Educando com arte 3

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Educando com Arte Mogi 450 Anos



Educando com Arte Mogi 450 Anos

Volume III – 1ª Edição – Mogi das Cruzes – 2010


Elaboração e organização Profª Kátia C. de Mello Franco Prof. Francisco Carlos Franco Revisão Profª Kátia C. de Mello Franco Prof. Francisco Carlos Franco Kelli Correa Brito Fotos Arquivo das escolas municipais Profª Kátia C. de Mello Franco Prof. Francisco Carlos Franco Projeto Gráfico Gaspar Indústria Gráfica Diagramação Chá Com Nozes Propaganda / Alice Corbett e Juliana Carnielli Impressão Art Printer Gráficos Ltda. Rua Ficondo, 590 - São Paulo - SP Tel. (11) 2947-9700 www.artprinter.com.br

Educando com Arte Mogi 450 Anos

Volume III – 1ª Edição – Mogi das Cruzes – 2010 É vedada a reprodução total ou parcial desta obra sem autorização expressa da Prefeitura Municipal de Mogi das Cruzes

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Educando com Arte - Mogi 450 Anos


Índice Apresentação........................................................................................ 07 1. O ENSINO DE ARTES VISUAIS E A REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE MOGI DAS CRUZES (SP): UM POUCO DE NOSSA HISTÓRIA .....................................................................................

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2. O PROJETO DE ARTES VISUAIS EM 2010: MOGI 450 ANOS....... 12 Temática I – Mogi das Cruzes: sua fauna e sua flora................... 16 Temática II – Mogi das Cruzes: sua gente......................................... 25 temática III – sua paisagem ..................................................................... 26 3. O TRABALHO DAS ESCOLAS – O PROJETO COMEÇA A ACONTECER............................................................................................... 28 CCII PROF.ª ADAHYLA MARQUES CAMPOS CARNEIRO ............................. 30 E.M. PROF. ANTONIO PASCHOAL GOMES DE OLIVEIRA............................ 32 E.M. Dr. SERGIO BENEDITO FERNANDES ................................................. 34 E.M. NARCISA DAS DORES PINTO............................................................... 34 E.M. DR. BENEDITO LAPORTE V. DA MOTTA.............................................. 36 E.M. HÉLIO DOS SANTOS NEVES................................................................. 36 CEMPRE DRª RUTH CARDOSO.................................................................... 38 CCIM RICHER ROMANO NETO................................................................... 40 CCII PROFª HAYDEE BRASIL DE CARVALHO................................................ 42 E.M. PROFª IVETE CHUERY VIEIRA TORQUATO VICCO.............................. 44 E.M. RURAL PROF. HORÁCIO DA SILVEIRA................................................... 44 E.M. DR. MILTON CRUZ............................................................................... 46 E.M. DOM PAULO ROLIM LOUREIRO .......................................................... 48 E.M. JOSÉ ALVES DOS SANTOS..................................................................... 50 E.M. RURAL GERALDA FERRAZ DE CAMPOS................................................ 50 E.M. PROFª MARIA APARECIDA PINHEIRO VOLPE........................................ 52 E.M. BENEDITO FERREIRA LOPES................................................................. 54 E.M. PROFª WANDA DE ALMEIDA TRANDAFILOV....................................... 56 E.M. PROF. JOÃO GUALBERTO MAFRA MACHADO..................................... 58 E.M. PROFª CENIRA ARAÚJO PEREIRA.......................................................... 60 E.M. PROFª CYNIRA OLIVEIRA DE CASTRO ................................................. 62 E.M. (R) PROF.ª ANA MARIA DE AZEVEDO VINE CARRARE.......................... 62 Prefeitura Municipal de Mogi das Cruzes

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4. O SENTIDO DO PROJETO: RELATO DE UMA DIRETORA DA REDE MUNICIPAL.......................................................... 64 DESCOBRINDO MOGI ATRAVÉS DAS ARTES VISUAIS.................................. 64 5. DEPOIMENTOS DOS MONITORES: UMA EXPERIÊNCIA SIGNIFICATIVA........................................................................................... 68 6. A FORMAÇÃO CONTINUADA PARA O ENSINO DE ARTES VISUAIS EM 2010: RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA............ 72 Encontro 01 – Tema: O ensino de arte hoje.................................. 75 Encontro 02 – Tema: leitura comparativa de imagens............... 75 Encontro 03 – Tema: A abordagem multipropósito................... 76 Encontro 04 – Tema: tridimensionalidade.................................... 77 Encontro 05 – Tema: sequência didática e interdisciplinaridade............................................................................. 77 Encontro 06 – Tema: abstracionismo ............................................. 77 Encontro 07 – Tema: Alfredo Volpi, vida e obra........................... 78 Encontro 08 – Tema: escultura......................................................... 78 Encontro 09 – Tema: Figura humana e colagem ......................... 79 Encontro 10 – Tema: O patrimônio artístico e cultural de Mogi das Cruzes.............................................................. 79 Encontro 11 – Tema: Educação patrimonial e roteiro de visitação para espaços culturais.................................................. 80 A avaliação dos processos formativos para o ensino de Artes Visuais – 2010 ............................................................................. 84

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EDUCANDO COM ARTE

APRESENTAÇÃO

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stamos no terceiro volume do livro Educando com Arte, que neste número faz uma bela homenagem a Mogi das Cruzes e seus 450 anos. O título Educando com Arte – Mogi 450 Anos representa bem o grande trabalho feito por nossas escolas neste ano de comemorações pelo aniversário da cidade. Assim como Mogi, o projeto de Artes Visuais também cresceu muito ao longo dos anos. É uma alegria ver a evolução constante desta iniciativa, que desperta em nossos alunos e educadores todo o potencial da Arte como instrumento de ensino-aprendizagem. Uma aprendizagem que ultrapassa os muros da escola. A Arte, em todas as suas formas de expressão, desperta a sensibilidade e contribui de forma significativa para a formação de um ser humano pleno, crítico e consciente de seu papel na sociedade. Além da data histórica para nossa cidade, destacamos neste livro a chegada dos monitores ao projeto. Semanalmente, eles visitam as escolas e contribuem

para a formação de educadores e alunos. Em cada uma das 22 escolas participantes é nítido o empenho e a dedicação em transmitir aos pequenos os primeiros conceitos de Arte. Ainda mais em um ano especial como este, em que nossa cidade foi tema de tantos trabalhos artísticos. Essa experiência tem sido riquíssima para professores, alunos e também monitores, como vemos em seus relatos neste livro. Esta equipe, coordenada pela professora e mestra Kátia C. de Mello Franco, realizou um belo trabalho nas unidades apresentando e trabalhando, por meio da Arte, diferentes aspectos de nossa Mogi das Cruzes: sua fauna e flora, sua gente e sua paisagem. Podemos ver nas próximas páginas, os significativos trabalhos dos alunos e o envolvimento das equipes das escolas com o projeto. Parabéns a todos por mais este presente para nossa cidade, que recebe todo o carinho de seus filhos por meio da Arte.

Secretaria Municipal de Educação

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1.

O ENSINO DE ARTES VISUAIS E A REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE MOGI DAS CRUZES (SP): UM POUCO DE NOSSA HISTÓRIA

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ossa trajetória se inicia em 1999, ano em que, ainda de maneira tímida, constatou-se que um projeto de Artes Visuais poderia contemplar, de forma interdisciplinar, as diversas ações que as escolas desenvolviam. Assim, os professores e gestores de duas unidades escolares do município, a Escola Municipal “Dr. Milton Cruz” e a Escola Municipal “José Alves dos Santos”, decidiram elaborar um projeto voltado para as Artes Visuais. O intuito desses educadores foi proporcionar aos educandos uma formação que propiciasse o desenvolvimento de um olhar crítico-sensível perante as imagens, em especial, de obras de artistas representativos da arte brasileira e universal. Neste ano foram realizadas as primeiras mostras das experiências educativas em Artes Visuais desenvolvidas nestas escolas com vistas a envolver a comunidade escolar e local, o que deu visibilidade a estas ações. Este processo impulsionou a continuidade e a ampliação do projeto nas próprias escolas e contagiou outras unidades escolares, que foram incorporando a concepção de trabalhar o ensino de Artes Visuais através de projetos. Em 2001, com a ampliação das ações em Artes Visuais, a Secretaria Municipal de Educação de Mogi das Cruzes (SP) – SME, percebendo o interesse, empenho e as dificuldades dos profissionais que trabalhavam nessa perspectiva, proporcionou cursos de formação continuada para os professores e diretores das escolas. Tal procedimento fortaleceu as ações educativas em arte nas escolas, e, como consequência natural de um trabalho que já se apresentava consistente e coerente com uma concepção progressista em Artes Visuais, em 2005 a SME desencadeou um processo formativo para as escolas por meio da assessoria de um profissional da área. Em 2006, o programa “Educando com Arte”, do qual o “Projeto de Artes Visuais” faz parte, proporcionou a assessoria para 16 unidades escolares, que já participavam do projeto. Neste mesmo ano foi elaborada a primeira publicação intitulada “Educando com arte: a arte ao alcance da criança”, que apresentou as propostas e as ações em Artes Visuais desenvolvidas nas unidades escolares. Esta publicação foi fundamental na percepção do alcance e da qualidade do trabalho que as escolas desenvolviam com a explicitação de seus projetos, com fotos de produções dos alunos, etc. O livro apresentou aos leitores uma pequena amostra do trabalho, visto que a publicação não conseguiria dar conta de toda a grandeza dos resultados alcançados no Projeto de Artes Visuais. Prefeitura Municipal de Mogi das Cruzes

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Nos anos que se seguiram, a assessoria de especialistas da área acompanhou o trabalho das unidades escolares por meio de visitas para proporcionar aos docentes e gestores encontros de formação com foco no projeto especifico de cada escola, como também para acompanhar e orientar os profissionais nos encaminhamentos didático-pedagógicos em Artes Visuais. Em 2008, as 19 escolas que participaram do projeto tiveram o acompanhamento da assessoria, sendo o trabalho organizado em três etapas. A primeira consistiu em apresentar a proposta de trabalho e verificar os anseios, desejos e necessidades dos gestores e dos docentes, momento este essencial para adequar a proposta de trabalho da assessoria às reais necessidades das unidades escolares participantes do projeto. O segundo momento foi de formação continuada aos profissionais envolvidos nas ações, o que foi realizado em duas perspectivas. A primeira com o objetivo de atender as escolas que já participavam do projeto e o aprofundamento teórico e prático dos preceitos mais atuais do ensino de Artes Visuais. Em outra perspectiva, atendemos as escolas que estavam iniciando seu trabalho na área por meio da apresentação dos referenciais que norteiam o trabalho desenvolvido pelas escolas da Rede Municipal de Ensino, ou seja, a “Proposta Triangular”, da profª Ana Mae T. Barbosa. Após estas duas etapas, iniciou-se o processo de acompanhamento do desenvolvimento do projeto com visitas em todas as escolas. Os encontros eram agendados com antecedência para que os professores e gestores relacionassem suas dúvidas, que eram debatidas objetivando buscar alternativas para os impasses, como também para aprimorar os processos de ensino-aprendizagem em arte que já estavam em andamento. Em 2009, os processos de formação e de acompanhamento dos profissionais envolvidos no projeto seguiram esta mesma dinâmica, ou seja, levantamento das necessidades, encontros de formação e visitas nas escolas. Neste mesmo ano foi elaborada a segunda publicação do projeto intitulada “Educando com arte: perspectivas didáticas”. Esta publicação apresentou parte do processo de formação desenvolvido junto às escolas, sendo que no primeiro capítulo foram destacadas as ações formativas realizadas nas unidades escolares, que foram ampliadas, alteradas, etc, de acordo com o projeto de cada contexto educativo. No segundo capítulo foram apresentados os fundamentos que orientam o projeto, como: a leitura formal de imagens; a leitura crítica de obras de arte, de Robert Ott; o método comparativo, de Feldman e o método multipropósito de Saunders. Também foi abordada a “Proposta Triangular” da profª Ana Mãe T. Barbosa, destacando o potencial educativo das dimensões do apreciar, do contextualizar e do fazer artístico, parâmetros que compõem sua abordagem para o ensino de Artes Visuais. No terceiro e último capitulo, apresentou-se sequências didáticas com temas diversos, como pássaros, brinquedos, patrimônio, meios de transporte, entre outros; temáticas que são frequentes em muitas escolas. Para tanto, utilizouse imagens de obras de arte de artistas locais, sendo: Norberto P. Duque, Victor M. Wuo, Martha Rosinha, Kátia C. Mello Franco, Francisco C. Franco, George R. Gutlich, Jonathan Medina e Benedito Zanivan, como forma de valorizar a cultura e a arte local no ensino de arte das escolas. Este procedimento visou preparar o material para os processos de formação dos docentes e gestores que foram desenvolvidos, em 2010, em comemoração aos 450 anos de Mogi das Cruzes. 10

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2.

O PROJETO DE ARTES VISUAIS EM 2010: MOGI 450 ANOS

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m 2010, o Projeto de Artes Visuais orientou-se pela produção artística e cultural da cidade, como forma de ampliar a reflexão dos educandos sobre a cultura local, seus artistas, seu patrimônio artístico e cultural, etc, inserindo o projeto no ano em que a cidade completou 450 anos. Essa perspectiva em abordar a cultura e o patrimônio local é uma alternativa que enriquece os processos de ensino-aprendizagem no contexto escolar, socializando com os educandos a produção da cidade, o que desencadeia vivências e experiências significativas frente sua história e as formas de ser-no-mundo. Eles passaram a conhecer os elementos que constituíram o que hoje conhecemos como a cidade de Mogi das Cruzes. A aproximação de obras de valor artístico, histórico e social de diversas épocas e estilos e o contato com espaços culturais informais tem um potencial educativo que pode colaborar para que os estudantes percebam e valorizem espaços como monumentos, edificações, praças, museus, etc, que geralmente não são foco dos processos formativos, quebrando barreiras e o afastamento dessas pessoas destes espaços. É papel do professor sensibilizar e propiciar experiências que proporcionem aos educandos usufruir os espaços culturais e, mais ainda, socializar uma herança cultural que pertence a todos. A aproximação dos alunos com os espaços culturais também propicia a ampliação do repertório cultural destes estudantes, o que pode desencadear um processo de mudança das crianças frente sua concepção de cultura e de arte, além da importância dos espaços públicos e dos artistas plásticos locais, entre outros aspectos. Em 2010, o Projeto de Artes Visuais se desenvolveu a partir destes preceitos, que foram desencadeados em consonância com as tendências mais atuais para o ensino de Arte, ou seja, orientando a prática docente para o desenvolvimento de uma aprendizagem significativa, tendo como parâmetros o fazer, o apreciar e o refletir sobre as Artes Visuais. O trabalho foi desenvolvido a partir da orientação direta às escolas e também com a orientação de monitores que atuaram junto aos alunos e professores para a formação de uma cultura de aprendizagem em arte nas escolas. Desta maneira, o desenvolvimento de projetos educativos em Artes Visuais contemplou a formação estética dos alunos(as) das escolas que participaram do projeto, abordando as concepções mais atuais no ensino de artes, propiciando aos educandos o acesso aos bens culturais e artísticos; ampliando, desta maneira, sua leitura de mundo, como também possibilitando o desenvolvimento de sua capacidade de expressão por meio de elementos da visualidade.

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Para isso, foi necessário que as escolas participantes tivessem momentos distintos para a elaboração, acompanhamento e avaliação do projeto, como também de formação teórica e de orientação da prática docente. Cada escola teve o acompanhamento de um monitor, profissional este estudante ou graduado em Artes Plásticas, que teve orientação da profª MS. Kátia C. de Mello Franco, responsável pela assessoria do projeto e por desencadear um processo de formação para os monitores e de assistência aos processos de ensino-aprendizagem em sala de aula. As escolas e os profissionais envolvidos no projeto em 2010 foram: • CCII Profª Adahyla Marques Campos Carneiro – Monitora: Marriete Emília de P. Rosa Costa. • Escola Municipal Rural Profª Ana Maria de Azevedo Vine Carrare – Monitora: Ellen Cristina de Castro Silva. • Escola Municipal Prof. Antonio Paschoal Gomes de Oliveira – Monitora: Thais Midori W. Korin. • Escola Municipal Benedito Ferreira Lopes – Monitora: Roseli de Alcântara. • Escola Municipal Dr. Benedito Laporte Vieira da Motta – Monitora: Rosemeire Leite da Silva Gomes. • Escola Municipal Profª Cenira Araújo Pereira – Monitora: Roberta Maria Teresa Sammut. • Escola Municipal Profª Cynira Oliveira de Castro – Monitora: Ellen Cristina de Castro Silva.


• Escola Municipal Rural Geralda Ferraz de Campos – Monitora: Irani de Araújo Rocha. • CCII Profª Haydde Brasil de Carvalho – Monitora: Ana Carolina Coelho Oliveira. • Escola Municipal Prof. Hélio dos Santos Neves – Monitora: Rosemeire Leite da Silva Gomes. • Escola Municipal Rural Prof. Horácio da Silveira – Monitora: Andrea Maltez. • Escola Municipal Pr ofª Ivete Chuery Vieira Torquato Vicco – Monitora: Andrea Maltez. • Escola Municipal Prof. João Gualberto Mafra Machado – Monitora: Sandra Regina Calistrato Nakagawa. • Escola Municipal José Alves dos Santos – Monitora: Irani de Araújo Rocha e Sandra Marcondes da Silva. • Escola Municipal Profª Maria Aparecida Pinheiro Volpe – Monitora: Amarílis Neme Carrasco. • Escola Municipal Dr. Milton Cruz – Monitora: Ana Carolina Coelho Oliveira. • Escola Municipal Narcisa das Dores Pinto – Monitora: Simone Nogalis Neves. • Escola Municipal Dom Paulo Rolim Loureiro – Monitora: Thais Midori W. Korin. • CCIM Richer Romano Neto – Monitora: Irani de Araújo Rocha. • Escola Municipal Dr. Sérgio Benedito Fernandes de Almeida – Monitora: Simone Nogalis Neves. • CEMPRE Drª Ruth Cardoso – Monitora: Joana D’Arc de Camargo Ferre. • Escola Municipal Profª Wanda de Almeida Trandafilov – Monitora: Ângela F. Sandoval. Como forma de organizar os processos de ensino-aprendizagem foram elencadas três temáticas, que serviram de orientação às escolas, para que, de acordo com o projeto educacional da instituição, fosse escolhida a dimensão que mais se identificasse com a realidade da unidade escolar. Vamos conhecêlas nas próximas páginas. Prefeitura Municipal de Mogi das Cruzes

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Temática I – Mogi das Cruzes: sua fauna e sua flora Nesta dimensão, o trabalho se orientou na diversidade da fauna e da flora da cidade, em especial dos animais, plantas, flores, etc, presentes na Serra do Itapety, espaço de preservação ambiental de fundamental importância para o município. Para tanto, foi realizada uma pesquisa sobre as espécies presentes na Serra, como também de artistas plásticos que as retrataram. Um importante material para o desenvolvimento do projeto de Artes Visuais com foco na natureza foi o livro “Aves do Itapety”, de Antonio Wuo, publicado pela Editora Paulus de São Paulo em 2006. Com várias fotografias do autor, a publicação revela a diversidade das aves que vivem neste espaço e também apresenta desenhos e pinturas de vários artistas da cidade, que representaram graficamente alguma espécie, com um resultado gráfico de alta qualidade. Obras de Paulo Tenório, Marco Namura, JAM, Victor Wuo, Nerival Rodrigues, Lúcio Bittencourt, Satio Kitahara, Umberê, Paulo Seccomandi, Cláudio Barbosa Jr. e Antonio Wuo, artistas representativos da cidade, presentes nesta publicação, serviram de referência para muitas escolas que optaram por trabalhar com a fauna e a flora da cidade. No fazer artístico, o foco foi o trabalho com linhas, cores e a utilização de materiais diversos para que os alunos tivessem vivências práticas com várias possibilidades de expressão.

Na prática Para esta temática desenvolvemos um trabalho conjunto com a aplicação de um projeto único que sofreu algumas alterações por parte de cada uma das monitoras, que buscaram desenvolver as atividades de acordo com o grupo que estavam trabalhando. Segue um exemplo de uma destas sequências, neste caso elaborada pela profª: Sandra Regina Calistrato Nakagawa. O trabalho foi desenvolvido inicialmente por todas as monitoras sob a orientação da Professora Kátia C. de Mello Franco, assessora técnica do projeto. Orientações do espaço das artes visuais: Aulas de ateliê, aulas dirigidas, organização, adequação e respeito ao uso de materiais, orientação ao uso de aventais ou roupas velhas. Acompanhe nas próximas páginas a sequência didática: Mogi das Cruzes, sua fauna e sua flora – Serra do Itapety.

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01 TURMA DE INFANTIL II 1ª ETAPA: Dinâmica – Poemas: “A chuva” e “O passarinho”. 2ª ETAPA: Artista J.Borges, silhuetas. 3ª ETAPA: Pintura gestual, céu. 4ª ETAPA: Colagens, elementos da natureza. 5ª ETAPA: Gravuras, massa de modelar. 6ª ETAPA: Teatro de sombras. 1ª ETAPA

• Dinâmica – Poemas: “A chuva” e “O passarinho” • Dinâmica de interação, apresentação do orientador

Conteúdo

• Poemas: “A chuva” e “O passarinho” • Atividade de fauna relacionada aos poemas • Serão apresentadas aos alunos dinâmicas de interação para apresentação do orientador em sala de aula. • Após a aplicação das dinâmicas serão apresentados aos alunos os poemas: “A chuva” e “O passarinho”.

Metodologia

• Os alunos receberão uma folha de tamanho A4 e, com instruções do orientador, irão compor a primeira atividade de fauna relacionada ao poema, através de um signo criado pelos alunos individualmente, irão assinalar ao lado de seu nome. • Obter harmonia e combinação entre orientador e aluno.

Objetivos

• Iniciar o processo de aprendizado sobre a fauna. • Reforçar o entendimento sobre os poemas de uma forma espontânea. • Iniciar os alunos na criação de signos e códigos.

Recursos

• Folhas A4, lápis nº 2 e lápis de cor.

Anexos

• Poema: “A chuva” A chuva sobre o telhado, executa, gota a gota um leve sapateado: plict-plic macio, plict-ploc molhado.

2ª ETAPA

• Artista J.Borges, silhuetas

• Poema: “O passarinho” Um breve voo, um pulinho do ninho pro galho, do galho pro ninho. Um leve bater de asas, assim dança o passarinho, ao som da flauta doce, da doce sinfonia que ele mesmo compõe, que ele mesmo assovia.

• Leitura de obra de arte. Conteúdo

• Escultura. • Coleta de elementos da natureza. • Por meio da leitura de obra de arte, os alunos conhecerão o artista gravurista J.Borges e apreciarão a obra “Passarada”.

Metodologia

• Depois da leitura da obra de arte os alunos, receberão folhas de jornal, onde realizarão esculturas tridimensionais relacionadas com a apreciação da obra de J.Borges. • Em um passeio pela área externa da escola, os alunos coletarão descartes de elementos da natureza para compor um ninho, onde irão descansar suas esculturas tridimensionais. • Conhecer, observar, apreciar obras de arte.

Objetivos

• Trabalhar coordenação motora. • Conhecer elementos de forma natural.

Recursos

• Folhas de jornal, cola, papel alumínio, 1 caixa de papelão média, elementos da natureza. Prefeitura Municipal de Mogi das Cruzes

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3ª ETAPA

• Pintura gestual, céu.

Conteúdo

• Pintura gestual.

Metodologia

• Através de pintura gestual coletiva, instruída pelo orientador, os alunos irão compor uma paisagem de céu.

Objetivos

• Desenvolver a coordenação motora. • Saber utilizar materiais expressivos.

Recursos

• Tinta guache, papel de metro branco e pincel.

4ª ETAPA

• Colagens, elementos da natureza.

Conteúdo

• Leitura de obra de arte. • Conclusão de atividade da 2ª etapa (escultura). • Leitura de obra de arte sobre a fauna da Serra do Itapety.

Metodologia

• Por meio da apresentação de variadas fotografias de fauna da Serra do Itapety, os alunos irão concluir a escultura da 2ª etapa, colando folhas de papel de seda e colorindo com tinta guache. • Conhecer, observar, apreciar obras de arte.

Objetivos

• Trabalhar coordenação motora. • Conhecer materiais expressivos.

Recursos

• Folhas de jornal, cola, papel de seda branco, tinta guache e pincel.

5ª ETAPA

• Gravuras, massa de modelar.

Conteúdo

• Técnica de gravura.

Metodologia

• Através da técnica de gravura com uso da massa de modelar, os alunos irão criar signos e nervuras com elementos da natureza para imprimir na conclusão de atividade das terceira e quarta etapas.

Objetivos

• Trabalhar coordenação motora. • Conhecer elementos de forma natural e materiais expressivos.

Recursos

• Folhas de jornal, massa de modelar, tinta guache e elementos da natureza.

6ª ETAPA

• Teatro de Sombras.

Conteúdo

• Teatro.

Metodologia

• Com o término das atividades anteriores, os alunos realizarão o teatro de sombras. Eles montarão um cenário com o auxílio do material das atividades realizadas em ateliê.

Objetivos

• Participar e assistir um teatro feito com sombras.

Recursos

• Lanternas, barbante, obras de alunos, CDs de áudio com canto da natureza, cola, papel celofane e aparelho de áudio CD.


04 TURMAS DE INFANTIL III 1ª ETAPA: Dinâmica – Poema: “Oleiro”. 2ª ETAPA: Leitura de obra de arte: Nerival Rodrigues. 3ª ETAPA: Modelagem, fauna. 4ª ETAPA: Leitura de obra de arte: Mestre Vitalino. 5ª ETAPA: Silhuetas – fauna e flora. 6ª ETAPA: Teatro de sombras. 1ª ETAPA

• Dinâmica – Poema: “Oleiro”. • Dinâmica de interação, apresentação do orientador.

Conteúdo

• Poema: “Oleiro”. • Atividade de fauna relacionada ao poema. • Serão apresentadas aos alunos dinâmicas de interação para apresentação do professor em sala de aula. • Após aplicação das dinâmicas, será apresentado aos alunos o poema: “Oleiro”.

Metodologia

• Os alunos receberão uma folha de tamanho A4 e, com instruções do orientador, irão compor a primeira atividade de fauna relacionada ao poema, através de um signo criado pelos alunos individualmente, irão assinalar ao lado de seu nome. • Obter harmonia e combinação entre orientador e aluno.

Objetivos

• Iniciar o processo de aprendizado sobre fauna. • Reforçar o entendimento sobre o poema de uma forma espontânea. • Iniciar os alunos na criação de signos e códigos.

Recursos

• Folhas A4, lápis nº 2 e lápis de cor.

Anexos

• Poema: “Oleiro” Eu sou um pássaro chamado João, oleiro de profissão. Gosto do barro, trabalho com ele, componho com ele, construo com ele e a ele me agarro. Eu sou o pássaro João de Barro. e todos me chamam João, João, oleiro de profissão.

2ª ETAPA

• Leitura de obra de arte: Nerival Rodrigues.

Conteúdo

Se quiser eu faço um palhaço de barro, ou se preferir e quiser conduzir, eu farei um carro. Farei um palhaço ou farei um carro, mas tudo que faço é de barro. De barro, para o menino, um palhaço ou um carro eu faço e assino João de Barro.

• Leitura de obra de arte. • Apreciação de imagem. • Com massinha de modelar, os alunos em grupo realizarão a moradia do pássaro João de Barro.

Metodologia

• Através de leitura de obra de arte, os alunos conhecerão o artista Nerival Rodrigues e apreciarão a obra “João de Barro” e imagens do pássaro. • Conhecer, observar, apreciar obras de arte.

Objetivos

• Trabalhar coordenação motora. • Conhecer elementos de forma natural.

Recursos

• Massa de modelar.

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3ª ETAPA

• Pintura gestual.

Conteúdo

• Pintura gestual de paisagem. • Através de leitura de imagem de flora, os alunos irão conhecer e observar a natureza da Serra do Itapety.

Metodologia

Objetivos

• Após a leitura, os alunos realizarão atividade com papel de metro branco, tinta guache e elementos da natureza. Em grupo, eles irão compor suas árvores com técnica de pintura gestual e colagem de elementos da natureza. • Desenvolver a coordenação motora. • Saber utilizar materiais expressivos.

Recursos

• Papel de metro branco, tinta guache e elementos da natureza.

4ª ETAPA

• Leitura de obra de arte: Mestre Vitalino.

Conteúdo

• Leitura de obra de arte.

Metodologia

• Após leitura de obra de arte do Mestre Vitalino, os alunos irão realizar atividade com massa de modelar afim de confeccionar animais da Serra do Itapety. • Conhecer, observar, apreciar obras de arte.

Objetivos

• Trabalhar coordenação motora. • Conhecer materiais expressivos.

Recursos

• Massa de modelar.

5ª ETAPA

• Silhuetas.

Conteúdo

• Leitura de imagem.

Metodologia

Objetivos

• Através de leitura de imagem, os alunos observarão diversas silhuetas e identificarão os animais da Serra do Itapety. • Logo após a leitura, os alunos escolherão uma imagem e, através de molde de fauna e flora com técnica de recorte e colagem, irão adquirir sua silhueta. • Conhecer, observar, apreciar obras de arte. • Trabalhar coordenação motora.

Recursos

• Cola, tesoura, cartolina, cópia de silhuetas e canudinhos.

6ª ETAPA

• Teatro de Sombras.

Conteúdo

• Teatro.

Metodologia

• Com o término das atividades anteriores, os alunos realizarão o teatro de sombras. Eles montarão um cenário com o auxílio do material das atividades realizadas em ateliê.

Objetivos

• Participar e assistir um teatro feito com sombras.

Recursos

• Lanternas, barbante, obras de alunos e CDs de áudio com canto da natureza.


02 TURMAS DE INFANTIL IV 1ª ETAPA: Dinâmica, história: Borboleta. 2ª ETAPA: Leitura de imagem flora. 3ª ETAPA: Escultura. 4ª ETAPA: Leitura de obra de arte: Frans Krajcberg. 5ª ETAPA: Silhuetas. 6ª ETAPA: Teatro sombras da fauna.

1ª ETAPA

• Dinâmica – Poema: “Borboleta”. • Dinâmica de interação, apresentação do orientador.

Conteúdo

• Poema: “Borboleta”. • Atividade de fauna relacionada ao poema. • Serão apresentadas aos alunos dinâmicas de interação para apresentação do professor em sala de aula. • Após aplicação das dinâmicas, será apresentado aos alunos o poema: “Borboleta”.

Metodologia

• Os alunos receberão uma folha de tamanho A4 e, com instruções do orientador, irão compor a primeira atividade de fauna relacionada ao poema, através de um signo criado pelos alunos individualmente, irão assinalar ao lado de seu nome. • Obter harmonia e combinação entre orientador e aluno.

Objetivos

• Iniciar o processo de aprendizado sobre fauna. • Reforçar o entendimento sobre o poema de uma forma espontânea. • Iniciar os alunos na criação de signos e códigos.

Recursos

• Folhas A4, lápis nº 2 e Lápis de cor. • Poema: “A borboleta”

Anexos

A borboleta bole lenta as suas asas, suas antenas. Sobre a flor pousa atenta, repousa e se alimenta. Se encanta e encanta com seus tons, seus azuis. Depois, levanta o seu voo envolta num raio de luz.

3ª ETAPA

• Escultura.

Conteúdo

• Esculturas.

Metodologia

• Após observar imagem de flora da Serra do Itapety, os alunos construirão escultura de paisagens de rios e cachoeiras da Serra do Itapety.

Objetivos

• Saber utilizar materiais expressivos.

Recursos

• Tinta guache, papel de metro branco e pincel.


4ª ETAPA

• Leitura de obra de arte: Frans Krajcberg.

Conteúdo

• Leitura de obra de arte.

Metodologia

• Após a leitura de obra de arte de Frans Krajcberg, os alunos sairão a passeio na área externa da escola e colherão elementos da natureza para realizar a próxima etapa. • Conhecer, observar, apreciar obras de arte.

Objetivos

• Trabalhar coordenação motora. • Conhecer materiais expressivos.

Recursos

• Elementos da natureza.

5ª ETAPA

• Silhuetas.

Conteúdo

• Leitura de imagem.

Metodologia

• Através de amostras de imagens de silhuetas de peixes, os alunos identificarão silhuetas de peixes de água doce e escolherão imagens para criação do teatro de sombras.

Objetivos

• Conhecer, observar, apreciar obras de arte. • Trabalhar coordenação motora.

Recursos

• Cola, tesoura, cartolina, cópia de silhuetas e canudinhos.

6ª ETAPA

• Teatro de sombras.

Conteúdo

• Teatro.

Metodologia

• Com o término das atividades anteriores, os alunos realizarão o teatro de sombras. Eles montarão um cenário com o auxílio do material das atividades realizadas em ateliê.

Objetivos

• Participar e assistir um teatro feito com sombras.

Recursos

• Lanternas, barbante, obras de alunos, CDs de áudio com canto da natureza, cola, papel celofane e aparelho de áudio CD.

06 TURMAS DO 1º ANO 1ª ETAPA: Dinâmica – Poema: “O sapo e a flor”. 2ª ETAPA: Leitura de obra de arte: J.Borges, siluetas. 3ª ETAPA: Arte postal: Fauna. 4ª ETAPA: Silhuetas. 5ª ETAPA: Folha Gravura. 6ª ETAPA: Ilusão das sombras.

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1ª ETAPA

• Dinâmica – Poema: “O sapo e a flor” • Dinâmica de interação, apresentação do orientador.

Conteúdo

• Poema: “O sapo e a flor” • Atividade de fauna relacionada ao poema. • Serão apresentadas aos alunos dinâmicas de interação para apresentação do orientador em sala de aula. • Após aplicação das dinâmicas será apresentado aos alunos o poema: “O sapo e a flor”.

Metodologia

• Os alunos receberão uma folha de tamanho A4 e, com instruções do orientador, irão compor a primeira atividade de fauna relacionada ao poema, através de um signo criado pelos alunos individualmente, irão assinalar ao lado de seu nome. • Obter harmonia e combinação entre orientador e aluno.

Objetivos

• Iniciar o processo de aprendizado sobre fauna. • Reforçar o entendimento sobre o poema de uma forma espontânea. • Iniciar os alunos na criação de signos e códigos.

Recursos

• Folhas A4, lápis nº 2 e lápis de cor. • Poema: “O sapo e a flor”

Anexos

Numa floresta muito grande e cheia de bichos, habitavam várias famílias de animais. Todos cuidavam de suas vidas e da comida também. Os macacos eram os mais alegres, pois estavam sempre brincando e pulando de galho em galho, como se fosse uma festa.Os pássaros regiam a orquestra. Estava um dia o sapo tomando seu banho de sol, quando ouviu que lhe dirigiam a palavra. Logo abriu seus olhinhos procurando quem com ele estaria falando! Eis que vê uma linda flor cor-de-rosa cheia de pintinhas... Assim estava dizendo ela: – Nossa que coisa mais feia! Nunca vi um bicho tão feio! – Que boca tão grande, que pele tão grossa... – Parece até uma pedra, aí parada, sem valor nenhum. – Ainda bem que sou formosa, colorida e até perfumada. – Que triste seria ser um sapo!!! O sapo que tudo ouvia ficou muito triste, pois sempre que via a flor, pensava: – Que linda flor, tão perfumada, que cores lindas, alegra a floresta! Mas a flor agora havia se mostrado, dizendo tudo aquilo do sapo. De repente surge o gafanhoto saltitante e vê a flor, mas não o sapo. A flor, quando o percebeu, ficou tremendo em seu frágil caule. – Meu Deus, que faço agora? O sapo, quietinho, quietinho, não se mexeu, e quando o gafanhoto se aproximou da flor, nhac... o alcançou com sua língua. A flor que já se havia fechado, pensando que iria morrer, abriu-se novamente não acreditando no que havia acontecido. Mas dona árvore que desde o início a tudo assistia, falou muito energicamente e brava lá do seu canto: – Pois é dona flor, veja como as aparências enganam.Tenho certeza que a senhora gostaria mais do elegante e magrinho gafanhoto. No entanto, veja como ele teria sido tão mau com a senhora! Às vezes pensamos e dizemos coisas sobre nossos semelhantes que não são verdadeiras. Precisamos tomar muito cuidado com o que falamos, sabe por que? – Não – dizia a flor ainda tremendo de susto. – Todos nós somos diferentes, de formas diferentes, e até pensamos diferente. – Você sabe que existem também outras formas de se falar? – Não. Não sabia – disse a flor espantada com a sabedoria da árvore. – Pois então minha pequena, da próxima vez que for falar de alguém, pense antes, pois este alguém poderia ser você. – Agora agradeça ao seu amigo sapo o favor que ele lhe fez e também conte aos outros o que aprendeu aqui hoje. Com sua voz fraca a flor disse ao sapo: – Meu amigo, você é, realmente, amigo. Agradeço-lhe ter me salvado do gafanhoto e prometo que nunca mais falarei de ninguém. – Aprendi a lição e dona árvore me ensinou também. Todos os bichos que estavam assistindo bateram palmas.

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2ª ETAPA

• Leitura de obra de arte de J.Borges.

Conteúdo

• Apreciação de imagem de J.Borges.

Metodologia

• Por meio da leitura de imagens, os alunos observarão a obra do gravurista J.Borges e imagens da fauna da Serra do Itapety. • Em uma folha de papel A4, realizarão um esboço da fauna da Serra do Itapety.

Objetivos

• Conhecer, observar, apreciar obras de arte. • Trabalhar coordenação motora.

Recursos

• Folha A4, lápis nº 2, lápis de cor e giz de cera.

3ª ETAPA

• Arte postal.

Conteúdo

• Monotipia

Metodologia

• Os alunos dobrarão uma folha de papel A4 para obter as metades. Através de técnica de monotipia, irão imprimir um desenho, que após a realização da composição será depositado em uma caixa de correio e será destinado aos alunos de outra turma, equivalente a mesma série. • Interagir com salas vizinhas para obter comunicação artística.

Objetivos

• Desenvolver a coordenação motora. • Saber utilizar materiais expressivos.

Recursos

• Tinta guache, papel A4.

4ª ETAPA

• Silhuetas.

Conteúdo

• Fotografia, jornais e revistas.

Metodologia

• Por meio de revistas, jornais e fotografias, os alunos escolherão a imagem que mais lhe chamar atenção para realizar a atividade das silhuetas. • Os alunos recortarão a silhueta da imagem escolhida e colarão em uma folha de papel cartolina, onde recortarão novamente, formando a silhueta.

Objetivos

• Trabalhar coordenação motora.

Recursos

• Recortes de imagens, papel cartolina, cola e tesoura.

5ª ETAPA

• Folha Gravura.

Conteúdo

• Elementos da natureza.

Metodologia

• Nesta atividade, os alunos, em trios, irão compor uma gravura em folha. Um dos alunos deitará em cima de uma folha de metro e os outros dois alunos farão a silhueta do aluno no papel. • Com materiais de tinta guache, nanquim e elementos da natureza, eles irão concluir a silhueta.

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Objetivos

• Trabalhar a coordenação motora.

Recursos

• Tinta guache, papel de metro, nanquim, elementos da natureza, tesoura e lápis.

6ª ETAPA

• Ilusão das sombras.

Conteúdo

• Teatro de sombra.

Metodologia

• Com o término das atividades anteriores, os alunos realizarão o teatro de sombras. Eles montarão um cenário com o auxílio do material das atividades realizadas em ateliê.

Objetivos

• Participar e assistir um teatro feito com sombras.

Recursos

• Lanternas, barbante, obras de alunos e CDs de áudio com canto da natureza.

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Temática II – Mogi das Cruzes: sua gente Esta dimensão teve como orientação a formação cultural da cidade. Para isto, utilizou-se como material de apoio os livros: “Das origens à Festa do Divino”, de José Maria Rodrigues Filho e José de Carlo Filho, Mogi das Cruzes, 2004; “A festa do Divino de Mogi das Cruzes: folclore e massificação na sociedade”, de Fernando Oliveira de Moraes, Ed. Annablume, 2008; “História da Imigração Japonesa em Mogi das Cruzes”, de Mário Sérgio de Moraes, Mogi News, 2008 e “Por dentro das lendas mogianas”, 6 volumes, com lendas da cidade, de Regis de Toledo, Ed. Athena; entre outros. Também foram utilizadas obras de arte de artistas da cidade que retratam festas, como do Divino Espírito Santo, Festas Juninas, Festa de São Benedito, etc. Dentre os quais destacamos Nerival Rodrigues, Cláudio Assis Leme, entre outros. Algumas escolas optaram em trabalhar com obras de Alfredo Volpi, artista que morou por um período na cidade e trabalhou com elementos, como os mastros e bandeirinhas em suas obras, ornamentos utilizados em festas populares no município. Para o fazer artístico, optou-se em trabalhar com as formas e as cores, uma vez que a temática e as representações pictóricas dos artistas apresentam uma riqueza cromática e a utilização de formas variadas, um momento importante para aprofundar o conhecimento nos elementos da linguagem visual e no desenvolvimento da produção plástica do educando. Esta temática foi trabalhada também por todas as escolas participantes, dividida em duas partes. A primeira, já abordada na semana que as unidades dedicaram ao folclore em que foram abordados temas da cultura local com representações de nossas lendas, nossos personagens, nossas festas... A segunda parte ficou para o final, onde foram aprofundados os conhecimentos sobre a formação cultural da população e a mistura étnica da qual nos orgulhamos tanto.

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Temática III – Mogi das Cruzes: sua paisagem Nesta perspectiva, abordou-se a paisagem mogiana por meio das múltiplas paisagens do município e sua paisagem natural cultural. Foram várias as possibilidades apresentadas às escolas, como o cinturão verde, prédios, moradias do centro histórico, estações de trem, etc. Como referência para a pesquisa do tema, utilizamos o livro “Memória fotográfica de Mogi das Cruzes”, de Isaac Grinberg (publicação da Editora ExLibris, de 2001) e as informações contidas no site do Comphap (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural, Artístico e Paisagístico de Mogi das Cruzes), que apresenta as fotos, histórico dos prédios e os monumentos mais importantes do município. No aprofundamento das questões relativas à linguagem visual e da produção artística dos alunos, trabalhou-se a perspectiva linear e tonal e a luz e sombra.

Na prática Após um profundo estudo sobre os patrimônios e monumentos da cidade e a arte postal, decidimos representar nossa cidade por meio de cartões-postais que retratassem paisagens importantes da cidade. O primeiro passo seria o estudo contextualizado do ponto escolhido, depois a confecção dos postais, que quando estiverem prontos serão trocados entre os alunos com suas mensagens. Essa troca poderá acontecer entre escolas ou entre classes. Estes cartões também servirão de esboço para a confecção de um painel, em que cada escola ficará responsável por retratar a cidade pelos olhos das crianças, produzindo assim painéis para a exposição “Retratos de Mogi”.

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3.

O TRABALHO DAS ESCOLAS

O PROJETO COMEÇA A ACONTECER....

A

proposta de trabalhar temas mogianos nas aulas de arte em comemoração aos 450 anos da cidade começou acontecer. Antes de iniciarmos a primeira etapa referente à Mogi: sua Fauna e sua Flora, os monitores procuraram realizar atividades de sensibilização aos assuntos da arte estabelecendo assim os primeiros vínculos com os alunos, procurando atender inicialmente a proposta que a escola vinha desenvolvendo até a sua chegada, finalizando assim as atividades iniciadas. Alguns exemplos desse momento estão registrados ao longo deste capítulo. A seguir, apresentaremos algumas ações educativas desenvolvidas pelas unidades escolares no Projeto de Artes Visuais em 2010. Vale lembrar que esta é uma pequena amostra que não nos permite mostrar toda a grandeza dos resultados apresentados, mas que revelam, pelo menos parcialmente, o trabalho sério, competente e compromissado com o desenvolvimento dos alunos. Este é o fruto de um trabalho que envolveu muitos personagens, como os diretores e coordenadores das escolas, os professores, os monitores de arte, os profissionais da Secretaria de Educação do município, os pais e alunos; o que revela o envolvimento e as significações que o projeto desencadeou.

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CCII PROF.ª ADAHYLA MARQUES CAMPOS CARNEIRO Monitora: Marriete E. de P. Rosa Costa Quando chegou para iniciar sua monitoria, a monitora encontrou uma equipe escolar que queria muito finalizar um projeto já iniciado sobre o desenhista Mauricio de Sousa. Para isso, ela preparou uma sequência que envolveu os personagens das histórias da Turma da Mônica e as releituras realizadas pelo autor de quadros consagrados, em que o artista substituiu os personagens das obras pelos personagens da turma. Este trabalho está registrado no livro “História em Quadrões – Pinturas de Mauricio de Sousa”, Editora Globo. Para dar início às atividades foram escolhidas a obra “Dança dos Camponeses”, de Rubens, e a releitura do quadro feita por Mauricio de Sousa. O objetivo foi realizar um quadro vivo.

Dança dos Camponeses – Rubens

Danças dos Camponeses – Mauricio de Sousa

Na sequência foi realizada a leitura das duas obras reconhecendo os personagens. A atividade foi apresentada aos alunos por meio de uma dinâmica de interação para apresentação do monitor em sala de aula. Para a apreciação das obras foi utilizado o seguinte roteiro: • Quais dos personagens da Turma da Mônica vocês conhecem? • Quem são eles? Como eles são? Quais suas características de personalidade? • Como são suas roupas? O que estão fazendo? • Eles estão na mesma posição que na obra original, no quadro do artista Rubens? • O que tem de igual nos cenários das duas obras? E o que está diferente? • E as cores são iguais? 30

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• Onde está o Cascão, o Cebolinha, a Mônica, o Anjinho, o Franjinha, o Chico Bento e a Rosinha? • Qual deles você queria ser? • Onde está o Bidu? Quem é o dono dele? • E o Sansão ? quem é o dono dele? • Como será o nome do outro cachorrinho? De quem ele é? Depois em uma conversa informal sobre a obra, os alunos demonstraram a curiosidade em saber o que estavam fazendo com o Sansão, por isso foi montado um Sansão em EVA. Assim, foi possível verificar o desenvolvimento coordenador-motor das crianças com a montagem do coelho em EVA. Com a ajuda de acessórios, os alunos remontaram a cena do quadro, realizando assim a dinâmica do “Quadro Vivo”. A atividade foi finalizada com uma grande roda. Para fechar o trabalho iniciado, trabalhou-se ainda com as obras “Caipira Picando Fumo”, de Almeida Júnior, e “Chico Tirando Palha de Milho”, de Mauricio de Souza; utilizando como foco as cores em atividades de colagem e modelagem.

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E.M. PROF. ANTONIO PASCHOAL GOMES DE OLIVEIRA Monitora: Thais Midori Wachi Korin O trabalho inicial desenvolvido na E.M. Prof. Antonio Paschoal Gomes de Oliveira pautou-se na exposição dialogada, análise e reflexão de obras de arte por meio do contato sensível com a temática apresentadas nelas; experimentação de suportes, materiais e recursos plásticos; expressão individual através das produções, mantendo como motivador o tema que a escola estava desenvolvendo. Para isso foi realizada a leitura das obras: “Chico Violeiro”, de Maurício de Souza, e “O Violeiro”, de Almeida Júnior, utilizando a dinâmica “Quadro Vivo”. Os alunos também passaram do meio rural para a obra “João de Barro”, de Nerival Rodrigues, que já fazia parte da sequência que envolvia nossa fauna e nossa flora. A partir daí, os alunos coletaram folhas para elaborar uma composição artística. Na sequência, passou-se ao estudo das pegadas dos bichos que andam pela mata e a partir deste estudo, foi feita a modelagem destas pegadas. O trabalho resultou em belas composições sobre a Serra do Itapety, com folhas, texturas, os bichos e suas pegadas.

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E.M. Dr. SERGIO BENEDITO FERNANDES E.M. NARCISA DAS DORES PINTO Monitoras: Simone Nogalis Neves e Joana D´arc de Camargo Ferre As atividades iniciais foram de intervenção em obra de arte. O trabalho teve início com a escolha da reprodução de uma obra do artista Nerival Rodrigues, selecionada pelo encanto encontrado na beleza, no colorido e na espontaneidade da composição. Ensinar o aluno sobre os períodos históricos e movimentos artísticos não era o objetivo principal dessa atividade, mas essas informações serviram para enriquecer e dar maior bagagem e qualidade ao trabalho do educador. Como primeiro passo foram apresentadas as reproduções de obras de Nerival Rodrigues para os alunos, motivando-os a apreciar as imagens. Ao descrever o que viram, eles teceram comentários sobre o que gostaram ou não, sobre sentimentos e sensações ou mesmo relacionaram com algum fato ocorrido na vida deles. Após a apreciação, os alunos interferiram na obra. Um dos temas trabalhados foi “Tons e Cores”, onde a variedade dos tons e a diversidade de cores que podemos obter quando misturamos uma cor com a outra foi o foco da discussão. Logo após as experiências cromáticas, o assunto passou a ser “a Luz, a cor e a forma”. Com a intenção de mostrar às crianças como é feito um quadro, a aula teve início com a apresentação de diversas obras. Explicou-se que, geralmente, o pintor faz vários rascunhos antes de espalhar as tintas sobre a tela. Para isso, muitas vezes usa-se carvão, mas é com as tintas e o pincel que a pintura vai se formar. Usando um pincel com tinta, mostramos os efeitos que podemos formar de luz, cor e forma, como por exemplo: um pingo, um risco, uma curva, etc. Em seguida, as crianças receberam papel, pincel e tintas guache para realizarem suas obras baseadas nas informações aprendidas.

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E.M. DR. BENEDITO LAPORTE V. DA MOTTA E.M. HÉLIO DOS SANTOS NEVES Monitora: Rosemeire Leite da Silva Gomes Nas escolas citadas acima foram desenvolvidas atividades de exploração do ambiente com uma atividade lúdica de procura dos bichos para identificar os animais da Serra do Itapety. Entre os bichos escolhidos estava a joaninha e cada um dos naimais escolhidos teve uma história a ser contada. A partir daí foram construídos, desenhados, recortados e montados os bonecos do teatro de sombras que foi apresentado posteriormente aos alunos. Outros animais também foram contemplados, como o porco espinho com um origami, as serpentes com modelagens, borboletas em suas paisagens e painéis coloridos, sapos de todos os tipos com suas lendas e canções, a joaninha de volta em um trabalho de assemblagem com o reuso de materiais, as aranhas em gravuras, garças modeladas, as corujas e a partir da leitura da obra “João de Barro” (Nerival Rodrigues) foram construídas esculturas de ninhos com galhinhos. Não ficaram de fora os pássaros e a onça. Depois de tudo isso quem apareceu foi a Caipora que protege a mata e o “Monstro do Apagão”, obra do artista local Bellini Romano, o que possibilitou introduzir questionamentos sobre a preservação da natureza.

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CEMPRE DRª RUTH CARDOSO Monitora: Joana D’Arc de Camargo Ferre Entre as atividades desenvolvidas na escola, está a que teve o ouriço cacheiro como protagonista. Primeiro foi desenvolvida uma dinâmica de interação, depois a apresentação da fábula do ouriço cacheiro e suas caracterísitcas para que as crianças o conhecessem, soubessem como se alimenta, quanto tempo vive, onde faz suas tocas, sobre seus espinhos e predadores. Foram então apresentadas as imagens do animal escolhido e aí partiram para a modelagem em argila do ouriço. Primeiro, fizeram uma bolinha e entenderam que ali estava o corpo do ouriço. Em seguida, apertaram uma parte da bolinha, que ficou saliente e ali foi modelada a cabeça do ouriço, onde colocaram os olhos e as orelhas. O próximo passo foi colocar os espinhos, feitos de palitos de fósforos. Após a confecção, os ouriços foram colocados para secar. As borboletas também foram representadas de forma tridimensional.

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CCIM RICHER ROMANO NETO Monitora: Irani de Araújo Rocha O Projeto de Artes Visuais no Centro de Convivência Infantil Municipal (CCIM) Richer Romano Neto se orientou pelo patrimônio cultural com enfoque nas festas populares e nos adereços utilizados para estes eventos. O trabalho teve início com o estudo sobre a “Festa Junina”, sendo que, em um primeiro momento, foram feitas leituras formais e interpretativas de pinturas de artistas naifs de diversas partes. A proposta foi comparar as imagens e refletir sobre as diferenças e semelhanças entre as festas populares realizadas em zonas rurais e centros urbanos ou entre as festas realizadas em nossa região e as do nordeste do país, entre outras. Após a leitura das obras de arte, os alunos tiveram acesso a textos sobre “Festas juninas e populares” e “Arte Naif” para que ampliassem seu conhecimento sobre estas temáticas. Depois, ouviram músicas com temáticas “juninas”, que serviram de parâmetro para uma ilustração que realizaram. Todas as informações disponibilizadas aos educandos, os textos, as pinturas e as músicas foram desenvolvidas com o intuito da criança ampliar sua percepção sobre esta manifestação popular, pois os diversos estímulos despertaram a compreensão de sua totalidade e significação para o povo. Na terceira etapa, foi realizada a leitura das obras: “Festa de Santo Antonio”, de Nerival Rodrigues e “Noivos a cavalo” e “Violeiros”, do Mestre Vitalino, um dos principais artistas da cerâmica figureira popular de nosso país. Sua obra tem o reconhecimento nacional e internacional, retratando pelo barro modelado cangaceiros, retirantes, vaqueiros, violeiros, mulheres, crianças, cenas cotidianas de festas populares, procissões, entre outras temáticas, que se inspiravam no povo e na cultura da cidade de Caruaru (Pernambuco) e do nordeste brasileiro, local em que viveu e trabalhou. O trabalho desenvolvido nesta atividade, após a leitura das imagens, foi listar junto aos alunos os elementos que apareciam nas imagens e que caracterizavam uma festa junina. A partir daí cada aluno escolheu um destes elementos para compor com argila a sua escultura. Na semana seguinte, com as esculturas já secas e finalizadas, os educandos pintaram as figuras modeladas com tinta guache, que foi coberta depois por cola branca para dar acabamento e brilho, aproximando sua produção dos efeitos plásticos utilizados pelo Mestre Vitalino. Para finalizar a atividade, montou-se uma exposição com os trabalhos dos alunos, em que foram apresentadas fichas indicativas para cada obra com o nome do autor, a técnica utilizada, etc. Esta mostra foi importante para que as crianças valorizassem a sua produção individual e a dos colegas. Também foram convidados para a visitação as outras salas, os funcionários da escola e a equipe diretiva. Esse processo foi ampliado com uma mostra para os pais.

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CCII PROFª HAYDEE BRASIL DE CARVALHO Monitora: Ana Carolina Coelho Oliveira No Centro de Convivência Infantil Integrado (CCII) Profª Haydee Brasil de Carvalho, o trabalho com os cartões-postais se desenvolveu com salas de Infantil I e II. A primeira etapa do projeto iniciou-se com a leitura da lenda “O baile de carnaval”, do livro “Por dentro das lendas mogianas”, de Regis de Toledo, que relata a historia de um baile de carnaval que acontecia no Mercado Municipal de Mogi das Cruzes no final do século XIX. Esse procedimento teve como objetivo aproximar os educandos da cultura popular da cidade como forma de reconhecer e apreciar as lendas por meio de suas próprias emoções. A participação dos alunos na atividade foi dinâmica, pois cada um recebeu um acessório para utilizar durante a leitura da lenda, como máscaras, colares, etc, para que se sentissem inseridos na história. Na segunda etapa, abordou-se a história do Mercado Municipal, as modificações que o prédio sofreu, sua importância para a história e economia da cidade, entre outros aspectos. O objetivo foi aproximar as crianças da história de sua cidade, de seus prédios, de sua produção agrícola, etc. Em seguida, os alunos receberam imagens fotográficas internas e externas do Mercado Municipal (ver fotos abaixo) para desenvolver um protótipo de um cartão-postal, utilizando materiais diversos, como guache, tinta acrílica, etc.

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Algumas imagens que serviram de referência para os alunos realizarem sua produção artística:

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ESCOLA MUNICIPAL PROFª IVETE CHUERY VIEIRA TORQUATO VICCO E ESCOLA MUNICIPAL RURAL PROF. HORÁCIO DA SILVEIRA Monitora: Andrea Maltez O trabalho com cartões-postais nas escolas municipais Profª Ivete Chuery Vieira Torquato Vicco e Prof. Horácio da Silveira (Rural) foi desenvolvido com alunos do 1º ano à 4ª série do Ensino Fundamental. Iniciou-se o processo com a apresentação de várias imagens do patrimônio histórico de Mogi das Cruzes e a história de cada local ou monumento abordado na atividade. O objetivo foi proporcionar aos alunos a aproximação dos espaços públicos mais representativos de sua cidade, como também de sua produção agrícola e suas festas populares, como a Festa do Divino Espírito Santo, entre outras. Na segunda etapa a monitora explicou aos alunos qual a função e o potencial comunicativo de um cartão-postal, suas dimensões, etc, para, posteriormente, apresentar os edifícios ou monumentos selecionados pelos estudantes para continuar o projeto. Na Escola Municipal Profª Ivete Chuery Vieira Torquato Vicco, os prédios escolhidos para o desenvolvimento do cartão-postal foram a Escola Estadual Cel. Almeida e a Igreja da Matriz de Sant´Anna. Algumas das reproduções fotográficas apresentadas aos alunos neste primeiro momento:

Igreja Matriz de Sant’Anna Esta edificação foi construída em 1952, quando a parede lateral da antiga Igreja Matriz, construída em 1902, em homenagem à padroeira da cidade, Sant’Anna, começou a ruir. Localiza-se na praça Coronel Almeida, local onde está o “Obelisco”, monumento que está instalado no “marco zero” da cidade.

Escola Estadual “Cel. Benedito de Almeida” Prédio construído em 1901 para abrigar uma escola, que até hoje mantém as características originais da arquitetura escolar paulista presente em muitas edificações escolares do início do século XX. Localiza-se na praça Coronel Almeida, no centro da cidade, sendo seu projeto arquitetônico de autoria de José Van Humberg. 44

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Já na Escola Municipal Rural Prof. Horácio da Silveira, a atividade teve continuidade com foco no Casarão do Chá.

Casarão do Chá O Casarão do Chá é uma construção representativa da cultura japonesa em nossa região. Foi erguido em 1942 para abrigar uma fábrica de chá. Localiza-se no bairro de Cocuera, local em que ocorreu uma significativa concentração de imigrantes japoneses em nossa cidade.

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ESCOLA MUNICIPAL DR. MILTON CRUZ Monitora: Ana Carolina Coelho Oliveira Na Escola Municipal Dr. Milton Cruz, o espaço cultural escolhido para trabalhar a paisagem da cidade foi o Parque Centenário da Imigração Japonesa com o objetivo de proporcionar aos educandos a aproximação de espaços culturais e de lazer representativos de nossa cidade e da diversidade cultural que constituiu nossa cultura. Iniciou-se a atividade com a montagem de quebra-cabeças com imagens diversas do Parque Centenário para que, posteriormente, fosse feita uma exposição das imagens fotográficas. A proposta foi de que esse material servisse de referência para contar um pouco da história do parque, o objetivo de sua construção, entre outros aspectos. Na segunda etapa, os alunos escolheram uma das imagens trabalhadas em sala para realizar um desenho de observação com vistas a desenvolver um protótipo de cartão-postal. Neste momento, a monitora explicou a importância do postal como meio de comunicação e de divulgação das paisagens, edificações, etc, que constituem a história e a cultura de uma localidade. Para encerrar o processo, os alunos escolheram uma imagem para realizar uma produção coletiva em grupos, que poderia ser em papel manilha ou em tela, utilizando a tinta guache e/ou acrílica, momento em que todos puderam participar efetivamente.

Algumas fotos que foram trabalhadas no projeto:

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ESCOLA MUNICIPAL DOM PAULO ROLIM LOUREIRO Monitora: Thais Midori Wachi Korin Na Escola Municipal Dom Paulo Rolim Loureiro e sua classe vinculada, o projeto “Paisagens mogianas” iniciou-se com a apresentação de cartõespostais com obras de Tarsila do Amaral e de Nerival Rodrigues, artista plástico que reside em Mogi das Cruzes. Na continuidade, realizou-se uma visita à Capela de Santo Ângelo, espaço cultural que foi abordado no projeto, momento em que foi feita uma breve explanação sobre a história do local e observou-se os detalhes da construção, fragmentos da edificação que foram contemplados na sequên­ cia didática desenvolvida em sala. O início do processo do fazer artístico foi por meio da realização de um cartão-postal, sendo que para isso os alunos receberam uma folha com o verso previamente impresso (com o espaço para o selo, linhas para a escrita, etc.) para que fizessem um desenho na outra página, sendo que cada grupo utilizou um fragmento diferente na sua efetivação. Após a realização da atividade individual, os alunos, agora divididos em grupos, fizeram a ampliação de uma imagem da capela por meio de retroprojetor para posteriormente trabalharem de forma criativa a forma representada. Este trabalho serviu de referência para finalizar a sequência didática deste projeto: a pintura de uma tela realizada por cada grupo.

Capela de Santo Ângelo A Capela de Santo Ângelo foi fundada em 1738 pela Ordem dos Carmelitas. É uma edificação que se destinava a cultos religiosos e para a hospedagem de seus devotos, que no mês de maio se locomoviam até a Capela para as festividades comemorativas do santo. Em sua construção foi utilizada a técnica da taipa de pilão, que consiste em comprimir a terra em formas Detalhes da Capela de Santo Ângelo

de madeira semelhante a uma grande caixa, uma maneira rudimentar de construir paredes e muros. Localiza-se na Estrada das Varinhas, no Bairro de Santo Ângelo, em Mogi das Cruzes.

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ESCOLA MUNICIPAL JOSÉ ALVES DOS SANTOS E ESCOLA MUNICIPAL RURAL GERALDA FERRAZ DE CAMPOS Monitoras: Irani de Araujo Rocha e Sandra Marcondes da Silva As escolas municipais José Alves e Geralda Ferraz de Campos (rural) basearam seu trabalho no patrimônio da cidade na Serra do Itapety, com vistas a ampliar o conhecimento dos alunos sobre sua fauna e sua flora. As atividades foram orientadas objetivando propiciar aos educandos o gosto pela linguagem plástica, pela arte de um modo geral, pela cultura local e pelo respeito ao patrimônio e a preservação da natureza. Nesse sentido, algumas espécies foram escolhidas para a sequência didática desenvolvida no projeto, como a joaninha, as borboletas e o porco espinho, sendo que este último foi abordado com as sete salas do primeiro ano do ensino fundamental, trabalho que apresentaremos os resultados a seguir. No início do projeto apresentou-se aos alunos a canção popular “Abre a roda tindolelê” e a leitura e releitura das obras “Dança dos bichos” e “Ciranda das crianças”, do artista plástico J. Borges. É importante destacar que o trabalho de J. Borges é realizado utilizando a xilogravura, técnica de gravura pouco divulgada, que possibilitou a ampliação do repertório cultural dos alunos, além de apresentar aos educandos uma nova maneira de se expressar plasticamente. Na segunda etapa, o foco foi a diversidade da fauna presente na Serra do Itapety. Foram utilizadas fotos de pássaros, sapos, joaninhas e lagartas para fazer uma leitura formal das imagens com ênfase nas cores. Após essa dinâmica, os alunos selecionaram tintas para produzir uma obra abstrata, atividade que denominamos “pintura surpresa”, pois a tinta foi despejada no papel de forma aleatória e espalhada com o auxílio das mãos ou de espátulas para produzir efeitos plásticos e perceber a mistura das cores e os efeitos que elas causam. A terceira etapa iniciou com a leitura formal e interpretativa da obra “Paisagem com pássaros”, de Paul Klee e a projeção do vídeo “Voa, voa passarinho”, composto pela música de Francis Monteiro e de desenhos de Paulo Zola, como forma de abordar os pássaros da Serra do Itapety, Na continuidade, propomos às crianças que criassem uma cena noturna, inspiradas na obra de Paul Klee, utilizando pássaros e a paisagem (árvores, plantas, flores, montanhas etc.). Para isto, os alunos receberam uma folha preta, para que colassem os elementos que tinham desenhado em outra folha e recortado sua silhueta, processo este que proporcionou a criação de uma imagem que possibilitou uma sensação de uma paisagem noturna. 50

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Na quinta etapa, foi realizada uma leitura e releitura de imagens fotográficas do porco-espinho, animal encontrado na Serra do Itapety. Além das imagens, lemos e debatemos “A lenda do porco-espinho”. Como na sequência da atividade os alunos iriam realizar uma produção plástica por meio da modelagem em argila com o tema porco-espinho, apresentou-se algumas obras do Mestre Vitalino para que observassem a técnica do artista, como também para conhecer um dos mais representativos artistas da cultura popular e da modelagem de nosso país. Com as referências já apresentadas, os educandos criaram suas modelagens em um processo de liberdade de expressão, de criatividade e de desenvolvimento de habilidades motoras, saberes que a técnica da modelagem tem como potencial desenvolver. Para encerra o projeto foi realizada uma exposição dos trabalhos dos alunos com o objetivo de socializar para as demais salas da escola a produção artística dos pequenos artistas. Este momento foi fundamental para que os educandos relembrassem, por meio da visitação, todo o processo criativo que vivenciaram, como também para observar, apreciar, reconhecer e valorizar sua produção artística individual e do coletivo de sua sala de aula.

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ESCOLA MUNICIPAL PROFª MARIA APARECIDA PINHEIRO VOLPE Monitora: Amarílis Neme Carrasco A Escola Municipal Profª Maria Aparecida Pinheiro Volpe teve como proposta mostrar um pouco da história da cidade por intermédio de lendas e de monumentos expostos em espaços públicos. O objetivo foi contribuir para o desenvolvimento e a formação de um ser humano mais sensível com um olhar mais crítico frente à paisagem da cidade e que seja capaz de apreciar, respeitar e preservar toda a riqueza presente na cultura e nos espaços mogianos. Para iniciar o projeto, fez-se a leitura de três lendas, sendo uma de repercussão nacional e outras duas da cultura popular local. “A lenda do saci-pererê” foi a primeira a ser lida com os alunos, que também apreciaram a obra “Saci e caipora”, do artista plástico Abraão Batista, utilizada como parâmetro para a realização de uma releitura com a modelagem em argila para representar este importante personagem do folclore brasileiro. As outras lendas que deram continuidade ao processo educativo “A cobra Boygi” e “A lenda da Biquinha” fazem parte da cultura local, ou seja, são lendas mogianas, que contemplam um pouco da história da cidade e de espaços públicos que hoje já não fazem parte da paisagem da cidade. “A cobra Boygi”, que, segundo a crença popular, deu origem ao nome da cidade, foi apresentada aos alunos por meio de encenações com a utilização de chocalhos indígenas, instrumentos que compõem a cultura indígena, uma referência aos índios residentes na região e que são referendados na história. Encerrada a leitura, os educandos fizeram pinturas com giz de cera e com colagem de papéis diversos para construir coletivamente uma cobra gigante, produção que foi exposta no pátio da escola. Já “A lenda da Biquinha”, espaço que no início do século as mulheres utilizavam para lavar as roupas, foi apresentada com o intuito de ampliar o conhecimento sobre a paisagem da cidade no início do século XX, o que se efetivou com a leitura formal e interpretativa desta nascente que se situava em um terreno baldio no início da Rua São João, em frente onde hoje se encontra o Hospital Mogi D’Or, antiga Maternidade da Mãe Pobre. Também utilizou-se a pintura à óleo “Lavadeiras na biquinha”, de Norberto P. Duque, importante artista plástico local, que tem, em parte de sua obra, a representação plástica de paisagens diversas da cidade. A terceira etapa do projeto consistiu em apresentar slides sobre a paisagem de Mogi das Cruzes e dos monumentos que a escola iria representar na atividade de cartões-postais, sendo: “O obelisco”, o “Bandeirante”, do artista Belini Romano e a “Pirâmide humana”, de Lúcio Bittencourt.

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Monumentos: Pirâmide Humana Escultura com mais de cinco metros de altura, a “Pirâmide Humana”, obra do artista plástico mogiano Lúcio Bittencourt, está localizada na Av. Ver. Narciso Yague Guimarães, próximo ao Mogi Shopping e à Universidade de Mogi das Cruzes. Tem como inspiração a união dos povos, representando a diversidade das culturas que formaram nossa cidade. O material empregado foi o aço inoxidável, pensando aproximadamente 2 toneladas. Foi uma doação do Grupo Samed ao município.

Obelisco Este monumento localiza-se na Praça Coronel Almeida, no centro da cidade, local que pode ser considerado o “marco zero” de Mogi das Cruzes. Foi inaugurado em 1º de setembro de 1935, durante as festividades do aniversário da cidade, pelo prefeito João Cardoso Pereira.

Bandeirante De autoria do artista plástico mogiano Belini Romano, o monumento Bandeirante é uma obra com 13 metros de altura e cinco de largura, tendo como material o aço inoxidável. Se reporta ao bandeirante Gaspar Vaz que, em 1º de setembro de 1560, iniciou o povoamento de nossa cidade. Foi doada ao município pela empresa Aços Vilares, em comemoração aos seus 40 anos de funcionamento no município. Localiza-se na Rodovia Mogi-Dutra, sendo o cartão-postal para quem chega na cidade.

A leitura de imagem se amparou no método comparativo de Feldmann, que propõe a utilização de uma ou mais imagens para que se estabeleça uma comparação em seus aspectos estruturais da forma, expressivos, entre outros. Este trabalho foi feito por meio da confrontação de imagens fotográficas do início do século XX e do período atual das ruas, edificações e espaços públicos de Mogi das Cruzes. O encerramento do projeto foi marcado pela releitura das imagens dos monumentos, que foram fonte de inspiração para a produção dos cartõespostais realizados pelos alunos.

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ESCOLA MUNICIPAL BENEDITO FERREIRA LOPES Monitora: Roseli de Alcântara O trabalho com cartões-postais executado na Escola Municipal Benedito Ferreira Lopes referenciou um dos espaços mais representativos do Patrimônio Histórico, Cultural e Arquitetônico de Mogi das Cruzes, as Igrejas do Carmo e o seu entorno. O início do processo foi desencadeado pela observação e leitura de imagens fotográficas do Largo do Carmo e das Igrejas da Ordem Primeira e Terceira com o objetivo de desenvolver nas crianças uma visão crítica sobre a necessidade de preservação do patrimônio público da cidade. Foram expostos aos estudantes dados históricos das Igrejas, os processos de restauração que passaram, sua localização, as características arquitetônicas das edificações, entre outros. As imagens utilizadas foram fotografias de Anderson Capobianco.

Fotografias de Anderson Capobianco – Largo e Igrejas do Carmo

Com as imagens fotográficas disponíveis, os alunos escolheram um fragmento de algum aspecto que lhes chamou a atenção para criarem o seu cartão-postal, inspirados no detalhe selecionado. Na segunda etapa, foram apresentadas duas obras que retratam as Igrejas do Carmo, pintadas por dois artistas mogianos de destaque no contexto artístico da cidade: Nerival Rodrigues e Kikko Mello. No processo de releitura da obra “Igrejas do Carmo”, de Kikko Mello, os alunos utilizaram uma lixa preta grossa, material destinado à construção civil, colorindo a sua superfície, produzindo um efeito plástico e texturado.

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ESCOLA MUNICIPAL PROFª WANDA DE ALMEIDA TRANDAFILOV Monitora: Ângela Fernanda Sandoval A abordagem envolvendo o patrimônio e a paisagem de Mogi das Cruzes na Escola Municipal Profª Wanda de Almeida Trandafilov, num primeiro momento, destacou um espaço cultural importante da cidade até meados da década de 1980: o Cine Urupema, que se localizava no início da Avenida Voluntário Fernando Pinheiro Franco. O cinema era um exemplar de destaque das edificações destinadas à projeção de filmes que se espalharam em muitas cidades de nosso país no século XX e que, hoje, grande parte destas edificações já não se destinam mais ao lazer. Foram utilizadas fotografias antigas que mostram como era o cinema na época e também seu entorno com construções que constituíam a paisagem do centro da cidade nas décadas de 1970 e 1980.

Fonte: Comphap (Mogi das Cruzes - SP)

Os alunos receberam algumas reproduções das fotos do Cine Urupema para realizar uma releitura da imagem, atividade que teve seu desenvolvimento por meio da pintura e da colagem de papéis diversos para compor a criação, conforme podemos verificar nos desenhos abaixo.

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Em um segundo momento, foram apresentadas várias fotografias que retratam a paisagem urbana de Mogi das Cruzes na atualidade e de outras épocas. Elas serviram de referência para a elaboração de uma composição plástica, que utilizou um papel preparado pelos alunos com manchas e geometrizações com cores em tonalidades claras, realizadas por meio de um pedaço de algodão umedecido com água para absorver a tinta do papel crepon, base esta que serviu de fundo para a composição das crianças. O resultado pode ser contemplado nos desenhos apresentados abaixo.

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ESCOLA MUNICIPAL PROF. JOÃO GUALBERTO MAFRA MACHADO Monitora: Sandra Regina Calistrato Kakagawa Os espaços culturais contemplados no projeto de Artes Visuais pela Escola Municipal Prof. João Gualberto Mafra Machado foram: a escultura “O soldado”, de Maurício Chaer, um casarão antigo localizado na “Praça dos Veteranos de Guerra” e a Estação Ferroviária de Jundiapeba.

Maurício Chaer é um dos principais artis-

A Estação Ferroviária de Jundiapeba foi inaugurada em 1914 com o

tas contemporâneos de Mogi das Cruzes

nome de Santo Ângelo. Em 1950 passou a se chamar Jundiapeba. É

com obras expostas em diversos espaços

uma edificação que ainda preserva boa parte de sua arquitetura origi-

públicos da cidade. A obra “O soldado”,

nal, construção típica do início do século XX nas estações de trem do

em cerâmica, está localizada na Praça Ve-

Estado de São Paulo, principalmente no trecho entre Mogi das Cruzes

teranos de Guerra, em Jundiapeba.

e São Paulo. Atualmente é uma estação que atende aos trens da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos – CPTM.

Na primeira fase apresentou-se a escultura “O soldado” e os espaços públicos, todos localizados no centro do Distrito de Jundiapeba, por meio de imagens fotográficas e explanação sobre a história, as características, sua importância para o distrito e para o município, etc. Essa dinâmica teve como objetivo desenvolver um processo de análise e interpretação das imagens, o que foi efetivado pela leitura formal dos elementos da linguagem visual e pela análise interpretativa das reproduções. Em seguida, os educandos visitaram o local onde se encontram a obra e as edificações abordadas no projeto para que pudessem ter contato direto com os originais, pois essa aproximação proporciona a possibilidade da construção de um olhar diferenciado frente à escultura e os prédios, uma vez que todos estão inseridos em um espaço comum, constituindo um contexto junto ao seu entorno. Além disso, é preciso destacar que o con-

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tato com a obra e os espaços propicia uma aproximação que a reprodução fotográfica não consegue revelar, como a textura, as dimensões, etc., como também a construção de uma percepção crítica e de valorização perante os monumentos e as edificações de relevância cultural e histórica que compõem a paisagem urbana do local onde vivem. Na segunda etapa, os educandos tiveram contato com cartões-postais de obras do artista plástico Nerival Rodrigues que retratam o município, para que, posteriormente, confeccionassem os seus próprios cartões, tendo como referência os espaços culturais e históricos localizados em Jundiapeba trabalhados até o momento. A finalização do projeto consistiu na escolha de um dos cartões elaborados por cada sala de aula para que fosse realizado um painel, atividade que foi realizada por todos os alunos de cada sala.

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ESCOLA MUNICIPAL PROFª CENIRA ARAÚJO PEREIRA Monitora: Roberta Maria Teresa Sammut Na Escola Municipal Profª Cenira Araújo Pereira, o trabalho teve início com a história da cidade, dando ênfase à lenda da “Cobra Boygi”, que explana sobre a origem do nome da cidade. Em um segundo momento, os alunos fizeram a leitura de obras de arte da artista naif Aracy, que retrata em seus trabalhos cenas cotidianas, aspectos da cultura do povo, entre outros. Foi escolhida uma das pinturas da artista que tinha como temática as pipas, obra que foi apreciada nos seus elementos formais e interpretativos com o intuito de refletir junto às crianças sobre as brincadeiras populares. Este processo foi finalizado com a confecção de pipas pelos estudantes. O terceiro momento constituiu-se na apreciação da escultura “Mãe grávida”, de Manabu Mabe.

Monumento: Mãe Grávida Este monumento foi criado no ano de 1969, data em que comemorou-se o cinquentenário da Imigração Japonesa, sendo fruto da iniciativa da Sociedade dos Agricultores de Cocuera, local onde está exposta. É uma cerâmica de autoria de Manabu Mabe, imigrante japonês naturalizado brasileiro, um dos principais expoentes do abstracionismo no Brasil e com obra reconhecida internacionalmente. Para alguns estudiosos, a obra se reporta à gestação, como uma referência simbólica à fertilidade do solo e a agricultura, que tem forte participação da colônia japonesa em nosso município.

Esta obra foi a referência para a elaboração dos cartões-postais dos alunos, que observaram e estudaram as formas e a geometrização, elementos visuais que mais se evidenciam no trabalho.

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E.M. PROFª CYNIRA OLIVEIRA DE CASTRO E.M. (R) PROF.ª ANA MARIA DE AZEVEDO VINE CARRARE Monitora: Ellen Cristina de Castro Silva. Nas escolas municipais Prof.ª Cynira Oliveira de Castro e (R) Profª Ana Maria de Azevedo Vine Carrare, o trabalho com os patrimônios do município já havia começado com o estudo do Hino a Mogi das Cruzes. A monitora então associou-se à ideia da escola e seguiu com o projeto trabalhando com ilustrações, composições artísticas, interpretações e a associação dos versos do hino com as técnicas artísticas. Assim por decisão da monitora, ao iniciar as atividades dos postais optouse por escolher um retrato da cidade para cada uma das séries, como segue: • Casarão do Chá. • Praça dos Imigrantes. • Expedicionários. • Estação Ferroviária. • Theatro Vasques. • Mercado Municipal. • Cerejeiras – Praça Norival Tavares. • Cinemas. • Bandeirante. • Igrejas do Carmo. • Largo do Bom Jesus. • Obelisco. • Pirâmide Humana. • Prefeitura com chafariz. Para que fosse desenvolvido o conhecimento sobre o valor histórico e cultural, formando uma visão crítica sobre a necessidade de preservação do Patrimônio Público, cada um dos pontos que compõem a paisagem da cidade foi tratado com profundidade e obedecendo uma sequência de atividades. Por exemplo, no trabalho que teve como foco a Prefeitura de Mogi das Cruzes e o chafariz localizado logo a sua frente, foram apresentadas fotos antigas e atuais do prédio. Após a apreciação e discussão sobre este material, foi realizada uma leitura comparativa entre as informações visuais antigas e atuais. Em seguida, os alunos puderam representar o prédio e o monumento escolhido com técnicas variadas, utilizando para isso materiais variados de sua escolha. 62

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Imagem atual (ao lado). Imagens antigas (abaixo) gentilmente cedidas pelo COMPHAP (Conselho Muncipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural, Artístico e Paisagístico) de Mogi das Cruzes.

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O SENTIDO DO PROJETO: RELATO DE UMA DIRETORA DA REDE MUNICIPAL Descobrindo Mogi através das Artes Visuais

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projeto de Artes Visuais foi implantado pela Secretaria Municipal de Educação, através de seu Departamento Pedagógico, para assessorar as Escolas Municipais que desenvolviam o projeto. É realizado sob a coordenação dos professores Francisco Carlos Franco e Kátia Cilene de Mello Franco, que a princípio orientavam as equipes escolares na execução de seus projetos pedagógicos, utilizando as artes visuais como ferramenta para tornar o processo de ensino-aprendizagem mais prazeroso. A partir do ano de 2010, esse mesmo projeto ganhou cara nova, foi ampliado e reformulado para melhor atender as escolas e suas especificidades. Atualmente conta com o apoio de monitores de Artes Visuais, que semanalmente assessoram os professores e juntamente com os alunos, desenvolvem atividades dentro da abordagem triangular (que compreende os três eixos norteadores para a aprendizagem em Artes: contextualizar, apreciar e fazer), visando ao aprimoramento das capacidades de expressão e o desenvolvimento intelectual, social e cultural. Nossa escola recebeu a monitora Amarilis Neme Carrasco, que já atua como professora de Artes Visuais em uma escola da rede particular de ensino, portanto possui bastante dinamismo e têm enriquecido as aulas de artes, trazendo recursos diferenciados dentro de um contexto interdisciplinar. Consideramos o trabalho de Artes importantíssimo dentro do contexto educativo. As atividades artísticas quando bem planejadas e aplicadas ampliam a visão de mundo e contribuem para a construção de conhecimentos e a aquisição de informações importantes para a formação cultural e artística do aluno.

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A monitora Amarilis desenvolveu e planejou suas atividades a partir do tema “Retratos de Mogi” em comemoração ao aniversário de 450 anos de Mogi das Cruzes. A partir deste tema, foi possível explorar uma série de conteúdos interessantes a respeito de nossa cidade, como a fauna e flora, paisagens naturais e paisagens urbanas, monumentos históricos, lendas, entre outros assuntos. A observação de imagens, seja a partir de obras produzidas por artistas ou simplesmente imagens de lugares, estimula o aluno a decodificar a mensagem, contribuindo para a ampliação de um outro olhar, mais rico de detalhes e informações. Todo esse trabalho tem trazido para nossa escola resultados bastante positivos, o que já podemos perceber nas atividades produzidas pelos alunos, como melhor exploração espacial, traçados bem definidos; enfim, produções cada vez mais ricas em detalhes, atendendo nossa expectativa de integrar o ensino de Artes Visuais à educação como um todo, contribuindo para o desenvolvimento pleno do aluno.

Marcia Ferreira dos Santos Stanziola E.M. Profª Maria Aparecida Pinheiro Volpe

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DEPOIMENTOS DOS MONITORES: UMA EXPERIÊNCIA SIGNIFICATIVA

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relato dos monitores evidencia o alcance das ações do Projeto de Artes Visuais em 2010. Diante de depoimentos tão emocionados e reveladores das aprendizagens dos educandos e do envolvimento das escolas participantes do projeto, decidimos, embora de maneira sintética, mostrar um pouco das percepções dos monitores frente às suas vivências e experiências no desenvolvimento das ações educativas em arte nas escolas municipais. Um dos aspectos que merece destaque foi a satisfação e a realização pessoal e profissional que constatamos nos relatos dos monitores, dentre os quais encontramos: É muito interessante a inteligência, o interesse destas crianças em aprender, em conhecer. É o fascínio da criança, a curiosidade que elas têm é de se admirar. Assim o trabalho flui, pois ambas as partes estão em harmonia. [...] Nossas atividades acabam num piscar de olhos, são trinta minutos de muito conhecimento, de troca de experiências. Acredito que seja este o caminho para uma aprendizagem significativa. (Ana Carolina Coelho Oliveira) Minhas crianças são uma delícia. Quando chego é uma festa, parece um coro: “A professora de arte chegou! A professora de arte chegou!” Nos corredores quando passo é a mesma alegria. As manifestações de carinho e alegria são contagiantes e emocionantes. Aqueles olhinhos prestando atenção, curiosos por saber, esses momentos realmente são preciosos tanto para mim quanto para eles. (Amarílis Neme Carrasco)

Também interessante é o sentimento de satisfação e de reconhecimento como profissional por parte dos alunos, dos professores e de outros profissionais da educação, que constatamos no discurso de alguns professores, dentre os quais destacamos: A atividade das bolhas de sabão coloridas foi uma das mais lindas e gratificantes. Foi formidável ver a expressão fascinada no rosto das crianças quando as bolhas cristalinas que flutuavam preguiçosamente, de repente, explodiam em cores nas folhas de papel.Tão maravilhosa quanto a das crianças foi a reação dos professores e até dos demais funcionários da escola, que também apreciaram muito a atividade e fizeram a gentileza de me dizer isso. (Thais Midori Wachi Korin)

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Em alguns momentos, eles descreveram situações que revelam relações afetivas significativas entre os monitores e os alunos, aspecto fundamental para que os processos de ensino-aprendizagem se desenvolvam de forma significativa, o que podemos verificar nos depoimentos a seguir: Os alunos receberam a atividade com euforia. Eles desconheciam os mascotes das copas anteriores, por este motivo ficaram encantados com eles. [...] O que me chamou a atenção foi uma aluna que fez a mascote “Ellen”. Pedi que todos fizessem pensando em algo que representasse o Brasil e ao questioná-la sobre o desenho, ela disse que fez a “Ellen” porque sou brasileira e legal. Uma resposta simples, mas muito expressiva. Escolher a professora para representar a copa demonstra afeto e isso é para mim de grande importância profissional e pessoal. Foi muito prazeroso. (Ellen Cristina de Castro Silva) As atividades de textura e enquadramento... As crianças saíram pela escola procurando texturas, ângulos diferentes. Foi muito bom ver eles curiosos descobrindo no seu cotidiano novos olhares. Todos os alunos se envolveram com alegria na atividade. (Ângela F. Sandoval) O prazer e a motivação dos alunos em aprender arte estão presentes na descrição de situações de aprendizagem realizadas pelos monitores, dentre as quais: No meu horário de almoço, dentro de um restaurante próximo à escola, me deparei com uma mãozinha que acenava de longe. Era um aluno do Infantil III. Quando me aproximei, ele estava acompanhado pelos pais e a mãe perguntou: “Você é a professora de arte?” Eu respondi que sim e ela relatou para mim, a professora e a diretora que me acompanhavam, que seu filho ultimamente conversava muito sobre arte e que depois da construção da “peteca”, ele não queria mais ser bombeiro, queria ser artista porque poderia fazer muitas coisas legais. Aquelas palavras da mãe do aluno, que sorria enquanto falava, me emocionaram e pensei o quanto estava sendo importante como monitora de arte para aquela criança. (Sandra Calistrato Nakagawa) Encontrei um dos aluninhos na rua empinando pipa, ele me contou que depois da aula de escultura em argila, já fez várias esculturas em sua casa com argila que pega na olaria que tem próxima à escola. (Roberta M. T. Sammut) Uma situação interessante foi na aula em que fizemos a modelagem do ouriço. Uma aluna terminou o trabalho e de repente começou a chorar. Me aproximei preocupada e perguntei o que aconteceu, e ela me disse: “É que ficou tão bonito, que eu quis chorar”. (Joana D’Arc de Camargo Ferre) Os relatos dos monitores evidenciam o sentido e o significado que a experiência em atuar no projeto de Artes Visuais junto às escolas da Rede Municipal de Ensino de Mogi das Cruzes lhes proporcionou. Experiência que, segundo observação das próprias monitoras, foi de grande importância em sua trajetória pessoal e profissional.

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A FORMAÇÃO CONTINUADA PARA O ENSINO DE ARTES VISUAIS EM 2010: RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA Prof. Francisco C. Franco

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o primeiro semestre de 2010, foi desenvolvido um curso de formação para profissionais das escolas que participam do projeto de Artes Visuais. Os docentes foram indicados pelas unidades escolares, como forma de garantir a participação de todas as escolas, pois as concepções e práticas apresentadas na formação eram contempladas posteriormente nas escolas com a equipe de docentes e gestores. O livro “Educando com arte: perspectivas didáticas”, idealizado para servir como referência para as escolas participantes do projeto, foi a referência utilizada na organização da formação, realizada em 11 encontros de três horas cada um, totalizando trinta e três horas de formação entre abril e junho de 2010. Vários autores e estudiosos têm questionado o modelo de educação que, sob a luz dos ideários da modernidade, desconsidera o fundamento sensível de nossa existência, valorizando um conhecimento que privilegiou apenas o caráter científico, desligando-se das percepções dos sentidos diários da existência humana. Duarte Jr. (2003) defende que a educação reconheça esse fundamento sensível da existência e que estimule o seu desenvolvimento, de forma a tornar mais abrangente a atuação das dimensões lógica e racional de operação da consciência humana, em uma concepção mais ampla da vida social e que humanize os processos formativos e contemple a dimensão estética como um importante elemento na formação das pessoas com vistas à construção de um mundo mais solidário e fraterno. Diante desse quadro é que salientamos a necessidade em reorientar a ação educativa das escolas e, por que não, nos espaços educativos da cidade como um todo, que considere, entre outros parâmetros, as dimensões estésica e estética na formação de nossas crianças e jovens. Uma educação que rompa com a ordem estabelecida sob a orientação privilegiada dos preceitos cientificistas, que se “abra para a vida”, que considere a criatividade, a originalidade, a imaginação, como componentes importantes na formação da pessoa, que, de forma integrada, desenvolva um processo educativo que valorize a o acesso a cultura universal e local. A ação pedagógica que valoriza a cultura local torna-se, nesse contexto, um dos meios para que o professor possibilite aos educandos o acesso à cultura e à diversidade presentes em seu meio social por meio do estudo da produção cultural e artística da comunidade local, seja do bairro, da cidade ou da região onde a escola está inserida. Prefeitura Municipal de Mogi das Cruzes

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Para tanto optamos por contemplar artistas da cidade de Mogi das Cruzes como uma forma de ampliar o repertório cultural dos alunos e da produção de sentido, na complexa teia de significações que as obras de artistas locais proporcionam, o que permite ao docente mediar o conhecimento em um processo de ensino-aprendizagem significativo para a construção junto aos educandos de valores e do compromisso para consigo mesmo, para com o outro e para com o meio em que vive. Também foram citados artistas brasileiros e internacionais representativos, como forma de ampliar o repertório cultural dos educandos e proporcionar reflexões que suas obras suscitam. O curso procurou debater os processos de ensino-aprendizagem em arte com vistas a atender a etapa de desenvolvimento da criança, o que exige dos docentes uma reflexão dos limites e das possibilidades educativas em cada circunstância educativa, adequando as propostas às situações concretas do contexto escolar em que atuam. Vale lembrar que os encontros foram planejados de forma a atender o aprofundamento teórico das propostas educativas em artes visuais, o conhecimento de estilos, obras e artistas diversos e do fazer artístico, com processos de criação e de releitura de obras de arte. Assim, na primeira etapa a perspectiva foi mais teórica e, no segundo momento o enfoque foi desenvolver atividades práticas. A seguir, apresentamos uma síntese dos processos formativos realizados no Curso de Artes Visuais com o intuito de socializar as experiências vivenciadas pelo grupo e apresentar perspectivas para o trabalho didáticopedagógico em Artes Visuais com os profissionais da rede de ensino municipal. As atividades podem ser adaptadas, reelaboradas, repensadas e ampliadas de acordo com a realidade do contexto da escola.

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Encontros 01 – O ensino de arte hoje No primeiro encontro, apresentamos um breve histórico do ensino de Arte em nosso país desde a vinda da Missão Francesa em 1816 e a implantação de nossa primeira escola de artes, que teve forte influência da arte neoclássica, até os preceitos mais atuais em arte-educação. Em um segundo momento, a Proposta Triangular, referência teórica do Projeto de Artes Visuais, foi apresentada aos participantes, pois os encontros posteriores tiveram como orientação a apreciação, a contextualização e o fazer artístico, princípios norteadores da abordagem de Ana Mãe Barbosa, sendo: a) Apreciação – considera que a obra de arte é uma forma de diálogo entre o indivíduo com seu meio, que revela sentimentos, emoções, ideologias, percepções da realidade e as formas de ser e de estar no mundo. A linguagem artística transcende os limites da oralidade, propiciando ao expectador dimensões cognitivas mais amplas de produção de sentido e as significações que permitem a articulação do campo subjetivo e o objetivo, entre a razão e a emoção, entre outros aspectos. b) Contextualização – segundo os preceitos é o processo em que se realiza uma análise sócio-histórica das características do artista, seu estilo, sua época, etc. Uma obra de arte é uma construção histórica, imersa em simbologias, que desvelam as ideologias, o meio social, a personalidade do artista, etc., o que propicia ao educando a possibilidade de conhecer outros contextos, outras formas de significar a realidade, que são objeto de debate nesta etapa. c) O fazer artístico – volta-se para a criação do aluno por intermédio de atividades diversas, como releituras de obras de arte ou outras propostas que o professor considere pertinente e esteja em consonância com a temática que está trabalhando.

02 – leitura comparativa de imagens Iniciamos a segunda aula com um processo de criação artística em que os participantes receberam fragmentos de três obras de arte. A proposta foi utilizá-las em um processo de releitura, ou seja, para compor uma nova produção plástica utilizando elementos de outras criações artísticas. Foram utilizadas obras dos artistas Henri Matisse, Carlos Scliar e Pedro Alexandrino. A escolha das obras orientou-se pelo método comparativo de imagens, proposta elaborada por Edmund Feldman, que consiste em desenvolver o processo de leitura de imagens utilizando duas ou mais obras de arte, que geralmente se estrutura com obras que tenham algum tipo de relação, seja no estilo, na forma, época, etc. No nosso caso, as três obras eram naturezas-mortas, porém de épocas diferentes com estilos distintos, o que proporcionou uma boa comparação quanto ao estilo dos artistas. Após o fazer artístico, passamos para a leitura das imagens e a contextualização, apresentando uma breve biografia dos artistas, sua época e algumas de suas obras mais representativas. Prefeitura Municipal de Mogi das Cruzes

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03 – A abordagem multipropósito No terceiro encontro, trabalhamos a proposta de Robert Saunders, denominada de Abordagem Multipropósito, que tem como objetivo orientar a utilização de reproduções de obras de arte como instrumento pedagógico no ensino de arte para desenvolver a educação estética da criança, sua percepção visual e acuidade visual, o conhecimento das mudanças históricas, sua autoidentificação, entre outros aspectos. A proposta de Saunders fundamenta-se na crença de que as reproduções podem ser utilizadas para diferentes propósitos e se organiza com exercícios a serem realizados em quatro categorias: exercício de ver, exercício de aprendizagem, extensões da aula e produzir artisticamente, descritos a seguir. 1. Exercício de ver – descrever a obra de forma minuciosa, identificando os detalhes e interpretando os detalhes visuais. 2. Exercício de aprendizagem – visa a compreensão das obras apresentadas e a expressão de julgamentos. Também contempla o exercício da habilidade em fantasiar e imaginar, etc. 3. Extensões da aula – relacionar as obras com o meio social e físico com que convivemos, escrever de forma criativa, estabelecer comparações entre períodos históricos, explorar as relações humanas etc. 4. Produzir artisticamente – desenvolver a autoimagem por meio de desenhos, pinturas etc; incentivar a atividade criativa em grupos; investigar e experimentar cores, formas, texturas, linhas etc; exercitar habilidades para o desenho, pintura, modelagem, dramatizações etc. Após a apresentação e debate da proposta de Saunders, exemplificando sua estratégia de ensino com obras de Mary Cassat, os participantes elaboraram uma sequência didática utilizando a abordagem de multipropósito por meio de obras do artista plástico Nerival Rodrigues, importante artista naif que reside em Mogi das Cruzes. As obras foram escolhidas com o objetivo de refletir sobre as datas comemorativas, que geralmente são desenvolvidas em muitas escolas de educação básica. Em nossa proposta, as obras apresentadas tinham como foco a Festa Junina e a Copa do Mundo.

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04 – tridimensionalidade Neste dia, fizemos um processo completo de leitura e releitura da obra “Favela”, de Lasar Segall. Em um primeiro momento foi realizada a leitura formal e interpretativa da obra para posteriormente contemplar a importância de Lasar Segall na arte brasileira, sua época, seu estilo etc. (contextualização). Para encerrar, fizemos uma releitura utilizando materiais diversos, como caixas de leite, de gelatina etc.

05 – sequência didática e interdisciplinaridade No quinto encontro, abordamos a sequência didática em uma perspectiva interdisciplinar, tendo como parâmetro a utilização de obras de arte, músicas, poesias, entre outras produções artísticas. Para tanto, utilizamos um plano de ensino de uma turma de 3ª série do Ensino Fundamental como parâmetro. O grupo, após a apresentação dos slides, teve como atividade prática a montagem de uma sequência didática para uma turma, utilizando algumas produções selecionadas anteriormente e que tinham como elemento em comum a temática “gato”.

06 – abstracionismo Iniciamos o sexto dia de formação com a apresentação dos fundamentos do Abstracionismo Geométrico e Informal e de um breve histórico desta tendência artística da arte moderna e seus principais representantes, como Piet Mondrian e Vassily Kandinsky, além de artistas abstratos brasileiros, como: Luis Sacilotto, Antonio Maluf, Amilcar de Castro, etc. Na parte prática, realizamos vários trabalhos utilizando o “tangran” e o “ovo mágico” com foco em atividades que pudessem ser trabalhadas em sala de aula, utilizando a geometria como parâmetro.

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07 – Alfredo Volpi, vida e obra Neste encontro, o trabalho desenvolveu-se por meio da obra do artista plástico Alfredo Volpi. Iniciou-se o processo com a montagem de um quebra-cabeça da obra “Casario de Mogi das Cruzes”, para depois apresentá-la e fazer uma leitura formal e interpretativa. Também fizemos a contextualização do artista e sua obra, em especial de pinturas e aquarelas que retratam a cidade de Mogi das Cruzes, realizadas na época em que o artista residiu na cidade e retratou sua paisagem. O fazer artístico foi conduzido por um processo de releitura de uma das obras do artista, “Bandeiras e mastros”, que têm como elementos compositivos bandeirinhas e mastros típicos de festas populares, que, segundo Volpi, têm como inspiração as vivências em festas realizadas em Mogi das Cruzes, em especial, no bairro do Santo Ângelo.

08 – escultura Na oitava aula, o tema foi escultura. Na primeira etapa foi apresentado um breve histórico da escultura desde o Egito Antigo até a atualidade, como também escultores mogianos, como Lúcio Bitencourt, Belini Romano, Maurício Chaer, etc. Na segunda etapa, fizemos a leitura de obras de Alberto Giacometto, artista suíço que deforma a imagem com fortes alterações nas proporções e no alongamento das formas. Trabalha com imagens isoladas, geralmente de figuras humanas, que exprimem o individualismo e a solidão do homem moderno. A escolha deste artista teve como objetivo abordar a figura humana e os processos de criação tridimensionais, para que, posteriormente, construíssem figuras humanas utilizando papel alumínio amassado, resultado que podemos constatar na imagem abaixo.

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09 – Figura humana e colagem Neste encontro abordamos a figura humana com enfoque nos processos artísticos, as proporções, o rosto humano, entre outros aspectos. Foi feita a leitura comparativa das abras “O casal”, de Botero e “A boba”, de Anita Malfati. Como nos encontros anteriores, a trajetória dos artistas, sua obra e estilo foram contemplados como forma de ampliar o conhecimento e reconhecer os processos de criação, utilizando a figura humana que desenvolveram. Para o fazer artístico, foi proposto que completassem a imagem de uma obra de arte selecionada com colagem e/ou do desenho, utilizando a figura humana. As imagens poderiam ser recortadas de revistas, jornais, etc. Também realizamos uma atividade com papel alumínio para representar, por meio da tridimensionalidade, figuras humanas, mas com foco em um processo de releitura de imagens de cenas do folclore mogiano, utilizando para isso a coleção de livros “Por dentro das lendas mogianas”, de Regis de Toledo com ilustrações de Jorge Anderson D. Negreiros, publicado pela Editora Athena. Essa coleção, composta por oito livros, contempla as seguintes lendas: “A menina da pipoca”, “O escravo Sebastião”, “A Gruta Santa Terezinha”, “Santo Ângelo”, “A procissão dos mortos”, “Freguesia da escada”, “O baile de carnaval”, “A cobra boigy”. A sala foi dividida em oito grupos, sendo que cada um escolheu uma lenda para ler, observar as ilustrações e compor uma cena que representasse a lenda em questão por meio de objetos tridimensionais construídos utilizando papel alumínio amassado.

10 – O patrimônio artístico e cultural de Mogi das Cruzes Neste dia, estudamos o patrimônio artístico e cultural de Mogi das Cruzes. Foram apresentados vários exemplares representativos da arquitetura da cidade, seu histórico, importância cultural, etc., dentre os quais: a Capela do Santo Ângelo, o Casarão do Carmo, o Casarão do Chá, as Igrejas do Carmo, a Igreja Matriz (Catedral Sant´Anna), Igreja de São Benedito, entre outros. Os monumentos também foram foco de estudo, dentre eles: O Aviador (no Largo Bom Jesus), Expedicionário (erguido originalmente na Praça Oswaldo Cruz, hoje, próximo ao Tiro de Guerra), do Imigrante Japonês (uma obra do artista mogiano Antônio Josephus Maria Van de Wiel, instalada na Praça dos Imigrantes, região central da cidade), Mãe Grávida (Cocuera), Pirâmide humana (de Lúcio Bitencourt, próximo ao Mogi Shopping), etc. Após a apresentação das edificações e monumentos mais significativos de Mogi das Cruzes, foram observadas várias reproduções de obras de arte que retratam a paisagem urbana e rural e foi feita a leitura da letra e audição da música “Paisagem na janela”, de Lô Borges e Fernando Brant. Para encerrar o encontro, passamos a desenvolver o momento do fazer artístico, que consistiu em completar uma imagem que tinha o desenho de uma janela aberta para que os participantes desenhassem a paisagem de Mogi das Cruzes que mais lhe agradasse. Prefeitura Municipal de Mogi das Cruzes

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11 – Educação patrimonial e roteiro de visitação para espaços culturais A relação entre o ensino de Artes Visuais e os espaços públicos e, em especial, com os museus de Arte, vem crescendo e se impondo como uma das alternativas de trabalho. Essa perspectiva propicia que os professores enriqueçam o processo de aprendizagem em Arte na escola, como também possibilita ao educando o acesso à produção artística e cultural, proporcionando ao aluno um contato direto com obras de reconhecido valor artístico, histórico e social de diversas épocas e estilos. O planejamento e a organização de uma visita educativa exigem a elaboração de um projeto em que estejam explícitos os objetivos e a justificativa da visita e como essa se articula com os processos de ensino-aprendizagem desenvolvidos em sala de aula. É importante frisar que uma visitação a um espaço cultural só faz sentido se estiver relacionada às ações educativas já vivenciadas pelos estudantes no contexto escolar. Quando uma visita é proposta de forma desarticulada aos processos de ensino-aprendizagem em andamento, dificilmente os alunos irão entender o sentido da proposta e das produções artísticas que irão contemplar, perdendo o educador a oportunidade de ampliar o universo cultural do aluno e de aprofundar a reflexão de temas já conhecidos, pelo menos parcialmente, pelo educando. Quando a visita tem como foco espaços que contêm obras de artes visuais, seja uma galeria, um museu ou uma pinacoteca; geralmente esses espaços culturais possuem um setor educativo, que, com sua equipe de especialistas, organiza a visita de acordo com as solicitações dos educadores, que expõem seus objetivos e suas expectativas com a visita. Após este processo inicial de estabelecer a justificativa e os objetivos é preciso preparar a(s) sala (s) para a visita.

A. Preparação da visita A primeira atitude do educador ao propor uma visitação é conhecer o espaço cultural, o acervo ou mostra que está sendo exposta, o endereço, o horário de funcionamento e fazer um primeiro contato com o setor educativo, caso o espaço tenha. Com esse procedimento inicial concluído, é necessário preparar os alunos para a visita, com uma aula inicial para explanar sobre o espaço cultural que irão visitar, sua história, seu acervo ou mostra, sua importância para as aulas, como forma de aprofundamento de uma temática desenvolvida em sala de aula, que pode ser sobre um artista, um movimento, uma técnica, uma época, entre outros, ou a conjunção de dois ou mais desses tópicos. Sempre que possível, é interessante que o aluno tenha um roteiro para a visitação com algumas tarefas a cumprir durante a visita, que pode ser mais simples para crianças mais novas e mais complexo para estudantes mais avançados em sua escolaridade. 80

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Alguns tópicos podem ser abordados em um roteiro para orientar o aluno na apreciação das obras do espaço visitado, dentre os quais destacamos: • Nome do aluno • Série e data da visita • Nome da instituição visitada • Título da exposição • Linguagem artística (pintura, escultura, gravura, arquitetura, desenho, ilustração e/ ou reprodução, vitral, mural, etc) • Nome do (s) artista (s) apreciado (s) • Período das obras apreciadas • Movimentos artísticos • Número de obras apreciadas (o professor estabelece com antecedência com os alunos o número de obras das quais irão fazer uma leitura mais minuciosa, deixando o educando escolhê-las ou ele mesmo escolhe as obras específicas que deseja que o aluno aprecie de maneira mais minuciosa, entre outras possibilidades, que dependem do objetivo da visita) • Impressões pessoais da visita, que pode ser um relatório reflexivo ou uma descrição dos aspectos que mais chamaram a atenção, etc.

B. A visita Quando a visita conta com um monitor da própria instituição, o primeiro momento pode ser reservado para que ele apresente o acervo ou mostra. O professor, após este instante inicial, pode propor aos alunos algumas atividades, principalmente, se eles estiverem com algum roteiro ou folheto para desenvolver o que foi preparado com antecedência na escola. Também é importante que o educador destaque alguns aspectos que considerar relevante, seja para elucidar algum tema já trabalhado com o grupo ou para apontar determinado tópico que deseja aprofundar após a visita, entre outros. Os tópicos a serem observados devem conter aspectos que os alunos já tenham entrado em contato em sala de aula, podendo o professor escolher a proposta mais adequada à vista que propõe, ou seja, uma leitura formal, uma leitura comparativa, o método multipropósito ou alguma outra estratégia que possa auxiliar os alunos na apreciação das obras durante a visita.

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c. Após a visita Ao retornar à escola, a visita deve ser foco de debate durante as aulas. Uma primeira proposta pode ser debater o teor das observações e das impressões dos educandos contidos em seu roteiro/folheto proposto para a visita. É nesse momento que o educador pode perceber o impacto da visitação, elucidar as dúvidas dos alunos, aprofundar alguma temática, etc. Também é importante que o fazer artístico relacionado à visita tenha espaço, como forma de proporcionar ao aluno uma formação estética e desenvolver saberes cognitivos e sensíveis em artes visuais. Algumas atividades podem ser propostas aos alunos para dar continuidade ao processo de visita ao espaço cultural, como: • Desenhos do espaço visitado, do seu entorno, do caminho de acesso, dos aspectos visuais que mais chamaram a atenção do aluno, etc. • Desenhos, maquetes, obras tridimensionais, etc., como forma de releitura de alguma obra/ou espaço que compôs a visitação. • Destacar alguma técnica, elemento da gramática visual, estilo, artista etc., para propor composições plásticas e temáticas de aprofundamento teórico e prático. • Propor pesquisas sobre movimentos artísticos, artistas, momentos históricos, etc. • Desenvolver atividades com outras linguagens, como a musical, por exemplo, que estabeleça uma relação com algum aspecto da visita, entre outras. Muitos museus têm intensificado seu trabalho educativo com uma programação de visitas e de cursos de apoio aos professores para estreitar a relação da instituição com a escola e com os docentes, principalmente de Arte. Exemplo disto são os trabalhos educativos desenvolvidos pelo Museu de Arte de São Paulo (MASP), Museu de Arte Contemporânea (MAC), OCA (Ibirapuera), Pinacoteca do Estado, Museu Afro, Museu Lasar Segall, Memorial da América Latina, entre outros. No final do primeiro momento deste encontro, apresentamos esses espaços culturais e o acervo que os compõem e as possibilidades e potencialidades educativas na formação das crianças e dos jovens, pois é papel do professor sensibilizar e propiciar experiências que proporcionem aos educandos a possibilidade de usufruir os espaços culturais e, mais ainda, socializar uma herança cultural que pertence a todos. Na segunda parte deste último dia do curso, realizamos uma avaliação para constatar como os encontros foram percebidos pelos professores, diretores de escola e coordenadores pedagógicos com vistas a avaliar a pertinência das ações e dos temas desenvolvidos neste processo formativo proporcionado pela Secretaria Municipal de Educação para apoiar os profissionais das escolas participantes do Projeto de Artes Visuais em suas atividades educativas. A seguir, faremos uma síntese dos principais aspectos destacados pelos participantes do curso na avaliação que realizaram.

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A avaliação dos processos formativos para o ensino de Artes Visuais – 2010 Ao final de cada encontro, realizávamos uma breve avaliação dos aspectos teóricos e práticos abordados, sua relevância nos processos educativos, entre outros aspectos, o que era efetivado por meio de uma conversa informal para podermos avaliar o processo formativo. Só no final do curso, no 11º encontro que realizamos uma avaliação mais sistematizada com vistas a constatar se os objetivos iniciais apresentados aos participantes foram alcançados, pelo menos parcialmente. Realizaram esta avaliação 35 dos 38 participantes que finalizaram a formação, sendo que iniciamos o processo com 42 inscritos e tivemos 04 desistências no percurso. Esta avaliação contou com três questões abertas para que se posicionassem quanto à qualidade do curso: 1. 1. Você acredita que os aspectos abordados nos encontros auxiliarão em sua ação como docente? 1. 2. O que você aprendeu que mais te chamou a atenção? 1. 3. O que faltou aprender? Quando questionados se o curso auxiliaria a sua ação educativa em artes visuais (questão 1), todos os participantes afirmaram que sim, dentre os quais destacamos algumas respostas: Com certeza, ampliando o conhecimento para repassar aos alunos com mais convicção e entusiasmo (R11) Sim, acredito que os aspectos abordados me auxiliarão em minha prática docente, ou melhor, já estão ampliando a minha visão no que se refere aos conteúdos (R15) Sim, pois desde as primeiras atividades em sala, coloquei em prática com meus alunos e pude perceber a riqueza de aprendizagem (R19) Principalmente no aspecto prático. O curso ampliou nossa visão quanto à aplicabilidade de uma abordagem mais cultural nas aulas de artes visuais (R20) Acredito que conhecimento nunca é perdido, cada experiência vivida proporciona novas reflexões sobre nosso trabalho; um aspecto que modificou minha forma e minha ação foi perceber e descobrir meus próprios talentos e limitações (R26) O curso ajudou muito em desenvolver um olhar crítico sobre a arte. Tive a oportunidade de conhecer várias técnicas, metodologias, etc. (R28) O curso foi bem prático, conseguimos ampliar nossos conhecimentos e, assim, melhorar a prática em sala de aula. O que me marcou foi a leitura de imagens, aprendemos a “ver” de verdade (R29) 84

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Em relação ao trabalho para desenvolver com os alunos, pois até então não tinha noção da quantidade de possibilidades que se pode trabalhar em apenas uma obra ou fragmentos de obras de arte (R32) Sim, principalmente, porque o curso me ajudou a ampliar a visão que tinha sobre alguns artistas e estilos. Sempre gostei de arte, mas me prendia a trabalhar apenas com o que considerava “bonito”, por não conhecer mais sobre, o que era visto com certo preconceito (R35) Notamos que as aprendizagens foram múltiplas e, pelo relato dos participantes, podemos constatar que o objetivo principal do curso foi alcançado, ou seja, conseguimos apresentar a relação entre as atividades teóricas e a prática educativa em sala de aula. Nesse sentido, esta foi uma preocupação ao propor a formação, procurou-se estabelecer em todos os encontros aspectos teóricos, para ampliação do conhecimento técnico e pedagógico em arte com perspectivas de aplicação prática em sala de aula. Vale lembrar que a postura adotada nos encontros não foi a de “dar receitas” prontas para serem aplicadas posteriormente em sala de aula, de forma mecânica e desprovida de sentido, como afirma uma docente: Sim, pois após cada aula do curso ficava com muitas idéias para aplicar com minha turma, claro que adaptando às realidades e faixa etária. O curso abriu portas para que através de uma obra de arte pudesse planejar aulas interdisciplinares (R21) Já na segunda questão da avaliação questionou-se os participantes quanto aos aspectos que mais chamaram a atenção no desenvolvimento das ações formativas nos onze encontros. Foram vários os aspectos elencados, dos quais selecionamos alguns: A forma dinâmica entre teoria e prática (R08) As formas de analisar obras de arte e as diferentes maneiras de realizar a releitura (R09) Conhecer a vida e a obra dos artistas, os monumentos e o patrimônio histórico (R10) As esculturas com papel alumínio (R11) O olhar mais minucioso e crítico na leitura de uma obra de arte (R15) A fazer releitura, não tinha noção do que realmente era, e gostei do que realmente era, e da amplitude da criatividade que podemos fazer e ter (R19) Como fazer maquetes com 1º, 2º e 3º planos. De um modo geral, o curso contribuiu muito para minha formação (R28) Como analisar e buscar sentido para as obras de arte. (R32)

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A terceira e última questão da avaliação se reportou ao que os participantes consideraram ter faltado aprender no curso. As respostas foram diversas, mas muitas no sentido de continuidade do aprendizado: O que faltou não sei dizer, mas ficou um gostinho de quero mais (R03) Gostaria de aprender algumas técnicas de pintura (R04) Apenas aprofundar um pouco mais a parte relativa aos conhecimentos históricos da arte (R07) O curso deixou um gostinho de quero mais (R08) É um trabalho infinito, teremos sempre algo mais a aprender (R13) Um pouco mais sobre os monumentos de Mogi (R16) Quando não se sabe quase nada de arte, eu acredito que tudo seria pouco, porque precisaria conviver bem mais com tanta informação (R19) Faltou aprender muito mais, pois nunca é o bastante. Tudo o que vimos só aguçou a minha curiosidade e vontade de aprender, conhecer mais sobre o assunto (R22) Pintar telas, técnicas de pintura e desenho (R30) Por ser o campo da arte algo muito complexo, para mim faltou aprender e conhecer os estilos da produção artística nos vários momentos da história (R32) É importante salientar a postura dos participantes do curso, que entendem a formação continuada como um processo permanente, que lhes possibilite rever suas crenças, valores, concepções e práticas que fundamentam seu trabalho como docente no que tange aos processos de ensino-aprendizagem em artes visuais. Nos relatos acima percebemos a disposição em continuar aprendendo e a humildade em perceber que ainda têm muitas coisas para aprender, o que é de fundamental importância para quem deseja ser efetivamente um educador, revelando um compromisso com a profissão e com formação plena das crianças e jovens que estão sob sua responsabilidade para desenvolver, entre outros aspectos, uma postura crítica e sensível frente às artes visuais, produção esta que permeia a existência humana desde a pré-história até a contemporaneidade. Para encerrar este breve relato das avaliações dos participantes do curso, selecionamos a resposta de uma professora que sintetiza a postura crítica frente sua formação e a continuidade de seu processo aprendente, inspirada nos preceitos de um dos maiores educadores brasileiros, Paulo Freire, ela afirma: “Somos inacabados. Sempre faltará algo. Isso é a beleza, o eterno aprender” (R02).

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“Nossa proposta não é revelar um novo artista plástico, o que pode surgir é claro, mas um cidadão que conhece todo o seu potencial, um cidadão crítico que se sensibiliza com a situação do mundo e está disposto a conhecer o novo: novas ideias e expressões culturais.”


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