Grifo 06

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Nº 6

MAR

A volta por cima!

2021 J C OA R R N T A U L N I D S O T S A S

D A G R A F A R

Entrevista com Otto Guerra

por Rodrigo Schuster Página 19

Tarso, metatraço Página 5

Baratinados em Brasília Página 26

A Bic arteira de Juska Página 28


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Sem medo de escolher um lado uma reunião dos líderes das nações mais ricas do mundo. Sem medo de ser feliz, lembrou dos governos populares brasileiros do século 21, da primeira candidatura, das greves operárias, de seu sindicato, de sua mãe, e acenou a possibilidade de conversas até com adversários políticos na busca de ações: “Esse povo não está precisando de armas. Esse povo está precisando de emprego, de carteira profissional, de salários, de livros, de educação. O Estado precisa estar presente na periferia desse país. O Estado tem que estar lá com educação, com cultura, com saúde, com política de assistência social. É esse o papel de um presidente da República”. Bolsonaro reagiu ameaçando Lei da Segurança Nacional, estado de sítio, deboches a pacientes e desaforos. A Globo ainda acha que Moro é sua solução. O Grifo sabe do lado de quem está. Está com familiares das vítimas da incompetência na administração da saúde, na economia e no meio ambiente. Está com a ideia de reconstrução democrática e solidária do Brasil. O Grifo não está apenas com um indivíduo: Lula. Está com uma história política comum a milhões de brasileiros e bresileiras.

-SUMÁRIO2------EDITORIAL 3-------operação lava_alma 8----fez-se_news 9---pandeconomia 13-terraplanismo mental 14----diabo_rosa 15------regional 17--antirracismo 18------quer_que desenhe? 19-----papo_reto 22-----de_mestre 23---texto&traço 24-----entrevero 26---última_hora 28-----drásticas

EX PE DI EN TE

Outro Grifo de Lu Vieira grafar.hq@gmail.com

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Grifo está com Lula. “Esse país está totalmente desordenado e desagregado porque não tem governo nenhum. Eu vou repetir: esse país não tem governo”. No lugar certo, sindicato dos metalúrgicos do ABC, na data certa, 10 março, depois das sentenças de minisitros do STF que esmigalharam Sérgio Moro, de alma lavada, Lula falou por duas horas sobre o país, o mundo e sacudiu o jogo político brasileiro. Bolsonaro percebeu que não correria de rebenque erguido o páreo de 2022. Isso que Lula nem falou em eleição. Preferiu tratar de 2021. Eram mais 280 mil mortos pela Covid-19 naquela data e menos de nove milhões vacinados. Duas semanas depois, chegamos a mais de 3 mil mortes diárias. O mundo teme que a mescla brasileira entre contaminação acelarada e vacinação lenta gere novas variantes resistentes a imunizações.Países fecham fronteiras a viagens vindas do Brasil. Enquanto governo e empresas de comunicação rodopiam atônitos em busca de reação, que virá, sabemos, Lula conversa com líderes internacionais sobre a necessidade da vacina ser bem público - não privado - de haver

editorial

O Jornal Grifo é publicação de cartunistas da Grafar (Grafistas Associados do Rio Grande do Sul) Editor: Marco Antonio Schuster Editores adjuntos: Celso Augusto Schröder e Paulo de Tarso Riccordi Capa: Santiago Diagramação: Hals e Bruno Cruz Colaboradores: Bier, Bira Dantas, Bruno Cruz, Bruno Ortiz, Carlos Roberto Winckler, Celso Vicenzi, Demétrio Xavier, Doro, Duke, Edu, Edgar Vasques, Eugênio Neves, Felipe Coelho, Janete Chargista, Juska, Lu Vieira, Mendonça, Moa, Moisés Mendes, Nilson Lage, Paulo de Tarso Riccordi, Rekern, Rodrigo Schuster, Santiago, Schröder.


operação lava alma

Pato com laranja

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ma das iguarias da culinária é o pato com laranja. Inclusive patos amarelos. Todas receitas recomendam depenar e tirar as vísceras do pato. Cozinhar em fogo brando. Existe a opção do marreco. É um pouco diferente, leva mais tempo para assar, mas igualmente precisa ser depenado. Apreciadores garantem que é muito melhor. Pelo que se assiste pubicamente nesses dias, o depenamento deve ser metódico e permanente. Às vezes, surpreende: descobriu-se que marrecos podem “piá” durante o processo. Porém, alguns chefs estão reclamando da escassez de laranjas de uns tempos para cá. Não se sabe se é boicote de fornecedores, se elas estão apenas escondidas à disposição de poucos ou se é a sazonalidade. Nada que não assuste assadores em geral. Mesmo sem laranja, produzem grandes receitas. Dizem que se pode aproveitar até os miúdos do marreco, bem cortados e temperados.

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Moro, um marreco na panela

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país, envolvendo a Petrobrás, grandes

seu prestígio na expectativa de ser in-

sua prisão, a campanha da antipolítica pela mídia tradicional abriram espaço para a vitória de Bolsonaro. Os efeitos da Operação Lava Jato não foram apenas políticos, os danos econômicos foram, segundo o Dieese, o desemprego de 4,4 milhões de trabalhadores, a desmontagem gradativa da Petrobrás, a quase falência das empreiteiras, R$172,2 bilhões deixaram de ser investidos entre 2014 e 2017. O que não impediu, ao contrário, que Moro fosse festejado nos salões burgueses.Venceu o prêmio “Faz a Diferença” da Rede Globo como personalidade do ano de 2014, foi escolhido uma das personalidades mais influentes do mundo pela revista Times em 2016, recebido em fóruns empresariais, ovacionado em shows musicais. Aceitou ser ministro de Bolsonaro – aqui começa seu declínio – em uma aliança de conveniências. Emprestava

Bolsonaro o boicotou. Moro deixou o ministério em abril de 2020, já desmoralizado pela divulgação de gravações do aplicativo Telegram, pelo Intercept e que mostrava claramente seu conluio com procuradores na prática de atos ilicitos que facilitassem a condenação de Lula. Materiais colhidos pela Operação Goofing, periciados e liberados pelo Supremo apenas reforçaram o já divulgado. Indícios de relação espúria com o Departamento de Justiça dos EUA vieram à tona. A decisão de Fachin em anular as sentenças condenatórias de Lula, por incompetência de foro e a votação em suspenso de sua suspeição por turma do STF o fragilizaram ainda mais. Trabalhar em escritório estadunidense de recuperação judicial de empresas, entre as quais aquelas que quase destruiu, está de acordo com sua estatura.

Carlos Roberto Winckler empreiteiras e o sistema partidário? A dicado como ministro do STF. Temeé sociólogo condenação em segunda instância e roso de que Moro lhe fizesse sombra,

Operação Lava Jato completou sete anos em 17 de março. O julgamento estava centralizado na 13ª Vara da Justiça Federal do Paraná, sob responsabilidade do juiz Sérgio Moro. Teoricamente deveria haver uma divisão das tarefas legais entre juiz, procuradores e polícia federal. Em Moro, fundiram-se todas as as figuras, cabendo aos procuradores um papel coadjuvante. Tudo começou como investigação de lavagem de dinheiro, envolvendo lavanderias, postos de gasolina e doleiros. Culminou em uma armação jurídica, que criminalizou o ex-presidente Lula, impedindo-o de ser candidato em 2018. A antessala foi o impeachment de Dilma. Quem não se recorda do powerpoint do procurador Dallagnol, coordenador da Operação, onde Lula aparece como o maior responsável pela corrupção no


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operação lava alma

Bichos escrotos saíram dos esgotos


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Núcleo Base Bruno Cruz

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eu velho pai é militar da reserva, mas não é idiota. Sempre que penso nele, me lembro da música “Núcleo Base” do IRA. Vou explicar. É que ele não vo-

tou em Bolsonaro e sempre foi crítico da ideologia que guia o chamado “vibrador”. Este último é aquele tipo que carrega no peito lemas como “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”. Só que esse tipo de milico sempre cria um “Deus” à sua imagem e semelhança. Se é que você me entende. Não raras vezes, ouvi o velho narrar histórias suspeitas sobre filhos de oficiais de alta patente que eram donos de empresas que prestavam serviços às Forças Armadas. E até de comandantes que levavam soldados para fazer “faxina” na própria casa.

07 Na fantasia verde e amarela do bolsominionismo, são esses caras que vão moralizar a nação. Outra história muito repetida no fim de festa dos churrascos da família era aquela de dois aprendizes que haviam acabado de ingressar na Marinha. O oficial pergunta o que eles faziam antes de atenderem ao chamado. O primeiro diz que era auxiliar de cozinha em um restaurante e o segundo que dirigia táxi. Então, o tenente coloca o motorista pra “pagar rancho” e o cozinheiro para dirigir caminhão. Acho que isso explica mais do que a admiração que tenho pelo meu pai.


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fez-se news

O pequi roído e a volta do pepino Moisés Mendes

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duardo entra agitado na sala. Bolsonaro estava postando um ataque a Felipe Neto. O filho fala quase gritando: – Estão te chamando até de bergamota azeda, papai. – Avisa o Sergio Moro, vamos entrar com processo. – Moro não é mais nosso – diz Dudu. Bolsonaro faz sinal de deixa pra lá e volta ao celular. – O ‘probrema’ é esse Felipe Neto. Me chamou de genocida. – Todo mundo te chama de genocida, papai. – Nunca me avisaram – diz Bolsonaro. – Eles chamam você de genocida, crápula, bandido, fascista, vagabundo, mafioso, miliciano. Bolsonaro se recosta na poltrona e diz que sua preocupação agora é Felipe Neto. – Vou responder pra esse sujeitinho. Genocida é com g ou com j? Eduardo faz tisc, tisc, levanta-se e alerta o pai. – Metade do Brasil te chama de genocida, esquece o Felipe Neto. – E a outra metade me chama de mito. Entram na sala Augusto Heleno, Ernesto Araujo, Paulo Guedes, Damares, Braga Neto, Carluxo e o alto comando das Forças Armadas. Todos querem falar ao mesmo tempo. – Te chamaram de melão azedo – diz Carluxo. – E de jaca bichada – completa Heleno.

– Estão radicalizando. Um sujeito do Tocantins disse que você não vale um pequi roído – informa Braga Neto. – É Lei de Segurança Nacional neles – grita Bolsonaro. Forma-se na sala um comitê de alto nível, do núcleo duro do governo, para avaliar a situação, chamada de ‘O ataque das frutas’. Paulo Guedes dá uma sugestão: – O nosso Eduardo Villas Bôas larga uma nota te defendendo, e a Polícia Federal salta no pescoço deles. Bolsonaro quer saber quais frutas eram usadas para atacá-lo. Ernesto Araujo diz que usam marmelo, goiaba, graviola, jambolão, banana caturra. – E alguns ainda dizem que você é adorador de torturadores. – Isso não me preocupa. O que me ofende agora é o pequi roído.

Decidem ali na sala, tomando suco de caju, que todo o aparato jurídico do governo seria mobilizado não mais contra Felipe Neto, mas contra o homem do pequi do Tocantins. Bolsonaro bate na mesa: – Tudo tem limite. Golpista, negacionista, fascista, genocida, tudo bem. Mas pequi roído é demais. Pequi é a mãe. Damares diz que o certo mesmo seria recorrer à Corte Internacional de Haia, mas Carluxo observou que lá eles não sabem o que é pequi. Se fosse rabanete roído, quem sabe, teoriza Ernesto Araujo, com ar compenetrado. Bolsonaro volta ao celular e, enquanto digita, pergunta: – E o Lula? – É o nosso pepino – diz Heleno. Bolsonaro arregala os olhos e encerra a reunião.

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pandeconomia

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Chegamos ao fundo do poço?

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Brasil encerrou março com 321. 886 mortos pela Covid-19 e útimo dia do mês (aquele que o governo comemora o golpe de 1964) com recorde de mortos num dia: 3.950. Uma semana antes,

a reação presidencial foi falar em rede nacional que 2021 seria o ano da vacina no Brasil. Coisa que deveria ter feito quase um ano antes. A Organização Mundial da Saúde diz que os números brasileiros, recordistas de mortes

diárias em março, são preocupantes e sugere que governos federal, estaduais e municipais tenham políticas conjuntas. Uma obviedade que só Bolsonaro e muitos dos governadores bolsonaristas não perceberam.


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pandeconomia

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pandeconomia


terraplanismo mental

“Enfia a máscara no rabo”

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rase do deputado Eduardo Bolsonaro, no mesmo dia em que seu pai anunciava compra de um punhado de vacinas usando máscara no rosto. No dia seguinte, quando apareceu atrás de uma mesa com globo terrestre, Bolsonaro não estava com máscara no rosto.

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diabo rosa

augusto bier

Palavras da Salvação Socialyte ressuscita no contêiner e reclama que tava deitada embaixo dum pedreiro. Isso é que é presidente: Lula botou o Bozo pra trabalhar! Que estranho! Comprei seis armas e o meu pinto continua do mesmo tamanho... Não gosto de fazer autocrítica de mim mesmo. Eu saí em busca do Nirvana, mas achei a Margot na esquina e fiquei. Se sexo oral dependesse de ortografia e gramática, a vida humana poderia desaparecer... A primeira condição pro cara rece-

ber a carteira de motorista é pagar todas as taxas direitinho. Se souber dirigir, melhor. Por que a posse de bombas atômicas não é considerada crime ambiental? “Haikai Balão” é uma cantiga junina muito cantada pelos japoneses... Aos 12 anos tomei um porre de graspa e me desintoxicaram com leite. Até hoje eu não suporto o gosto de leite. Lugar bom pra comer tortas é na ortopedia. Não entendo o pessimismo de pessoas cujos exames médicos dão positivo. Uma das funções da medicina é descobrir do que é que a gente vai morrer. O tempo passa, e sempre leva uma coisa roubada junto.

MAIS QUENTE QUE FIOFÓ DE GALINHA CHOCA... QUADRI NHA TO RTA

Chove pe dra toda h ora Nunca vi c oisa de an , Já num ch sin. ega as qu e e u c Pulando drento do arrego s rim?


regional

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Não tem nenhuma graça Jamais poderemos dizer “um dia vamos rir disso tudo” Paulo de Tarso Riccordi

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té domingo 22/03, morreram por Covid mais de 2,7 milhões de humanos. O Brasil é o segundo com maior número de contaminados. Mas é aqui onde se morre mais. Nesse domingo, aqui morreram 2.438. Nos Estados Unidos, 773. Índia, 197. Rússia, 386. Reino Unido, 96. Seremos 300 mil a menos antes do final de março. Na semana anterior o governador gaúcho montou um marquetinzinho para tentar nos convencer de que combate o Covid. Segundo Eduardo Leite (PSDB), “conseguimos a estabilização, nesta última semana, de pacientes internados nas UTIs do estado”. Seu idioma é o tucanês, aquele que reinventa significados para as palavras. Sua “estabilização de internações” significa: “não aumentaram as internações porque esgotou a capacidade dos hospitais receberem mais pacientes. Só entra um quando morre um”. Nos sete dias da “estabilização”, a realidade foi esta: dia 12, havia no estado 170 pessoas na fila por vagas em UTI Covid (leito + respirador). No dia seguinte, 261; em 14, 305; em 15, 296; em 16, 247; em 17, 303; em 18, 320; em 19, 345; em 20, 234; em 21, 258. Entre os dias 12 e 19 de março, foram 2.260 mortes e 49.708 contaminados a mais. Na sexta-feira, o governador falava à sombra de 106.507 mortos e 780.186 contaminados. Ufana-se de qual façanha? O louvável esforço em comprar mais leitos escorreu pelo ralo, porque as contaminações, hospitalizações e mortes aumentam muito mais velozmente do que a capacidade de ampliar UTIs e contratar mais profissionais. Ademais, estes também caem doentes

– já se contaminaram 28.896. Nos últimos dez dias, foram 826 baixas por Covid entre eles(as). Nenhum indicador diminuiu porque as ações do governo são ineficazes ou erradas (como, agora, afrouxar as restrições, ao invés de aumentá-las). Em 5 de abril veremos a merda que deu entregar as decisões a negacionistas como Sebastião Melo.

Até que vacinem metade da população, a melhor solução é restringir drasticamente a circulação de pessoas, a circulação do vírus e a contaminação, por duas a três semanas. Ironicamente, a única coisa sob a governabilidade de Bob Milk capaz de frear o Corona é a única para a qual lhe falta coragem: decretar o lockdown no estado.

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Negação em dose dupla

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overnador gaúcho e prefeito de Porto Alegre protagonizam um “duelo dentro de casa” para ver quem consegue agradar mais ao mercado e aos endinheirados em geral. Quando um é a favor da cogestão, outro é contra. Leite acha necessário privatizar o tratamento de água e esgoto e a distribuição da luz. A lei exige que isso só pode ser feito se a população aprovar num plebiscito, mas governistas tentam burlar essa lei. Já o prefeito Sebastião Melo lançou outra pérola falsa como argumento para liberar o comércio ao afirmar que “hospital sempre vai poder pôr mais alguém”, no dia em que 371 pacientes esperavam por leitos na capital.

regional


antirracismo

Ódio e preconceito

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21 de março é o Dia Internacional para Eliminação da Discriminação Racial, em memória de um massacre acontecido na África do Sul em 1960. Apesar de denúncias, a violência racial continua: aumentou a invasão e incêndio de terras indígenas na Amazônia durante a pandemia; de cada 10 mortos pela polícia no Brasil, oito são negros, revela o Anuário da Segurança Pública de 2020.

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schröder

quer que desenhe?

Jornalismo, apesar do jornalismo

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jornalismo, já disseram autores como Adelmo Genro Filho e afirma ainda Nilson Lage, é uma atividade humana necessária socialmente para garantir a esfera pública burguesa. O jornalismo, sabemos todos, transita entre a mentira deslavada, a mentira sútil, o silêncio cretino, a manipulação interessada e, às vezes, entre a verdade. E é nestes momentos cada vez mais episódicos que este relato, surgido no século XVII, se mostra ainda socialmente importante. Se foi o jornalismo que possibilitou a instalação desta traição histórica que foi a Lava Jato com seu arremedo de juiz de primeira instância guindado a condição de verdugo nacional, também foi a imprensa que reagiu à tragédia anunciada com o negacionismo presidencial à pandemia, cobrou ações e finalmente possibilitou que o país não ficasse às escuras quanto ao números do genocídio em curso.A Globo principalmente montou uma estratégia de buscar um bolsonarismo econômico- seja lá o que for isto- sem o Bolsonaro surtado. Para isto se equilibrou entre denúncias importantes contra o governo federal e o apoio à

política neoliberal posta em prática pelo seu ministro pinochetista. Zero Hora, filhote impresso e provinciano da grande rede nacional foi ainda mais ambígua porque tinha que atender os interesses locais de bolsonaristas mais ou menos refinados. Desde novembro o jornal havia tirado a pandemia da capa e apostado na “retomada econômica”, cantada em verso e prosa todos os dias com números e “opiniões” garimpadas para dar a sensação de que o Brasil e o RS estavam no rumo certo e de que as contaminações e mortes eram um preço pequeno a pagar.

Quer que escreva?

Mas Genro e Lage têm razão, o jornalismo não pode ser impermeável às más notícias, mesmo quando estas são más para ele próprio. A manchete pequena, no pé da capa do jornal do dia 18 março, não consegue esconder que em 2020, portanto não toda ela fruto da pandemia, a economia gaúcha teve uma queda de 7%. A maior desde o início da medição, afirma o jornal. Claro que no texto de apoio da capa, o jornal, atendendo ao agro pop, faz alusão à pandemia, à estiagem, aponta com o indefectível, mas a possibilidade de crescimento e blá, mas registrou. Tragicomédia Um jornal noticiar que o futuro ministro da saúde é a favor da ciência e da máscara diz muito a respeito do governo do tal ministro e do jornal, se não for ironia.” Parece que a batalha final será entre milicos e milicianos. Espero que as diferenças sejam suficientes. “Janaína, a Despirocada, propõe eutanásia de velhos em benefício de jovens. Eu, se fosse ela, faria melhor as contas de seu nascimento, nunca se sabe qual o guri que vai decidir sua morte.


papo reto com otto guerra

Procuro manter um certo espírito de porco

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Q

uando me ofereceram a oportunidade de enviar algumas perguntas para essa entrevista fiquei inseguro por não ser jornalista mas não queria perder a oportunidade. Uma dica que me deram foi pensar em coisas que eu perguntaria para Otto Guerra (foto ao lado) em uma mesa de bar. Gostei do truque, então lá vai. (Rodrigo Schuster) RS - Parece estar havendo uma diminuição na demanda de live-action de heróis dos quadrinhos e, ao mesmo tempo, comédias em animação como BoJack Horseman e Rick e Morty vêm caindo nas graças do público. Como você vê esse cenário? Tem alguma relação? Otto Guerra - Sim. Por exempo, se a gente fizer uma retrospectiva no desenho animado ao longo do tempo, veremos que de violência física explícita, tipo Tom e Jerry, e tramas superficiais como Manda Chuva, as histórias foram lentamente se transformando em violência emocional e crises existenciais. Como Simpsons, Bob Esponja, Irmão de Jorel, etc... Isso é um belo resultado, na minha opinião. Os roteiristas se ligaram no que há de profundo na alma humana e mandaram brasa. Claro, é natural também que tudo mude o tempo todo, não? Às vezes evolui e às vezes involui. No desenho animado, evoluiu. RS- No mesmo período deste novo auge dos super-heróis, alguns setores da nossa sociedade começaram a olhar para a política da mesma forma, elegeram um super-vilão e saíram à caça de heróis, passando por Capitão Nascimento, Joaquim Barbosa, Sérgio Moro e Jair Bolsonaro. Como tu enxergas essa relação? O sucesso dessas obras é gerador, fruto ou independente dessa mentalidade?

OG - Maldito esse dualismo, a maioria das pessoas acredita que o bem está apartado do mal. Existem os maus e os bons. Essa superficialidade é sim alimentada no nosso imaginário por estereótipos ridículos como o Capitão Nascimento, e esses merdas todos que tu citas aí. O cinema do grande irmão do norte, Hollywood, nos forjou assim, o bandido e o mocinho. Mas existe uma lenda entre os povos originários da América, aonde uma criança vai até o pajé, o velho sábio da aldeia e pergunta porque algumas pessoas são boas e outras más? O velho dá uma cachimbada e diz que todos

carregam dentro de si dois lobos em constante luta, um é bom e o outro é mau. A criança pergunta “então, qual que vence?”. O velho assopra a fumaça e diz, vence aquele que a gente mais alimenta. A vida real dá conta de liquidar com essas bobagem, ela vem e atropela esse mundo encantado do bem versus o mal. Daí a infelicidade abunda no nosso belo planeta. Nos incutiram a ideia de fracasso, sucesso, e essa competição nas notas do colégio. Baita sacanagem. Ah, e o cinema dos anos 1960, 1970 com Lawrence da Arábia, Midnight Cowboy (Perdidos na Noite), The


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papo reto com otto guerra “Cara, estamos atravessando a maior crise da cultura depois da ditadura militar de 64”

Graduate (A primeira Noite de um Homem), Apocalipse Now, virou hoje Velozes e Furiosos, ou seja, no live-action involuiu. Ehehehehehe. Essa coisa é fruto ou gerador da merda? Esse é o paradoxo do ovo e da galinha, quem veio antes? RS- Pegando o gancho da pergunta anterior, podemos entender a direita brasileira como aqueles personagens que passam o tempo inteiro tentando resolver um problema que não existiria se eles não tivessem tentado resolver? OG - A elite e parte da chinelagem que se acredita elite não abrem mão de seus possíveis privilégios, ou seja, pra eles tudo, pro resto nada. Essa merda de injustiça social desencadeia a violência. A direita aplica o papo de fazer o bolo crescer pra depois dividir, eheheheh, evidente que ele nunca vai crescer o suficiente, aliás, o Brasil já é um país muito rico, não só na economia, mas no solo, no subsolo, na cultura...a gente só é pobre em políticos, faltam Brizolas, Lulas, Dilmas, que pensam no bem comum. RS- Atualmente, quais as principais

formas de viabilização e distribuição, especialmente para filmes de janelas menores como curtas e médias? OG - Cara, estamos atravessando a maior crise da cultura depois da ditadura militar de 1964. Existem aqui e ali, em estados e municípios, pequenos e esparsos editais públicos. A Ancine que fomentava o audiovisual está sob ataque e até a preservação do cinema brasileiro como um todo, está a perigo. Nossos negativos de 40 anos estão armazenados na Cinemateca Brasileira, entregue a maluca da Regina Duarte e alguns generais, tipo cabide de cargos. Se imaginasse um dia um quadro mais aterrador nunca seria tão criativo. RS- Como você vê a atual política do governo federal em relação aos incentivos à cultura e quais as perspectivas caso ela se perpetue? OG - Que política? Acabaram com o MinC, a cultura está no Ministério do Turismo. Já era. Mas por experiência própria sei que é na adversidade que ficamos fortes, o Collor acabou com a Embrafilme também, então fizemos

dois Congressos na área e o cinema se reinventou e veio muito mais forte, chegamos a ser referência mundial de políticas públicas culturais, renúncia fiscal, Fundos que captam recursos no próprio setor, etc... Cultura e educação, em governo da direita, são desprezadas. O mega idiota ex presidente dos EUA, Ronald Reagan, num ataque de sinceridade disse: Se a gente der cultura e educação nunca mais seremos eleitos. RS - Em alguns dos teus filmes tu pega personagens famosos e queridos pelo público e transporta eles para uma outra linguagem, colocando teu próprio estilo sem descaracterizá-los. Como funciona esse processo criativo? RG - Nos anos 70 e 80, quando comecei a fazer filmes, eu era um pária, vigoravam no Brasil as pornochanchadas, talvez por isso eu nunca me levei a sério. Até os 18 anos, criava meus personagens, universos, mas quando tive que fazer filmes comerciais para poder pagar boletos, aluguel, comer e essas coisas mundanas, o meu desenho virou um pastiche, algo pasteurizado. Como fazer para dar pulos mais


papo reto com otto guerra altos sem que eu tenha criado nada que me agradasse? Por estar enfronhado no mundo dos quadrinhos conhecia “Los 3 amigos”, Laerte, Glauco e Angeli, que mais tarde agregou meu melhor amigo, Adão Iturrusgarai. Daí o caminho estava claro à minha frente. Admiro o trabalho desses caras e adaptei pra animação, ainda bem que eles gostaram. Menos o longa do “Rocky & Hudson”, feito quando deixei de ser abstêmio e mergulhei no álcool. Adão na época odiou o filme, hoje acho que ele até gosta. É um filme que me orgulho de ter feito, sem grana, despretensioso, pura porralouquice. Mas nos abriu portas, lá adiante. A adaptação é trabalho pesado de fato, conto com alguns roteiristas, sobretudo outro grande amigo, o roteirista e cineasta Rodrigo John. A animação é uma atividade essencialmente coletiva. Claro, eu trato de manter um certo espírito de porco que permeia todos os filmes da produtora. RS- Como foi criar um longa a partir de personagens do Laerteverso? O quanto ela participou do desenvolvimento do roteiro e produção da obra? Como ela reagiu ao ver o filme?

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OG - Quando tivemos a ideia de fazer os longas dos 3 amigos, corria a década de 1990, de lá pra cá muita coisa mudou. Laerte, quando finalmente viabilizamos a grana para produção do filme, tinha dado um salto olímpico em seu trabalho e vida pessoal, a ideia original “Piratas do Tietê” precisou ser readaptada a essa nova e incrível fase da cartunista. Ela colaborou de várias formas e mesmo não querendo aparecer diretamente no longa, se dispôs a figurar e gravar as cenas.

RS- Já que o governo se recusa a vacinar a população, rir é o melhor remédio? Está mais fácil ou mais difícil fazer comédia?

RS - Um astronauta trapalhão cercado por lunáticos mal-intencionados é um bom mote para uma ficção-científica ou tende a ser tão ruim quanto no atual governo?

RS- Vamos pedir outra?

OG - Em função de estar morrendo mais de 2.500 pessoas por dia nesse momento na dita pandemia do coronavírus e de terem morrido cerca de 285 mil brasileiros, mais que as duas bombas atômicas no Japão, não consigo imaginar algo que consiga estar à altura dessa tragédia. Parece um pesadelo. Temos que nos distanciar no tempo para poder digerir tudo e vomitar de volta. Agora estou engasgado.

OG - Pois é, eu que rio de tudo, não levo a vida a sério, acho que esse momento é de extrema tristeza. Espero que ele sirva ao Brasil como serviu à Alemanha o episódio Hitler, que nunca mais aconteça. Não me refiro à pandemia, óbvio, mas sim ao “timoneiro” ser um genocida, um psicopata.

OG - Só se for vinho, eheheheheheheh

Otto Guerra é cineasta e animador há 44 anos, dirigiu o longa e a série “Rock & Hudson: os cowboys gays” , e outros (“A cidade dos piratas”) e desde 2020 integra a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, a que organiza o Oscar. Rodrigo Schuster é roteirista, humorista, montador e colaborador do Grifo.

“Pois é, eu que rio de tudo, não levo a vida a sério, acho que esse momento é de extrema tristeza”


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de mestre

O Jornalismo deveria corrigir erros globalização, aliam-se ao setor mais

além da indignação retórica e inócua.

nha cavalgando o vento – o que é uma esperança vã. O risco do culto de personalidades negativas ou inimigos únicos em geral – como Hitler ou “o imperiaslismo” – é que ele sempre esconde as intenções criminais e os interesses que as sustentam em cada caso concreto. É o caso dos governos militares no Brasil: ocultavam contradições que desaparecem quando se acusam as “forças armadas”. Isso obscurece o jogo de pressões e os promotores e executantes reais dos crimes cometidos. Como se vê, ideias e conspiradores logo voltam à tona. Onde foram corretamente identificados, continuam submersos. O jornalismo deveria corrigir esses erros e não perpetuá-los, prolongando o ódio além dos fatos odiosos, sem ir

lismo que o respeite.

Nilson Lage tacanho das finanças globalizadas. EsO Brasil precisa tanto de forças aré professor de jornalismo peram que o dono do circo os mante- madas que o amem quanto de jorna-

B

olsonaro, o indivíduo, é o resultado de uma herança ancestral fascista reforçada por treinamnto militar voltado para a violência, a rejeição da racionalidade e o egoísmo corporativo. É um brutamentes como tantos outros a que a insensatez reinante recorreu para destruir o Brasil que herdamos de cinco séculos de História. Importa o contexto que o colocou lá e o manterá enquanto conveniente. Os artífices dessa maluquice – curiosamente empregados do Estado brasileiro – são como cavaleiros que, percebendo doenças do cavalo, cuidam de esquartejá-lo sem imaginar como será cavalgar o vazio quando a estrutura do bicho desmoronar. Com a convicção de que lutam contra a

A importância da Academia nesse momento A Academia aparece como vítima, mas ela é, principalmente, o octógono do combate mais pesado. Precisa pensar em seu objeto, que é o Brasil, seu povo e seu futuro. Precisa aprofundar e superar contradições internas, a corrupção e a cooptação. Assumir o ensino básico e colocar nele a mais moderna ciência desde a primeira aula do jardim da inflância. Igual para todos, compensadas no posssível as diferenças de oportunidade, sem qualquer exceção; Axiomas são ditatoriais. Esse é um deles.


texto & traço

Difícil pra quem?

A

s tábuas de madeira ficam com sulcos criados pela faca que, em pouco tempo de uso, as tornam ruins de limpar e em pouco tempo começam a acumular sujeira, tornando o seu uso higienicamente questionável. As tábuas de vidro não tem esse problema, mas justamente por o vidro ser mais duro que o aço e não criar sulcos, essas tábuas rapidamente destroem o fio da faca, que precisa ser constantemente afiada e tem sua vida útil muito reduzida. O que fazer nesse caso? Como escolher o material da tábua? Qual a prioridade para você? Comprar uma nova tábua a cada seis meses ou afiar a faca a cada quinze dias? Essa sim é uma escolha difícil. A escolha entre alguém que é a favor da tortura e al-

guém que não é só se torna difícil se quem está escolhendo tem um grave desvio de caráter. E claro que apoiar a tortura é apenas o cume desse evereste de boçalidades chamado Jair Messias Bolsonaro. Durante a campanha eleitoral, Bolsonaro falou em fuzilar adversários políticos, fechar o STF e sair da ONU. Antes disse ele já havia dito que seus filhos não namorariam negras porque foram bem criados, que homossexuais devem apanhar e que algumas mulheres não são bonitas o bastante para merecem ser estupradas. Nesse caso as qualidades do outro candidato são irrelevantes, só o fato de ele não ter esses defeitos já é suficiente para deixar a escolha muito fácil. Menos para quem tem os mesmos defeitos, claro.

lu vieira & rodrigo schuster

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GEOLOCALIZAÇÃO No filme Amistad, na reta final do julgamento em primeira instância, os traficantes de escravizados e o governo conseguem trocar o juiz do caso. Acontece que o juiz titular estava prestes a se aposentar e poderia querer fazer um ato final benevolente e libertar os escravizados, então ele é substituído por um juiz jovem e ambicioso, que atenderia aos interesses daqueles políticos. Lula nasceu em Caetés, mora em São Bernardo do Campo, e é acusado de, em Brasília, ter cometido um crime cujos supostos benefícios estão em Atibaia e Guarujá. Parece não fazer sentido esse processo ir parar em Curitiba, mas ainda assim o STF e parte da grande mídia levaram 7 anos e 280 mil mortos para perceber.


24 Oriente em revista Luiz Antônio Araujo

Virgínia Fonseca escreve no prefácio que o livro analisa a “contribuição do jornalismo para a reprodução e circulação de preconceitos que têm origem em discursos externos à instituição e que, ao se cristalizarem no senso comum, resultam quase sempre na transformação das diferenças em desigualdades”. Araujo é jornalista e professor. À venda no site da editora Insular: Oriente em revista – Insular https://insular.com.br

A coisa tá tão feia que tem circo contratando ovelha pro papel de urso. (Tarso e Mendonça)

entrevero Confesso que só ri (Volume 2) Marco Antonio Vargas Villalobos

“Quem não ler não perde nada, mas não sabe o que está perdendo”, explica o autor dessas “histórias fora da curva sobre jornalismo, amigos e viagens”. São 240 páginas. Pedidos pelo zap (51) 984225664 ou pelo e-mail marcovargas450@hotmail.com. Em Porto Alegre, o próprio Marquinho leva o livro ao comprador pelo revolucionário sistema de “pé-entrega”. Nas outras cidades, vai pelo Correio.

Ria, por favor Sampaio

Em 2009, Maria Lúcia Sampaio reuniu as cenas de multidão que o pai, José Miguel Sampaio, tinha publicado na Revista do Globo, nas décadas de 1940 e 50, para fazer um livro. Mas o autor disse: “Só depois que eu morrer”. Assim, somente em 2018 (um ano depois da morte) a publicação aconteceu. São 72 páginas. Pedidos pelo site da editora Insular: https:// insular.com.br.

A estratégia de atrasar vacinação é fundamentalmente para criar demanda reprimida por um produto essencial nas mãos do setor privado. O preço será de monopólio e a distribuição será de máfia. O que é a mesma coisa, afinal de contas. (Schröder) Com botox no rosto, sangue nos olhos e uma verve que me fez esquecer momentaneamente seu passado, Gilmar Mendes colocou o lavajatismo no seu lugar. Nem parecia um co-autor pela facilidade com que jogou o bastardo no lixo. Gilmar Mendes é tudo aquilo que sabemos e muito mais, mas agora é o cara que bancou a restauração da república. Seu semblante lustroso ao ler o voto era o dos iluminados que sabem exatamente a dimensão dos seus atos. (Schröder)


entrevero Já perguntei o significado daqueles quadradinhos coloridos que os militares usam no peito, me disseram que representam as medalhas e distinções que receberam ao longo de suas trajetórias quarteleiras. Quer dizer que é uma verdadeira HISTÓRIA EM QUADRINHOS!!!! (Santiago) Sinto-me Grifado. De escudo, elmo e lança vou à luta! (Olívio Dutra)

25 Imagina porque Pazuello não quer voltar pra tropa: - Ô, chefia, pra mim vieram dois pés direitos! (Paulo de Tarso Riccordi) Cada frase de Jair Bolsonaro derruba a inteligência média da humanidade em 1 ponto. É um gêniocida. (Rodrigo Schuster) Alimentação popular se apropriando de saberes gourmets sofisticados. Tá assim de marcas de feijão de grano duro. (Demétrio Xavier) O mundo está muito mudado: Tem facínora protestando Por ter que andar mascarado (Mouzar Benedito)

Que coisa mais interessante: pessoas absolutamente vazias, mas tão cheias de si.(Celso Vicenzi)

Capim exótico, se alastrou insidiosamente pelo estado e as pessoas comuns não o identificam. É o chamado Annoni Mato. (Demétrio Xavier)

Não dá pra saber exatamente como é o inferno, mas acho que a fase atual do Brasil pode ser vista como um ótimo “case”. (Celso Vicenzi)

Não adianta. Nem com uma caçamba de açúcar se consegue doce de merda”. (Cenair Maicá, numa conversa com Sérgio Metz, outro jurado de um festival nativista - PT Riccordi)

Pra quem se assusta com toda essa divisão, vale lembrar que o Brasil sempre foi um país dividido. A começar pelas Capitanias Hereditárias. (Celso Vicenzi)

A vaca já foi pro brejo. Mas quem apoiou o golpe acredita em conversa pra boi dormir. (Celso Vicenzi)

O Doutor disse que eu tenho de adelgaçar e me cortou a boia. Agora é só alimentação. Me proibiu também a comida pesada e agora eu só vou de buffet livre. (Demétrio Xavier)

A Caixa de Pandora, todo mundo sabe, todo mundo viu, é um artefato grego que, pelo que parece, foi endereçado e aberto no Brasil. (Celso Vicenzi)

“No Brasil do Bolsonaro, eu, se fosse a polícia federal, dava uma olhada em quem acerta sozinho a Mega-Sena. (Schröder)

A coisa tá tão feia, que estão contratando chatos para o circo de pulgas. (Paulo de Tarso Riccordi) Fico feliz que a mãe do Bolsonaro tomou vacina. Triste, por ela não ter tomado anticoncepcional. (Jani Ferreira) Eu acho engraçado que agora falam maravilhas da reprodução assistida. Não faz muito tempo, isso era coisa de tarado e tinha até nome em francês. (Demétrio Xavier)

No Brasil, os corruptos estão cada vez mais bronzeados porque não precisam mais agir na sombra. (Celso Vicenzi) A idiotice ganhou status. Agora é grife. (Celso Vicenzi) O jornalismo brasileiro concorre, cada vez mais, com as farmácias de manipulação.(Celso Vicenzi) Falar à razão é fácil. Experimente falar à insensatez. (Celso Vicenzi) CFM e CRMs não vão se pronunciar oficialmente sobre a gravidade de médicos insistirem em administrar cloroquina, ivermectina e outros remédios sem eficácia para a covid-19, conforme atestam os estudos internacionais? E que ainda insistem em propagar que essa é a fórmula para diminuir a gravidade da contaminação pelo vírus? Não se enquadra em negligência? Ou imprudência? (Celso Vicenzi)


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última hora

Fechávamos a edição quando...

B

olsonaro mudou seis ministros do governo na tarde de 29 de março. Aparentemente, o legítimo “trocar seis por meia dúzia”. Mudam os nomes, mas não muda o essencial e a política de redução da competência e eficiência do Estado vai seguir. Também pode significar a compra de apoio da maioria do parlamento numa aventura golpista capaz de encalhar de vez o país com seus 13,5 milhões de desempregados, 315 mil mortos por Covid-19, desmatamento descontrolado e outras ações da bananalidade do mal. Porém, os sinais golpistas surpreendem poucos e muita gente mostra disposição em reagir. Um exemplo vem da Bahia, onde um motim insuflado pelo bolsonarismo de baixo clero (o que pode ser pior que isso?) foi rapidamente derrotado. Outro é a reação de políticos de centro e de direita e desconforto com o presidente entre generais da ativa.


última hora

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Desordem unida


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artes drásticas

P

or favor, leia iusca, assim se pronuncia (o “j” com som de ‘i”) o sobrenome desse humorista que se apresenta como “metido a desenhista, cartunista, ilustrador... essas coisas”. As primeiras dessas coisas foram no Jornal da Semana (do grupo Sinos) no final dos anos 1980, na revista Carrinho (para uma rede de supermercados), Status Humor, Planeta, Zero Hora e uma lista que integra a edição da revsita Mega Quadrinho, entre 1988 e 1990. Conquistou prêmios no Salão de Piracicaba, no Japão e na Coreia do Sul. A sequência do trabalho incluiu agências de publicidade, ilustrações de adpatações de histórias infantis e charges, cartuns… essas coisas. Mandou essas artes para o Grifo e explicou: “São imagens feitas exclusivamente com a caneta esferográfica ( a BIC, aquela do hômi...) Que fazem parte de um projeto para um livro chamado Esferográphicas. Não uso celular ( !!!!!! ) mano véio !” Cada coisa...


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artes drásticas

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