Livro Memoria Paralímpica

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António João Menescal Conde Volume I Até os Jogos Paralímpicos de Beijing, China, 2008

Memória Paralímpica

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António João Menescal Conde Volume I Até os Jogos Paralímpicos de Beijing, China, 2008

Memória Paralímpica

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Copyright © 2018 by António João Menescal Conde Coordenação geral: António João Menescal Conde Projeto gráfico e editoração: Roberto Tostes Revisão: João Menescal Pós revisão: Elisabeth Ferreira de Jesus

Editor - António João Menescal Conde

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Foto de Marcelo Reyes/ Acervo da SADEF-RJ

O envelhecer nos traz, entre outros, o inconveniente de perder os grandes amigos cedo demais. Todavia nos dá a responsabilidade de enaltecer a sua obra. No centro da foto, ainda com a barba e os cabelos bem pretos e com cerca de 25 anos a menos, o autor deste livro. Comigo, para sempre, as saudades do José Gomes Blanco, da Beatriz Pinto Monteiro e do Renausto Alves Amanajás, grandes lutadores pelo esporte paralímpico brasileiro. A eles dedico esse resgate da memória. Na foto, de meados dos anos 90, conosco o Professor Joaquim Inácio Cardoso Filho, então titular da Secretaria Nacional dos Desportos, do Ministério da Educação e Desportos. Ao Professor Vanilton Senatore, meu amigo por mais de 30 anos e companheiro de muitas jornadas, que, nos deixou em setembro 2018, não sem antes honrar-me com o prefácio desse livro. Ao Professor Aldo Miccolis, por ter me levado, em 1983, ao esporte paralímpico e de quem eu muito aprendi sobre deficiência, compromisso e respeito.

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AGRADECIMENTOS

Ao Dr. Mizael Conrado de Oliveira e ao Professor Dr. Alberto Martins da Costa, dirigentes do CPB, pelo incentivo para a conclusão deste trabalho, primeiro Projeto do Programa Memória Paralímpica Brasileira. Ao Professor Vanilton Senatore (In Memoriam) pelo prefácio e pelo companheirismo numa jornada de mais de 30 anos. Ao meu filho, Jornalista João Menescal, pela ajuda na redação e pela revisão do texto. Ao Roberto Tostes pela diagramação, criação da logomarca do Programa e criação da sua identidade visual. A ambos por estarem comigo no desenvolvimento do Programa, desde o seu início, em setembro de 2013. A todos os 5000 participantes do nosso grupo no Facebook que, pelos seus depoimentos e registros, tornaram possível este livro. À minha esposa Cristina, ao meu filho André Luiz, aos meus netos Arthur, Manuela e Lis e às minhas noras Maira e Paulinha pela tolerância com as indagações não respondidas enquanto eu me encontrava imerso na redação desse livro, com as noites viradas e com as manhãs perdidas. Ao meu filho Felipe Menescal pelas observações, correções e críticas. A todos que, através dos seus incentivos e percepção da importância, não nos deixaram desistir. A todos aqueles que muito fizeram pelo esporte paralímpico no Brasil e que hoje não têm o merecido reconhecimento. Ao Senhor Sidney de Oliveira, Presidente do Clube do Otimismo do Rio de Janeiro, primeira instituição a acreditar, perceber a importância e dar a seu apoio institucional ao Programa Memória Paralímpica Brasileira. Ao Professor Dr. Pedro Américo de Souza, pelo seu esforço no apoio na avaliação do conteúdo, sugestões e pelo histórico da classificação funcional. Aos consultores e colaboradores do Programa. À Professora Elisabeth Ferreira de Jesus pelo seu olhar atento aos detalhes na pós revisão.

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PREFÁCIO

“Memória Paralímpica”, o livro, é produto de um projeto primoroso e diferenciado de um grande amigo que tenho a honra e o prazer de prefaciar. António João Menescal Conde, que tive oportunidade de conhecer no final dos anos setenta em razão de nossa vivência comum na Educação Física e Esportes para pessoas com deficiência traz para o papel uma parte importante da história paralímpica brasileira e mundial discorrendo em detalhes e ilustrando com fotos essa caminhada nem sempre fácil, mas vitoriosa, na conquista de direitos das pessoas com deficiência. Em 1957 as cidades do Rio de Janeiro e São Paulo receberam as primeiras exibições de Basquetebol em cadeira de rodas no Brasil. Os Pan Am Jets, equipe formada por pessoas com deficiência e, em sua maioria, funcionários da então maior empresa aérea do mundo a Pan American Airways, rodava o mundo divulgando o esporte tal como os “Harlem Globetrotters”, time de basquetebol profissional norte-americano. Na edição do dia 23 de abril de 1957, o jornal “O GLOBO” noticiava a chegada da equipe americana: “Em cadeiras de rodas provarão que basquete se joga com Em 1957 as a cabeça”. cidades do Rio A vinda dos Pan Jets ao Brasil e o trabalho de Robson Sampaio de Almeida de Janeiro e São no Rio de Janeiro e Sérgio Seraphim Del Grande em São Paulo, dois brasileiPaulo receberam ros que fizeram reabilitação nos Estados Unidos, deu origem ao movimento as primeiras paralímpico brasileiro. Coube a eles ainda, em 1958, a fundação dos dois priexibições de meiros clubes esportivos para pessoas com deficiência do Brasil, o Clube do Basquetebol em Otimismo no Rio de Janeiro e o CPSP - Clube dos Paraplégicos de São Paulo, cadeira de rodas na capital paulista. no Brasil “Memória Paralímpica”, o livro, mostra a característica peculiar da perspicácia e determinação do autor em registrar fatos em sua maioria vividos, comemorando seis décadas em que a atividade esportiva buscou e garantiu espaços, ajudou na mobilização, deu visibilidade, rompeu paradigmas e permitiu ganhos incalculáveis para uma parcela significativa de nossa população. Do início, no final dos anos cinquenta quando surgiram os dois primeiros clubes, chegamos hoje a mais de quinhentas associações em todas as vinte e sete unidades da federação. São milhares de pessoas com deficiências que têm no esporte um dos mais importantes meios de convivência social, do reconhecimento, da elevação da autoestima e da verdadeira e positiva integração e inclusão social. No livro, ao percorrermos seus vinte e dois capítulos, percebemos com clareza que a sociedade brasileira ganhou muito com a participação esportiva das pessoas com deficiência. Foram muitas as pessoas que, unidas e apoiadas por profissionais de Educação Física e amigos, a partir de 1957, enfrentaram e venceram grandes desafios no Brasil e no mundo. Nos anos sessenta, a chama acesa da atividade esportiva começou a ser espalhada e disseminada

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pelo Brasil. As fronteiras de nossa terra foram ultrapassadas em 1969 com a primeira participação brasileira em competição internacional nos Jogos Parapan- Americanos de Buenos Aires – Argentina, três anos depois nas Paralimpíadas de 1972, em Heildelberg, nos Jogos Parapan-Americanos do México, em 1975. Daí surgiu, naturalmente, a necessidade de uma entidade nacional, sendo a ANDE – Associação Nacional de Desporto para Excepcionais, a pioneira, fundada em 1975 e seguida nos anos seguintes pela ABRADECAR, ABDC, ABDA, ABDEM. A mobilização e as atividades do Ano Internacional das Pessoas com Deficiência - 1981, as conquistas da Educação Física Adaptada - 1985, a criação da CORDE/PR – Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa com Deficiência - 1987, as Comissões Paralímpica Brasileira - Seul 1988, e Barcelona 1992, a criação da SEDES/PR – Secretaria dos Desportos da Presidência da República com seu Departamento de Desportos da Pessoa com Deficiência – DEPED - 1990, a fundação do Comitê Paralímpico Brasileiro, em 1995, são outros fatos relatados que corroboram a importância e a força da participação das pessoas com deficiência nas atividades esportivas. Seria imperdoável esquecer os voluntários, na sua maioria formada por profissionais da Educação Física, que estiveram presentes desde o início das ações em 1958 e contribuíram decisivamente na formação e encaminhamento de uma nova geração que hoje compõe um contingente respeitável de técnicos e especialistas de alta capacidade em atuação na área. Finalizo fazendo uma referência especial ao gigantesco passo dado em 2012, durante as Paralimpíadas de Londres, com a proposta da construção de um Centro de Treinamento Paralímpico Brasileiro. Durante um jantar na capital inglesa, com a presença do presidente e vice do CPB, Andrew W. Parsons e Mizael Conrado de Oliveira, da Secretária de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo, Dra. Linamara Rizzo Battistella e do Ministro do Esporte, Aldo Rebelo, fui testemunha da primeira conversa oficial sobre o desejo do CPB em ter um Centro de Treinamento Paralímpico Brasileiro que, mirando a participação brasileira nas Paralimpíadas Rio 2016, contribuísse para a consolidação do movimento em nosso país. Sonho sonhado e realizado com a inauguração, em 2016, do Centro de Treinamento Paralímpico Brasileiro, obra majestosa, realizada em pouco mais de três anos pela SEDPcD – Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência/Governo de São Paulo, com apoio do Ministério do Esporte e que está oficialmente sob a gestão do Comitê Paralímpico Brasileiro desde outubro de 2017. E lá, certamente, teremos o espaço para acomodar fisicamente a “Memória Paralímpica”. Vanilton Senatore

Nota do Autor: Esse livro contou com o apoio do Comitê Paralímpico Brasileiro – CPB em suas fases de elaboração final do conteúdo, revisão e diagramação. As opiniões, conceitos, posições técnicas e o restante do conteúdo desse livro são de responsabilidade do autor, não representando, necessariamente, posições unânimes entre pesquisadores da área, as opiniões do CPB, do seu quadro técnico, da sua diretoria, tampouco aquelas de suas entidades filiadas e reconhecidas.

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ÍNDICE

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Introdução

Bem vindos à memória do esporte paralímpico.

Limite no tempo e foco

O que é e o que não é o Esporte Paralímpico

Os principais colaboradores

Origem da palavra “paralympic” (paralímpico)

A educação física, o esporte e a deficiência

Os atletas do esporte paralímpico não são super-heróis

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CAPÍTULO 1 Das Elegibilidades e o Histórico da Classificação funcional no Desporto

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CAPÍTULO 2 Esporte, Deficiência e Sociedade CAPÍTULO 3 A Revolução Industrial e as Deficiências CAPÍTULO 4 A Guerra Civil Americana e as Pessoas com Deficiências CAPÍTULO 5 I Grande Guerra Mundial e as Pessoas com Deficiências

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CAPÍTULO 7 Franklin Delano Roosevelt e o início do esporte paralímpico nos EUA – “Quando Johnny voltar para casa” - O início do basquete em cadeira de rodas

CAPÍTULO 8 Os Movimentos Olímpico e Paralímpico CAPÍTULO 9 Os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Verão CAPÍTULO 10 A Organização Internacional do Esporte Paralímpico.

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Antes de Stoke Mandeville

CAPÍTULO 6 Ludwig Guttman em Stoke Mandeville

Paralímpico. As elegibilidades, classes e os “invasores”

- As IOSDs e as Federações Internacionais


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CAPÍTULO 11

Os Pioneiros do Esporte Paralímpico no Brasil.

CAPÍTULO 12

A Relação do Esporte Paralímpico com o Movimento Político-

Associativista das Pessoas com Deficiência no Brasil

A criação e o trabalho da ABDC, da ABRADECAR e da ABDA

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CAPÍTULO 13

Antes da Criação do CPB

CAPÍTULO 14

Antecedentes e a Criação do Comitê Paralímpico Brasileiro e os seus

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Presidentes e Vices. Entidades filiadas e reconhecidas pelo CPB

CAPÍTULO 15

Linha do Tempo

CAPÍTULO 16

III Jogos Parapan-Americanos Rio 2007

CAPÍTULO 17

As Modalidade Paralímpicas de Verão

CAPÍTULO 18

As Modalidades Paralímpicas de Inverno

CAPÍTULO 19

Personalidades da história do esporte paralímpico no Brasil

CAPÍTULO 20

Os Medalhistas Paralímpicos Brasileiros (de 1976 a 2008)

CAPÍTULO 21

Galeria de Fotos - O Brasil nos Jogos Paralímpicos de 1984 a 2008

Especial

Homenagem à Beatriz Pinto Monteiro

CAPÍTULO 22 Anexo 1

Conclusão O Goalball e eu

Bibliografia Anexo 2

RELAÇÃO NOMINAL DOS PARTICIPANTES DE DELEGAÇÕES BRASILEIRAS EM JOGOS PARALÍMPICOS de 1972 ATÉ 2008

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Bem vindos à memória do esporte paralímpico! O esporte paralímpico é uma atividade de não exclusão das pessoas com deficiências físicas, visuais e cognitivas de suas possibilidades de participação de uma atividade esportiva visando ao alto rendimento. Ele é uma ferramenta de quebra de estigmas e preconceitos, um instrumento da inclusão, um veículo para a qualidade de vida e um modelo das potencialidades do fazer e do interagir para pessoas que adquiriram uma determinada deficiência. O esporte paralímpico não pode ser reduzido a uma definição que o caracterize simplesmente como a representação do esporte olímpico praticado por atletas com deficiência. As vitórias esportivas e as medalhas conquistadas são muito importantes, contudo no esporte paralímpico não existem perdedores. As suas vitórias transcendem às competições e chegam no dia a dia das pessoas com deficiência, atletas ou não. Elas são um elemento de reflexão e de desconstrução do estigma da incapacidade e, nesse aspecto, atingem toda a sociedade. Resgatar personagens, fatos e instituições que fizeram possível e exitosa a sua trajetória é a missão do Programa Memória Paralímpica Brasileira.

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INTRODUÇÃO

Numa clara situação de causa e efeito, vivemos o hoje construído pelos passos daqueles que nos antecederam. Já o futuro é uma incógnita. Ele está sendo decidido nesse momento, ou melhor, ele está sendo construído no agora com base em tudo aquilo que nos chegou do passado. Nesse contexto, a memória nos chega tendo como informações aquelas trazidas pelos indivíduos que ajudaram a construir o passado do esporte paralímpico. A influência do passado nos dias de hoje é inegável, contudo, resgatando o passado, este livro e o Programa Memória Paralímpica Brasileira têm como sua base o presente e como foco o futuro. História e memória, embora dialoguem, são diferentes em suas essências. Ao contrário do registro histórico, na memória não se pode pretender apresentar verdades científicas validadas e intocáveis, tampouco limitar o potencial de reflexão dos leitores. Muito pelo contrário, o autor pretende e reconhece que o tema, sempre associado às questões da relação deficiência/sociedade no tempo, mereça reflexões, correções, atualizações, adições e maiores aprofundamentos. Embora diferentes, Memória e História não são excludentes, muito pelo contrário. A História não pode desprezar os relatos subjetivos dos atores dos diversos contextos sociais. Já a Memória não pode prescindir dos registros históricos que dão a ela a relação que viabiliza a sua apresentação cronológica, principalmente com a utilização dos marcos históricos. A memória não exclui, propositalmente, personagens, instituições ou fatos. Ela não tem o viés dos personalismos, dos interesses, ou das conveniências políticas do momento. Ao contrário do relato histórico que, geralmente, possui uma verdade única, a memória pode ter versões com base em vivências pessoais, subjetividades, percepções e relevâncias diferenciadas de acordo com as expectativas, interesses e análise própria dos partícipes. A memória, constituída basicamente por personagens, é permeável às subjetividades, já que ela tem a sua base nas vivências de indivíduos em sua interação no coletivo. 14


As instituições, sempre constituídas por indivíduos, têm as suas memórias igualmente suscetíveis às subjetividades das narrativas individuais. Como simples exemplos, a memória não deixará que sejam apagadas dos registros históricos instituições como a Associação Brasileira de Desportos para Cegos - ABDC e a Associação Brasileira de Desportos em Cadeira de Rodas - ABRADECAR, ambas criadas em 1984 e marcos da autogestão dos esportes praticados por atletas com deficiência no Brasil, do movimento associativista das pessoas com deficiência no esporte e entidades fundadoras do CPB. Deixar de referenciá-las, não reconhecer a sua importância no desenvolvimento do esporte paralímpico brasileiro, desconhecer a sua trajetória e o seu trabalho, certamente, é um caminho que a memória não percorrerá. No âmbito internacional, a história nos traz que o esporte competitivo para atletas com deficiência foi introduzido inicialmente no Hospital de Stoke Mandeville. Sem qualquer demérito ao trabalho do Dr. Ludwig Guttmann, que merece todas as honrarias e títulos que lhe foram e são concedidos, a memória revela que antes de Stoke Mandeville, o Star&Garter Royal Hospital, também no Reino Unido, já houvera inserido em seu programa de reabilitação, após o final da I Grande Guerra Mundial, modalidades do esporte competitivo para os ex-soldados lesionados naquele conflito bélico. O basquete em cadeira de rodas, nos moldes nos quais é praticado até A construção da hoje, também não teve o seu início em Stoke Mandeville e sim em três hos- memória é um processo pitais americanos, ainda durante a II Grande Guerra Mundial. Veremos isso vivo, democrático, mais à frente, “quando Johnny voltar para casa”. participativo, contínuo No que se refere ao passado remoto, o levantamento da memória não e ininterrupto pode deixar de considerar e de dialogar com os registros históricos da época, sempre com a devida confrontação entre as diversas verdades apresentadas. A memória, na sua construção, tem de estar associada a conceitos, delimitações, abrangências, caracterizações e a clareza sobre aquele determinado tema central da sua construção e sobre o seu público-alvo. Nessa introdução vamos conversar sobre o esporte de alto rendimento praticado por atletas com deficiências físicas, visual e cognitiva. Vamos refletir sobre aquilo que é e sobre aquilo que não é o esporte paralímpico. Vamos caracterizar, conceituar e delimitar o esporte paralímpico, para depois e com essa necessária base conceitual, apresentar suas interfaces, seus personagens, suas instituições, sua evolução e os seus fatos mais relevantes. A construção da memória do esporte paralímpico, contudo, não pode prescindir da participação de todos aqueles que fizeram e fazem parte dessa jornada. Vamos continuar a contar as nossas verdades e registrar fatos, eventos, personagens e instituições que fizeram possíveis os dias atuais e deram base ao futuro do esporte praticado por pessoas com deficiência. A memória paralímpica brasileira vai continuar sendo registrada. Sem a pretensão de apresentar verdades absolutas, tampouco repetir textos acadêmicos já construídos, embora tendo por eles e seus autores o maior respeito, reconhecendo a sua grande importância, o Programa Memória Paralímpica Brasileira estará

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sempre aberto a correções em seu conteúdo e à inclusão de personagens, fatos, eventos e instituições que, por qualquer motivo, não tenham o devido e adequado registro nesta publicação. Este livro não tem a pretensão de ser e não é um texto acadêmico. Ele foi construído para facilitar a leitura e a consulta de todos aqueles, acadêmicos ou não, que tenham interesse na área. O seu objetivo não é ser percebido como uma referência, mas sim como instrumento de consulta e, principalmente, de difusão do conhecimento advindo de relatos dos verdadeiros construtores da história.

A sistemática utilizada Esse trabalho não utilizou entrevistas gravadas ou filmadas. Todos os depoimentos, relatos, observações, esclarecimentos e fotos foram disponibilizados no Facebook pelos participantes do grupo Memória Paralímpica. Quando necessários, contatos, por telefone ou por mensagens no próprio grupo foram realizados. Nós não estivemos limitados pelas amarras das normas acadêmicas ou da pesquisa científica. Embora reconhecendo a sua importância, o nosso objetivo era dar vez e voz a personagens da história do esporte paralímpico do Brasil que, na maior parte das vezes, não tinham essa possibilidade. O Facebook, basicamente, foi a rede social utilizada, de forma sistematizada e orientada, para que fosse constituído um acervo de relatos, fotos e vídeos capaz de dar sustentação a este livro e às demais ações previstas no Programa. Um grupo de interesse específico foi criado e os dados, documentos e relatos nele publicados, uma vez consolidados como informações, foram organizados e postos dentro dos capítulos por assunto e de forma cronológica. Foram quatro anos de levantamento de dados e, quando surgiam versões diferenciadas, os seus autores eram procurados para aclarar as suas posições e sempre chegamos a posições unificadas, respeitando as diferentes significâncias individualizadas inerentes a esse processo.

Limite no tempo e foco desse livro O livro tem o seu conteúdo limitado num teto temporal marcado pela realização dos Jogos Paralímpicos de 2008, na China. As memórias do período subsequente continuarão a ser buscadas e constarão de uma próxima publicação. Alguns fatos e personagens do período posterior aos Jogos de Beijing são citados dentro de contextos específicos. Os atletas hoje ainda em atuação e com destaque devem perceber que a continuação do Programa fará com que eles, no futuro, não sejam esquecidos e não tenham os seus resultados mais expressivos sem o merecido registro e divulgação às próximas gerações. Os atletas de hoje, contudo, não são o foco direto dessa publicação. Sobre eles ainda estão as luzes e a divulgação de suas participações nos eventos atuais. O foco são aqueles 16


que muito fizerem e poucos sequer conhecem. O foco está nos personagens, nos fatos e nas instituições que fizeram possíveis os dias de hoje e aqueles que ainda estão por vir. Num outro aspecto essa publicação e todo o Programa não transitam nas questões políticas do esporte paralímpico nacional e internacional. Isso não quer dizer que a política deixe de estar presente nessa narrativa. Ela está presente, todavia é sempre no sentido de perceber o esporte paralímpico como uma parte importante do Movimento Político das pessoas com deficiência no Brasil e no mundo.

O que é e o que Não é o Esporte Paralímpico Exemplo de superação e da força do espírito humano, o esporte paralímpico é o esporte visando ao alto rendimento, praticado por atletas com deficiências físicas, visuais e cognitivas, mesmo ainda nas fases de sondagem de aptidões, iniciação, desenvolvimento e treinamento de modalidades que compõem o programa dos Jogos Paralímpicos de Verão e os Jogos Paralímpicos de Inverno. Ele não é simplesmente uma representação do esporte olímpico praticado por atletas com deficiências. O esporte paralímpico, nos dias de hoje, O esporte paralímpico também não é uma etapa do processo de reabilitação de pessoas que te- não é uma atividade de nham adquirido uma determinada deficiência, todavia ele pode ser uma reabilitação, tampouco sequência desse processo no pós-alta. é assistencialista, O esporte paralímpico não é assistencialista, tampouco é recreativo ou de recreativo ou de lazer. lazer. Ele é uma atividade de alto rendimento esportivo que visa a resultados Ele é uma atividade em todas as suas modalidades. de alto rendimento Contudo, conhecer a sua história, a motivação para a sua criação, seus esportivo que visa a princípios filosóficos, valores, amplos objetivos, missão, clientela e as suas resultados em todas as interfaces é função da compreensão da sua origem no mundo e no Brasil, da suas modalidades. sua evolução, análise situacional, visão de futuro e da sua relevância social no contexto do cenário dos séculos XX e XXI. A conceituação moderna e a caracterização clara do esporte paralímpico como esporte de alto rendimento praticado por atletas com deficiências físicas, visuais ou cognitivas não o desobriga, contudo, do compromisso assumido desde os seus primeiros passos, ou seja, a sua inclusão como área componente do movimento político associativista das pessoas com deficiência na luta por seus espaços na sociedade e pelo exercício igualitário e pleno da cidadania. Este livro, embora respeitando as possíveis posições contrárias, parte dessa premissa para buscar apresentar as memórias dos passos até aqui dados e que sempre mantiveram associados, embora com gestões autônomas, o movimento paralímpico e o movimento político das pessoas com deficiência.

Principais colaboradores A construção da memória é função dos partícipes da trajetória do desporto paralím-

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pico. O Programa Memória Paralímpica Brasileira tem muitos colaboradores que durante as suas vidas de atletas, técnicos, acadêmicos e dirigentes ajudaram a construir os caminhos que nos trouxeram aos dias de hoje. Entre esses, destacamos:

Ádria Santos, Anderson Lopes, Celso Lima, Claudio Araújo, Fabiana Harumi Sugimori, Gilson Ramos (Doinha), Hélio dos Santos, Ivaldo Brandão Vieira, João Batista Carvalho e Silva, José Carlos Morais, Leandro Ramos Santos, Marcelo Sugimori, Maria Jussara Matos, Mário Sérgio Fontes, Michelle Barreto, Paulo Cesar Marinho Fernandes, Paulo Sérgio de Miranda, Pedro Américo de Souza Sobrinho, Rivaldo Araújo, Roberto Ramos (Robertão), Rogério Barboza, Ronaldo Brito, Sidney Oliveira, Vital Severino Neto, Vanilton Senatore, Wagner Xavier de Camargo (James Dean).

Origem da palavra “paralympic” (paralímpico) Essa composição foi criada em meados dos anos 50 e utilizada pela primeira vez nos Jogos de Tóquio, em 1964. A palavra paralympic deriva da preposição grega “PARA” (ao lado ou junto) associada à palavra “OLYMPIC”. Isso significa que Paralympics (paralímpicos) são os jogos realizados em paralelo aos Jogos Olímpicos, demonstrando que os dois movimentos (Olímpico e Paralímpico) coexistem lado a lado. (IPC 2015) Uma outra versão dá como origem do termo paralympic a um texto de uma paciente paraplégica do Hospital de Stoke Mandeville, Alice Hunter, que, em meados dos anos 50, escreveu seu relato intitulado “Alice of the Paralympiad” (“Alice das Paralímpiadas”), publicado no “The Cord Journal of the Paraplegics”. Na época o esporte hoje nomeado paralímpico era exclusivo para atletas com paraplegia e outras sequelas de lesões medulares e de patologias que levavam a uma deficiência física. Nessa versão, a criação do termo paralympic seria uma associação dos termos paraplegic e olympic, no idioma inglês. Neste idioma o termo nunca foi utilizado com a grafia de paraolympic. Nos países de língua portuguesa, todavia, por muitos anos, foi utilizado o termo paraolímpico. Em 2009, por um indicativo do IPC, a nomenclatura foi uniformizada como paralympic, em inglês e paralímpico, em português. As duas versões, contudo, não significam que o esporte paralímpico seja uma versão do esporte olímpico praticado por atletas com deficiência. O esporte paralímpico, mesmo sendo uma atividade de alto rendimento, é muito mais do que isso. Quando comparamos as missões de ambos, além das diferenciações em suas motivações e clientela iniciais, percebemos a importância dos dois movimentos mundiais e o papel transformador da visão social sobre as deficiências e sobre as pessoas com deficiência que o esporte paralímpico desempenha. 18


Os atletas paralímpicos de hoje, aqueles do passado e tantos quanto vierem no futuro, independente de conquistas, pódios e medalhas, levaram, levam e levarão uma bandeira comum a todos; a bandeira desfraldada da potencialidade humana para a autossuperação, da conquista do respeito às diferenças, aquela bandeira que desconstrói estigmas e preconceitos.

A educação física, o esporte e a deficiência O esplendor, a grandiosidade, a visibilidade e a importância dos Jogos Paralímpicos devem levar à discussão, à reflexão e a iniciativas no âmbito do acesso de alunos com deficiência às aulas de educação física, quer na escola especializada quanto na de ensino regular. O ouro, a prata e o bronze conquistados em uma “Paralimpíada” são importantíssimos. Esses atletas são heróis do esporte nacional. Universalizar e democratizar o acesso da criança e do jovem com deficiência à educação física escolar constitui-se em estratégia fundamental de desenvolvimento do esporte e base dos campeões do futuro. Campeões não só nas pistas, raias, piscinas, arenas, quadras e dojos, mas campeões na vida, vencendo uma barreira de cada vez. Não podemos deixar de considerar, portanto, a educação física escolar enquanto um elemento da iniciação esportiva. Contudo, devemos considerá-la principalmente como ação universalizada de base do desenvolvimento, da formação do indivíduo e da potencialização do fazer e do interagir de crianças e jovens com deficiência. A deficiência visual, ao contrário de outras áreas de deficiência, ainda hoje, é privilegiada, em nosso país, quanto à democratização do acesso às aulas de educação física. Os vários institutos especializados criados no Brasil até a primeira metade do século XX, tendo como modelo o Instituto Benjamin Constant – IBC (1854), nunca deixaram de oferecer aulas de educação física a seus alunos cegos e de baixa visão. Infelizmente essa mesma realidade não é vivenciada por alunos com deficiência visual quando matriculados em escolas do ensino regular nas chamadas “escolas de educação inclusiva”, ressalvadas as importantes exceções. Desses institutos de educação de crianças e jovens com deficiência visual, incluindo aí o próprio Instituto Benjamin Constant, saíram futuros atletas campeões mundiais e paralímpicos. Esses atletas, muito provavelmente, tiveram o seu potencial para o alto rendimento esportivo descoberto nas aulas regulares de educação física escolar. Como exemplos, mas não como regra absoluta, podemos citar todos os jogadores de futebol de 5 das seleções brasileiras, equipe consagrada quando alcançou a posição de tetracampeã mundial e paralímpica. O futebol de cegos nasceu no pátio dos institutos de cegos. No atletismo, os exemplos vão da Ádria ao Felipe Gomes, da Terezinha Guilhermina à Maria José Ferreira Alves. No goalball uma pesquisa também poderá mostrar essa origem comum da maioria dos atletas das equipes da série principal e da nossa seleção brasileira. Essa maioria é formada por ex-alunos desses Institutos especializados. No momento, contudo, nós percebemos que as crianças cegas e com baixa visão, não Memória Paralímpica

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tendo outro comprometimento associado, estão sendo, cada vez mais, encaminhadas por suas famílias para o ensino regular. É importante que essas crianças com deficiência visual, matriculadas no ensino regular, não sejam simplesmente dispensadas das aulas de educação física por serem cegas ou por possuírem baixa visão. O mesmo acontece em relação às demais deficiências. Já no esporte de alto rendimento, esperamos que as medalhas conquistadas por atletas brasileiros, as pessoas mais importantes do esporte paralímpico em nosso país, sirvam para aumentar as oportunidades de acesso à educação física e à prática esportiva a outras pessoas com deficiência, principalmente aquelas para as quais a educação física é mais importante, mesmo que não apresentem potencial para ouros, pratas e bronzes futuros.

Universalizar e democratizar o acesso da criança e do jovem com deficiência à educação física escolar constitui-se em estratégia fundamental de desenvolvimento do esporte e base dos campeões do futuro

O estigma da incapacidade, o esporte paralímpico e o imaginário dos atletas paralímpicos como super-heróis

A questão de considerarmos os atletas do esporte paralímpico como super-heróis merece uma reflexão um pouco mais aprofundada. Seriam eles detentores de superpoderes ou seriam pessoas comuns que nasceram com algum tipo de deficiência, ou a adquiriram numa fase de sua vida? Eles seriam exceções dentro de uma regra geral da visão da sociedade sobre as deficiências e as pessoas com deficiência? Antes de qualquer coisa, temos de considerar que eles são atletas de alto rendimento nacional e internacional. Pessoas com deficiência que, através de seu potencial e desenvolvimento motor e esportivo, de muito esforço, de treinamento planejado e depois de diversos ciclos e competições regionais, nacionais e internacionais conquistaram as suas vagas para os grandes eventos esportivos, como os Jogos Paralímpicos, Jogos Parapan-Americanos e Campeonatos Mundiais das diversas modalidades. Internacionalmente todos eles são sim heróis do esporte em seus respectivos países, todavia considerá-los como super-heróis seria uma forma de reforçar estigmas e preconceitos direcionados e vivenciados pelas pessoas com deficiência. Eles não podem ser vistos e percebidos como super-heróis únicos a possuir poderes de superar a pressuposta incapacidade, estigma que, ainda hoje, atinge as pessoas com deficiência. Eles não podem ser considerados como tendo superpoderes e como exceções que venham a confirmar a regra geral da incapacidade, erroneamente vinculada às deficiências. Essa visão tende a minimizar o GRANDE LEGADO DO ESPORTE PARALÍMPICO: A POSITIVA ALTERAÇÃO NA VISÃO GERAL DA SOCIEDADE SOBRE AS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA, ATLETAS OU NÃO. Ele nasceu incluído. Antes de pensarmos na inclusão, pensemos na não exclusão. Não excluir é muito mais importante, oportuno e fácil do que remediar com estratégias de inclusão. O esporte paralímpico é uma atividade de não exclusão e uma ferramenta do processo de inclusão social de todas as pessoas com deficiência, atletas ou não.

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Essa inclusão, contudo, não é um processo que tem a sua terminalidade na Família, na Escola ou na prática esportiva. A inclusão tem a sua terminalidade no universo social macro. As instituições, Família e Escola, além do esporte têm a responsabilidade, através da não exclusão, de potencializar a inclusão. Isso se dá com pessoas com deficiência ou não. Pensem nisso. Pode até parecer a mesma coisa, mas não é. A inclusão pressupõe uma exclusão natural da pessoa com deficiência. É contra a exclusão que temos de trabalhar. Não excluir é oferecer a igualdade de oportunidades com respeito às diferenças. O estigma da incapacidade faz com que pessoas com deficiência encontrem barreiras, para muitos invisíveis, embora claramente percebidas e sentidas por elas próprias, no seu acesso à educação, ao trabalho, ao lazer, aos serviços, à pratica esportiva, ao igualitário convívio social e à plena efetivação da sua cidadania. Quem, como eu, tem muitos amigos com deficiência já passou por diversas situações onde esse estigma da incapacidade é expresso. É muito comum, por exemplo, num restaurante, o garçom, depois de pegar o seu pedido indagar a você: “E ELE o que vai querer?” Na loja de roupas perguntam a você “o que ELE está procurando?”, “qual é a cor que ELE quer”? O “ELE” é o outro, o distante de nós, o “DIFERENTE”. Em síntese, O “ELE” Não excluir é é aquele que seria incapaz até de manifestar coisas tão simples como escolher oferecer a igualdade o que quer comer, beber ou vestir. de oportunidades Outra reação é a infantilização das pessoas adultas com deficiência. Isso com respeito às se dá por uma visão inadequada sobre posturas sociais diante de pessoas com diferenças deficiência cognitiva e a ampliação de supostas características dessa área de deficiência às demais. A infantilização atinge bastante as pessoas com nanismo em suas relações sociais. Já as pessoas com paralisia cerebral, possuem uma deficiência física, todavia, em muitas situações, são encaradas também como possuidoras de deficiência cognitiva. A paralisia cerebral não traz uma defasagem cognitiva qualquer. Esta, quando ocorre, é função da associação de duas deficiências, num quadro de prognóstico de deficiência múltipla (física e cognitiva). Tendo trabalhado por mais de 30 anos com educação física, esportes e reabilitação de pessoas cegas e com baixa visão, é nessa área que eu tenho o maior número de depoimentos sobre a visão absolutamente inadequada que a sociedade ainda tem sobre as deficiências e as pessoas com deficiência. Esses depoimentos vão desde a negação da sexualidade do cego e de sua vida afetiva que pode ser resumida na frase dita, ou pensada, ao perceber-se uma mulher cega grávida “Quem terá feito isso com ela?”. Num outro exemplo, esse relativo à pretensa incapacidade laboral, um amigo meu, professor cego, em conversa com um taxista, que, ao saber que o conduzia ao seu local de trabalho, lhe dissera “Como é que ainda fazem um homem desses trabalhar?” Pode até parecer absolutamente contraditório, contudo, ao apresentarmos os atletas paralímpicos como super- humanos capazes de transformar o impossível em possível, capazes de transformar o inimaginável em realidade e capazes de transformar uma pres-

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suposta incapacidade em expressivos resultados esportivos estamos, de fato, utilizando como base o mesmo estigma da incapacidade. Estamos reforçando-o ao apresentarmos esses atletas como exceções que viriam a reforçar a regra geral da incapacidade, o maior limitador das oportunidades oferecidas às pessoas com deficiência. O esporte paralímpico deve ser percebido como um importante elemento, embora não o único, de uma alteração da visão social ainda inadequada em relação a todas as pessoas com deficiências, como veículo da qualidade de vida e como modelo às pessoas com deficiência do potencial de realizar, de fazer e de obter sucesso. Não são super-homens, não trabalham no âmbito das impossibilidades, mas sim no âmbito da superação, no âmbito do desenvolvimento do seu potencial desportivo, no âmbito das suas capacidades e no âmbito da quebra de preconceitos e estigmas limitadores. Enfim, trabalham como agentes de um movimento mais amplo, a luta das pessoas com deficiência pela igualdade com respeito às diferenças. O esporte paralímpico não é uma vitrine de exceções.

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CAPÍTULO

1

Das Elegibilidades no Desporto Paralímpico

São considerados elegíveis para o desporto paralímpico atletas, de ambos os gêneros, com deficiências físicas, visual e cognitiva. Os atletas surdos somente serão elegíveis para o esporte paralímpico caso tenham, associada à surdez, uma outra deficiência listada entre aquelas elegíveis e já citadas. Essa decisão foi do próprio movimento internacional de surdos, que optou por não participar do movimento paralímpico e realizar os seus próprios eventos Internacionais. Os Jogos Mundiais do Silêncio é a maior competição para atletas com deficiência auditiva. Na verdade o esporte de surdos foi a primeira área de deficiência a possuir internacionalmente uma entidade de gestão e a realizar suas competições. Isso tudo, no início do século XX e bem antes da estruturação do esporte paralímpico internacional. Já na área da deficiência cognitiva, existe outro movimento internacional, a SPECIAL OLYMPICS, organização gerida pela FUNDAÇÃO KENNEDY, com sede nos EUA. As ações da Special Olympics, programa absolutamente meritório, transitam muito mais na área do esporte de participação do que no esporte de alto rendimento. Os atletas com deficiência múltipla poderão ser elegíveis desde que uma delas esteja elencada no rol das elegibilidades paralímpicas. Nesse caso estão elencadas a surdez-cegueira, a paralisia cerebral associada à deficiência cognitiva e outros atletas considerados como tendo outras deficiências múltiplas. As ações de sondagem de aptidões, iniciação esportiva, do esporte escolar e do esporte de jovens, no âmbito do desporto paralímpico, devem levar em consideração, num primeiro momento, as elegibilidades. As classificações esportivas, funcional, oftalmológica ou cognitiva, podem e devem ser realizadas como passo posterior, embora a classificação esportiva seja um princípio fundamental que garante a igualdade entre os competidores no âmbito do esporte paralímpico.

Elegibilidade para atletas com deficiência física: Lesões medulares, sequela de poliomielite, de spina bífida, malformações congênitas, sequelas de AVC, paralisia cerebral, nanismo, amputações de membros inferiores e superiores, ou de parte deles, e sequelas de outras patologias que acarretam limitações motoras. A classificação esportiva, nessa área, tem a sua base na funcionalidade motora e é diferente

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em cada uma das modalidades. Nós vamos dar exemplos disso bem mais à frente, quando falarmos de cada uma das modalidades.

Elegibilidade para atletas com deficiência visual: Atletas cegos e com baixa visão têm a sua elegibilidade e classificação esportiva, sempre tem de considerar o melhor olho e a melhor correção óptica possível. A conceituação de cegueira e baixa visão se dá por duas escalas; agudeza ou acuidade visual ( aquilo que é enxergado a determinada distância) e campo visual (amplitude do raio de visão). A pessoa com visão mono-ocular, como vamos perceber, não é, portanto, elegível para o desporto paralímpico, tampouco pode ser considerada uma pessoa com deficiência visual. Pela classificação esportiva da Internacional Blind Sports Federation – IBSA na área da deficiência visual nós temos três categorias:

• B1 – Cego total: de nenhuma percepção luminosa em ambos os olhos até a percepção de luz, mas com incapacidade de reconhecer o formato de uma mão a qualquer distância ou direção.

• B2 – Atletas que já têm a percepção de vultos. Da capacidade em reconhecer a forma de uma mão até a acuidade visual de 2/60 e/ou campo visual inferior a 5 graus.

• B3 – Os atletas conseguem definir imagens. Acuidade visual de 2/60 a 6/60 e/ou campo visual entre 5 e 20 graus. Na área da deficiência visual, portanto e como exemplo, são considerados elegíveis para participar de competições oficiais do esporte paralímpico atletas que tenham desde nenhuma percepção luminosa em ambos os olhos até uma acuidade visual de 6/60 ou campo visual não superior a 20 graus. Sempre considerando o melhor olho e com a melhor correção óptica possível, dou ênfase. Observação: Em 2017 a IBSA e o IPC alteraram os seus códigos de classificação para atletas com deficiência visual, mantendo as valências de agudeza e campo visual, sem alterar consideravelmente as elegibilidades, as classes e mantendo as classificações de B1, B2 e B3. Para maiores esclarecimento, ou aprofundamentos sobre os atuais parâmetros e escalas utilizados pelos classificadores da IBSA e do IPC, acessem o link: www.ibsasport. org/documents/files/144-1-IBSA-Classification-Manual-classifiers.pdf

Elegibilidade para atletas com deficiência cognitiva: A elegibilidade de atletas com deficiência cognitiva se dá por escores baixos em testes de

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desempenho cognitivo, de acordo com índices reconhecidos internacionalmente. Dentre as três áreas, a deficiência cognitiva é aquela que apresenta a maior dificuldade para o estabelecimento das elegibilidades. Toda a classificação esportiva na área da deficiência cognitiva limita-se à análise das elegibilidades, já que esses atletas, nas modalidades nas quais participam nos Jogos Paralímpicos, sempre competem em categoria única: TT11, no Tênis de Mesa, S14, na Natação e T e F 20 no atletismo. Existem, contudo, notícias de um estudo recente do IPC para a criação de novas classes, específicas para atletas com Síndrome de Down.

A história da classificação esportiva paralímpica Nas modalidades paralímpicas é a classificação esportiva a maior diferenciação entre elas e aquelas modalidades dos esportes convencionais ou olímpicos. A separação dos atletas por classes é que garante a igualdade entre os competidores e as equipes. Essa classificação, como já vimos, é unicamente oftalmológica para os atletas com deficiência visual. Na área da deficiência cognitiva, como também já vimos, a classificação esportiva limita-se a avaliar as elegibilidades através de testes de desempenho cognitivo. Na área da deficiência física, e somente nela, existe a classificação funcional. Sobre a classificação esportiva nas diversas modalidades paralímpicas nós vamos conversar ao falarmos especificamente de cada uma delas. O Professor Doutor Pedro Américo de Souza Sobrinho nos honra com a inserção nesse livro de um texto seu sobre o resgate da história da Classificação Funcional.

História da Classificação Funcional no Esporte Paralímpico A criação da Classificação Funcional resultou de pesquisas do profissional de educação física alemão Horst Strohkendl, que foram realizadas inicialmente para o basquetebol em cadeira de rodas em sua tese de doutorado que foi concluída em 1977, tendo como exemplo jogadores de basquetebol em cadeira de rodas com lesões medulares. Mais tarde, Horst Strohkendl procurou aprimorar o desenvolvimento da Classificação Funcional e para isso contou com a colaboração de Bernard Coubariaux e Phill Craven, ainda considerando situações específicas do basquetebol em cadeira de rodas. Posteriormente, ele ampliou a aplicação da Classificação Funcional para o rugby em cadeira de rodas, assim como para atletas amputados e com paralisia cerebral A Classificação Funcional, de Horst Strohkendl, permitiu a inclusão, por exemplo no basquetebol, no rugby, no tênis de mesa em cadeira de rodas, etc, de jogadores com sérios comprometimentos físicos, dando a eles a oportunidade de praticar o esporte em cadeira de rodas em condições de igualdade de oportunidades com os demais jogadores, inclusive em competições do mais alto nível de exigências, como nas Paralimpíadas, além de impedir que ocorressem fraudes na classificação. Horst Strohkendl procurou, com seu sistema de Classificação Funcional, proporcionar três condições nas competições:

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1) igualdade de condições de competição entre as equipes. 2) oportunidade de participação (Inclusão) para as pessoas com comprometimentos mais graves e que, por isso, não tinham possibilidade de participação no esporte e na sociedade. 3) reduzir ao máximo a possibilidade de fraudes, de simulação de menor capacidade durante a classificação, já que há testes específicos do esporte e o atleta pode ser observado e reavaliado durante os jogos. Cada esporte determina seu próprio sistema de classificação, que é baseado nas capacidades necessárias à sua prática. A Classificação Funcional parte do princípio de que a capacidade funcional necessária para a prática do esporte depende das características (exigências) da modalidade esportiva e depende também dos potenciais da pessoa, não dependendo tanto do nível de treinamento adquirido. O número de classes em cada esporte é determinado de acordo com as suas características e com as capacidades funcionais de atletas com diferentes deficiências. As regras de classificação são parte das regras técnicas dos esportes. Os classificadores credenciados devem ter acesso facilitado na área de competição para que possam checar a classificação nas condições da competição. O sistema de Classificação Funcional (Paraesportiva, Paralímpica), criado pelo profissional de Educação Física Horst Strohkendl originalmente leva em conta: 1) O emprego de 3 testes. 2) o volume de ação dos membros e do tronco do jogador. 3) o potencial dos atletas, ou seja, as funções e os grupos musculares que não foram lesados ou que estão pouco comprometidos.

Resumo dos Testes Originais da Classificação Funcional de Horst Strohkendl para o Basquete em Cadeira de Rodas Teste 1: o jogador deve se desencostar da cadeira e tentar girar o tronco e quicar a bola no chão de cada lado da cadeira. Os jogadores que não conseguem executar este teste são classe 1 e não realizam os demais testes. Os atletas que conseguirem executar esse teste seguem fazendo os outros testes. Teste 2: o jogador deve se inclinar para a frente e tentar levantar o tronco sem ajuda dos braços, inicialmente sem colocar as mãos na nuca. Caso consiga realizar o movimento, tentará fazer com as mãos na nuca. Quem não conseguir fazer este teste será classificado como classe 2. Quem conseguir, faz o próximo teste.

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Teste 3: o jogador deverá se inclinar lateralmente segurando uma bola de basquete com ambas as mãos e colocá-la no chão de cada lado da cadeira. Se ele não conseguir executar ele é classe 3, se conseguir executar ele é classe 4. Neste teste, com jogador classe 3, as coxas permanecem estáveis e ele é capaz de fazer abdução dos quadris. Avaliação Funcional de Jogadores Iniciantes no Basquetebol em Cadeira de Rodas (Strohkendl 2003, p. 43) Jogador Ponto 1: O jogador Ponto 1 não possui controle do tronco em função do comprometimento da musculatura abdominal, dorsal e oblíqua, não conseguindo girar o tronco e não conseguindo levantar os dois braços sem estar encostado na cadeira. Jogador Ponto 2: O jogador Ponto 2 possui precário equilíbrio sentado. Consegue fazer rotação do tronco. Ao tentar elevar o tronco, quando estiver inclinado para a frente, o tronco formará uma curvatura. Jogador Ponto 3: Consegue elevar o tronco, quando inclinado para a frente. Possui suficiente controle do tronco. As coxas se mantêm unidas e com isso aumentam a área de apoio no assento da cadeira de rodas. Jogador Ponto 4: Consegue fazer abdução de uma perna (quadril), mas não com o outro lado, com isso ele tem uma maior área de apoio sentado em um dos lados do corpo e também tem maior estabilidade.

Jogadores Iniciantes Ponto 1.5; 2.5 e 3.5 no Basquetebol (Strohkendl 2003, p. 43) Jogadores ponto 1.5; 2.5 e 3.5 são aqueles que apresentam características intermediárias em relação aos demais. A introdução do 0,5 ponto facilitou a classificação funcional de casos limítrofes, com comprometimentos adicionais, como no caso de paralisia cerebral e amputações nos braços. Strohkendl esclarece que numa mesma Classe são relativamente pequenas as diferenças funcionais entre os atletas, enquanto podem ser enormes as diferenças no rendimento, que são influenciadas pelo maior ou menor talento e o treinamento. Jogador 4.5 Pontos: Faz abdução de quadril bilateral. Amputados em uma das pernas na altura do coxa também são jogadores ponto 4.5.

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Horst Strohkendl recomenda que a Classificação Funcional seja atualizada de tempos em tempos, por exemplo, em função do desenvolvimento de novos equipamentos ou da inclusão de pessoas com patologias não previstas anteriormente. Ele recomenda também que os próprios atletas sejam capacitados para reconhecerem seus potenciais, por exemplo, vendo atletas bem treinados e com comprometimentos iguais aos seus e para entenderem sua própria classificação e a dos demais atletas. Enquanto Ludwig Guttmann proporcionou a difusão do esporte em cadeira de rodas em todo o mundo, Horst Strohkendl, com seus profundos conhecimentos de basquetebol, natação, rugby e de tênis, e, principalmente, por ter associado a ciência do esporte a uma conduta marcantemente social no sentido de dar oportunidade a quem até então não tinha a chance de participar da vida social e esportiva, criou a Classificação Funcional, um Sistema de Classificação justo, que assegura igualdade de condições de competição às equipes, que evita ao máximo a ocorrência de fraudes, que promove a inclusão e a valorização da pessoa com deficiência, e proporciona a participação de pessoas com o mais alto grau de comprometimentos inclusive em competições do mais alto nível como por exemplo em competições nacionais, campeonatos mundiais e nas Paralimpíadas.

Professor Dr. Pedro Américo de Souza Sobrinho

As Elegibilidades e os “INVASORES” São chamados de “invasores” atletas que, geralmente oriundos de modalidades olímpicas, simulam, ou são levados a simular, uma determinada deficiência e, aproveitando-se de alguma possível fragilidade no processo de classificação esportiva, conseguem ser considerados elegíveis e participar de competições do esporte paralímpico. O caso mais marcante da história de “invasores” participando de uma edição dos Jogos Paralímpicos ocorreu em Sydney, 2000, na Austrália. Um jornalista espanhol e ex-jogador de basquetebol simulou uma deficiência mental e participou da equipe de seu país, medalha de ouro naquela competição. No seu retorno a Madri, o jornalista, na primeira pessoa, relatou o fato, como denúncia, ampliando-o a outros companheiros seus na equipe espanhola. Essa denúncia fez com que a medalha da Espanha fosse retirada, a modalidade nunca mais tenha sido oferecida num programa dos Jogos Paralímpicos e que a participação de atletas com deficiência cognitiva tenha sido suspensa dos Jogos de Atenas, em 2004 e Beijing, em 2008, retornando somente em Londres, 2012, já com grandes alterações no processo de classificação esportiva na área. Outros casos foram descobertos no judô, nos Jogos de Beijing, em 2008. Existem registros de casos esporádicos de “invasores” nas modalidades de inverno, principalmente no esqui alpino e no esqui nórdico e em diversas outras modalidades de verão. O maior problema da participação dos chamados “invasores” em modalidades paralímpicas Memória Paralímpica

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é o prejuízo causado por eles ao princípio básico da igualdade entre os competidores. Esses invasores, contudo, nem sempre agem por dolo. Eles são fruto da ineficácia dos processos de classificação e avaliação das elegibilidades ainda hoje existente em muitos países, principalmente nas áreas das deficiências visual e cognitiva. O IPC e as Federações Internacionais têm uma grande preocupação com essa questão e, a cada dia, buscam aprimorar seus processos e evitar a ocorrência de “invasores” nas diversas modalidades. Além dos invasores não elegíveis, nós também observamos, principalmente, mas não somente, na área da deficiência visual atletas que simulam, ou são levados a simular, uma defasagem maior do que aquela que realmente possuem. Isso, quando se dá, é uma estratégia de tentar burlar o princípio básico da igualdade entre os competidores e participar das competições em uma classe mais baixa que a sua. Em toda a classificação do esporte paralímpico quanto menor for o número atribuído a uma determinada classe, maior será a defasagem apresentada pelos atletas.

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CAPÍTULO

2

Esporte, Deficiência e Sociedade

Não é possível analisar a evolução do esporte paralímpico sem considerar a trajetória histórica da relação sociedade e deficiência. O esporte paralímpico está contido em uma questão mais ampla; a luta política das pessoas com deficiência pelos seus direitos de cidadãos plenos em direitos e conscientes em deveres. O esporte paralímpico é um grande veículo pelo qual as pessoas com deficiência apresentam-se à sociedade através, não das suas diferenças, mas sim de suas amplas potencialidades. A sua análise situacional e histórica tem de considerar a relação sociedade/deficiência, estando atenta às questões das alterações macro na sociedade e, principalmente, reconhecer, como já dissemos, o esporte paralímpico como parte do movimento político associativista das pessoas com deficiência.

Marcelo Amorim, o “Índio”, Roberto Ramos, Iranilson Silva, o “Tita” e Humberto Henriques. Treino de natação da equipe da SADEF-RJ, no Parque Aquático Julio Delamare, complexo esportivo do Maracanã. Essa foto é da década de 80 e os atletas faziam diversas modalidades. A especialização em uma só modalidade foi um avanço introduzido na década 90. Foto: Acervo da SADEF-RJ.

O esporte praticado por atletas com deficiência, sua história, seus valores, seus objetivos, seus princípios filosóficos e os seus benefícios à clientela não podem ser analisados isoladamente. O esporte olímpico pode ser considera- O esporte paralímpico do um fim em si mesmo, contudo o esporte paralímpico de rendimento é fim é um veículo da busca e meio. No esporte paralímpico não existem perdedores, ele é muito mais do pela igualdade com que o esporte olímpico praticado por atletas com deficiência. As suas vitórias transcendem àquelas importantes conquistas obtidas nas arenas esportivas. respeito às diferenças Nesse contexto, deixar de considerar o movimento político associativo e de luta das pessoas com deficiência por seus direitos na história da evolução do esporte paralímpico no Brasil e no mundo é negar a realidade e deixar de considerar a sua importância no passado, no presente e no futuro do esporte praticado por atletas com deficiência. Os espaços, a estrutura, a visibilidade, o reconhecimento e os recursos hoje destinados ao esporte paralímpico não foram simplesmente concedidos. Eles foram conquistados. O movimento político das pessoas com deficiência no Brasil foi, é e sempre será um importante parceiro nessas conquistas.

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CAPÍTULO

3

A revolução industrial e as deficiências Nesse trabalho nós vamos deixar de fazer referências às relações sociedade/pessoas com deficiência nas civilizações antigas, na idade média e em outros períodos históricos. Nós vamos direto ao século XVIII, à Revolução Industrial, já que esta foi uma grande e drástica mudança nas relações de trabalho, na economia, nas concentrações populacionais, nos meios de produção, nas relações sociais e nas questões relacionadas às pessoas com deficiência. A Revolução Industrial foi constituída por um conjunto de mudanças que aconteceram na Europa nos séculos XVIII e, principalmente no século XIX, nos Estados Unidos da América. A principal particularidade dessa revolução foi a substituição do trabalho autônomo de pequena produção e artesanal pelo assalariado, nos grandes centros populacionais e com o uso das máquinas movidas a vapor. Homens, mulheres, idosos e até crianças eram submetidos a um regime de trabalho de 10 ou mais horas por dia, sete dias por semana. Os direitos trabalhistas só viriam muito tempo depois. Muito comumente, todo o grupo familiar trabalhava na mesma fábrica ou num dos recém criados latifúndios produtivos, todavia as pessoas com deficiência não eram consideradas elegíveis para a força de trabalho, onde a produção, no seu aspecto quantitativo, regia as relações capital - trabalho.

A questão da deficiência na revolução industrial - os estigmas e preconceitos vêm de longe Foto: https://seccioneuropea.wordpress.com/theindustrial-revolution/

No campo, as pequenas e micropropriedades foram incorporadas em latifúndios que visavam não mais atender às demandas locais, mas sim abastecer os grandes grupamentos populacionais das metrópoles que se formavam. Antes as famílias, na maior parte das vezes, eram proprietárias de seus próprios negócios, geralmente de produção artesanal familiar, de pequenos comércios, de artífices ou ainda de micropropriedades rurais. Eles faziam os seus horários de trabalho, de acordo com a demanda específica por seus produtos ou serviços e os seus afazeres familiares. Entre esses afazeres estava a atenção aos seus membros com algum tipo de deficiência. Destes muitos participavam da produção e do negócio familiar. 32


Homens, mulheres, idosos e até crianças eram submetidos a um regime de trabalho de 10 ou mais horas por dia, sete dias por semana

Foto: https://seccioneuropea.wordpress.com/the-industrial-revolution/

As crianças e adolescentes trabalhavam nas fábricas sem os requisitos mínimos de segurança. Muitas delas adquiriram uma deficiência em função de acidentes de trabalho, nesse caso elas eram imediatamente afastadas dos seus empregos, sem qualquer indenização, e passavam a integrar os grupamentos de deficientes assistidos pelo estado nos asilos ou instituições especializadas destinadas às pessoas com deficiência. Esse grupamento não era considerado como apto para o trabalho. A maior parte dos acidentes que causavam a instalação de uma deficiência nos trabalhadores acontecia nas minas de carvão. A Revolução Industrial também foi conhecida como a “Revolução do Carvão”, combustível que movia todo o maquinário a vapor. Com a Revolução Industrial houve uma grande migração populacional para os centros fabris. As famílias não tinham como inserir os seus membros com deficiência nas fábricas ou nos latifúndios onde passaram a trabalhar e tampouco podiam mais dar a eles a atenção necessária no seu dia a dia. Em função disso, a primeira fase da Revolução Industrial, ainda na Europa do Século XVIII, foi a época da criação dos grandes asilos ou das “instituições totais”, geralmente mantidos pelo Estado. Para essas instituições essas pessoas com deficiência, de famílias do proletariado, eram encaminhadas como única alternativa de atendimento às pessoas com deficiência mental, somente os hospícios. Nesta área, essa situação perdurou Foto: http://exhibitenvoy.org/OurExhibits/tabid/110/ até as primeiras décadas do século XX. ID/20/The_Way_We_Worked.aspx

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Muitos dos estigmas e preconceitos que, infelizmente, ainda hoje atingem e limitam o acesso de pessoas com deficiência ao mercado de trabalho e ao efetivo exercício da cidadania vêm dessa época; deficiente, incapaz, discapacitado, handicapped, minusvalido, disable, inválidos e outros termos, em diversos idiomas, até hoje utilizados remetem, direta ou indiretamente, à deficiência em relação ao acesso ao trabalho. Passados quase dois séculos e meio surge o esporte paralímpico. Quebrar estigmas e preconceitos, que vêm de longe, fortalecer o embate social, propiciar que a pessoa com deficiência se apresente à sociedade por suas reais e amplas potencialidades são, também, missões do esporte paralímpico. Nos dias de hoje, o esporte paralímpico vai muito além das medalhas. Embora resultados, pódios e medalhas sejam muito importantes, embora os atletas de ponta desempenhem um papel fundamental na alteração da visão social sobre a deficiência, todos são agentes de mudanças positivas Foto: Richard Burton Archives e heróis da força do espírito humano. Aquelas pessoas com deficiência que os senhores da indústria, do comércio e dos latifúndios, nos séculos XVIII e XIX, julgavam incapazes para o trabalho e que deveriam ser segregadas em instituições, hoje apresentam à sociedade toda a sua potencialidade através do esporte paralímpico, da sua força de Muitos dos estigmas trabalho, da excelência em diversos campos, da capacidade acadêmica e do seu e preconceitos que, potencial de resiliência.

infelizmente, ainda hoje atingem e limitam o acesso de pessoas com deficiência ao mercado de trabalho e ao efetivo exercício da cidadania vêm dessa época

Pode até parecer ao leitor estranho falarmos de Revolução Industrial em um livro que tem como temas o esporte paralímpico e as pessoas com deficiência, não necessariamente nessa ordem de prioridade, contudo além da sua importância histórica, econômica, demográfica, política e social, a Revolução Industrial tem as suas consequências presentes na história do esporte e do movimento político associativo das pessoas com deficiência. Os atletas do renascer olímpico da Era Moderna, nos Jogos de 1896, em Atenas, na Grécia, eram, quase que exclusivamente, os filhos homens dos senhores da indústria, do grande comércio, dos latifúndios e do sistema financeiro construídos na revolução industrial, além dos jovens militares e dos filhos da nobreza europeia. Essa era a parcela da população que tinha acesso ao esporte, inicialmente como atividade de lazer. Posteriormente, esse mesmo grupamento incentivou e apoiou a iniciativa de Pierre de Coubertin no sentido de viabilizar o retorno do Movimento Olímpico, já como esporte competitivo e de alto rendimento. No final do século XIX, ao proletariado pós Revolução Industrial, ainda somente o trabalho. Já no campo do movimento político das pessoas com deficiência, as primeiras iniciativas associativas de reivindicações se deram, também como consequência da Revolução Industrial, tendo como atores pessoas do proletariado que haviam se tornado deficientes em função de acidentes de trabalho. Para tanto eles se reuniram em organizações, formais ou não, e perceberam que a união era o caminho para o alcance dos seus objetivos.

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CAPÍTULO

4

A Guerra e as pessoas com deficiências A Guerra Civil Americana (1861-1865)

A Guerra Civil Americana, entre 1861 e 1865, foi um conflito entre duas realidades: o Sul escravocrata, agrícola e fidalgo contra o Norte, onde a Revolução Industrial já se instalara. Depois da guerra civil os soldados lesionados tinham a necessidade de voltarem às suas famílias e aos seus postos de trabalho. A Guerra foi uma verdadeira carnificina fratricida e produziu um grande número de ex-soldados lesionados que voltaram para as suas famílias com uma deficiência já instalada. O Governo Americano instituiu um programa específico de atendimento a esses “deficientes de guerra”, ampliando, então, à sua assistência aos ex-soldados (veteranos) que haviam se tornado deficientes. Foram implantadas as chamadas residências de veteranos, onde a estes eram oferecidos cuidados médicos e de reabilitação.

Após a guerra civil o governo americano incentivou a reintegração dos ex-combatentes na sociedade

https://www.nlm.nih.gov/exhibition/lifeandlimb/

A importância da Guerra Civil Americana na questão da deficiência foi a percepção dos “deficientes de guerra” como uma questão social e a responsabilização do governo pela assistência e pelo processo de reabilitação dos lesionados que haviam se tornado deficientes no conflito. Essa atenção governamental, 80 anos após, e já durante a II Grande Guerra Mundial, tornou viável o surgimento do esporte paralímpico naquele país, mas isso é assunto para falarmos um pouco mais à frente.

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Soldados feridos em Hospital de Washington, 1860. Foto: National Library of Medicine

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CAPÍTULO

5

I Guerra Mundial e as pessoas com deficiências antes de Stoke Mandeville Os primeiros passos do esporte no processo de reabilitação

Eles eram jovens. Eles eram guerreiros. Ao final da I Grande Guerra Mundial (1914 a 1916) e da Guerra Civil Americana, eles buscavam mais do que trabalhos manuais terapêuticos no seu processo de reabilitação. Queriam continuar lutando, mas a sua guerra agora era outra. O embate social os aguardava. Nesse contexto, na Europa, ainda ao final da I Grande Guerra Mundial, a toda gama de atenções aos veteranos deficientes, somou-se a introdução do esporte nos seus programas de reabilitação. Soldados feridos da I Guerra Mundial no Hospital Walter Reed em 1918. Foto: http://www.freerepublic.com/focus/f-news/1432020/posts

Soldados e enfermeiras no Hospital geral - Nottingham - (1914-1918) Foto: https://www.nottingham.ac.uk/manuscriptsandspecialcollections/ collectionsindepth/health/nottinghamgeneralhospital.aspx

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Foto: Star & Garter Royal Hospital

Primeiro registro histórico de uma atividade esportiva praticada por ex-soldados com deficiência nos centros de reabilitação foi feito na Inglaterra. O centro de reabilitação de veteranos The Royal Star & Garter Hospital introduziu o Zig Zag, jogo de conteste e de habilidade em cadeira de rodas. (imagem ao lado - foto de 1923). A essa primeira iniciativa foram somadas outras atividades, uma delas foi o tiro com arco. Em 1948, durante Jogos Olímpicos de Verão, em Londres, foram os veteranos do The Royal Star & Garter Hospital que competiram contra a equipe de Stoke Mandeville na apresentação de tiro com arco, organizada por Ludwig Guttmann para divulgar o potencial esportivo das pessoas com deficiência. Os soldados lesionados no conflito bélico, finalmente tinham uma atividade lúdica e própria ao seu perfil durante o seu processo de reabilitação.

Clientes das ações do Royal Star & Garter Hospital após a I Grande Guerra Mundial. Podem ser percebidas pessoas em cadeiras de rodas e em triciclos, ainda muito utilizados à época. Foto: Star & Garter Royal Hospital

O tiro com arco foi inserido no Royal Star & Garter antes da sua inserção no programa de reabilitação de Stoke Mandeville. Foto: https://starandgarter.org/ about-us/history/

Memória Paralímpica

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CAPÍTULO

6

Sir Ludwig Guttmann em Stoke Mandeville

Foto: www.mandevillelegacy.org.uk

Ludwig Guttmann, neurologista alemão de origem judaica que, fugindo do nazismo, foi convidado, em 1944 para assumir o Centro de Reabilitação do Hospital de Stoke Mandeville, em Aylesbury, no Reino Unido. Guttmann nasceu em 3 de julho de 1899, na cidade Toszek, hoje região pertecente à Polônia, vindo a falecer em 18 de março de 1980, no Reino Unido.

Em 1944, o Dr. Ludwig Guttmann insere no programa do Hospital de Stoke Mandeville a primeira modalidade esportiva desenvolvida especificamente para pessoas em cadeira de rodas. A modalidade, hoje descontinuada, era um híbrido entre o hóquei e o polo. Foto: http://www.mandevillelegacy.org.uk

Guttmann ainda jovem. Foto: www.mandevillelegacy.org.uk Foto- http://www.mandevillelegacy.org.uk

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A essa modalidade e baseado no grande potencial de reabilitação do esporte, Guttman insere em Stoke Mandeville diversas outras modalidades: tiro com arco, tênis de mesa, bilhar, halterofilismo, esgrima, jogo de iniciação ao basquetebol (com diminuição da altura do aro e ainda sem tabelas) chamado de Netball, o Low Bowling (espécie de bocha jogada na grama), o slalon (modalidade de habilidades em cadeira de rodas que, até os Jogos paralímpicos de Seul, em 1988, fazia parte das provas de atletismo), Dartchery (modalidade que unia o tiro com arco e o dardo, jogo comum nos pubs ingleses) e provas de campo no atletismo. Em 29 de julho de 1948, no dia da Cerimônia de Abertura dos Jogos Olímpicos, na cidade de Londres já reconstruída dos pesados bombardeios que sofrera na II Grande Guerra Mundial, o Dr. Ludwig Guttmann organizou a primeira competição para atletas em cadeira de rodas. A esse evento, Dr. Guttmann deu o nome de Stoke Mandeville Games, marco inicial da história paralímpica. Essa competição de tiro com arco envolveu 16 atletas que haviam sofrido lesões no conflito bélico e estavam inseridos no programa de reabilitação do Hospital de Stoke Mandeville e do Hospital Royal & Garter Homes, ambos localizados na Inglaterra. Em 1952, com a participação da equipe da Holanda foram fundados os Jogos Mundiais de Stoke Mandeville, primeira competição internacional do esporte paralímpico.

“O grande feito do Ludwig Guttmann foi o de promover uma disseminação do Basquetebol em Cadeira de Rodas e das demais modalidades de então em todo o mundo. Stoke Mandeville sempre foi uma “Meca” do tratamento de lesados medulares e, a partir de uma determinada época, Guttmann enfatizava a importância do esporte para o processo de reabilitação de lesados medulares. Com isso, os milhares de médicos, de todos os cantos do mundo, que passavam por lá para aprender ou simplesmente para ver o que era feito, percebiam a importância do esporte na reabilitação e levavam para os seus países esse conhecimento e esse importante procedimento no processo de reabilitação física e emocional do lesado medular”.

Foto: http://www.mandevillelegacy.org.uk

Sir Ludwig Guttmann é considerado o fundador do esporte paralímpico internacional

Prof. Dr. Pedro Américo de Souza Sobrinho

Memória Paralímpica

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Visita do Príncipe de Gales, Charles, a Stoke Mandeville. Ao seu lado esquerdo Sir Ludwig Guttmann. Foto: http://www.mandevillelegacy.org.uk

Desfile das delegações na abertura dos Jogos Mundiais de Stoke Mandeville no início dos anos 60. Foto: http://www. mandevillelegacy.org.uk

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CAPÍTULO

7

Franklin Delano Roosevelt e o início do Esporte Paralímpico nos EUA “Quando Johnny voltar para casa” O início do basquete em cadeira de rodas

Franklin Delano Roosevelt governou os Estados Unidos da América por 12 anos e faleceu em 1945, ainda no exercício do mandato de Presidente dos EUA e meses antes do final da Segunda Grande Guerra Mundial. Essa foto é rara. Roosevelt jamais usou cadeira de rodas em público. Acometido de poliomielite, aos 39 anos, em 1921, quando ainda iniciava a sua carreira política, ele chegou à Presidência dos EUA (1933 - 1945). A menina com ele na foto é filha de uma funcionária da residência oficial. Em 1941, o Presidente Roosevelt, preocupado com a reabilitação de soldados norte-americanos, antes mesmo da entrada do país na Segunda Grande Guerra Mundial (dezembro de 1941), criou o Hospital Naval de Corona, na Califórnia. Considerado como a “joia da coroa” dos hospitais militares americanos, Corona anteriormente era um SPA de luxo, The Norconian Resort, frequentado pelas pessoas mais abastadas da região, recebendo até moradores da costa leste do país.

Franklin Roosevelt com seu cachorro Fala e a filha do gerente do parque onde estava hospedado. Foto: Getty Images Historic

Franklin Roosevelt em Warm Springs (1929) FDR Presidential Library & Museum. Foto: https://catalog.archives.gov/id/6037484

Memória Paralímpica

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Churchill, Roosevelt e Stalin em encontro da Segunda Guerra Mundial Foto: https://sites.google.com/site/quoteslinks/1/war/gb/1/churchillfirst-world-war-2

Os hospitais militares de Birmingham (CA), Framingham (MA), assim como o Corona Naval Station (CA) foram, de fato, os precursores do BCR no mundo. O time do Hospital de Birmingham, já em 1947, realizou, contra a equipe de Corona o primeiro jogo oficial e registrado da história do basquetebol em cadeira de rodas. Nos Estados Unidos e através do basquete em cadeira de rodas, já em 1947 e 48, pode ser percebida uma alteração na visão do esporte como elemento do processo de reabilitação. O basquete praticado na Liga Americana já era um esporte que buscava o alto rendimento. Os seus atletas já haviam tido alta da reabilitação e o esporte de rendimento lhes foi apresentado como uma das alternativas viáveis no pós-reabilitação. Já em 1948, a National Weelchair Basketball Association- NWBA (Associação Nacional de Basquete em Cadeira de Rodas) foi criada, assim como o seu primeiro campeonato oficial, organizado por Tim Nugent, da Universidade de Illinois, hoje membro do Hall da Fama do basquete em cadeira de rodas nos EUA.

Memorial Franklin Roosevelt Imagem: Ingfbruno/Wikimedia Common

Fonte: https://www.nwba.org/history

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O Hospital Naval Corona, na Califórnia, serviu de base para preparar atletas para o novo esporte. Foto: http://navymedicine. navylive.dodlive.mil/ archives/5368

Tim Nugent foi um pioneiro do basquete em cadeira de rodas implantando um programa na Universidade de Illinois e ajudando a divulgar e fomentar o esporte nos EUA. Foto: L. Brian Stauffer

“The Rolling Devils,” pioneiros do basquete em cadeiras de rodas americano. Foto: Elizabeth Kinzer O’Farrell

Memória Paralímpica

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1946, Van Nuys, Califรณrnia, time de basquete em cadeira de rodas no Hospital Birmingham, 1946. Foto: http://navymedicine. navylive.dodlive.mil/ archives/5368

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CAPÍTULO

8

Os Movimentos Olímpico e Paralímpico

O Renascer Olímpico Em 1896 um nobre e idealista francês, Pierre Fredy (1863 – 1937), o Barão de Coubertin, depois de um longo caminho em busca de um sonho, consegue torná-lo realidade. Atenas vê renascer, depois de 1500 anos do seu banimento na Grécia antiga, o movimento olímpico com a realização dos primeiros Jogos Olímpicos da Era Moderna. Jovens homens de 14 países competiram em nove modalidades e tornaram-se protagonistas dos primeiros passos do olimpismo moderno. Foram 241 atletas que, no dia 06 de abril de 1896, no Estádio de Mármore (Panathinaico), fizeram renascer os Jogos Olímpicos. Enquanto na Europa e nos Estados Unidos, que viviam a consolidação da Revolução Industrial, o proletariado trabalhava 10 a 12 horas por dia, sete dias na semana, e 365 dias ao ano, o esporte era uma das formas de lazer das classes dominantes. Os filhos homens dos nobres, dos senhores da indústria, do comércio, dos meios financeiros, dos latifundiários, os fidalgos e os jovens militares foram os atores exclusivos dos Jogos de 1896.

Estádio Panathinaiko na Cerimônia de Abertura dos Jogos Olímpicos de 1896 – Atenas Grécia. https://www.gettyimages.co.uk/collections/hultonarchive Foto: Getty Images - Hulton Archibes Memória Paralímpica

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As mulheres, retratando a estrutura social patriarcal e excludente da época, não tinham ainda acesso ao esporte. Como também não participavam, em número relevante, dos meios de produção, viviam para os seus homens e para as suas proles. Provavelmente as mulheres, mesmo depois de muitos séculos de história, ainda tinham, no final do século XIX, o mesmo papel social daquelas de Esparta e Atenas quando da realização dos Jogos Olímpicos da Grécia antiga. Na mesma época acontecia na Europa e nos Estados Unidos a chamada “primeira onda” do movimento feminista. Acesso ao trabalho, à educação, ao direito de escolher com quem se casariam e ao voto eram as bandeiras principais de então. O acesso ao esporte certamente não estava entre as principais bandeiras de luta. As pessoas com deficiência, no final do século XIX, ainda viviam segregadas na sociedade e, na maior parte das vezes, afastadas das suas famílias. Os asilos de isolamento total, existentes desde a Idade Média, vinham, pouco a pouco, dando lugar a hospitais, centros de reabilitação e a escolas residenciais segregadas e exclusivas, onde a preparação para o trabalho predominava quando comparada à educação escolar formal e acadêmica. Portanto o movimento olímpico da era moderna nasceu elitista e exclusivo para os homens. Assim ele viveu também a sua segunda edição, em 1900, em Paris, na França. Nesses Jogos, um grupo de onze mulheres se rebelou contra um regulamento que simplesmente proibia a participação feminina. Cartaz promocional da Elas foram a Paris e a organização lhes teria aberto unicamente as modalicompetição de esgrima dades de esgrima, golf e tênis, em torneios paralelos e isolados. nos Jogos Olímpicos Os Jogos Olímpicos de Paris, em 1900, foram diluídos ao longo de mais de Paris, 1900. de quatro meses, entre 14 de maio e 28 de outubro. Eles aconteceram como Foto: Wikipedia uma das atividades da programação da Exposição Universal de 1900, o grande evento da capital francesa no último ano do século XIX. Lazer e esporte eram, ao final do século XIX, de acesso impensável para todas as pessoas com deficiência. O movimento político mundial das pessoas com deficiência por seus direitos e uma de suas consequências, o esporte paralímpico, viriam a reverter essa visão, mas isso é para muito mais à frente na nossa história.

Competição feminina de tiro com arco nos Jogos Olímpicos de Londres, em 1908. Foto: https://www.reddit.com/r/HistoryPorn/comments/2be2rf/ women_archers_at_the_london_olympics_1908/

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O Início do Século XX Depois dos Jogos Olímpicos de Atenas, 1896 e Paris 1900, seguiram-se os Jogos de Saint Louis, em 1904, Londres, 1908 e Estocolmo em 1912. Já em 1916 os Jogos não aconteceram em função da Primeira Grande Guerra Mundial. Em 1904, as mulheres participaram apenas de competições de tiro com arco. A Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918), carnificina que cobriu a Europa de sangue, além de impedir a realização dos Jogos de 1916, trouxe uma grande mudança na sociedade do pós-guerra. Com os homens nos campos de batalha na “Guerra das Guerras”, as mulheres foram chamadas aos postos de trabalho nos meios de produção, principalmente nas indústrias envolvidas nos esforços de guerra. As mulheres e o movimento feminista saíram fortalecidos e, no pós-guerra, a sua luta por igualdade estava mais aparelhada. No bojo desse processo as mulheres garantiram definitivamente o seu acesso à prática do esporte e à participação nos Jogos Olímpicos. Dos campos de batalha retornaram jovens com sequelas, os “deficientes de guerra”. Cegos, amputados, surdos e pessoas com lesões medulares voltaram para as suas famílias, muitos deles sem condições de retornarem aos seus antigos postos de trabalho. Para a maioria das pessoas com deficiência, contudo, o início do esporte competitivo continuava sendo percebido como inviável, embora existam registros de atividades esportivas praticadas por pessoas com deficiência nesse período pós-Primeira Guerra Mundial, sempre ainda percebendo o esporte como uma atividade do processo de reabilitação, principalmente no Reino Unido e em outros países do norte da Europa. Na Inglaterra o The Royal Star & Garter Hospital, como já vimos, foi o pioneiro. O Período entre as Guerras Mundiais Seguiram-se os Jogos Olímpicos de Antuérpia, na Bélgica (1920), novamente em Paris (1924), Amsterdã (1928), Los Angeles (1932) e Berlim (1936). Nesse período a participação feminina nos Jogos Olímpicos foi se fortalecendo até a sua consolidação definitiva. Esse espaço das mulheres no esporte era reflexo já da “Segunda Onda” do movimento feminista e foram refletidos na conquista de espaços no mercado de trabalho, na vida acadêmica e profissional e, principalmente, no direito de votarem e serem votadas.

Memória Paralímpica

Como em Paris, em 1900, os Jogos Olímpicos de Saint Louis também eram parte de programa de uma grande exposição.

As mulheres e o movimento feminista saíram fortalecidos e, no pós-guerra, a sua luta por igualdade estava mais aparelhada. No bojo desse processo as mulheres garantiram definitivamente o seu acesso à prática do esporte e à participação nos Jogos Olímpicos

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Um gênero que não podia participar, como atleta ou espectador, nos Jogos da Grécia antiga, onde os homens competiam nus, e que tinham, as mulheres, a sua participação como atletas impedida pelo regulamento dos Jogos Olímpicos em suas primeiras edições, galgava o direito de participação plena no maior evento esportivo do mundo. Às pessoas com deficiência, contudo, até o final da Segunda Grande Guerra Mundial, o esporte competitivo não era ainda percebido e oferecido como uma possibilidade real, embora as primeiras e isoladas iniciativas datem, como já vimos, do período pós I Guerra Mundial. Em 1924, em Chamonix, na França, acontece a primeira edição dos Jogos Olímpicos de Inverno. A partir daí os Jogos passaram a ser diferenciados pelos nomes de Jogos Olímpicos de Verão e Jogos Olímpicos de Inverno. Os Jogos Paralímpicos seguem hoje a mesma nomenclatura, ou seja, Jogos Paralímpicos de Verão e Jogos Paralímpicos de Inverno.

Em detalhes, a primeira modalidade inserida por Guttman em Stoke Mandeville. Os cobertores sobre as pernas era um hábito que felizmente não existe mais. Foto: http://www. mandevillelegacy.org.uk

A Segunda Guerra Mundial A Segunda Grande Guerra (1939 – 1945) interrompe o ciclo olímpico com a não realização dos Jogos em 1940 e 1944. Em 1944, Ludwig Guttmann (1899 – 1980), dirige o Centro de Reabilitação Inglês, na Cidade de Stoke Mandeville. Lá ele percebe a oportunidade, a importância e a validade das atividades recreativas e esportivas nos programas de reabilitação de pessoas com sequelas físicas causadas pela guerra. Além da inserção nas atividades desenvolvidas no centro de reabilitação, Guttmann indica a prática das atividades esportivas competitivas para aqueles seus pacientes após a sua alta hospitalar. Surge em Stoke Mandeville, em 1950, a primeira entidade de gestão do esporte praticado por pessoas com deficiência que desenvolve, durante as décadas de 40 e 50, os primeiros torneios nacionais e internacionais. 48


No mesmo período no qual o Dr. Guttmann insere o esporte competitivo em Stoke Mandeville, nos Estados Unidos, em centros de reabilitação de veteranos que retornaram da Segunda Grande Guerra Mundial com lesões medulares e amputações, é iniciada a prática do basquete em cadeiras de rodas (veja capítulo anterior). Em 1952 acontece a primeira edição dos Jogos Internacionais de Stoke Mandeville, na Inglaterra. Além dos ingleses, também O início do tiro com arco competiram nesse evento atletas da Holanda. Esses Jogos marcam em Stoke Mandeville. a primeira competição internacional naquilo que hoje chamamos Foto: www.iwas. org de esporte paralímpico. Na década de 50 foram realizadas oito edições dos “Anual International Stoke Mandeville Games”, evento precursor dos Jogos Paralímpicos e marco da transformação do esporte como elemento do processo de reabilitação para o esporte de alto rendimento, visando resultados e não mais a reabilitação de pessoas com deficiência. O Movimento Olímpico Internacional, até então, não percebia o esporte praticado por pessoas com deficiência como, de fato, esporte de alto rendimento. Mais do que isso, os senhores da gestão do esporte olímpico percebiam o “paradesporto” como a antítese do esporte olímpico. As possibilidades de iniciativas e eventos conjuntos não eram sequer percebidas, na maior parte das vezes, como viáveis. MENS SANA IN CORPORE SANO e CITIUS, ALTIUS, FORTIUS expressões latinas que denotam um princípio eugênico que o esporte e o movimento olímpico utilizam como pilares de sua práxis, até muito pouco tempo atrás eram usadas para tentar justificar o não reconhecimento do “paradesporto” como esporte competitivo e de alto rendimento. Na história do esporte paralímpico brasileiro, já na década de 70 e início dos anos 80, existem pareceres de conselheiros do extinto (1993) CND (Conselho Nacional de Desportos) utilizando essas citações para justificar a negativa de apoio dos órgãos públicos ao esporte de pessoas com deficiência em nosso país. Aliás “deficiência era vista como doença e doentes não podem praticar esportes”. Mais adiante, nós voltaremos a tratar dessa questão. Roma, 1960, marca a primeira participação de atletas com deficiência em uma ediDelegação do Japão na Cerimônia de Abertura ção dos Jogos Olímpicos. Pessoas com lesões dos Jogos Paralímpicos de Tóquio, em 1964. medulares e outros comprometimentos físiFoto: Comitê Organizador dos Jogos cos competiram, em provas específicas, num Paralímpicos de Tóquio, 1964 programa paralelo aos Jogos Olímpicos. Isso se deu graças à realização conjunta com os Memória Paralímpica

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Jogos Olímpicos de Verão de Roma dos IX Jogos Internacionais de Stoke Mandeville. Portanto, em Roma, 1960, não foi realizada a primeira edição dos Jogos com a nomenclatura de paralímpico, mas sim a 9ª edição dos Jogos Mundiais de Stoke Mandeville. O termo Jogos Paralímpicos foi utilizado pela primeira vez em Tóquio, Japão, em 1964. Os registros históricos, contudo, reconhecem hoje os Jogos de Roma como a primeira edição dos Jogos Paralímpicos, a Era Paralímpica. Em 1968, os Jogos Olímpicos foram realizados na Cidade do México e os Jogos Paralímpicos em Tel Aviv, Israel. Seguem os Jogos Paralímpicos de Heidelberg, na antiga Alemanha Ocidental, em 1972. Neste ano os Jogos Olímpicos de Verão foram realizados em Munique, também na Alemanha Ocidental. Essa edição dos Jogos Olímpicos foi tristemente marcada pelo ataque terrorista à delegação de Israel. Até os Jogos Paralímpicos de 1972, em Heidelberg, na Alemanha Ocidental, somente participavam atletas que utilizavam cadeiras de rodas. Os atletas com deficiência cognitiva, com deficiência visual, com paralisia cerebral, com nanismo e com malformações congênitas só foram inseridos posteriormente no programa oficial dos Jogos Paralímpicos. Nós veremos isso a seguir.

Cartazes do Comitê Organizador dos Jogos Paralímpicos de Tóquio, 1964

Desfile das delegações na Cerimônia de Abertura dos Jogos Paralímpicos de Tel Aviv, Israel, 1968. Foto: http://www.mandevillelegacy.org.uk

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Em 1976, em Toronto, Canadá, atletas com deficiência visual e aqueles considerados como Les Autres (malformações congênitas, nanismo e outras síndromes que levavam a um déficit motor) participaram pela primeira vez de uma edição dos Jogos Paralímpicos). Nesse ano, os Jogos Olímpicos de Verão foram realizados em Montreal, também no Canadá. Já em 1980, Moscou, na antiga União Soviética, realiza os Jogos Olímpicos e os Jogos Paralímpicos são realizados em Arnhem, na Holanda. Essa edição dos Foto: IPC - Heidelberg, 1972 Jogos paralímpicos recebe, pela primeira vez, atletas com paralisia cerebral. Em 1984, Los Angeles também não realizou os Jogos paralímpicos. Nesse ano os Jogos Paralímpicos foram realizados em duas sedes distintas: a Cidade de New York, EUA, realizou os Em 1976, em Toronto, Canadá, Jogos Paralímpicos para atletas com deficiência visual e com atletas com deficiência visual paralisia cerebral; cabendo à cidade inglesa de Stoke Mandevil- e aqueles considerados como le realizar os Jogos de 1984 para os atletas usuários de cadeiras Les Autres (malformações de rodas e aqueles com outras deficiências físicas que não a pa- congênitas, nanismo e outras ralisia cerebral. síndromes que levavam a um Los Angeles foi a última cidade sede de Jogos Olímpicos, de déficit motor) participaram pela verão ou de inverno, que deixou de organizar também os Jogos primeira vez de uma edição dos Paralímpicos, sempre nos mesmos anos, e utilizando as mes- Jogos Paralímpicos) mas instalações esportivas dos Jogos Olímpicos.

Desfile da Delegação da Alemanha Ocidental em Toronto 1976. Foto: IPC

Memória Paralímpica

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Basquete nos Jogos Paralímpicos de Arnhein, Holanda, 1980. Brasil X Holanda. Roberto Ramos, o “Robertão” foi jogador da seleção brasileira por mais de 20 anos. Foto: Acervo de Roberto Ramos

Seul (1988) marcou definitivamente o futuro do esporte paralímpico internacional. Lá foi a primeira edição dos Jogos Paralímpicos de Verão no seu formato definitivo. Seul, na Coreia do Sul, realizou os Jogos Olímpicos de Verão, em 1988, e também os Jogos Paralímpicos, utilizando em ambos os eventos as mesmas instalações esportivas, mas com vilas de atletas diferentes. Essa foi a minha primeira participação em uma edição dos Jogos. Em 22 de setembro de 1989 foi fundado o Comitê Paralímpico Internacional - IPC . Tendo a sua sede na cidade alemã de Bonn, o IPC, nos mesmos moldes do COI, passa a ser o responsável pela realização dos Jogos Paralímpicos de verão e de inverno. Cabe uma informação quanto ao IPC: embora fundado em 1989, os Jogos Paralímpicos de Barcelona, em 1992, ainda foram realizados pelo ICC, organismo internacional formado, em colegiado, pelas entidades internacionais de gestão do esporte paralímpico, dentro de áreas específicas de deficiência. Em 1993 foi criada a International Wellchair Basketball Association - IWBF. Oriunda de uma seção da Federação Internacional de Stoke Mandeville, a IWBF alcança a sua gestão própria e passa a gerir o basquete em cadeira de rodas em todo o mundo. A IWBF foi a primeira federação internacional especificamente criada para gerir uma única modalidade paralímpica. Seguiram-se os Jogos Paralímpicos de Atlanta (1996), Sidney (2000), Atenas (2004), Beijing (2008), Londres (2012) e Rio de Janeiro (2016). Portanto, desde Seul, em 1988, os Jogos Paralímpicos de Verão sempre foram realizados nas cidades e instalações utilizadas nos Jogos Olímpicos. Os Jogos Paralímpicos de Atlanta (1996) marcam a inclusão de atletas com deficiência cognitiva no programa oficial dos Jogos. 52


Sydney, 2000, marca a estruturação de um único comitê organizador local para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos. Até os Jogos de Atlanta, em 1996, havia sempre dois comitês organizadores; cada um deles organizava um desses grandes eventos esportivos. Essa sistemática, desde Sydney- 2000, Atenas 2004, Beijing 2008, Londres 2012, acompanha até hoje a estruturação de gestão dos Jogos. No Rio, nos Jogos de 2016, tivemos também um único Comitê Organizador. O mesmo ocorrerá em Tóquio, 2020 e nas futuras realizações dos Jogos Olímpicos, sempre com a realização também dos Jogos Paralímpicos. Consolidado internacionalmente o esporte praticado por atletas com deficiência, o Comitê Olímpico Internacional tem como membro e parceiro o Comitê Paralímpico Internacional. Atualmente todas as cidades que apresentam as suas candidaturas à sede dos Jogos Olímpicos, de verão e de inverno, têm, necessariamente, de prever a realização dos Jogos Paralímpicos. Aquelas 11 mulheres que, mesmo contrariando os regulamentos do Comitê Olímpico Internacional, foram a Paris, nos Jogos de 1900, lograram perceber, num futuro muito próximo, a inserção das mulheres nos Jogos Olímpicos. Já o Movimento Paralímpico Internacional, só foi iniciado em 1952, e acompanha até os nossos dias o Movimento Político de Luta das Pessoas com Deficiência por seus direitos e pela igualdade com respeito às diferenças. Hoje, o esporte praticado por atletas com deficiência, a criação e a consolidação dos Jogos Paralímpicos de verão e de inverno representam duas entre as muitas vitórias de uma caminhada conjunta que ainda está longe de terminar.

Memória Paralímpica

Guttmann, ao introduzir o esporte competitivo na reabilitação dos soldados da II Grande Guerra, no Hospital de Stoke Mandeville (1944), apresentou a esses jovens guerreiros uma nova forma de luta, aquela saudável luta que acontece em canchas esportivas

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CAPÍTULO

9

Os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Verão

Logos dos Jogos Paralímpicos – Fonte: IPC

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Jogos Olímpicos

Cidade

País

1896

Atenas

Grécia

1900

Paris

França

1904

Saint Louis

EUA

1908

Londres

UK

1912

Estocolmo

Suécia

1920

Antuérpia

Bélgica

1924

Paris

França

1928

Amsterdã

Holanda

1932

Los Angeles

EUA

1936

Berlin

Alemanha

1948

Londres

UK

1952

Helsing

Finlândia

1956

Melbourne

Austrália

1960

Roma

Itália

1964

Tóquio

Japão

1968

Cidade do México

México

1972

Munique

Alemanha Ocidental

1976

Montreal

Canadá

1980

Moscou

Rússia

1984

Los Angeles

EUA

1988

Seul

Coreia

1992

Barcelona

Espanha

1996

Atlanta

EUA

2000

Sydney

Austrália

2004

Atenas

Grécia

2008

Beijing

China

2012

Londres

UK

2016

Rio de Janeiro

Brasil


Jogos Paralímpicos

Cidade

País

IX Jogos Mundiais de Stoke Mandeville

Roma

Itália

I Jogos Paralímpicos

Tóquio

Japão

II Jogos Paralímpicos

Tel Aviv

Israel

III Jogos Paralímpicos

Heidelberg

Alemanha Ocidental

IV Jogos Paralímpicos

Toronto

Canadá

V Jogos Paralímpicos

Arnhem

Holanda

VI Jogos Paralímpicos

UK e EUA

VII Jogos Paralímpicos

Stoke Mandeville e New York Seul

VIII Jogos Paralímpicos

Barcelona

Espanha

IX Jogos Paralímpicos

Atlanta

EUA

X Jogos Paralímpicos

Sydney

Austrália

XI Jogos Paralímpicos

Atenas

Grécia

XII Jogos Paralímpicos

Beijing

China

XIII Jogos Paralímpicos

Londres

UK

XIV Jogos Paralímpicos

Rio de janeiro

Brasil

Memória Paralímpica

Coreia do Sul

55


OS JOGOS PARALÍMPICOS DE INVERNO

ANO

CIDADE

PAÍS

1976

Ornskoldsvik

Suécia

1980

Geilo

Noruega

1984

Innsbruck

Áustria

1988

Innsbruck

Áustria

1992

Albertville

França

1994

Lillehammer

Noruega

1998

Nagano

Japão

2002

Salt Lake City

EUA

2006

Torino

Itália

2010

Vancouver

Canadá

2014

Sochi

Rússia

2018

PyeongChang

Coreia do Sul

Logo dos Jogos Paralímpicos 1972, realizados em Heidelberg, então Alemanha Ocidental. Aquela edição marca a primeira participação Brasileira nos Jogos

56

Logomarca dos Jogos Paralímpicos Rio 2016


CAPÍTULO

10

A Organização Internacional do Esporte Paralímpico

A história das organizações de gestão internacional do desporto paralímpico, como já vimos, foi iniciada na década de 50 com a criação da International Stoke Mandeville Games Federation - ISMGF. A federação organizava, anualmente, os Jogos Mundiais de Stoke Mandeville, de 1952 a 1959 sempre na cidade inglesa que dava nome à Federação. Em 1960, quando da organização dos Jogos Mundiais de Stoke Mandeville, em sua nona edição, em Roma, considerada a primeira edição dos Jogos Paralímpicos, embora sem ainda usar essa nomenclatura, foi criado um grupo de trabalho para estudar a ampliação do esporte para pessoas com deficiência. O movimento paralímpico internacional, de 1952 até os Jogos Paralímpicos de Toronto, em 1976, foi exclusivo para atletas em cadeiras de rodas e aqueles com deficiências físicas, exceto os paralisados cerebrais. Nessas edições exclusivas incluímos os Jogos Mundiais de Stoke Mandeville e as edições dos Jogos Paralímpicos de Roma (1960), Tóquio (1964), Tel Aviv (1968) e Heidelberg (1972). Um grupo de trabalho esteve sob a responsabilidade da Federação Mundial de Ex-Combatentes e como sua resultante, foi criada, em 1964, a ISOD (International Sports Organization for Disables), abrangendo, então o esporte de cegos e de atletas com baixa visão, atletas com paralisia cerebral, atletas amputados e todos aqueles que, embora 12 nações reunidas nos Jogos de Stoke Mandeville - final da década de 1950 . deficientes, não eram elegíveis Foto: Trinity Mirror / Mirrorpix Alamy Stock Photo como atletas da Federação Internacional de Stoke Mandeville. Aqueles atletas com deficiência mental (termo da época) ainda não eram considerados elegíveis para participarem dos Jogos Paralímpicos. A essas duas entidades de gestão internacional ISMGF e ISOD, somaram-se, em 1978, a Cerebral Palsy International Sports and Recreation Association (CP-ISRA) e, em 1980, a Inter-

Memória Paralímpica

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national Blind Sports Association (IBSA), hoje International Blind Sports Federation. Essas quatro entidades internacionais: International Stoke Mandeville Games Federation (ISMGF), International Sports Organization for Disables (ISOD), Cerebral Palsy International Sports and Recreation Association (CP-ISRA) e International Blind Sports Association (IBSA), em 1982, criaram o International Co-coordinating Committee Sports for the Disabled in the World - ICC. O ICC foi o organismo responsável pela realização dos Jogos Paralímpicos de Verão de 1984 (Stoke Mandeville e New YorK), 1988 (Seul) e Barcelona (1992), esta última edição realizada já após a criação do IPC. O ICC foi também o responsável pelas edições dos Jogos Paralímpicos de Inverno de 1984 e de 1988, ambas as competições realizadas em Innsbruck, na Áustria. Em 1993 é criada a IWBF – International Weelchair Basketball Federation, primeira entidade de gestão internacional de uma única modalidade paralímpica. Em 1998, a Federação Internacional de Stoke Mandeville e a ISOD são fundidas em uma nova entidade, a International Wheelchair & Amputee Sports Federation, a IWAS. Esta endidade, juntamente com a CP-ISRA, a IBSA e a INAS-Fid (International Sports Federation for Persons with Intellectual Disability), fundada em 1986, são as denominadas de IOSDs, International Organization of Sport for Disable. Essas entidades exercem a gestão de múltiplas modalidades paralímpicas especificamente Em 22 de setembro de no âmbito, cada uma delas, de uma das diversas áreas de deficiência elegíveis 1989, em Dusseldorf, para o esporte paralímpico. Alemanha, foi criado Na estrutura atual de gestão internacional do esporte paralímpico são recoo International nhecidas pelo IPC as quatro IOSDs já citadas, as federações internacionais de moParalympic Committee dalidades paralímpicas, as federações olímpicas internacionais que desenvolvem - IPC, entidade de também modalidades paralímpicas e as modalidades que são geridas diretamente gestão do movimento pelo IPC enquanto federações internacionais.

paralímpico Internacional, que teve como entidades fundadoras as mesmas quatro IOSDs que haviam criado o ICC.

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FEDERAÇÕES INTERNACIONAIS RECONHECIDAS PELO IPC Boccia International Sports Federation (BISFed) – Bocha Badminton World Federation (BWF) - Badminton Fédération Equestre Internationale (FEI) - Hipismo World Rowing Federation (FISA) - Remo International Canoe Federation (ICF) - Canoagem International Tennis Federation (ITF) – Tênis de quadra International Table Tennis Federation (ITTF) Tênis de mesa International Triathlon Union (ITU) - Triatlo International Wheelchair Basketball Federation (IWBF) - Basquetebol International Wheelchair Rugby Federation (IWRF) - Rugby Union Cycliste International (UCI) - Ciclismo World Archery (WA) – Tiro com arco World Curling Federation (WCF) - Curling World ParaVolley (WPV) - Voleibol World Taekwondo (WT) – Taekwondo


MODALIDADES GERIDAS DIRETAMENTE PELO IPC ENQUANTO FEDERAÇÃO INTERNACIONAL World Para Alpine Skiing – Esqui alpino World Para Athletics - Atletismo World Para Biathlon - Biatlo World Para Cross-Country Skiing – Esqui Nórdico World Para Dance Sport - Dança World Para Ice Hockey – Hóquei no gelo World Para Powerlifting – Levantamento de peso World Shooting Para Sport – Tiro esportivo World Para Snowboard - Snowboard World Para Swimming – Natação Fonte: IPC

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CAPÍTULO

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Os Pioneiros do Esporte Paralímpico no Brasil

No Brasil, a história do esporte paralímpico começa a ser contada em 1º de abril de 1958, com a fundação, por iniciativa de Robson Sampaio de Almeida, do Clube do Otimismo, no Rio de Janeiro. Logo depois, em 28 de julho do mesmo ano, Sérgio Seraphim Del Grande, juntamente com outros desportistas paulistas, cria o Clube dos Paraplégicos de São Paulo – CPSP.

OS FUNDADORES DO ESPORTE PARALÍMPICO NO BRASIL Robson Sampaio de Almeida

Alagoano radicado na Cidade do Rio de Janeiro, em uma viagem aos Estados Unidos no início dos anos 50, sofre um grave acidente que o deixa em uma cadeira de rodas. Por lá permanece fazendo o seu tratamento e a sua reabilitação. Foto: Acervo do Clube do Otimismo

Sérgio Seraphim Del Grande

Paulistano, em 1951, após um acidente sofrido quando disputava uma partida de futebol no Colégio Arquidiocesano na Cidade de São Paulo, perdeu os movimentos em suas pernas e foi levado para os EUA para fazer sua reabilitação. Foto: expressobsr.wordpress.com/tag/blog/page/3

Robson e Sérgio, nos Estados Unidos, conhecem o desporto praticado por atletas em cadeira de rodas. Desde os anos finais da II Grande Guerra Mundial, o basquete já era praticado e inserido nos programas de reabilitação de pessoas com lesões medulares (já sabemos disso por termos lido capítulo anterior). A estes, somaram-se atletas com sequelas de poliomielite, spina bífida, amputações e outras patologias que evoluem para a utilização de cadeiras de rodas nas práticas esportivas. 60


No seu retorno ao Brasil, Sérgio, em São Paulo e Robson, no Rio de Janeiro, começam a difundir o basquete em cadeira de rodas (BCR). A atividade era desenvolvida por grupos de atletas usuários de cadeiras de rodas, contudo, inicialmente, sem qualquer vínculo com clubes ou instituições. Nesse ano, 1957, surgia em ambas as cidades, Rio e São Paulo, a ideia da fundação de clubes específicos para a prática do BASQUETEBOL EM CADEIRA DE RODAS - BCR no Brasil. Aqueles amigos que desde 1957 jogavam entre si partidas de BCR resolvem fundar entidades e dar os primeiros passos na história do esporte formal praticado por atletas com deficiência em Em 1957, a equipe de basquete americana “PAN-AM-JETS”, formada por funcionários com deficiências físicas da empresa nosso país. de aviação Panamerican Airlines, a PANAM, fez uma excursão No Rio, coube essa missão a Robson Sampaio de Al- ao Brasil e exibições em São Paulo e no Rio de Janeiro. Essa meida, que com aqueles seus companheiros dos primei- equipe, no estilo dos Globe Trotters, foi de grande importância ros treinos e jogos internos de BCR, fundam o CLUBE na difusão do BCR em diversos países, em todo o mundo. Na DO OTIMISMO, em 1º de abril de 1958. Para técnico foto, Robson já está com o uniforme onde pode ser visto o escudo dessa equipe foi convidado Aldo Miccolis. Aldo viria do Clube do Otimismo, na época ainda não oficialmente criado. a acompamhar a evolução do esporte paralímpico no Foto: O Globo Brasil por mais de 50 anos. Nós ainda vamos falar muito sobre ele. Em São Paulo, no mesmo ano, 1958, no dia 28 de julho, Sérgio Seraphin Del Grande, encabeça a iniciativa de criar o CLUBE DOS PARAPLÉGICOS DE SÃO PAULO – CPSP. A data fora escolhida em homenagem à Federação Internacional de Stoke Mandeville, fundada, no mesmo dia, do ano de 1950. Em 1959, no dia 06 de junho, o ginásio do Maracanãzinho, no Rio de Janeiro, foi palco do primeiro jogo de basquetebol em cadeira de rodas no Brasil, quando os paulistas do CPSP venceram os cariocas do Clube do Otimismo por 22 a 16. Desse jogo, primeira competição formal no Brasil do esporte hoje chamado paralímpico, Robson e Sérgio defenderam os seus clubes. Em 1960 e 1961 esse mesmo jogo foi novamente realiAldo Miccolis com uma das primeiras zado, nas duas oportunidades com a vitória dos cariocas. A equipes de basquete do Clube do Otimismo década de 60 foi marcada pelo empenho de Sérgio e Robson na difusão do BCR – RJ. Ao fundo, a bandeira do clube onde por diversos estados do País. podem ser vistas as palavras “coragem, Em 1964 é criado o Clube dos Paraplégicos do Rio de Janeiro – CPRJ. Tordeterminação e esperança”. neios internos eram realizados com uma frequência muito grande, no âmbito Foto: Acervo do Clube do Otimismo dessas entidades. Para o Rio de Janeiro e para São Paulo vinham pessoas de diversos estados de país que queriam conhecer e aprender a jogar o basqueMemória Paralímpica

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Delegação Brasileira nos IV Jogos Pan-Americanos em Cadeira de Rodas. Lima, Peru, 1973. Foto: Acervo de Roberto Ramos

Foto: Acervo de Roberto Ramos. Lima, 1973 Ainda em 1975, de 03 a 06 de setembro, aconteceu um torneio internacional de basquete em cadeira de rodas, no ginásio do Tijuca Tênis Clube, na cidade do Rio de janeiro. Essa foi a primeira competição internacional oficial do esporte paralímpico organizada no Brasil. Fonte: Matéria do acervo digital de O Globo 07/09/1957.

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tebol em cadeira de rodas. Esses atletas, uma vez tendo retornado aos seus estados e às suas cidades, foram de fundamental importância na difusão do esporte e na criação de outras entidades regionais. Ainda nos anos 60 o CPSP, o CPRJ e o Clube do Otimismo realizaram, com duas ou mais equipes da mesma entidade, excursões e jogos de demonstração em diversas cidades do país. Era um grande esforço para apresentar o BCR ao maior número possível de pessoas. Junto ao Robson Sampaio, como técnico de basquete do Clube do Otimismo, estava Aldo Miccolis, futuro Presidente da ANDE e uma das personalidades de maior destaque no esporte paralímpico brasileiro. Em 1973, a Cidade de Lima, no Peru, foi sede dos IV Jogos Pan-Americanos em Cadeira de Rodas. Robson e Sérgio estavam na primeira fila da delegação brasileira (foto), vendo, cada vez mais, o esporte paralímpico brasileiro sendo difundido e desenvolvido em diversos estados. Em 1974, Robson Sampaio de Almeida e Luiz Carlos Silva, ambos do Clube do Otimismo, conquistaram a medalha de prata em duplas de tiro com arco, nos Jogos Mundiais de Stoke Mandeville, na Inglaterra. Nesse mesmo evento, a seleção brasileira de basquete masculino conquistou medalha de prata na competição do grupo B. Em 1975, uma falha de comunicação entre as maiores entidades paralímpicas de São Paulo e Rio de Janeiro fez com que o Brasil levasse duas delegações aos jogos Pan-Americanos em Cadeira de Rodas da Cidade do México. Esse problema fez com que a Federação de Stoke Mandeville exigisse a fundação de uma associação nacional única. Assim, ainda no avião que retornava do México, foi criada, de maneira informal, a Associação Nacional de Desporto de Excepcionais, atual Associação Nacional de Desporto de Deficientes (ANDE). Depois de criada oficialmente e reconhecida pelo Conselho Nacional dos Desportes - CND, a entidade agregou, até 1984, todos os esportes praticados por atletas com qualquer tipo de deficiência, exceto o esporte de surdos.


Primeira Diretoria da ANDE, eleita em 1975, contava como Presidente, Robson Sampaio, Vice-Presidente, Aldo Micollis e demais integrantes: Jose Gomes Blanco, Celsino Hungaro, Sérgio Seraphin Del Grande e Celso Lima. No ano de 1976, já sob a gestão única da ANDE, a seleção brasileira masculina de basquete em cadeira de rodas fez uma excursão em vários países, Marrocos (Casablanca), Itália (Roma), França (Paris) e Estados Unidos (Mariland , Baltimore e Washington DC). Ainda em 1976, nos Jogos Paralímpicos de Toronto, jogando em duplas com Luiz Carlos da Costa, o “Curtinho”, Robson Sampaio de Almeida conquista a primeira me- Sérgio Del Grande levando o BCR aos reabilitandos do dalha brasileira em uma edição dos Jogos, Hospital das Clínicas de São Paulo prata no Lawn Bowls, modalidade hoje des- Foto: Secretaria de Estado dos Direitos das Pessoas com Deficiência do Estado de São Paulo continuada. Em 1978, foi a vez do Brasil sediar uma edição dos Jogos Pan-Americanos em Cadeira de Rodas. As disputas aconteceram no Rio de Janeiro, sob a responsabilidade da ANDE. Esse evento marcou a primeira grande competição internacional do esporte paralímpico realizada no Brasil. Em 1980, sob a responsabilidade da ANDE, o Brasil participou dos Jogos Paralímpicos de Arnhem, na Holanda. A delegação brasileira possuía oito atletas, sete do basquete masculino e um da natação, além de dois técnicos, Teófilo Jacir Farias e Ari Fernando Bittar. Nessa edição dos Jogos Paralímpicos aconteceu o episódio conhecido no meio paralímpico brasileiro como “A saga dos sete Condenados”, mais à Robson Sampaio e Aldo Miccolis em foto do início dos anos 60 Foto: Acervo do Clube do Otimismo frente eu conto essa história. Hoje, não mais entre nós, Robson e Sérgio têm os seus nomes registrados no “Hall da Fama da Memória Paralímpica Brasileira”. Na certeza de que sempre serão lembrados e o seu pioneirismo honrado, ambos são considerados os fundadores do esporte paralímpico no Brasil. Em 1984, com a criação da Associação Brasileira de Desportos para Cegos – ABDC e da Associação Brasileira de Desporto em Cadeira de Rodas – ABRADECAR, a gestão do

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esporte paralímpico no Brasil entra numa nova fase, mas nós vamos saber mais sobre isso adiante. Até as maiores jornadas começam com um primeiro passo. O importante é que esse passo seja dado na direção e no sentido corretos. Os primeiros passos do esporte paralímpico brasileiro foram dados por Robson Sampaio de Almeida e Sérgio Seraphin Del Grande. Os nossos dias demonstram a importância desses primeiros passos. Sérgio e Robson estarão para sempre conosco.

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CAPÍTULO

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A Relação do Esporte Paralímpico com o Movimento Político-Associativista das Pessoas com Deficiência

As pessoas com deficiência conquistaram espaço e visibilidade na sociedade brasileira nas últimas décadas. Na literatura acadêmica, há estudos na área da psicologia, da educação, do esporte e da saúde que se configuram como tradicionais áreas do conhecimento que se interessam pelo tema. Entretanto, esse grupo de pessoas pouco interesse despertou nos historiadores e se encontram à margem dos estudos históricos e sociológicos sobre os movimentos sociais no Brasil, apesar de serem atores que empreenderam, desde a segunda metade da década de 1970, e ainda empreendem intensa luta por cidadania e respeito aos Direitos Humanos. (BRASIL, 2010) Até o final dos anos 50 e desde a primeira iniciativa, em 1854, com a criação do Imperial Instituto dos Meninos Cegos (hoje Instituto Benjamin Constant - IBC) e, em 1857, do Imperial Instituto dos Surdos-Mudos (hoje Instituto Nacional de Educação de Surdos - INES), passando pela criação do movimento das Sociedades Pestalozzi e das Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAES, as instituições para pessoas com deficiência não tinham um caráter político no que tange a luta por seus direitos de cidadãos plenos. (BRASIL, 2010) Nos mesmos moldes do Instituto Benjamin Constant foram criados o Instituto de Cegos do Recife, em 1909, o Instituto São Rafael, em Belo Horizonte; em 1929, o Instituto Santa Luzia, em Porto alegre, em 1941, o Instituto de Cegos do Brasil Central, Uberaba, MG, em 1928, o Instituto de Cegos Padre Chico, em São Paulo; em 1959, e o Instituto de Cegos da Bahia, em 1948. Na década de 50 existia um instituto de cegos em quase todos os estados do país. O mesmo ocorreu no campo da reabilitação, com a criação, em São Paulo, da Associação de Assistência à Criança Defeituosa, em 1950 (hoje Associação de Assistência à Criança Deficiente) AACD e, no Rio de Janeiro da Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação - ABBR, em 1954. Nessa mesma área foram criados, ainda na década de 50 o Instituto Baiano de Reabilitação (IBR) de Salvador, em 1956, e a Associação Fluminense de Reabilitação (AFR) de Niterói, fundada em 1958. Nos anos 60, foram criados na cidade do Rio de Janeiro o serviço e a enfermaria específica do Hospital Municipal Barata Ribeiro, destinados à reabilitação de pessoas com lesões medulares. (BRASIL, 2010) As instituições até então criadas, todas elas absolutamente meritórias e com grandes serviços prestados à causa da deficiência, tinham características de instituições para pessoas com deficiência. Possuíam objetivos específicos nas áreas de educação, assistência, saúde, preparação para o trabalho e reabilitação. Elas não tinham objetivos políticos definidos, tampouco exerciam uma ação maior no campo dos direitos das pessoas com deficiência, embora nos seus bancos escolares, nas suas oficinas e nas suas enfermarias tenham sido forjados os líderes do futuro movimento associativista das pessoas com deficiência no Brasil e, a partir da década de 70, futuros lideres do esporte paralímpico brasileiro. Memória Paralímpica

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Em meados do século XX, nos anos 50, é possível observar o surgimento de organizações criadas e geridas pelas próprias pessoas com deficiência. A motivação inicial foi a solidariedade entre pares nos seguintes grupos de deficiência: cegos, surdos e deficientes físicos que, mesmo antes da década de 1970, já estavam reunidos em organizações locais – com abrangência que raramente ultrapassava o bairro ou o município–, em geral, sem sede própria, estatuto ou qualquer outro elemento formal. (BRASIL, 2010).

O esporte aglutinou e deu bases fortes para o movimento associativista das pessoas com deficiência no Brasil e vice-e-versa

Eram iniciativas que visavam ao auxílio mútuo e à sobrevivência, sem objetivo político prioritariamente definido. Essas organizações, no entanto, constituíram o embrião das iniciativas de cunho político que surgiriam no Brasil, sobretudo durante a segunda metade da década de 1970. (BRASIL, 2010)

Outras formas de associação de pessoas com deficiência comuns nesse período foram as organizações voltadas para a prática de esporte. Essas iniciativas tiveram como efeito secundário o início da percepção, pelas pessoas com deficiência, da necessidade de discutirem sua inserção política na sociedade. As próprias dificuldades enfrentadas tanto para a prática do esporte quanto no trabalho precário, como a venda de mercadorias de pequeno valor, estimularam o início de reivindicações, sobretudo no que se refere à mobilidade e ao acesso ao mercado de trabalho. Com o passar do tempo, essas entidades assumiram um cunho cada vez mais político. A associação de pessoas com deficiência com o interesse específico na prática esportiva fez com que fossem criadas instituições geridas por pessoas com deficiência. Como diferenciação de nomenclatura, essas entidades eram consideradas como ENTIDADES DE DEFICIENTES, em contraste com aquelas geridas por não deficientes e chamadas de ENTIDADES PARA DEFICIENTES. O esporte aglutinou e deu bases fortes para o movimento associativista das pessoas com deficiência no Brasil. Outras entidades locais e nacionais de pessoas com deficiência foram criadas sem ter no esporte o seu foco, contudo, até hoje, as entidades de e para pessoas com deficiência constituem grande parte da base do esporte paralímpico brasileiro. Na década de 70 houve a criação de um movimento unificado da luta política de todas as áreas de deficiência. A esse movimento chamou-se “COALISÃO”. Essa foi a primeira de algumas tentativas de aglutinar todas as áreas de deficiência em uma única entidade de luta política.

José Gomes Blanco, ao centro de camisa branca, em reunião do Movimento Político das Pessoas com Deficiência, ainda nos anos 1970. Blanco foi um dirigente do esporte paralímpico brasileiro com uma grande liderança também mo Movimento Político e

Com a designação pela ONU do ano de 1981 como ANO INTERNACIONAL DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA, o movimento político das pessoas com deficiência no Brasil foi fortalecido, trazendo uma participação muito grande de pessoas com deficiências nas atividades desenvolvidas naquela ocasião. (BRASIL, 2010)

na luta por direitos. Foto: Acervo da SADEF-RJ

A luta política das pessoas com deficiência por seus direitos em

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nosso país poderia ser resumida pela frase “NADA SOBRE NÓS, SEM NÓS”, bandeira do “Movimento Político pela Autogestão”. No campo da organização de entidades nacionais de gestão do esporte paralímpico, essa visão deu origem à Associação Brasileira de Desportos de Cegos – ABDC, à Associação Brasileira de Desportos em Cadeira de Rodas – ABRADECAR, ambas fundadas em 1984, e a Associação Brasileira de Desportos de Amputados – ABDA, em 1990. A criação do Comitê Paralímpico Brasileiro – CPB, além de atender a uma demanda do IPC, também é um resultado secundário e parte do Movimento Político das pessoas com deficiência no Brasil. Ao serem criadas, essas entidades nacionais de gestão do esporte paralímpico no Brasil, por área de deficiência, tinham a sua manutenção viabilizada através de entidades locais que tinham condição de lhes oferecer suporte financeiro e/ou logístico. Isso ocorreu no Brasil até 2001, quando os recursos advindos da legislação que repassa percentuais da arrecadação das loterias administradas pela Caixa Econômica Federal ao CPB passaram a garantir a manutenção das entidades a ele filiadas. No caso da ABRADECAR, esse suporte era dado pela SADEF-RJ, A ABDA contava com o apoio da ANDEF, de Niterói. Aliás, esta entidade deu suporte também ao CPB durante todo o período em que o Comitê teve a sua sede naquela cidade Fluminense. A própria ANDE, desde a sua criação, em 1975, teve o apoio de entidades do Rio de Janeiro: o Clube do Otimismo, a própria SADEF-RJ, o CLAM-ABBR e o Clube dos Paraplégicos do Rio de Janeiro. Em meados dos anos 90 essa situação piorou ainda mais, já que essas entidades de base que apoiavam as organizações nacionais passaram a ter, elas próprias, grandes dificuldades, levando inclusive a descontinuidade das açoes de duas delas, a SADEF-RJ, até então a maior entidade de base do esporte paralímpico no Brasil, e o CLAM-ABBR. O clube do Otimismo e o Clube dos Paraplégicos do Rio de Janeiro só não fecharam as suas portas pelo heroísmo de alguns. A ANDEF, contudo, superou o momento mais crítico e continuou dando o seu suporte até quando ele não se fez mais necessário. Aliás, também coube à ANDEF a criação e o suporte necessário à entidade nacional de voleibol paralímpico, em 2006 e que também teve o Senhor João Batista Carvalho e Silva como o seu primeiro Presidente. Ao contrário das demais entidades de gestão nacional do esporte paralímpico por área de deficiência, naquela época, a ABDC, desde a sua criação, em 1984, nunca teve uma entidade local que tivesse condições de lhe prestar esse suporte. Foram anos de muitas dificuldades e a entidade sobrevivia com projetos apresentados a órgão públicos e com a irrisória anuidade cobrada das suas filiadas. Quem é ainda neófito no esporte paralímpico não tem ideia das dificul-

Memória Paralímpica

Aldo Miccolis trouxe sempre o Clube do Otimismo em seu coração. Foto: Acervo do Clube do Otimismo

Blanco, a SADEF-RJ era um sonho que ele tornou realidade mas que acabou encerrando suas atividades. Foto: Acervo SADEF-RJ

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Equipe de basquete em cadeira de rodas do CLAM-ABBR nos anos 70. A entidade foi uma demonstração da clara união do esporte e do movimento político-associativo das pessoas com deficiência no Brasil. Nessa foto alguns atletas do CLAM que foram líderes do movimento de luta por direitos. Na extrema esquerda do grupo, vemos Celso Lima. Nós vamos falar dele ainda neste capítulo. Foto: Acervo ABBR

dades para fazer acontecer o esporte paralímpico no Brasil nos anos 70, 80 e 90. Temos de reconhecer o heroísmo, a dedicação, o compromisso de muitos dirigentes e técnicos que não tinham sequer a expectativa de uma atividade profissional remunerada. Foi a época na qual os idealistas foram forjados. A eles este livro e o Programa Memória Paralímpica rendem as suas homenagens e garantem o devido registro e a sua divulgação às novas e às futuras gerações. A criação da ABDC e da ABRADECAR – o esporte paralímpico e a autogestão – uma luta política A criação das duas primeiras entidades nacionais de gestão esportiva por áreas de deficiência, movimento iniciado no bojo da organização política das pessoas com deficiência visual e daquelas com deficiências físicas, não se deu sem resistência. Esta não aconteceu no âmbito da ANDE, mas sim pela concepção de esporte e de esporte de alto rendimento com raízes fortes no CONSELHO NACIONAL DOS DESPORTOS – CND. A visão eugênica de esportes, como já vimos, criava barreiras à criação de instituições que tinham como objetivo o esporte de alto rendimento praticado por pessoas com deficiência e não o esporte com características assistencialistas e de reabilitação. Não estou com isso dizendo que a ANDE, até 1984, fizesse esporte assistencialista, mas sim que o CND encarava o esporte de pessoas com deficiência, gerido pela ANDE, desde 1975, enquanto esporte assistencialista. Para garantir esse viés, era muito mais fácil ao órgão central de normatização, suporte e fiscalização do esporte no Brasil controlar toda a área tendo somente uma entidade do que pulverizar entre diversas delas. Os espaços dados ao esporte praticado por pessoas com deficiência eram percebidos como uma concessão e uma liberalidade do CND. Na época, a matriz do chamado esporte comunitário, aquele que visava ao alto rendimento, tinha nos clubes sociais e esportivos a sua base. Nos estados havia as federações estaduais que, por sua vez, eram vinculadas às confederações nacionais e essas ao Comitê Olímpico Brasileiro. 68


Já no esporte, então percebido pelo CND como assistencialista, havia as entidades e as instituições de e para pessoas com deficiência vinculadas diretamente, até 1984, a uma única entidade nacional, a ANDE. Naquela época o CND tinha de autorizar a criação de organizações de administração do esporte, a participação de atletas, equipes e seleções brasileiras em eventos internacionais. Mais do que isso, cabia ao CND a aprovação do calendário anual de eventos nacionais e internacionais das confederações e até do próprio COB. Como essas ações dependiam, quase que exclusivamente, do apoio de outro órgão federal, a Secretaria de Educação Física e Desportos do MEC, SEED-MEC, essa sim um órgão de fomento, essa Secretaria somente oferecia suporte de recursos destinados a eventos que fossem aprovados pelo CND, a quem eram remetidos, num primeiro momento, os projetos, desde que estes estivessem contemplados num calendário anual previamente aprovado e encaminhado por uma entidade de gestão do esporte já reconhecida pelo próprio CND. Esse reconhecimento, depois de analisado era obrigatoriamente publicado no Diário Oficial da União. ABDC e ABRADECAR foram criadas visando ao esporte de alto rendimento e à desconstrução de paradigmas, fortemente presentes, na área esportiva e na relação deficiência/sociedade. Podemos dizer que 1984 foi o marco inicial do esporte de alto rendimento de pessoas com deficiência em nosso país, ou seja, daquilo que hoje conhecemos como esporte paralímpico. Isso sem deixar de considerar o papel fundamental e importante da ANDE desde a sua fundação, em 1975, até 1984, chegando até os nossos dias ainda cumprindo o seu papel e honrando uma trajetória de lutas e de muitas vitórias. Poucos sabem desse caminho que viabilizou a criação da ABDC e da ABRADECAR. Um deles, em depoimento colhido para o Programa Memória Paralímpica Brasileira, o ex-dirigente da ANDE e ex-atleta paralímpico Professor Celso Lima nos falou da intervenção direta do então Presidente da República, General João Batista de Oliveira Figueiredo, na reversão das barreiras até então impostas pelo CND à criação dessas entidades. O Professor Celso Lima relatou que, nessa época, eram comuns as partidas de exibição de basquete em cadeira de rodas. Aldo Miccolis apresentava os jogadores e narrava as partidas. Ao anunciar o nome de Celso Lima, Aldo o apresentou como militar. Já que ele era militar reformado, pois sofrera a sua lesão enquanto ainda cadete da Academia Militar de Agulhas Negras, escola de formação de oficiais do Exército Brasileiro. Já os demais jogadores, em sua grande maioria, eram apresentados como vendedores, já que eles vendiam balas nas esquinas e nos cruzamentos para terem para si, suas famílias e as suas entidades recursos para a sua manutenção. Hoje isso pode até parecer fantasia ou até mesmo mentira, mas Celso Lima no revezamento da tocha isso acontecia de fato e eu cheguei ao movimento paralímpico ainda a dos Jogos Parapan-Americanos Rio tempo de ser testemunha dessa realidade. 2007 Pois bem, Celso Lima, então atleta e membro da Diretoria da ANDE Foto: Acervo Celso Lima conheceu o General Figueiredo ainda antes da realização dos Jogos Memória Paralímpica

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Pan-Americanos em Cadeira de Rodas do Rio de Janeiro, em 1978. Em um jogo realizado entre as equipes do Clube do Paraplégico do Rio de Janeiro e do Clube do Otimismo, no ginásio da Escola Técnica Federal Celso Sukow da Fonseca, o General João Batista de Oliveira Figueiredo estava presente. Figueiredo, na ocasião, acompanhava o então Presidente da República, General Ernesto Geisel, em visita oficial àquela escola. Ele assistiu a apresentação dos jogadores e à partida. Ao final do jogo, Figueiredo procurou o Celso buscando conhecer a sua história e saber mais sobre o esporte praticado por atletas com deficiência. Chamou-lhe a atenção a apresentação de Celso como militar. Nessa ocasião, Celso Lima, já jogando pela equipe do Clube dos Paraplégicos e membro da direção da ANDE, lhe fez um breve relato histórico, contou do seu acidente quando cadete e falou do necessário apoio governamental à realização pela ANDE do Pan-Americano de 78. O General Figueiredo colocou-se à disposição para ajudar naquilo que pudesse, deixando com ele um cartão do seu Ajudante de Ordens. O apoio, através de recursos federais, chegou e garantiu o Pan-Americano, embora ainda com muitas dificuldades. Meses depois o General Figueiredo assumiu a Presidência da República. Celso, em dois momentos, um no Retiro dos Artistas, no Rio de Janeiro, quando de uma visita do Presidente àquela instituição, e outro numa ida a Brasília, Celso o reencontrou, nesta última ocasião, já no ano de 1982. Nessas ocasiões ele solicitou ao Presidente o seu apoio já para a criação da ABRADECAR, que encontrava barreiras no Conselho Celso Lima e Roberto Freire entregaram ao Nacional dos Desportos - CND. Presidente Figueiredo documentos referentes Atendendo às solicitações de Celso Lima e sensível à causa, o à criação da ABRADECAR, em evento no Presidente enviou uma mensagem ao CND com instruções claras Retiro dos Artistas. para que fosse criada, no âmbito daquele órgão, uma comissão para Foto: Acervo Celso Lima estudar a instalação e o reconhecimento de entidades nacionais de gestão do esporte visando ao alto rendimento, na área do esporte praticado por atletas das diversas áreas de deficiência. Depois de meses e de diversas reuniões, finalmente o CND deu a sua necessária autorização para a criação da ABRADECAR. O antigo Conselho Nacional do Desporto, CND, através da Portaria 03/82, publicada no DOU de 31 de março de 1982, autoriza a criação da Associação Brasileira de Desporto em Cadeira de Rodas. A entidade, contudo, só é oficialmente criada e tem os seus estatutos aprovados e registrados em 1984. A deliberação 14/83 editada pelo CND em 09 de dezembro de 1983 e publicada no Diário Oficial da União em 26 de dezembro de 1983 autorizou a criação da Associação Brasileira de Desporto para Cegos - ABDC. A ABRADECAR e a ABDC contudo, só foram oficialmente criadas e tiveram os seus estatutos em 1984. Essas autorizações do CND, contudo, não permitiam que essas entidades fossem criadas 70


com o nome de Confederações, mas sim de Associações Nacionais. Eles jamais permitiram que o esporte paralímpico tivesse o mesmo status e a mesma configuração da organização estrutural que tinha o esporte comunitário e olímpico junto ao Sistema nacional dos Desportos. A ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE DESPORTOS PARA CEGOS – ABDC Em outubro de 1983, a ANDE, até então entidade única de gestão do esporte praticado por atletas com deficiência no Brasil, realizou os I Jogos Brasileiros de Deficientes Visuais. O evento ocorreu nas dependências da Escola de Educação Física do Exército, no bairro da Urca, na cidade do Rio de Janeiro. Esses jogos marcaram a minha primeira participação no hoje chamado esporte paralímpico. Convidados por Aldo Miccolis, então Presidente da ANDE, eu e o Professor Carmelino Souza Vieira coordenamos tecnicamente o evento, ambos por indicação da Direção do Instituto Benjamin Constant, onde éramos professores, e a quem o Aldo solicitara apoio à realização dos Jogos Nacionais. Desse evento participaram entidades de diversos estados nas modalidades de atletismo, natação e futebol de salão. Durante a realização dos Jogos já foi discutida pelas entidades de cegos que participaram a criação e os estatutos de uma associação nacional específica para gerir o esporte de cegos no Brasil. Dessas articulações, que tiveram a sua articulação política iniciada por Mario Sérgio Fontes, ainda em 1981, surgiu, em janeiro de 1984, a Associação Brasileira de Esportes para Cegos – ABDC, que até 2009 geriu o esporte de cegos no país e o representava junto à Internacional Blind Sports Association (IBSA). Até o final de 1984, contudo, a filiação brasileira à IBSA pertencia à Fundação para o Livro do Cego no Brasil, hoje Fundação Dorina Nowil. Por interferência do Professor Adilson Ventura e do próprio Mário Sérgio, Dona Dorina, então Presidente da Fundação que hoje leva o seu nome, abriu mão da filiação internacional em favor da ABDC. A ABDC Foi criada no contexto do movimento político das pessoas com deficiência visual no Brasil pela autogestão de todos os segmentos nos quais elas fossem os principais atores “Nada sobre nós sem nós.”. Na Assembleia de Instalação da ABDC o Professor Aldo Miccolis foi escolhido para presidir a entidade até a Assembleia Geral de Eleição da sua nova diretoria, totalmente formada por pessoas cegas ou com baixa visão. Por indicação de Mário Sérgio Fontes, como já vimos, um dos maiores entusiastas da criação da ABDC, ainda na Assembleia de Instalação, Aldo Miccolis foi nomeado Presidente de Honra da ABDC. Isso se deu porque Aldo jamais colocou obstáculos à criação da Associação e apoiou os seus primeiros passos com a sua, já naquela época, vasta experiência. A mesma atitude Aldo teve quanto à criação da ABRADECAR. Em Assembleia Geral de Eleição, em abril e agosto de 1985, foram eleitos respectivamente como Presidente e Vice-Presidente os senhores Vital Severino Neto e Mário Sérgio Fontes, dois integrantes do movimento de luta dos cegos no Brasil. Memória Paralímpica

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Em dezembro do mesmo ano, 1984, a ABDC foi reconhecida e teve os seus estatutos aprovados pelo Conselho Nacional dos Desportos - CND, órgão do Governo Federal normativo do esporte no Brasil. Nesses estatutos havia um artigo que só permitia a participação de entidades de cegos na ABDC e em suas competições. Ou seja, entidades consideradas como sendo entidades para cegos, como os institutos especializados, não puderam participar de competições da ABDC. Isso prevaleceu até o ano de 1992, quando houve uma alteração nos Estatutos da Entidade permitindo a filiação e a participação de qualquer entidade que atuasse tendo as pessoas cegas e com baixa visão como clientes de suas ações. Foi a partir dessa modificação que os institutos especializados, incluindo o Benjamin Constant, puderam voltar às competições oficiais do desporto paralímpico. Nós voltaremos a esse assunto no anexo 2 desse livro. Voltando no tempo, em novembro de 1986, por problemas particulares, o Presidente Vital pede licença de suas funções, deixando a Presidência da ABDC com o Senhor Mário Sérgio Fontes. Como praticante de atletismo, futebol e goalball, Mário foi um dos precursores do esporte de deficientes visuais no Brasil. Em 1989, ele foi substituído por um novo Presidente, o Senhor César Antonio Gualberto, velocista e medalhista paralímpico em Seul 88. César dirigiu os destinos da ABDC até 1992. Mário Sérgio Fontes dirige novamente a entidade do final de 1992 até 1993, quando o Dr. Vital Severino Neto é novamente eleito presidente. Vital só deixa a Presidência da ABDC em 2000, mesmo tendo assumido a Secretaria Executiva do CPB (Vice-Presidência), em 2007, na segunda gestão do Senhor João Batista Carvalho e Silva, a quem vem a suceder na Presidência do CPB em 2001, Vital acumulou, durante esse período, as suas funções na ABDC e no CPB. Quando o Dr. Vital afasta-se da Presidência da ABDC, em março do ano 2000, ela é assumida pelo seu Vice-Presidente, Professor David Farias Costa, que a preside até a interrupção das ações da entidade, em 2009. Ainda em 2008, coube à CBDC a indicação da chapa, formada por Andrew Parsons, Luiz Claudio Alves Pereira e Mizael Conrado de Oliveira, que foi eleita para a direção do CPB, em março de 2009. A ABDC, nos seus 28 anos de existência, foi a responsável por todas as modalidades de esportes praticados por atletas cegos e com baixa visão no país, incluindo aí o atletismo e a natação e outras modalidades que não fazem parte do programa dos Jogos Paralímpicos, como o futebol B2/B3. A ABDC foi a responsável pela introdução no Brasil do Judô e do Goalball, tendo realizado campeonatos regionais e brasileiros, de todas as modalidades, até 2006. Voltando no tempo, em 1998, ainda com o Pictogramas das modalidades dos Jogos e Campeonatos Mundiais da Dr. Vital na Presidência, a ABDC realizou, na IBSA. São Paulo, 2007. Autor: Maurício de Souza – Acervo da CBDC cidade de Paulínia, em São Paulo, o I Campeo72


Atletas do Judô e equipe de futebol de 5 da ABDC medalhistas paralímpicos em Atenas 2004. Foto: ABDC

nato Mundial de Futebol de Salão de Cegos da IBSA. Esse foi um marco da unificação internacional de suas regras e pré-requisito para que a modalidade fosse inserida no programa oficial dos Jogos Paralímpicos de Verão, em 2004, em Atenas. Em 2001, já sob a Presidência do Professor David Farias Costa, a ABDC realizou a I Copa do Mundo de Judô de Cegos, no Rio de Janeiro. Em 2002 a ABDC organizou, respectivamente nas cidades do Rio de Janeiro e Niterói, os Campeonatos Mundiais da IBSA de Goalball, este pela primeira vez realizado no Hemisfério Sul, e o III Campeonato Mundial de Futebol de 5, marco definitivo para que o IPC aceitasse a modalidade no programa dos Jogos Paralímpicos, o que ocorreu em Atenas, em 2004. Em 2005, na Cidade de São Paulo, a ABDC realizou os Jogos Pan-Americanos da IBSA (atletismo, natação, futebol, judô, goalball e xadrez) e a II Copa do Mundo de Judô da IBSA. Tudo isso acontecia enquanto o seu calendário de eventos regionais e nacionais era anualmente totalmente efetivado, com mais de trinta eventos regionais e nacionais a cada ano. A ABDC enviou delegações aos Jogos Pan-Americanos da IBSA em 1995, na Argentina, 1999, nos Estados Unidos e em 2003, no Canadá. A entidade, através de suas delegações, participava dos Jogos Mundiais de Estudantes e Jovens da IBSA, que, à época, eram sempre realizados na Cidade de Colorado Springs, nos EUA. A ABDC enviou também delegações aos Jogos e Campeonatos Mundiais da IBSA, em Madrid, na Espanha, em 1998 e em Quebec, no Canadá, em 2003. Lembro que de todas essas competições multimodalidades, a ABDC participava no atletismo, na natação, no futebol de 5, no goalball e no judô, incluindo as competições mundiais de estudantes e jovens da IBSA. Em 2007, de 28 de julho a 08 de agosto, foi a vez da, então já nomeada, Confederação Brasileira de Desportos Para Cegos - CBDC, ser a responsável pela realização dos III Jogos e Campeonatos Mundiais da IBSA, em julho/agosto, nas cidades de São Paulo e São Caetano do Sul. Pois bem, esse evento reuniu 60 países, 1.736 pessoas nas delegações, 7 modalidades, 36 árbitros internacionais, equipe médica, voluntários, controle de dopagem, registro de resultados e classificação oftalmológica, num total de mais de 2.500 pessoas envolvidas diretamente. O evento foi a maior competição do mundo específica para atletas com deficiência visual em número de países, modalidades e atletas, até os dias de hoje. Esse evento foi o último qualiMemória Paralímpica

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ficatório, para atletas com deficiência visual, para os Jogos Paralímpicos de Verão de Beijing, em 2008, nas modalidades de judô, goalball, atletismo e natação. Além dessas quatro também fizeram parte do programa dos Jogos o futebol de 5, o futebol B2/B3 e o powerlifiting. Vamos voltar a falar desse assunto no Anexo 2 (pg. 280). Nesse evento o Brasil sagrou-se campeão mundial de Atletismo, ganhou a competição de futebol de 5, classificou-se em quarto lugar entre as equipes de judô de todo o mundo e conquistou, pela primeira vez, a classificação das suas equipes masculina e feminina de goalball para os Jogos do ano seguinte na China. No atletismo dos III Jogos e Campeonatos Mundias da IBSA, foram quebrados 31 recordes do campeonato e 10 recordes mundiais. Todos os resultados e recordes foram reconhecidos e homologados pela IBSA e IPC. Nessa época a nossa equipe de futebol de 5 já era campeã pan-americana, mundial e paralímpica. Ainda como equipe da CBDC, o futebol de 5 conquistou a medalha de ouro também nos Jogos Paralímpicos de 2008. É exatamente esse histórico de trabalho da ABDC/CBDC, suas grandes realizações, as expressivas conquistas internacionais, o seu comprometimento com a causa do esporte de cegos no Brasil e no mundo, o exponencial aumento do número de atletas e de entidades filiados, a realização de um amplo trabalho de capacitação de árbitros e técnicos, a sua parceria pioneira com a academia e de muitas medalhas conquistadas para o Brasil em Jogos Paralímpicos, que, por uma questão de justiça, a ABDC/CBDC não pode ser deixada de lado do registro histórico e da memória do esporte paralímpico brasileiro. A ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE DESPORTOS EM CADEIRA DE RODAS – ABRADECAR A segunda entidade de autogestão do esporte paralímpico, por área de deficiência a ser criada, também em 1984, foi a ABRADECAR. Por iniciativa de um grupo de atletas com deficiência física, sob a liderança de José Gomes Blanco e Celso Lima, todos eles forjados no movimento de luta das pessoas com deficiência, nos anos 70 e início dos anos 80, a ABRADECAR, como a ABDC, também entidade fundadora do CPB, teve a gestão de todas as modalidades em cadeira de rodas, incluindo a natação, o atletismo e o basquetebol, desde a sua fundação até a criação de confederações específicas, como no caso do basquete em cadeira de rodas. José Gomes Blanco foi o seu Presidente durante os dois primeiros períodos de gestão, de 1984 a 1990. Foi sucedido por Beatriz Pinto Monteiro, seguida pelo multicampeão paralímpico Luiz Claudio Alves Pereira, Irajá Alves de Brito e Ciraldo de Oliveira Reis. A ABRADECAR era a maior entidade de gestão do esporte paralímpico no Brasil, em número de entidades filiadas e atletas inscritos. Coube a ABRADECAR a primeira iniciativa de criar um veículo de comunicação na área do esporte paralímpico em nosso país, a Revista Toque a Toque. Criada ainda na presidência de José Gomes Blanco, a revista foi coordenada, desde o seu primeiro número, em 1988, por Beatriz Pinto 74


Monteiro, que a ela deu continuidade ao assumir a Presidência da entidade. A ABRADECAR, desde a sua fundação, passou a representar o Brasil junto à Federação Internacional de Stoke Mandeville e, a partir de 1998, com a junção desta entidade internacional com a ISOD, formando a IWAS, coube à ABRADECAR a representação do Brasil junto a essa entidade internacional de gestão do esporte paralímpico por área de deficiência (IOSD). Em 1989 foi realizado pela ABRADECAR o I Seminário Internacional de Basquetebol em Cadeira de Rodas (BCR), em São Paulo. Esse evento teve a finalidade de capacitar técnicos e árbitros de BCR e foi fundamental para o desenvolvimento da modalidade em nosso país. No final da década de 90, com inserção da classificação funcional, a ABRADECAR passou a realizar seus eventos de atletismo e de natação em conjunto com a ANDE e com a Associação Brasileira de Desportos de Amputados - ABDA, esta criada em 1990. A ABRADECAR, a partir de sua fundação, passou a se responsabilizar pelas delegações brasileiras nos Jogos Pan-Americanos em Cadeira de Rodas, nos Jogos Mundiais de Stoke Mandeville e, até a criação da CBBC, também pelas participações de nosso país nos eventos da IWBF, Federação Internacional de Basquete em Cadeira de Rodas. Em 2005, a ABRADECAR realizou, na cidade do Rio de Janeiro, os Jogos Mundiais da IWAS, denominados de “Tributo à Paz”. Com a responsabilização direta do CPB pelo calendário, gestão e representatividade do atletismo e da natação, à ABRADECAR restaria tão somente a gestão da esgrima, na época modalidade ainda dando os seus primeiros passos no Brasil. Depois de diversos conflitos políticos e jurídicos, a ABRADECAR descontinuou as suas atividades em 2008 e a esgrima passou à responsabilidade direta do CPB. Na sua história a ABRADECAR tem diversas conquistas esportivas e aglutinou muitas das entidades de deficientes físicos que foram formadas no movimento de lutas desse segmento. Entre todas as áreas de deficiência, os atletas com deficiência física, de modalidades que foram geridas pela ABRADECAR, são aqueles que conquistaram o maior número de medalhas para o Brasil em edições dos Jogos Paralímpicos de 1984 a 2008. A criação da ABDA Em 1990 surgiu a Associação Brasileira de Desporto para Amputados (ABDA). A entidade foi fundada pelo Senhor João Batista Carvalho e Silva, seu primeiro Presidente e, posteriormente, primeiro Presidente do CPB, em sequência os Senhores Alaor Boschetti e Ademir Cruz de Almeida exerceram a presidência da entidade. A ABDA deixou de fazer parte do grupo de entidades filiadas ao CPB ao perder a sua filiação internacional à IWAS, em 1998, quando da criação dessa entidade Internacional de gestão do esporte de amputados, atletas usuários de cadeira de rodas e aqueles considerados como Les Autres (malformações congênitas e nanismo). Depois de desfiliada ao CPB, contudo, a ABDA continua com um profícuo trabalho com a modalidade, ainda não paralímpica, de futebol de amputados, inclusive realizando, além do calendário nacional, eventos internacionais e participando do calendário de eventos continentais e mundiais. Hoje a ABDA continua o seu trabalho com o nome de Associação Brasileira de Desportos para Deficientes Físicos- ABDDF. Memória Paralímpica

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A criação da ABDEM Em 1989 foi criada a Associação Brasileira de Desporto para Deficientes Mentais – (ABDEM). Desde 1996, com o reconhecimento pelo IPC da INAS-Fid, entidade internacional de gestão do esporte de atletas com deficiência cognitiva, a ABDEM é filiada ao CPB. Mesmo durante a suspensão da participação desses atletas em Jogos Paralímpicos, de 2000 a 2008, tanto o IPC quanto o CPB mantiveram as entidades de gestão nessa área a eles filiadas. Para esse grupamento, deve ser dado destaque ao trabalho pioneiro, desde a década de 70, da Federação Nacional das APAES. Essa entidade realizava anualmente as Olimpíadas das APAES. Esses eventos, em algumas oportunidades, foram abertos a outras áreas de deficiência e foram muito importantes no desenvolvimento do esporte praticado por atletas com deficiência no Brasil.

A “Toque a Toque” em seu primeiro número falava da tentativa de criação do Comitê Paralímpico Brasileiro e da preparação da equipe brasileira para os Jogos Paralímpicos de Seul, em 1988.

A campeã paralímpica e mundial no atletismo Miracema Ferraz, na capa da “Toque a Toque” de número 7, setembro a outubro de 1991.

Revista “Toque a Toque” em seu segundo número já traz os expressivos resultados alcançados pelo Brasil nos Jogos Paralímpicos de Seul, em 1988.

A Revista “Toque a Toque”, da ABRADECAR, surgiu em 1988, sendo a primeira publicação periódica no Brasil específica sobre o esporte paralímpico.

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CAPÍTULO

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Antes da Criação do CPB

As entidades internacionais de gestão do desporto paralímpico responsáveis pela realização dos Jogos Paralímpicos exigiam que, em cada país, existisse um interlocutor único. O ICC, que organizou os Jogos de 1984, em New York e Stoke Mandeville, de 1988, em Seul e de 1992 em Barcelona, solicitou a criação no Brasil desse órgão único que teria a representatividade junto ao ICC e a responsabilidade pela participação brasileira nos Jogos Paralímpicos de Verão em 1988 e 1992. Até 1984 essa representatividade junto ao ICC fora exercida pela ANDE. O ICC não mais reconhecia a ANDE, tampouco as entidades brasileiras de gestão do desporto paralímpico por outras áreas de deficiência, ABRADECAR e ABDC como interlocutores. A partir dos Jogos Paralímpicos de Atlanta, em 1996, o IPC passou a organizar os Jogos, aí já tendo o Comitê Paralímpico Brasileiro como o seu interlocutor único no Brasil. Antes disso e em função das exigências internacionais por um único interlocutor em cada país, as primeiras iniciativas oficiais foram tomadas, ainda no âmbito do Governo Federal, no sentido da criação do Comitê Paralímpico Brasileiro. Assim sendo, no mês de abril de 1988, em uma reunião no Palácio do Itamaraty no Rio de Janeiro, deu-se início ao que poderíamos considerar o primeiro passo para a criação do Comitê Paralímpico Brasileiro. Naquela ocasião foi proposta pelo então presidente da ABRADECAR, José Gomes Blanco, a criação do Comitê Paralímpico Brasileiro. Essa iniciativa, contudo, não encontrou respaldo na legislação da época e não alcançaria o necessário reconhecimento pelo Conselho Nacional dos Desportos (CND). Meses depois foi promulgada a Constituição Federal de 1988 dando ampla liberdade de organização à sociedade civil. (Eu falo mais sobre isso adiante.) Participaram da reunião: José Gomes Blanco, Presidente da ABRADECAR, Aldo Micolis, Presidente da ANDE, Mario Sérgio Fontes, Presidente da ABDC. Também participaram os senhores António João Menescal Conde, Assessor Ad hoc da CORDE, Beatriz Pinto Monteiro, Secretária da ABRADECAR, Ivaldo Brandão VieiJá em 1991, foram incluídos no orçamento federal, pela primeira vez no Publicação no Diário Oficial da Portaria Interministerial 1207, Brasil, recursos financeiros para o paradesporto. O Presidente Fernando ra, Diretor-Técnico da ANDE e Vanilton Senatore, então criou,de ao1988, assumir a Presidência em 1990, a SEDES/PR de de 17Collor de junho criando o Grupo de Trabalho que- Secretaria foi Coordenador Adjunto da CORDE. Dali saiu em junho a Desportos da Presidência da da República órgãobrasileira que deu origem ao responsável pela preparação equipeSEDES/PR, paralímpica Portaria Interministerial 1207, de 17 de junho de 1988, atual Ministério do Esporte. Até 1990 o esporte era gerenciado pelo que foi a Seul Ministério da Educação através da SEED - Secretaria de Educação Física e criando o Grupo de Trabalho que foi responsável pela Desportos. A SEDES/PR tinha status de Ministério e teve como primeiro

Memória Paralímpica

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preparação da equipe paralímpica brasileira que foi a Seul. É bom lembrarmos que ainda não existia o IPC, fundado somente em 1989. Já em 1991, foram incluídos no orçamento federal, pela primeira vez no Brasil, recursos financeiros para o paradesporto. Fernando Collor criou, ao assumir a Presidência em 1990, a SEDES/PR - Secretaria de Desportos da Presidência da República SEDES/PR, órgão que deu origem ao atual Ministério do Esporte. Até 1990 o esporte era gerenciado pelo Ministério da Educação através da SEED - Secretaria de Educação Física e Desportos. A SEDES/PR tinha status de Ministério e teve como primeiro titular ARTHUR ANTUNES COIMBRA – “ZICO”, que ficou no cargo até abril de 1991. Seu substituto foi BERNARD RAJZMAN, ex-atleta do voleibol brasileiro. O financiamento do desporto no Brasil ainda dependia, em sua maior parte, de recursos do Governo Federal e houve a opção pela criação, não ainda do Comitê Paralímpico Brasileiro, mas da instituição da Comissão Paraolímpica Brasileira. Assim sendo, em fevereiro de 1991 a SEDES/PR institui pela Portaria nº15 de 14 de fevereiro de 1991 a Comissão Paraolímpica Brasileira - CPB com a incumbência de viabilizar a participação brasileira nos Jogos Paralímpicos de Barcelona 1992. O Professor Vanilton Senatore, Diretor do Departamento de Desportos das Pessoas com Deficiência - DEPED/SEDES/PR, foi o Secretário-Geral da Comissão. Da Comissão Paralímpica Brasileira participaram, além do Professor Vanilton Senatore, o Secretário dos Desportos da Presidência da República, Arthur Antunes Coimbra, o “Zico”, depois substituído por Bernard Rajzman, ambos na função de Presidentes da Comissão paralímpica Brasileira, contando também com os senhores, ALDO MICOLIS pela ANDE, JOSÉ GOMES BLANCO, pela ABRADECAR, CESAR ANTONIO GUALBERTO pela ABDC e PAULO BECK, pela CORDE.   Professor Vanilton Senatore - Um apaixoReunião realizada no Palácio do Itamaraty, no Rio de Janeiro, nado pela educação física adaptada e pelo escritório local da Secretaria dos Desportos da Presidência da esporte paralímpico República, presentes o Secretário Arthur Antunes Coimbra, o ”Zico”, os professores Vanilton Senatore, Diretor do Departamento de Esportes para as Pessoas com Deficiência, José Gomes Blanco, Chefe de Divisão, António Menescal, Assessor Técnico, os três da Secretaria dos Desportos da Presidência da República, a Senhora Beatriz Pinto Monteiro, Presidente da ABRADECAR, o Professor Mario Sérgio Fontes, representando a ABDC e os Professores Aldo Miccolis e Ivaldo Brandão, respectivamente Presidente e DiretorTécnico, representando a ANDE. Foto: Acervo de Ivaldo Brandão Vieira

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No ano de 1985, o Professor Vanilton Senatore, então Assessor da Secretaria de Educação Física e Desportos do Ministério da Educação - SEED-MEC, foi nomeado coordenador do grupo de trabalho encarregado de fazer uma análise e propor políticas, estratégias e ações para a formação de profissionais de educação física para atuarem com alunos com deficiência. Desse trabalho con-


Documento em que a Secretaria dos Desportos criou a COMISSÃO PARAOLÍMPICA BRASILEIRA CPB

junto da SEED com o Centro Nacional de Educação Especial – CENESP, ambos órgãos do Ministério da Educação, os frutos hoje já estão maduros e consolidados. O desenvolvimento do esporte paralímpico no Brasil é um desses frutos. Esse grupo era formado, entre outros e além do próprio Vanilton, pelos Professores Alberto Martins da Costa, Aldo Carlitos Potrich, Almir Liberato da Silva, António João Menescal Conde (representando o CENESP-MEC), Bárbara Ann Baptista, Eduardo Carneiro Schutz, Eduardo Ravagni, Eron Beresford, Ervino Nesello, Eustáquia Salvadora de Sousa, Francisco Camargo Neto, Franklin Ronaldo Tavares, Mari Gândara, Pedro Américo de Souza, Rivaldo Martins, Marta Olivia Mate, Sidney de Carvalho Rosadas e Verena Junghanel Pedrinelli. Em 1986, esses citados e os demais componentes redigem e firmam a “CARTA DE BATATAIS”, documento de base para a inserção da educação física adaptada e do desporto paralímpico nos currículos dos cursos superiores de educação física e para a capacitação dos profissionais para ministrarem essas disciplinas por todo o Brasil. Essa iniciativa foi a precursora no Brasil dos cursos de especialização, mestrado e doutorado Professor Vanilton Senatore com um dos seus netos em educação física adaptada e esporte paralímpico. Foto: Acervo pessoal Vanilton Senatore Memória Paralímpica

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Em 1988, agora Assessor da Professora Teresa Costa d’Amaral na CORDE, órgão de Presidência da República destinado a fazer as necessárias interfaces com todos os setores da administração federal nas questões relacionadas à deficiência, o Professor Vanilton foi o principal responsável pela preparação, organização e participação da delegação brasileira nos Jogos Paralímpicos de Seul 88. Essa função ele desempenhou também em 92, agora como Diretor do Departamento de Esportes Paralímpicos (com outra denominação) da então Secretaria dos Desportes da Presidência da República. Na época, o Secretário era Bernard Rajzman que, sob a coordenação do Professor Vanilton, propiciou todas as condições necessárias à participação brasileira nos Jogos Paralímpicos de Barcelona. Por muitos anos, o professor Vanilton coordenou o Programa Olimpíadas Especiais Brasil, braço em nosso país da Special Olympics International. Depois de passar pela direção técnica do CPB, pela gerência do Projeto Paralímpicos do Futuro e pelas Secretarias de Esporte e Juventude e dos Direitos da Pessoas com deficiência, ambas do Governo do Estado de São Paulo, o Professor Vanilton foi o responsável por coordenar todas as ações do esporte paralímpico naquele estado e a importante parceria entre aquele governo estadual e o CPB. O Professor Vanilton Senatore, enquanto exercia as funções de consultor e membro da equipe de trabalho do Programa Memória Paralímpica Brasileira e a gerência do Projeto do CPB de Implantação de Centros de Referência de Alto Rendimento, nos deixou em 26 de setembro de 2018, vencido por uma doença que, em três dias, o levou de nós. O Professor Vanilton Senatore ainda tem como contribuir com o registro da História do Esporte Paralímpico no Brasil, já que deixou, sobre o tema, uma obra inconclusa diante da qual assumimos o compromisso de concluir e publicar.

O Professor Vanilton Senatore e Beatriz Pinto Monteiro, em cerimônia de abertura de um evento da ABRADECAR, no início da década de 90. Foto: Acervo ABRADECAR

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EVENTOS INTERNACIONAIS NOS QUAIS O BRASIL ESTEVE REPRESENTADO ANTES DA CRIAÇÃO DO COMITÊ PARALÍMPICO BRASILEIRO – CPB II Jogos Pan-Americanos em Cadeira de 1969 Rodas III Jogos Pan-Americanos em Cadeira de 1971 Rodas Jogos Paralímpicos 1972

Buenos Aires

Argentina

Kingtong

Jamaica

Heidelberg

Alemanha Ocidental

IV Jogos Pan-Americanos em Cadeira de 1973 Rodas Jogos Mundiais de Stoke Mandeville 1974

Lima

Peru

Stoke Mandeville

Inglaterra

V Jogos Pan-Americanos em Cadeira de Rodas

Cidade do México

México

Copa Independência do Brasil de Basquete 1975 em Cadeira de Rodas Jogos Paralímpicos 1976

Rio de Janeiro

Brasil

Toronto

Canadá

VI Jogos Pan- Americanos em Cadeira de 1978 Roda Jogos Paralímpicos 1980

Rio de Janeiro

Brasil

Arnhem

Holanda

VII Jogos Pan-Americanos em Cadeira de 1983 Rodas Jogos Mundiais de Stoke Mandeville 1983

Halifax

Canadá

Stoke Mandeville

Inglaterra

Jogos Paralímpicos

Stoke Mandeville e New York Gotemburgo

UK e EUA

Paris

França

Seul

Coreia do Sul

Torneio Internacional de Esportes para De- 1988 ficientes Visuais - ONC Jogos Paralímpicos 1992

Madri

Espanha

Barcelona

Espanha

Jogos Latino Americanos e do Caribe para 1994 Cegos

São Paulo

Brasil

1975

1984

Torneio Internacional de Atletismo e Nata- 1986 ção para deficientes visuais. Torneio Internacional de Judô para Cegos 1987 Jogos Paralímpicos

1988

Memória Paralímpica

Suécia

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Fonte: Jornal O Tempo. Belo Horizonte. MG

Jogos Paralímpicos de Atenas 2004. O Estádio de Mármore recebe a final da maratona Paralímpica. O atleta brasileiro com deficiência visual, classe T12. Nós vamos saber o que é a classe T12 quando falarmos do atletismo paralímpico, mais à frente. Aurélio Guedes, e seu guia chegam à reta final no estádio que, 108 anos antes, assistira à abertura e às competições dos Jogos Olímpicos de 1896. Foto: Acervo da CBDC

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CAPÍTULO

14

Antecedentes, a Criação do Comitê Paralímpico Brasileiro e os seus Presidentes e Vices

Existem notícias sobre a criação e registro de um Comitê Paralímpico Brasileiro nos anos 70, que nos trazem uma iniciativa de Robson Sampaio, Presidente do Clube do Otimismo e primeiro Presidente da ANDE, no sentido de registrar em cartório os Estatutos de um Comitê com essa nomenclatura. Essas mesmas notícias, contudo, não apresentam os documentos necessários à sua comprovação, tampouco a sua aprovação através da, na época, necessária aprovação e consequente publicação no Diário Oficial da União pelo Conselho Nacional dos Desportos - CND. De qualquer maneira, resguardando-se a figura do Robson e a sua iniciativa que poderia ser percebida como visionária, tal registro, tendo existido, não representa, contudo, qualquer oficialização do Comitê, tampouco deu a ele, à época, qualquer função. Já em 1988, cuidando da preparação da participação brasileira nos Jogos Paralímpicos de Seul, na Coreia do Sul, o grupo de presidentes das entidades de gestão nacional do esporte paralímpico então existentes, ANDE, ABDC e ABRADECAR, por iniciativa do Presidente desta última, José Gomes Blanco, aprovaram um encaminhamento no sentido da criação do Comitê Paralímpico Brasileiro. Nessa ocasião coube ao Professor Vanilton Senatore, então vinculado à CORDE, órgão da Presidência da República encarregado de interfacear todos os assuntos vinculados às pessoas com deficiência e às deficiências, no âmbito do Governo Federal, levar a proposta de criação do CPB a uma reunião no Comitê Olímpico Brasileiro. Recebido pelo Dr. André Gustavo Richer, então Vice-Presidente do COB, que o orientou no sentido de ser criado não um Comitê Paralímpico, mas sim uma Comissão Paraolímpica Brasileira, nos mesmos moldes da Comissão Desportiva Militar do Brasil. Naquela ocasião, Dr. Richer disse só ser possível um Comitê, o Olímpico e que o CND tinha essa mesma visão. Assim ele indicou os passos necessários para a criação da Comissão Paraolímpica Brasileira. Esse indicativo do COB, contudo, só foi efetivado em 1991, quando, através de Portaria da Secretaria dos Esportes da Presidência da República, foi instituída a Comissão Paraolímpica Brasileira e nomeados os seus membros. Essa Comissão, contudo, era por tempo limitado e com finalidade específica. Memória Paralímpica

João Batista foi o primeiro presidente do CPB e está na ANDEF desde 1981, a grande obra da sua vida. Foto: ANDEF

NOTA: Em novembro de 2011, o Comitê Paralímpico Brasileiro divulgou a mudança de seu nome de “PARAOLÍMPICO”, desde a fundação, em 1995, para , em adequação às normas do IPC, “PARALÍMPICO”. Nesse livro utilizamos sempre a nomenclatura atual, contudo no resgate histórico e nas citações de documentos oficiais da época, ainda é usado o termo paraolímpico. 83


Como já vimos em capítulo anterior, a participação da equipe brasileira nos Jogos Paralímpicos de 1988 foi organizada e executada por um Grupo de Trabalho, instituído e nomeado também com esse fim específico. Desde 1988 até 1995 o ICC e o IPC já cobravam a necessidade de criação de um órgão único para fazer a interlocução representando todo o movimento paralímpico no Brasil. Na nomenclatura utilizada pelo IPC essa entidade única seria caracterizada com National Paralympic Committee – NPC Brasil. Finalmente o Comitê Paralímpico Brasileiro - CPB foi oficialmente criado no dia 09 de fevereiro de 1995, em Assembleia de Instalação realizada no Instituto Benjamin Constant, órgão do Ministério da Educação, na cidade do Rio de Janeiro. Dessa reunião, recebidos pelos professores Carmelino de Souza Vieira e António João Menescal Conde, respectivamente Diretor-Geral e Diretor do Departamento Técnico- Especializado do Instituto Benjamin Constant, participam o Secretário Nacional de Desporto do MEC, Joaquim Ignácio Cardoso Filho; o Coordenador-Geral da Secretaria Nacional de Desporto do MEC, Renausto Alves Amanajás; o Chefe da Divisão de Desenvolvimento e Fomento Desportivo, Rivaldo Araújo da Silva; os presidentes Vital Severerino Neto, da ABDC (Associação Brasileira de Desportos para Cegos); Aldo Miccolis da ANDE (Associação Nacional de Desportes de Excepcionais); Luiz Claudio Alves Pereira da ABRADECAR (Associação Brasileira de Desportos em Cadeira de Rodas); José Alaor Boschetti da ABDA (Associação Brasileira de Desporto de Amputados) e Adilson Pereira Ramos da ABDEM (Associação Brasileira de Desportos de Deficientes Mentais), no ato representando a Federação Nacional das APAEs. Essas eram, com as suas nomenclaturas da época, as entidades nacionais de gestão do esporte praticado por pessoas com deficiência em nosso país. A ABDEM não é considerada como fundadora Luiz Claudio Alves Pereira, supercampeão paralímpico e João Batista do CPB, já que ainda não era reconhecida como Carvalho e Silva, então Presidente do CPB. Com o Ministro dos Esportes, Pelé, e o então Governador do Estado do Rio de Janeiro, Marcelo Alencar, em uma das entidades gestoras nacionais, na área do desporto paralímpico brasileiro. Os membros da evento promocional do CPB antes dos Jogos Paralímpicos de Atlanta, 1996. Foto: Acervo da SADEF-RJ direção da ABDEM que participaram da reunião de criação do CPB, o fizeram como representantes da Federação Nacional das APAES, conforme o registro da ata oficial da criação do CPB. Oficialmente fundado o Comitê Paralímpico Brasileiro - CPB, o senhor João Batista Carvalho e Silva é então indicado para a presidência e Aldo Miccolis (nessa reunião nomeado como “Presidente Emérito” do CPB) para a Secretaria Executiva, com um mandato de 2 anos, com término previsto para a Assembleia Geral Ordinária de Eleição realizada após os Jogos Paralímpicos de Atlanta, 1996. Na sequência, João Batista Carvalho e Silva é eleito, em março de 1997, para a presidência do CPB, tendo o Dr. Vital Severino Neto, então presidente da ABDC, sido eleito para a Secretaria Executiva do CPB, ambos com mandatos previstos até o início de 2001. Essa Assembleia 84


Geral de Eleição aconteceu no plenário da Câmara de Vereadores do Município de Niterói, RJ, sob a presidência do autor deste livro. Em Assembleia Geral Ordinária de Eleição, realizada, em março de 2001, nas dependências do Clube do Otimismo do Rio de Janeiro e também contando com o autor deste livro como seu Presidente, o Dr. Vital Severino Neto foi eleito, por aclamação, tendo como seus Vice-Presidentes os Senhores Aldo Micollis e Irajá Alves de Brito, ambos, assim como o Presidente, com mandatos até março de 2005. Após os Jogos Paralímpicos de Atenas, em março de 2005, o Dr. Vital Severino Neto foi reeleito Presidente do CPB, tendo como Vice-Presidentes os senhores Sérgio Gatto e Francisco Avelino. Essa gestão teve o seu mandato até março de 2009 e a Assembleia Geral de Eleição foi realizada em Brasília e presidida pelo Senhor Andrew Parsons, então Secretário-Geral do CPB. Em março de 2009, em Assembleia Geral de Eleição, mais uma vez em Brasília e presidida pelo Professor António Menescal, então exercendo a Secretaria Geral do CPB, o senhor Andrew Williams Parsons, hoje Presidente do IPC, foi eleito Presidente, tendo como Vice-Presidentes o senhor Luiz Claudio Alves Pereira e o Dr. Mizael Conrado de Oliveira, todos com mandato até março de 2013. O senhor Andrew Parsons foi reeleito em 2013, tendo como Vice-Presidentes os senhores Mizael Conrado de Oliveira e Ivaldo Brandão Vieira, todos com mandato até março de 2017. Em 2017, o Dr. Mizael Conrado de Oliveira, ex-atleta paralímpico e campeão mundial e paralímpico de futebol de 5, é eleito Presidente do CPB, tendo como Vice-Presidentes o senhor Professor Ivaldo Brandão Vieira e a Senhora Naise Pedrosa, com mandatos até março de 2021. Iniciando o sétimo ciclo paralímpico desde a sua fundação, Atlanta, Sydney, Atenas, Beijing, Londres, Rio e Tóquio, o CPB, agora definitivamente instalado no Centro Paralímpico de Trei-

Presidente do CPB eleito em 2001 - Dr. Vital Severino Neto Foto: Francisco Medeiros

Presidente do CPB eleito em 2009 -Andrew Williams Parsons Foto: Matt Hazlett/Getty Images

Mizael Conrado - Presidente eleito do CPB em 2017 - é o primeiro medalhista paralímpico a assumir o cargo de presidente do CPB. O exatleta, além das medalhas de ouro nos Jogos de Atenas, em 2004, e de Pequim, em 2008, ainda foi considerado o melhor jogador de futebol de 5 do mundo em 1998 Foto: CPB

Memória Paralímpica

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namento, na cidade de São Paulo, está cada vez mais estruturado para garantir o fomento e o desenvolvimento do esporte paralímpico brasileiro de alto rendimento. Embora não seja nosso objetivo a análise das administrações do CPB, devemos ressaltar que todos os seus presidentes em muito contribuíram para o desenvolvimento do esporte paralímpico do Brasil e têm os seus nomes para sempre na história e na nossa memória.

ENTIDADES NACIONAIS DE GESTÃO DO ESPORTE FILIADAS E RECONHECIDAS PELO CPB Filiadas ao Comitê Paralímpico Brasileiro: Reconhecidas pelo CPB: Associação Brasileira de Desportos para Deficientes Intelectuais - ABDEM Associação Brasileira de Rúgbi em Cadeira de Rodas – ABRC Associação Nacional de Desporto para Deficientes – ANDE Confederação Brasileira de Basquetebol em Cadeira de Rodas – CBBC Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais CBDV Confederação Brasileira de Tênis - CBT Confederação Brasileira de Tênis de Mesa - CBTM Confederação Brasileira de Vela Adaptada - CBVA Confederação Brasileira de Voleibol para Deficientes - CBVD

Confederação Brasileira de Badminton - CBBD Confederação Brasileira de Canoagem - CBCa Confederação Brasileira de Ciclismo - CBC Confederação Brasileira de Desportos na Neve - CBDN Confederação Brasileira de Hipismo - CBH Confederação Brasileira de Remo - CBR Confederação Brasileira de Tiro com Arco - CBTArco Confederação Brasileira de Triathlon - CBTri

FONTE: CPB

Mulheres brasileiras fortes, guerreiras e campeãs paralímpicas

Roseane dos Santos, a “ Rosinha” Foto: Acervo pessoal da atleta

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Suely Guimarães Foto: Acervo pessoal da atleta


CAPÍTULO

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A Linha do Tempo

Séculos XVIII e XIX – Revolução Industrial Criação de asilos e escolas residenciais específicas para pessoas com deficiência, Europa, EUA e Brasil. Visão assistencialista e segregadora. As pessoas com deficiência cognitiva, até o início do século XX, eram encaminhadas a hospícios.

1854

Em 17 de setembro foi instalado por D. Pedro II, na cidade do Rio de Janeiro, o Imperial Instituto dos Meninos Cegos, hoje Instituto Benjamin Constant - IBC, primeira escola destinada a crianças e jovens com deficiência no Brasil e primeira escola de cegos da América Latina. No IBC, ainda que de maneira informal, começou o esporte de cegos no Brasil. Instituto Benjamin Constant- IBC, com 164 anos de existência, é um órgão do Ministério da Educação, localizado no Bairro da Urca, na cidade do Rio de Janeiro, destinado à educação, reabilitação, prevenção às causas da cegueira, produção e difusão do conhecimento específico, impressão e distribuição de livros, revistas e textos no Sistema Braille, produção de material didático especializado e capacitação de recursos humanos na área da cegueira e da baixa visão. O IBC foi um dos berços do esporte de cegos no Brasil.

Imagem aérea atual do Instituto Foto: Acervo do IBC Memória Paralímpica

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1861 | 1865

Guerra Civil Americana com o retorno, no pós- guerra, de muitos ex-soldados sequelados e com deficiências físicas e visuais instaladas e irreversíveis. Instalação nos EUA de um programa governamental específico para o atendimento dos ex-combatentes. Instalação dos primeiros hospitais militares e de centros de reabilitação.

Hospital durante a Guerra Civil Americana. Fonte: https://www.neh.gov/veterans/films/death-and-the-civil-war

1896

Jogos Olímpicos de Atenas Edição exclusiva para atletas do sexo masculino. Na época, ao proletariado, só o trabalho. Os atletas dos Jogos de 1896 ou eram militares ou filhos das elites da pós-revolução industrial. Às pessoas com deficiências os asilos e as instituições segregadas.

A cerimônia de abertura das Olimpíadas de 1896 Foto: © Eye Ubiquitous/UIG/Getty Images

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1900 | 1912

Jogos Olímpicos de Paris Participação de mulheres que forçaram a sua inclusão nas modalidade de tiro com arco, esgrima e golf.

Cartazes dos Jogos Olímpicos Paris -1900 | Saint Louis – 1904 | Londres - 1908 | Estocolomo - 1912

1912

Consolidação da participação de atletas do sexo feminino nos Jogos como resultado da sua luta por esse direito, iniciada nos Jogos de 1900.

Equipe britânica de natação - 400m Foto: Getty images

1914 | 1918

I Grande Guerra Mundial Os ex-soldados que regressaram do conflito bélico com sequelas que levaram à instalação de uma deficiência necessitavam ser reabilitados e retornarem aos seus postos de trabalho. Imagem de Hospital da Cruz Vermelha na Europa Foto: National Records of Scotland Memória Paralímpica

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1920 1923

Jogos Olímpicos de Antuérpia - Bélgica

Primeiro registro fotográfico de uma atividade de esporte recreativo para ex-soldados lesionados na I Grande Guerra, o Zig Zag. No The Royal Star & Garter Hospital - Inglaterra.

Foto: Star & Garter Royal Hospital

1924 | 1936

Cartazes dos Jogos Olímpicos Paris -1924 | Amsterdam –1928 | Los Angeles - 1908 | Berlim - 1932

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1939 | 1945

Segunda Grande Guerra Mundial

• Instalação do Hospital de Stoke Mandeville. • O neurologista alemão, Dr. Ludwig Guttmann assume o Centro de Reabilitação de Stoke Mandeville e insere o esporte no programa de atendimento aos lesionados na guerra.

Imagem de uma reunião em Stoke Mandeville Foto: National Spinal Injure Center

• Frank Delano Roosevelt, presidente dos EUA e usuário de cadeira de rodas devido às sequelas da poliomielite, transforma um SPA de luxo, em Corona na Califórnia, EUA, em um Hospital Naval considerado a “Jóia da Coroa” entre todos os hospitais militares dos EUA. • Em Corona e mais dois hospitais americanos, é inserido o basquetebol em cadeira de Rodas.

1946

• Diversas modalidades são inseridas no programa de reabilitação de Stoke Mandeville, na Inglaterra. • O goalball foi criado pelo austríaco Hanz Lorezen e pelo alemão Sepp Reindle, que tinham como objetivo específico oferecer uma atividade esportiva a ser incluída no processo de reabilitação de veteranos da Segunda Guerra Mundial que, nesse conflito bélico, perderam a visão.

1947

No Hospital Naval de Corona, EUA, acontece o primeiro jogo oficial de basquete em cadeira de rodas.

Basquete de cadeira de rodas no Hospital Naval Corona Foto: Elizabeth Kinzer O’Farrell Memória Paralímpica

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1948

Demonstração de tiro com arco, organizada pelo Dr. Ludwig Guttmann, durante os Jogos Olímpicos de Londres -UK.

Guttmann e um arqueiro em sua cadeira de rodas. Foto: Mandevillelegacy. UK

Logo da Associação Americana de Basquete em Cadeira de Rodas

1950

A National Weelchair Basketball AssociationNWBA (Associação Nacional de Basquete em Cadeira de Rodas) foi criada, assim como o seu primeiro campeonato oficial, organizado por Tim Nugent, da Universidade de Illinois. Essa foi a primeira entidade de gestão do esporte paralímpico em todo o mundo.

Ludwig Guttmann cria a Federação Internacional de Stoke Mandeville, ISMGF. Essa foi a primeira entidade de gestão internacional do esporte para atletas com deficiência, hoje conhecido como esporte paralímpico. Logo original da ISMGF

1952

Primeira edição dos Jogos Mundiais de Stoke Mandeville – UK, com a participação do Reino Unido e da Holanda

A realização dos jogos internacionais permitiu o estabelecimento de regras e classificações específicas para o esporte paralímpico

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1953 | 1959

Realização anual dos Jogos Mundiais de Stoke Mandeville com um gradual e expressivo aumento do número de países participantes.

7o Jogos Mundiais de StokeMandeviile - atletas egípicios Mira and I Taufik. Foto: S&G/PA - Getty Images

1957

O esporte paralímpico chega ao Brasil.

Visita ao Brasil da equipe de basquetebol em cadeira de rodas americana – os Pan Jets. Foto: O Globo

Memória Paralímpica

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1957

O Globo. Edição Vespertina. 22 de abril de 1957.

O Globo, 27 de abril de 1957.

O Globo, em abril de 1957, informa sobre a vinda da Equipe dos Pan Am Jets ao Brasil. Além do basquete, os atletas americanos fizeram demonstrações de lançamento do dardo, tiro com arco e tênis de mesa.

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1958

Com a criação do Clube do Otimismo e do Clube dos Paraplégicos de São Paulo é iniciado o primeiro ciclo histórico do esporte paralímpico brasileiro.

1959

Primeira partida de basquetebol em cadeira de rodas disputada entre equipes do desporto paralímpico do Brasil.

1960

18 a 25 de setembro IX Edição dos Jogos Mundiais de Stoke Mandeville – considerada como a primeira edição dos Jogos Paralímpicos. Desfile de abertura nos Jogos Paralímpicos de Roma, 1960. Foto: IPC

1964

03 a 12 de novembro Jogos Paralímpicos de Tóquio – Japão • Foi criada a ISOD, International Sports Organization for Disable. • Fundação do Clube dos Paraplégicos do Rio de Janeiro - CPRJ. • Foi a Criada, na cidade do Rio de Janeiro, a Sociedade Amigos do Hospital Municipal Barata Ribeiro, posteriormente denominada Sociedade Amigos do Deficiente Físico – SADEF-RJ.

Memória Paralímpica

Imagem de várias delegações participantes Foto: Getty Images

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1967 1968

I Jogos Pan-Americanos em Cadeira de Rodas, Winnipeg, Canadá. O Brasil não esteve representado nessa edição dos Jogos.

04 a 13 de novembro Jogos Paralímpicos de Tel Aviv – Israel

1969

Primeira participação brasileira em uma competição internacional do esporte paralímpico – II Jogos Pan-Americanos em Cadeira de Rodas. Buenos Aires, Argentina.

1971

III Jogos Pan-Americanos em Cadeira de Rodas, Kingstown, Jamaica. O Brasil é representado no evento por uma equipe do Clube dos Paraplégicos do Rio de Janeiro.

1972

02 a 11 de agosto Jogos Paralímpicos de Heidelberg – Alemanha Ocidental Primeira participação Brasileira em uma edição dos Jogos Paralímpicos.

1972 | 1984

Cartazes dos Jogos Olímpicos Munique 1972 | Montreal - 1976 | Moscou - 1980 | Los Angeles -1984 96


1973

• IV Jogos Pan-Americanos em Cadeira de Rodas. Lima – Peru. • Excursão da seleção brasileira masculina de basquetebol em cadeira de rodas por países da África, Europa e Estados Unidos. • Criação do Clube de Amigos da Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação - CLAM – ABBR, no Rio de Janeiro.

Delegação Brasileira aos IV Jogos PanAmericanos em Cadeira de Rodas. Foto: Acervo de Roberto Ramos

1975

Em 1975, no Rio de Janeiro, aconteceu a Copa Independência do Brasil de Basquete em Cadeira da Rodas. Com a vitória da equipe Brasileira sobre aquela do Uruguai e da Argentina. Esse torneio foi o primeiro evento internacional do esporte paralímpico realizado no Brasil.

Matéria do Jornal o Globo, um dos apoiadores do torneio: 03 de setembro de 1975.

Memória Paralímpica

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1975

• V Jogos Pan-Americanos em Cadeira de Rodas – Cidade do México. • Fundação da ANDE, então Associação Nacional de Desportos para Excepcionais. Robson Sampaio de Almeida é eleito o seu Presidente. • A ANDE realiza os I Jogos Nacionais em Cadeira de Rodas

Em 1975, com a criação da ANDE, é iniciado um novo ciclo no esporte paralímpico brasileiro.

Celso Lima, Roberto Ramos e Claudio Araújo nos Jogos Pan-Americanos em Cadeira de Rodas, México, 1975. Foto do acervo de Claudio Araújo, publicada no grupo Memória Paralímpica no Facebook pelo Projeto RSPARADESPORTO.

1976

03 a 11 de agosto Jogos Paralímpicos de Toronto - Canadá • A equipe da ANDE, representando o Brasil, participa dos Jogos Paralímpicos de Toronto – Canadá e conquista as duas primeiras medalhas brasileiras em uma edição dos Jogos Paralímpicos. • Primeira participação de atletas com deficiência visual em uma edição dos Jogos Paralímpicos. • Robson Sampaio de Almeida se afasta da Presidência da ANDE e a entidade nacional passa a ser gerida por uma Junta Governativa formada pelos Senhores, Aldo Miccolis, José Gomes Blanco e Celso Antonio Lima. • A ANDE realiza os II Jogos Nacionais em Cadeira de Rodas

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1977

A ANDE realiza os III Jogos Nacionais em Cadeira de Rodas

Certificado de Participação do Atleta Rogério Barbosa Ribeiro, já firmado por José Gomes Blanco, representando a Junta Governativa da ANDE. Fevereiro de 1977

1978

• Nas Olimpíadas das APAES, em Natal, Rio Grande do Norte, acontece a primeira competição oficial de futebol de 5 no Brasil. • A ANDE organiza e realiza os VI Jogos Pan-Americanos em Cadeira de Rodas, Rio de Janeiro, Brasil. Essa foi a primeira competição multidisciplinar internacional oficial do desporto paralímpico realizada no Brasil. • É criada a CP-ISRA entidade internacional de gestão do esporte praticado por atletas com paralisia cerebral.

Logo oficial da CP-Isra

Memória Paralímpica

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1980

21 a 30 de junho Jogos Paralímpicos de Arnhem – Holanda Com uma delegação organizada pela ANDE o Brasil participa com uma equipe de sete jogadores de basquete e com um nadador. Nesses Jogos ocorreu o caso Mascotes criadas para os conhecido no movimento paralímpico brasileiro como Jogos Paralímpicos de 1980. “Os sete condenados”. • Primeira participação de atletas com paralisia cerebral em uma edição dos Jogos Paralímpicos. • É criada a IBSA, entidade internacional de gestão do esporte de atletas com deficiência visual ( cegos e com baixa visão).

Logo original da IBSA, hoje International Blind Sports Federation.

1981

Foi criada, na Cidade de Niterói, no Rio de Janeiro, a Associação Niteroiense dos Deficientes Físicos ANDEF. A Organização das Nações Unidas- ONU, elege 1981 como Ano Internacional da Pessoa com Deficiência

1982

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As quatro entidades de gestão internacional do esporte paralímpico por área de deficiência existentes à época e denominadas pela sigla IOSDs, International Sport Organisation for the Disabled: CP-ISRA, IBSA, ISMGF e ISOD criam o ICC - International Co-coordinating Committee Sports for the Disabled in the World. O ICC foi o responsável pela realização dos Jogos Paralímpicos de Verão em 1984, em Stoke Mandeville e New York, de 1988, em Seul e de 1992, em Barcelona. O ICC também foi o responsável pela organização dos Jogos Paralímpicos de Inverno de 1984 e 1988, ambos realizados na Áustria.


1982

• O antigo Conselho Nacional do Desporto, CND, através da Portaria 03/92, publicada no DOU de 31 de março de 1982, autoriza a criação da Associação Brasileira de Desporto em Cadeira de Rodas. A entidade, contudo, só é oficialmente criada e tem os seus estatutos aprovados e registrados em 1984. • A delegação da ANDE, representando o Brasil, participa dos VII Jogos Pan-Americanos em Cadeira de Rodas, Halifax, Canadá. Parte da delegação Brasileira no Canadá, 1982. Raimundo, João Luiz, Tia Zaíra, Vanda Sher, Luiz Claudio, Jorge Graciano o “Parré”. no chão: Zulmira, Rogério e a Professora Sandra Peres Jerônimo. Foto: Acervo de Rogério Barbosa Ribeiro

1983

• O antigo Conselho Nacional do Desporto – CND, através da Portaria 14/83, publicada no DOU de 26 de dezembro de 1983, autorizou a criação da Associação Brasileira de Desportos para Cegos – ABDC. A entidade, contudo, só é oficialmente criada e tem os seus estatutos aprovados e registrados em 1984. • A delegação da ANDE, representando o Brasil, participa dos Jogos Mundiais de Stoke Mandeville. Delegação Brasileira, representada pela ANDE nos Jogos Mundiais de Stoke Mandeville, 1983. Foto: Acervo do Clube do Otimismo

1984 Em 1984, com a Criação da ABDC e da ABRADECAR, é iniciado um novo ciclo no esporte paralímpico brasileiro que iria até o início do ano de 2009. Memória Paralímpica

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1984

Jogos Paralímpicos de New York, EUA (17 a 30 de junho) Jogos Paralímpicos de Stoke Mandeville - UK (22 de julho a 01 de agosto) Inicialmente, os Jogos Paralímpicos de 1984 deveriam ter ocorrido apenas nos Estados Unidos, em Los Angeles, mesma cidade que recebeu os Jogos Olímpicos. Entretanto, por problemas administrativos e divergências na tratativa entre o ICC e o Comitê Organizador local, os Jogos Paralímpicos de 1984 não aconteceram em Los Angeles. Os Jogos Paralímpicos de 1984, pela primeira e única vez na história, aconteceram em duas cidades de dois países diferentes. Stoke Mandeville, na Inglaterra, e New York nos EUA tiveram a honra de organizar e receber os Jogos. Na Inglaterra competiram os atletas em cadeira de rodas e com problemas físicos em sua locomoção. Já em New York participaram atletas com paralisia cerebral e com deficiência visual. O Brasil enviou delegações para as duas grandes competições e conquistou, no total, 28 medalhas, sendo 7 de ouro, 17 de prata e 4 de bronze. • Os Jogos de New York marcaram a primeira participação do Futebol de 7 no evento. • Os Jogos Paralímpicos de 1984 marcaram a estreia do ciclismo nos Jogos. • A ABDC participa, com equipes de atletismo e natação, de torneio internacional de esporte de cegos, em Gotemburgo, na Suécia. • A INAS-FID, International Sports Federations for Persons with an Intellectual Disability, é fundada e passa a integrar o ICC como uma das quatro IOSDs.

• É elaborada e firmada a CARTA DE BATATAIS, documento de base para o desenvolvimento da educação física adaptada, do desporto e do lazer das pessoas com deficiência no Brasil. • A ABRADECAR participa dos VIII Jogos Pan-Americanos em Cadeira de Rodas, Aguadillas, Porto Rico

Aguadillas, Porto Rico – 1986. Blanco, Talma, Doinha, Cláudio Araújo, Keike Shimomaebara, Miracema Ferraz e Luis Cláudio Pereira. Foto: Acervo da SADEF-RJ

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1986

Aguadillas, Porto Rico – 1986. Ricardo, Eduardo Wanderley, João Luis, Mábio Costa, Mário Lúcio, Edmilson, Paulinho, Fábio Ricci, Rogério, Sandra Peres, Graciana Alves, Dr. Silvio e Tia Zaíra Foto: Acervo da SADEF-RJ

1987

A ABDC participa, com sua equipe de judô, de torneio internacional em Paris, França. Essa foi a primeira competição internacional do judô paralímpico brasileiro.

1988

• Criação, por portaria Ministerial, de um Grupo de Trabalho encarregado de viabilizar a participação da delegação brasileira nos Jogos Paralímpicos de Seul. • O Judô masculino passa a fazer parte do programa dos Jogos Paralímpicos. • A ABDC participa, com equipes de futebol de 5, atletismo, natação e goalball de torneio comemorativo ao aniversário da Organização Nacional de Cegos Espanhóis – ONCE.

15 a 24 de outubro Jogos Paralímpicos – Seul, Coreia do Sul

Memória Paralímpica

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Aguardando o início da Cerimônia de Abertura dos Jogos Paralímpicos de Seul, 1988 .

1988

Foto: Acervo do autor

Judô nos Jogos Paralímpicos de Seul. Nessa foto, na arbitragem, Bruno Carmeni foi, junto à IBSA e ao IPC, o coordenador da modalidade, contribuindo com seu fomento e desenvolvimento do judô de deficientes visuais em todo o mundo. Foto: IBSA

1988 - 2004

Cartazes dos Jogos Olímpicos Seul 1988 | Barcelona - 1992 | Atlanta - 1996 | Sydney - 2000 | Atenas -2004 104


1989 Em 22 de setembro é fundado, na Cidade de Bonn, na Alemanha, o Comitê Paralímpico Internacional – IPC.

• Criação da ABDEM – Associação Brasileira de Desportos para Deficientes Mentais. • Realizado pela ABRADECAR o I Seminário Internacional de Basquetebol em Cadeira de Rodas, em São Paulo. • Criada a IWBF, a Federação Internacional de Basquete em Cadeira de Rodas. Ainda vinculada à Federação Internacional de Stoke Mandeville.

1990

• A ABRADECAR participa dos IX Jogos Pan-Americanos em Cadeira de Rodas, Caracas, Venezuela. • Criação da Associação Brasileira de Desportos de Amputados – ABDA.

1991

1992

Criação, por portaria Ministerial, da Comissão Paraolímpica Brasileira, encarregada de viabilizar a participação da delegação brasileira nos Jogos Paralímpicos de Barcelona, 1992.

3 a 14 de setembro Jogos Paralímpicos de Barcelona – Espanha

Memória Paralímpica

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1993

A IWBF, Federação Internacional de Basquete em Cadeira de Rodas, passa a ter a sua autonomia reconhecida e é transformada na primeira federação internacional específica de uma modalidade paralímpica.

1994

Jogos Latino-Americanos e do Caribe para Cegos, realizados pela ABDC, em São Paulo.

1995

• Em Assembleia de Instalação realizada no Instituto Benjamin Constant, órgão do Ministério da Educação, na cidade do Rio de Janeiro, em 09 de fevereiro de 1995, os representantes da ABDA, ABDC, ABRADECAR e ANDE debateram a criação do CPB. Numa decisão conjunta, na mesma data, foi fundado o Comitê Paralímpico Brasileiro-CPB com sede na cidade de Niterói, RJ. João Batista de Carvalho e Silva foi indicado pelo colegiado para ser o primeiro presidente da entidade. • A ABDC, representando o Brasil, participa dos Jogos Pan-Americanos da IBSA, em Buenos Aires, Argentina. • A ANDE, representando o Brasil, participa dos Jogos Pan-Americanos para atletas com paralisia cerebral, Mar Del Plata, na Argentina. Foto: Acervo de Rivaldo Araújo

Com a criação da ANDE é iniciado o segundo ciclo histório do esporte paralímpico brasileiro.

1996

15 a 26 de agosto Jogos Paralímpicos de Atlanta – EUA

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1996

• Pela primeira vez o CPB é o responsável pela preparação e pela participação de uma delegação brasileira em Jogos Paralímpicos. • A ABDEM é reconhecida e filiada ao CPB. Internacionalmente a Inas-Fid é reconhecida e passa a fazer parte do IPC, na qualidade de IOSD, garantindo assim a representatividade nacional e internacional das entidades de gestão do esporte praticado por atletas com deficiência cognitiva. • Os atletas com deficiência cognitiva participam pela primeira vez de uma edição dos Jogos Paralímpicos, em Atlanta, EUA. • Segunda edição dos Jogos Paradesportivos Brasileiros do CPB. Rio de Janeiro. Esses Jogos serviram como seletiva para a composição da delegação brasileira aos Jogos Paralímpicos de Atlanta. • É criada, em São Paulo, a ADD, por iniciativa, entre outros, dos Professores Steven Dubner e Eliane Miada.

1997

É criada a Confederação Brasileira de Basquetebol em Cadeira de Rodas - CBBC.

1998

É realizado pela ABDC o I Campeonato Mundial de Futebol de 5 da IBSA, em Paulínia, SP. Em evento conjunto a ABDC também realiza o I Campeonato Mundial de Futebol de Salão B2 e B3 (atletas com baixa visão).

A Federação Internacional de Stoke Mandeville e a ISOD são fundidas em uma nova entidade de gestão internacional do desporto praticado por atletas com deficiência física, a International Wheelchair & Amputee Sports Federation – IWAS

Memória Paralímpica

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1999

• A ABRADECAR participa dos I Jogos Parapan-Americanos, Cidade do México. • A ABDC participa dos I Campeonatos Mundiais e Jogos Internacionais da IBSA. Madri, Espanha. • A ABRADECAR participa dos Jogos Mundiais da IWAS, em Christchurch, Nova Zelândia.

Irajá de Brito, Tia Zaíra, Beatriz Pinto Monteiro e Lia Mara. México, 1999. Foto: Acervo da SADEF-RJ

2000

18 a 29 de outubro Jogos Paralímpicos de Sydney – Austrália

• Steven Dubner, Eliane Miada e Eliane Lemos criam, em São Paulo, o Projeto Cesta de Três, primeira equipe infantil de BCR em nosso país.

Equipe de crianças do Projeto Cesta de Três. Eliane Lemos, Eliane Miada e o Professor Steven Dubner, criadores do Projeto, na foto junto com a Magic Paula e a primeira equipe do Projeto. Foto: Acervo de Eliane Lemos

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2000

• Escândalo de invasão de atletas não deficientes na equipe de basquetebol de deficientes cognitivos da Espanha, campeã do torneio nos Jogos paralímpicos. Suspensão da participação de atletas com deficiência cognitiva dos Jogos Paralímpicos. • Em 2000, durante os Jogos Paralímpicos de Sydney, foi assinado um acordo de cooperação entre o IPC e o Comitê Olímpico Internacional, garantindo a colaboração entre as duas entidades. Os Jogos de Sydney inauguram o modelo de um único Comitê Organizador para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos. Esse modelo foi seguido pelas organizações de todos os Jogos até hoje.

2001

• A ABDC organiza I Copa do Mundo de Judô da IBSA, no Rio de Janeiro. • Em 2001, outro acordo foi assinado entre os dois Comitês Internacionais, Olímpico e Paralímpico, assegurando que os Jogos Paralímpicos seriam sempre realizados na mesma cidade e com a mesma organização e estrutura dos Jogos Olímpicos, de verão e de inverno, sempre cerca de 15 dias após a realização dos Jogos Olímpicos. • A CBBC realiza o Campeonato Mundial Masculino Junior da IWBF. Blumenau, Santa Catarina, 16 a 26 de agosto de 2001. Nesse evento a equipe brasileira conquistou o vice-campeonato. O Rugby em cadeira de Rodas é trazido ao Brasil, através de um curso técnico realizado em Blumenau, SC, e ministrado pelos Professores Horst Strohkendl (Alemanha) e Pedro Américo de Souza Sobrinho, da UFMG.

Foto: Acervo Gilson Ramos II Campeonato Mundial Junior de Basquete em Cadeira de Rodas da IWBF. Foto: CBBC Memória Paralímpica

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2001

II Campeonato Mundial Junior de Basquete em Cadeira de Rodas da IWBF. Foto: Acervo Gilson Ramos

Em 16 de julho de 2001, foi promulgada, pelo então Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, a Lei N° 10.264, conhecida como Lei Agnelo/Piva. Essa legislação garantiu o financiamento do esporte olímpico e paralímpico no Brasil, através de repasses de percentuais das Loterias administradas pela Caixa Econômica Federal.

2002

• A ABDC realiza os Campeonatos Mundiais da IBSA de Goalball e de futebol de 5. Rio de Janeiro e Niterói.

No dia 19 de junho, a sede do CPB foi transferida de Niterói, no Rio de Janeiro, para Brasília, no Distrito Federal. A medida foi tomada com o intuito de colocar a entidade máxima do esporte paralímpico nacional na cidade que é o centro das decisões políticas do Brasil, além de estar mais próxima do Ministério do Esporte

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2003

• A ABDC participa dos II Jogos e Campeonatos Mundias e Jogos Internacionais da IBSA. Quebec, Canadá. Nesse evento a nossa equipe feminina de goalball garante a classificação inédita do goalball do Brasil para participar de uma edição dos Jogos Olímpicos. • O Clube dos Paraplégicos de São Paulo – CPSP realiza o I Troféu Sérgio Del Grande de Atletismo e Natação que contou com a participação de mais de 300 atletas de norte a sul do Brasil. Os resultados do campeonato foram reconhecidos pelo CPB e serviram de parâmetro para convocação dos atletas para competições internacionais. • A Delegação do CPB participa dos II Jogos Parapan-Americanos, Mar Del Plata, Argentina. O Dr. Agnelo Queiroz, então Ministro dos Esportes, com os nossos nadadores e a equipe técnica nos Jogos ParapanAmericanos de Mar Del Plata, Argentina. Ainda enquanto Deputado Federal uma emenda sua, na Lei lei N 10.264/01, conhecida e chamada chamada como Lei Agnelo-Piva, garantiu o repasse de recursos das loterias administradas pela Caixa Econômica Federal ao Comitê Paralímpico Brasileiro. Agnelo Queiroz é um amigo do esporte paralímpico do Brasil. Foto: Acervo de Rivaldo Araújo da Silva

2004

06 a 17 de setembro Jogos Paralímpicos de Atenas – Grécia

• O Judô feminino passa a fazer parte do programa dos Jogos Paralímpicos.

Memória Paralímpica

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2004

• O Clube dos Paraplégicos de São Paulo – CPSP realiza o segundo Troféu Sérgio Del Grande. Essa competição, inicialmente destinada somente a atletas com deficiência física e nas modalidades de atletismo e natação, foi ampliado a outras modalidades, chegando a 2015 à sua décima primeira edição. Sérgio Seraphin Del Grande, a Professora Elisabeth Mattos, e João Bentim, atual presidente do CPSP, entre outros. Reunião na sede do Clube dos Paraplégicos ainda em obras. Foto: Acervo da Professora Elizabeth Mattos

2005

• A ABDC realiza os Jogos Pan-Americanos da IBSA, e a II Copa do Mundo de Judô da IBSA em São Paulo. • Em Assembléia Geral da IBSA, em junho de 2005, na cidade de Beijing, na China, os Senhores Professores David Farias Costa e António Menescal são eleitos, respectivamente, Delegado Continental da IBSA Américas e Diretor-Técnico da IBSA. • A Abradecar realiza os Jogos Mundiais da IWAS – Tributo à Paz, no Rio de Janeiro.

• A ANDE realiza o Campeonato Mundial de Bocha da CP-ISRA. Esse evento foi montado nas areias da praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, marcando o início de uma nova e vitoriosa fase da bocha paralímpica brasileira. • O CPB institui as Paraolimpíadas Escolares, uma da ações do Projeto Paralímpicos do Futuro. Esse Projeto, realizado em parcerias com as secretarias estaduais e municipais de educação, deu base a todo trabalho do CPB nessa área do desporto escolar. • Em dezembro de 2006 a ABDC decidiu, em Assembléia Geral realizada em Campinas, SP, alterar sua denominação para Confederação Brasileira de Desportos para Cegos – CBDC. 112


2006

2007

• Por iniciativa e sob a coordenação do Professor Vanilton Senatore é criado, no âmbito do CPB, o Projeto Paralímpicos do Futuro.

12 a 19 de agosto III Jogos Parapan-Americanos – Rio 2007 • A CBDC realiza os III Campeonatos Mundiais e Jogos Internacionais da IBSA, São Paulo e São Caetano do Sul – SP. • A ANDE realiza o Campeonato Mundial de Futebol de 7 da CP-ISRA - Rio de Janeiro.

2008

06 a 17 de setembro Jogos Paralímpicos de Beijing – China

• A CBDC indica a chapa que viria a ser vencedora na eleição para a direção do CPB, tendo como presidente o Senhor Andrew Parson e como vice-presidentes os Senhores Luiz Claudio Alves Pereira e Mizael Conrado de Oliveira.

Em 2009, com a descontinuidade das atividades da CBDC e da ABRADECAR, é encerrado o terceiro ciclo histórico do esporte paralímpico brasileiro, iniciado em 1984. O quarto ciclo histórico, iniciado em 2009, segue até os nossos dias..

Memória Paralímpica

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CAPÍTULO

16

III Jogos Parapan-Americanos Rio 2007

Delegação Brasileira nos III Jogos Parapan-Americanos. Rio de Janeiro Foto: CPB

Adriano Lima, Daniel Dias e Clodoaldo Silva com algumas das suas medalhas no Parapan Rio 2007 Foto: CPB

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Podium no Parapan Rio 2007 Foto: Acervo do atleta Alexsander Whitaker, campeão pan-americano no Powerlifiting

Quadro de Medalhas dos III Jogos Parapan-americanos Rio 2007

Memória Paralímpica

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CAPÍTULO

17

As Modalidades Paralímpicas de Verão 1 - Atletismo

Oscar Lucas Thiago Filho, o “NAVAL”. Ele foi, nos anos 70 e 80, o precursor, no Brasil, das corridas em cadeira de rodas em maratonas. Um atleta respeitado internacionalmente. Foto: Elisa Ramos

História O atletismo faz parte do programa dos Jogos Paralímpicos desde a primeira edição, em Roma-1960. Entre todas as modalidades paralímpicas, é aquela que atrai o maior número de espectadores. Foi apenas em 1984 que o Brasil conquistou as primeiras medalhas na modalidade, em Nova Iorque (EUA) e em Stoke Mandeville (Inglaterra). Naquele ano, o país faturou seis medalhas de ouro, 12 de prata e três de bronze no atletismo.

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Em Stoke Mandeville, o atletismo começou com as provas de campo. Na foto, o lançamento do dardo sendo observado, ao fundo, por Sir Ludwig Guttmann Foto: http://www.mandevillelegacy.org.uk

As provas O atletismo paralímpico é praticado por atletas com deficiência física, visual e cognitiva. Há provas de corrida, saltos, lançamentos e arremesso, tanto no feminino quanto no masculino. Os competidores são divididos em classes de acordo com o grau de deficiência constatado pela classificação funcional ou esportiva. Nas corridas, os atletas com deficiência visual , das classes T11 e T12, podem ser acompanhados por guias, ligados a eles por uma corda, sendo que na classe T11 o uso de atleta-guia é obrigatório. Nas provas de campo os atletas F11 e F12 podem receber ajuda de um “chamador” que os orientará quanto à trajetória da corrida, o momento do salto e a posição corporal e direção nas provas de arremesso e lançamento. Já entre os atletas com deficiência física, há corridas a pé (com e sem a utilização de próteses) e em cadeiras de rodas.

Classificação

F – Field (campo): provas de arremesso, lançamentos e saltos F11 a F13: deficientes visuais F20: deficientes cognitivos F31 a F38: paralisados cerebrais (31 a 34 para cadeirantes; 35 a 38 para ambulantes) F40: atletas com nanismo F41 a F46: amputados e outros (les autres) F51 a F58: cadeirantes (sequelas de poliomielite, lesões medulares e amputações) T – Track (pista): provas de corrida (velocidade e fundo) T11 a T13: deficientes visuais T20: deficientes cognitivos T31 a T38: paralisados cerebrais (31 a 34 para cadeirantes; 35 a 38 para ambulantes) T41 a T46: amputados e outros (les autres) T51 a T54: cadeirantes (sequelas de poliomielite, lesões medulares e amputações). Nessas classes os atletas competem necessariamente em cadeiras de rodas específicas para provas de corrida. Memória Paralímpica

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Os atletas competem de acordo com suas classificações esportivas em cada evento, contudo, quando existe um pequeno número de atletas inscritos, e para “salvar” as provas elas podem ser grupadas, ou seja atletas de mais de uma classe competindo na mesma prova. Nesse caso as medalhas e o pódio consideram sempre as melhores marcas, ou os melhores tempos, independente da classe de cada atleta. No atletismo, o programa é praticamente o mesmo dos Jogos Olímpicos. Além da maratona, há disputas na pista e no campo. A numeração das classes indicará o grau e o tipo de deficiência do atleta, de acordo com as suas provas os atletas terão a sua classificação referenciada pela letra “T” – Track ou “F” Field. Como exemplo o atleta cego será classificado como T11 nas provas de pista e rua e como F11 nas provas de campo (arremesso, lançamentos e saltos). As provas de lançamento do martelo e aquelas com barreiras e obstáculos não fazem parte do programa do atletismo paralímpico.

Terezinha Guilhermina e seu atleta-guia, Gerson Knittel nos Jogos Paralímpicos de Atenas, 2004. Foto: Acervo CBDC

World Para Athletics Sports Technical Committee. No Brasil a sua gestão é do CPB.

Prova de pista nos Jogos Paralímpicos de Tóquio, 1964 Foto: Jogos Paralímpicos de Tóquio

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Prova de pista em Seul. As cadeiras ainda eram assim. Foto: WRAS


Listagem das provas no atletismo paralímpico: Eventos de Pista: velocidade (100m, 200m, 400m); meio fundo (800m, 1.500m); fundo (5.000m, 10.000m) e revezamentos (4x100m, 4x400m) Evento de rua: maratona. 42,195 Km. A mesma distância da Maratona Olímpica. Eventos de Campo: salto em altura, distância e triplo, disco, dardo e peso. Evento Combinado: pentatlo Alice Correia e o seu guia, na curva dos 200 m rasos. Foto: CPB

Ádria Santos e Gerson Knittel. Sydney 2000 Foto: CPB

Atleta amputado se preparando para o salto em altura. Barcelona 1992. Foto: IPC Memória Paralímpica

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A Professora Sandra Peres Jerônimo, a grande precursora do atletismo paralímpico de alto rendimento no Brasil. Técnica da equipe da SADEF-RJ e de diversas seleções nacionais desde os Jogos Pan-Americanos em Cadeira de Rodas, em 1978, no Rio de Janeiro, a Professora Sandra formou gerações de atletas campeões mundiais e paralímpicos. Sempre exigente, ela é, até hoje, adorada por todos os atletas que tiveram o privilégio de tê-la como treinadora. Na foto, com António Menescal, nos Jogos Paralímpicos de Seul, em 1988. Foto: Acervo do autor

Professor Amaury Wagner Veríssimo, técnico da equipe brasileira de atletismo paralímpico desde os jogos de Seul, em 1988 e, juntamente com o Professor Ciro Winckler dois dos maiores responsáveis pelo desenvolvimento da modalidade em nosso país nas duas últimas décadas. Foto: Acervo pessoal de Amaury Wagner Veríssimo

Passagem do bastão do revezamento feminino do Brasil no Campeonato Mundial de Atletismo da IBSA. São Paulo 2007. Nesse campeonato o Brasil sagrou-se campeão mundial de atletismo de cegos e atletas com baixa visão. Esse título mundial, totalmente documentado e reconhecido pela IBSA e pelo IPC, geralmente é desconsiderado nos relatos históricos do atletismo paralímpico brasileiro. Foto: Acervo CBDC

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Teresinha Guilhermina e o seu atleta-guia, o “Chocolate”, com a sua medalha em Beijing 2008. Foto: Acervo CBDC

2- Badminton Paralímpico

Foto: Comitê Paralímpico Brasileiro – CPB

O Badminton estreará, como modalidade do programa oficial, nos Jogos Paralímpicos de Tóquio, em 2020. a modalidade é constituída por um jogo curioso e rápido, com registro da peteca atingindo 200 km por hora. É jogado em uma quadra que mede 13,40m x 6,10m, dividido por uma rede com a altura variando de acordo com a categoria. O jogo tem duração máxima de 3 games, vencendo quem atingir 21 pontos primeiro (caso empate em 20 a 20 o jogo é prolongado até que se tenha feito 2 pontos de diferença, atingindo no máximo 30 pontos). Memória Paralímpica

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O Badminton Adaptado foi reconhecido em 1996 pelos fundadores da Associação Internacional de Badminton para pessoas com deficiência. Atualmente existe mais de 30 países filiados à referida associação, tendo como principal objetivo a difusão do esporte pelo mundo e a inclusão do mesmo nos Jogos Paralímpicos. Foi trazido para o Brasil pelo professor Létisson Samarone de Brasília – DF. As adaptações estão relacionadas às categorias, nivelando os atletas de acordo com suas deficiências, equiparando-os. No Badminton Adaptado há 10 categorias: 3 categorias para cadeirantes (W1, W2 e W3 – W de Wheelchair: cadeira de rodas em inglês) e 7 para andantes (S1, S2, S3, S4, S5, S6 e S7 – S de Standing: andantes em inglês). Para saber em qual categoria o atleta se enquadra, é necessário passar por uma classificação funcional feita por avaliadores capacitados.

O Badminton adaptado ou Parabadminton é um esporte adaptado para atletas com deficiência física. A modalidade fará a sua estreia em Jogos Paralímpicos em Tóquio 2020. O parabadminton é dividido basicamente em duas categorias: Wheelchair, para cadeirantes e Standing, para andantes. Estas categorias podem se subdividir de acordo com o tipo e o grau da lesão ou deficiência. Foto: Confederação Brasileira de Badminton

AS CLASSES Wheelchair (cadeira de rodas) - Na categoria Wheelchair (cadeira de rodas) se enquadram os atletas com grandes e pequenos comprometimentos e que fazem obrigatoriamente uso de cadeiras de rodas para se locomover. Nesta modalidade o uso da cadeira esportiva é obrigatório não podendo o atleta competir com a sua cadeira usual. Um ponto positivo destas é que, após estudos, ficam compatíveis com a funcionalidade do atleta, pois, irá valorizar suas potencialidades e amenizar os seus comprometimentos. Foto: Confederação Brasileira de Badminton

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Nas competições desta categoria, algumas regras são diferentes para favorecer os jogadores, tais como:


- A rede tem a altura diminuída (1,40m), bem como o saque pode ser feito com a raquete na linha da axila. - A cadeira de rodas é considerada parte do jogador, neste caso, se a peteca atingir alguma parte da cadeira é considerado como se tivesse atingido parte do jogador, sendo portanto falta. - Quando a peteca está em jogo, os pés dos atletas devem permanecer em contato com o suporte para os pés. Em nenhum momento, do jogo, o jogador pode colocar os pés em contato com o chão. - Uma cadeira de rodas pode ser equipada com um apoio da roda traseira, que pode se estender além das rodas principais. - Nesta categoria há a disputa de duas modalidades: Simples e duplas, masculino e feminino. Standing (andantes) - Na categoria Standing (andantes) se enquadram os atletas com comprometimento nas duas pernas, comprometimento em apenas uma das pernas, comprometimento em um dos membros superiores, com amputação ou malformação em uma das pernas, com ou sem prótese, jogando de muleta ou não. Nesta categoria as regras são semelhantes às regras do Badminton convencional. Como a altura da rede, 1,55m, a quadra, a altura da raquete no momento do saque (na cintura), entre outras. - Também, na categoria standing há a disputa de duas modalidades: Simples e duplas, masculino e feminino. Delegação brasileira no Mundial de Parabadminton, em Dortmund, Alemanha. Fotos e texto básico Confederação Brasileira de Badmington. Foto: Eduardo Oliveira

Memória Paralímpica

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3- Basquete em Cadeira De Rodas - BCR

Praticado inicialmente por ex-soldados norteamericanos que haviam saído feridos da 2ª Guerra Mundial e fez parte de todas as edições já realizadas dos Jogos Paralímpicos. As mulheres passaram a disputar a modalidade em 1968, nos Jogos Paralímpicos de Tel Aviv, em Israel.

Praticado inicialmente por ex-soldados norte-americanos que haviam saído feridos da 2ª Guerra Mundial e fez parte de todas as edições já realizadas dos Jogos Paralímpicos. As mulheres passaram a disputar a modalidade em 1968, nos Jogos Paralímpicos de Tel Aviv, em Israel. Foto: CBBC/CPB

No Brasil, o basquete em cadeira de rodas tem forte presença na história do movimento paralímpico, sendo a primeira modalidade praticada no país, a partir de 1958, introduzida por Sérgio Del Grande, do Clube dos Paraplégicos de São Paulo e Robson Sampaio, do Clube do Otimismo, do Rio de Janeiro. O Primeiro jogo de basquetebol em cadeira de rodas no Brasil aconteceu no Ginásio do Maracananzinho, no Rio de Janeiro, em 1959. De 1975 a 1984 a responsabilidade pela gestão do basquete em cadeira de rodas no Brasil foi da ANDE. Em 1984 foi fundada a Associação Brasileira de Desportos em Cadeira de Rodas – ABRADECAR. Essa entidade, então, passou a ter a responsabilidade pela gestão do basquete e de todas as outras praticadas por atletas usuários de cadeira de rodas. Desde 1997 até os nossos dias a Confederação Brasileira de Basquete em Cadeira de Rodas – CBBC tem a responsabilidade sobre a gestão nacional da modalidade e por sua representação internacional. Internacionalmente, a modalidade é de responsabilidade da International Weelchair Basketball Federation- IWBF.

Jogo de iniciação ao basquete (NETBALL), em Stoke Mandeville. Foto: www.mandevillelegacy.org.uk

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Depois de ficar de fora dos Jogos Paralímpicos por 16 anos, a Seleção Brasileira voltou à disputa ao conquistar a vaga para Atenas-2004 durante os


Jogos Parapan-Americanos de Mar Del Plata-1995. As cadeiras de rodas utilizadas por homens e mulheres são adaptadas e padronizadas pelas regras da Federação Internacional de Basquete em Cadeira de Rodas (IWBF). Como é disputado As quadras, a bola, as tabelas e os aros são os mesmos utilizados pelo basquete olímpico. O jogador deve quicar, arremessar ou passar a bola a cada dois toques dados na cadeira. São disputados quatro quartos de 10 minutos cada. Para efeito de violações às regras, as rodas das cadeiras são consideradas como parte dos corpos dos jogadores. As demais regras são as mesmas da FIBA. Apesar da popularidade no país, o Brasil ainda não conquistou medalhas na modalidade em Jogos Paralímpicos. A estreia da seleção masculina foi nos Jogos de Heidelberg-1972, e, da feminina, em Atlanta-1996. A melhor colocação brasileira na modalidade foi o oitavo lugar em Atlanta-1996 e Pequim-2008, com a seleção feminina. Classificação

Basquete em Stoke Mandeville, UK, 1955 Foto: www.mandevillelegacy.org.uk

O Basquete em cadeira de Rodas nos Jogos Paralímpicos de Tóquio, 1964 Foto: Comitê Organizador dos Jogos Paralímpicos de Tóquio 1964. Memória Paralímpica

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Na classificação funcional, como já vimos no Capítulo 1, os atletas são avaliados conforme o comprometimento físico-motor em uma escala de 1 a 4,5 (chamados de pontos – de ponto 1 a ponto 4,5). Quanto maior a deficiência, menor a sua pontuação. A soma desses números na equipe de cinco pessoas não pode ultrapassar 14 em qualquer momento do jogo.

Equipe de basquete do CLAM, final da década de 70. Já vimos essa foto lá atrás (Cap.12 - Pg.66). Agora nomeamos os atletas pelos números: 4 – “Paulinho de Goiânia” (Paulo Cesar Marinho Fernandes); 10 - Paulo Roberto Moreira; 11 -Oscar Lucas Thiago Filho o “ Naval”; 7 - José Carlos Morais; 14 -Tarcísio Fidélis e Celso Lima (sem uniforme). Quadra de basquete da ABBR. O CLAM foi fundado em 1973 e seu nome oficial é CLAM/ABBR e significa Clube dos Amigos da Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação. Foi fundado pela iniciativa de um grupo de pacientes sob a liderança de Fidélis Bueno. Foto: Acervo ABBR

Nelson Marcondes, Celso Lima e Paulo Cesar Marinho Fernandes. Parte da equipe de basquete do CLAM – ABBR nos Jogos Nacionais de 1978. Escola Naval, Rio de Janeiro. Foto: Acervo pessoal de Paulo Cesar Marinho Fernandes

Primeiro evento internacional de capacitação de técnicos e árbitros de basquete em cadeira de rodas. ABRADECAR São Paulo, 1989.

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Raniero Bassi e as suas meninas da equipe de BCR da SADEF-RJ no início dos anos 90 Foto: Acervo SADEF-RJ

Seleção brasileira de BCR em meados dos anos 90. Essa equipe tinha o autor deste livro como o seu técnico Foto: Acervo SADEF-RJ

Brasil X EUA Foto: IBC Brasil X Grã Bretanha. Beijing 2008 Foto: IBC Memória Paralímpica

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Gilson Ramos, “Doinha”, figura marcante e muito importante na história do BCR no Brasil, na foto, como técnico da nossa equipe masculina em Atenas, 2004. Doinha também foi o técnico da seleção brasileira masculina de BCR nos Jogos Paralímpicos de Seul, 1988. Fundador da CBBC, ele foi o seu primeiro Presidente Foto: CBBC

Nossa seleção feminina no final dos anos 90 Foto: Acervo SADEF-RJ

Equipes da SADEF-RJ e do Clube do Paraplégico do Rio de janeiro. Anos 90. Com a bola, Roberto Carlos, no bloqueio Jadir e Pepe. Raninero Bacci, Parré e o Tita, encoberto pelo árbitro, Sérgio Castro, já fugindo para o contra ataque. Essa equipe da SADEF-RJ foi campeã brasileira da primeira divisão e vice-campeã sulamericana. O técnico dessa equipe era o Professor António Menescal que, na época, ainda não imaginava que um dia estaria publicando a memória do esporte paralímpico. Foto: Acervo da SADEF-RJ

Seleção Brasileira de basquete em cadeira de rodas nos Jogos Paralímpicos da Holanda, na cidade de Arnhem, em 1980. Essa equipe ficou conhecida como “os sete condenados”, já que por não estar em dia com as suas taxas junto à Federação Internacional e à organização do evento a equipe não pode entrar na Vila Paralímpica e foi colocada num alojamento à parte, cercado por grades, fato que deu origem ao nome dado pelos próprios atletas de os “sete condenados”. Eram outros tempos e a caminhada inicial do esporte paralímpico no Brasil foi muito difícil. A situação foi revertida através de uma “vaquinha” entre os próprios atletas. Tempos heroicos, com muitos heróis que têm de ser reconhecidos e honrados. Na foto, em pé, os Professores Ari Fernando Bittar e Teófilo Farias. Em suas cadeiras Joel Lopes, Roberto Ramos, o “Robertão”, Celso Lima, Oswaldo Borges, João Luis, José Carlos Morais e Marcelo Regepo. Foto: Acervo Roberto Ramos

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Teofilo Jacir Faria Teofilo Jacir Faria e Lars Grael. Teófilo, o “Teo”, é um dos mais antigos profissionais do esporte paralímpico brasileiro. Ele foi Diretor-Técnico da ANDE, ainda na década de 70. Trabalhou na organização dos Jogos Pan-Americanos em Cadeira de Rodas, no Rio de Janeiro, em 1978, chefiou, entre outras, a delegação brasileira aos Jogos Paralímpicos na Holanda, em 1980. Teo foi um dos principais árbitros brasileiros de BCR e formou uma grande quantidade de outros árbitros. Lars sempre foi um grande amigo, apoiador e incentivador do desporto paralímpico brasileiro, quando ocupante de altos cargos da administração do esporte no Brasil e no Estado de São Paulo. A ambos o nosso reconhecimento, ao Lars, bons ventos sempre. Foto: Acervo Teófilo Faria

Cláudio Antonio de Araújo Uma história de vida e uma lenda no BCR do Brasil – honra, gratidão e respeito aos heróis do passado. As novas gerações de atletas do basquetebol em cadeira de rodas – BCR simplesmente não sabem quem é esse senhor, Cláudio Araújo, tampouco ouviram falar da sua importância para o primeiro dos esportes paralímpicos praticados no Brasil.

Foto: Acervo Cláudio Araújo

Paraplégico desde os seus três anos de idade, Cláudio descobriu o BCR no Clube do Otimismo, no Rio de Janeiro, em 1966, aos 16 anos de idade. Aos 18, foi convocado pela primeira vez para a seleção brasileira de BCR que disputou os Jogos Pan-Americanos em Cadeira de Rodas, em Buenos Aires, Argentina, e integrou a seleção brasileira de BCR até 1986.

Tudo o que está acontecendo no basquete em cadeira de rodas e no esporte paralímpico no Brasil é por que nós batalhamos muito lá atrás. Nós abrimos os caminhos. Cláudio Araújo Memória Paralímpica

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No mais antigo registro fotográfico de uma equipe de BCR em nosso país, podemos ver o Cláudio com os seus companheiros do CPRJ. Foto: Acervo Clube do Otimismo

Cláudio Araújo nos Jogos Pan-Americanos da Jamaica – 1971 Foto: Acervo de Roberto Ramos

Cláudio, na foto com Roberto Ramos, o “Robertão”, outro nome histórico do BCR. Cláudio, como atleta da seleção brasileira de BCR, participou de 5 edições dos Jogos PanAmericanos em Cadeira de Rodas. Ele jogou basquete durante 43 anos, dos 16 aos 58 anos. Cláudio participou de duas edições dos Jogos Paralímpicos e de diversas edições dos Jogos Mundiais de Stoke Mandeville. Foto: Acervo de Roberto Ramos

Cláudio Araújo, Jorge Graciano, o “Parré” e José Neto com o técnico Gilson Ramos , o Doinha. Cláudio foi eleito o melhor ponto “2” do Mundo. Jogos Pan-Americanos em Cadeira de Rodas, Porto Rico, 1986. Foto: Acervo de Cláudio Araújo

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Seleção Brasileira de Basquete nos Jogos Mundiais de Stoke Mandeville, UK, 1983. Parré, Robertāo, Paulo Cesar, Cláudio Araújo, Celso Lima, o técnico Jorge Farah e o auxiliar tecnico José Renato o “Papagaio”. Foto: Acervo de Cláudio Araújo

Indo morar em Porto Alegre aos 38 anos de idade, Cláudio integra a equipe de Baquete da ONRAE, entidade gaúcha que ajudou a criar. Foto: Acervo de Cláudio Araújo

Cláudio cumprimenta Aldo Miccolis, Presidente da ANDE, em 1981, já atuando pela equipe da ARPA. Com ele Nelson Marcondes e Gilberto Lenes, “Bicudo”. Foto: Acervo de Cláudio Araújo

Aldo Miccolis e Cláudio Araújo, dois nomes que estarão para sempre na memória paralímpica brasileira. O olhar do Aldo demonstra carinho e admiração por um dos maiores jogadores de BCR em todo o mundo. Foto: Acervo de Cláudio Araújo

Memória Paralímpica

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4- Bocha Paralímpica

Foto: ANDE

Os primeiros registros da Bocha datam de alguns séculos antes de Cristo, com bolas de pedra. A prática do jogo também teria acontecido nos Jogos Olímpicos da Antiguidade e na Itália, no Século XVI, pela aristocracia. Outra referência é a petanca, que surgiu em 1910, na França. Entretanto, somente na década de 70 o esporte foi resgatado pelos países nórdicos, com o propósito de adaptá-lo a pessoas com deficiência. No início, era disputado apenas por pessoas com paralisia cerebral severa e um grave grau de comprometimento motor (quatro membros afetados e uso de cadeira de rodas) – hoje, está aberto a pessoas com deficiências similares a um quadro de tetraplegia. Introduzida nos Jogos Paralímpicos de Nova York, em 1984, a bocha permite a inclusão em uma modalidade esportiva de pessoas com defasagens motoras graves ou severas, ocasionadas, basicamente, pela paralisia cerebral, por lesões medulares cervicais e por distrofias musculares.

A bocha é desenvolvida no Brasil pela ANDE (Associação Nacional de Deportos para Deficientes), entidade pioneira na gestão do esporte paralímpico no Brasil. Na foto o Cel. Frederico Lozada Frazão, ex-presidente da entidade, os Professores Márcia Campeão e Erinaldo Chagas e Ivaldo Brandão, ex-presidente da ANDE e vice-presidente do CPB, Artur Cruz Gomes, atual presidente da ANDE e os atletas medalhistas paralímpicos de ouro Eliseu dos Santos e Dirceu Jose Pinto. Foto: ANDE

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Internacionalmente a gestão da bocha é da Boccia International Sports Federation – BISFed, entidade membro do International Paralimpic Committee – IPC. Há três maneiras de se praticar o esporte: individual, duplas ou equipes. Antes de começar a partida, o árbitro tira na moeda (cara ou coroa) o direito de escolher se quer competir com as bolas de couro vermelhas ou azuis. O lado que escolhe as vermelhas inicia a disputa, jogando primeiro o jack e uma bola vermelha. Depois, é a vez Foto: ANDE da bola azul entrar em ação. A partir de então, os adversários se revezam a cada lance para ver quem consegue posicionar as bolas o mais perto possível do jack. As partidas ocorrem em quadras cobertas, planas e com demarcações no piso. A área do jogo mede 6m de largura por 12,5m de comprimento. Para ganhar um ponto, o atleta tem de jogar a bola o mais próximo do jack. Caso este mesmo jogador tenha colocado outras esferas mais próximas do alvo, cada uma delas também vale um ponto. Se duas bolas de cores diferentes ficam à mesma distância da esfera branca, os dois lados recebem um ponto. Vence quem acumula a maior pontuação. As partidas são divididas em ends, que só terminam após todas as bolas serem lançadas. Um limite de tempo é estabelecido por end, de acordo com o tipo de disputa. A contagem começa quando o árbitro indica quem fará o lance até quando a bola para. Nas competições individuais, são quatro ends e os atletas jogam seis esferas em cada um deles. Nas duplas, os confrontos têm quatro partes e cada atleta tem direito a três bolas por período. Quando a disputa é por trios, seis ends compõem as partidas. Neste caso, todos os jogadores têm direito a duas esferas por parte do jogo. Antonio Leme, atleta da classe BC3, com seu irmão e calheiro. Foto:

Memória Paralímpica

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A professora Márcia Campeão e o super campeão Dirceu Pinto, ainda garoto. Argentina, em 1995. Foto: Rivaldo Araújo

Classificação A Bocha Paralímpica é dividida em 4 classes, de acordo com o grau da deficiência: Classe BC 1 – Destinada apenas para atletas com paralisia cerebral, que podem jogar com as mãos ou com os pés. Podem ter um auxiliar para entregar a bola. Classes BC2 e BC4 – Para os atletas BC2 e BC4, não é permitido nenhum tipo de ajuda externa. O que ocorre com frequência é a adaptação de um suporte ou cesto para as bolas, fixos ou não na cadeira de rodas, de modo que facilite ao atleta no momento de pegar as bolas para arremessar. Isso é muito utilizado em atletas da classe BC4 com lesão medular e com grande comprometimento nos membros superiores. A principal diferença entre atletas das classes BC2 e BC4, é que na classe BC2 o atleta apresenta quadro de paralisia cerebral e na classe BC4 o atleta apresenta qualquer outro quadro de origem não cerebral (distrofia muscular progressiva; esclerose múltipla; Ataxia de Friedreich; lesão medular com tetraplegia), mas com o grau de comprometimento similar ao da classe BC2. Classe BC3 – É o atleta de bocha que apresenta maior grau de comprometimento motor. São elegíveis para esta categoria atletas com paralisia cerebral e de condições similares, com origem não cerebral. O jogador é assistido por uma pessoa que tem como função direcionar a calha (calheiro), pela qual a bola será lançada, seguindo rigorosamente as indicações do jogador (de acordo com a direção que o atleta indicar).

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5- Canoagem

Foto: CPB

A Canoagem paralímpica fez a sua estreia nos Jogos Paralímpicos Rio 2016. A modalidade é exatamente como é para os atletas sem deficiência. História Ao lado do triatlo, a canoagem entrou no programa paralímpico no Rio de Janeiro, em 2016. Ainda novo, o esporte teve 31 países representados no mundial de 2010, na Polônia. Há provas de caiaques (sinalizados pela letra K) e de canoas havaianas (V). Em competições paralímpicas, as embarcações são adaptadas segundo as habilidades funcionais dos atletas. O percurso é realizado em uma linha reta, demarcada por bóias, e tem 200 m de extensão. Além das disputas individuais (masculinas ou femininas), há ainda provas mistas, em barcos com capacidade para duas pessoas. Classificação LTA -Atleta usa os braços, o tronco e as pernas na remada TA - Atleta usa apenas o tronco e os braços A - Atleta usa apenas os braços na remada

As provas Masculino, feminino e misto

Memória Paralímpica

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Curiosidade

Foto: CPB

Na paracanoagem, o Brasil tem como grande nome um atleta que não era conhecido pelo esporte. Fernando Fernandes (foto acima) participou de um reality show em 2002, sete anos antes de sofrer um acidente de carro e ficar paraplégico. Com a nova condição, locomovendo-se com uma cadeira de rodas, Fernando descobriu a modalidade adaptada.

6 - Ciclismo

TANDEM - bicicleta dupla. Foto: IBSA

História Praticado desde a década de 1980, o ciclismo paralímpico era destinado apenas aos atletas com deficiência visual. Nos Jogos Paralímpicos de Nova Iorque-1984, foi estendido aos atletas paralisados cerebrais e aos ciclistas amputados, e nos Jogos de Seul -1988, passou a contar com a prova de estrada no programa oficial. Mas foi apenas na edição de Atlanta-1996 que as áreas de deficiências passaram a ser setorizadas em classes. O velódromo entrou para a programação naquele ano e, em Sydney-2000, foi exibido pela primeira vez o handcycling (bicicleta impulsionada com as mãos, no Brasil chamada de triciclo). 136


A estreia brasileira na modalidade ocorreu em Barcelona-1992, com a participação de Rivaldo Gonçalves Martins. O atleta foi também o primeiro do país a ser campeão mundial, em 1994, na Bélgica. Apesar disso, o Brasil ainda não conquistou medalhas no ciclismo em Jogos Paralímpicos. No Brasil a gestão do ciclismo paralímpico é da CBC – Confederação Brasileira de Ciclismo. Internacionalmente a UCI – União Ciclística Internacional assume também a responsabilidade pela modalidade paralímpica.

Seguindo as regras da União Internacional de Ciclismo (UCI), a modalidade adaptada tem apenas algumas diferenças para adequar-se ao programa paralímpico. Entre os paralisados cerebrais, por exemplo, as bicicletas podem ser convencionais ou triciclos, de acordo com o grau de lesão do atleta. Já os cegos pedalam em uma bicicleta dupla (tandem), sendo guiados por outra pessoa, que fica no banco da frente. Enquanto isso, o handcycling é movido pelas mãos e destinado aos atletas cadeirantes. Foto: UCI

Classificação LC: Locomotor Cycling (atletas com dificuldades de locomoção) LC1: Atletas com pequeno prejuízo, geralmente nos membros superiores; LC2: Atletas com prejuízo físico em uma das pernas, sendo permitido o uso de prótese; LC3: Atletas que pedalam com apenas uma perna e não usam próteses; LC4: Atletas com maior grau de deficiência, geralmente com amputação bilateral em um membro; LC5: Atletas com monoplegia espástica ou amputação unilateral de braço, e T1 e T2 – Atletas com paralisia cerebral que não deambulam independentemente e competem em triciclos. Tandem: Atletas com deficiência visual que competem em bicicletas duplas com um atleta guia de visão normal no banco da frente. No tandem ambos os atletas pedalam normalmente. H1 a H5 - Handbike: Atletas com deficiência motora impulsionam as bicicletas adaptadas com as suas mãos. As provas de handbike não são disputadas em velódromo. Memória Paralímpica

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As provas Velódromo: pista oval com 250 a 325 metros de extensão. As provas são de velocidade Estrada: provas mais longas do ciclismo, têm até 120 km de percurso Contra-relógio: os ciclistas largam de um em um minuto e precisam realizar a prova no menor tempo possível. Curiosidades Ex-piloto da Fórmula-1, o italiano Alessandro Leone Zanardi trocou os motores pela bicicleta, entrando para o ciclismo paralímpico em 2007. Após defender equipes como Jordan, Minardi, Lotus e Williams, Zanardi correu também na Cart, contabilizando diversos pódios. Mas foi nesta categoria que o atleta quase faleceu em um grave acidente, no circuito oval de Lausitz, na Alemanha, em 2001. O piloto precisou ser reanimado sete vezes e teve as duas pernas amputadas. Nos Jogos Paralímpicos, reencontrou-se com o esporte e com as medalhas. Em Londres-2012, Zanardi foi a grande atração da competição, conquistando duas medalhas de ouro e uma de prata. Dois anos antes, o ex-piloto já havia conquistado a Maratona Paralímpica de Roma.

Zanardi comemorando a sua medalha de ouro. Foto: IPC

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7 - Esgrima

Foto: IWAS

História Destinada a atletas com deficiência locomotora, a esgrima adaptada data de 1953 e foi aplicada originalmente pelo médico alemão Ludwig Guttmann, o pai do movimento paralímpico. A modalidade, uma das mais tradicionais dos Jogos Paralímpicos, é disputada desde a primeira edição dos Jogos, em Roma-1960. A disputa segue as regras da Federação Internacional de Esgrima (FIE), mas é administrada pelo Comitê Executivo de Esgrima do Comitê Paralímpico Internacional (IPC). Em competição, as pistas medem 4m de comprimento por 1,5m de largura, e as cadeiras de rodas ficam fixas ao chão. Se um dos esgrimistas mover a cadeira, o combate é interrompido. Há duelos de florete, espada e sabre. Para cada prova há uma proteção específica para o competidor e para as cadeiras, além de regras para a pontuação ser validada. Em Londres-2012, o Brasil faturou pela primeira vez uma medalha na modalidade, sendo nada menos do que o ouro. Jeovane Guissone derrotou os franceses Marc Cratere e Alim Latreche nas quartas de final e na semifinal, respectivamente. Na decisão, superou a disputa acirrada com Chik Sum Tam, de Hong Kong, por 15 a 14. O gaúcho ficou paralisado após levar um tiro nas costas durante um assalto. As provas (armas) Florete, espada e sabre. Memória Paralímpica

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Classificação Classe 1A

Foto Montagem: IPC

Atletas sem equilíbrio sentado, com limitações no braço armado, sem extensão eficiente do cotovelo e sem função residual da mão. Nesse caso, é necessário fixar a arma com uma atadura; Classe 1B Atletas sem equilíbrio sentado, com limitações no braço armado. Detém extensão funcional do cotovelo, mas sem flexão dos dedos. Nesse caso, a arma é fixada com uma bandagem; Classe 2 Atletas com total equilíbrio sentado, com braço armado normal. Paraplegia do tipo T1/T9 ou tetraplegia incompleta com sequelas mínimas no braço armado e bom equilíbrio sentado; Classe 3

A Esgrima nos Jogos Paralímpicos de Tóquio, 1964 Foto: IWAS

Atletas com bom equilíbrio sentado, sem suporte de pernas e braço armado normal. Pequenos resquícios de amputação abaixo do joelho ou lesões incompletas abaixo da T10 ou deficiências comparáveis, mas com manutenção do equilíbrio sentado; Classe 4 Atletas com bom equilíbrio sentado, com suporte das extremidades superiores e braço armado normal, como lesões abaixo da T4 ou deficiências comparáveis; Limitações mínimas Deficiência dos membros inferiores comparável a amputações abaixo do joelho.

Jovane Guissone, medalhista de ouro na espada, nos Jogos Paralímpicos de Londres. Foto: Divulgação CPB / null

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8 - Futebol de 5

Ricardinho em mais um Brasil X Argentina Foto: Acervo CBDV

O futebol de 5 foi inserido, pela primeira vez, no programa oficial dos Jogos de Atenas, 2004. Desde lá, até os Jogos do Rio 2016, o Brasil venceu todas as edições, sendo, portanto, tetracampeão paralímpico. O futebol de 5, que também é conhecido como futebol de cegos, é uma adaptação do futebol como todos nós conhecemos para atletas cegos e/ou com severa baixa visão. A gestão internacional do futebol de 5 é da International Blind Sports Federation (IBSA) e é jogado com as regras da FIFA adaptadas aos atletas cegos. No futebol de 5 cada time é formado por quatro jogadores de linha e um goleiro. No banco de reservas podem estar até sete jogadores substitutos. Para garantir a igualdade na competição, todos os jogadores de linha jogam com vendas e tampões em seus olhos. O goleiro do futebol de 5 tem visão normal. A bola possui guizos internos que, pelo seu ruído, orientam os jogadores. Por esse motivo os espectadores dos jogos devem manter o silêncio até que um gol seja marcado. O futebol de cegos é jogado em uma quadra retangular de 40 X 20 m. Ao longo das linhas laterais existe uma banda que tem o objetivo de impedir que a bola saia pelas Laterais. A duração de cada jogo é de dois tempos de 20 minutos cada, com a parada do cronômetro sempre que a bola não estiver em jogo. Veja mais sobre o futebol de 5 no Brasil no capítulo 20 que trata do Hall da Fama da Memória Paralímpica Brasileira. Memória Paralímpica

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9 - Futebol de 7

Nossa equipe de futebol de 7 nos Jogos Paralímpicos de Barcelona, em 1992. Os pioneiros. Foto: Acervo de Ivaldo Brandão

Uma adaptação do esporte mais popular do planeta, o Futebol de 7 entrou no programa paralímpico nos Jogos de Nova Iorque, em 1984. Desde então, a modalidade vem crescendo e se espalhando por todo o mundo. O futebol de 7 tem como origem Edimburgo, capital escocesa, durante a terceira edição dos Jogos Internacionais para Paralisados Cerebrais, realizados em 1978. Na mesma ocasião, foi fundada a Associação Internacional de Desporto e Recreação para Paralisia Cerebral (CP-ISRA), que rege a modalidade até hoje. No Brasil a modalidade é desenvolvida pela ANDE (Associação Nacional de Deportos para Deficientes), entidade pioneira na gestão do esporte paralímpico no Brasil. O futebol de 7 entrou no programa paralímpico nos Jogos de Nova Iorque, em 1984. A primeira participação brasileira do futebol de 7, contudo, se deu em Barcelona, em 1992. Essa equipe era dirigida pelo Professor Ivaldo Brandão Vieira, hoje Vice-Presidente do CPB. Quatro anos antes, em Seul, os atletas brasileiros com paralisia cerebral viram pela primeira vez o futebol de 7 sendo disputado. Ao voltarem ao Brasil esse grupo do atletismo nos Jogos de Seul, apaixonados pelo que viram, começaram a provocar as suas entidades e a própria ANDE a desenvolver a modalidade no Brasil. No Rio de Janeiro, a SADEF-RJ e a ANDEF foram as pioneiras da modalidade. A introdução da modalidade no Brasil coube aos Professores Ivaldo Brandão e Hélio dos Santos, que, em dezembro de 1989 e através de treinamentos realizados no CEFAM, unidade militar da Marinha do Brasil, no Rio de Janeiro, reuniu o grupo pioneiro de atletas. O Professor Hélio é hoje o Coordenador Nacional da Modalidade, junto à ANDE, e consultor desse Projeto. 142


Uma das equipes pioneiras do futebol de 7 no Brasil, SADEFRJ. Entre outros Ronaldinho, o “Siri”, Claudionor, o “Sócrates” e os medalhistas paralímpicos no atletismo Claudinho e o goleiro de fama internacional Sebastião Antonio Neto, o “Tião”, hoje vicepresidente da ANDE. Foto: Acervo SADEF-RJ

O desenvolvimento dessa modalidade no Brasil nós devemos, além do esforço da ANDE, ao trabalho de grandes profissionais que atuaram em suas comissões técnicas, dentre eles podemos citar os Professores Kleber Veríssimo, Paulo Fernando da Cruz, Rogério Tavares da Silva, Ubiratan Fonseca, Dovair Paschoal Castelli, além dos dois precursores já citados, Brandão e Hélio. Participação fundamental foi também dos médicos, fisioterapeutas, fisiologistas e nutricionistas envolvidos com a modalidade em todos os ciclos. A modalidade, infelizmente, não fará parte do programa dos Jogos Paralímpicos de Tóquio, em 2020. Esperamos que essa decisão seja revertida nas próximas edições dos Jogos Paralímpicos.

Nossa equipe de futebol de 7 nos Jogos Paralímpicos de Atlanta, em 1996. Foto: Acervo de Rivaldo Araújo

Memória Paralímpica

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Vejam essa bola dividida. Lance do jogo Brasil X Argentina, semifinal do futebol de 7 nos Jogos de Atenas, 2004. A nossa equipe venceu e ao final do jogo houve uma briga generalizada entre os atletas, com muitos jogadores expulsos. Na final, contra a equipe da Ucrânia, a nossa equipe estava muito desfalcada e ficou com a medalha de prata. Foto: CP-Isra.

Nossa equipe de futebol de 7 com a sua medalha de prata, em Atenas, 2004. Foto: Acervo de Márcia Fernandes

Todos os atletas são avaliados antes de qualquer competição, e classificados nas classes 5 a 8, sendo a oitava a de maior potencial motor funcional. Para garantir que os jogadores de todas as classificações estejam em quadra, uma regra determina que pelo menos um integrante das classes 5 ou 6 esteja em campo durante todo o tempo de partida, e no máximo um atleta da classe 8. As regras oficiais são parecidas com as da Federação Internacional de Futebol (FIFA), com adaptações que facilitam a prática do futebol por pessoas com paralisia cerebral. Entre elas estão o fato de que cada equipe conta com seis jogadores de linha e mais o goleiro, em vez dos tradicionais 11; o campo é menor: até 75mx50m, em eventos paralímpicos sempre em grama sintética; a baliza tem 5mx2m; a marca de pênalti fica situada a 9,20m; não há impedimento; a partida tem dois tempos de 30 minutos cada; e o arremesso lateral, normalmente feito com duas mãos no Futebol, também pode ser executado com uma só. As grandes potências do mundo hoje são Rússia, Irã e Ucrânia, que nesta ordem terminaram no Campeonato Mundial realizado em 2011, na Holanda. O Brasil ficou em 4º lugar. A seleção brasileira de Futebol de 7 evoluiu bem nos últimos 4 anos e chegou aos Jogos Paralímpicos de Londres com possibilidades de brigar pelo ouro. O Brasil começou vencendo os donos da casa por 3×0. Depois venceu a seleção americana por 8×0. Na terceira partida, empatou em 1×1 com a Ucrânia. Na semifinal encarou a favorita Rússia e perdeu por 3×1. Na disputa de terceiro e quarto lugares a nossa equipe acabou sendo derrotada pelo Irã. A Rússia ficou com o ouro, a Ucrânia com a prata e o Irã com o bronze. O Brasil terminou em quarto lugar. Nas edições anteriores, o Brasil foi bronze em Sidney 2000, prata em Atenas - 2004 e quarto em Pequim - 2008. 144


Nos Jogos Paralímpicos Rio 2016, a equipe brasileira de futebol de 7 conquistou a medalha de bronze numa brilhante participação que empolgou a todos e encantou a grande torcida Seleção Brasileira de futebol de 7 em Beijing – 2008. Foto: Acervo de Márcia Fernandes

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Professor Hélio dos Santos Iniciou o seu trabalho na área na década de 80, ainda na SADEF-RJ, depois foi técnico de basquete do Clube do Paraplégico do RJ. Em Seul 88 foi o assistente técnico da seleção brasileira de basquete masculino nos Jogos Paralímpicos. Sempre trabalhando com alegria e dedicação, o seu bom humor contagia. O Professor Hélio foi um dos precursores do futebol de 7 no Brasil. Depois de um longo afastamento do esporte paralímpico, o Professor Hélio retornou como membro do Conselho Fiscal do CPB. Hoje ele coordena, junto à ANDE, a seleção brasileira de Futebol de 7 com a dedicação, eficiência e o bom humor de sempre. O Professor Hélio dos Santos é consultor do Programa Memória Paralímpica Brasileira e um personagem marcante da história paralímpica do nosso país.

Professores Hélio dos Santos e Ivaldo Brandão, nos Jogos Paralímpicos de Seul, em 1988. Foi lá, observando a modalidade na Coreia, que deles surgiu a ideia de trazer o futebol de 7 para o Brasil. Foto: Acervo de Ivaldo Brandão

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Sebastião Antonio da Costa Neto Ex-atleta da SADEF-RJ e medalhista paralímpico, no atletismo, em Seul 88 e Barcelona 92, Tião, hoje Vice-Presidente da ANDE, foi um dos atletas pioneiros do futebol de 7 no Brasil.

10 - Goalball

Um pouco da história

Foto: IBSA

O goalball é o único esporte paralímpico que não tem uma relação direta com um esporte convencional. Ele foi criado em 1946 pelo austríaco Hanz Lorenzen e pelo alemão Sepp Reindle, que tinham como objetivo específico oferecer uma atividade esportiva a ser incluída no processo de reabilitação de veteranos da Segunda Guerra Mundial que, nesse conflito bélico, perderam a visão.

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Nos Jogos Paralímpicos de Toronto (1976), sete equipes masculinas apresentaram a modalidade. Dois anos mais tarde, houve o primeiro Campeonato Mundial de Goalball da IBSA, na Áustria. Em 1980, nos Jogos Paralímpicos de Arnhem (Holanda), o esporte passou a integrar o programa oficial com equipes masculinas. Já as equipes femininas de goalball estrearam oficialmente no programa dos Jogos Paralímpicos de Nova Iorque, em 1984. Em janeiro de 1984 foi criada a Associação Brasileira de Desportos para Cegos – ABDC. Essa entidade passou então a ter a responsabilidade por todas as modalidades praticadas no Brasil por atletas com deficiência Visual. A ABDC foi a responsável pela introdução e difusão do goalball em nosso país. . Logo do Mundial de Goalball da IBSA, realizado pela ABDC no Rio de janeiro. Esse evento foi um marco do desenvolvimento e consolidação do goalball no Brasil Steven Dubner

A modalidade foi implantada no Brasil em 1985 por iniciativa do Professor Steven Dubner, de São Paulo, que trouxe para o Brasil a primeira bola e as regras da modalidade. Inicialmente, o Clube de Apoio ao Deficiente Visual (CADEVI), de São Paulo, e a Associação de Deficientes Visuais do Paraná (ADEVIPAR) realizaram as primeiras partidas. O primeiro Campeonato Brasileiro de Goalball foi realizado pela ABDC em 1987. A década de 1990 foi decisiva para o desenvolvimento da modalidade no Brasil, com estruturação de um calendário mais amplo, contendo circuitos regionalizados e uma competição final, em geral com caráter de “nacional”. O ano de 1997 foi singular nesse percurso, pois o goalball passa a ser arbitrado em inglês em todo o país. A decisão visava, em longo prazo, colocar o Brasil no ranking das nações com grande avanço técnico-tático da modalidade. Em 2002, a ABDC realizou, na cidade do Rio de Janeiro, o Campeonato Mundial de Goalball da IBSA (International Blind Sports Federation), entidade fundada em Paris, em 1981 e, até hoje, responsável pela gestão da modalidade em todo o mundo. Em Montreal, no Canadá, em 2003, nos II Jogos Mundiais da IBSA, nossa equipe feminina conquista a vaga para os Jogos Paralímpicos de Atenas, Grécia, em 2004. Essa participação da equipe feminina, nem sempre lembrada em relatos históricos, marcou o início da trajetória do goalball do Brasil nos Jogos Paralímpicos.

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Em 2007, nas cidades de São Paulo e São Caetano do Sul, durante os III Jogos Mundiais da IBSA, realizados pela ABDC, as equipes masculina e feminina de goalball alcançaram a classificação para os Jogos Paralímpicos de Pequim, na China. Finalmente colocávamos as nossas duas equipes de goalball em uma Paralimpíada e entre as melhores do mundo, lugar que é delas e de onde dificilmente sairão.

Coordenações Técnicas Logo que a ABDC percebe que a modalidade tinha apelo e exercia grande fascínio entre praticantes com cegueira e baixa visão, um grupo de coordenadores técnicos foi formado com vistas a desenvolver cada um dos esportes e, em geral, eles eram oriundos de cursos de Educação Física. No goalball não foi diferente e a pioneira nesse processo foi a profa. Maria Tereza (hoje falecida), da UniCastelo, de São Paulo, cujos esforços não apenas se materializaram no sentido de coordenar os campeonatos, como foi ela quem criou, igualmente, a primeira equipe de arbitragem da modalidade a partir da colaboração com seus alunos da faculdade de educação física. O goalball brasileiro teve um estupendo desenvolvimento em toda sua história devido à dedicação, ao compromisso e à competência de seus coordenadores técnicos nacionais. Após o curto tempo na coordenação a profa. Maria Tereza é substituída e um período mais profundo de estruturações se inicia. O lendário “James Dean” O prof. Wagner Xavier de Camargo, mais conhecido no esporte paralímpico como “James Dean” (apelido), foi o sucessor da referida coordenadora e o principal responsável pelo incremento das etapas competitivas e da organização interna da modalidade, pelo aumento do número de praticantes, pela internacionalização do goalball e pelo redimensionamento do quadro de arbitragem em nível nacional/internacional. (Vejam mais sobre o goalball e sobre o “James Dean” no anexo 2 deste livro). Ele era vinculado à Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e foi dos grandes valores angariados pelo movimento esportivo de pessoas com deficiência

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visual no Brasil. Durante muitos anos, a UNICAMP foi um celeiro de acadêmicos que, em seus distintos níveis de formação, contribuíram para tal movimento e são (ou foram) personalidades marcantes na história de diversas modalidades junto à ABDC e ao CPB. “James” gerenciou a modalidade no período de 1996 a 2008 e se desligou ao final dos Jogos Paralímpicos de Pequim-2008 por questões profissionais. Logo foi sucedido pelo Professor Márcio Morato, que permaneceu temporariamente na coordenação até que um novo nome fosse indicado. Wagner Xavier de Camargo Foto: Acervo Wagner Xavier de Camargo

O meticuloso Artur Squarisi

O professor Artur Squarisi e a seleção brasileira masculina de goalball, já no caminho do título de campeã mundial. Foto Montagem: Acervo CBDV

O apaixonado Paulo Sérgio de Miranda Um dos mais longevos e queridos profissionais do esporte paralímpico brasileiro, o Professor Paulo Sérgio de Miranda é um apaixonado pelo esporte paralímpico. O Professor Paulo atua no esporte desde o início da década de 1980. Ele foi técnico de atletismo nos Jogos Paralímpicos de Nova Iorque, 1984 e Seul, 1988. Acompanhou os Jogos de Barcelona 1992. Em Atenas, 2004, esteve presente como Diretor-Técnico da ANDE. Nos Jogos de Beijing 2008, foi coordenador da equipe brasileira de bocha. Em Londres, 2012, Professor Paulo foi o técnico da nossa equipe feminina de goalball e nos Jogos Rio 2016 ele foi o coordenador das equipes brasileiras dessa mesma modalidade. Paulo é, desde 1984, professor do Instituto Benjamin Constant, Foto: Acervo pessoal de Paulo Sérgio de Miranda

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no Rio de Janeiro. E, atualmente, é o responsável pela modalidade de goalball junto ao Programa de Desporto Escolar do CPB. A entidade nacional, ABDC, teve o seu nome trocado para Confederação Brasileira de Desportos para Cegos - CBDC e manteve a gestão do esporte dessa área de deficiência até o início de 2009. No período entre 2009 e 2011 a responsabilidade sobre as modalidades paralímpicas praticadas por atletas com deficiência visual foram assumidas diretamente pelo Comitê Paralímpico Brasileiro - CPB. De fevereiro de 2011 até os dias de hoje a Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais – CBDV tem a gestão nacional e a representatividade e a filiação internacional do goalball brasileiro.

Os Professores Dailton Freitas do Nascimento, Diego Colletes. e Wagner (James Dean) nos Jogos Paralímpicos de Beijing, 2008. Foto: Acervo de Wagner Xavier de Camargo

Como é disputado O goalball foi desenvolvido exclusivamente para atletas com deficiência visual das classes B1, B2 e B3. A quadra tem as mesmas dimensões da de vôlei (9m de largura por 18m de comprimento), e é dividida em seis retângulos de três por 9 metros. As linhas da quadra são marcadas com uma fita adesiva, tendo, por baixo, um barbante. Isso permite que os jogadores tomem as suas posições e se orientem na quadra através do tato, já que as linhas de marcação possuem um alto relevo. Cada equipe conta com três jogadores titulares e três reservas. Em cada lado da quadra, há um gol com nove metros de largura e 1,30m de altura, medidos do piso até as bordas internas da trave, permitindo uma variação de 2 cm, para mais ou para menos. Essa medição oficial não leva em consideração a espessura do acolchoamento da trave que, quando houver, não 150


Os Professores Dailton Freitas do Nascimento, Diego Colletes. e Wagner (James Dean) nos Jogos Paralímpicos de Beijing, 2008. Foto: Acervo de Wagner Xavier de Camargo

pode ser maior do que 5cm de espessura. As traves não podem exceder de 15 cm de diâmetro. A medição oficial da altura deve ser feita nas laterais e no centro da trave superior. Os atletas são, ao mesmo tempo, arremessadores (atacantes) e defensores. O arremesso deve ser rasteiro e, necessariamente, tocar no chão nos seis primeiros metros da quadra da equipe que ataca. As partidas são jogadas em dois tempos de 12 minutos, com parada de cronômetro por parte da mesa de arbitragem. No caso de uma equipe colocar uma diferença de 10 gols sobre o adversário, ela é declarada vencedora do jogo (Game), independentemente do tempo já jogado. A bola possui um guizo em seu interior que emite sons – existem furos que permitem a passagem do som – para que os jogadores saibam sua direção. O goalball é um esporte baseado nas percepções tátil e auditiva, por isso não pode haver barulho no ginásio durante a partida, excetuando-se em momentos de comemoração de gols. A bola tem 76 cm de diâmetro e pesa 1,25 kg. Sua cor é azul ou alaranjada e é mais ou menos do tamanho da de basquete, embora bem mais pesada. Cada equipe, após ter posse da bola, tem até dez segundos para realizar o arremesso. Hoje, o goalball é praticado em 117 países, nos cinco continentes.

O Goalball brasileiro nos Jogos Paralímpicos de Beijing, 2008. A seleção feminina já havia participado dos Jogos de Atenas, em 2004. Para a China, as nossas duas equipes, masculina e feminina, conquistaram as suas vagas nos Jogos Mundiais da IBSA, em São Paulo, 2007. Foto: Acervo de Wagner Xavier de Camargo

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Brasil nos Jogos A primeira participação do Brasil com o goalball em uma edição dos Jogos Paralímpicos se deu com a equipe feminina, em Atenas 2004. Lá nossas atletas obtiveram a primeira vitória, exatamente contra as donas da casa, a equipe grega. Embora tenha sido a única vitória, essa participação foi somente o início de uma trajetória de participações importantes. Já em 2008, em Pequim (China), os times masculino e feminino haviam se classificado. Contudo, foram eliminados na fase inicial do torneio. No masculino, entre 12 equipes, o Brasil ficou na 11ª posição. No feminino, nossas as atletas alcançaram a 6ª colocação entre 8 equipes. Quatro anos mais tarde veio o principal resultado da modalidade: o time masculino avançou até a decisão da competição nos Jogos Paralímpicos de Londres. A derrota para a Finlândia por 8 a 1 rendeu à Seleção a 2ª posição e a medalha de prata inédita, entre as 12 equipes participantes. Na mesma edição dos Jogos a equipe feminina terminou em sétimo lugar, entre as 10 equipes participantes. Já no Mundial da IBSA, na Finlândia, em 2014, com 16 países sendo representados, a equipe masculina do Brasil sagrou-se campeã mundial, ao vencer os donos da casa na final, por 9 X 1 , numa revanche da final paralímpica de Londres. Já as atletas alcançaram a 5ª posição, entre os 12 times na disputa. Uma das equipes pioneiras do goalball no Brasil. ADEVIMAR, de Maringá, Paraná Foto: Acervo CBDC

Em 2016, nos Jogos Paralímpicos do Rio, a equipe masculina do Brasil ficou em terceiro lugar, medalha de bronze. A feminina terminou a competição na quarta posição.

Até o início do ano de 2017, o Brasil estava colocado no primeiro lugar no ranking da IBSA entre todas as seleções do mundo, com a sua equipe masculina. Já a feminina ocupava a sexta colocação no mesmo ranking. Em dezembro de 2017, a equipe masculina sagrou-se campeã e a feminina vice- campeã continental no Campeonato Pan-Americano de goalball da IBSA, organizado pela CBDV, no Centro Paralímpico de Treinamento do CPB, na cidade de São Paulo. Classificação Esportiva Nesta modalidade os atletas com deficiência visual das classes B1, B2 e B3, competem juntos, ou seja, do atleta completamente cego até os que possuem acuidade e/ou campo visual parciais. Aqui também vale a regra geral da classificação esportiva paralímpica, isto é, quanto menor o código de classificação, maior o grau de perda visual. Todas as classificações são realizadas através da mensuração do melhor olho e da possibi-

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lidade máxima de correção óptica. Os atletas do goalball utilizam tampões em seus olhos e óculos esportivos opacos (como aqueles utilizados nos esportes de inverno, contudo sem que deixem passar qualquer luminosidade). A classificação visual é utilizada para todas as modalidades geridas pela IBSA e as classes são B1, B2 e B3 (veja observação na página 27). Em eventos do International Paralympic Commitee - IPC são classificados, respectivamente, com S11, S12 e S13 na Natação. Já no atletismo, os atletas B1, B2 e B3 passam respectivamente, a ser classificados como T11, T12 e T13, para as provas de pista e de rua e nas provas de campo do atletismo são classificados como F11, F12 e F13.

Seleção Brasileira feminina de goalball e a sua técnica Professora Luciana Ditilio Matos. Mundial da IBSA - Rio 2002 Foto: Acervo CBDC

Professor Alessandro Tosin, técnico da nossa seleção masculina de goalball. Com ele como técnico, tendo o Professor Diego Colletes como seu assistente e preparador físico, a seleção brasileira chegou ao bicampeonato mundial e a duas medalhas paralímpicas. Foto: Acervo da CBDV - Tadeu Casqueira

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11 - Hipismo O Hipismo passou a fazer parte do Jogos Paralímpicos em Atlanta, 1996. No hipismo paralímpico só existem provas de adestramento. Os atletas estão divididos em categorias que determinam o grau de deficiência: Classe Ia e Ib - cadeirantes, atletas com pouco ou sem equilíbrio do tronco e/ou deficiência nos quatro membros; Classe II - cadeirantes ou pessoas com alto grau de deficiência no tronco ou no braço/perna; Marcos Fernandes Alves, o “Joca”. Fonte: CPB

Classe III - normalmente competidores que conseguem se locomover sem ajuda, que possuem deficiências físicas moderadas; deficiência visual total ou severa; Classe IV - atletas com deficiência em um ou dois membros ou alguma deficiência visual. Assim como nos Jogos Olímpicos, homens e mulheres competem juntos, e devem conduzir os cavalos a fazerem os movimentos obrigatórios. A diferença é que os atletas possuem as ajudas compensatórias, como selas adaptadas ou os chamadores – pessoas que orientam os atletas com deficiência visual.

Sérgio Oliva Fonte: http://www.brasil2016.gov.br

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12 - Judô Delegação Brasileira de Judô. Campeonato Mundial da IBSA. Colorado Springs, EUA, 1995. Foto: Acervo de Rivaldo Araújo

Praticado por pessoas com deficiência visual desde a década de 1970, o judô foi a primeira modalidade de origem asiática a integrar o programa paralímpico, estreando nos Jogos de Seul-1988, apenas com disputas entre homens. Os Jogos de Atenas-2004 marcaram a entrada das mulheres nos tatames. No Brasil, em 1975, o Instituto Benjamin Constant -IBC, no Rio de Janeiro, iniciou a modalidade. Em seguida, o Instituto de Cegos do Paraná, em Curitiba, e a Associação dos Deficientes Visuais de Goiás – ADVEGO, em Goiânia, formaram suas equipes que, junto ao IBC, disputaram as primeiras competições nacionais, à época sob a Gestão da ABDC. Hoje, a Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais – CBDV tem a gestão nacional do judô paralímpico e a sua representatividade e filiação internacional à IBSA. Internacionalmente, o Judô paralímpico é de responsabilidade da International Blind Sports Federation – IBSA. O Brasil, através da ABDC/CBDC, realizou duas Copas do Mundo de Judô da IBSA (2001 e 2005) e a seletiva final do judô mundial para os Jogos Paralímpicos de Beijing, realizada no programa oficial dos Jogos Mundiais da IBSA, no Estado de São Paulo, em 2007. Como é disputado A modalidade é disputada por atletas com deficiência visual divididos somente em categorias de acordo com o peso (sete no masculino e sete no feminino). Com até cinco minutos de duração, as lutas acontecem sob as mesmas regras utilizadas pela Federação Internacional de Judô, com pequenas modificações em relação ao judô convencional. A principal delas é que o

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Antônio Tenório da Silva. Judoca Brasileiro vencedor da medalha de ouro, em sua categoria de peso, em quatro edições consecutivas nos Jogos Paralímpicos: Atlanta, Sidney, Atenas e Beijing. Foto: Acervo da CBDC

atleta inicia a luta já em contato com o quimono do oponente. Além disso, a luta é interrompida quando há perda desse contato e não há punições para quem sai da área de combate. Esta é a mesma utilizada no judô olímpico. Como competem juntos atletas das classes B1, B2 e B3, os da classe B1 tem círculos vermelhos nas mangas de seu judoguis. No caso de atletas com surdez-cegueira os círculos, antes azuis, passaram a ser amarelos após as utilização de quimonos azuis nas competições da modalidade. Brasil nos Jogos O Brasil teve cinco judocas na edição dos Jogos Paralímpicos de Seul-1988, primeira em que o esporte foi disputado. A delegação verde-amarela da modalidade voltou para casa com três bronzes, conquistados por Jaime de Oliveira (categoria até 60kg), Júlio Silva (até 65kg) e Leonel Cunha (acima de 95kg). Desde então, o judô brasileiro só não conquistou medalhas nos Jogos de Barcelona-1992. Em Atlanta-1996 veio o primeiro ouro, com Antônio Tenório da Silva, na categoria até 86kg. As primeiras medalhas femininas vieram em Atenas-2004, com Karla Cardoso, prata na categoria até 48kg, e Daniele Silva, bronze na categoria até 57kg. No total, a modalidade já rendeu ao Brasil 18 medalhas na história dos Jogos, sendo quatro ouros (todos conquistados por Antônio Tenório), cinco pratas e nove bronzes.

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Classificação Além das categorias por peso, os judocas são divididos em três classes, de acordo com o grau da deficiência visual. Todas começam com a letra B (blind, cego em inglês): B1, B2 e B3. Homens e mulheres têm o mesmo parâmetro de classificação. Em todas as competições do judô paralímpico, atletas de diferentes classes competem juntos e sem vendas em seus olhos. Portanto só existe uma competição onde participam atletas das classes B1, B2 e B3. .

13 - Natação

Nosso revezamento baixo medalha de ouro em Atenas – 2004. Francisco Avelino, Clodoaldo Silva, Adriano Lima e Luis Silva Foto: Foto: Divulgação CPB

Uma das modalidades que reúne o maior número de participantes, a natação compõe o programa paralímpico desde a primeira edição dos Jogos, em Roma-1960. A princípio, participavam das disputas apenas atletas com lesões medulares. Com o passar dos tempos, o esporte foi se estendendo a outras categorias de deficiências, tanto físicas quanto visuais e intelectuais (cognitivas). Memória Paralímpica

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Zico, então Secretário de Esportes da Presidência da República, em um treinamento da equipe paralímpica brasileira de natação, no CEFAN, no Rio de Janeiro. Na foto com o ele, a nadadora Cida Souza, do CETEF, de Brasília, os técnicos da equipe, Professores Gilberto Aguiar e Elisabeth Mattos e o Professor Vanilton Senatore, Diretor do Departamento de Esportes para Pessoas com Deficiência da mesma Secretaria. A foto é do final de 1991 quando a equipe já se preparava para os Jogos Paralímpicos de 1992, em Barcelona. O Centro de Educação Física Almirante Adalberto Nunes CEFAN, da Marinha do Brasil, nos anos 80 e 90 foi a casa do esporte paralímpico brasileiro. Lá eram realizadas competições e os períodos de treinamento das seleções brasileiras de diversas modalidades Foto: Acervo da SADEF-RJ

O Brasil começou a ganhar força na natação em Stoke Mandeville (1984), ano em que faturou uma medalha de ouro, cinco de prata e uma de bronze. Outro ano de grande destaque foi 2004, em Atenas, quando o país conquistou sete medalhas de ouro (sendo seis de Clodoaldo Silva), três de prata e uma de bronze. Nos anos seguintes, ainda mais vitórias: Daniel Dias foi o responsável por conquistar, sozinho, nove medalhas em Pequim, sendo quatro de ouro. Em Londres, o atleta chegou à conquista de seis ouros. Há algumas adaptações nas regras da Federação Internacional de Natação (Fina) para as disputas paralímpicas. Dependendo da deficiência, os atletas podem largar de dentro da água, sentados ou ao lado do bloco de partida. Também há casos em que recebem auxílio do técnico ou de um voluntário para a largada. Já entre os deficientes visuais, o tapper é a pessoa que usa um bastão, geralmente com uma ponta esférica de espuma, ou de outro material macio que não provoque dor ou lesão ao nadador. O toque do tapper é utilizado para avisar o atleta sobre o momento da virada e da chegada. Nas provas da classe S11 os óculos dos atletas são totalmente opacos, para assegurar a igualdade de condições na prova. A natação é, depois do atletismo, a modalidade que mais rendeu glórias ao Brasil ao longo das edições dos Jogos Paralímpicos. Ao todo, o país conta com 104 medalhas, sendo 37 de ouro, 31 de prata e 36 de bronze. Esse total já considera os resultados dos Jogos do Rio, em 2016. As conquistas tiveram início ainda em Stoke Mandeville 1984 e, de cara, o país faturou sete medalhas. O ouro ficou por conta de Maria Jussara Mattos, no 4x50m classe 6. O Professor Zeca Villar e a equipe de natação do Rio Grande do Norte. Início dos anos 90. Foto Acervo da SADEF-RJ

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De lá para cá, seriam muitas outras comemorações vindas das piscinas. Três nomes, em especial, renderam (e ainda rendem) muitas alegrias ao Brasil. Em Atenas-2004,


Clodoaldo Silva conquistou seis medalhas de ouro e uma de prata, em um total de oito provas disputadas. Já André Brasil coleciona dez medalhas paralímpicas, alcançadas em apenas duas edições dos Jogos (Pequim-2008 e Londres-2012). Ao lado deles, Daniel Dias já foi considerado três vezes o melhor atleta paralímpico do mundo pelo prêmio Laureus. Em Londres, ele teve 100% de aproveitamento nas provas individuais, faturando seis medalhas de ouro e quebrando cinco recordes. A Classificação funcional e esportiva da natação conta com 14 classes:

Clodoalvo Silva com uma das muitas medalhas conquistadas em Atenas 2004. Foto: CPB

De S1 a S10 – atletas com deficiência física. De S11 a S13 – atletas com deficiência visual. S14 – Atletas com deficiência cognitiva. Os revezamentos: Os revezamentos para nadadores com deficiência física são divididos em dois tipos: Revezamento baixo: A soma dos pontos relativos às classes dos quatro atletas que compõem esse revezamento não pode ser superior a 20 pontos.

As classificações distribuem os atletas conforme o tipo de deficiência. Foto: IPC

Fabiana Harumi Sugimori nossa atleta B1 ( S11) campeã mundial e bicampeã paralímpica com a sua marca característica, o sorriso encantador (veja mais sobre a Fabiana no Capítulo 19 – Hall da Fama da Memória Paralímpica Brasileira). Foto: http://tudosobrenatacao.blogspot.com.br/2008/01/

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Revezamento alto: A soma dos pontos relativos às classes dos quatro atletas que compõem esse revezamento não pode ser superior a 34 pontos. Revezamento de nadadores com deficiência visual: A soma dos pontos relativos às classes dos quatro atletas que compõem esse revezamento não pode ser superior a 49 pontos.

Gledson Soares, Francisco Avelino, Clodoaldo Silva e Genezi Andrade. Uma de nossas equipes do revezamento na década de 90. Foto: Acervo CPB

Professor Luis Alberto Menescal Pedrinha, atuando na natação paralímpica desde 1978, é um dos grandes precursores da modalidade em nosso país. Na foto, com Professor Rivaldo Araújo, premiando nadadoras brasileiras. Jogos Pan-Americanos de Paralisados Cerebrais, em Mar del Plata, Argentina, 1995. Foto: Acervo de Rivaldo Araújo da Silva Seleção brasileira paralímpica de natação, 1990. CEFAN – RJ. Foto: Acervo da SADEF-RJ

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Com os Professores Luis Alberto Menescal Pedrinha e Jacqueline Dourado Penaforte, a equipe de natação da SADEF-RJ. Nos anos 80 e 90, a grande força da natação paralímpíca brasileira. Foto Acervo da SADEF-RJ

Graciana Moreira Alves, nadadora medalhista de ouro em Seul – 1988. Foto: Acervo pessoal da atleta

José Afonso Medeiros “Caco”, medalhista de ouro em Atlanta 1996. Foto: Acervo pessoal do atleta

Susana Schnarndorf – Nadadora paralímpica brasileira na alegria da vitória e da superação. Exemplo de atleta e expressão clara da importância do esporte. Susana, você continua a construir a memória paralímpica brasileira. Fonte: sportv.globo.com

Alegria, descontração e grandes resultados esportivos. Essa é a natação paralímpica brasileira Foto: Acervo CPB Memória Paralímpica

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Marcelo Amorim, o “Índio”. Primeiro nadador brasileiro a conquistar medalhas em Jogos Paralímpicos. Stoke Mandeville, 1984, prata nos 200 medley, 100 m peito e 100 m costas. Bronze nos 100 m livres. Precocemente falecido, o Índio era nadador da equipe da SADEF-RJ e tinha como técnicos os Professores Luis Alberto Menescal Pedrinha e Jaqueline Dourado Pennaforte. Marcelo participou também da equipe brasileira de natação nos Jogos Paralímpicos de Seul, em 1988. Foto Acervo da SADEF-RJ Foto: SADEF-RJ

Maria Jussara Matos. Primeira medalhista de ouro da natação paralímpica brasileira Rostinho de criança, com 14 anos e já era campeã paralímpica nos Jogos de Stoke Mandeville - 1984. Medalha de ouro na natação nos 200 medley. Na mesma edição dos Jogos, Jussara ganhou mais duas medalhas de prata nos 100m livre e 100m costas. Nos Jogos de Seul, na Coreia do Sul, em 1988, Jussara ganhou a prata nos 100m borboleta e o bronze, nos 100m livre. A nadadora, da classe S6, também fez parte da equipe brasileira nos Jogos Paralímpicos de Barcelona, Espanha, em 1992. Atleta de Mato Grosso do Sul e da ADEFMS, Jussara foi aluna e atleta da professora Issias Bittar, qua a acompanhou da iniciação à natação ao ouro paralímpico. Ao prestar as suas homenagens à Jussara, a memória paralímpica brasileira a estende aos Professores Ari Bittar, Issias Bittar e Gilberto Aguiar, todos eles de Mato Grosso do Sul e com expressiva contribuição à natação e ao esporte paralímpico brasileiro.

Foto: Acervo pessoal de Jussara matos

Jussara e Índio, vocês estarão para sempre na memória paralímpica brasileira.

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14 - Powerlifting

Foto: http://www.mandevillelegacy.org.uk

O levantamento de peso paralímpico teve sua primeira aparição na segunda edição dos Jogos Paralímpicos de Verão de 1964, em Tóquio, sob o nome de halterofilismo paralímpico (em inglês: paralympic weightlifting). Somente homens com lesão na medula espinhal participaram com regras pouco diferentes das usadas hoje. Ao longo dos anos seguintes, o halterofilismo paralímpico sofreu uma importante transição para incluir outros tipos de deficiência e incorporar regras idênticas às das competições de levantamento de peso básico. Durante a Assembléia Geral do IPC em Barcelona, em 1992, decidiu-se incluir apenas o powerlifting (levantamento de peso básico paralímpico) nos Jogos Paralímpicos. Mudou-se o nome de “weightlifting” para “powerlifting” e agora o concurso está aberto a todos os atletas com paralisia cerebral, lesão medular, amputados (somente membros inferiores amputados) e les autres que preencham os critérios mínimos de elegibilidade.

Foto: IPC Memória Paralímpica

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Foto: APC

As mulheres competiram pela primeira vez nos Jogos Paralímpicos em Sydney, em 2000. O esporte é regido pelo Comitê Paralímpico Internacional (IPC) e coordenado pelo IPC Powerlifting Technical Committee. No Brasil, cabe diretamente ao CPB a sua gestão e representatividade.

Foto: CORIO 2007

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15 - Remo

Foto: http://www. remobandeirante.com.br/

No remo Paralímpico, o equipamento é adaptado para conferir a segurança dos atletas com deficiências físicas, que participam de provas em um percurso de 1.000m. A classificação é feita de acordo com os membros utilizados pelo atleta no momento da propulsão (somente braço; troncos e braços; pernas, troncos e braços). No Brasil, o remo adaptado data da década de 1990, quando foi iniciado um programa esporte e lazer desenvolvido pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro para pessoas com deficiências. O remo adaptado era uma das modalidades de iniciação esportiva desenvolvido pela Secretaria de Esporte e Lazer daquele estado. Mas foi apenas em 2001 que a Federação Internacional de Remo (Fisa) solicitou formalmente a inclusão da modalidade nos Jogos Paralímpicos que seriam realizados dali a sete anos, em Pequim-2008. O Brasil possui apenas uma medalha na modalidade, de prata, conquistada em Pequim-2008.

Foto: http://wasbrasil.com.br/paratleta/ modalidade/remo-adaptado Memória Paralímpica

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O primeiro Mundial, em 2002, foi realizado na Espanha e contou com a participação de sete países. Naquele ano, foi assinado um protocolo em que as nações se comprometiam a desenvolver a modalidade. Dois anos depois, o Mundial teve 24 países representados. Com provas em um percurso de 1.000 m, o remo adaptado recebe essa nomenclatura por ter alterações nos barcos para conferir segurança aos atletas com deficiências. Nas embarcações, podem competir uma, duas ou quatro pessoas, com diferentes tipos de limitação. A divisão por classes é feita de acordo com o membro utilizado pelo competidor para a propulsão.

Barco quatro com patrão (timoneiro), guarnição mista de homens e mulheres com deficiências físicas e visuais. Foto: revistabeat.com. br/2014/05/esporte-paralimpicoremo-jairo-klug

Classificação: Sempre levando em conta o membro utilizado para a propulsão da embarcação A1+ - Somente braços. Barco Single Skiff, com encosto e assento fixo TA 2x - Troncos e braços. Barco Double Skiff, com tripulação mista e assento fixo LTA 4+ - Pernas, tronco e braços. Barco Four Skiff, com timoneiro e tripulação mista (dois homens e duas mulheres). Assentos deslizantes.

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16 - Rugby em cadeira de rodas

Foto: ABRC (Associação Brasileira de Rugby em Cadeira de Rodas)

Rugby em cadeira de rodas, esporte também chamado de Quad-rugby nos Estados Unidos, é para atletas com deficiência em pelo menos 3 membros (ex: lesão medular, pólio) ou 4 membros (ex: amputação). Criado em Winnipeg, Canadá no final da década de 1970, como opção esportiva para pessoas com alto grau de deficiência, que por conta disto não tinham oportunidade em jogos de basquete em cadeira de rodas. Entrou nos Estados Unidos em 1982 e rapidamente se difundiu pelo mundo.

Foto: ABRC (Associação Brasileira de Rugby em Cadeira de Rodas)

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É jogado numa quadra de basquetebol adaptada, a bola é de voleibol, e cada equipe pode ter até 12 jogadores, apesar de serem apenas 4 a jogar ao mesmo tempo em campo. A partida tem uma duração de 32 minutos, os quais são divididos em 4 tempos de 8 minutos. O 1º e 3º intervalos são de 2 minutos, enquanto o 2º intervalo já é de 5 minutos. No Brasil a introdução do rugby em cadeira de rodas se deu através de um curso técnico, realizado em 2001, na cidade de Blumenau, SC. Nessa oportunidade os professores Horst Strohkendl (Alemanha) e Pedro Américo de Souza Sobrinho, da UFMG, ministraram aulas teóricas e práticas a profissionais e alunos de educação física. A modalidade despertou interesse, inicialmente, em atletas e ex-atletas de basquete em cadeira de rodas de baixa pontuação em sua classificação funcional. Hoje, no Brasil, o rugby em cadeira de rodas e gerido pela Associação Brasileira de Rugby em Cadeira de Rodas, entidade filiada ao CPB, que tem sob a sua responsabilidade o fomento, o desenvolvimento , a efetivação do calendário nacional, a preparação das seleções nacionais e a representatividade internacional da modalidade.

Os times são compostos por atletas tetraplégicos ou com comprometimento nos quatro membros, formando quatro titulares e oito reservas. Por combinar elementos do rugby, do basquetebol e do voleibol, o rugby de cadeira de rodas é um esporte de muito contato. Por segurança, existem cadeiras de rodas adaptadas tanto para o ataque, como para a defesa. O objetivo é marcar o maior número d e pontos ao cruzar a linha do gol com a bola, durante a divisão de quatro tempos de oito minutos. Foto: ABRC (Associação Brasileira de Rugby em Cadeira de Rodas)

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Foto: ABRC (Associação Brasileira de Rugby em Cadeira de Rodas)

17 -Taekwondo

Foto: Maistaekwondo.com

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Foto: Maistaekwondo.com

O taekwondo é praticado por atletas com deficiência física, visual ou intelectual. Porém, em sua primeira participação em Jogos Paralímpicos, a acontecer em 2020, em Tóquio, Japão, somente as classes de lesionados de membros superiores estarão presentes A competição é similar a seu equivalente olímpico, em formato de combate (kyorugi). Os atletas serão divididos, além das classes, também por peso.

18 -Tênis em cadeira de rodas

Foto: IPC

História A origem do tênis em cadeira de rodas é norte-americana. Foi em 1976 que Jeff Minnenbraker e Brad Parks criaram as primeiras cadeiras adaptadas para o esporte. 170


Não demorou nem um ano para que o primeiro torneio fosse realizado, na Califórnia. O tênis em cadeira de rodas se difundiu rapidamente nos Estados Unidos, tanto que em 1980 foi disputado o primeiro campeonato nacional da modalidade. Quando foi criada a Federação Internacional de Tênis em Cadeira de Rodas (IWTF, em inglês), em 1988, o esporte já estava bem encaminhado para se tornar paralímpico. Tanto que naquele mesmo ano a modalidade participou dos Jogos Paralímpicos de Seul como exibição. Outro passo importante foi dado em 1991, ano em que a IWTF foi incorporada à Federação Internacional de Tênis (ITF, em inglês), até hoje responsável pelo tênis em cadeira de rodas. No ano seguinte, nos Jogos de Barcelona-1992, a disputa paralímpica foi oficializada, valendo medalhas pela primeira vez. No Brasil, o primeiro atleta a ter contato com o tênis em cadeira de rodas foi José Carlos Morais. Ele conheceu o esporte em 1985, na Inglaterra, quando competia com a seleção de basquete em cadeira de rodas. Onze anos depois, ele foi aos Jogos Paralímpicos de Atlanta e, ao lado de Francisco Reis Junior, primeiros brasileiros a representar o país na modalidade.

Foto: IPC

Classificação Para competir no tênis em cadeira de rodas, o único requisito é que o atleta tenha sido diagnosticado com uma deficiência relacionada à locomoção. Ou seja, deve ter perda funcional significante de uma ou mais partes extremas do corpo. Se o atleta não for capaz de participar de competições no tênis convencional, estará credenciado a jogar na cadeira de rodas.

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José Carlos Morais e Celso Lima, em suas cadeiras. Atletas do basquete em cadeira de rodas. Juntos, foram os responsáveis pela introdução e difusão do tênis em cadeira de rodas no Brasil. Na foto, em 1985 na Academia Pok Tennis em Itacoatiara. Niterói, RJ. No centro da imagem, o treinador Marcio Grangeiro Moreira Moreira. Foto: Acervo José Morais

José Carlos Morais com Brad Parks. O idealizador do tênis em cadeira de rodas. Este cara percebeu que se a bola quicasse duas vezes os tenistas em cadeira de rodas teriam tempo de alcançá-la. A foto é de 1987, em Irvine, na Califórnia, EUA, durante o Campeonato Mundial da modalidade. Foto: Acervo José Morais

Nossa equipe de Tênis, no Mundial da Itália - 2002. Foto: Acervo José Morais

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19 - Tênis de mesa

Foto: CPB

História A história e a evolução do tênis de mesa se confundem com os desportos paralímpicos. A modalidade está presente nos Jogos desde a primeira edição, em Roma-1960. Até chegar no formato atual de disputa, com medalhas nas categorias individual e por equipes tanto no masculino quanto no feminino, o tênis de mesa passou por diversas experiências. Em Roma -1960, os atletas competiram em jogos de simples e duplas, no masculino e no feminino. E foi assim até os Jogos de Heidelberg - 1972, quando entrou em cena a competição por equipes. Em Arnhem-1980, por exemplo, os atletas só disputaram partidas no individual e por equipes, deixando de fora as duplas. Em 1984 e 1988 entrou no programa o open. Em 1992, em Barcelona, voltaram apenas as disputas individuais e por equipes. Mas em Atenas-2004, houve novamente partidas de duplas.

Foto: Divulgação CPB Memória Paralímpica

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Classificação Os atletas são divididos em onze classes distintas. Mais uma vez, segue a lógica de que quanto maior o número da classe, menor é o comprometimento físico-motor do atleta. A classificação é realizada a partir da mensuração do alcance de movimentos de cada atleta, sua força muscular, restrições locomotoras, equilíbrio na cadeira de rodas e a habilidade de segurar a raquete. TT1, TT2, TT3, TT4 e TT5 - Atletas cadeirantes TT6, TT7, TT8, TT9 e TT10 - Atletas andantes TT11- Atletas andantes com deficiência intelectual

Luis Algacir, mesatenista brasileiro, já falecido, medalhista em Beijing 2008. Foto: Foto: Divulgação CPB

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20 - Tiro com arco

Foto: IWAS

História O tiro com arco é uma das mais tradicionais modalidades dos Jogos Paralímpicos e esteve presente em todas as edições, desde Roma-1960 até Londres-2012. A história do esporte é ainda mais antiga. O que começou como atividade de recreação e recuperação rapidamente se transformou em competição. Os primeiros registros de torneios de tiro com arco datam de 1948, na Inglaterra. Uma característica marcante e até inusitada do tiro com arco nas Paralimpíadas é que as provas foram disputadas por homens e mulheres desde o início. Ao contrário da história de diversas outras modalidades, que começaram com disputas exclusivamente masculinas, o tiro com arco incluiu as mulheres desde seus primeiros passos. Além das provas individuais, a modalidade ainda conta com a disputa por equipes.

Foto: Daily Mail Memória Paralímpica

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Classificação

Foto: IPC

Os atletas do tiro com arco são divididos em três categorias de acordo com suas deficiências: ARST, ARW1 e ARW2. A ARST engloba aqueles que não possuem deficiência nos braços, mas possuem grau de perda de força muscular nas pernas, de coordenação ou mobilidade articular. Na ARST, o atleta pode atirar sentado em uma cadeira normal, com os pés no chão, ou em pé. A ARW1 é para atletas com deficiência nos braços e nas pernas, com alcance limitado de movimentos, de força, de controle dos braços e pouco ou nenhum controle do tronco. Já a ARW2 é para aqueles que possuem paraplegia e mobilidade articular limitada nos membros inferiores e que precisam da cadeira de rodas para uso diário.

Tiro com arco em Stoke Mandeville. Uma das primeiras modalidades inseridas, ainda na década de 40. Foto: www. mandevillelegacy.com

Curiosidades Momento inesquecível A cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Barcelona-1992 ficou marcada graças a um atleta paralímpico do tiro com arco. Coube ao espanhol Antonio Rebollo a responsabilidade de disparar a flecha em chamas que acendeu a pira olímpica, protagonizando uma das imagens mais marcantes da história dos Jogos Olímpicos. Além da participação na cerimônia de abertura daquele ano, Rebollo também deixou sua marca competindo nos Jogos Paralímpicos. O espanhol, que teve poliomelite quando criança e teve suas duas pernas afetadas pela doença, esteve presente nos jogos de Nova York/Stoke Mandeville-1984, Seul-1988 e Barcelona-1992. Ele conquistou duas medalhas de prata e uma de bronze. 176


Foto:IPC

21 - Tiro esportivo

Foto:IPC

No tiro paralímpico, atletas com diferentes tipos de deficiência competem juntos. A classificação é feita de acordo com três classes: atiradores de pistola, atiradores de rifle que requerem suporte para a arma e atiradores de rifle que atiram sem qualquer suporte. As regras variam de acordo com a prova, o tipo de alvo e a distância. Memória Paralímpica

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História A história do tiro esportivo nos Jogos Paralímpicos começou em 1976, em Toronto. A primeira edição da modalidade, no entanto, foi disputada apenas por homens. Mas isso não durou muito. Já em Arnhem-1980 as mulheres entraram na briga por medalhas. O tiro esportivo, por sinal, tem um histórico de muitas mudanças ao longo das edições dos Jogos. Em 1984, ano em que os Jogos foram disputados em duas cidades — Nova York, nos Estados Unidos, e Stoke Mandeville, na Inglatera —, as categorias mistas do tiro esportivo foram retiradas do programa. Oito anos mais tarde, nova mudança. Em Barcelona-1992, as provas mistas retornaram, mas desta vez substituindo as disputas no feminino. O tiro voltou a ter provas masculinas, femininas e mistas quatro anos depois, em Atlanta-1996, formato utilizado até hoje. A história do Brasil no tiro esportivo paralímpico é ainda mais recente. A modalidade deu seus primeiros passos em 1997, no Centro de Reabilitação da Polícia Militar do Rio de Janeiro. O caminho até os Jogos Paralimpícos foi longo. Participando aos poucos de competições internacionais, o país fez sua primeira aparição nos Jogos em Beijing-2008, com o atleta Carlos Garletti. Classificação O tiro utiliza um sistema de classificação funcional que permite que atletas com diferentes tipos de deficiência possam competir juntos, tanto no individual como por equipes. Dependendo das limitações existentes (grau de funcionalidade do tronco, equilíbrio sentado, força muscular, mobilidade de membros superiores e inferiores), e das habilidades que são requeridas no tiro, os atletas são divididos em três classes: SH1, SH2 e SH3. Mas as competições paralímpicas incluem apenas as classes SH1 e SH2. A diferença básica entre SH1 e SH2 é que atletas da SH2 podem usar suporte especial para a arma, que obedecem às especificações do IPC. Os atletas da SH3 possuem debilitação visual. A classificação do Tiro é dividida em três classes principais:

SH1 Atiradores de pistola e rifle que não requerem suporte para a arma.

SH2 Atiradores de rifle que não possuem habilidade para suportar o peso da arma com seus braços e precisam de um suporte para a arma.

SH3 Atiradores de Rifle com deficiência visual – área de deficiência que ainda não faz parte da modalidade nos Jogos Paralímpicos. 178


22 - Triatlo

Rivaldo Martins, no início dos anos 90, foi o pioneiro do triatlo paralímpico no Brasil Foto: SADEF-RJ

Nova modalidade, passou a integrar o programa paralímpico a partir do Rio-2016, o triatlo vem ganhando cada vez mais adeptos. Há algumas adaptações em relação à modalidade convencional, como a possibilidade de paraplégicos ou cadeirantes usarem a handycle, uma bicicleta manual em que os pedais são impulsionados com as mãos. O trecho de corrida pode ser realizado com a cadeira de rodas. Os atletas do triatlo paralímpico competem em três disciplinas: 750 m na natação, 25 Km no ciclismo e, encerrando, 5 Km de corrida de rua. Classificação PT1 - Cadeirantes Atletas com comprometimentos que impedem a capacidade de conduzir de forma segura uma bicicleta convencional e de correr. Os atletas devem usar um handcycle na etapa de ciclismo e uma cadeira de rodas na etapa de corrida. Para se enquadrar nessa categoria, os atletas devem ter uma pontuação de até 640,0 pontos na avaliação de classificação. Memória Paralímpica

Rivaldo em uma das trocas do triatlo Foto: SADEF-RJ

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PT2 Atletas com comprometimentos como: deficiência nos membros, hipertonia, ataxia e/ou atetose, carência de força muscular e amplitude de movimentos diminuída, entre outros. Nas etapas de ciclismo e corrida, atletas amputados podem utilizar próteses ou outros dispositivos de apoio aprovados. Para se enquadrar nessa categoria, os atletas devem ter uma pontuação de até 454,9 pontos na avaliação de classificação. PT3 Atletas com comprometimentos semelhantes aos da categoria PT2, mas que obtiverem uma pontuação entre 455,0 e 494,9 pontos na avaliação de classificação. Nas etapas de ciclismo e corrida, atletas amputados podem utilizar próteses ou outros dispositivos de apoio aprovados. PT4 Rivaldo Martins competindo pela SADEF RJ. Ver o triatlo nos Jogos Paralímpicos é um desejo antigo do ex-triatleta Rivaldo Martins. O brasileiro praticava a modalidade antes de sofrer um acidente de carro e perder parte da perna esquerda. Como o esporte ainda não fazia parte da programação, Rivaldo disputou três edições das Paralimpíadas no ciclismo e na natação. Foto: SADEF-RJ

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Atletas com comprometimentos semelhantes aos das categorias PT2 e PT3, mas que obtiverem uma pontuação entre 495,0 e 557,0 pontos na avaliação de classificação. Nas etapas de ciclismo e corrida, atletas amputados podem utilizar próteses ou outros dispositivos de apoio aprovados. PT5 – Deficiência visual total ou parcial (Dividida nas subcategorias B1, B2 e B3) Atletas totalmente cegos, desde os que não têm nenhuma percepção de luz até os que têm percepção da luz, mas que são incapazes de reconhecer o formato de uma mão a qualquer distância (B1), além de atletas com deficiências visuais, cuja acuidade visual seja menor que 6/60 de visão ou cujo campo visual seja inferior a 20 graus na condição de melhor visão corretiva (B2-B3). Um guia de mesma nacionalidade e sexo é obrigatório durante toda a prova. Nesta categoria, os atletas e seus guias devem montar uma bicicleta tandem (de dois lugares) durante a etapa de ciclismo.


23 - Vela paralímpica

Foto: CPB

A vela adaptada apareceu pela primeira vez em uma edição dos Jogos Paralímpicos em 1996, em Atlanta (EUA), porém, apenas como exibição. Quatro anos depois, em Sydney (AUS), a modalidade seguiu nos Jogos, mas passou a valer medalhas para os competidores. A modalidade não fará parte dos Jogos Paralímpicos de Tóquio, em 2020. No Brasil, a vela adaptada começou a se desenvolver em 1999, com o Projeto Água-Viva, em São Paulo, uma parceria entre a Classe de Vela Day Sailer, o Clube Paradesportivo Superação e o Clube Municipal de Iatismo. No ano seguinte, a Federação Brasileira de Vela e Motor (FBVM) criou a Coordenação de Vela Adaptada para desenvolver atividades da modalidade em todo o país. Em 2007, a FBVM se dividiu e assim foi criada a Confederação Brasileira de Vela Adaptada, entidade responsável pela modalidade desde então. Como é disputado Pessoas com deficiência locomotora ou visual podem competir na modalidade. A vela adaptada segue as regras da Federação Internacional de Iatismo (ISAF) com algumas adaptações feitas pela Federação Internacional de Iatismo para Deficientes (IFDS). Três tipos de barco são utilizados nas competições paralímpicas: classe 2.4mR, tripulado por um único atleta; classe Sonar, com três velejadores; e o SKUD-18, para dois tripulantes paraplégicos, sendo obrigatoriamente um deles do sexo feminino. As regatas são disputadas em percursos sinalizados com boias para que o atleta mostre todo seu conhecimento de velejador. Barcos com juízes credenciados pela ISAF fiscalizam o Memória Paralímpica

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percurso, podendo o atleta ser penalizado caso infrinja alguma regra. Uma competição é composta por várias regatas, e o vencedor será aquele que tiver melhor resultado, após a somatória de todas as regatas. Brasil nos Jogos Os velejadores brasileiros tiveram sua primeira participação em uma edição dos Jogos em Pequim-2008. O país foi representado pelo trio Luiz Faria, Darke de Matos e Rossano Leitão na classe Sonar, e terminou a disputa na 14ª colocação.

Foto: IPC

Em Londres-2012, o Brasil voltou a ter velejadores na disputa por medalhas, desta vez, na classe SKUD-18. A dupla formada por Bruno Landgraf e Elaine Cunha conduziu a embarcação brasileira nas regatas e terminou a competição em 11º lugar. Classificação O sistema de pontuação baseado no nível de habilidade permite que atletas com diferentes tipos de deficiência possam competir juntos. Após a avaliação dos atletas pelo Comitê classificador, são concedidos pontos, baseados nas habilidades funcionais, que vão de 1 a 7, indo do mais baixo ao mais alto nível de funcionalidade, respectivamente. Atletas com deficiência visual são situados em uma das três classes de competição, baseadas em sua acuidade visual e campo de visão. Para assegurar a participação de atletas com todas as contagens de pontos e todas as classes de deficiências, a pontuação agregada não pode ser maior do que 14, o que permite aos velejadores com mais deficiência participar das competições. Na classe de barcos SKUD-18, os velejadores são classificados como TPA ou TPB. Os velejadores são classificados como TPA quando são adjudicados em 1 ponto pela classificação funcional, ou, quando completando mais de 1 ponto, têm a pontuação funcional do membro superior em 80 pontos ou menos na combinação de ambos os braços, juntamente com uma perda de 30 pontos no melhor braço. Os velejadores são classificados como TPB quando eles têm ao menos uma deficiência mínima que os torna eligíveis para velejar. Pelo menos um dos velejadores precisa ser mulher. Para a classe de barcos 2.4mR, os velejadores apenas precisam possuir uma deficiência mínima.

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24 - Voleibol paralímpico

Foto: ABVP

O esporte, hoje chamado de voleibol sentado, nem sempre foi como é agora. Houve uma evolução tendo como base outro esporte já existente, sitzball. Este acabou por desaparecer por ser considerado demasiadamente passivo. Com a junção de características do voleibol convencional acabou por surgir o voleibol adaptado. Nesta altura já existia o voleibol paralímpico, mas era jogado em pé até que em 1980 o voleibol sentado passou também a ser uma modalidade paralímpica nos Jogos, o qual até hoje se mantém, jogado tanto por homens como por mulheres. Em 2004 a versão de voleibol em pé acabou por ser abandonada como modalidade paralímpica. No voleibol sentado, competem atletas amputados, principalmente de membros inferiores e pessoas com outros tipos de deficiência locomotora (sequelas de poliomielite, por exemplo). A quadra se divide em zonas de ataque e defesa. É permitido o contato das pernas de jogadores de um time com os do outro, porém as mesmas não podem atrapalhar o jogo do adversário.

No voleibol Paralímpico sentado, a rede tem cerca de 1,15 metro de altura (masculino) e 1,05 (feminino), e o campo tem 10 x 6 metros, com uma linha de ataque de 2 metros. Foto: ABVP Memória Paralímpica

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O contato com o chão deve ser mantido em toda e qualquer ação, sendo permitido perdê-lo somente nos deslocamentos. Cada jogo é decidido em melhor de cinco sets, vencendo o time que marcar 25 pontos no set. Em caso de empate, ganha o primeiro que abrir dois pontos de vantagem. Há ainda o tie break de 15 pontos. O voleibol paralímpico é organizado internacionalmente pela Organização Mundial de Voleibol para Deficientes (WOVD). No Brasil, a modalidade é administrada pela Associação Brasileira de Voleibol Paralímpico (ABVP). O sistema de classificação funcional do voleibol é dividido, portanto, entre amputados e les autres. O voleibol para atletas com deficiência entrou nos Jogos Paralímpicos como desporto de “demonstração” em 1976, em Toronto, no Canadá.

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CAPÍTULO

18

As modalidades Paralímpicas de Inverno

Em 1976, na cidade sueca de Ornskoldsvik, aconteceu a primeira edição dos Jogos Paralímpicos de inverno. Até a sua quinta edição, em 1992, na cidade de Albertville, França, os Jogos aconteciam nos mesmos anos dos jogos Paralímpicos de Verão. Dois anos após, a cidade de Lillehammer, na Noruega, marca o início de um novo ciclo, com os Jogos sendo realizados de quatro em quatro anos, sempre com um intervalo de dois anos entre os Jogos de Verão e de Inverno. Até os Jogos de 1988, em Innsbruck, na Áustria, coube ao ICC a organização e a realização dos eventos. O IPC assumiu essa missão nos Jogos de 1992. Em Sochi, 2014, na Rússia, o Brasil iniciou a sua participação nos Jogos Paralímpicos de inverno. Nesse capítulo estão apresentadas as modalidades paralímpicas de inverno, especificamente com objetivos informativos. Para aqueles que tenham um maior interesse nessa área, sugerimos o site do IPC que traz maiores aprofundamentos, regras e resultados de todas as modalidades de inverno: www.paralympic.org/ sports/winter

1- Esqui Alpino

Downhill de atleta com deficiência física Foto: IPC Memória Paralímpica

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Downhill de atleta com deficiência visual e seu guia. Foto: IPC

2 - Esqui Nórdico

Atleta com deficiência física com os seus esquis adaptados. Foto: Vanessa Salles Torino 2006

Atleta com deficiência visual e o seu guia no esqui nórdico. Foto: Vanessa Salles Torino 2006

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3 – Hóquei no gelo

Foto: IPC

Foto: IPC Memória Paralímpica

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4 - Biatlo

Associa as provas de média e longa distância do esqui nórdico com o tiro. Foto: Megan T. Guffey

5 - Curling

O Curling paralímpico é disputado com as mesma regras da modalidade olímpica de inverno, com as adaptações necessárias aos atletas em cadeiras de rodas. Foto: Vanessa Salles Torino 2006

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6 - Snowboard

Foto: IPC

António Menescal, então Diretor-Técnico da IBSA. Descobrindo os esportes de inverno. Jogos Paralímpicos de Torino 2006. Foto: Acervo do autor

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CAPÍTULO

19

Personalidades da história do esporte paralímpico no Brasil

Infelizmente, em nosso país e no esporte paralímpico, não costumamos honrar o trabalho, a dedicação e os resultados alcançados por aqueles que já deixaram o processo, quer sejam atletas, dirigentes ou ocupantes de cargos e funções decisórias em órgãos governamentais e nas instituições do próprio movimento paralímpico. As personalidades aqui citadas tiveram um papel fundamental na trajetória do esporte paralímpico no Brasil, contudo, além dos citados nesse item e nos demais capítulos e tópicos deste livro, muitos outros deram a sua contribuição quer como dirigentes, atletas, técnicos ou gestores públicos. É nosso objetivo sempre estar atualizando e ampliando esse rol de personalidades

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ÁDRIA ROCHA DOS SANTOS

Foto: Adão Braga

A velocista Ádria Rocha Santos, nascida em Nanuque – MG, é a maior medalhista feminina paralímpica do país. Ela já competiu em seis edições dos Jogos e ganhou 13 medalhas, sendo quatro de ouro, oito de prata e uma de bronze. A primeira vez que a brasileira participou das Paralimpíadas foi em Seul, na Coreia do Sul, em 1988, quando conquistou duas medalhas de prata, sendo uma nos 100m rasos e uma nos 400m. Em Barcelona, na Espanha, em 1992, ganhou ouro nos 100m rasos. Em Atlanta, nos EUA, em 1996, foram três pratas: nos 100m, 200m e 400m rasos. Em 2000, nas Paralimpíadas de Sydney, na Austrália, Ádria obteve dois ouros, nos 100m e 200m rasos, e uma prata, nos 400m. Nos Jogos de Atenas, na Grécia, em 2004, ela garantiu um ouro, nos 100m rasos e duas medalhas de prata, nos 200m e 400m rasos. Em Pequim, na China, em 2008, a velocista conquistou um bronze, nos 100m. Nascida em 11 de agosto de 1974, ela começou a perder a visão devido a uma doença que causa a degeneração da retina (retinose pigmentar), ficando totalmente cega em 1994. Ádria começou a correr em 1987, aos 13 anos, pelo Instituto São Rafael, uma escola especial para deficientes visuais de Belo Horizonte – MG. Ádria competia pela ADEVIBEL, já que o seu instituto não era filiado à ABDC, então a entidade nacional de gestão de todos os esportes praticados por atletas com deficiência visual. Aos 14 anos conquistava as suas primeiras medalhas em Jogos Paralímpicos, em 1988, em Seul. Na Coreia o mundo conheceu aquela que seria uma das maiores velocistas cegas da história do esporte paralímpico. Memória Paralímpica

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Foto: Yahoo Esportes

Ádria, em meados dos anos 90, passou a treinar no Rio de Janeiro, na equipe SADEF-RJ IBC. Após a SADEF-RJ ter os seus trabalhos descontinuados, Ádria foi atleta do IBDD, também no Rio de janeiro. Depois disso, a ABDC transferiu os seus atletas de ponta para o centro de treinamento de atletismo em Joinville, Santa Catarina, onde , até hoje, ela vive. Ao longo de sua carreira, além das conquistas nas seis Paralimpíadas que participou, a velocista brasileira acumula mais de 40 medalhas em provas internacionais de atletismo e aproximadamente 145 medalhas em competições nacionais. Mãe da Bárbara, esposa do Rafael e empresária, Ádria é hoje levada ao Hall da Fama da memória do esporte paralímpico brasileiro. Independente disso, para todos aqueles que puderam observar as suas façanhas, a Ádria é para sempre.

Ádria guiada pelo “Chocolate”. Foto: Louisa Gouliamak

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PROFESSOR ALBERTO MARTINS DA COSTA

Foto: Acervo pessoal

Um dos profissionais de educação física que mais contribuíram com o esporte paralímpico no Brasil. Ao prestar-lhe as devidas homenagens, o fazemos também à Universidade Federal de Uberlândia - UFU, ao seu corpo docente e a todos dela oriundos que muito têm contribuído para o desenvolvimento do esporte paralímpico. O pioneirismo da UFU na formação acadêmica, tendo como foco a educação física destinada a alunos com deficiência, hoje convive e fortalece o movimento com a Academia Paralímpica Brasileira. Figuras marcantes do esporte paralímpico passaram pela UFU, tanto como docentes, quanto como alunos da graduação ou da sua pioneira pós graduação. Hoje Diretor- Técnico do CPB, Ex-Diretor-Técnico da ABDC/CBDC e da IBSA, chefe das delegações brasileiras nos Jogos Paralímpicos de Sydney 2000, Atenas 2004 e Beijing 2008, um dos criadores e primeiro coordenador da Academia Paralímpica Brasileira, o Professor Alberto vive e se emociona com o esporte praticado por atletas com deficiência. Olhos vermelhos e mareados são percebidos mesmo com as pequenas conquistas de seus alunos, de seus atletas, de seus comandados e de seus companheiros de jornada. Professor Alberto, hoje Diretor-Técnico do CPB, o seu nome está escrito na memória paralímpica brasileira.

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ALDO MICCOLIS

Um dos precursores do esporte paralímpico no Brasil, desde 1959, com o Clube do Otimismo do Rio de Janeiro, uma paixão que o acompanhou a vida toda. Foi técnico de BCR, Fundador, membro da primeira Diretoria e Presidente da ANDE, Presidente Emérito do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), primeiro Presidente e Presidente de Honra da ABDC, Vice-Presidente do CPB. ALDO MICCOLIS – UMA VIDA QUE VALEU A PENA Eu conheci o Homem. Eu acompanhei a sua Causa. No dia 14 de dezembro de 2009, aos 78 anos e vítima de enfarto do miocárdio, falecia Aldo Miccolis. Presidente de Honra da Confederação Brasileira de Desportos para Cegos – CBDC, Ex-Presidente da Associação Nacional de Desportos para Deficientes - ANDE, Aldo deixa um grande legado de trabalho em prol do esporte paralímpico e da causa das pessoas com deficiência em nosso país. No final dos anos 50, a convite de um dos pioneiros do esporte para pessoas com deficiência no Brasil, Robson Sampaio, o jovem militar Aldo Miccolis inicia seu trabalho como técnico de basquete em cadeira de rodas. Robson Sampaio, Sergio Del Grande e Aldo Miccolis promovem os dois primeiros jogos interestaduais, com as equipes de basquete em cadeira de rodas do Clube do Otimismo do Rio de Janeiro e do Clube do Paraplégico de São Paulo enfrentando-se em duas partidas, uma em cada cidade. Com o passar dos anos, Aldo estava cada vez mais envolvido com o esporte para pessoas com deficiência. Dirigia equipes, organizava campeonatos e torneios, buscava o apoio nas esferas governamentais, preparava seleções brasileiras e garantia a participação do nosso país em eventos internacionais quan-

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do o esporte paralímpico no Brasil dava ainda os seus primeiros e tímidos passos. Mais do que tudo, Aldo percebeu a importância do esporte no processo de reabilitação e inclusão de pessoas com deficiência e lutou sempre para poder oferecer esse benefício a um grupo cada vez maior. José Gomes Blanco, outro dos grandes idealistas do esporte paralímpico no Brasil, me contou que recebeu uma visita do Aldo, ainda em sua cama na enfermaria do Hospital Barata Ribeiro, logo após o acidente no qual se tornara paraplégico. Jovem goleiro de futebol de salão do Fluminense, Blanco lutava para aceitar e encarar a deficiência que, recentemente, se instalara. Quando Aldo soube da notícia logo tratou de procurá-lo para lhe apresentar o esporte para pessoas com deficiência . Ali começava a luta do Blanco pela causa que só foi encerrada com a sua morte. Da preocupação com o atendimento que era prestado àquelas pessoas que, como ele, acabavam de ser tornar deficientes, Blanco funda a Associação dos Amigos do Hospital Barata Ribeiro. Essa associação se transformará na Sociedade Amigos dos Deficientes Físicos – SADEF-RJ, do Rio de Janeiro, que foi a maior entidade de prática do esporte por deficientes no Brasil até meados dos anos 90.

Aldo Micollis com Miracema Ferraz, Luis Claudio Pereira e Marcia Malsar, os três atletas foram medalhistas de ouro nos jogos Paralímpicos de Stoke Mandeville e New York, em 1984. Essa foto foi tirada na Palácio Gustavo Capanema, sede do CND, na cidade do Rio de Janeiro. Foto: Clube do Otimismo

Outro ex-atleta que Aldo tentou trazer para o esporte paralímpico foi João Carlos de Oliveira, o “João do Pulo”. Depois do acidente que lhe causou a amputação da perna, Aldo Miccolis, Vanilton Senatore e Blanco procuraram o João para que ele pudesse voltar a treinar e competir nos Jogos Paralímpicos de 1992, em Barcelona. Embora o ex-recordista mundial do salto triplo nunca mais tenha voltado a uma pista de atletismo como atleta, João esteve conosco na Espanha, como membro da delegação brasileira nos Jogos Paralímpicos de 92. Na Vila Olímpica, em Parc del Mar, eu pude estar presente em diversas tentativas do Aldo buscando a volta do João do Pulo às competições esportivas. Certamente, Aldo pensava muito mais nos benefícios que o esporte traria ao João do que naqueles que a sua participação traria ao desenvolvimento do esporte paralímpico. Infelizmente o João não teve tempo de perceber isso.

Conheci o Aldo em 1982. Ele nos procurou no Instituto Benjamin Constant, onde eu era professor, e nos pediu para cooperarmos na realização dos Jogos Brasileiros para Deficientes Visuais, a serem realizados em 1983, ainda sob a responsabilidade da ANDE, nas dependências da Escola de Educação Física do Exército, no Rio de Janeiro. Passei a admirá-lo logo de início. Percebi o seu amor pela causa e a sua vibração com as competições. Antes delas se iniciarem, Aldo ficava sempre muito nervoso. Em algumas ocasiões passava mal nos dias que antecediam a abertura dos jogos. Com o início das competições o seu nervosismo se transformava em uma alegria incontida por perceber que todo o esforço para a realização dos jogos valera a pena. Vivíamos uma outra época no esporte paralímpico. Fazíamos o esporte acontecer por que sabíamos de sua importância para aqueles jovens com deficiência. Buscávamos aumentar o Memória Paralímpica

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número de praticantes, pois sabíamos que da quantidade poderíamos “peneirar” os valores, embora os benefícios fossem propiciados a todos. O Aldo nunca deixou de estar presente a uma edição dos Jogos Paralímpicos. Estivemos juntos, pela primeira vez, em Seul, em 88. Em Beijing, 2008, eu pude acompanhar a alegria do Aldo quando, em sua última participação em uma edição dos Jogos, viu os atletas brasileiros da bocha ganhando a tão sonhada medalha de ouro. Ainda na China, sob rigoroso esquema de segurança na cerimônia de abertura dos Jogos, Aldo conseguiu penetrar na área reservada aos atletas brasileiros no “Ninho do Pássaro” e estar com eles durantes boa parte da grandiosa cerimônia. Ele era assim mesmo, queria ficar sempre o mais junto possível.

O Aldo nunca deixou de estar presente a uma edição dos Jogos Paralímpicos Foto: Instituto Paracleto

Uma outra paixão sua eram “As Luminárias”. Aldo idealizou, deu o nome, fez o poema, o hino e realizou diversas edições desses jogos que, indistintamente, eram dirigidos a pessoas com todos os tipos de deficiência. Eu estive com ele em duas edições. Infelizmente para o registro histórico, eu não me recordo os anos, mas os jogos foram realizados um ano no Fluminense e, no outro ano, no Clube Municipal, ambos na cidade do Rio de Janeiro. Era uma grande festa do esporte para pessoas com deficiência, uma grande comemeração de amor ao próximo, de igualdade e de superação. Por falar em Fluminense, essa era outra paixão que nos unia. Ambos tricolores, ao nos encontrarmos a situação do nosso time de futebol era sempre o primeiro assunto. Essa paixão Aldo deixou como legado ao seu filho. Presidente da ANDE, até 1984 a entidade de gestão nacional do esporte que congregava todas as áreas de deficiência, Aldo não criou barreiras para a criação das entidades nacionais por área de deficiência. Da ANDE surgiram a Associação Brasileira de Desportos para Cegos – ABDC, depois CBDC, entidade da qual foi o seu primeiro Presidente e é o seu Presidente de Honra e a Associação Brasileira de Desportos em Cadeira de Rodas – ABRADECAR. Mais tarde foram criadas a Associação Brasileira de Desportos para Deficientes Mentais - ABDEM e a Associação Brasileira de Desportos de Amputados – ABDA. Em conjunto com a ANDE, presidida pelo Aldo, essas entidades, em fevereiro de 1995, fundaram o Comitê Paralímpico Brasileiro- CPB. Aldo foi Vice-Presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro e tem o título de seu Presidente Emérito. Com a morte do Aldo eu perco um amigo e um exemplo de vida. A sua família perde um pai amantíssimo e um marido exemplar. O esporte paralímpico no Brasil perde um de seus últimos idealistas.

António Menescal Texto publicado no informativo Na Luta, edição janeiro – fevereiro de 2010

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DANILO BINDA GLASSER

Foto: Acervo pessoal de Danilo Glasser

Nadador paralímpico, nascido na cidade de São Paulo, em 1977, Danilo cresceu e desenvolveu a sua vida acadêmica e esportiva na Cidade de Americana. Começou a nadar aos 4 anos de idade e em 1997, passou a competir no esporte paralímpico. Atleta da classe S10. Nesse mesmo ano, em sua primeira competição paralímpica, Danilo conquistou 2 medalhas de ouro em Sidney 2000 , estabelecendo as melhores marcas do Brasil, em sua classe, até então. Já em 1998 integrava pela primeira vez a seleção brasileira da modalidade e foi o melhor nadador brasileiro da classe S10 entre 1998 e 2001, estendendo essa supremacia nas provas de 50 e 100 metros estilo livres até 2004. Em 2001 estabeleceu novos recordes mundiais nos 50 e 100 metros estilo livre e foi eleito pelo COB e pelo CPB o melhor atleta paralímpico do ano. Danilo, conquistou duas medalhas paralímpicas, em Sydney 2000, 12 medalhas pan-americanas, sendo 9 de ouro, 3 medalhas em mundiais do IPC e ganhou, em sua categoria, todas as provas disputadas no Brasil, de 1998 a 2001. Nadador completo competia em todos os estilos, as provas de medley e compôs o revezamento brasileiro em diversas competições internacionais. Professor de Educação Física, comunicador e uma das grandes lideranças representativas dos atletas paralímpicos brasileiros, Danilo foi um dos responsáveis pela garantia de que a voz dos atletas fosse ouvida e respeitada no movimento paralímpico brasileiro, tendo sido integrante da CONAP, Comissão Nacional de Atletas Paralímpicos e Presidente da CNA, Comissão Nacional de Atletas do Ministério dos Esportes. Foto: Acervo pessoal de Danilo Glasser

Hoje, Danilo apresenta um programa de esporte na TV de sua

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região e é comentaristas do SPORTV, função desempenhada durante os Jogos de Londres, em 2012, quando a sua elogiada participação fez com que o esporte paralímpico e em especial a natação fossem compreendidos e admirados por centenas de milhares de pessoas que acompanharam os Jogos pela TV.

Foto: Sportv

4 - FABIANA HARUMI SUGIMORI

Foto: Acervo CBDC

Fabiana nasceu prematura, com seis meses e meio de gestação, acometida de retinopatia da prematuridade, ela é cega congênita. Começou a nadar aos três anos de idade em uma academia em Campinas, sua cidade natal. Estudou no Instituto Pró-Visão, também na cidade de Campinas e fez seus estudos básicos e o seu ensino médio em escolas regulares, contando com o suporte de professores especializado e, principalmente, da sua família. Fabiana é formada em relações públicas pela PUC de Campinas. Aqui ela conta um pouco de sua história: “A natação ajudou em meu desenvolvimento, aprendi a ter disciplina, responsabilidade, confiança, tive a oportunidade de fazer amigos, me trouxe muitas coisas boas. Realizei-me como atleta, conquistando todos os títulos que um atleta deseja. A vida de atleta não é fácil. 198


Quantas vezes precisei treinar na chuva, frio, na água gelada, feriados, ficar sem férias por longos períodos, deixei de ir em festas, etc, mas quando conseguimos alcançar nossos objetivos e resultados, vemos que todos os nossos sacrifícios valem a pena.” Fabiana Harumi Sugimori - Um sorriso que encanta. Nadadora Brasileira das Classe B1 (S11), bicampeã paralímpica, mundial e pan-americana. HONRARIAS RECEBIDAS Cruz da Ordem do Rio Branco no grau Oficial; Medalha da Honra ao Mérito Esportivo; Fabiana ganhou um espaço na calçada da fama da rede esportiva de televisão ESPN.

HISTÓRICO DOS PRINCIPAIS RESULTADOS:

Jogos Paralímpicos:

Jogos Parapan-Americanos:

Medalha de ouro nos 50 metros livres nos Jogos Paralímpicos de Sydney (2000);

Medalha de ouro nos 50 metros livres no Parapan-Americano do México (1999);

Medalha de ouro nos 50 metros livres nos Jogos Paralímpicos de Atenas (2004), com recorde mundial;

Medalha de ouro nos 100 metros livres no Parapan-Americano do México (1999);

Medalha de bronze nos 50 metros livres nos Jogos Paralímpicos de Pequim (2008);

Medalha de ouro nos 200 metros livres no Parapan-Americano do México (1999); Medalha de ouro nos 50 metros peito no Parapan-Americano do México (1999);

Fabiana, a cachoeira e o rapel. Era só mais um desafio. Foto: Acervo de Fabiana Sugimori

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Medalha de ouro nos 100 metros peito no Parapan-Americano do México (1999);

III Jogos Pan-americanos, 2001 na Carolina do Sul - EUA

Medalha de ouro nos 50 metros livres no Parapan-Americano de Mar del Plata (2003);

1° Lugar 50 metros livres

Medalha de ouro nos 100 metros livres no Parapan-Americano de Mar del Plata (2003);

1° Lugar 100 metros livres

Medalha de ouro nos 100 metros peito no Parapan-Americano de Mar del Plata (2003);

1° Lugar 50 metros peito

Medalha de ouro nos 200 metros medley no Parapan-Americano de Mar del Plata (2003);

1° Lugar 200 metros livres 1° Lugar 100 metros peito

Medalha de ouro nos 100 metros borboleta no Parapan-Americano de Mar del Plata (2003);

IV Jogos Pan-americanos, 2005 em São Paulo - Brasil

Medalha de ouro nos 50 metros livres categoria S11 nos Jogos Parapan-Americanos do Rio de Janeiro (2007);

1° Lugar 50 metros livres

Medalha de ouro nos 100 metros livres categoria S11 nos Jogos Parapan-Americanos do Rio de Janeiro (2007); Medalha de prata nos 100 metros peito categoria SB11 nos Jogos Parapan-Americanos do Rio de Janeiro (2007); Medalha de bronze nos 400 metros livres categoria S12 nos Jogos Parapan-Americanos do Rio de Janeiro (2007);

1° Lugar 100 metros livres 1° Lugar 200 metros livres 1° Lugar 200 metros medley 1° Lugar 100 metros peito

Campeonatos Mundiais de Natação do IPC: Mar del Plata, Argentina, 2002 Medalha de ouro nos 50 metros livres Medalha de ouro nos 100 metros livres

Jogos Pan-Americanos da IBSA

Medalha de bronze nos 200 metros medley Durban, África do Sul, 2006

I Jogos Pan-americanos, 1995 em Buenos Aires - Argentina 1° Lugar 50 metros livres 1° Lugar 100 metros livres 1° Lugar 100 metros peito

II Jogos Pan-americanos, 1999 na Cidade do México 1° Lugar 50 metros livres 1° Lugar 100 metros livres 1° Lugar 200 metros livres 1° Lugar 50 metros peito 1° Lugar 100 metros peito

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Medalha de ouro nos 50 metros livres Medalha de bronze nos 100 metros livres


GERSON KNITTEL

Foto: Acervo da CBDC

Gerson, atleta de Joinville, Santa Catarina, foi o precursor dos grandes atletas-guia do esporte paralímpico brasileiro. Atleta completo encarava, sem dificuldades, provas de velocidade e de resistência. Muitas vezes dentro de uma mesma etapa das competições de atletismo. Gerson, sempre como voluntário, participava de todos os campeonatos de atletismo da ABDC, nos anos 90 e início dos anos 2000, tendo sido atleta-guia em diversas edições de Jogos Pan-americanos, Paralímpicos e Campeonatos Mundiais da IBSA e do IPC.

Foto: Acervo da SADEF-RJ

Foto: Divulgação CPB

Ao ser eleito como membro do Hall da Fama da Memória do Esporte Paralímpico no Brasil, eleição, como todas as demais, justa e oportuna, Gerson está representando todos os guias de ontem e de hoje e a importância desses na trajetória que levou o nosso país à liderança mundial de provas de pista para atletas das classes T11 e T12 (IPC) e B1 e B2 (IBSA). Uma das cenas memoráveis do esporte para pessoas com deficiência no Brasil foi protagonizada pelo Gerson e pela Ádria. Ao final de uma prova na qual conquistaram a medalha de ouro, nos Jogos Paralímpicos de Sydney 2000, Gerson ergueu a Ádria em seus braços e ambos demonstraram a satisfação pela vitória girando pela pista.

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JOSÉ GOMES BLANCO

Blanco com Ádria Santos, então atleta da SADEF-RJ/IBC - RJ Foto: Acervo da SADEF-RJ

Goleiro de futebol de salão do Fluminense, Blanco, atingido por tiros de um empregado da empresa de transporte rodoviário de sua família, ficou paraplégico na juventude, quando a vida mais lhe sorria. Atleta, “pinta” de galã e bem colocado financeira e socialmente, Blanco era figura constante nas grandes festas do Rio de Janeiro de então. Namorava artistas famosas e era amigo de craques do futebol, de empresários e de muitas pessoas da sociedade carioca. Três tiros interromperam essa trajetória e o colocaram definitivamente em uma cadeira de rodas. Já no seu processo de reabilitação, Blanco funda a Sociedade Amigos do Hospital Barata Ribeiro. Posteriormente, Blanco é apresentado ao esporte paralímpico e inclui a natação esportiva em seu processo de reabilitação. Como nadador, participa de campeonatos regionais e brasileiros. A entidade fundada por Blanco no Hospital é transformada na SADEF-RJ, Sociedade Amigos do Deficiente Físico. Essa entidade foi uma grande formadora de atletas paralímpicos e seus atletas conquistaram mais de 20 medalhas na história dos Jogos Paralímpicos. O esporte paralímpico e a luta das pessoas com deficiência por seus direitos passam a ser a sua paixão e o viés da sua vida. Blanco era uma liderança no “Movimento”. A 202


sua voz se fazia ouvir em todos os fóruns onde a questão da deficiência era debatida. Casou-se com Ana Maria Blanco, professora da escola que funcionava dentro do Hospital Barata Ribeiro, onde ele a conheceu. Ana Maria foi a sua companheira até a sua morte.

Blanco com os atletas das equipe da SADEF-RJ e da SADEFRJ/IBC no embarque da delegação Brasileira aos Jogos Paralímpicos de Atlanta, em 1976. Foto: Acervo da SADEF-RJ

Posteriormente, Blanco foi o principal artífice da fundação da ABRADECAR, em 1984, sendo o seu Presidente nos dois primeiros mandatos da entidade nacional. Nessa época, a ABRADECAR, como já vimos, era a responsável pelo desenvolvimento do calendário nacional, promoção de cursos para técnicos, classificadores e árbitros, pela realização de eventos internacionais no Brasil e pelas participações internacionais de todas as modalidades para atletas em cadeira de rodas: Atletismo, Natação, Basquete, Tênis, Tênis de Mesa, Halterofilismo e Ciclismo. Ainda na Presidência da ABRADECAR, Blanco, juntamente com Beatriz Pinto Monteiro, funda a “Revista Toque a Toque”, publicação oficial da ABRADECAR e o primeiro veículo de comunicação específico sobre esporte paralímpico em nosso país. Mais tarde, ainda junto à Bia, cria o Jornal “Acontece”, publicação da SADEF-RJ que tratava de todos os assuntos de interesse das pessoas com deficiência. Respeitado e querido nacional e internacionalmente, Blanco, à época e juntamente com o Aldo Miccolis, eram as duas grandes referências do esporte paralímpico no Brasil Nas gestões de Zico e Bernard à frente da Secretaria dos Esportes da Presidência da República, de 1990 a 1993, Blanco foi Assessor Especial dos dois Secretários.

Blanco com o então Ministro do Esporte, Pelé. Foto: Acervo da SADEF-RJ

Mais do que um amigo, o “Seu Zé”, como era carinhosamente chamado, era considerado um pai pelos atletas da SADEF-RJ. Essa entidade, nas décadas de 80 e início da de 90 era a maior entidade de desporto paralím-

Memória Paralímpica

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pico do Brasil, tendo se sagrado campeã brasileira em natação, atletismo, basquete masculino e feminino e futebol de 7 por diversas vezes nesse período. Além disso, a SADEF-RJ ainda desenvolvia o tênis, apoiava o judô, o atletismo de cegos e o Goalball, através da equipe SADEF-RJ/ IBC. Como atletas da SADEF-RJ podemos citar Iranilson Silva “Tita”, Ádria Santos, Lia Mara, Miracema Ferraz, Amintas Piedade, Marcelo Amorim (Índio), Ronaldo Brito “Siri” , Humberto Henriques, Mauro Bernardo, Luiz Claudio Alves Pereira, Rivaldo Martins, José Carlos Morais, Roberto Ramos “Robertão”, Roberto Carlos (BCR), Jorge Graciano “Parré”, Kennedy Martins (BCR), Mauro Bernardo “Maurinho da Mamãe”, Graciana Moreira Alves, João Luiz (BCR), Antonio Carlos “Maguila”, Claudionor “Sócrates”, Cláudio Nunes, Elessandra, Osvaldo Borges, Iolanda Sapucaia de Oliveira, Marlene Sudário, Sebastião Antonio da Costa Neto, Maria José Ferreira Alves, Raniero Bassi, Ebson Silva “Boi”, Jadir Antunes, Cíntia, Adriana, Conceição, Cristine, Débora (Todas do BCR) entre muitos outros que fizeram história no esporte paralímpico de nosso país.

Blanco foi, mesmo com suas duas pernas quebradas, o Chefe da Delegação Brasileira nos Jogos Paralímpicos de Verão de Seul, em 1988, e representante do Presidente da Comissão Paralímpica Brasileira nos Jogos de Barcelona, em 1992. Chefiou ainda diversas delegações brasileiras aos Jogos Mundiais de Stoke Mandeville, Jogos Pan-Americanos e Jogos SulAmericanos. Foto: Acervo de Paulo Sérgio de Miranda

Justíssima, como todas as demais, a eleição do Blanco ao Hall da Fama da Memória do Esporte Paralímpico Brasileiro. Ele é uma das personalidades que jamais podem ser esquecidas. Ao Blanco, as nossa homenagens e uma saudade que, até hoje, dói no peito de todos aqueles que puderam com ele conviver. Blanco, ou simplesmente o “Seu Zé”, ficará para sempre. António Menescal publicado no Grupo Memória Paralímpica Brasileira no Facebook.

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Amigo de Zico, Nilton Santos (foto), Romário, Ronaldo e diversos outros craques do futebol brasileiro, Blanco promovia, a cada final de ano, o “Jogo das Estrelas” onde os atletas de futebol participavam de evento com a renda revertida à SADEF-RJ. Foto: Acervo da SADEF-RJ


PROFESSOR JOSÉ JÚLIO GAVIÃO DE ALMEIDA

Foto: Acervo pessoal de José Júlio Gavião de Almeida

Ainda acadêmico, o Professor Dr. Gavião começou a despertar o seu interesse pela educação física adaptada e pelo esporte paralímpico. No início dos anos 80, o jovem Gavião participou de um grande congresso de esportes no Rio de Janeiro. Quem sabe tenha sido o seu primeiro contato com duas de suas maiores dedicações profissionais, a educação física de alunos com deficiências e o esporte paralímpico. Suas asas e seu espírito o fizeram alçar grandes voos e sempre com destinos certos. Professor da Faculdade de Educação Física da UNICAMP, Gavião e a FEF foram responsáveis por uma grande gama de profissionais que hoje são expoentes do esporte paralímpico no Brasil. Ao homenageá-lo, estendemos aos Professores Edison Duarte, José Luis, Paulo Ferreira e tantos outros que ajudaram a fazer da FEF-UNICAMP um centro de referência no ensino, na pesquisa e na extensão no campo do conhecimento da atividade motora adaptada, do esporte paralímpico e, especificamente, da atividade esportiva de pessoas com deficiência visual. Professor José Júlio Gavião de Almeida, grande profissional e uma pessoa que traz alegria a todos, você está para sempre na memória do esporte paralímpico brasileiro e nos corações de todos que têm o privilégio de conviver e compartilhar de suas dedicações e seus compromissos.

Nota: No anexo 2 desse livro, nós vamos saber mais sobre o Professor Gavião e sobre o grande número de profissionais que a FEF-UNICAMP legou ao esporte paralímpico do Brasil. Memória Paralímpica

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LUIZ CLAUDIO ALVES PEREIRA

Foto: Acervo SADEF-RJ

Ex-atleta de judô convencional o jovem Luiz Claudio, no início dos anos 80, ainda na ABBR do Rio de Janeiro, durante o seu processo de recuperação de um acidente que o deixou com tetraplegia, foi apresentado ao esporte paralímpico. Foi nesse mesmo período que ganhou o apelido carinhoso de “Carauna”. Foi também na ABBR que Luiz Claudio se engajou e deu os seus primeiros passos no Movimento de Luta das Pessoas com Deficiência por seus Direitos de Cidadãos. Depois da ABBR, Luiz Claudio foi atleta da SADEF-RJ e da ANDEF, onde encerrou a sua carreira de atleta e de quem teve todo o apoio para o início de sua nova e igualmente vitoriosa carreira em funções de gestão do esporte paralímpico. Campeão paralímpico em Stoke Mandeville, em 1984, Seul, 1988 e Barcelona, em 1992, Luiz Cláudio foi Presidente da ABRADECAR, Coordenador de Esportes do IBDD, Vice-Presidente do CPB e atualmente é Presidente da Associação Brasileira de Rugby em Cadeira de Rodas. Detentor de dez medalhas paralímpicas, sendo 6 de ouro, e tendo quebrado por cinco vezes, em Jogos Paralímpicos, recordes mundiais no peso e no dardo, Luiz Cláudio é um dos maiores atletas paralímpicos brasileiros em toda história. O “Carauna”, estará para sempre na memória paralímpica brasileira.

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Em foto do autor, Luiz Claudio como porta bandeira da delegação Brasileira nos Jogos Paralímpicos de Seul, 1988.


PROFESSOR MÁRIO SÉRGIO FONTES

Foto: Acervo de Mário Sérgio Fontes

Mário ficou cego ainda na infância em função de uma acidente com um avião de aeromodelismo que soltou-se do cabo e o atingiu diretamente no rosto. Apaixonado por esporte, ele começou pelo atletismo. No início da dédaca de 80, Mário deixou a sua Curitiba e veio para o Rio de Janeiro treinar junto à maior equipe de atletismo olímpico brasileiro, a equipe da Saudosa Universidade Gama Filho. Um apaixonado pelo esporte paralímpico. Velocista e ex-atleta paralímpico em Nova Iorque, 1984, e Seul, 1988. Ex-Presidente da ABDC, entidade que ajudou a criar, Mário é uma das grandes personalidades do esporte paralímpico no Brasil. Mário estava nas primeiras equipes que introduziram o Goalball no Brasil. No futebol de 5, na sua época, era considerado um fenômeno. O Professor Mário foi, provavelmente, o primeiro cego a graduar-se em educação física em nosso país. Antes disso, na década de 70, Mário Ségio participou dos debates sobre as questões que envolviam as pessoas com deficiência e que tiveram lugar por todo o país. Mário, um lutador

Mário Sérgio Fontes, atleta B1 (F11) no salto em distância. Com ele na foto o Professor Cinésio Folman, atuando como “chamador”. Início dos anos 80.

Memória Paralímpica

207


pelos direitos da pessoas cegas, chegou a fazer parte da “COALIZÃO” , primeira tentativa de unificação do movimento de luta das pessoas com deficiência que englobava todas as áreas. Em 1981, com a decretação pela ONU do Ano Internacional da Pessoas com Deficiência, Mário Sérgio participou dos fóruns regionais e do grande fórum nacional, que aconteceu no Rio de Janeiro, com delegados de todas as regiões do Brasil. O mote da luta política podia ser resumido na frase “NADA SOBRE NÓS, SEM NÓS”. A partir de 1984, Mário, junto a outros pioneiros, começou o seu trabalho político para a criação da Associação Brasileira de Desporto para Cegos – ABDC.

Foto: Acervo de Mário Sérgio Fontes

Sem vendas, tampouco tampões, sem bandas laterais, com goleiros da classe B2, com a bola antiga de futsal, vivíamos uma era do futebol de 5 que passou e não voltará. Mário Sérgio, contudo, sempre estará na história. Melhor ainda, ele continua construindo essa história de um literal apaixonado pelo esporte paralímpico. O domínio de bola do Mário fazia com que a plateia até deixasse de perceber que ele era um jogador cego. Certa ocasião um técnico de uma equipe adversária disse, após um jogo, que não acreditava que o Mário fosse cego. No meio a discussão, o técnico lhe disse – Caso você seja mesmo cego eu rasgo o meu diploma. Nesse momento Mário tirou as suas duas próteses oculares e cobrou do professor o cumprimento da promessa. Com a criação da ABDC, em 1984, foi eleito Vice-presidente da entidade nacional, vindo a presidi-la posteriormente por dois mandatos. No mesmo ano de 1984, com a chegada do goalball ao Brasil, Mário Sérgio descobriu um nova paixão. Velocista e saltador de alto nível técnico, Mário Sérgio foi atleta das delegações brasileiras nos Jogos Paralímpicos de New York, em 1984 e em Seul, em 1988. Mário Sergio Fontes está para sempre no Hall da fama e na história do esporte paralímpico Brasileiro. 208


ROBSON SAMPAIO DE ALMEIDA E SERGIO SERAPHIN DEL GRANDE

Fotos: (Esquerda) Clube do Otimismo (Direita) Expressobsr.wordpress.com/tag/blog/page/3

OS FUNDADORES dos dois primeiros clubes destinados especificamente à pratica do esporte por pessoas com deficiência no Brasil, respectivamente o Clube do Otimismo, no Rio de Janeiro e o Clube do Paraplégico de São Paulo, CPSP na capital paulista. Vejam a história de vida e de lutas desses dois grandes brasileiros no capítulo 11 deste livro - pág. 62.

SELEÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL DE 5 Tetracampeã Mundial e Tetracampeã Paralímpica

Medalha de ouro em Beijing 2008 Foto: Acervo CBDC Memória Paralímpica

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A educação de crianças e jovens cegos começou no Brasil em 1854. Em 17 de setembro desse ano foi criado o Imperial Instituto dos Meninos Cegos. Depois da Proclamação da República Brasileira, o Instituto ganhou o nome daquele que foi seu professor e diretor por mais de 20 anos. Benjamin Constant Botelho de Magalhães, figura de expressão na história do Brasil e considerado o “Fundador da República Brasileira” dá o seu nome àquela instituição que foi a pioneira na educação de cegos em toda a América Latina e a primeira escola destinada a alunos com deficiência em todo o país. Já no século XX, o Instituto Benjamin Constant serve de modelo e dá origem a diversos institutos em muitos estados. Bahia, Minas Gerais, Mato Grosso, Rio Grande do Sul, Paraíba, São Paulo, Paraná, Espírito Santo, Maranhão e outros estados criam os seus Institutos de educação de cegos. Ainda no século passado, nas décadas de 40, 50 e 60 os meninos cegos desses Institutos, apaixonados por futebol, nos seus horários de recreio e de lazer iniciam atividades recreativas tendo o futebol como foco. Nos primeiros momentos, latas eram cheias de pedras e fechadas com as suas tampas. Assim começou o futebol de cegos no Brasil, hoje chamado futebol de 5. As latas, com o passar dos anos, foram substituídas por garrafas plásticas, igualmente cheias de pedras para que pudessem produzir ruídos e orientar as brincadeiras de “gol a gol” e até algumas “peladas”. A paixão do brasileiro pelo futebol sempre foi compartilhada pelas crianças cegas. No final da década de 70, aconteceram as primeiras competições interestaduais de futebol de cegos. A partir de 1984, a ABDC passou a gerir o futebol de cegos e todas as outras modalidades praticadas por atletas com deficiência visual. Foram organizados os primeiros campeonatos nacionais e o Brasil começou a participar de competições internacionais da modalidade. O ano era o de 1998. O Futebol de 5, ainda não modalidade paralímpica, consolidava as suas regras internacionais numa corrida para garantir a sua inclusão nos Jogos Paralímpicos de Atenas - 2004. Coube ao Brasil e a então ABDC a responsabilidade de organizarem o I

Na foto, os atletas brasileiros João Batista, Damião e Mizael Conrado de Oliveira, hoje presidente do CPB, erguem o troféu do campeonato. O Ivan agita a bandeira do Brasil, aparecendo na foto também o Professor Carlos Gonçalves, membro de Comissão técnica da ABDC. Foto: Acervo ABDC

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Campeonato Mundial de Futebol de 5 da IBSA, passo obrigatório para o reconhecimento da modalidade pelo Comitê Paralímpico Internacional - IPC. Nesse campeonato, Mizael foi escolhido como o melhor jogador de futebol de 5 do mundo. Naquela ocasião aconteceu também, em evento concomitante e na mesma cidade e instalações, o Mundial da IBSA de Futebol B2/B3. O Presidente da ABDC era o Dr. Vital Severino Neto, depois Presidente do CPB. O professor Wagner Xavier de Camargo, James Dean, foi o Secretário Geral dos dois eventos, cabendo ao professor António Menescal a coordenação geral dos mesmos. A equipe brasileira de futebol B1, tendo como técnico o professor Ramon Pereira de Souza, sagrou-se campeã no primeiro de muitos títulos internacionais que a maior equipe vencedora no esporte paralímpico mundial conquistou até hoje. A seleção brasileira de Futebol de 5 é a única equipe de uma modalidade coletiva a ser eleita e estar para sempre no Hall da Fama da Memória do Esporte Paralímpico Brasileiro. Em 2004, em Atenas, o futebol de cegos, com o nome de futebol de 5, ganhou o status de modalidade paralímpica. Novamente o Brasil sagrou-se campeão, vindo a repetir o feito em 2008, em Beijing, e em Londres, 2012. Invicta em edições dos Jogos Paralímpicos, a seleção brasileira de futebol de 5 conquistou também 6 Copas América e os Para-Panamericanos do Rio, em 2007 e Guadalajara, em 2011.

Foto: Acervo CBDV Pódio em Atenas 2004

Ao ser eleita para o “hall da Fama” do esporte paralímpico brasileiro, a seleção brasileira de futebol de 5 recebe o devido reconhecimento da comunidade paralímpica do nosso país. Esse reconhecimento ela já recebeu do IPC quando foi premiada como a melhor equipe de esporte coletivo, entre todas as modalidades, nos Jogos Paralímpicos de Londres 2012. Ao homenagear a equipe, estende-se a honraria a todos aqueles que participaram das campanhas sempre vitoriosas e a todos aqueles meninos que chutavam e vibravam com latas como bolas improvisadas. Da lata ao pódio. Da paixão pelo futebol ao ouro pan-americano, mundial e paralímpico. Na justiça da eleição o reconhecimento a todos que participaram dessa longa jornada. Memória Paralímpica

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Pódio em Londres 2012 Foto: Acervo CBDV

Conquistas da Seleção Brasileira de Futebol de 5 Copa América

Jogos Paralímpicos

1997 – Assunção/Paraguai - campeão

2004 – Atenas/Grecia - ouro

2001 – Paulínea/Brasil - campeão

2008 – Pequim/China - ouro

2003 – Bogotá/Colombia - campeão 2005 – São Paulo/Brasil - campeão 2009 – Buenos Aires/Argentina - campeão 2013 – Santa Fé/Argentina - campeão 2017 - Santiago / Chile - vice-campeão Jogos Parapan-Americanos

2012 – Londres/Inglaterra - ouro 2016 – Rio/Brasil - ouro Campeonatos Mundiais da IBSA 1998 – Paulínia/Brasil – campeão 2000 – Jerez de la Frontera/Espanha - campeão 2002 - Niterói/Brasil – 3º colocado

2007 – Rio de Janeiro/Brasil - ouro

2006 - Buenos Aires / Argentina - vice-campeão

2011 – Guadalajara/México - ouro

2010 – Hereford/Inglaterra - campeão

2015 - Toronto/Canadá - ouro

2014 – Japão - campeão 2018 - Madri / Espanha - campeão

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PROFESSOR WILSON FLÁVIO DA SILVA CORREIA - “WILSON CAJÚ”

Foto: Acervo pessoal Wilson Cajú

Pai, técnico, irmão, professor, amigo, ídolo, um pouco de tudo e muito mais no coração de suas alunas e atletas, assim é o Professor Wilson Cajú. Professor de educação física, com especialização em treinamento esportivo, ele é uma das principais personalidades do basquetebol em cadeira de rodas no Brasil, Wilson Cajú transformou Belém, no Estado do Pará, na capital do BCR feminino em nosso país. Técnico e Presidente do Clube dos Deficientes Físicos do Pará All Star Rodas, desde 1996, o Professor Wilson Cajú conquistou, como técnico de sua equipe, diversos títulos brasileiros. Foi Vice Presidente da Confederação Brasileira de Basquetebol em Cadeira de Rodas - CBBC, de 2000 a 2004. Dirigiu a seleção brasileira feminina de BCR nos Jogos Mundiais de Stoke Mandeville, em 1997, nos Jogos Parapan-Americanos de Gualadajara, em 2011 na Cidade do México, em 1999 e nos Jogos Paralímpicos de Londres em 2014. Em 2003, em Caracas, foi campeão dos Jogos pan-americanos com a seleção brasileira masculina. Foi Técnico da Seleção Brasileira feminina de basquetebol em cadeira de rodas na Copa das Américas na Guatemala, onde o Brasil foi Vice-campeão. Em 2005, foi técnico da seleção brasileira de basquetebol na Copa das Américas, em Colorado Springs, Estados Unidos. Nos Jogos Paralímpicos de Beijing, 2008, foi técnico da seleção brasileira e técnico da seleção brasileira feminina nos Jogos Parapan-americanos do Rio, em 2007. Foi vice-campeão nos Jogos Parapan-americanos na cidade de Mar Del Plata, na Argentina, em 2003.

Memória Paralímpica

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. Bernard e Blanco Foto: SADEF-RJ

BERNARD RAJZMAN E ZICO Enquanto Secretários de Esportes da Presidência da República, durante o Governo Fernando Collor de Mello, tanto Zico quanto Bernard contavam com José Gomes Blanco como um de seus assessores. Pela primeira vez, ainda na gestão do Zico na Secretaria, foi criado um departamento específico para as questões do esporte paralímpico no órgão central de esportes do Governo Federal. Ocupando esse Departamento estava, desde o início, o Professor Vanilton Senatore.

Zico com Blanco, Raul Quadros, Raniero Bassi, José Carlos Morais, Kennedy Martins, Antonio Carlos, “Pulga”, Aline e Ricardo Nascimento Foto: SADEF-RJ

É importante o resgate histórico da grande contribuição que os Secretários Bernard e Zico deram ao esporte paralímpico brasileiro. Aliás, Zico desde muito antes e depois de sua passagem pelo Governo Federal sempre apoiou o esporte de atletas com deficiência no Brasil. Bernard abriu muitas portas, conseguiu patrocínios e apoios e percebeu a importância da divulgação do esporte praticado por pessoas com deficiência. Ele foi um grande aliado na consolidação do esporte paralímpico no Brasil.

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LARS GRAEL E KLEBER VERÍSSIMO Dois grandes nomes na história paralímpica brasileira. Lars, enquanto Secretário Nacional do Esporte e Secretário de Esportes do Estado de São Paulo, sempre ofereceu o seu apoio ao esporte paralímpico. Kleber atuou como técnico de futebol de 7 e foi Diretor-Técnico do CPB nos ciclos paralímpicos de 1996 a 2004. Lars Grael e Kleber Veríssimo Foto: Acervo Kleber Veríssimo

RENAUSTO ALVES AMANAJÁS Um personagem que não pode deixar de ser lembrado na memória do esporte paralímpico brasileiro é o Renausto Alves Amanajás. Professor da Universidade Federal do Pará, desde da década de 90 transferido para Brasília, Renausto ocupou postos no Governo Federal, foi assessor da Presidência do CPB e seu Diretor-Técnico, ambos durante as duas gestões do Dr. Vital Severino Neto. Querido por todos, até os poucos adversários políticos que teve no esporte paralímpico tinham por ele uma admiração pessoal. Renausto nos deixou muito cedo, a sua contribuição ao desporto paralímpico brasileiro poderia ser estendida e o seu trabalho e sua dedicação têm de ser honrados.

Renausto Alves Amanajás Foto: Acervo pessoal família Amanajás

Renausto, mano, hoje você é uma enorme saudade e um vazio no coração de todos os seus muitos amigos. DAVID FARIAS COSTA David, Presidente da ABDC/CBDC, é um guereiro do esporte de cegos e do esporte paralímpico brasileiro. A história segue e nós não podemos deixar no esquecimento guerreiros de muitas batalhas.

David entre a Mônica e Dona Dorina de Gouveia Nowil. Vemos também Dudu Braga, Maurício de Souza e Dorinha, mascote dos Jogos Mundiais da IBSA, São Paulo – 2007. Lançamento dos pictogramas dos Jogos, todos de autoria de Maurício de Souza. Foto: Acervo da CBDC,

Memória Paralímpica

215


MINISTRO PELÉ E O PROFESSOR RIVALDO ARAÚJO DA SILVA Pelé, no seu curto período como Ministro Extraordinário do Esporte, nunca negou o seu apoio e sempre emprestou a sua figura pública ao esporte paralímpico brasileiro. A inclusão dos atletas e do esporte paralímpico na chamada “Lei Pelé” sempre contou com o seu apoio. Professor Rivaldo Araújo em Atlanta. Jogos Paralímpicos de 1996. Nosso Ministro do Esporte, Pelé, esteve presente durante a realização dos Jogos. Foto: Acervo pessoal de Rivaldo Araújo

Rivaldo, desde a década de 80, sempre esteve vinculado às áreas do Governo Federal responsáveis pelo esporte e pelo esporte paralímpico no Brasil. Um amigo do esporte paralímpico, teve a oportunidade de participar de todas as delegações brasileiras em Jogos Paralímpico desde 1992, em Barcelona. Hoje o Professor Rivaldo é um dos consultores do Projeto Memória Paralímpica Brasileira. EDILSON ALVES DA COSTA – TUBIBA Tubiba e Andrew nos Jogos Parapan- Americanos de 2015, Toronto Canadá.

Tubiba e Andrew nos Jogos Parapan- Americanos de 2015, Toronto Canadá. Foto: CPB

O Professor Tubiba foi o Diretor-Técnico do CPB até meses antes dos Jogos de Beijing, 2008. Em 2009 retornou à função onde permaneceu nos Ciclos de Londres 2012 e Rio 2016. Profissional absolutamente dedicado e comprometido, Tubiba foi o responsável técnico pelo melhores resultados de delegações brasileiras em Jogos Paralímpicos. CIRALDO DE OLIVEIRA REIS Ciraldo entrou no movimento paralímpico em meados da década de 90, através da ABRADECAR. A ele foi delegada pelo Presidente Luiz Claudio Pereira a coordenação da Revista Toque a Toque. Depois

Ciraldo de Oliveira Reis Foto: CPB

216


disso Ciraldo atuou como representante do CPB junto ao Poder Legistativo Federal quando dos trâmites para as aprovações da Lei Pelé e do substitutivo do Projeto do Senador Pedro Piva que, quando chegou à Cãmara dos Deputados incorporou um substitutivo do Deputado Agnelo Queiroz, onde garantia recursos da Loterias da Caixa Econômica Federal também para o CPB, já que o Projeto do Senado só beneficiava o COB. A chamada Lei Agnelo-Piva foi sancionada pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso em 2001. Ciraldo também atuou na área de marketing do CPB, sempre buscando as parcerias institucionais e os apoios ao desenvolvimento do esporte paralímpico brasileiro. Eleito Presidente da ABRADECAR, Ciraldo exerceu a função até a interrupção das ações da entidade.

Tia Zaíra e o Dr. Roberto Vital Foto: CPB

TIA ZAÍRA E O DR. ROBERTO VITAL Renausto Alves Amanajás escreveu: Tia Zaíra e o Dr. Roberto Vital são exemplos de dedicação e competência no que fazem. Tia Zaira, uma vida inteira de carinho e abnegação. Roberto Vital, um ótimo caráter e profissional que não mede esforços para atender a todos com mesmo zelo e compromisso profissional. Sem jamais perderem a ternura esta dupla fez e faz história no movimento paralimpico. ANA CARLA MARQUES TIAGO CORREA Ana foi assessora da Presidência do CPB durante os oito anos de gestão do Dr. Vital Severino Neto. Ela foi uma das principais responsáveis pela organização e estruturação do CPB em sua nova sede, em Brasilia, foi ainda a responsável pelos contatos institucionais do CPB, com autoridades, empresas, órgãos públicos e apoiadores.

Ana Carla, ao lado de Renausto Amanajás e funcionários do CPB em Beijing, 2008. Foto: Acervo de Renausto Alves Amanajá

Memória Paralímpica

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Antes da sua ida para o CPB, Ana Carla atuou em diversas funções públicas em órgãos do Governo Federal com ações vinculadas ao esporte paralímpico no Brasil. DR. SYLVIO MOREIRA Dr. Sylvio, desde a década de 70 médico vinculado à ANDE e de muitas delegações brasileiras, recebeu do CPB o seu merecido reconhecimento no Prêmio Paralímpicos de 2017. Dr. Sylvio no Prêmio Paralímpicos de 2017. Foto: CPB

PROFESSORA TERESA COSTA D’AMARAL

A Professora Teresa com uma das voluntárias que atuaram junto à nossa delegação nos Jogos Paralímpicos de Atlanta – 1996 Foto: Acervo pessoal Teresa Amaral

Em outubro de 1986 foi criada a COORDENADORIA NACIONAL PARA A INTEGRAÇÃO DA PESSOA PORTADORA DE DEFICIÊNCIA – CORDE/PR (nomenclatura utilizada na época), vinculada à Presidência da República. Sua primeira coordenadora foi a Professora Teresa Costa D’Amaral, profissional já com um expressivo trabalho anterior na área da deficiência. A Professora Teresa foi a grande idealizadora e a maior responsável pela criação do órgão que visava, junto à Presidência da República, articular todas as ações dos diversos Ministérios nas questões que traziam interesse às pessoas com deficiência. 218


Desfile da delegação brasileira, chefiada pela Professora Teresa Costa D’Amaral, na abertura dos Jogos Paralímpicos de Atlanta-1996. foto: Acervo pessoal Teresa Amaral

Em 1988 e sob sua coordenação, tendo o Professor Vanilton Senatore como seu Coordenador-Adjunto, a CORDE foi a grande responsável pela preparação e pela participação da delegação brasileira aos JOGOS PARALÍMPICOS DE SEUL, na Coreia do Sul. Em 1992 e ainda, nos preparativos e na participação de nossa delegação em Barcelona 92, a CORDE era um dos órgãos governamentais que compunham a COMISSÃO PARALÍMPICA BRASILEIRA, em ação, nessa ocasião, capitaneada pela Secretaria de Desportos da Presidência da República, SEDES/PR. Em 1996, a Professora Teresa chefiou a delegação brasileira aos Jogos Paralímpicos de Atlanta. Depois de algum tempo trabalhando junto à ANDEF, Teresa funda o Instituto Brasileiro de Defesa dos Direitos das Pessoas com DeficiênciaIBDD. Lá ela inclui os esportes paralímpicos como uma das ações do Instituto. Foram formadas equipes de diversas modalidades que contavam, inclusive, com diversos atletas medalhistas paralímpicos. Esse registro, por justiça e reconhecimento, enaltece a importância de uma profissional de destaque nacional que sempre lutou pelos direitos das pessoas com deficiência no Brasil e, mesmo sem ser da área, reconheceu a importância dos esportes paralímpicos e por eles trabalhou e se dedicou.

Memória Paralímpica

219


CAPÍTULO

20

Medalhistas Paralímpicos Brasileiros (de 1976 a 2008)

Evolução do número de atletas e da participação de atletas homens e mulheres em Jogos Paralímpicos de Verão

Jogos

Ano

Número de atletas

Países

Homens

Mulheres

% de Mulheres

Roma, Itália

1960

400

23

ND*

ND*

ND*

Tóquio, Japan

1964

375

21

ND*

ND*

ND*

Tel Aviv, Israel

1968

750

29

ND*

ND*

ND*

Heidelberg, Alemanha

1972

1.004

43

798

210

20,9

Toronto, Canada

1976

1.657

40

1.404

253

15,2

Arnhem, Holanda

1980

1.973

43

1.614

359

18,2

New York, EUA/Stoke Mandeville, UK 1984

2.096

45

1.561

535

25.5

Seoul, Coreia

1988

3.059

61

2.379

680

22,2

Barcelona, Espanha

1992

3.001

83

2.301

700

23.3

Atlanta, EUA

1996

3.259

104

2.470

791

24,3

Sydney, Australia

2000

3.881

122

2.891

991

25,5

Atenas, Grécia

2004

3.81

135

2.645

1.165

30,6

Beijing, China

2008

4.011

146

2.628

1.383

34,5

Londres, Reino Unido

2012

4.302

164

2.776

1.510

35,1

Rio de Janeiro, Brasil

2016

4.328

160

2.657

1.671

38,6

Fonte: BENCHMARK GAMES: The Sydney 2000 Paralympic Games Richard Cashman and Simon Darcyl

220


Histórico dos Medalhistas Paralímpicos Brasileiros

Parte 1

Jogos Paralímpicos de Toronto 1976

Atleta

Modalidade

Prova

Classif. Medalha

Luiz Carlos da Costa

Atletismo

Lawn Bowls

2a6

Prata

Lawn Bowls

2a6

Prata

Robson Sampaio de Almeida

Jogos Paralímpicos de Stoke Mandeville e New York 1984 New York Atleta

Modalidade

Prova

Classif. Tempo

Medalha

Marcia Malsar

Atletismo

200m rasos

C6

34:83 RM

Ouro

Marcia Malsar

Atletismo

1000m Cross Country

C6

5m e 50s

Prata

Anelise Hermany

Atletismo

100m rasos

B2

14:58

Prata

Anelise Hermany

Atletismo

salto em distância

B2

4:19m

Prata

Marcia Malsar

Atletismo

60m

C6

10s60

Bronze

Anelise Hermany

Atletismo

800m

B2

2min 38 s 87

Bronze

Memória Paralímpica

221


Jogos Paralímpicos de Stoke Mandeville e New York 1984 Stoke Mandeville

222

Atleta

Modalidade

Prova

Classif. Marca

Medalha

Luiz Cláudio Pereira

Atletismo

dardo

1C

20,40m RM

Ouro

Luiz Cláudio Pereira

Atletismo

peso

1C

7,07 m RM

Ouro

Amintas Piedade

Atletismo

peso

1C

3,59m

Ouro

Amintas Piedade

Atletismo

dardo

1C

7,12m

Ouro

Miracema Ferraz

Atletismo

peso

1A

2,18m

Ouro

Maria Jussara Mattos

Atletismo

4 x 50 medley

6

4min15s68

Ouro

Amintas Piedade

Atletismo

slalon

1C

1min48s29

Prata

Amintas Piedade

Atletismo

disco

1C

8,48m

Prata

Miracema Ferraz

Atletismo

disco

1C

38s47

Prata

Miracema Ferraz

Atletismo

100m

1A

1 min 22s 80

Prata

Miracema Ferraz

Atletismo

200m

1A

3min 08s 20

Prata

Miracema Ferraz

Atletismo

400m

1A

5min 28s 39

Prata

Miracema Ferraz

Atletismo

800m

1A

1 min 42s 15

Prata

Luiz Cláudio Pereira

Atletismo

pentatlo

1C

5892,8 pts

Prata

Luiz Cláudio Pereira

Atletismo

disco

1C

20,40m

Prata

Maria Jussara Mattos

Natação

100m livre

6

1min 42s 77

Prata

Maria Jussara Mattos

Natação

100m costas

6

1min 56s 74

Prata

Marcelo Amorim (Índio)

Natação

4 x 50 Medley

5

3 min 15s 81

Prata

Marcelo Amorim (Índio)

Natação

100m costas

5

1min 24s 79

Prata

Marcelo Amorim (Índio)

Natação

100m peito

5

1min 47s 79

Prata

Marcelo Amorim (Índio)

Natação

100m livre

5

1min 13s 94

Bronze

Jorge Graciano (Parré)

Atletismo

100m

3

13s 53

Bronze


Parte 2

Jogos Paralímpicos de Seul 88 Atleta

Modalidade

Prova

Classif. Marca

Medalha

Graciana Moreira Alves

Natação

100m livre

6

1min 19s 45

Ouro

Luiz Cláudio Pereira

Atletismo

peso

1C

8,61m RM

Ouro

Luiz Cláudio Pereira

Atletismo

dardo

1C

20,90 m RM

Ouro

Luiz Cláudio Pereira

Atletismo

disco

1C

25,10m RP

Ouro

Luiz Claúdio Pereira

Atletismo

pentatlo

1C

4386,06 Pts

Prata

Ádria Rocha Santos

Atletismo

100m

B2

13s35

Prata

Ádria Rocha Santos

Atletismo

400m

B2

1 min 03s 99

Prata

Anelise Hermany

Atletismo

800m

B2

2 min 32s 50

Prata

Cesar Antonio Gualberto Atletismo

400m

B1

54s21

Prata

Cláudio Nunes Silva

Atletismo

dardo

C6

25,14m

Prata

Elmo Ribeiro

Atletismo

400m

B2

52s36

Prata

Márcia Malsar

Atletismo

100m

C6

16s06

Prata

Maria Jussara Mattos

Natação

100m borboleta

6

1min 45s 10

Prata

Graciana Moreira Alves

Natação

100m peito

1A

2min 14s 19

Bronze

Graciana Moreira Alves

Natação

100m borboleta

1A

1min 45 s 52

Bronze

Anelise Hermany

Atletismo

400m

B2

1min 05s 94

Bronze

Maria Jussara Mattos

Natação

100m livre

6

1min 42s 77

Bronze

Carlos Sestrem

Atletismo

Maratona

B1

3h 01min 59s

Bronze

Fábio Ricci

Natação

25m costas

1C

26s 81

Bronze

Fábio Ricci

Natação

25m peito

1C

31s 31

Bronze

Fábio Ricci

Natação

100m livre

1C

2min 08s 04

Bronze

Iranilson Oliveira (Tita)

Atletismo

100m

5e6

16s 25

Bronze

Jaime Oliveira

Judô

até 60 kg

Bronze

Júlio Silva

Judô

Até 65 Kg

Bronze

Leonel Cunha Filho

Judô

Acima de 95kg

Bronze

Leandro Ramos Santos

Natação

100m borboleta

Sebastião Costa Neto

Peso

Memória Paralímpica

L6

1min 17s 53

Bronze

C6

9,58

Bronze

223


Parte 3

Jogos Paralímpicos de Barcelona 92

Atleta

Modalidade

Prova

Classif. Marca

Medalha

Luiz Cláudio Pereira

Atletismo

Peso

THW 4

9,03 RM

Ouro

Suely Guimarães

Atletismo

Disco

THW 7

22,40 RM

Ouro

Ádria Rocha Santos

Atletismo

100m

B2

13:52

Ouro

Eduardo Wanderley

Natação

50m borboleta

S3 e S4

1min 14s 07

Bronze

Genezi Alves de Andrade

Natação

50m costas

S3

1min 07s 58

Bronze

Anelise Hermany

Atletismo

800m

B2

2min 38 s 87

Bronze

Sebastião da Costa Neto

Atletismo

Club

C6

34,50m

Bronze

Parte 4

Jogos Paralímpicos de Atlanta 96

224

Atleta

Modalidade

Prova

Classif. Marca

Medalha

Antonio Tenório da Silva

Judô

até 86kg

B1

Ouro

José Afonso Medeiros (Caco) Natação

50m borboleta

S7

33s78

Ouro

Ádria Rocha Santos

Atletismo

200m

T11

26s15

Prata

Ádria Rocha Santos

Atletismo

400m

T11

59s97

Prata

Douglas Amador

Atletismo

200m

T37

12s31

Prata

Genezi Alves Andrade

Natação

150m medley

SM3

3min 34s 32

Prata

Douglas Amador

Atletismo

100m

T37

12s31

Bronze

Douglas Amador

Atletismo

salto em distância

F24-37

5,42m

Bronze

Genezi Alves Andrade

Natação

100m

S3

2min 01s 97

Bronze

Genezi Alves Andrade

Natação

200m livre

S3

4min 15s 76

Bronze


Atleta

Modalidade

Prova

Classif. Marca

Medalha

Josias Lima

Atletismo

Peso

F52

7,11m

Bronze

Adriano Galvão Pereira

Natação

50m livre

S2

1min 45s 52

Bronze

Adriano Galvão Pereira

Natação

100m livre

S2

2min 54s 50

Bronze

Adriano Lima

Natação

50m livre

S2

2min 54s 50

Bronze

Anderson Lopes

Atletismo

Disco

F36

37,46

Bronze

Gledson Soares

Natação

200m medley

SM7

2min 54s 10

Bronze

Ivanildo Vasconcelo

Natação

100m peito

SB4

1min 46s 55

Bronze

Suely Guimarães

Atletismo

disco

F55-57

24,5m

Bronze

Maria José Alves

Atletismo

100m

T12

13s 38

Bronze

Maria José Alves

Atletismo

200m

T12

26s87

Bronze

Parte 5 Jogos Paralímpicos de Sydney 2000 Atleta

Modalidade

Prova

Classif. Marca

Medalha

Fabiana Harumi Sugimori

Natação

50m livres

S11

33s 51

Ouro

Ádria Rocha Santos

Atletismo

100m

T11

12s 46

Ouro

Ádria Rocha Santos

Atletismo

200m

T11

24s 99

Ouro

Antônio Tenório da Silva

Judô

até 90kg

B1

Ouro

Roseana Ferreira dos Santos (Rosinha) Atletismo

peso

9,00m

Ouro

Roseana Ferreira dos Santos (Rosinha)

Atletismo

disco

31,58m

Ouro

Ádria Rocha Santos

Atletismo

400m

T11

24s 99

Prata

André Garcia

Atletismo

100m

T13

11s 39

Prata

André Garcia

Atletismo

200m

T13

22s 75

Prata

Adriano Lima

Natação

100m livre

S6

1min 32s 17 Prata

Antônio Delfino

Atletismo

400m livre

T46

50s 27

Clodoaldo Silva

Natação

100m livre

S4

1min 32s 17 Prata

Mauro Brasil

Natação

50m livre

S9

27s17

Adriano Lima

Natação

4 x 50m livre

2min 39s 82 Prata

Clodoaldo Silva

Natação

4 x 50m livre

2min 39s 82 Prata

Memória Paralímpica

Prata Prata

225


Atleta

Modalidade

Prova

Classif. Marca

Joon Sok Seo

Natação

4 x 50m livre

2min 39s 82 Prata

Adriano Lima

Natação

4 x 50 medley

2min 41s 40 Prata

Clodoaldo Silva

Natação

4 x 50 medley

2min 41s 40 Prata

Francisco Avelino

Natação

4 x 50m medley

2min 41s 40 Prata

Luis Silva

Natação

50m borboleta

Luis Silva

Natação

4 x 50m livre

2min 39s 82 Prata

Luis Silva

Natação

4 x 50m medley

2min 41s 40 Prata

Anderson Lopes

Atletismo

disco

F37

42,97m

Bronze

Clodoaldo Silva

Natação

50m livres

S4

41s 62

Bronze

Danilo Glasser

Natação

50m livres

S10

25s 89

Bronze

Genezi Alves de Andrade

Natação

150m medley

SM3

3min 34s 97 Bronze

Adriano Lima

Natação

4 X 100m livre

4min 12s 18 Bronze

Danilo Glasser

Natação

4 X 100m livre

4min 12s 18 Bronze

Fabiano Machado

Natação

4 x 100m livre

4min 12s 18 Bronze

Mauro Brasil

Natação

4 X 100m livre

4min 12s 18 Bronze

Gledson Soares

Natação

4 X 100m livre

4min 12s 18

S6

34s 15

Medalha

Prata

Bronze (eliminatória)

Luis Silva

Natação

4 X 100m livre

4min 12s 18

Bronze (eliminatória)

Adriano Biggi da Costa

Futebol de 7

Bronze

Douglas Amador

Futebol de 7

Bronze

Fábio Ferreira

Futebol de 7

Bronze

Jean Adriano Rodrigues

Futebol de 7

Bronze

João Alves Pereira

Futebol de 7

Bronze

Luciano Rocha

Futebol de 7

Bronze

Marcio Lopes

Futebol de 7

Bronze

Marcos Willian da Silva

Futebol de 7

Bronze

Moisés Tamiozzo

Futebol de 7

Bronze

Marcos dos Santos Ferreira

Futebol de 7

Bronze

Romildo Chiavelli

Futebol de 7

Bronze

226


Parte 6

Jogos Paralímpicos de Atenas 2004 Atleta

Modalidade Prova

Classif.

Luis Silva

Natação

4 x 50m medley

até 20 pts 2min37s46

Ouro

Adriano Lima

Natação

4 x 50m medley

até 20 pts 2min37s46

Ouro

Clodoaldo Silva

Natação

4 x 50m medley

até 20 pts 2min37s46

Ouro

Francisco Avelino

Natação

4 x 50 medley

até 20 pts 2min37s46

Ouro

André Garcia

Atletismo

200m

T13

22s70

Ouro

Ádria Santos

Atletismo

100m

T11

12s55

Ouro

Antônio Delfino

Atletismo

200m

T46

22s41

Ouro

Antônio Delfino

Atletismo

400m

T46

22s41

Ouro

Antônio Tenório da Silva Judô

até 100 kg

B1

Clodoaldo Silva

Natação

50m livre

S4

35s41

Ouro

Clodoaldo Silva

Natação

200m livre

S4

2min55s74

Ouro

Clodoaldo Silva

Natação

100m livre

S4

1min19s51

Ouro

Clodoaldo Silva

Natação

50m borboleta

S4

45s12

Ouro

Clodoaldo Silva

Natação

150m medley

SM4

2min37s46

Ouro

Fabiana Sugimori

Natação

50m livre

S11

32s35

Ouro

Suely Guimarães

Atletismo

disco

F56

24,30m

Ouro

Andreonni Fabrizius

Futebol de 5 goleiro

Ouro

Fábio Vasconcelos

Futebol de 5 goleiro

Ouro

Anderson Dias

Futebol de 5

B1

Ouro

Damião Robson

Futebol de 5

B1

Ouro

João Batista

Futebol de 5

B1

Ouro

Marcos Felipe

Futebol de 5

B1

Ouro

Mizael Conrado

Futebol de 5

B1

Ouro

Nilson Pereira

Futebol de 5

B1

Ouro

Sandro Soares

Futebol de 5

B1

Ouro

Severino Gabriel

Futebol de 5

B1

Ouro

Memória Paralímpica

Marca

Medalha

Ouro

227


228

Atleta

Modalidade Prova

Classif.

Marca

Medalha

André Garcia

Atletismo

100m

T13

11s06

Prata

Ádria Santos

Atletismo

200m

T11/T12

57s46

Prata

Ádria Santos

Atletismo

5000m

T12

25s60

Prata

Odair dos Santos

Atletismo

1500m

T12

15min00s80

Prata

Odair dos Santos

Atletismo

5000m

T12

3min54s06

Prata

Edênia Garcia

Natação

50m costas

S4

51s51

Prata

Eduardo Amaral

Judô

até 73kg

B3

Gilson dos Santos

Atletismo

800m

T13

1min56s81

Prata

Ivanildo Vasconcelos

Natação

100m peito

SB4

1min48s33

Prata

Karla Cardoso

Judô

até 48 Kg

B3

Clodoaldo Silva

Natação

rev 4 X 50m livre

2min 32s 34

Prata

Adriano Lima

Natação

rev 4 X 50m livre

2min 32s 34

Prata

Jiin Sok Seo

Natação

rev 4 X 50m livre

2min 32s 34

Prata

Luis Silva

Natação

rev 4 X 50m livre

2min 32s 34

Prata

Marcos Willian da Silva

Futebol de 7

Prata

Adriano Biggi Costa

Futebol de 7

Prata

Fabiano Bruzzi

Futebol de 7

Prata

Flávio Dino

Futebol de 7

Prata

Jean Adriano Rodrigues

Futebol de 7

Prata

José Carlos Monteiro

Futebol de 7

Prata

Leandro Marinho

Futebol de 7

Prata

Luciano Rocha

Futebol de 7

Prata

Marcos dos Santos Ferreira Futebol de 7

Prata

Moisés Tamiozzo

Futebol de 7

Prata

Peterson Rosa

Futebol de 7

Prata

Renato da Rocha

Futebol de 7

Prata

Daniele Bernardes Silva

Judô

até 57kg

Francisco Avelino

Natação

100m peito

SB4

1min49s37

Bronze

Maria José Alves

Atletismo

200m

T12

26s20

Bronze

Maria José Alves

Atletismo

100m

T12

12s70

Bronze

Odair Ferreira dos Santos

Atletismo

800m

T12

1min54s08

Bronze

Ozivam Bonfim

Atletismo

5000m

T46

15min 02s09

Bronze

Terezinha Guilhermina

Atletismo

400m

T12

57s52

Bronze

Prata

Prata

Bronze


Parte 7

Jogos Paralímpicos de Beijing 2008

Atleta

Modalidade

Prova

Classif.

Marca

Medalha

André Brasil Esteves

Natação

100m borboleta

S10

56s47

Ouro

André Brasil Esteves

Natação

50m livre

S10

23seg61

Ouro

André Brasil Esteves

Natação

400m livre

S10

4min05seg84

Ouro

Antonio Tenório da Silva Judô

até 100kg

B1

Daniel Dias

Natação

100m livre

S5

1min11seg05

Ouro

Daniel Dias

Natação

50m costa

S5

35seg28

Ouro

Daniel Dias Daniel Dias

Natação Natação

200m livre

S5

2min32seg32

Ouro

200m medley

SM5

2min52seg60

Ouro

Dirceu Pinto

Bocha

BC4

3x1

Ouro

Dirceu Pinto

Bocha

BC4 dupla

5x2

Ouro

Eliseu Santos

Bocha

BC4 dupla

5x2

Ouro

Lucas Prado

Atletismo

100m rasos

T11

1s03

Ouro

Lucas Prado

Atletismo

200m rasos

T11

22s48

Ouro

Lucas Prado

Atletismo

400m rasos

T11

50s27

Ouro

Terezinha Guilhermina

Atletismo

200m rasos

T11

25s14

Ouro

Andreoni Fabrizius

Futebol de 5

goleiro

Damião Robson

Futebol de 5

Fábio Vasconcelos

Futebol de 5

Jefferson Gonçalves

Futebol de 5

B1

Ouro

João Batista

Futebol de 5

B1

Ouro

Marcos Felipe

Futebol de 5

B1

Ouro

Mizael Conrado

Futebol de 5

B1

Ouro

Ricardo Alves

Futebol de 5

B1

Ouro

Sandro Soares

Futebol de 5

B1

Ouro

Severino Gabriel

Futebol de 5

B1

Ouro

Ouro B1

goleiro

Memória Paralímpica

Ouro

Ouro Ouro

229


230

Atleta

Modalidade

Prova

Classif.

Marca

Medalha

André Brasil Esteves

Natação

200m medley

S5

2min14seg20

Prata

Daniel Dias

Natação

50m borboleta

SB4

36seg25

Prata

Daniel Dias

Natação

100m peito

S5

1min40seg39

Prata

Daniel Dias

Natação

50m livre

33seg56

Prata

Deane Almeida

Judô

+ 70 Kg

B2

Phelipe Rodrigues

Natação

100m livre

S10

54seg22

Prata

Phelipe Rodrigues

Natação

50m livre

S10

24seg64

Prata

Luiz Algacir da Silva

Tênis de mesa equipe

C3

Prata

Welder Camargo Knaf

Tênis de mesa equipe

C3

Prata

Clodoaldo Silva

Natação

rev medley

até 20 pts 2min39seg 31

Prata

Ivanildo Vasconcelos

Natação

rev medley

até 20 pts 2min39seg 31

Prata

Daniel Dias

Natação

rev medley

até 20 pts 2min39seg 31

Prata

Luis Silva

Natação

rev medley

até 20 pts 2min39seg 31

Prata

André Luis Oliveira

Atletismo

rev 400m

T44/T55

45seg25

Prata

Yohansson Ferreira

Atletismo

rev 400m

T44/T55

45seg25

Prata

Claudemir Santos

Atletismo

rev 400m

T44/T55

45seg25

Prata

Alan Fonteles

Atletismo

rev 400m

T44/T55

45seg25

Prata

Shirlene Coelho

Atletismo

Dardo

F37

36,95m

Prata

Terezinha Guilhermina

Atletismo

100m rasos

T11

12seg40

Prata

Tito Alves de Sena

Atletismo

maratona

T46

2h30min49seg Prata

Ádria Rocha Santos

Atletismo

200m rasos

T11

13seg07

Michele Ferreira

Judô

(- ) 48 kg

Bronze

Danielle Bernardes Silva Judô

(- ) 57 kg

Bronze

Edênia Garcia

Natação

50m livre

Eliseu Santos

Bocha

BC4

S4

Prata

53seg28

Bronze

Bronze Bronze

Odair Ferreira dos Santos Atletismo

1500m

T12

4min53seg35

Bronze

Odair Ferreira dos Santos Atletismo

800m

T12

1min53seg76

Bronze

Odair Ferreira dos Santos Atletismo

10000m

T12

31min57seg91

Bronze

T11

26seg09

Bronze

Jerusa Santos

Atletismo

200m rasos

Marcos Fernandes Alves

Hipismo

adestramento

67.714

Bronze

Marcos Fernandes Alves

Hipismo

adestramento

67.733

Bronze


Atleta

Modalidade

Prova

Elton Santana

Remo

Josiene Lima

Classif.

Marca

Medalha

dupla mista

4min28seg36

Bronze

Remo

dupla mista

4min28seg36

Bronze

Clodoaldo Silva

Natação

rev 4 X50m livre

20pts

2min 30seg 17

Bronze

Joon Sok Seo

Natação

rev 4 X50m livre

20pts

2min 30seg 17

Bronze

Daniel Dias

Natação

rev 4 X50m livre

20pts

2min 30seg 17

Bronze

Adriano Lima

Natação

rev 4 X50m livre

20pts

2min 30seg 17

Bronze

Fabiana Sugimori

Natação

50m livre

S11

32seg45

Bronze

Terezinha Guilhermina

Atletismo

400m rasos

T11

57seg02

Bronze

Verônica Almeida

Natação

50m borboleta

S7

36seg45

Bronze

Yohansson Ferreira

Atletismo

200m rasos

T46

11seg25

Bronze

fonte dos resultados: CPB

Fonte: CPB

Memória Paralímpica

231


CAPÍTULO

21

Galeria de Fotos - O Brasil nos Jogos Paralímpicos de 1984 a 2008

Nesse capítulo, o nosso objetivo maior é demonstrar a riqueza do cotidiano dentro das diversas delegações brasileiras nas edições dos Jogos Paralímpicos. Um outro objetivo é o de resgatar componentes dessas mesmas delegações, muitos deles com papéis muito importantes no desenvolvimento do esporte paralímpico do Brasil. A informalidade dos textos das legendas pretende traduzir a descontração, a alegria e o prazer de representar o nosso país em eventos grandiosos como os Jogos Paralímpicos.

1- New York, 1984

Anelise Hermany, nossa porta bandeira em New York 1984. Anelise foi a nossa porta bandeira na cerimônia de encerramento dos Jogos. Na abertura essa honra coube ao atleta Mário Sérgio Fontes. Foto: Acervo de Paulo Sérgio de Miranda

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Delegação Brasileira aos Jogos Paralímpicos de New York 1984. Foto: Acervo de Paulo Sérgio de Miranda

2 - Stoke Mandeville 1984

Miracena Ferraz, Jorge Graciano, o “Parré”, Roberto Carlos, José Carlos Morais, Iranilson Silva, o “Tita”, Paulinho, Eduardo Wanderley, Marcelo Amorim, o “Índio”, Luiz Claudio, João Batista e o Professor Douglas. Parte da delegação brasileira aos Jogos Paralímpicos de Stoke Mandeville, 1984, com atletas do basquete, da natação e do atletismo. Foto: Acervo de Rogério Barboza

Memória Paralímpica

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3 - Seul, 1988

Nossa delegação no desfile da Cerimônia de Abertura dos Jogos. Foto: Acervo do autor.

Jogos Paralímpicos de Seul 1988. Parte da nossa delegação no “aquecimento” para a Cerimônia de Abertura dos Jogos. Foto: Acervo do autor

Cerimônia da Bandeira Nacional na Vila Paralímpica, antes dos Jogos Paralímpicos de Seul, 1988. No palanque, José Gomes Blanco, chefe da delegação brasileira. Foto: Acervo do autor

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Parte da delegação brasileira na Vila Paralímpica de Seul. Foto: Acervo do autor

No placar de led, a entrada da então bandeira paralímpica e a menção ao ICC como entidade internacional responsável pelo evento. Abertura dos Jogos. Foto: Acervo do autor

Logo dos Jogos em um parque de Seul. Essa logomarca também era utilizada como logo oficial do ICC. Foto: Acervo do autor

Memória Paralímpica

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Da esquerda para direita João Luiz (BCR), Fábio Ricci (natação), Paulinho, Ricardo e Celso Lima (BCR), Graciana (natação), Professora Edna Garcez, Paulo Roberto e Malu (atletismo). Foto: Acervo do autor

Seul 88. Graciana Moreira Alves, nadadora medalhista de ouro, leva a Bandeira Brasileira para tremular na Vila Paralímpica. Foto: Acervo do autor

As cerimônias de abertura e encerramento dos Jogos Olímpicos e dos Paralímpicos na Coreia, em 1988, foram exatamente as mesmas. Essa foi a única vez em que isso ocorreu. Foto: Acervo do autor

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Os médicos da delegação, Dra. Amália e Dr. Sylvio Moreira, o atleta Eduardo Wandeley, o técnico de Natação, Professor Gilberto Aguiar e o Professor Antonio Menescal durante um dos treinos da equipe de natação pré-competição. Seul 1988. Foto: Acervo do autor

Graciana Alves, medalhista de ouro em Seul e a Dra. Amália, médica da delegação. Foto: Acervo de Paulo Sérgio de Miranda

Nossa delegação formada na cerimônia de abertura. Na foto de António Memescal estão, entre outros, Doinha, Hélio dos Santos, Ivaldo Brandão, Dr. Sylvio Moreira, Marcos Pacheco, Leila Cristiane e Sebastião Antonio. Foto: Acervo do Autor

Memória Paralímpica

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Seul 88 foi o marco da união definitiva dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos. Os seus símbolos estariam juntos para sempre. Foto: Acervo do autor

Sérgio, os professores Gilson Ramos (Doinha) e Paulo Sérgio, Ronaldinho Brito (Siri) e Márcia Malsar. Alegria, descontração e amizade na Cerimônia de encerramento. Seul 1988. Foto: Acervo de Paulo Sérgio de Miranda

Paulo Cesar, o famoso e querido “PC”. Atleta paralímpico em Seul 1988, “PC” jamais conquistou uma medalha nos Jogos, contudo poucos representaram tão bem o verdadeiro espírito do esporte paralímpico. Foto: Acervo do autor

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As famosas pirâmides de flores de Seul 88, os dois ursinhos símbolos dos Jogos paralímpicos, o Estádio Olímpico e muitos jovens e crianças como público dirigido. Foto: Acervo do autor


Alegria, amizade e companheirismo. Os Professores Hélio dos Santos e Gilson Ramos, respectivamente assistente técnico e técnico da nossa equipe masculina de BCR em Seul 88, o nadador e medalhista paralímpico Leandro Ramos Santos, Evandro Tokarski, José Gomes Blanco, chefe da delegação e o Edson do BCR. Retorno da delegação, ainda no trecho Tóquio – Los Angeles. Nós e o velho 707 da Varig – 8.800 quilômetros, para um pouquinho, descansa um pouquinho e mais 10.140 quilômetros. Foto: Acervo de Paulo Sérgio de Miranda

Em 1988, nós não fomos à Coreia do Sul somente para ganhar as nossas 27 medalhas nos Jogos Paralímpicos. Nós éramos também embaixadores da alegria do Povo Brasileiro junto à criançada de lá. Na foto o atleta de BCR, Ricardo Nascimento e os Professores Paulo Sérgio de Miranda, Gilson Ramos, “Doinha”, e Hélio dos Santos fazendo sucesso com as crianças. Hoje já homens e mulheres, essas crianças ainda devem ter na lembrança a primeira vez que ouviram falar de um país muito distante chamado Brasil e de como o povo de lá era “diferente”, alegre e amigável. Foto: Acervo de Paulo Sérgio de Miranda.

Doinha, nosso técnico da equipe masculina de BCR, dando autógrafos em Seul 88. Uma atração na Coreia. Já com o estilo Black Power, mas muito antes dos cabelos brancos. Foto: Acervo de Gilson Ramos (Doinha)

Memória Paralímpica

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Imagem da Vila Paralímpica. Foto: Acervo do Autor

Prédio da Vila Olímpica com as rampas de acesso. Foto: Acervo do Autor

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Esse é o nosso atleta da equipe de Judô nos Jogos Paralímpicos de Seul, em 1988. Robson Moura Pedro, aluno do Instituto Benjamin Constant. Negro, muito alto e com um sorriso farto, Robson era uma das nossas atrações com a criançada que constituía a clientela do programa de público dirigido que lotava os estádios na Coreia do Sul. As crianças olhavam para ele com admiração e curiosidade, aos poucos elas se aproximavam e ele distribuía as suas atenções a todas elas que deveriam pensar assim “ de onde vem essa gente tão diferente, alegre e cordial?” Foto: Acervo do Autor


Blanco, Leandro Ramos, nosso nadador medalhista paralímpico e um dos nossos attachés nos Jogos Paralímpicos de Seul 1988. Foto: Acervo de Leandro Ramos O mesatenista Keike Shimomaebara, atleta paralímpico da delegação brasileira nos Jogos de Seul 88. Foto: Acervo da SADEF-RJ

Professor Ivaldo Brandão Vieira, à época Diretor –Técnico da ANDE e atual vice-presidente do CPB. Foto: Acervo de Ivaldo Brandão Vieira

Seul 88. António Menescal com um dos atachés da delegação. Uma grande figura. Estudava línguas latinas na Universidade de Seul. Andava sempre com esse caderninho e escrevia todas as suas novas descobertas. Quem esteve lá lembra dele. Acervo: Acervo do Autor Memória Paralímpica

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4 - Barcelona 1992

Parte da delegação brasileira na abertura dos Jogos – Barcelona 1992. Foto: Acervo do autor

Paulo Beck, Genezi Andrade. A Dra. Tânia Rodrigues, Luiz Claudio Alves Pereira e o Professor Rogério Tavares. Foto: Acervo de Paulo Beck

João Carlos Oliveira, o “João do Pulo”, mesmo sem competir o ex-recordista mundial do salto triplo esteve sempre junto à nossa delegação. Foto: Acervo do autor

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Vila Paralímpica de Barcelona, 1992. Em primeiro plano José Blanco, representante da Comissão Paralímpica Brasileira , Beatriz Pinto Monteiro, Presidente da ABRADECAR e Raniero Bacci, técnico da seleção brasileira de BCR e observador nos Jogos. Ao Fundo a Dra. Lia Likier Stemberg, médica e classificadora, e os professores Gilberto Aguiar e Ari Fernando Bittar. Foto: Acervo do autor.

José Gomes Blanco, Ari Fernando Bittar e António Menescal. Cerimônia de Abertura no Estádio Olímpico de Montjuic, com a sua lotação máxima. Foto: Acervo do autor

Claudionor, o nosso porta bandeira, com os professores Rivaldo Araújo e António Menescal. Na concentração para a cerimônia de Abertura. Barcelona 1992. Foto: Acervo do autor

Memória Paralímpica

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Claudionor, nosso porta bandeira na Cerimônia de Abertura dos Jogos de Barcelona, em 1992, Beatriz Pinto Monteiro (Presidente da ABRADECAR), Aldo Miccolis (Presidente da ANDE), José Blanco (Representante da Comissão Paraolímpica Brasileira) e António Menescal (Chefe da Delegação). Foto: Acervo do autor

Claudionor, ainda com o rosto de menino, foi o nosso porta bandeira em Barcelona. Como sempre, ele está muito bem acompanhado na Cerimônia de Abertura dos Jogos Paralímpicos, no estádio de Montjuic. Claudionor, em Seul e Barcelona, ganhou o primeiro lugar em alegria, descontração e facilidade de fazer amigos e de conquistar a todos. Fez amigos de diversas nacionalidades e a sua natural dificuldade na comunicação oral faz com que ele, usando a linguagem não falada, encontre grande facilidade de comunicação com pessoas de outros idiomas. Em Seul o seu melhor amigo era um PC japonês. Ambos tinham na bicicleta adaptada de três rodas um interesse em comum e sobre ela conversavam horas seguidas, além de se revezarem em passeios de bicicleta pela Vila. Durante a concentração das delegações, para a Cerimônia de Encerramento dos Jogos em Seul 88, Claudionor pegou um microfone da organização e começou a cantar a música da Xuxa “Ilariê”. Foi o melhor aquecimento de uma delegação que eu já vi. Choveram críticas, mas quem o escolheu como porta bandeira da nossa delegação em Barcelona deve pensar mesmo fora da “caixinha”. Foto: Acervo do autor

O Professor Rivaldo Araújo à frente da nossa representação na cerimônia da bandeira na Vila Paralímpica. Foto: Acervo de Rivaldo Araújo

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A vibração e a alegria da delegação brasileira na Vila Paralímpica de Parc del Mar - Jogos Paralímpicos de Barcelona 1992. Foto: Acervo do autor.

Lia Mara, Ana Berthier, Mauro Bernardo (Maurinho da Mamãe), Leonel Cunha entre outros atletas. Cerimônia de Abertura dos Jogos Paralímpicos de Barcelona, em 1992, com o Estádio Olímpico de Montjuic totalmente lotado. Foto: Acervo do autor.

Beatriz Pinto Monteiro, Presidente da ABRADECAR e o Professor Ari Fernando Bittar, seu Diretor-Técnico. Foto: Acervo do autor.

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Aldo Miccolis e António Menescal junto com os atletas no encerramento dos Jogos de Barcelona 1992. Foto: Acervo do autor

A descontração da delegação do Brasil na cerimônia de Encerramento com o Estádio Olímpico de Barcelona novamente lotado. Foto: Acervo do autor

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Os Professores Ivaldo Brandão Vieira, Paulo Sérgio de Miranda, Rivaldo Araújo e Antonio Menescal, formando a delegação para o desfile de abertura. Foto: Acervo de Rivaldo Araújo

Mesmo errando no foco, o autor dessa foto conseguiu registrar João Carlos de Oliveira, “João do Pulo”, na formação da delegação Brasileira para o desfile de abertura em Barcelona 1992. Na parede lateral a

Professores Rivaldo Araújo, Sérgio Coelho, Sandra Peres e Ivaldo Brandão Vieira no Parque Olímpico de Montjuic. Foto: Acervo de Rivaldo Araújo

logomarca do ICC, organismo ainda responsável pela realização do Jogos Paralímpicos de Barcelona, mesmo com o IPC já tendo sido criado. Também na foto os Professores Rivaldo Araújo, Osmar da Silva e Zeca Vilar, a Presidente da ABRADECAR, Beatriz Pinto Monteiro, e os atletas Suely Guimarães, Ana Berthier, Arlindo Tinoco e Anderson Lopes. Foto: Acervo de Rivaldo Araújo.

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5- Atlanta 1996

Equipe Brasileira para os Jogos de Atlanta – 1996, formada na seletiva final realizada na Cidade de São Paulo. Foto: Acervo CBDC/CPB

Parte da nossa delegação na Vila de Atlanta – 1996. Foto: Acervo de Rivaldo Araújo

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O Professor Amaury Veríssimo, Ádria Santos, João Batista Carvalho e Silva (então Presidente do CPB), o Professor Rivaldo Araújo e Aurélio Guedes. No estádio Olímpico de Atlanta – 1996. Foto: Acervo de Rivaldo Araújo

O saudoso Professor Sérgio Coelho, DiretorTécnico da ABRADECAR e da delegação brasileira, o Professor Rivaldo Araújo, João Batista Carvalho e Silva, então Presidente do CPB e a Professora Teresa Costa d’Amaral, chefe de nossa delegação em Atlanta 1996, com o representante do patrocinador da delegação. Foto: Acervo de Rivaldo Araújo

O Ministro Pelé com a nossa equipe de futebol de 7. Atlanta – 1996 Foto: Acervo de Rivaldo Araújo

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Anderson Lopes, atleta da ANDEF, o nosso porta-bandeira em Atlanta 96. Foto: Acervo de Anderson Lopes

Os atletas do Rio de Janeiro, medalhistas paralímpicos em Atlanta, sendo recebidos e desfilando em carro do Corpo de Bombeiros. Ádria Santos e Maria José Ferreira Alves (da SADEFRJ - IBC) e Douglas Amador e Anderson Lopes (da ANDEF). Foto: Acervo da SADEF-RJ

Blanco, na sede da SADEF-RJ, recebendo os seus atletas que competiram em Atlanta 1996. Foto: Acervo da SADEF-RJ

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6 - Sydney 2000

Parte de nossa delegação na Vila Paralímpica de Sydney 2000. Foto: Acervo de Rivaldo Araújo

Ádria Santos e Luis Silva, nossos porta bandeira em Sydney, com os Professores Alberto Martins da Costa, Chefe da Delegação, Rivaldo Araújo e Kleber Veríssimo, DiretorTécnico do CPB. Foto: Acervo de Rivaldo Araújo

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Nosso nadador Adriano Lima com o uniforme de sua segunda edição dos Jogos Paralímpicos – Sydney 2000. Foto: Acervo de Adriano Lima

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7 - Atenas 2004

Nossa delegação completa em Atenas 2004. Foto: Acervo CPB

Desfile da delegação Brasileira na abertura dos Jogos. Foto: Acervo CPB

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Desfile da delegação. Foto: O Globo

O Nosso revezamento de ouro em Atenas 2004. Foto: Acervo de Gustavo Carvalho

José Afonso Medeiros ,“Caco”, e e Aurélio Guedes, nossos porta -bandeira, com os professores Walter Russo e Rivaldo Araújo e com o fundista Aurélio Guedes. Foto: Acervo de Rivaldo Araújo

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Fabiana Sugimori, ouro em Atenas. Reginado Castro. Foto: CPB Divulgacao

Antonio Delfino, velocista medalhista de ouro em Atenas 2004 Foto: Acervo CPB

Karla Cardoso - a emoção do pódio em sua primeira participação nos Jogos Paralímpicos – Atenas – 2004. Medalha de prata. Foto: Acervo CPB

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Eduardo Paes e Antonio Tenório com as suas medalhas de Atenas, respectivamente prata e ouro. Foto: Acervo CPB A nadadora brasileira Edênia Garcia, cearense da cidade do Crato, com a sua medalha, em Atenas 2004, e o sorriso contagiante de sempre. Foto: Acervo CPB

Memória Paralímpica

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8 - Beijing 2008

Delegação brasileira aos Jogos Paralímpicos de Beijing 2008. Foto: Divulgação CPB

Joon Sok Seo, Francisco Assis Avelino e Clodoaldo Silva. Na Cerimônia de Encerramento dos Jogos. Foto: Acervo de Joon Sok Seo

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Detalhe da delegação no Desfile de Abertura. Foto: Acervo CPB

Parte da delegação brasileira no aquecimento para a Cerimônia de Abertura dos Jogos Paralímpicos de Beijing, 2008 Foto: Acervo de Alexsander Whitaker

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Luiz Algacir, Welder Knaf e o técnico Toshimi - Medalha de Prata - Jogos Paralímpicos de Beijing 2008. Foto: Divulgação do CPB

Final do Futebol de 5. Quatro chineses tentanto marcar o Ricardinho. No final, Brasil 2 a 1, de virada. Esse foi o bicampeonato paralímpico. A terceira medalha de ouro consecutiva viria em Londres 2012 e a quarta no Rio 2016. Hexacampeã da Copa América e quatro vezes campeã do mundo, a equipe brasileira de Futebol de 5 está entre as melhores equipes paralímpicas do mundo, em todos os tempos. Foto: Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Beijing 2008.

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Lucas Prado e o seu guia comemorando o ouro. Fotos: Divulgação do CPB

Antonio Tenório, nosso porta bandeira em Beijing 2008 e Tia Zaíra, dois grandes campeões do esporte paralímpico brasileiro. Foto: Divulgação do CPB

Daniel Dias, em Beijing 2008. Em sua primeira edição dos Jogos Paralímpicos, nasce um mito e um grande ídolo do esporte brasileiro. Foto: Ryan Hills - IPC

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Homenagem Especial

Beatriz Pinto Monteiro, nossa companheira no início da jornada do Programa Memória Paralímpica Brasileira que, nos deixando muito cedo, não teve a oportunidade de ver a consolidação de um projeto do qual ela, assim como toda a nossa equipe, sempre e tanto acreditamos.

À BIA, CELEBRANDO A VIDA

Bia se destacou na promoção e divulgação do esporte paralímpico do Brasil, na questão da inclusão e respeito e na divulgação de informações de qualidade para as pessoas portadoras de deficiência. foto: Roberto Tostes

Aos 19 anos, a jovem Beatriz Pinto Monteiro, então funcionária do Consulado da Dinamarca no Rio de janeiro, sofre um acidente de carro que lhe causa uma lesão medular toráxica. Depois de um período de reabilitação na AACD, em São Paulo, Bia retorna ao Rio e passa a frequentar a ABBR. Lá tem o seu primeiro contato com o esporte praticado por pessoas com deficiência. O CLAM ABBR a recebeu e ela passou a conviver com Celso Lima, José Carlos Morais, Luiz Claudio Alves Pereira, Naval e muitos outros que continuavam a construção do esporte paralímpico no Brasil e do movimento político das pessoas com deficiência por seus direitos. Com José Gomes Blanco, Bia trabalha na SADEF-RJ e na ABRADECAR, entidade de gestão nacional de todas as modalidades paralímpicas praticadas por atletas usuários de cadeira de rodas até então. Na ABRADECAR, Bia assume a Secretaria Geral, na gestão de José Gomes Blanco. É eleita para a presidência da ABRADECAR, sucedendo o Blanco e, junto a ele e a muitos outros, consolida a estruturação de todas as modalidades em cadeira de rodas. No exercício dessas funções na ABRADECAR, Bia participa de diversas delegações brasileiras aos Jogos Mundiais de Stoke Mandeville, Jogos Pan-Americanos e aos Jogos Paralímpicos de Barcelona em 1992.

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Cerimônia de premiação de Beatriz Pinto Monteiro no Instituto Benjamin Constant - Rio de Janeiro Foto: Roberto Tostes.

Desde o seu período na Secretaria Geral da ABRADECAR, Bia percebe a importância da informação e da comunicação no esporte paralímpico. Cria a “Toque a Toque”, primeira publicação brasileira específica de esporte paralímpico. Essa revista da ABRADECAR, por muito tempo, foi a única fonte de difusão do esporte paralímpico no Brasil. Saindo da ABRADECAR, Bia funda na SADEF-RJ o Jornal “Acontece”. Agora mais abrangente, essa publicação aborda diversos assuntos de interesse das pessoas com deficiência. O Jornal “Na Luta” ampliou a ideia do “Acontece”. Feito em parceria com Hebert Vianna e com todo o grupo “Paralamas do Sucesso”, o “Na Luta” dá frutos com os seus anuários e as três cartilhas “Como Lidar com pessoas com deficiência Física, Visual e Auditiva”. Por essas publicações, Bia recebe um prêmio de personalidade do ano em ações de interesse das pessoas com deficiência. Do Jornal “Na Luta” e do “Acontece”, além da Bia que os coordenava, participaram efetivamente todos os membros atuais do Programa Memória Paralímpica, eu, o João Menescal e o Roberto Tostes. O Programa Memória Paralímpica Brasileira transforma-se na sua paixão. Empenhada no resgate de fatos e personagens da trajetória do esporte praticado por atletas com deficiência no Brasil, Bia nos deixou vendo o Programa ainda caminhando para a sua consolidação e para o alcance de suas metas e do seu objetivo: não deixar que fatos e personagens sejam esquecidos pelo glamour dos holofotes apontados somente para os grandes resultados hoje alcançados. Às 2:30 horas de uma madrugada de um sábado de carnaval, Bia nos deixou e foi ao encontro de seu pai, do Blanco e do Daniel. O Salgueiro e o Fluminense perdem uma torcedora, mas eu torço por ela; o Programa Memória Paralímpica Brasileira perde a sua voz mais entusiasmada, mas a nossa equipe gritará por ela; o movimento das pessoas com deficiência, dentro e fora do esporte, perde uma lutadora, mas todos nós temos de continuar lutando por ela.

Memória Paralímpica

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CAPÍTULO

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CONCLUSÃO

Somente os benefícios diretos trazidos pela prática de esportes às pessoas com deficiência já seria o bastante para justificar a importância dos esportes paralímpicos. Nessa conclusão vamos conversar sobre a ampliação desses benefícios às demais pessoas com deficiência, desportistas ou não, e à sociedade de uma maneira ampla. Vamos contar histórias de sucessos esportivos de atletas com deficiência em edições dos Jogos Olímpicos e analisá-las no contexto das exceções. George Eyser, ginasta alemão naturalizado norte-americano, com amputação acima do joelho da perna direita causada por um desastre de trem. Eyser foi o primeiro atleta com deficiência a competir nos Jogos Olímpicos de Verão, St. Louis, em 1904. Essa foi a terceira edição dos Jogos Olímpicos e a primeira na qual foram distribuídas medalhas de ouro, prata e bronze. George Eyser, juntamente com a equipe americana, conquistou a medalha de bronze. O atleta competia com uma prótese ainda de madeira. George Eyser Foto: http://www.usghof.org/files/ bio/g_eyser/g_eyser.html

Foto: https://theolympians. co/2016/07/01/gymnast-george-eyserthe-one-legged-olympic-champion/

Foto: https://en.wikipedia.org/wiki/George_ Eyser#/media/File:GeorgeEyser3.JPG

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Oliver Halassy , atleta Húngaro do polo aquático, com amputação de perna esquerda, competiu nos Jogos Olímpicos de Verão de 1928, 1932 e 1936. Nessas competições Oliver Halassy, juntamente com a equipe húngara de polo aquático, conquistou 3 medalhas, duas de ouro e uma de prata. Oliver Halassy

Foto: http://orszagosbajnoksag.cafeblog.hu/2016/04/07/ vitez-halassy-oliver-peldakepp/

Harold Connolly, atleta norte-americano, nascido em Boston, que nos Jogos Olímpicos de Verão de 1956, em Melbourne, Austrália, ganhou a medalha de ouro no lançamento do martelo. Durante o seu parto, Harold sofreu uma séria paralisia em seu braço esquerdo, o que lhe causou uma grande atrofia e disfunção naquele membro. Harold Connolly

Foto: www.iaaf.org/news/iaaf-news/haroldconnolly-1956-olympic-champion-passes Memória Paralímpica

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Karoly Takacs

Foto: http://www.masalaanews.com/trueinspirational-story-of-shooter-karoly-tackas-whowon-two-olympic-gold-medal-after-getting-hisright-hand-injured/

Integrante da equipe de tiro da Hungria, campeã mundial em 1938, Karoly Takacs perdeu a mão direita em um acidente com uma granada. Para muitos, sua carreira estava encerrada, já que era destro. Dez anos depois, nos Jogos Olímpicos de Londres, em 1948, atirando com a mão esquerda, Takacs ganhou a medalha de ouro na pistola de tiro rápido de 25 metros. Nas quatro histórias citadas de sucesso de atletas com deficiências em edições dos Jogos Olímpicos de Verão, percebemos exceções de expressivos resultados esportivos de atletas com deficiência em modalidades olímpicas. Mais do que isso, elas demonstram a não exclusão como o caminho mais adequado na relação deficiência/sociedade. Os quatro atletas com deficiência não foram incluídos. Eles simplesmente não foram excluídos de suas equipes e de suas provas por serem deficientes. As posições de inclusão e de não exclusão têm conotações diferenciadas. Enquanto a inclusão parte de uma pressuposta exclusão tendo como motivo a deficiência, a não exclusão parte de um princípio democrático de igualdade, respeito às diferenças e possibilidade de participação de todos. A quase totalidade das pessoas com deficiência que buscam o esporte, contudo, não teriam condições de competir em igualdade com atletas sem qualquer deficiência.

Foto: Paul Buchanan

Portanto o esporte paralímpico não é uma atividade de inclusão. Ele é uma possibilidade única de não excluir e de não criar uma barreira a mais para as pessoas com deficiência no exercício da sua cidadania e no acesso à pratica esportiva visando ao alto rendimento. O esporte paralímpico é uma atividade de não exclusão. Ao buscarmos levantar a memória da trajetória do esporte paralímpico no mundo e no Brasil, percebemos que ele é um dos direitos que foram conquistados por essa parcela da população.

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Os espaços do esporte paralímpico mundial e brasileiro, junto aos respectivos Sistemas dos Esportes, não foram concedidos, mas sim conquistados. Em função disso, vemos a sua inclusão no movimento político das pessoas com deficiências por seus direitos. Uma luta que ainda deve continuar por algum tempo e até que predomine na sociedade uma visão das deficiências sem os estigmas e preconceitos construídos por séculos de isolamento da sociedade em relação às deficiências e às pessoas com deficiência. Veículo da desconstrução de estigmas e preconceitos que vinculam deficiência com a incapacidade, no sentido mais abrangente da palavra, elemento de qualidade de vida dos clientes diretos de suas ações, veículo da apresentação das pessoas com deficiência por seu potencial e não por suas diferenças e modelo de possibilidades para aquelas pessoas que se tornaram “deficientes” e que perderam as suas expectativas de vida, o esporte paralímpico, no contexto da sua história, da sua memória, do seu presente e do seu futuro, tem de abranger em sua missão e em sua visão muito mais do que os importantes resultados esportivos. Sob pena de minimizarmos o seu potencial de alteração positiva na relação deficiência/sociedade e sabendo e reconhecendo a grande importância dos resultados e das medalhas conquistadas pelos atletas paralímpicos, devemos perceber que o esporte paralímpico vai muito além das medalhas, vai muito além das vitórias nas pistas, campos, quadras, dojôs e piscinas. No esporte paralímpico não existem perdedores, tampouco excluídos. O fato de estarem ali competindo já os caracteriza como vencedores. A vida assim também os fará.

Nós treinamos duro, nos dedicamos aos treinamentos por muitos anos. Nós tivemos o apoio da nossa família, das nossas entidades e de nossos técnicos. Mesmo sem conquistar os primeiros lugares, nós somos grandes vencedores

Vibrante e emocionante, o esporte paralímpico não é simplesmente o esporte olímpico praticado por atletas com deficiência, como são classificados os quatro casos citados no início da nossa conclusão. O esporte paralímpico é uma demonstração da força do espírito humano, da não exclusão, da igualdade com respeito às diferenças, da resiliência, do potencial do fazer, da excelência, da interação e da igualitária participação na sociedade. Ao garantir o resgate e o registro de tantas histórias de personagens, fatos, eventos e instituições, o Programa Memória Paralímpica Brasileira percebe que ainda temos muito a fazer para garantir a difusão desse conhecimento específico e, com isso, podermos honrar, com respeito e gratidão, a todos aqueles que no passado deram sua dedicação para tornar exitosa a trajetória do esporte paralímpico no Brasil e no mundo. Não esquecer e não deixar que sejam esquecidos é o nosso objetivo. Este livro é somente um passo nesse sentido. Outros virão.

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ANEXO 1 O Goalball e Eu

António Menescal, Secretário Geral do Comitê Organizador dos III Jogos Mundiais da IBSA, no goalball em São Caetano do Sul – 2007, e então Diretor-Técnico da IBSA. Nesse evento, que alguns quiseram apagar da história como se não tivesse acontecido, pela primeira vez, o Brasil classificou as duas equipes, masculina e feminina, para os Jogos Paralímpicos de Beijing 2008. Mais um grande passo do goalball brasileiro, hoje já consolidado entre os melhores do mundo. Foto: Alexandre Milão

Chega um ponto nas nossas vidas, do meio para o final, que se torna importante escrevermos as nossas memórias sobre aspectos relevantes das nossas trajetórias pessoais e profissionais. Importante para nós e possivelmente para outros também. Hoje eu divido com todos as minhas memórias do goalball. Eu, professor de educação física do Instituto Benjamin Constant-IBC desde 1980, até o ano de 1986, quando me perguntavam o que é o goalball eu só poderia responder nunca vi, mas já ouvi falar. Eu sabia da origem da modalidade e que ela foi a única entre todas as modalidades paralímpicas que fora inventada especificamente para atletas com deficiências, no caso pessoas cegas e com baixa visão. Sabia também que a ABDC, Associação Brasileira de Desportos para Cegos , ainda em 1986, realizaria o primeiro campeonato brasileiro da modalidade. Só isso, mais nada. Em 1987, eu e o Professor Carmelino Souza Vieira, meu amigo e colega no IBC desde 1984 fomos ao II Campeonato Brasileiro de Goalball da ABDC, na Cidade de Maringá, no Paraná. O nosso objetivo era conhecer a modalidade e inseri-la como unidade curricular ou como conteúdo de ginástica escolar em nossas aulas no IBC. Foi uma viagem “picada”, com duas paradas antes de chegarmos a Maringá. Paramos na gelada Curitiba de junho, onde fomos à sede da ABDC, buscando mais informações e as regras da modalidade.

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Depois paramos em Londrina, à época escala obrigatória do trajeto aéreo, onde pernoitamos na casa de amigos. A data, eu lembro bem. Era o dia 12 de junho, dia dos namorados. Nossos anfitriões já haviam reservado para nós ingressos para o jantar alusivo à data no Country Club da cidade. Sem ter como fugir da situação, eu e o Carmelino acompanhamos os nossos anfitriões e, eu com os meus dois metros de altura e ele com um pouco mais de 1,60 m, fomos o foco principal das atenções de todos os casais presentes. Até hoje rimos bastante ao lembrarmos dessa história e do nosso constrangimento. Cerca de dois anos depois eu voltei para ministrar um curso em Londrina. Do mesmo salão do Country Club no qual comemoramos o dia dos namorados, fizemos a nossa quadra de goalball. Voltando ao assunto da viagem, finalmente chegamos a Maringá e acompanhamos todo o II Campeonato Brasileiro de Goalball da ABDC. Naquela ocasião, uma alma caridosa, a senhorita Leila Cristiane Machado, secretária da ABDC, com a autorização do então Presidente da nossa entidade nacional, Mário Sérgio Fontes, cedeu-nos uma, já muito jogada, bola do goalball feminino, àquela época menor e menos pesada que a bola masculina, hoje utilizada por ambos os gêneros. Cabe lembrar que o IBC, por dispositivo dos Estatutos da ABDC, não era, tampouco podia ser filiado àquela entidade nacional de gestão dos esportes de cegos no Brasil, que somente permitia a filiação de entidades de cegos. Essa situação somente seria revertida em 1992, em Assembleia da ABDC realizada no Centro Olímpico da Prefeitura de São Paulo, no Ibirapuera, quando eu apresentei uma moção nesse sentido que foi aprovada por unanimidade. Com isso o IBC, como todos os demais institutos especializados, e as diversas entidades consideradas como sendo entidades para cegos puderam obter a sua filiação e disputar as competições da ABDC. Pois bem, levamos a bola para o Rio. Como o professor Carmelino estava envolvido com o Judô, coube a mim apresentar a bola aos nossos alunos e incluir o goalball nas minhas aulas de educação física escolar. Traduzimos as regras e, aos poucos, íamos realizando atividades de iniciação e passando os princípios básicos da modalidade aos alunos. Foi paixão à primeira vista. Ao final do mesmo ano fomos “forçados” pelos alunos a organizar um campeonato interno de goalball no IBC. Isso se deu já em 1987. A velha bola dos primeiros dias não resistiu e nós passamos a utilizar bolas de basquete ou medicine balls cobertas com papel celofane ou envoltas em sacos plásticos. Não era nada fácil conseguir uma bola de goalball naquela época. Como os meus alunos eram muito jovens e a força de alguns não era suficiente para os arremessos com uma só das mãos, surgiu no IBC o arremesso por baixo das pernas, realizado com as duas mãos. Ainda hoje atletas com a sua origem em nosso Instituto, até mesmo em seleções nacionais, ainda utilizam esse tipo de arremesso. Cerca de um ano após a viagem à Maringá, eu tive a oportunidade de ver o goalball, no alto nível internacional, durante os Jogos Paralímpicos de Seul, na Coreia do Sul. Memória Paralímpica

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Uns dois anos ou três anos depois, o professor Paulo Sérgio de Miranda apaixona-se pelo goalball, sentimento que o acompanha até hoje. Ele assume as aulas com o goalball e eu volto à outra paixão, a natação de crianças cegas. Ainda em janeiro de 1988, eu ministrei a cadeira de educação física adaptada, na área de deficiência da visão, no Curso de Especialização de Professores realizado pela Universidade Federal de Uberlândia – UFU. Nesse curso, no qual eu voltei a ministrar a disciplina no ano seguinte, eu inseri o goalball com o objetivo de apresentar a modalidade aos futuros professores das cadeiras de educação física e esporte adaptado nas escolas superiores de educação física de diversos estados do país, clientela preferencial desses primeiros cursos de especialização. Ainda na sua primeira turma o curso foi acompanhado pelos Professores Edison Duarte, José Luiz Rodrigues e Paulo Ferreira de Araújo, todos da FEF – UNICAMP. As aulas de goalball foram filmadas pelos colegas e amigos e assim chegava o goalball a Campinas e, especificamente, à FEF - UNICAMP. De lá saíram grandes profissionais que passaram pelo goalball do Brasil e as primeiras teses de mestrado e doutorado tendo como tema o goalball. Da FEF-Unicamp, um pouco mais tarde, surgiu o livro Goalball, Invertendo o Jogo da Inclusão. Nesse livro os autores José Júlio Gavião de Almeida, Márcio Pereira Morato, Ciro Winckler de Oliveira Filho, Regina Matsui e Mey de Abreu Van Munster, por amizade e gentileza, me deram a honra de prefaciar a obra.

Logomarca do Campeonato Mundial de Goalball da IBSA. Rio de Janeiro – 2002.

A FEF - Unicamp, também formou e legou ao goalball, ao esporte de cegos e ao esporte paralímpico do Brasil nomes como Wagner Xavier de Camargo, o “James Dean”, Natália Caldeira, Jonas Freire, Mey Van Munster, Liana Garcia Rocha, Regina Matsui Patrocínio, Artur Squarisi, Tatiane Jacusiel Miranda, Carolina Silveira Reis, Daniela Itani, Diego Colletes, Márcio Pereira Morato, Ciro Winckler de Oliveira Filho e tantos outros que, desde já, eu peço desculpas por não nomeá-los. Depois dos Jogos de Seul, ainda, em 1988, foi a vez da Universidade Federal do Espírito Santo- UFES organizar o Curso de Especialização de professores na área da Educação Física Adaptada e, mais uma vez coube a mim o desenvolvimento da disciplina na área da deficiência visual. Com isso mais profissionais conheceram o goalball. Em setembro 1997, eu publiquei na Revista Benjamin Constant, em sua sétima edição, o texto “Vamos Jogar Goaball?”, buscando difundir mais ainda a modalidade pelo Brasil, principalmente nos institutos especializados e nas escolas. Na década de 90 e nos primeiros anos da década passada, muitos outros cursos aconteceram em todos os estados e no Distrito Federal. Parecia que o goalball, a educação física adaptada e os esportes paralímpicos tinham virado moda. Eu tive a oportunidade de participar de diversos desses cursos, sempre ministrando a cadeira de educação física adaptada ao deficiente visual e sempre tendo o goalball como conteúdo apresentado. Isso se deu de Canoas, no Rio Grande do Sul, a Ji-Paraná, em Rondônia. De Natal, no Rio Grande do Norte, a João Pessoa, na Paraíba.De Boa Vista, em Roraima, a Aracajú, em Sergi-

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pe. De Blumenau e Florianópolis, em Santa Catarina, a Salvador, na Bahia. De Manaus, no Amazonas, a Juiz de Fora, Governador Valadares, Montes Claros e Betim, em Minas Gerais. De Curitiba e Londrina, no Paraná, a Duque de Caxias, no Rio de Janeiro. De Belém, no Pará, a Botucatu, São José dos Campos e São Carlos, em São Paulo. Esses cursos e essas cidades fazem parte das minhas memórias associadas à difusão da educação física adaptada, dos esportes de cegos e do goaball. Ainda em 1995, levamos nossas equipes masculina e feminina aos Jogos Pan-Americanos da IBSA, em Buenos Aires, Argentina. Penso que essa foi a primeira participação internacional do goalball brasileiro. Dessas duas equipes eu lembro do Joaquim Batista, do César Gualberto e da Simone Camargo, três dos pioneiros do goalball no Brasil. Antes disso, nos Jogos Paralímpicos de Barcelona, na Espanha, em 1992, as atribuições de chefe da delegação brasileira me impediram de acompanhar os jogos de goalball, já que não tínhamos equipes na modalidade. A nossa primeira participação paralímpica no goalball só aconteceria 12 anos após, na Grécia, onde eu pude acompanhar jogos da nossa equipe feminina em Atenas, em 2004. Já na gestão do Dr. Vital Severino Neto na ABDC, no início de 1994, eu fui convidado para assumir a direção técnica da entidade. Na época a coordenação da modalidade era da professora Maria Teresa da Silva, que infelizmente já nos deixou e a quem o goalball brasileiro deve os seus primeiros passos.

Ana Carolina Duarte, uma das ex-alunas do IBC, ainda nos tempos da surrada bola feminina que levamos ao Instituto, hoje titular da seleção brasileira e considerada uma das melhores atletas do mundo na modalidade. Na foto, Carol fazendo o seu arremesso tradicional, de costas para a meta adversária e por baixo de suas pernas. Foto: Tadeu Casqueira

Levado à Direção técnica do CPB, lá fizemos o mesmo que já tínhamos feito na ABDC: um técnico principal e um coordenador nacional para cada modalidade. Nesse contexto e dado o afastamento da professora Maria Tereza, escolhemos para a Coordenação Nacional de goalball o Professor Wagner Xavier de Camargo, o “James Dean”. Da importância do “James” para o goalball brasileiro, eu penso que todos já sabem, agora o apelido de “James Dean” poucos sabem a sua origem. Pois é, o jovem estudante de sociologia, Wagner, fazia as suas aulas de educação física universitária na FEF- Unicamp. Numa dessas aulas o Professor Gavião vendo as habilidades do jovem Wagner no cavalo, teria errado o nome do ator americano e falado “isso mesmo, parece até o James Dean”, quando de fato queria ter dito “Parece até o John Waine”. O equívoco cinematográfico do professor Gavião deve ter sido o fator principal para que o carinhoso apelido tenha pegado tanto, no Brasil e no mundo do goalball. Memória Paralímpica

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Voltando, à ABDC, nas gestões do Dr. Vital e do Professor David, investiu bastante na capacitação de técnicos e de árbitros de goalball. Trouxemos técnicos estrangeiros, fizemos seminários, clínicas e enviamos nossos árbitros para cursos internacionais de qualificação. Sabíamos que o desenvolvimento de uma modalidade é função também da qualidade da sua arbitragem e da qualificação do seu quadro técnico. Tudo isso nos levou à classificação de nossa equipe feminina aos Jogos Paralímpicos de Atenas 2004, vaga conquistada nos Jogos Mundiais da IBSA, em Quebec, no Canadá, em 2003. Aliás, os relatos históricos geralmente não citam essa primeira participação do goalball do Brasil em uma edição dos Jogos Paralímpicos. Em 2001, no final do ano, já tendo deixado a Direção Técnica do CPB, eu voltei à ABDC e à sua Direção Técnica. Em 2002, e já contando com o professor Jonas Freire em nossa jovem equipe, e tendo companheiros na Direção Técnica da ABDC os Professores Drs. Albero Martins da Costa e José Júlio Gavião de Almeida, realizamos o Campeonato Mundial do Goalball da IBSA. 2002 – o “Ano do Goalball no Brasil”, esse era o nosso lema numa decisão estratégica de levar o goalball brasileiro ao nível internacional mais elevado. Em 2005 fomos nós da ABDC, já com o Professor Jonas Freire ocupando a Direção Técnica da entidade e comandando um grupo, como ele, muito jovem e absolutamente comprometido, realizamos os Jogos Pan-Americanos da IBSA. Tendo assumido a Secretaria Geral da CBDC eu ocupei a mesma posição no Comitê Organizador do Pan-Americano de 2005 e dos III Jogos Em São Caetano do Sul, em 2007, todos nós juntos torcendo para vermos as nossas duas equipes de goalball, masculina e feminina, pela primeira vez na história, classificarem-se para uma edição dos Jogos Paralímpicos, realizados um ano após, em Beijing 2008 Foto: Acervo do autor

Mundiais da IBSA, em São Paulo e São Caetano do Sul, em 2007. A história toda daquilo que aconteceu nesses Jogos, os motivos e os interesses que levaram à inviabilidade financeira da CBDC, acho que ficarão para depois, embora eu tenha hoje a total

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consciência de tudo o que aconteceu, da sua motivação e dos personagens envolvidos, certamente não serei eu a escrever sobre esses fatos. Contudo não posso deixar de registrar o nome do herói dessa história, ele é o Professor David Farias Costa. Voltando a 2005, no mês de junho, na Assembleia Geral da IBSA, em Beijing, na China, eu fui eleito seu Diretor-Técnico. Naquela posição e contra a opinião de alguns, consegui manter como Chairman do subcomitê de goalball da IBSA uma figura que, pelo meu julgamento, é o Barbara, filha da Ádria, o professor Paulo Sérgio de Miranda, Ádria Santos, eu e a grande jogadora brasileira de basquete Janete, na Arena do Futuro, torcendo pelo goalball do Brasil. Rio 2016. Foto: Acervo do autor

principal responsável pelo desenvolvimento do goalball em todo o mundo, o James Leask. Ainda nessa posição eu pude acompanhar o Campeonato Europeu de Goalball da IBSA, na Bélgica, em 2006. Essa competição é ainda, sem dúvida, a competição internacional de goalball de maior nível técnico. Em Beijing eu também tive a oportunidade de acompanhar os jogos das nossas equipes. Em 2007, eu deixei a direção técnica da IBSA em função da impossibilidade da CBDC arcar com os custos dessa participação na entidade internacional. Eu torci de longe pelas medalhas em Londres 2012, veio a de prata no masculino. Torci no Mundial da Finlândia, em 2014, e vibrei com o título de campeão mundial no masculino. Chegamos ao Rio, em 2016. A Arena do Futuro fica bem pertinho de casa, meses antes eu comprei ingressos para todos os jogos do Brasil e para todos os possíveis cruzamentos e finais. Assisti a todos os jogos e fiquei orgulhoso com a organização, com o maior público da história que o goalball, em todo o mundo, já teve, orgulhoso com os resultados tanto da equipe masculina, quanto da feminina, embora saiba que poderia ter sido melhor ainda, mas isso é do esporte. Em 2018, a Internet me trouxe as imagens do Campeonato Mundial da IBSA, em Malmo, na Suécia, onde a nossa equipe masculina conquistou, de forma invicta, o bicampeonato mundial Memória Paralímpica

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e as meninas trouxeram a inédita medalha de bronze. Em Malmo as nossas equipes, masculina e feminina, conquistaram a sua classificação antecipada para os Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020. Pois bem, finalizo agradecendo a paciência daqueles que chegaram até aqui e, sabendo que eu posso ter entediado alguns, mas o fato final é que fui convidado pela CBDV para acompanhar o Pan-Americano de Goalball da IBSA, no início do mês de dezembro de 2017, realizado no magnífico Centro de Treinamento Paralímpico Brasileiro, em São Paulo. Na semifinal feminina, com a vitória das meninas do Brasil sobre os EUA, por 4 a 3, com direito à prorrogação e ao golden gol, eu não segurei a emoção. Embora eu tenha tentado disfarçar e esconder e mesmo com a habilidade de superar e de dissimular emoções, as lágrimas rolavam do meu rosto. Alguns amigos queridos viram, mas não sabiam bem o motivo. Pensaram na emoção da vitória e não estavam totalmente errados. Mas aquelas lágrimas eram de recordações. Eram lembranças daquela primeira e velha bola feminina que levamos ao Instituto Benjamin Constant, origem das jogadoras que fizeram todos os quatro gols do Brasil naquele jogo, lembranças de uma longa e profícua jornada conjunta, com mais vitórias do que derrotas, no desenvolvimento do goalball no Brasil. Eram lágrimas de amor pelo goalball, lágrimas de orgulho por saber que essas vitórias também eram do meu filho Felipe Menescal, que hoje segura a batuta da área técnica da CBDV. Enfim, eram lágrimas de saudades de muitas coisas e de muitas pessoas e, quem sabe, saudades de mim mesmo, daquilo que eu era nos anos de 1987 e 1988. Quem sabe saudades dos sonhos daquela época, ou dos sonhos que sonhávamos juntos na saudosa ABDC, mas é assim mesmo. Troquei por outros - deixar de sonhar, nunca. Este livro é um desses sonhos.

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BIBLIOGRAFIA

Bibliografia consultada e sugerida

Ao contrário das pesquisas acadêmicas e das referências históricas, a MEMÓRIA é uma construção coletiva e contínua, possível somente através de depoimentos dos atores diretos dos fatos, bem como dos partícipes diretos ou indiretos. Esse livro e a própria construção da memória , contudo, contam com uma bibliografia de suporte visando ao levantamento de fatos históricos e situações mais antigas, levantamento de personagens, eventos e instituições e a confirmação de alguns dos relatos recebidos. Memória e história sempre dialogam. Para facilitar maiores aprofundamentos dos leitores, a bibliografia é informada por assunto tratado no livro, na ordem de apresentação. Na parte que se refere à trajetória do esporte paralímpico no Brasil, essa obra se baseia quase que exclusivamente na memória expressa em relatos verbais e escritos. As memórias do próprio autor, militando no esporte paralímpico desde 1983, serviram como base à análise da narrativa do período mais recente. Aos acadêmicos que não aceitam citações do facebook nas referências bibliográficas, eu, com a devida vênia, justifico dizendo que este livro nada mais é do que a apresentação organizada do conteúdo disponível no grupo do Programa Memória Paralímpica no Facebook.

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Memória Paralímpica

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CRIAÇÃO DO COMITÊ PARALÍMPICO BRASILEIRO MIRANDA, TJ. A HISTÓRIA DO CPB – COMITÊ PARALÍMPICO PARAOLÍMPICO, BRASILEIRO ATÉ 2011. Dissertação de Mestrado. FEF – UNICAMP. 2011. MENESCAL CONDE, A.J. SABENDO MAIS SOBRE JOGOS PARALÍMPICOS A FUNDAÇÃO DO COMITÊ PARALÍMPICO BRASILEIRO. Disponível em https://www. facebook.com/groups/memoriaparalimpica/2014 HALL DA FAMA DA MEMÓRIA DO ESPORTE PARALÍMPICO BRASILEIRO MENESCAL CONDE, A.J. HALL DA FAMA DA MEMÓRIA DO ESPORTE PARALÍMPICO BRASILEIRO - REGULAMENTO GERAL. Edição 2014. Disponível em https:// www.facebook.com/groups/memoriaparalimpica/.2014 Relação dos Eleitos Para o Hall da Fama da Memória Paralímpica Brasileira Edição 2014. Disponível em https://www.facebook.com/groups/memoriaparalimpica/. 2014 INFÂNCIA E DEFICIÊNCIA 282


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CONCLUSÃO https//www.paralympicanorak.wordpress.com/2013/08/02/athletes-with-a-disability-and-the-olympic-games.

DEPOIMENTOS E DADOS DE ATLETAS E EX-ATLETAS E DIRIGENTES PARALÍMPICOS https://www.ufrgs.br/nehmeparalimpico/ https://www.facebook.com/groups/memoriaparalimpica/2014 Ádria Santos Anderson Lopes Beatriz Pinto Monteiro Celso Lima Claudio Araujo Danilo Binda Glasser Eliane Lemos Fabiana Harumi Sugimori Gilson Ramos Gustavo Carvalho Hélio dos Santos João Batista Carvalho e Silva Marcelo Harumi Sugimori

Memória Paralímpica

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Mario Sérgio Fontes Paulo Sérgio de Miranda Renausto Alves Amanajás Rivaldo Araújo Roberto Ramos Ronaldo Brito Sidney Oliveira Vanilton Senatore Vital Severino Neto Wagner Xavier de Camargo

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Memória Paralímpica

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ANEXO 2

Relação nominal dos participantes de delegações brasileiras em Jogos Paralímpicos de 1972 até 2008

Fontes: IPC e CPB.

A todos esses atletas, técnicos e dirigentes o nosso reconhecimento e o devido registro.

O esquecimento machuca, o reconhecimento acalanta.

Memória Paralímpica

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JOGOS PARALÍMPICOS DE HEIDELBERG – ALEMANHA OCIDENTAL – 1972

ATLETISMO Gomes BASQUETE MASCULINO Cláudio Araújo Walter L. Salles Joel Lopes Robson Sampaio De Almeida Valerio Augusto NATAÇÃO Cordeiro TIRO COM ARCO Robson Sampaio de Almeida

Memória Paralímpica

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JOGOS PARALÍMPICOS DE TORONTO - CANADÁ – 1976 ATLETISMO

LEVANTAMENTO DE PESO

Maria Alvares Manoel Alves José Blanco Walter L. Salles Carlos A. Silva Lucio Tagino Gilberto Tobias José F. da Penna

Valério Augusto Vinicius Gaspar Carlos A. Silva

BASQUETE MASCULINO Claudio Araújo Valerio Augusto Joel Lopes Orlando Meireles Roberto Ramos Jorge Ribeiro Joel do Nascimento DARTCHERY Robson Sampaio de Almeida Manuel Alves LAWN BOWLS Robson Sampaio de Almeida Luiz Carlos Costa Jorge Ney Oswaldo Silva Beatriz Siqueira

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SINUCA Valerio Augusto Jorge Ribeiro NATAÇÃO Beatriz Siqueira TÊNIS DE MESA Maria Alvares Claudio Aravio Valerio Augusto Gilberto Tobias Joel do Nascimento TIRO Jose F. da Penna Robson S. Almeida Manoel Alves Jorge Ney


JOGOS PARALÍMPICOS DE HARNHEN - HOLANDA – 1980 TÉCNICOS E DIRIGENTES DA DELEGAÇÃO Prof. Ari Fernando Bittar Prof. Teófilo Jacir Farias. ATLETISMO

Joel Lopes BASQUETE MASCULINO

Joel Lopes, Roberto Ramos, o “Robertão”, Celso Lima, Oswaldo Borges, João Luis, José Carlos Morais Marcelo Regepo. DARTCHERY Robson Sampaio de Almeida Manuel Alves NATAÇÃO

Olavo da Silva Neto

Memória Paralímpica

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JOGOS PARALÍMPICOS DE STOKE MANDEVILLE E NEW YORK – 1984 ATLETISMO Ronaldo Jose Brito Sérgio Dias Sulimar Esperança Guaracy Fernandes Miracema Ferraz Antonio Figueiredo Mário Sergio Fontes Antônio Saulo Garcia Jorge Graciano “Parré” Anelise Hermany Fernando Lauriano Oscar Luis Thiago Filho “Naval”. Márcia Malsar Marcos Mello Luis Claudio Alves Pereira Amintas Piedade Sérgio Ribeiro P. Roberto P. Robinson Claudionor Santos Edson L. Silva Iranilson Silva Claudio Silva NATAÇÃO Marcelo Amorim “ÍNDIO” Irapuans Coelho Maria Jussara Matos A. Silva Eduardo Wanderley

292


JOGOS PARALÍMPICOS DE SEOUL – CORÉIA - 1988

CHEFE DA DELEGAÇÃO José Gomes Blanco PRESIDENTE DA ANDE Aldo Miccolis EQUIPE DE NATAÇÃO Marcelo Amorim - O “Índio” Fábio Ricci EQUIPE DE ATLETISMO Antonio Carlos Mattos -“Cacá” CHEFIA DA DELEGAÇÃO, EQUIPE MÉDICA E ACOMPANHANTES DIRETOR TÉCNICO António João Menescal Conde MÉDICOS Dra. Amália Maria Amorim Uchoa Dr. Sylvio Moreira FISIOTERAPEUTA Tia Zaíra DIRETOR TÉCNICO DA ANDE: Ivaldo Vieira Brandão ACOMPANHANTE: Edna Garcez TRADUTORA: Vanessa Fontes

SECRETÁRIA DA ABDC: Leila Cristiane Machado PSICÓLOGA: Sonia Oliveira Fisioterapeuta: Eliane Martins ATLETISMO Técnicos: Prof. Sandra Peres Jerônimo Prof. Amaury Wagner Veríssimo Prof. Paulo Sérgio De Miranda, Prof. Ãngelo Souza Prof. Raul Oziec ATLETAS: Antonio De Barros, Marlene Sudário, Aluísio Antunes Da Silva, Irani Silva Filho, Miracema Ferraz, Maria Silva Nascimento “Malu”, Ádria Santos, Anelise Hermany, Márcia Malsar, Iranilson Silva (Tita), Cesar Antonio Gualberto, Ronaldo Brito (“Siri”), Claudio Nunes Da Silva, Sebastião Antonio De Souza, Luiz Claudio Alves Pereira, Mário Sérgio Fontes, Demétrio Vieira Silva, Elmo Ribeiro, Carlos Sestrem, Sonia Soares Souza, Sérgio Lúcio Dias Ribeiro , Vera Luíza Bérgamo,Rogério Barbosa, Claudionor Santos

Memória Paralímpica

(Sócrates), Lia Mara Pires, Paulo Cesar Rangel Castro (O Famoso E Querido “Pc”) NATAÇÃO TÉCNICOS Prof.Gilberto Aguiar Prof. Cláudia Atletas: Graciana Moreira Alves, Leandro Ramos Santos, Maria Jussara Matos, Mauro Bernardo ( O Maurinho Da Mamãe), Eduardo Wanderley, Roberto Ramos (Robertão), Ricardo Nascimento. TÊNIS DE MESA Atletas: Keike Shimomaebara, Mário LúCio Câmara Pires, Paulo Cesar Marinho Fernandes JUDÔ TÉCNICO Prof. Carlos Alberto Pacheco ATLETAS Leonel Cunha Filho, Jaime Oliveira, Júlio Silva, Robson Moura Pedro, José Roberto Simões

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BASQUETE MASCULINO TÉCNICO Professor Gilson Ramos (Doinha) ASSISTENTE TÉCNICO Prof. Hélio Dos Santos (Consul) ATLETAS Roberto Ramos (Robertão), Kennedy Martins De Souza, Roberto Carlos Fontes Pimenta, Edson Costa Ferraz, Paulo Cesar Marinho Fernandes (O Paulinho De Goiânia), Carlos Alberto Lobo, Jorge Graciano (Parré), Gilberto Lenes (Bicudo), Celso Antônio Lima, João Luiz Da Silva.

294


JOGOS PARALÍMPICOS DE BARCELONA – ESPANHA - 1992

CHEFE DA DELEGAÇÃO António João Menescal Conde CHEFE-ADJUNTO Rivaldo Araújo da Silva MÉDICA E CLASSIFICADORA Lia Likier Steinberg DIRETOR-TÉCNICO Ari Fernando Bittar JORNALISTA Alessandra Sauberman OBSERVADOR João Carlos de Oliveira “João do Pulo” EXTRA DELEGATION Paulo Cesar da Silva Representante da ABDC Aldo Miccolis Presidente da ANDE Beatriz Pinto Monteiro Presidente da ABRADECAR José Gomes Blanco Representante do Presidente da Comissão Paralímpica Brasileira João Batista Carvalho e Silva Presidente da ABDA Tânia Rodrigues Observadora Paulo Sérgio de Miranda Observador Raniero Bassi Observador TÉCNICOS Sandra Peres Jerônimo Atletismo

Sérgio Coelho de Oliveira Atletismo Gilberto Carlos Pereira da Silva Atletismo Gilberto Bernardo Aguiar Natação José Rosélio Vilar de Queiroz “Zeca Tubarão” Natação Ivaldo Brandão Vieira Futebol de 7 Osmar da Silva Judô ATLETISMO Ádria Santos Anderson Lopes Santos Claudionor Francisco dos Santos Danilo Cavalcante do Carmo Jadir Antunes Jorge Henrique Souza de Lima Júlio da Costa Gomes Suely Rodrigues Guimarães Ricardo Ignácio “Bacana” Márcia de Fátima Vieira Malsar Leila Marques Lia Mara Pereira Pires Luiz Claudio Alves Pereira Wellington Rodrigues “Baiano” Sebastião Antonio da Costa Neto Claudio da Silva Iranilson Oliveira da Silva “Tita” CICLISMO Rivaldo Gonçalves Martins

Phelipe Pires Anderson Santos Marcos Wagner da Costa Melo Sebastião Antonio da Costa Neto Claudio Nunes da Silva Marcos Helt de Morais Sidney de Oliveira Danilo Cavalcante do Carmo Claudionor Francisco dos Santos Hamed Phelipe Crvalho Pires JUDÔ Maurício Vicente Lima Alessandro Fabiano de Oliveira Leonel Cunha Moraes Filho Arlindo Pereira Tinoco NATAÇÃO Genezi Alves de Andrade Graciana Moreira Alves Ivanildo Alves Ana Isméria Berthier Silveira Rildene Fonseca Firmino Rivaldo Gonçalves Martins Maria Jussara Mattos José Afonso Medeiros “Caco” Claudia Pereira Paulino Gledson Soares Eduardo Ferreira Wanderley Mauro Bernardo de Oliveira Irapuan de Souza Coelho TÊNIS DE MESA Keike Shimoaebara

FUTEBOL DE 7 Jorge Henrique Souza Lima Ronaldo José Brito

Memória Paralímpica

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JOGOS PARALÍMPICOS DE ATLANTA – EUA - 1996

CHEFE DA DELEGAÇÃO Teresa Costa D’Amaral CHEFE-ADJUNTO Rivaldo Araújo da Silva DIRETOR-TÉCNICO Sérgio Coelho MÉDICOS Tânia Regina Pereira Rodrigues e Roberto Vital ENFERMEIRA E CUIDADORA Tia Zaíra do Nascimento Melo APOIO Nilton Gomes da Silva TÉCNICO DE FUTEBOL DE 7 Kleber da Costa Veríssimo TÉCNICOS DE JUDÔ Osmar da Silva e Fernando da Cruz TÉCNICO DE TÊNIS DE MESA Benedito de Oliveira TÉCNICO DE CICLISMO Rômulo Lazaretti

296

TÉCNICOS DE NATAÇÃO Ramon Pereira de Souza, Cláudia Watanabe, José Rosélio “ZECA” TÉCNICO DE TÊNIS Márcio Granjeiro TÉCNICA DE BASQUETE Cinara Kienell TÉCNICOS DE ATLETISMO Ivaldo Brandão Vieira Gilberto Freire Amaury Wagner Veríssimo Rogério Borges EXTRA DELEGATION João Batista Carvalho e Silva Presidente do CPB Aldo Miccolis Presidente da ANDE e Vice-Presidente do CPB Luiz Cláudio Alves Pereira\Presidente da Abradecar Geiza Maria Gomes Campos Representante da ABDA Vital Severino neto Presidente da ABDC Helder Costa Filho Oftalmologista e Classificador

Adilson Ramos, José Amauri Russo e Esaú Bezerra JR Representantes da ABDEM. José Reinaldo Marques e Kátia Carneiro Jornalistas Oswaldino Dias e Fábio Mota Lins Fotógrafos Ana Carla Thiago Marques, Renausto Alves Amanajás, Mônica Fonseca Gil, Carlos Alberto Medeiros e Cristiana Hipólito Monte Alto. Pessoal do Indesp Edson Arantes do Nascimento “Pelé” Ministro Extraordinário dos Esportes CONVIDADOS (personalidades, apoiadores e patrocinadores): Dr. Leonel Kaz, José Linhares, Dr. Carlos Arthur Nuzman, Ricardo Neves, Gualter Rezende, Norton Nascimento, Bernard Rajzman, Hélio Viana e José Edgard Amaral Representantes dos seguintes veículos de Mídia: TVE, O Estado de São Paulo, O Globo, Correio Brasiliense e O Fluminense


ATLETISMO

CICLISMO

NATAÇÃO

Maria Jose Ferreira Alves Douglas Amador Júlio Gomes Suely Guimarães Josias Lima Elessandra Oliveira Denilson Pereira Adria Santos Anderson Santos Aurélio dos Santos Guedes Anderson Santosh Iranilson Silva “Tita” Lia Mara Pereira Atleta Guia – Gerson Knittel

Rivaldo Martins

Genezi Andrade Gilmar Fernandes Adriano Lima José Afonso Medeiros “Caco” Claudio de Castro Panoeiro Adriano Pereira Luzimar Santos Joon Sok Seo Fabiana Harumi Sugimori Ivanildo Vasconcelos

BASQUETE FEMININO Maria das Dores Alves Rosana Bastos Luciana Fortunato Aparecida Jesus Vilma Miranda Adriana Oliveira Eliane Oliveira Iolanda Oliveira Christine Regis Cíntia Ribeiro Maria Santos Alvis Silva

FUTEBOL DE 7 Sebastião Azevedo Ricardo Barbosa Adriano Costa Sebastião Antonio da Costa Neto Oziel Dantas Filho Marcos Ferreira Jefferson Gonçalves Arildo Miranda de Lima Jorge Pereira Filho M. Santos João da Rosa JUDÔ Helder Maciel Araujo Antônio Tenorio da Silva Maurício Vicente Lima Alessandro de Oliveira Arlindo Tinoco HALTEROFILISMO

TÊNIS DE MESA Maria Luiza Passos Francisco Sales Keiki Shimomaebara Luiz Algacir da Silva ESGRIMA Andrea de Mello TÊNIS EM CADEIRA DE RODAS José Carlos Morais Francisco Reis Junior

Marcelo Motta

Memória Paralímpica

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JOGOS PARALÍMPICOS DE DE SYDNEY – AUTRÁLIA - 2000

CHEFE DA MISSÃO Prof. Alberto Martins Costa

Eliana Perpetua Souza Antônio Delfino Souza

ADJUNTO DO CHEFE DA MISSÃO Rivaldo Araújo da Silva

BASQUETE

DIRETOR-TÉCNICO Kleber Veríssimo DIRETOR-MÉDICO Dr. Roberto Vital MÉDICOS Dr. Antonio Carlos Silva FISIOTERAPEUTAS Odir do Carmo e Ana Paula ENFERMAGEM Zaira do Nascimento Firmino APOIOS Gilberto, Nilton Gomes da Silva e Francisco Raimundo Matias ATLETA-GUIA Gerson Knitell ATLETISMO Maria Jose Ferreira Alves Andre Andrade Suely Guimarães Josias Lima Ádria Santos Anderson Santos Sandro Alex Santos Aurélio Guedes dos Santos Roseane Santos Ferreira

298

Ivan Batista Ricardo Correia Douglas Costa Leandro Gonçalves Alexandre Custódio Aldimar Lemos Jeferson Sanches André Santos Adriano Souza Clodoaldo Souza Givanildo Souza CICLISMO Roberto Silva Claudio Santos FUTEBOL DE 7 Douglas Armador João Ayres Adriano Costa Fábio Ferreira Márcio Lopes Romildo Quiaveli Luciano Rocha Jean Rodrigues Marcos Silva Moises Tamiozzo Marcos dos Santos JUDÔ Helder Maciel Araújo Antônio da Silva

HALTEROFILISMO João Batista Euzébio Terezinha Mulato Santos Aleksander Whitaker NATAÇÃO Genezi Andrade Francisco Avelino Patricio Bezerra Rildene Fonseca Danilo Glasser Fabiano Machado Adriano Pereira Claudia Silva Clodoaldo Silva Luis Silva Gledson Soares Joon Sok Seo Fabiana Sugimori Ivanildo Vasconcelos Adriano Gomes de Lima TÊNIS DE MESA Lucas Maciel Carlo Michell Francisco Salles Luiz Algacir da Silva Anita Sutil ESGRIMA Andrea de Mello Mauro Brasil


JOGOS PARALÍMPICOS DE DE ATENAS – GRÉCIA - 2004

CHEFE DA MISSÃO Prof. Alberto Martins Costa ADJUNTOS DO CHEFE DA MISSÃO: Renausto Alves Amanajás e Kleber Veríssimo

ATLETAS GUIAS Gerson Knitell e Jorge Luiz Silva de Souza(Chocolate)

Moisés Vicente Neto Odair Ferreira dos Santos Ozivam dos Santos Bonfim

TÉCNICA DE GOALBALL FEMININO Luciana di Tilio Matos

ATLETISMO FEMININO

DIRETOR-TÉCNICO Edilson Alves (Tubiba)

Ass. Técnica: Nágila Zambonatto

DIRETOR-MÉDICO Dr. Roberto Vital

Técnico Futebol de 7: Paulo Fernando da Cruz

MÉDICO Hesojy Gley Pereira Vital da Silva

Técnico de Futebol de 5: Antonio de Pádua

FISIOTERAPEUTAS Ronnie Peterson Andrade de Sousa, Renata Bezerra do Nascimento Vander Fagundes

Ass. Tec. Futebol de 5: Roderlei Ferreira

PSICÓLOGOS Dietmar Martin Samulski, Dalila Victoria Galano Ayala e Mara Regina Raboni CLASSIFICADOR FUNCIONAL Patricia Silvestre de Freitas ENFERMAGEM Zaira do Nascimento e Jose Faustino de Lima BIOMECÂNICO Silvio Soares dos Santos APOIOS Ricardo Silva Melo e Francisco Raimundo Matias

TÉCNICO DE GOALBALL MASCULINO: Dailton Freitas do Nascimento TÉCNICO DE GOALBALL FENININO Márcio Morato COORDENADOR DE GOALBALL Wagner Xavier de Carvalho (James Dean) ATLETISMO MASCULINO André Luiz Garcia de Andrade Antônio Delfino de Souza Aurélio Guedes dos Santos Gílson José dos Anjos Hilário Moreira Neto Júlio César P. Souza

Memória Paralímpica

Roseane Ferreira dos Santos Simone Camargo da Silva Sirlene Aparecida Guilhermino Sônia Maria Pereira de Gouveia Suely Rodrigues Guimarães Terezinha Aparecida Guilhermino Ádria Rocha Santos Maria José Ferreira Alves

BASQUETE EM CADEIRA DE RODAS MASCULINO Douglas Ximenes Magalhães Erick Epaminondas da Silva Glebe Cândido Alves da Silva Heriberto Alves Roca Írio Francisco Nunes José Marcos da Silva Marcos Cândido Sanches da Silva Paulo César dos Santos Sandoval Francisco da Silva Thiago Fernando de Oliveira Wandemberg Nejain Nascimento Carlos Roberto da Silva Júnior

299


CICLISMO

GOALBALL

Rivaldo Gonçalves Martins

Andréa Mello (Nova Iorque/EUA)

Valkilene Lannes Dalarme Cláudia Paula Gonçalves de Amorim Evelyne Ribeiro Cantanhede Renata Fernandes Hermenegildo Adriana Bonifácio Lima Ana Carolina Duarte Ruas Custódio

FUTEBOL DE 5 PARA CEGOS

HALTEROFILISMO

Francisco de Assis Avelino Genezi Alves de Andrade Gledson Soares Ivanildo Alves de Vasconcelos Joon Sok Seo José Afonso Medeiros Luiz Antônio Correa Silva Marcelo Collet Silva Mauro Luiz Brasil da Silva Moisés Domingues Batista Rodrigo Machado de Souza Ribeiro

Andreonni Fabrizius Farias do Rêgo Anderson Dias da Fonseca Fábio Luiz Ribeiro de Vasconcelos Damião Róbson de Souza Ramos João Batista da Silva Mizael Conrado de Oliveira Nilson Pereira da Silva Marcos José Alves Felipe Sandro Laina Soares Severino Gabriel da Silva

Alexander Whitaker Santos Marcelo Garcia da Motta

NATAÇÃO FEMININA

ESGRIMA

FUTEBOL DE 7 PARA PARALISADOS CEREBRAIS Adriano Biggi Costa Fabiano Rogério Dias Bruzzi Fábio Ferreira Jean Adriano Rodrigues José Carlos Monteiro Guimarães Leandro Manso Marinho Luciano Gonçalves Rocha Marcos dos Santos Ferreira Marcos Willian Santos Guimarães da Silva Moisés Tamiaozzo Silva Peterson Alves Rosa Renato da Rocha Lima

300

Marcos Fernandes Alves

Rildene Fonseca Firmino Bezerra Edênia Nogueira Garcia Fabiana Harumi Sugimori Cláudia Celina da Silva

JUDÔ MASCULINO

TÊNIS DE MESA

Alexandre Magno Ferreira da Silva Antônio Tenório da Silva Divino Aurélio Dinato Eduardo Paes Barreto

Cristovam Jaques Pereira Lima Iranildo Conceição Espíndola Ivanildo Pessoa de Freitas Lucas Martins Maciel Luiz Algacir Vergílio da Silva Roberto Pereira Alves

HIPISMO

JUDÔ FEMININO Karla Ferreira Cardoso Renata Carvalho Quintão Daniele Bernardes da Silva NATAÇÃO MASCULINA Adriano Galvão Pereira Adriano Gomes de Lima André Meneghetti Clodoaldo Francisco da Silva Danilo Binda Glasser Fabiano Machado da Silva


JOGOS PARALÍMPICOS DE DE BEIJING – PEQUIM - 2008

ATLETISMO Masculino Paulo Douglas Moreira de Souza Marco Aurélio Lima Borges Leonardo Amâncio Carlos José Barto da Silva Daniel Mendes da Silva Felipe de Souza Gomes Lucas Prado Christiano Henrique Farias Julio César de Souza Odair Ferreira dos Santos Pedro César da Silva Moraes Alex Cavalcante Mendonça Aurélio Guedes dos Santos Pedro Flávio Guilhermino André Luiz Garcia Andrade Nelson Ned Trajano Pereira Gilson José dos Anjos José Ribeiro da Silva Edson Cavalcante Pinheiro Jonathan de Souza Santos André Luiz Oliveira Alan Fonteles Cardoso de Oliveira Antônio Delfino de Souza Emicarlo Elias de Souza Ozivan dos Santos Bonfim Tito Alves de Sena Yohansson do Nascimento Ferreira Moises Vicente Neto José Carlos Purificação de Alecrim Claudemir do Nascimento Santos Ariosvaldo Fernandes da Silva Feminino Rosenei Herrera Shirlene Santos Coelho Fernanda Yara Silva

Sheila Finder Sonia Maria Pereira de Gouveia Poliana Jesus Suely Guimarães Roseane Ferreira dos Santos Teresinha Aparecido Guilhermina Ádria Rocha Santos Jerusa Geber dos Santos Sirlene Aparecida Guilhermino Maria José Alves Ana Tércia Venâncio Soares Joana Helena dos Santos Silva Indayana Pedrina Moia Martins Jenifer Martins dos Santos

BOCHA Eliseu Santos Dirceu José Pinto Fonte: Ande (Associação Nacional de Desporto para Deficientes) CICLISMO Flaviano Eudoxio de Carvalho Soelito Ghor Fonte: CBC (Confederação Brasileira de Ciclismo) FUTEBOL DE 5 (para cegos) Andreonni Fabrizius Farias do Rego Damião Robson de Souza Ramos Fábio Ribeiro Vasconcelos Jefferson da Conceição Gonçalves João Batista da Silva Marcos José Alves Felipe Mizael Conrado de Oliveira Ricardo Steinmetz Alves

Memória Paralímpica

Sandro Laina Soares Severino Gabriel da Silva FUTEBOL DE 7 (para paralisados cerebrais) Antônio Marcos Passos da Rocha Fabiano Rogério Bruzzi Gilberto Ferreira de Moraes Irineu Nunes Ferreira Jean Adriano Rodrigues José Carlos Monteiro Guimarães Leandro Manso Marinho Luciano Gonçalves Rocha Marcos William Santos G. da Silva Marcos dos Santos Ferreira Renato da Rocha Lima Wanderson Silva de Oliveira

GOALBALL Masculino Alexsander Almeida Maciel Celente Legy Pedro Freire Luis Pereira da Silva Filho Paulo Roberto Homem Romário Diego Marques Thiago Henrique Firmino da Costa

GOALBALL Feminino Adriana Bonifácio Lino Ana Carolina Ruas Custódio Cláudia P. Gonçalves de Amorim Luana Cristina da Silva Neuzimar Clemente dos Santos Simone Camargo da Silva

301


HALTEROFILISMO Alexander Whitaker dos Santos Josilene Alves Ferreira Maria Luzineide Santos de Oliveira HIPISMO Elisa Melaranci Davi Salazar Pessoa Mesquita Marcos Fernandes Alves Sérgio Froes Ribeiro de Oliva JUDÔ Masculino Helder Maciel Araújo Eduardo Paes Barreto Amaral Antonio Tenório da Silva

JUDÔ Feminino Karla Ferreira Cardoso Michelle Aparecida Ferreira Daniele Bernardes da Silva Lúcia da Silva Teixeira Deanne de Almeida

302

NATAÇÃO Masculino

TÊNIS EM CADEIRA DE RODAS

Andre Brasil Esteves Clodoaldo Francisco da Silva Daniel de Faria Dias Phelipe Andrews Melo Rodrigues Adriano Gomes de Lima Carlos Alonso Farrenberg Danielson Pontes dos Santos Adriano Galvão Pereira Ivanildo Alves de Vasconcelos Genezi Alves de Andrade Mauro Luiz Brasil da Silva Gabriel Feiten Moises Domingues Batista Marcelo Collet e Silva Mauro Gledson Soares - Natal/RN Francisco de Assis Avelino Luiz Antônio Correia e Silva Rodrigo Machado de Souza Ribeiro Joon Sok Seo

Carlos Alberto Chaves dos Santos Maurício Pommê

NATAÇÃO Feminina Edenia Nogueira Garcia Fabiana Harumi Sugimori Rildene Fonseca Firmino Verônica Mauadie de Almeida Valeria Santarém Lira

TÊNIS DE MESA Alexandre Macieira Ank Carlo di Franco Michell Carollina Maldonado Claudiomiro Segatto Hemerson Leocadio Kovalski Iranildo Conceição Espíndola Ivanildo Pessoa de Freitas Jane Carla Rodrigues Luiz Algacir Vergílio da Silva Maria Luiza Pereira Passos Welder Camargo Knaf TIRO Carlos Henrique Prokopiak Garletti VELA Luiz Cesar do Nascimento Faria Darke Moraes Rego Bhering de Matto Rossano Marcos de Sá Leitão


Memória Paralímpica

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