON Pássaro toca-fitas Lambe-lambe, 2008

DERLON Homenagem a Kboco Grafite, 2008


Real ou imaginário?

Que mistério é este?

DERLON Sereia Grafite, 2008

DERLON Sem título Grafite, 2008

Desenhe esta história

Encene esta história

DERLON Damas Lambe-lambe, 2008

DERLON Sem título Grafite, 2008


Governador de pernambuco

Planejamento de comunicação

Vice-governador de pernambuco

revisão de texto

Secretário Estadual de Educação

Produção

Eduardo Campos João Lyra Neto Danilo Cabral

Secretário Especial de Cultura

Ariano Suassuna

Presidente da fundação do patrimônio histórico e artístico de pernambuco – Fundarpe

Luciana Azevedo

Diretor de Políticas Culturais

Carlos Carvalho

Diretor de difusão Cultural

Adelmo Aragão

Coordenador de Artes Plásticas, Gráficas e Literatura

Félix Farfan

Coordenadora do 47º Salão de Artes Plásticas

Luciana Padilha

Diretora do Museu do Estado de Pernambuco – Mepe

Margot Monteiro

assessor de comunicação

Rodrigo Coutinho

Dani Acioli (A Ponte) Consultexto

Bebel Kastrup Janaisa Cardoso Gustavo Neves Juliana Notari Produção executiva

Cláudia Moraes (Página 21) Educativo Coordenação

Lúcia Cardoso Educador do Núcleo de Formação

André Aquino

Educadora do Núcleo de Mediação

Niedja Santos

Assessor das Ações de Mediação

Kléber Pedrosa Montagem

Estevão Mendes Ednaldo Santos Ivan Amorim Otoniel Seu Ferreira Sinalização

Curadoria

Adriana Dória Matos Coordenação executiva

Rosa Melo Editorial

Adriana Dória Matos Marco Polo Guimarães Design gráfico

Imprimer Ultrasign

Obras de Gilvan Samico

Acervo do Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães – Mamam Sociedade de Amigos do Museu do Estado Presidente

Maria Digna Cavalcanti Pessoa de Queiroz

Luciana Calheiros e Aurélio Velho (Zoludesign) Paula Valadares

Vice-presidente

Design de montagem

Ana Lígia Santos, André Eduardo, Catiane Cristine, Diomedes Neto, Érika Bandeira, Luiz Paulo Ferraz, Mariana Matias, Mariana Andrade, Patrícia Melo, Raíssa Oliveira

Moa Lago Leila Figueiredo

Design gráfico do painel Peleja entre Gilvan Samico e Derlon Almeida

Greg

Fotografia

Paulo Melo Júnior Breno Laprovítera (reprodução das obras de Samico) videodocumentarista

Leo Crivellare

Marta Maria de Brito Alves Ferreira Mediadores


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