Catálogo Paulo Osório Flores

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PAULO OSORIO FLORES Prefeito José Fortunati Secretário Municipal da Cultura Sérgius Gonzaga Secretária Adjunta Ana Fagundes Coordenadora de Artes Plásticas Anete Abarno

Reprodução fotográfica das obras Fernando Zago Fotógrafo Kurt João Cordeiro Junior Raimundo Bandeira de Melo Coordenação Geral Anete Abarno Designer Gráfico Douglas Lara da Silva Impressão e Acabamento Noshang Artes Gráficas Ltda.

Agradecimentos: Família Paulo Osorio Flores, Renato Rosa e André Seffrin


Revisando a obra de Paulo O. F.

Abstrato. Estudo, pastel. Rio de Janeiro, 1950. Coleção Noemi Flores. 21 x 30 cm


Guaches. Da plaquete 8 desenhos e 9 guaches. Exemplar Ăşnico. Rio de Janeiro, 1952 23,5 x 16 cm


Casa com bolinhas. Óleo sobre madeira. Santa Maria, 1954. Coleção Noemi Flores. 34 x 19 cm


Em sentido horário, Paulo e Noemi no Passeio Público. Rio de Janeiro, 1950. Paulo, Lia, Virginia e João Paulo. Santa Maria / RS, 1957. Carteira do Grêmio Náutico União, Porto Alegre, 1943. Verso de sua carteira de identificação, com desenhos.


Em sentido horário, Paulo O. F. com maquete para Feira Internacional do Quitandinha, Petrópolis, 1948. Paulo O. F. , Virgílio Macedo, Xico Stockinger e Bruno Giorgi. Café Vermelhinho, Rio de Janeiro, 1948. Em sentido horário, em pé, Vitório Gheno, Carlos Fayet (de chapéu), Professor Fernando Corona, Plínio Bernhardt (com as mãos no bolso) e colegas não identificados. Sentados, Paulo O. F. , Dorothéia Vergara, Luis Corona, Enilda Ribeiro e Rui Falcão. Foto de Jorge Sirito de Vives, Salvador, Bahia, 1948. Cardápio do Restaurante São Borja, Rio de Janeiro, 1949.



Abstrato. Pastel. Rio de Janeiro, 1952 Coleção Virginia Osorio Flores. 46 x 39cm

Lagoa Rodrigo de Freitas. Pastel. Rio de Janeiro, 1950. Coleção Lia e René Hasenclever 41 x 58 cm


Natureza morta com lampi達o e livro. Nanquim. Rio de Janeiro, 1949

Vista do quarto 32. Nanquim Santa Maria, 1953 32,5 x 23,5 cm


Em sentido horรกrio, Auto-retrato. Nanquim. Porto Alegre, 1949. 30 x 26 cm Retrato de Jane. Nanquim. Rio de Janeiro, 1950. Retrato de Noemi. Nanquim. Rio de Janeiro, 1950. Retrato de Noemi. Nanquim. Rio de Janeiro, 1950


Paulo Flores, nosso contemporâneo Bastariam as capas das revistas Quixote, Rio e Esfera para consagrá-lo entre os melhores artistas gráficos de sua geração. Mas ele foi muito mais do que isso. No disputado ambiente artístico do Rio de Janeiro dos anos 1940, Paulo Flores logo se impôs com seu traço inconfundível, e é admirável a fidelidade que manteve à militância da arte abstrata ainda nos seus tempos heróicos. Apesar da vida breve, trabalhou muito no sentido de aprimorar-se naquilo que o momento planetário propunha de mais inquietante e desafiador para o artista: a abstração geométrica e o informalismo abstrato. Este o atraia bem menos, mas ele o enfrentou com a mesma coragem e determinação. Ardente e incansável em suas pesquisas, logo passou a esboçar e pintar satélites coloridos como brinquedos, misteriosos aparelhos com rodas e antenas que depois acabariam por invadir também as telas de outros artistas, posteriormente consagrados, a exemplo de Maria Leontina e Ione Saldanha. Ione igualmente pintou “aparelhos” de placas de cor a orbitar no espaço, não muito distantes das figuras sugeridas por Paulo Flores em “Fábrica de bolinhas da praia” ou “Passeio”. Casas, carros ou máquinas extraviadas na paisagem: cor, plano, luz. Plínio Bernhardt percebeu aí algo subjacente na criação do artista, isto é, o “dado humorístico de sua personalidade”, a construção de “um jogo infantil, sabiamente infantil, como a própria atividade criadora”.


Algum parentesco com os planos espaciais de Leopoldo Haar e Abraham Palatnik, concebidos e executados no alvorecer dos 50? Talvez. A história da arte moderna no Brasil ainda aguarda um historiador à altura de sua complexidade e abrangência, sobretudo um historiador que se proponha a explorar os tantos espaços negligenciados ou esquecidos. Em entrevista para a coluna “Close-up”, do suplemento “Jornal dos Novos” de A Manhã, em 23 de março de 1950, Paulo Flores reconheceu em Picasso um grande mestre, e sem medo ou pretensão não deixou de dizer que Picasso seria logo superado, pois “tudo que dele venha poderá ser um acréscimo quantitativo à obra, mas o fundamental que poderia ter feito já fez”. Na mesma entrevista, observou que a “abstração está no ponto em que já não existe 'escola abstracionista', mas problema de pintura de todos os tempos – o problema do plano e da luminosidade”. Banhistas. Pastel. Rio de Janeiro, 1948. Coleção Noemi Flores 52 x 38 cm

Essa clareza meridiana de pensamento o levou a afirmar que a “arte dita social pode causar revoluções sociais, talvez, mas nunca revoluções estéticas”, o que comprova uma vez mais que as preocupações de todo artista consciente devem ser puramente de ordem plástica. Paulo Flores nunca se deixou enganar.

André Seffrin Rio de Janeiro, novembro de 2010.


Peixe. Óleo sobre tela. Rio de Janeiro, 1950. Coleção Noemi Flores. 80 x 42 cm


‘’Muitos de seus desenhos e guaches de 1952, por exemplo, revelarão, ao lado de trabalhos cubistas, outros de grande liberdade e desejada e informal arritmia, que de certa forma prefiguram a transvanguarda dos anos 80. Leonilson, por exemplo, teria certamente afinidades com estes últimos.’’ LÉLIA COELHO FROTA

‘’Em Paulo Osorio Flores, a relevância conferida à cor, como estrutura formal, sempre superou o motivo episódico, o que marcou sua presença como um artista vinculado às conquistas modernas, em que a razão tentava corrigir a emoção. Excelente desenhista figurativo, colocou sua competência a serviço da ilustração, e mesmo nesta posição utilitária da arte gráfica, foi exigente e incansável na busca do melhor momento, da solução satisfatória.’’ WALMIR AYALA

‘’Acompanhei a passagem de Paulo da figuração para a abstração. Na verdade, seu trabalho (livre) transitava entre as duas modalidades durante todo o tempo, mas digamos que a abstração era a tendência mais forte no seu amadurecimento. No trabalho com a linha (especialmente nos retratos), ele chegou a um grau de maestria como poucos alcançaram. Acompanhei também sua preocupação quanto ao ensino das artes.’’ NOEMI FLORES

‘’Como se pressentisse o final da vida, muito cedo fundou as bases de um legado único. Como artista, Paulo Osorio Flores foi abrangente, navegando entre a prática da pintura e do desenho e a teoria que lhe serviu de base inarredável, desenvolvendo ideias e relacionando-as entre si, bem ao jeito do construtivismo de Torres-García, escola que abraçou desde cedo.’’ PAULO CÉSAR B. DO AMARAL

‘’Embora sendo um pintor expressionista, Paulo nunca deixou de fazer figuração. Apesar disto, seu trabalho caminhava dia-a-dia para a abstração.’’ GLENIO BIANCHETTI


Em sentido horรกrio, Capa da revista Rio. Rio de Janeiro, 1948. Copa do Mundo. Colagem. Estudo para capa da revista Rio. Rio de Janeiro, 1950. Paz na Terra aos homens de boa vontade. Colagem. Capa da revista Esfera n. 23. Rio de Janeiro, 1950. Capas da revistas Quixote n. 2. Porto Alegre, maio de 1948.


Capa e guache da plaquete 8 desenhos e 9 guaches. Exemplar Ăşnico. Rio de Janeiro, 1952. 23,5 x 16 cm


Cena de amor. Grafite. Porto Alegre, 1948. 22 x 30 cm

Retrato do poeta Fernando Barnack. Óleo sobre tela. Porto Alegre, 1947. Coleção Noemi Flores. 50 x 60 cm


Nanquins da plaquete 8 desenhos e 9 guaches. Exemplar único. Rio de Janeiro, 1952. 23,5 x 16 cm

Passeio. Óleo sobre tela. Santa Maria / RS, 1954. Coleção do Museu de Arte do Rio Grande do Sul / MARGS


CRONOLOGIA

2 de agosto, nasce em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, filho de Almiro Flores e Noemia Osorio Flores. Almiro era de Santa Maria, onde mantinha loja de tecidos. Noemia era de Montenegro, de uma família de militares. A primeira filha do casal, Avany, nasce em Santa Maria. Em Porto Alegre, Almiro monta loja de ferragens e Noemia estuda no Instituto de Belas Artes.

1944

Depois dos estudos iniciais no colégio marista Nossa Senhora do Rosário, na Avenida Independência, inicia aprendizado de artes gráficas com Ernst Zeuner na Seção de Desenho da Livraria do Globo.

1945

Noemia e Paulo, 1926

1926

Matricula-se no curso de pintura do Instituto de Belas Artes, Porto Alegre.

1946

Participa da exposição coletiva da Associação Francisco Lisboa, Porto Alegre. Viaja com Vitório Gheno para Buenos Aires, onde frequenta a Escola Livre de Artes e participa das mostras que integram a grande Exposição do Livro Brasileiro.

1947

Regressa ao Brasil. Cria as quatro primeiras capas para a revista Quixote, de 1947 a 1949.


1948

Janeiro e fevereiro, pela Associação de Artistas Plásticos Araújo Porto Alegre, excursiona pela Bahia e Minas Gerais. Participa das exposições da Associação nas referidas capitais. Em Salvador, ilustra o livro Candomblés da Bahia, de Edson Carneiro. Em Belo Horizonte, trabalha no ateliê de Heitor Coutinho. Com Athos Bulcão, integra a equipe de decoradores da Feira Internacional, Hotel Quitandinha, Petrópolis. Divide ateliê com Athos Bulcão e frequenta o ateliê de Bruno Giorgi, Rio de Janeiro. Conquista menção honrosa no Salão Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro. Participa da exposição coletiva da Associação Francisco Lisboa, Porto Alegre.

1949

Regressa a Porto Alegre para montar sua primeira exposição individual de desenhos, na GaleriaAuditório do Correio do Povo. Integra exposições coletivas na Livraria Kosmos e Casa das Molduras, Porto Alegre. Trabalha como caricaturista do Correio do Povo e integra a equipe da revista Fronteira. Integra a coleção Jorge Lacerda, posteriormente doada ao Museu de Arte de Santa Catarina, Florianópolis.

1951

Casa-se com a desenhista Noemi Lopes da Cruz, e transfere-se para Teresópolis. Executa painel para edifício na Lagoa Rodrigo de Freitas projetado pelo arquiteto Ibsen Rocha Villaça. Participa do Salão Nacional de Belas Artes. Conquista menção honrosa em pintura no Salão Baiano e prêmio de incentivo do Serviço de Alimentação da Previdência Social/SAPS, Rio de Janeiro.

1952

Dezembro, nasce a primeira filha, Lia Rita Osorio Flores, Rio de Janeiro.

1953

Fevereiro, transfere-se com a família para o Rio Grande do Sul, radicando-se no município de Santa Maria. Acidenta-se com trator e passa cerca de cinco meses no hospital.

1954

Outubro, nasce a segunda filha, Virginia Osorio Flores, Santa Maria.


1955

Trabalha nas ilustrações do livro Anatomia e metafísica do jazz, de Clóvis Assumpção, publicado em 1976. Integra a coletiva Exposição de Arte Brasileira Contemporânea, Museu de Arte do Rio Grande do Sul/Margs-Casa das Molduras, Porto Alegre. O quadro “Passeio” é adquirido pelo Margs.

1956

Julho, nasce o filho João Paulo Osorio Flores, Santa Maria.

1957

11 de julho, falece em Porto Alegre. Agosto, homenagem do Grupo Quixote no IX Salão da Associação Francisco Lisboa, Porto Alegre.

Noemi, Paulo, Lia, Virginia e João Paulo, Santa Maria, Rio Grande do Sul, 1957

1958

Primeira retrospectiva, Museu de Arte do Rio Grande do Sul/Margs, em Porto Alegre.

1959

Exposição individual, Centro Cultural, Santa Maria.

1974

“ Passeio”, Obra do Mês no Museu de Arte do Rio Grande do Sul/Margs, Porto Alegre.

1976

Lançamento do livro Paulo O. Flores, texto de Clóvis Assumpção, Bagé, Porto Alegre e Rio de Janeiro.

Nanquin. Da plaquete 8 desenhos e 9 guaches. Exemplar único. Rio de Janeiro, 1952


1978

Segunda retrospectiva, Museu de Arte do Rio Grande do Sul/Margs, Porto Alegre. Desenhos adquiridos pelo Centro Cultural Aplub e Cia. Santa Cruz de Seguros, Porto Alegre. Desenhos doados por Noemi ao Margs.

2004

Integra a exposição coletiva O Brasil dos Gaúchos, Centro Cultural Correios, Rio de Janeiro.

2007

Integra a exposição coletiva Dez Anos do Dicionário de Artes Plásticas no Rio Grande do Sul, Museu de Arte do Rio Grande do Sul/Margs, Porto Alegre.

2008

Lançamento do livro Paulo O. F., texto de André Seffrin, Rio de Janeiro.

2010

Exposição individual, Paço Municipal, Porto Alegre. Inauguração da Sala Paulo Osorio Flores, Casa Torelly, Porto Alegre.

Abstrato. Nanquim. Rio de Janeiro, 1951/1952 Coleção Noemi Flores 21 x 29,7 cm


Da plaquete 8 desenho e 9 guaches. Rio de Janeiro, 1952. 23,5 x 16 cm

2 de dezembro de 2010 a 29 de janeiro de 2011 Sala Aldo Locatteli, Paço Municipal Praça Montevidéo, 10, Centro Histórico Porto Alegre - RS

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