Bienal Sesc de Dança | Catálogo 2019

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Constância e Comprometimento

Constancy and Commitment

Abram Szajman Presidente do Conselho Regional Sesc São Paulo

Abram Szajman President of Regional Council Sesc São Paulo

Resultado do compromisso assumido pelo empresariado do comércio de bens, serviços e turismo, o Serviço Social do Comércio (Sesc) surgiu em 1946 com a missão de contribuir para a melhoria na qualidade de vida e para o bem-estar social dos trabalhadores dessas áreas, bem como de seus familiares e da sociedade em geral. Atuando ao longo de sua história no âmbito da educação, lazer, saúde, cultura e assistência, a instituição, de caráter privado, tem desenvolvido projetos e ações que estimulam o conhecimento, a convivência e a responsabilidade social. Atendendo semanalmente a milhares de pessoas que frequentam suas unidades, localizadas na capital, interior e litoral do estado de São Paulo, o Sesc completa 73 anos de atuação na mesma semana em que tem início a nova edição da Bienal Sesc de Dança, no município de Campinas, importante polo comercial da região. Pelo alcance de suas programações, a instituição favorece a presença de públicos cada vez maiores e heterogêneos fruindo de suas diversificadas atividades. Desta forma, tem sido importante colaborador ao reconhecer a importância de uma ampla constituição cultural para o desenvolvimento humano, socioeconômico e, por conseguinte, do comércio. Nesse cenário, ao realizar a Bienal Sesc de Dança, evento que proporciona o acesso a um panorama nacional e internacional das produções de dança contemporânea, o Sesc mantém papel importante como precursor de iniciativas artísticas e socioeducativas que propiciam ambientes mais criativos, colaborando assim com a formação de indivíduos mais produtivos e integrados ao meio em que vivem.

As a result of the commitment made by the businessmen of the business community of goods trade, services and tourism, the Social Service of Commerce (Serviço Social do Comércio, Sesc) was established in 1946 with the mission of contributing to improve the quality of life and social welfare of the workers in these sectors, as well as their families and the society as a whole. Acting throughout its history in the area of education, entertainment, health, culture, and care, the private institution has developed projects and actions that encourage knowledge, conviviality, and social responsibility. Assisting thousands of people who attend our units every week, located in the capital, interior and the coast of the state of São Paulo, Sesc celebrates 73 years of activities in the same week that the new edition of Sesc Dance Biennial begins in Campinas, an important commercial hub in the region. Due to the scope of its programs, the institution fosters the presence of increasingly large and heterogeneous audiences that enjoy the diverse activities. That way, it has been an essential contributor by recognizing the importance of a broad cultural constitution for the human, socioeconomic, and therefore, trade development. In this scenario, by holding the Sesc Dance Biennial, an event that provides access to a national and international overview of contemporary dance productions, Sesc keeps playing an important role as a pioneer in the artistic and socio-educational initiatives that offer more creative environments, thus collaborating with the development of more productive individuals integrated into the environment where they live.

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Corpos Eloquentes na Dança

Eloquent Bodies in Dance

Danilo Santos de Miranda Diretor do Sesc São Paulo

Danilo Santos de Miranda Director of Sesc São Paulo

Para compreender a dança precisamos de olhos que vejam aquilo que não porta visualidade plena. Há que percorrer as dobraduras da sua materialidade para escapar, por vãos e desvãos, da falsa necessidade de lhe atribuir significados.¹ — Helena Katz

Das inúmeras formas de manifestação, as práticas corporais estão presentes desde sua origem. Por meio de caricaturas, gestos ou movimentos, o corpo tem a capacidade de exprimir sentimentos e impressões, individuais e coletivos, em diálogo com o ambiente em que foram produzidos, transmitindo uma mensagem não textual. Semelhante às danças ritualísticas, como as matrimoniais ou em agradecimento às boas colheitas, as expressões coreográficas podem remeter a situações contextuais, resultando em reações corpóreas, predefinidas ou não, que demonstram um determinado comportamento diante de tais estímulos. Contudo, nem sempre as coreografias são reativas, podendo também serem originadas pela criatividade propositiva dos agentes envolvidos, sem prescindirem, no entanto, das vivências e influências do meio em que vivem e que por ele são inquietados. Resultante de estruturas sociais que enredam em suas tramas as diferentes existências, a dança tem o potencial de comunicar especificidades de grupos que evocam, através de coreografados movimentos, seus dramas e suas alegrias. Cenas que representam, pela intensidade dos corpos no espaço, desejos e angústias subjetivos, mas que, entretanto, encontram ressonância em outras consciências que buscam representatividade e reconhecimento de si e de suas particularidades diante de sociedades que, muitas vezes, privilegiam a homogeneização em detrimento do singular.

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In order to understand dance, we need eyes that see what does not carry full visuality. The folds of its materiality must be traversed in order to escape, through gaps and vents, from the false need to give it meanings.¹ — Helena Katz

Of the countless forms of manifestation, body practices are present since its very beginning. Through caricatures, gestures, or movements, the body has the ability to express individual and collective feelings and impressions, in dialogue with the environment where they were produced, conveying a non-textual message. Similar to ritual dances, such as those matrimonial or for good harvest thanksgiving, choreographic expressions can refer to contextual situations, resulting in bodily reactions, whether predefined or not, that demonstrate a given behavior in the face of such stimuli. However, choreographies are not always reactive, and they may also stem from the purposive creativity of the agents involved, without, however, giving up the experiences and influences of the environment where they live and by which they are disturbed. Resulting from social structures that entangle the different existences in their plots, dance has the power to communicate specificities of groups that evoke their dramas and their joys through choreographed movements. Scenes, which, by the intensity of bodies in space, represent subjective desires and anguishes, but that, however, find resonance in other awarenesses seeking representation and recognition of themselves and their particularities before societies that often favor homogenization over the singular. However, with or without the consent of the exclusionary conventions, body diversity exists in daily living. And it resists by being present with

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Contudo, com ou sem anuência das convenções excludentes, a diversidade de corpos existe em convivência diária. E resiste ao fazer-se presente com uma vivacidade própria daqueles que se sabem na berlinda. Corpos inquietos que reconhecem a urgência de se manifestarem vivos, em cena e no palco da vida, expressando por meio da dança o pensamento impresso no corpo, tanto o próprio quanto o de um coletivo, comunicando através de seus movimentos informações sobre sua constituição histórica, não apenas física, mas também sociocultural e política. Respeitar a pluralidade das manifestações humanas é uma característica do Sesc, que reconhece as diversidades como partícipes necessárias para avanços sociais comuns, contribuindo para o desenvolvimento humano por meio de atividades educativas e culturais. Na mesma semana em que a instituição completa 73 anos de atuação, a Bienal Sesc de Dança principia mais uma edição do evento, que ocorre há mais de vinte anos, inicialmente na cidade de Santos e desde 2015 na cidade de Campinas. Desta forma, tal qual o dinamismo existente na dança, o Sesc mantém o compromisso de difundir ações no campo da arte e da cultura, propiciando experimentações em diferentes espaços e localidades. Em sua 11º edição, com apoio da Universidade de Campinas (Unicamp) e da Prefeitura Municipal de Campinas, dentre outros parceiros, a Bienal Sesc de Dança convida seus públicos a fruir produções artísticas, nacionais e internacionais, bem como atividades formativas, voltadas a faixas etárias variadas. Através de um panorama diversificado da cena atual da dança contemporânea, o evento oferece uma imersão na linguagem, instigando, desse modo, a reflexão acerca da presença da dança como expressão, movimento e também meio para composição de redes de sociabilidade para a vida em sociedade.

a liveliness typical of those who know they are in the spotlight. Restless bodies that recognize the urgency to show they are alive, on the scene and the stage of life, expressing through dance the thinking imprinted on the body, both their own and the collective, communicating through their movements, information about their historical constitution, not only physical, but also the socio-cultural and political that formed it. Respecting the plurality of human manifestations is a characteristic of Sesc, which recognizes diversity as necessary participants for common social advances, contributing to human development through educational and cultural activities. In the same week that the institution celebrates 73 years of activities, Sesc Dance Biennial starts a new edition of the event, which has been taking place for over 20 years, initially in the city of Santos and since 2015 in the city of Campinas. That way, just like the dynamism existing in dance, Sesc maintains the commitment to spread actions in the field of art and culture, providing experiments in different spaces and locations. In its 11th edition, supported by the University of Campinas - Unicamp and Campinas City Hall, among other partners, Sesc Dance Biennial invites its audiences to enjoy artistic, national and international productions, as well as training activities aimed at various age groups. Through a diverse overview of the current scene of contemporary dance, the event offers an immersion in the language, thus inducing reflection on the presence of dance as an expression, movement and also a means for the composition of sociability networks for social life.

1  KATZ, Helena. A dança, pensamento do corpo. In: Artepensamento: ensaios filosóficos e políticos. São Paulo: portal do Instituto Moreira Salles (IMS), 2003.

1  KATZ, Helena. “A dança, pensamento do corpo”, in Artepensamento: ensaios filosóficos e políticos. Website of Instituto Moreira Salles - IMS, 2003.

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Bom Dia, Bienal

Good Morning, Biennial

Cristian Duarte

Cristian Duarte

Hoje é dia de inventar a maldade. De deixar arder todos os corpos elétricos ou um só. É dia de chamar o daimón pra fazer um aCORdo. De chamar uma boba pra um trabalho normal. Hoje é dia de Bienal.

Today is the day to invent evilness. To let all electric bodies burn or just one. It's day to call the daimón to make a deal named aCORdo. To call the silly woman for a normal work. Today is Biennial Day.

Dia de se entregar às forças de um mal arcaico e primitivo. Dia de terremoto corporal, de ícones energéticos e da passagem do tempo. Dia de explorar o delírio, a mania, a materialidade concreta e a distopia. Dia de confrontar a ideia de nação, de jornada de oito horas de trabalho convencional, de ações inúteis que não geram nenhum resultado ou produto. É dia de revista no morro de morte matada. Hoje é dia de Bienal.

A day to surrender to the forces of an archaic and primitive evil. A day of body earthquake, energetic icons and passage of time. A day to explore delirium, mania, concrete materiality and dystopia. A day to cross-check the idea of nation, of a conventional eight-hour workday, of useless actions that do not generate any results or products. It’s a day of search in the slum, death by killing. Today is Biennial Day.

Hoje é dia de oprimir e antropofagizar. Dia de sumo, de fruta gogoia, de peso bruto, de carne e concreto. É dia de fazer um strip tempo e botar na praça uma bola de fogo. Hoje é dia de Bienal.

Today is the day to oppress and anthropophagize. A day of juice, gogoia fruit, gross weight, of flesh and concrete. It's day to perform a strip tempo and put a ball of fire at the square. Today is Biennial Day.

Dia de ser social, político e cultural, de se opor a uma ideia positivista de progresso. Dia de sonho com figuras oníricas, de transmissão, de repertório, de modos de criação, de questionar os padrões de beleza, de pensar como o sistema econômico atual molda o comportamento. Dia de cabaré subterrâneo para desnudar artistas baianos, é dia de quebrar, inchar, transformar, bater, fritar e comer. É dia de Xangô e Yansã. Hoje é dia de Bienal.

A day to be social, political and cultural, to oppose a positivist idea of progress. A day of dream with dreamlike figures, of transmission, repertoire, modes of creation, a day to question the beauty standards, to think about how the current economic system shapes behavior. A day of underground cabaret to strip artists from Bahia, it's a day to break, swell, transform, beat, fry and eat. It’s day of Xangô and Iansã Today is Biennial Day.

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Dia de ir para dentro, de ser violento, dia de tudo que passa e fica. Dia de deriva coreografada em edifício, de desnudar racismo estrutural existente, de colecionismo, de resquício joia-objeto. Dia de cancioneiro terminal 10 mg, de se apropriar do erro e transformá-lo em uma bandeira. Dia de autopoiese, de sismos e volts, de autoprodução de si, de ser mestiço de cabelos crespos, dia do corpo ser levado a se mover. Hoje é dia de Bienal. Dia de procedimento para lugar nenhum, de monumentos em ação, de arrastão, de Trrr, de Z. Hoje é fim. Dia do corpo ser arquivo de esquecimentos, de memória coletiva, de assumir o espaço público, de não mexer comigo porque eu não ando só. Dia de botar o passado na frente do corpo e o futuro atrás dele. Dia de construir ecossistema e da imaginação se afundar na escuridão. Hoje é dia de cair no chão, de abstração, dia de transformação perpétua da vida. Dia de peixe, de égua, de banho, de canto dos malditos. Hoje é dia de escuta! De fazer dança que ninguém quer ver. Eclipse: Mundo. Dia de espacialidade rasteira, de ser selvagem, de ritual de limpeza, de cura e de homenagem às mulheres que resistem. Dia de exacerbar no corpo a solidão, o fracasso, a tristeza e a desesperança frente às atrocidades da vida, hoje é dia de desabafo. Dia de desembrutecer o olhar, de bando que (r)existe. Dia de dança não identitária, não teleológica, não representativa e quase não performática, dia de dança não orientada para o público. Hoje o dia é normal. Dia de boas garotas e de vovós dançantes. Hoje é dia de rir. Dia de seguir a seta para supernada. Hoje é dia de Bienal.

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A day to go inside, to be violent, a day of all that passes and remains. A day of drift choreographed in buildings, to bare the existing structural racism, of collecting, of remnant jewel-object. A day of terminal songbook, to take the mistake over and turn it into a flag. Day of autopoiesis, earthquakes and volts, self-production of oneself, to be a mestizo with curly hair, day of the body being led to move. Today is Biennial Day. A day of procedure to nowhere, monuments in action, dragging, Trrr, and Z. Today is the end. A day for the body to be a forgetfulness archive, of collective memory, a day to take over the public space, not to mess with me because I am not alone. A day to place the past in front of the body and the future behind it. A day to build an ecosystem, and for imagination to drown in darkness. Today is the day to fall to the ground, of abstraction, a day of eternal transformation of life. A day of fish, mare, bath, the singing of the damned. Today is listen! day. A day to make a dance no one wants to see Eclipse: World. A day of low spatiality, to be wild, ritual of cleaning, healing and tribute to the women who resist. A day to exacerbate on the body loneliness, failure, sadness and hopelessness in the face of life's atrocities, today is the day of outburst. A day to tame the glare, of gang that exists and resists. Day of non-identitarian, non-teleological, unrepresentative and almost non-performing dance, day of non-audienceoriented dance. Today is a normal day. Day of good girls and dancing grandmothers. Today is a laughing day. A day to follow the arrow to the supernothing. Today is Biennial Day.

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Dia de explorar o erotismo, de excitar e interrogar as relações entre ver e ser visto, de movimento que se transforma em transe coletivo. Dia de quando o riso ri, de bagunçar a ordem, de nota de vinte reais que sangra e muito mais.

A day to explore eroticism, to question and encourage the relations between seeing and being seen, of movement becoming a collective trance. Day of when laughter laughs, to mess up the order, of the bleeding twentydollar bill, and more.

Hoje é dia de vida enorme. Dia de celebrar a carne do mundo e sua opacidade. Dia de site-people-specific, onde o profundamente humano desafia o profundamente artístico. Hoje é dia de uma ilha feliz.

Today is the day of enormous life. A day to celebrate the flesh of the world and its opacity. A day of site people specific, where the deeply humane dares the deeply artistic. Today is the day of a happy island.

Texto composto de 99% citação a partir dos títulos, releases e sinopses dos trabalhos. 0,5% preposições acrescentadas. 0,5% transformações de substantivo em verbo por pressão gramatical. 100% da fonte MC Dia de Maldade.

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This text is made up of 99% of quotes from the titles, releases and synopses of the works. 0.5% prepositions were added. 0.5% of nouns turned into verbs by grammar pressure. 100% from the source MC Dia de Maldade.

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Ensaios

Essays

Fabrício Floro Silvana Santos Equipe Curatorial Sesc São Paulo

Fabrício Floro Silvana Santos Curatorial Team Sesc São Paulo

Não afirmo que as formas estéticas não reflitam posições ideológicas: claramente podem e fazem. Mas elas não apenas refletem. Em vez disso, minha afirmação é que a coreografia designa uma zona deslizante ou graciosa onde o discurso se encontra com a prática – uma zona em que, numa era anterior, era possível que uma esfera pública burguesa emergente trabalhasse e redefinisse os vínculos da estética e da política. — Hewitt, 2015

Quando a dança se organiza em meio à desordem coreografada pelas políticas mundiais em curso, ela reverbera nos corpos movimentos distintos, diversos, e mesmo a própria ausência de gestos, que desencadeia múltiplos significados e sentidos, apontando às necessidades de encontrarmos novas formas de nos relacionarmos uns com os outros e com o ambiente. Em meio a discussões e atenções, esta equipe de curadoria se viu diante de materiais vigorosos e potentes que nos instigou a percorrer um caminho pela vertigem das listas, para citar Umberto Eco, na busca de entender o que todos esses artistas estavam dizendo. Nos vimos ensaiando coerências e diálogos entre os trabalhos inscritos e os que seriam convidados nesta 11ª Bienal Sesc de Dança, mas, na verdade, tudo já era para valer. As mais de 1.200 inscrições indicavam uma reflexão sobre como os corpos são afetados pelas realidades que os envolvem, num fluxo de troca permanente, em que somos todos atravessados e atravessamos. O desafio era trazer um conjunto que abarcasse toda essa complexidade e construísse um panorama de possibilidades. A eterna busca pela possibilidade de existir no aqui e agora e em diante.

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I do not state that aesthetic forms do not reflect ideological positions: they clearly can and do it. But they do not only reflect them. My statement instead is that the choreography refers to a sliding or graceful zone where the speech meets practice – a zone where, in an earlier era, it was possible for an emerging bourgeois public sphere to work and redefine the bonds of aesthetics and of politics. — Hewitt, 2015

When dance is organized in the midst of a disorder choreographed by the current world politics, it reflects on the bodies distinct, diverse movements, and even the absence of gestures, which triggers multiple meanings and senses, pointing to the need to find new ways to relate to each other and the environment. Amidst discussion and attention, this curatorship team was faced with vigorous and powerful material that urged us to make our way through the dizziness of lists, to quote Umberto Eco, aiming to understand what all these artists were saying. We found ourselves rehearsing coherences and dialogues between the works submitted and those that would be invited for this 11th Sesc Dance Biennial, but in fact everything was for real. The more than 1200 entries indicated a reflection on how bodies are affected by the realities surrounding them, in a permanent flow of exchange, where we are all affected and affect. The challenge was to come up with a set embracing all this complexity and building a panorama of possibilities. The permanent pursuit for the possibility of existing here, now and onwards. Creations of different complexities question behaviors and patterns that try to impose ways of being in the world. Would these ways be

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Criações de diferentes complexidades questionam comportamentos e padrões que tentam impor formas de estar no mundo. Seriam essas formas iguais para todas, todos e todes? A pluralidade de corpos presentes na programação vem nos mostrar que as formas são infinitas, assim como podem ser as listas. As mídias sociais e outros meios de comunicação afetam nossas escolhas e modificam nossos hábitos cognitivos através um turbilhão de informações. Seria uma outra vertigem? Definitivamente, não é a mesma vertigem suscitadas por estas obras artísticas. A dança, essa “zona deslizante ou graciosa onde o discurso se encontra com a prática”, consegue estabelecer, por meio de suas singularidades, os laços entre arte, educação e cultura que são fundamentais no processo de desenvolvimento de cidadãos críticos e atentos às responsabilidades que temos (ou deveríamos ter) conosco, com o outro e com o espaço no qual estamos inseridos. Ainda reverberando todo esse processo, convidamos a todas, todos e todes a participarem dessa coreografia única e vertiginosa que durante 11 dias ocupará vários espaços culturais, praças e ruas da cidade de Campinas. Pluralidades, singularidades, reflexões, indagações, narrativas, poesias, surpresas: uma mistura de um jeito que só a dança nos oferece.

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the same for everyone? This bodies plurality, present in the program, shows us that the ways are infinite, as the lists can be. Social media and other means of communication affect our choices and change our cognitive habits through a whirlpool of information. Would that be another dizziness? Definitely, it is not the same dizziness raised by these artworks. Dance, this “sliding or graceful zone where the speech meets practice”, is able to establish, through its singularities, the bonds between art, education and culture that are essential in the process of developing critical citizens who are aware of the responsibilities we have (or should have) with ourselves, the other and the space where we belong. Still reverberating this whole process, we invite everyone to take part in this unique and dizzying choreography that for eleven days will be occupying several cultural spaces, squares and streets in the city of Campinas. Pluralities, singularities, reflections, questions, narratives, poetry, surprises: a combination in a way that only dance can offer us.

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Sementes e Sismos – Como Fissurar Mundos e Danças?

Seeds and Earthquakes – How to Fissure Worlds and Dances?

Luciane Ramos-Silva Rita Aquino

Luciane Ramos-Silva Rita Aquino

Num exercício de cultivo da programação das atividades formativas da 11ª Bienal Sesc de Dança, dedicamos atenção à curadoria como possibilidade de entrelaçamento, reimaginação e produção de presenças no mundo. Compreendemos as atividades formativas como campo para a construção de relações com artistas, não artistas, territórios, grupos e instituições locais, profissionais do Sesc, espaços públicos e urgências do tempo presente – que demandam criatividade e pulsos de vida. Esses cruzamentos são oportunidades para arejar criticamente o chão da produção de conhecimento em dança. Nosso desafio foi desenvolver uma proposta espiralada, que possibilitasse expansões de pensamentos, abrangência estética e alcance de público em uma sintonia dinâmica com a programação artística e ao mesmo tempo firmemente conectada com as realidades sociais, em movimento com a roda do mundo. Considerando a multiplicidade de propostas recebidas, articulá-las criticamente exigiu deslocamentos dos nossos olhares, tensionamentos das relações normatizadas no sistema da arte e cruzamentos de modos de saber e fazer dança. Buscamos assim um conteúdo vigoroso e, ao mesmo tempo, elástico, capaz de conversar com a pluralidade que habitamos. Engajamos a escuta ativa, o acolhimento, a representação geográfica, racial e de

In an exercise to nurture the program of training activities for the 11th Sesc Dance Biennial, our focus lies on the curatorship as a possibility for intertwining, reimagining and producing presences in the world. We see the training activities as a field to build relationships with artists, non-artists, territories, groups and local institutions, Sesc professionals, public spaces and urgencies of the present time, which demand creativity and life pulses. Such intertwining means opportunities to critically think the field of production of dance knowledge. Our challenge was to develop a spiral approach, which would allow for thinking expansions, aesthetic scope, and audience reach in a dynamic line with the artistic program, while firmly connected with social realities, moving with the world wheel. Considering the multiplicity of proposals received, critically articulating them required us to shift our eyes, as well as tensions of the normalized relations in the art system and crossings between ways of knowing and doing dance. Thus, we have been in pursuit of a vigorous and at the same time elastic content, capable of talking with the plurality we inhabit. We engage active listening, welcoming, geographical, racial and gender representation as vital and strategic components to move a program in which dance plays the role of an important element in social life. In these times

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gênero como componentes indispensáveis e estratégicos para mover uma programação em que a dança se coloca como elemento importante na vida social. Nestes tempos em que a arte é constantemente transformada em mercadoria descartável, a ética do cuidado permeou o trajeto curatorial. O diálogo e a reciprocidade ampliaram a discussão sobre a multiplicidade de práticas artísticas, as quais não se desvinculam das camadas de histórias dos sujeitos e suas reverberações em narrativas disputadas, silenciadas ou reforçadas. As relações entre o local e o nacional, as singularidades do que se pode chamar de contemporâneo e a valorização de historicidades tornaram-se nossa maneira de comunicar um gesto curatorial que não se separa do gesto artístico. Saberes e fazeres que irradiam questões relativas ao campo expandido do pensamento sobre corpo e cultura; pautas que dizem respeito à formação em dança, incluindo debates epistemológicos em diversos contextos da educação hoje no Brasil; formas de encontro entre corpo e espaço público; e diversas relações com o tempo que coexistem no presente de bordas imprevisíveis. Compreendendo a necessidade de descolonizar a maneira como nomeamos e experienciamos o mundo, propomos as seguintes atividades: • Tecnologias de roda: saberes cultivados em círculo, olhando nos olhos uns dos outros, lado a lado, exercitando a escuta e a fala em suas performatividades de maneira horizontal. • Jogo de corpo: conversa com dispositivo de participação baseado em perguntas, uma estratégia para a construção de debates críticos sem imposição de perspectivas ou discursos fechados. • Microseminário: um encontro reflexivo no qual as questões são formuladas pelas/os presentes a partir de inscrições feitas na hora. • Debate: discussão especializada de tema convergente. • Residências artísticas: construção

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when art is constantly turned into a disposable commodity, the ethics of care permeated the curatorial path. Dialogue and reciprocity have broadened the discussion about the multiplicity of artistic practices, which do not untie from the subjects' layers of stories and their reverberations in disputed, silenced or strengthened narratives. The relations between local and national, the singularities of what we can call contemporary and the appreciation of historicities have become our way of communicating a curatorial gesture that does not separate from the artistic gesture. Knowledge and doings that radiate questions concerning the expanded field of thought about body and culture; topics concerning dance training, including epistemological debates in several contexts of education today in Brazil; the ways in which body and public space intersect, and several relationships with time that coexist in the present with unforeseeable edges. Understanding the need to decolonize the way we name and experience the world, we propose the following activities: • Circle technologies: knowledge nurtured in a circle, looking into each other's eyes, side by side, horizontally listening and speaking in their performativities. • Body game: conversation with questionbased participation device, a strategy for building critical debates without imposing closed perspectives or speeches. • Microseminary: a meeting of reflection in which questions are raised by those present based on inscriptions made on the spot. • Debate: expert discussion of convergent subject. • Artistic residences: shared construction of knowledge, in which artists communicate devices, tools and concepts with other artists and townspeople interested in an intensive experience. • Workshops: dance techniques and procedures for children, adults and elderly. • Master class: legacy bodies – the dance experience shared by generations of people whose paths become intertwined. Common

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compartilhada de conhecimento, na qual artistas comunicam dispositivos, ferramentas e conceitos com outros artistas e habitantes da cidade interessados em uma experiência intensiva. • Oficinas: técnicas e procedimentos em dança para crianças, adultos e idosos. • Aula magistral: corpos-legados – a experiência em dança compartilhada por gerações de pessoas cujas trajetórias se entrecruzam. Modos de dançar comuns que se retroalimentam e se expandem para lugares imaginados.

ways of dancing that exacerbate and expand to imaginary places. • Exhibitions: perspectives on body and dance with audiovisual support. • Book releases: broadened ways of dancing. Between what springs up and what fissures, we hope this curatorship will broaden the spaces of this floor for dances that came before and others that are to come.

• Exibições: perspectivas sobre corpo e dança no suporte audiovisual. • Lançamento de livros: modos expandidos do dançar. Entre o que brota e o que fissura, esperamos que esta curadoria amplie os espaços deste chão para danças que vieram antes e outras que estão por vir.

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Corpos Dissidentes e a Cena Artística: Diferença e Política

Dissident bodies and the artistic contexts: difference and policies

Flavia Meireles 1

Flavia Meireles 1

Um fenômeno importante ganhou visibilidade e peso nas cenas artísticas brasileiras: a presença de agentes que, há duas décadas, não ocupavam os espaços institucionalizados da arte de maneira tão coletivamente organizada. Refiro-me a uma valorização e afirmação de corpos dissidentes na cena, não percebidos como subordinados, mas como corpos que questionam (ou assim enunciam seu desejo) a norma vigente. Por dissidentes entenda-se os corpos que estão em desacordo com uma supremacia branca e uma heterossexualidade compulsória; corpos que problematizam o gênero como imposição; os que são etnorracializados; os que desafiam a formacorpo capaz; os que passam por processos migratórios e os que se enunciam pertencentes às classes populares, em relação a um meio artístico majoritariamente frequentado por classes mais privilegiadas em termos de acesso aos bens culturais. No entanto, essa visibilidade não é um fenômeno novo. Se consideramos que uma das funções da arte seria a de transgredir o estabelecido, seria orgânico pensar que tudo o que tenciona a norma teria acolhimento na arte. A transformação recente parece se dar na ocupação mais numerosa (ainda que ínfima em termos estruturais) dessas pessoas em lugares de destaque nas cenas artísticas brasileiras e na articulação dessas presenças a lutas que lidam com a dimensão social da arte de forma explícita e enunciada.

An important phenomenon has gained visibility and relevance in the Brazilian artistic contexts: the live presence of people who, two decades ago, did not occupy institutional art spaces in such a collectively organized way. I am referring to an appreciation and affirmation of dissident bodies in the arts scene, not perceived as subordinated to a norm, but as bodies that are questioning (or thus state their desire) it. By dissidents, I mean bodies that do fit to white supremacy and compulsory heterosexuality; bodies that call into question gender as an imposition; those who are ethnoracialized; those who challenge body ability; those who go through migratory processes and those who belong to working classes, in relation to an artistic world mostly attended by more privileged classes in terms of access to cultural goods. Such visibility, however, is not a new phenomenon. If we consider that one of the functions of Art would be to challenge the establishment, it would be organic to see those bodies in Art. The recent transformation seems to occur in the more numerous (even though still structurally weak) position of these people in prominent places of Brazilian arts scenes and in the articulation of these bodies with struggles that deal with the social dimension of art in an explicit and enunciated way. Although perceived in their individuality, these dissident bodies are also part of a social fabric and are connected to a network of

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Embora percebidos em sua individualidade, esses corpos dissidentes igualmente fazem parte de um tecido social e estão conectados a uma trama de outros corpos e lutas coletivas a partir de cruzamentos e sobreposições complexas. Por um lado, os movimentos coletivos lidam com a problemática da política identitária, que pode levar a um essencialismo excludente, mascarado de inclusão. Por outro lado, se observados por sua atuação políticohistórica, esses movimentos contestam uma estrutura e hegemonia que determinam quais corpos podem estar em quais lugares ou, para lembrar a expressão de Judith Butler ([1993] 2011), quais corpos importam. Uma outra problemática é o risco de que tais presenças sejam absorvidas nas instituições culturais e amansadas na contundência de suas reivindicações, diluídas num projeto conciliatório ou morno que acaba engolido pela própria instituição. Vale, então, olhar à nossa volta e se perguntar: convivo com pessoas socialmente marcadas como dissidentes da norma? Como se dá esse contato? Elas ocupam lugares de destaque nos meios pelos quais circulo? Percebo ou não o impacto dessas presenças no meu entorno? Elas estão conforme ou destoam dos contextos que frequento? Tais questões, apesar de muito elementares, são pistas concretas para uma elucidação não somente da sua própria posicionalidade, mas também da relação que se estabelece (ou não) com os espaços de circulação e ocupação e, ainda, se essas presenças (ou ausências) afetam esses espaços. Um tema recentemente evocado é o da representatividade: a política deliberada de inclusão dos corpos dissidentes nos espaços institucionalizados, em lugares de destaque e não somente como coadjuvantes nos processos decisórios ou de visibilidade no contexto de arte. Embora extremamente pertinente, tal tema não é, no entanto, suficiente para assegurar que o jogo assimétrico de forças de presenças/ausências nas instituições de arte seja mais equalizado. É evidentemente um passo necessário, mas que precisa ser seguido de tantos outros passos, tais como o de produzir um ambiente que acolha de fato os impactos que esses corpos causam e que não

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bodies and collective struggles with its complex intersections and overlaps. On the one hand, collective movements deal with the problems of identity politics, which can lead to an excluding essentialism, disguised as inclusion. On the other hand, if observed by their political and historical actions, these movements contest a hegemony that determine which bodies can occupy which places or, to recall Judith Butler's ([1993] 2011) phrase, which bodies matter. Another problem is the risk that such presences will be absorbed in cultural institutions and tamed in the fierce of their reclaims, diluted in a conciliatory or lukewarm project that will end up swallowed by the institution itself. Then, it is worth looking around and asking yourself: do I live with people who are socially marked as dissenting from the norm? How does this contact work? Are they leading people in the environments where I attend? Do I realize or not the impact of these presences in my surroundings? Do they match or differ from the contexts I attend? Such questions, although very elementary, are concrete clues to an elucidation not only of one’s own position, but also of the relationship that is established (or not) with the circulation and occupation of spaces, and also whether these presences (or absences) affect these spaces or not. A recently mentioned topic is the one of representativeness: the deliberate policy of including dissident bodies in institutional spaces, in prominent places and not only as second leads in decision-making or visibility in the art context. Although extremely relevant, this topic is not, however, enough to ensure that the asymmetrical play powers of presence/ absence in art institutions is more balanced. Obviously, it is a necessary step, but one that needs to be followed by so many other steps, such as producing an environment that actually welcomes the impacts that these bodies cause and that does not neutralize them neither accepting nor turning their presences out. Which measures challenge the institutional spaces towards a wider opening, without this implying a standardization of interpersonal behaviors, whether they are related to artists, curators, the mode of production and visibility regimes? It is important to make visible the way how institutional structures of art tend to more easily

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os neutralize nem assimilando, nem expulsando suas presenças. Quais medidas tencionam os espaços institucionalizados na direção de uma maior abertura, sem que isso signifique uma padronização das condutas interpessoais, sejam elas relacionadas a artistas, curadores, ao modo de produção e aos regimes de visibilidade? É importante tornar visíveis como as estruturas institucionais da arte tendencialmente absorvem com maior facilidade os corpos que estão na norma. Embora pareça óbvio, na experiência concreta tais relações não são tão evidentes, especialmente porque a norma passa por natural e visa ocupar o lugar da neutralidade. Um exemplo disso é a atribuição de teor político a determinados corpos e temas: todos os corpos têm carga política, porém são os não brancos que são comumente identificados com esse teor. Isso se dá porque os corpos marcados socialmente como brancos passam como invisíveis de conteúdo político, sendo essa uma das características da branquitude (Sovik, 2008). É, portanto, importante que estas estruturas fiquem visíveis, a fim de sacudir o conforto das normas estabelecidas. No campo étnicoracial, como já mencionado, este fenômeno tem a ver com explicitar o lugar automático de valorização dos corpos brancos, como se eles carregassem uma positividade intrínseca e, inversamente, a desvalorização automática de corpos não brancos, por processos de sobredeterminação das existências não brancas: tacitamente, sem nenhuma lei escrita, há um lugar e função que tentam capturar seus corpos, independentemente da sua vontade. Esse processo é tributário também da colonialidade e deveria ser objeto de reflexão em todos os campos da vida. A consideração desses recortes e marcadores para a produção, a análise, a curadoria e a experiência da cena artística pode ser vista como uma das facetas da dimensão social da arte traduzida na corporeidade, encarnada nos corpos. A implicação mútua entre arte e sociedade mostra que os modos de concepção e produção dos trabalhos artísticos, além da circulação dos corpos nos espaços institucionalizados, são índices importantes das políticas em jogo, detectores

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absorb the bodies within the norm. Although it seems obvious, in real life, such relationships are not self-evident, especially because the norm looks natural and aims to take the place of neutrality. An example of this is attributing political content to certain bodies and themes: all bodies are politically charged, however, the non-whites ones are those who are commonly identified with this content. This is because bodies socially marked as white are considered invisible of political content, which is one of the characteristics of whiteness (SOVIK, 2008). It is therefore important that these structures are kept visible in order to shake off the comfort of settled standards. In the ethno-racial field, as already mentioned, this phenomenon has to do with making explicit the automatic place of white bodies appreciation, as if they carried in an inner positiveness, and, conversely, the automatic depreciation of non-white bodies, by overdetermination processes of non-white existences: tacitly, with no written law, there is a place and function attempting to capture their bodies, regardless of their will. This process is also tributary of coloniality and should be an object of reflection in all fields of life. The consideration of these references and social markers for the artistic production, analysis, curatorship and experience can be seen as one of the aspects of the arts social dimension translated into corporeality, incarnated in bodies. The mutual implication between art and society shows that the modes of conception and production of artworks, in addition to the circulation of bodies in institutional spaces, are important signs of the policies at stake, detectors of the degree of porosity to difference. Therefore, not only do the topics arising on what is visible matter, but also a whole network involving interpersonal relations of the artist or the cultural worker combined with settled structures and contingent situations. In a word, I address the position that difference holds in society and cultural institutions. Finally, the purpose of this brief essay is to point out how dissident bodies have the challenge of articulating difference in close relation to a critical historicity and a politicization of bodies. The struggles of movements for better citizenship and the social dimension of art are aspects where one could

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do grau de porosidade à diferença. Portanto, não somente as temáticas que aparecem em cena importam, mas sim todo um elo que envolve relações interpessoais do trabalho do artista ou do agente cultural aliado a estruturas estabelecidas e situações contingenciais. Numa palavra, refiro-me ao lugar que a diferença tem ocupado na sociedade e nas instituições culturais. Por fim, o intuito deste ensaio é o de assinalar como os corpos dissidentes têm o desafio de articular a questão da diferença em correlação imbricada com uma historicidade crítica e com uma politização dos corpos. As lutas dos movimentos por cidadania e a dimensão social da arte são facetas nas quais se poderia perceber os desafios dessa articulação, na medida em que forçariam o instituído a se abrir ao comum.

perceive the challenges of the articulation of difference, since they would force what is established to open to what is common.

Bibliografia AHMED, Sara. On being included: racism and diversity in institutional life. Durham: Duke University Press, 2012. BUTLER. Judith. Bodies that matter: on the discursive limits of "sex". New York: Routledge, [1993], 2011. HALL, Stuart. Diásporas, ou a lógica da tradução cultural. In: Revista MATRIZes, v. 10, n. 3, p. 47-58, 23 dez. 2016. SOVIK, Liv. Aqui ninguém é branco. Rio de Janeiro: Editora Aeroplano, 2008. STREVA, Juliana. Colonialidade do ser e corporalidade: o racismo brasileiro por uma lente descolonial. Revista Antropolítica, n. 40, Niterói, p. 20-53, 1. sem. 2016. do ser e corporalidade: o racismo brasileiro por uma lente descolonial. Revista Antropolítica, n. 40, Niterói, p.20-53, 1. sem. 2016.

Bibliography AHMED, Sara. On Being Included: Racism and Diversity in Institutional Life. Durham: Duke University Press, 2012. BUTLER. Judith. Bodies that matter. On the Discursive Limits of "Sex". New York: Routledge, [1993], 2011. HALL, Stuart. Diásporas, ou a lógica da tradução cultural. Revista MATRIZes, v. 10, n. 3, p. 47-58, 23 dez. 2016. SOVIK, Liv. Aqui ninguém é branco. Rio de Janeiro: Editora Aeroplano, 2008. STREVA, Juliana. Colonialidade do ser e corporalidade: o racismo brasileiro por uma lente descolonial. Revista Antropolítica, n. 40, Niterói, p.20-53, 1. sem. 2016.

1  Artista, pesquisadora e docente em Dança do CEFETRJ. Doutoranda em Comunicação e Cultura pela ECO/ UFRJ, mestra em Artes Visuais pela mesma instituição, ex-bolsista CAPES no Angewandte Theaterwissenchaft (ATW) na Justus-Liebeg Universität (Giessen, Alemanha) e pesquisadora associada da rede de pesquisa Queer Studies, Decolonial Feminisms and Cultural Transformations da Justus-Liebeg Universität (Giessen, Alemanha). Cocriadora e mantenedora do site Temas de Dança (www.temasdedanca.com.br).

1  Dance artist, researcher and teacher at CEFETRJ. PhD Candidate in Communication and Culture from ECO/UFRJ, Master in Visual Arts from the same institution, former CAPES scholarship holder from Angewandte Theaterwissenchaft (ATW) at Justus-Liebeg Universität (Giessen, Germany) and associate researcher at Queer Studies, Decolonial Feminisms and Cultural Transformations research network, from Justus-Liebeg Universität (Giessen, Germany). Co-creator of Temas de Dança website (www.temasdedanca.com.br).

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1 2 Espetáculos Shows

Performances Perfomances

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3 4 5 6 Instalações Installations

Ações Formativas Formative Learning

Ponto de Encontro Meeting Point

Informações Information

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1 46 Égua Josefa Pereira e Patrícia Bergantin 48 Eu Sou uma Fruta Gogoia, em Tendência Não Binária Thelma Bonavita 26 A Boba Wagner Schwartz

50 Every Body Eletric [Corpos Elétricos] Doris Uhlich

28 A Invenção da Maldade Marcelo Evelin Demolition Incorporada

52 Fim Grupo VÃO

30 Acto 3/ Avassallar/ Trilogía Antropofágica [Ato 3/ Arrasar/ Trilogia Antropofágica] Tamara Cubas Cia. Perro Rabioso 32 Bando: Dança que Ninguém Quer Ver Alexandre Américo | Giradança 34 Canto dos Malditos Marcos Abranches 36 Daimón Luis Garay 38 Dancing Grandmothers [Avós Dançantes] Eun-Me Ahn 40

De Carne e Concreto – Uma Instalação Coreográfica Luciana Lara | Anti Status Quo Companhia de Dança

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Deixa Arder Marcela Levi e Lucía Russo

44 Eclipse: Mundo Paz Rojo

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54 Happy Island [Ilha Feliz] La Ribot Dançando com a Diferença 56 Normal Guilherme Botelho | Cia. Alias 58 Peso Bruto Jussara Belchior 60 Sismos e Volts Leandro Souza 62 Só Denise Stutz 64 Strip Tempo – Stripteases Contemporâneos – Vol. 1 e 2 Jorge Alencar 66 Supernada EP01 Clarice Lima 68 Trrr Thiago Granato 70 Z Alejandro Ahmed

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Espetáculos Espetáculos Shows Espetáculos Shows Shows ps2_BienalDanca_CatalogoMiolo_BC_Des14.indd 25

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A Boba Wagner Schwartz Brasil/ França Wagner Schwartz

Bienal Sesc de Dança Espetáculos Shows

50 min | 12 anos [12 years and older] wagnerschwartz.com Concepção e Performance [Conception and Performance]: Wagner Schwartz Colaboração Dramatúrgica [Dramaturgical Collaboration]: Ana Teixeira e Elisabete Finger Direção Técnica e Iluminação [Technical Direction and Lighting]: Juliana Vieira Produção [Production]: Gabi Gonçalves/Corpo Rastreado Coprodução [Co-Production]: Corpo Rastreado/MITsp Apoio [Supported By]: Casa Líquida Apoio Cultural [Cultural Support]: Instituto Anita Malfatti Objeto [Object]: réplica do quadro A Boba, de Anita Malfatti/Imagem cedida pela Coleção Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC/USP) Agradecimento [Acknowledgments]: Iris de Souza, Júlia Feldens, Karlla Girotto, Lucas Länder, MAC/USP, Masp, Paula Malfatti, Renato Hofer e Sylvia Malfatti

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Wagner Schwartz parte do quadro A Boba, de Anita Malfatti (1889-1964), para criar sua performance homônima. A pintura elaborada entre 1915 e 1916, ao longo da estadia de Malfatti nos Estados Unidos, é umas das criações mais contundentes do modernismo brasileiro, como também o clímax de sua produção expressionista. Ao se deparar com a tela, Schwartz percebe as cores da bandeira brasileira, como também a cor vermelho – mancha que dá à pintura uma impressão de vida e morte, de risco. “O nacionalismo tem sido um importante argumento na normatização da violência contra os corpos dissidentes, a liberdade de expressão, os direitos humanos no Brasil. O olhar enviesado da figura central da pintura, no entanto, parece desconfiar da utilização dessas cores como também do título que lhe foi atribuído. A Boba está em consonância com a resistência de nossa época”, afirma o artista. Em todos os elementos cênicos da performance é possível, também, discutir a questão do peso: o homem, o quadro, a história. “Cada qual emoldurado por uma forma de liberdade construída dentro das tradições”, considera. Em cena, Schwartz retira o quadro da parede. O peso da tela passa a influenciar no peso do corpo do artista e vice-versa. Ambos se tornam intérpretes de suas próprias escolhas.

Após a sua formação em letras, o artista carioca Wagner Schwartz participou de grupos de pesquisa e experimentação coreográfica na América do Sul e na Europa. Recebeu, entre outros, o prêmio APCA 2012 de melhor projeto artístico por Piranha. Foi curador da 10ª Bienal Sesc de Dança, cwolaborador internacional do Festival Contemporâneo de Dança, em São Paulo, e artista residente do Festival de Teatro de Curitiba.

Wagner Schwartz’s inspiration stems from the painting A Boba [Silly Woman], by Anita Malfatti (1889-1964) to create his homonymous performance. The painting elaborated between 1915 and 1916, during Malfatti’s stay in the United States, is one of the most striking creations of Brazilian modernism, as well as the climax of her expressionist production. When faced with the canvas, Schwartz notices the colors of the Brazilian flag, as well as the red color – a stain that gives the painting an impression of life and death, of risk. “Nationalism has been an important argument in the normalization of violence against dissident bodies, freedom of expression, human rights in Brazil. The skewed glare of the painting’s central figure, however, seems to distrust the use of these colors as well as the title assigned to it. A Boba [Silly Woman] is in line with the resistance of our time,”, the artist states. In all the scenic performance elements, it is possible to discuss the question of weight as well: the man, the painting, the story. “Each one framed by a form of freedom built within the traditions,” he considers. On the scene, Schwartz takes the painting off the wall. The weight of the canvas starts to influence the artist’s body weight and vice versa. Both become interpreters of their own choices.

After his graduation in Languages, the artist Wagner Schwartz, from Rio de Janeiro, participated in research groups and choreographic experimentation in South America and Europe. He was awarded, among others, with the APCA 2012 Award for Best Artistic Design for Piranha. He was a curator of the 10th Sesc Dance Biennial, international collaborator of the Contemporary Dance Festival in São Paulo, and resident artist of Curitiba Theater Festival.

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A Invenção da Maldade Marcelo Evelin | Demolition Incorporada Brasil, PI Maurício Pokemon

70 min | 18 anos [18 years and older] demolitionincorporada.com

Bienal Sesc de Dança Espetáculos Shows

Conceito e Coreografia [Concept and Choreography]: Marcelo Evelin Criação e Performance [Creation and Performance]: Bruno Moreno, Elliot Dehaspe, Maja Grzeczka, Márcio Nonato, Matteo Bifulco, Rosângela Sulidade e Sho Takiguchi Design de Som e Direção Técnica [Sound Design and Technical Direction]: Sho Takiguchi Artista Cerâmico/Sinos [Ceramic Artist/ Bells]: YuKanai Dramaturgia [Dramaturgy]: Carolina Mendonça Colaboração de Pesquisa em Filosofia [Collaboration for Research in Philosophy]: Jonas Schnor Colaboração [Collaboration]: Christine Greiner e Loes van der Pligt Fotografia e Vídeo [Photography and Vídeo]: Maurício Pokemon Direção de Produção [Production Direction]: Regina Veloso/Demolition Incorporada (BRA), Sofia Matos/Materiais Diversos (POR) Assistência de Produção [Production Assistant]: Gui Fontineles Assistência Administrativa [Administrative Assistance]: Humilde Alves Produção Local/SP [Local Production/SP]: Andrez Ghizz Difusão [Distribution]: CAMPO Arte Contemporânea/BRA + Materiais Diversos/POR Coprodução [Co-production]: HAU – Hebbel am Ufer (ALE), Mousonturm (ALE), Kunstenfestivaldesarts (ALE) e Teatro Municipal do Porto (POR) Apoio [Supported by]: Mime School – Academy of Theatre and Dance (Amsterdã, HOL), Rumos Itaú Cultural 2017-2018 (BRA) e Xing/Live Arts Week (ITA)

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As fogueiras existem há 400 mil anos. Essa informação marcou a criação de A Invenção da Maldade, peça do bailarino e coreógrafo Marcelo Evelin. Nela, sete performers vindos de diferentes formações artísticas e de partes do mundo convidam o público para voltar no tempo e se reunir ao redor de fogueiras. Com galhos e troncos de madeira e uma instalação sonora de sinos, os performers dançam nus em uma espécie de ritual contemporâneo. Despidos de qualquer erotização, teatralização e disfarce, eles abordam um processo de desumanização. É como se ainda não houvesse uma domesticação dos corpos, embora eles estejam sujeitos à ela. Os corpos se deixam afetar, de forma performativa e não mítica, por forças e estados ligados, por exemplo, ao movimento, à imaginação e à memória. A dança acontece como um feitiço. “Venho pesquisando magia não como tema ou ilustração de algo, mas como ideia de presença de palco relacionada a um tipo de vibração que a dança pode trazer”, explica o piauiense Marcelo Evelin. Ele conta que a expressão do título da obra vem de uma memória de infância. “Vai começar a invenção da maldade”, dizia sua avó quando ele fazia performances numa brincadeira de menino. Essa maldade, para o coreógrafo, não está ligada ao mal ou ao horror. “É uma coisa infantil, diabólica, ficcional. Um olhar poético. Estou muito mais interessado nessa maldade do que numa ideia definitiva do que seria o mal. Como escreveu o filósofo Jonas Schnor, ‘a maldade também é algo infantil, uma inocência que não conhece sua própria ferocidade”’, diz Evelin.

Bonfires have existed for 400,000 years. This information marked the creation of A Invenção da Maldade [The Invention of Evilness], a piece by the dancer and choreographer Marcelo Evelin. In this piece, seven performers from different artistic backgrounds and from around the world invite the audience to go back in time and gather around bonfires. By using twigs and wood logs, and a sound installation of bells, performers dance naked in a kind of contemporary ritual. Stripped of any eroticization, theatricalization, and disguise, they work on a process of dehumanization. It is like there has not yet been a taming of bodies, although they are subject to it. Bodies let themselves to be performatively and nonmythically affected by forces and states linked, for example, to movement, imagination, and memory. The dance comes to life like a magic spell. “I have been researching magic, not as a theme or illustration of something, but as an idea of stage presence related to a type of vibration which dance can provide,” Marcelo Evelin, from the State of Piauí, explains. He says that the expression of the title of work stems from a childhood memory. “It’s going to start the invention of evilness,” his grandmother would say as he created performances in child’s plays. This evilness, for the choreographer, is not linked to evil or horror. “It’s a childish, diabolical, fictional thing — a poetic take. I am much more interested in this evilness than in a definite idea of what evil would be. As the philosopher, Jonas Schnor once wrote, “evilness is something childish as well, an innocence that does not know its own ferocity,” Evelin says.

O piauiense Marcelo Evelin é bailarino e coreógrafo. Vive e trabalha entre Amsterdã e Teresina com a Demolition Incorporada, plataforma de criação em dança, no espaço artístico CAMPO, instalado em sua cidade natal. Apresenta seus trabalhos em festivais nacionais e internacionais e ensina na Escola de Mímica de Amsterdã.

Marcelo Evelin, from Piauí/Brazil, is a dancer and choreographer. He lives and works between Amsterdam and Teresina with Demolition Incorporada, a platform for creation in dance, at CAMPO art space in his hometown. He performs his works at national and international festivals and teaches at Amsterdam Mime School.

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Acto 3/ Avassalar/ Trilogía Antropofágica Tamara Cubas | Cia. Perro Rabioso Uruguai Perro Rabioso

Bienal Sesc de Dança Espetáculos Shows

90 min | 18 anos [18 years and older] perrorabioso.com

Estreia [Premiere]

Direção [Direction]: Tamara Cubas Criação [Creation]: Santiago Turenne, Leticia Skricky, Alina Folini, Mariana Marchesano, Tamara Gómez, Bruno Brandolino, Rodolfo Opazo, Sergio Muñoz, Vera Garat, María Clara Fernandez, Joaquin Cruz, Javier Olivera, Camilla Morello, Carlos Pérez, Beatriz Dias, Francisco Rolo e Daniel Pizamiglio Em Cena [On Stage]: Santiago Turenne, Alina Folini, Rodolfo Opazo, Vera Garat, Tamara Gomez, Joaquin Cruz, Javier Olivera, Bruno Brandolino e Ihasa Tinoco Desenho de Espaço, Figurino e Iluminação [Space Design, Costumes and Lighting]: Leticia Skrycky Produção [Production]: Perro Rabioso Coprodução [Co-Production]: Teatro Municipal São Luis (Lisboa), Julidans Festival (Amsterdã) e Campo Abierto Obra Digerida [Digested Oeuvre]: Pororoca, de Lia Rodrigues Distribuição [Distribution]: Key Performance Produção Brasileira [Brazilian Production]: Santa Paciência Produções Artísticas e Culturais

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[Ato 3/ Arrasar/ Trilogia Antropofágica] O processo de ser afetado pelo outro é o principal ponto de indagação da Trilogia Antropofágica idealizada pela coreógrafa uruguaia Tamara Cubas. O projeto, do qual o espetáculo Ato 3/ Arrasar faz parte, transforma o ritual antropofágico dos índios Tupi, que comiam seus inimigos capturados, em metodologia de trabalho. Para criar cada uma das peças, a artista se alimentou de três obras coreográficas brasileiras. Cubas “come” esses materiais não por se tratarem de antagonistas, mas sim pelo desejo de se deixar atravessar e modificar por eles. “O mais complexo de ser afetado pelo outro é o processo de disponibilidade de nosso próprio corpo”, afirma a diretora. Assim, Vestígios, de Marta Soares, foi digerido em Ato 1/ Permanecer; Matadouro, de Marcelo Evelin, em Ato 2/ Resistir; e Pororoca, de Lia Rodrigues, em Ato 3/ Arrasar. Rodrigues trabalha com o conceito de pororoca, encontro violento provocado pelo confronto das águas dos rios com as águas do mar: é arrastão, mistura, choque e invasão. Em Ato 3/ Arrasar, os estados de emergência e de resistência persistem na ontologia do ser coletivo. Após essas ingestões já não há mais as obras devoradas, nem propriamente os artistas que as comeram, mas há um novo corpo resultante desse processo: um corpo atravessado, complexo, potente e urgente como a realidade contemporânea. “O que se discute nesta trilogia é como sobreviver como raça. Talvez apenas comendo um ao outro possamos conseguir”, diz Cubas.

Bacharel em artes visuais e plásticas pelo Instituto Nacional de Belas Artes da Universidade da República (Uruguai) e mestre em arte e tecnologia pela Escola de Artes de Utrech (Holanda), a artista uruguaia Tamara Cubas é codiretora artística do coletivo Perro Rabioso. A memória, o poder, o político, o outro e o coletivo são temas recorrentes em seus trabalhos que utilizam diversos formatos artísticos.

The process of being affected by the other is the central question of the Anthropophagic Trilogy created by the Uruguayan choreographer Tamara Cubas. The project, which the performance Acto 3 – Avasallar is part, turns the anthropophagic ritual of the Tupi Indians, who used to eat their captured enemies, into a working methodology. To create each of the pieces, the artist has drawn on three Brazilian choreographic oeuvres. Cubas “eats” these materials, not because they are antagonists, but rather because of the wish of being crossed and modified by them. “The most complex to be affected by the other is the process of availability of our own body,” the director says. That way, Vestígios [Traces], by Marta Soares was digested in Acto 1 – Permanecer [Act 1 - Remain]; Matadouro [Slaughterhouse] by Marcelo Evelin, in Acto 2 – Resistir [Act 2 - Resist]; and Pororoca, by Lia Rodrigues, in Acto 3 – Avasallar. Rodrigues works with the concept of pororoca, a violent tidal bore occurring when the river meets the seawaters: it is dragging, mixing, shock, and invasion. In Acto 3 – Avasallar, the states of emergency and resistance persist in the ontology of the collective being. After those ingestions, there are no longer devoured oeuvres, not even the artists who ate them, but rather there is a new body resulting from this process: a crossed, complex, powerful and urgent body just like the contemporary reality. “What is discussed in this trilogy is how to survive as a race. Maybe we just can do that by eating each other”, Cubas says.

Graduated in visual and fine arts from the National School of Fine Arts, University of the Republic (Uruguay) and with a master’s degree in arts and technology from the Utrecht School of Arts (Netherlands), the artist Tamara Cubas, from Uruguay, is the artistic co-director of Perro Rabioso collective. Memory, power, politics, the other and the collective are recurring themes in her oeuvres, which have several artistic formats.

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Bando: Dança que Ninguém Quer Ver Alexandre Américo | Giradança Brasil, RN Brunno Martins

Bienal Sesc de Dança Espetáculos Shows

60 min | 14 anos [14 years and older] giradanca.com Concepção e Direção Coreográfica [Realization and Choreographic Direction]: Alexandre Américo Bailarinos Criadores [Creating Dancers]: Alexandre Américo, Álvaro Dantas, Jânia Santos, Joselma Soares, Marconi Araújo, Ana Carolina Vieira, Iego José e Wilson Macário Residentes [Residents]: Leandro Berton (SP), Edu O. (BA), Mathieu Duvignaud (FRA) e Marcos Bragato(SP) Trilha sonora [Soundtrack]: Toni Gregório Produção Executiva [Executive Production]: Celso Filho Design e Operação de Luz [Design and Light Operation]: Camila Tiago Operação de Som [Sound Operation]: David Costa Figurino [Costume]: Yago Criação Cenográfica [Scenographic Creation]: Mathieu Duvignaud Assistente de Produção Cenográfica [Scenic Production Assistant]: Roberto Morais Consultoria de Projetos [Project Consulting]: Ana Paula Medeiros Fotografia e Vídeo [Photography and Video]: Artur Abrantes e Ravanelli Mesquita Edição de Vídeo [Video Editing]: Artur Abrantes Direção Financeira [Finance Management]: Cecília Amara

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Em Bando – Dança que Ninguém Quer Ver, a companhia Giradança expõe situações que o grupo vive ou vivenciou em seus mais de dez anos de existência. Entre elas está a invisibilidade dos corpos de seus bailarinos, tidos como diferentes daqueles geralmente vistos em obras de arte. “Somos artistas periféricos, nordestinos, com uma vasta variedade de biótipos, somos pessoas, com e sem deficiência, coabitando os mesmos lugares físicos e ideológicos”, afirma Alexandre Américo, diretor do espetáculo e do coletivo potiguar. A coreografia foi criada a partir de elementos trazidos pelos performers. Por meio de improvisos, eixo da linguagem da peça, cada um deles assina sua própria existência em relação ao bando que habita. A ideia de bando, algo central no trabalho, reflete a persistência do Giradança, que encontrou no formato coletivo a possibilidade de “carnificar” questões que assolam a companhia. “Dançar em bando é a maneira pela qual a vida se apresenta em força e forma. Digo, ser bando é a estratégia de sobrevivência sem a qual não poderíamos cogitar a propagação de nossa existência”, diz Américo.

In Bando – Dança que Ninguém Quer Ver [Gang – The Dance No One Wants To See], Giradança company presents situations the group experiences or has experienced in its over ten years of existence. Among these is the invisibility of its dancers’ bodies, regarded as different from those commonly seen in works of art. “We are northeastern, peripheral artists, with a wide variety of biotypes, we are people, with and without disabilities, cohabiting the same physical and ideological places,” says Alexandre Américo, director of the show and of Rio Grande do Norte collective. The choreography was created based on elements provided by the performers. Through improvisations, which are the basis of the spectacle’s language, each of them signs their own existence in relation to the gang they inhabit. The idea of a gang, something that is central for the work, reflects the persistence of Giradança, which found in the collective format the possibility of “carnifying” issues that plague the company. “Dancing in a gang is the way life presents itself in strength and form. I mean, being a gang is the survival strategy without which we could not consider the spread of our existence”, Américo says.

Giradança é uma companhia de dança contemporânea potiguar formada por bailarinos com e sem deficiência que tem como proposta artística ampliar o universo da dança através de uma linguagem própria, voltada para o conceito do corpo como ferramenta de experiências.

Giradança is a contemporary dance company settled in the state of Rio Grande do Norte consisting of disabled and non-disabled dancers whose artistic proposal is to expand the dance universe through a language of their own, focused on the concept of the body as a tool of experiences.­­

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Canto dos Malditos Marcos Abranches Brasil, SP Gal Oppido

Bienal Sesc de Dança Espetáculos Shows

30 min | 14 anos [14 years and older] facebook.com/MarcosAbrancheseCia Direção Geral, Concepção e Coreografia [General Direction, Realization, and Choreography]: Marcos Abranches Orientação Dramatúrgica [Dramaturgical Guidance]: Sandro Borelli Trilha Sonora [Soundtrack]: Pedro Simples Operação de Vídeo, Som e Luz [Video, Sound and Light Operation]: Pedro Simples Fotos e Vídeos [Photos and Vídeos]: Gal Oppido Edição e Efeitos [Editing and Effects]: Teo Ponciani Direção de Produção [Production Direction]: Solange Borelli/ Radar Cultural Gestão e Projetos

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A solidão, o fracasso e a tristeza são pontos de partida em Canto dos Malditos, solo de dança contemporânea concebido e performado por Marcos Abranches. Como um desabafo, Abranches traz para a cena conflitos e questões do homem na contemporaneidade, a inconsistência e a precariedade das suas próprias relações. O espetáculo tem como inspiração o livro homônimo escrito por Austregésilo Carrano Bueno (1957-2008). A narrativa autobiográfica do autor deu origem ao filme Bicho de Sete Cabeças (2000), dirigido por Laís Bodanzky. Nela, Carrano relata as atrocidades que viveu durante os três anos que passou num manicômio e denuncia o triste quadro dos hospitais e pacientes psiquiátricos no Brasil. “Sua história me marcou muito. Nós temos algumas semelhanças, já que na minha adolescência eu também senti na pele algumas das coisas que ele fala”, conta Abranches, que chegou a conhecer o autor. “A peça é uma homenagem ao meu amigo Carrano. Sinto que ele está presente em cada apresentação”, completa.

Marcos Abranches vem, ao longo de sua trajetória artística, investigando peculiaridades do seu corpo e movimento como referência para a construção de uma dramaturgia singular. Traz no cerne das suas pesquisas experiências acumuladas pelo contato com diversos artistas, dentre os quais se destacam Sandro Borelli e Phillipe Gemet. Seu repertório de criação integra obras como Canto dos Malditos, Corpo sobre Tela e O Grito.

Loneliness, failure, and sadness are starting points in Canto dos Malditos [The Singing of the Damned], a contemporary dance solo designed and performed by Marcos Abranches. As an outburst, Abranches brings to the scene conflicts and issues of humans in contemporary times, the inconsistency and precariousness of his own relationships. The dance show is inspired by the book of the same name written by Austregésilo Carrano Bueno (1957-2008). The author’s autobiographical narrative gave rise to the movie Bicho de Sete Cabeças [Seven-Headed Beast] (2000), directed by Laís Bodanzky. In it, Carrano describes the atrocities he lived during the three years he spent in a sanatorium and reports the sad condition of psychiatric hospitals and patients in Brazil. “His story has really affected me. We bear some resemblance since as a teenager I also felt in the shoes of some of the things he talks about”, says Abranches, who has ever met the author. The piece is a tribute to my friend Carrano. I feel he is present in every performance”, he adds.

Marcos Abranches has, throughout his artistic career, been investigating peculiarities of his body and movement as a reference for the construction of a singular dramaturgy. In the core of his research, he brings experiences accumulated by contact with several artists, among which we highlight Sandro Borelli and Phillipe Gemet. His repertoire of creation includes works such as Canto dos Malditos [The Singing of the Damned], Corpo sobre Tela [Body on Canvas] and O Grito [The Scream].

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Daimón Luis Garay Colômbia/ Argentina Santiago Orti

Bienal Sesc de Dança Espetáculos Shows

65 min | 14 anos [14 years and older] luisgaray.hotglue.me Concepção [Conception]: Luis Garay Performance e Cocriação [Performance and Co-Creation]: Maia Chigioni Desenho de Luz [Light Design]: Sylvie Melis Desenho de Som [Sound Design]: Guillermina Etkin Desenho de Espaço [Space Design]: Vanina Scolavino e Luis Garay Apoio [Supported by]: El Cultural San Martín Coprodução [Co-Production]: Teatro Argentino de La Plata

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Concebido pelo artista colombiano Luis Garay, Daimón é performado e cocriado pela atleta argentina Maia Chigioni. Eles investigam, por meio da experiência física, territórios de transição entre natural e cultural, humano e não humano, orgânico e inorgânico. Quando algo aprendido se torna natural e o natural se evidencia como construído? Eles se perguntam o que significa o movimento para os corpos inscritos em um contexto em que a lógica do trabalho traz condicionamentos dados pelo treinamento e disciplina. O solo, porém, não é um posicionamento moral ou ideológico. Ataques e defesas, ações presentes nas práticas esportivas, também podem criar, paradoxalmente, uma dança de resistência. “Por meio de mutações e transformações na forma, na superfície, na matéria é que aderimos ao ético. As transformações que o corpo sofre no palco são resistências: são formas de defender maneiras de vida específicas”, diz Garay, que partiu de referências como a peça televisiva Quad, criada em 1981 pelo dramaturgo irlandês Samuel Beckett (19061989), para abordar temas como o delírio, a mania, a alienação, a liberdade e a ruptura do corpo como unidade completa e terminada.

Conceived by the Colombian artist Luis Garay, Daimón is performed and co-created by the Argentinian athlete Maia Chigioni. Using physical experience, they investigate territories of transition between natural and cultural, human and nonhuman, organic, and inorganic. When something learned becomes natural, and the natural becomes evident as constructed? They wonder what the movement to the inscribed bodies means in a context in which the logic of work brings constraints given by training and discipline. The solo, however, is not a moral or ideological position. Attacks and defenses, actions present in sports practices, can paradoxically create a resistance dance as well. “Through mutations and transformations in form, surface, matter, we adhere to the ethical. The transformations the body undergoes on stage are resistances: they are ways of defending specific ways of life”, Garay says. He started from references such as the television play Quad, created in 1981 by the Irish playwright Samuel Beckett (1906-1989), to work on themes such as delirium, mania, alienation, freedom, and the rupture of the body as complete and finished unity.

Luis Garay trabalha sobre sistemas nos quais os corpos transitam entre estados simultâneos de prazer e vazio. Explorando como evidenciar a corporeidade dos processos de imaginação, percepção e memória, se interessa por questões sobre onde está e o que pode imaginar um corpo quando se move. Nascido na Colômbia, reside em muitas partes do mundo.

Luis Garay works on systems in which bodies move between simultaneous conditions of pleasure and emptiness. By exploring how to highlight the corporeality of processes of imagination, awareness, and memory, he is interested in issues about where he is and what a body can imagine while moving. Born in Colombia, he lives in many parts of the world.

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Dancing Grandmothers Eun-Me Ahn Coreia do Sul Young-Mo Choe

Bienal Sesc de Dança Espetáculos Shows

90 min | Livre [All audiences] Estreia [Premiere] gadjaprod.com/eun-me-ahn-en Coreografia e Direção Artística [Choreography and Artistic Direction]: Eun-Me Ahn Música [Music]: Young-Gyu Jang Consultor Artístico [Arts Consultant]: Chun Wooyoung Adereços e Figurinos [Props and Costumes]: Eun-Me Ahn Cenografia [Scenography]: Sunny Im/unkwan Design Desenho de Luz [Light Design]: Jin-Young Jang Direção de Vídeo [Video Direction]: Tae-Seok Lee Imagens [Images]: Jiwoong Nam, Seunghwan KIM, Sangwha Lee e Taeseok Lee Dançarinas [Dancers]: Eun-Me Ahn, Donghun Go, Jihye Ha, Junhwan Her, Hyekyoung Kim, Jeeyeun Kim, Seunghae Kim, Jaeyun Lee, Hyundo Jo, Siko Setyanto, Chang Nang Ahn, Kisook Ahn, Suja Gong, Jum Re Jun, Yoo-Ok Jung, Kyungja Kang, Chunhee Kim, Nam Sook Kim, Yeen Nim Kim e Mija Yoon Produção/Parceria [Production/Partnership]: Eun-Me Ahn Company e Doosan Art Center (DAC) Coprodução [Co-Production]: Festival Paris Quartier d’Eté Produção Brasil [Production in Brazil]: CenaCult/Julia Gomes Técnico de Palco/Brasil [Stage Technician/Brazil]: Cauê Gouveia

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[Avós Dançantes] “Vocês são lindas, façam o que quiserem.” Essa é a indicação que a coreógrafa coreana Eun-Me Ahn dá para as senhoras, a maioria estreante no palco, que dançam junto com os bailarinos de sua companhia em Dancing Grandmothers [Avós Dançantes]. Tudo começou quando Eun-Me Ahn viu a própria mãe dançando na cozinha e percebeu que sua dança refletia a sua história pessoal e uma página da história de seu país. “A sociedade coreana é um pouco conservadora e o papel das mulheres dessa geração era cuidar da casa, fazer alguns bebês e criá-los. E essa geração é bastante excepcional se você pensar nas mudanças que viveram, como sobreviver à guerra da Coreia”, diz a artista, conhecida como “Pina Bausch de Seul”. Querendo manter um registro das mulheres dessa geração, Eun-Me Ahn partiu pela estrada com seus bailarinos e algumas câmeras e pediu para senhoras coreanas dançarem. A coreógrafa utilizou as imagens gravadas como ponto de partida para a criação do espetáculo, que propõe uma viagem através do tempo e de movimentos que se transformam em uma espécie de transe coletivo. “Elas têm algo natural em sua movimentação e em seu ritmo. Uma coisa muito especial acontece quando elas dançam, porque por um momento em muito tempo elas podem sentir algo bem importante: liberdade”, diz.

Coreana e cosmopolita, a coreógrafa Eun-Me Ahn confronta em seus trabalhos tradição e modernidade. Iniciou sua prática explorando tradições xamânicas, se graduou na Tisch School of the Arts, em Nova York, foi amiga de Pina Bausch, criou a North Korea Dance, onde explora as diferenças e similaridades entre a dança do seu país e da Coreia do Norte, e é artista associada do Théâtre de la Ville, em Paris.

“You guys are beautiful, do whatever you want.” That is the only instruction given by the Korean choreographer Eun-Me Ahn to the ladies, most of them for the first time on stage, who dance along with her company's young dancers at Dancing Grandmothers. It all started when Eun-Me Ahn saw her mother dancing in the kitchen and realized that her dance and body reflected her personal story and a page of her country's history. “Korean society is a bit conservative, and the role of that generation women was mainly to take care of the house, make some babies, and raise them. And this generation is quite outstanding when you think of all the changes people have experienced, such as surviving the Korean War”, says the artist, known as “Seoul’s Pina Bausch.” As she wanted to keep a record of that generation women, Eun-Me Ahn hit the road with her dancers and some cameras and asked Korean ladies to dance. The choreographer used those recorded images as a starting point to create the show, which proposes a journey through time and movements that become a kind of collective trance. “They have something natural in their movement and pace. Something very special happens when they are dancing because for a moment, in a long time, they can feel something essential: freedom”, she says.

Korean and cosmopolitan, the choreographer Eun-Me Ahn cross-checks tradition against modernity in her work. She started her practice exploring shamanic traditions, has graduated from Tisch School of the Arts in New York, became friends with Pina Bausch, created North Korea Dance, where she explores the differences and similarities between her country’s and North Korea’s dances, and is an associate artist of the Théâtre de la Ville, in Paris.

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Nada Zgank

De Carne e Concreto – Uma Instalação Coreográfica Luciana Lara | Anti Status Quo Companhia de Dança Brasil, DF Bienal Sesc de Dança Espetáculos Shows

140 min | 18 anos [18 years and older] criacaoabertaantistatusquo.blogspot.com Direção Artística, Dramaturgia e Conceito [Artistic Direction, Dramaturgy and Concept]: Luciana Lara Pesquisa e Concepção [Research and Conception]: Luciana Lara em colaboração com bailarinos e artistas convidados Elenco [Cast]: Camilla Nyarady, Déborah Alessandra, João Lima, Luciana Matias, Marcia Regina, Maria Ramalho, Raoni Carricondo e Robson Castro Bailarinos Colaboradores do Processo Criativo [Creative Process Collaborating Dancers]: Camilla Nyarady, Carolina Carret, Cristhian Cantarino, João Lima, Luara Learth, Raoni Carricondo, Robson Castro e Vinícius Santana Artistas Convidados Colaboradores [Collaborating and Guest Artists]: Marcelo Evelin, Gustavo Ciríaco e Denise Stutz Figurino e Máscaras [Costume and Masks]: Luciana Lara e elenco Assessoria de Iluminação [Lighting Assistance]: James Fensterseifer e Marcelo Augusto Produção [Production]: Marconi Valadares e Luciana Lara Fotos de Divulgação [Publicity Photos]: Mila Petrillo, Marco Correia e Nada Zgank

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O espetáculo da Anti Status Quo Companhia de Dança é um convite para participar de uma experiência que reflete sobre a condição urbana humana da perspectiva do corpo. Dirigido pela coreógrafa Luciana Lara, De Carne e Concreto – Uma Instalação Coreográfica trabalha na fronteira entre performance art, intervenção urbana, artes visuais, dança contemporânea e experimentos sociais. “O foco da reflexão proposta está em como lidamos com nossos corpos, como nos relacionamos uns com os outros e com o ambiente em que vivemos sob a influência do capitalismo selvagem e predatório”, afirma Lara, que tem como ponto de partida uma pesquisa que realiza com seu grupo desde 2003 sobre a relação entre corpo e cidade, investigando suas naturezas e materialidades. Apresentada como uma instalação, a obra propõe a imersão do público, que divide o espaço com os bailarinos e é impelido a sair do estado de passividade. Ele entra no espaço performático usando uma sacola de compras de papel confeccionada como uma máscara e se torna peça integrante de uma espécie de jogo. “A interação busca não expor ou constranger o público, para instaurar seu engajamento relacional, físico, sensório, crítico e político que correlaciona com a forma como nos comportamos em sociedade em uma cidade e na vida, aproximando a ficção da realidade. O espectador vive o espetáculo e não só o assiste”, completa a diretora.

The show of the Anti Status Quo Companhia de Dança is an invitation to participate in an experience that proposes a reflection on the urban human condition from the body perspective. Directed by the choreographer Luciana Lara, De Carne e Concreto – Uma Instalação Coreográfica [Of Flesh and Concrete – A Choreographic Installation] works on the edges between performance art, urban intervention, visual arts, contemporary dance, and social experiments. “The focus of the proposed reflection is on how we deal with our bodies, how we relate to each other and the environment in which we live under the influence of the wild and predatory capitalism”, says Lara. Her starting point is a research that she has been doing with her group since 2003 on the relationship between body and city, investigating their nature and materiality. Presented as an installation, the work proposes the immersion of the audience, who shares the space with the dancers and is pushed to get out of the passiveness state. It enters the performance space wearing a paper shopping bag made as a mask and becomes an integral part of a kind of game. “The interaction tries not to expose or embarrass the audience in order to establish their relational, physical, sensory, critical and political engagement that correlates with the way we behave in society in a city and life, bringing fiction closer to reality. Not only does the spectator watch the show, but they live it,” the director adds.

Luciana Lara é fundadora, coreógrafa e diretora da Anti Status Quo Companhia de Dança, na qual divide a direção com Marconi Valadares. Criado em 1988, o grupo trabalha com criações experimentais, pesquisa de movimento e de linguagem e é reconhecido por suas dramaturgias críticas e políticas e seu forte diálogo com as artes visuais.

Luciana Lara is the founder, choreographer, and director of Anti Status Quo Companhia de Dança, where she shares management with Marconi Valadares. Created in 1988, the group works with experimental creations, movement and language research, and is recognized for their critical and political dramaturgy, as well as a strong dialogue with visual arts.

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Deixa Arder Marcela Levi e Lucía Russo Brasil/ Argentina Paula Kossatz

40 min | 14 anos [14 years and older] marcelalevi.com

Bienal Sesc de Dança Espetáculos Shows

Direção Artística [Artistic Direction]: Marcela Levi e Lucía Russo Performance [Performance]: Tamires Costa Cocriação [Co-Creation]: Tamires Costa e Ícaro dos Passos Gaya Estagiárias [Trainees]: Taís Almeida e Anne Naukkarinen Desenho de Luz [Light Design]: Catalina Fernández e Tábatta Martins Desenho de Som [Sound Design]: toda a equipe Figurino [Costume]: Levi e Russo Técnico de Luz e Som [Light and Sound Technician]: Daniel Uryon Registro Fotográfico [Photographic Recording]: Paula Kossatz e toda a equipe Registro de Vídeo [Video Recording]: Renato Mangolin e Luiz Guilherme Guerreiro Programação Visual [Visual Programming]: Paula Delecave Residências Artísticas [Artistic Residences]: Centro Coreográfico da Cidade do Rio de Janeiro | Secretaria Municipal de Cultura; Projeto Entre/Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto; Espaço Cultural Sítio Canto da Sabiá; e Consulado da Argentina Apoio [Supported by]: Bisturi Material Hospitalar e FoBras Coprodução [Co-Production]: toda a equipe Difusão Internacional [International Distribution]: Something Great (Berlim, Alemanha) Realização Artística e Produção [Artistic Execution and Production]: Improvável Produções

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Criado pelas coreógrafas e diretoras Marcela Levi e Lucía Russo, o solo Deixa Arder é uma dança de invasão performada por Tamires Costa. Cruzando manifestações como o passinho, o pop, o burlesco e o grotesco, as artistas pensam e praticam o corpo como algo vivo e indefinido que, por estar exposto ao mundo, é invadido e contaminado. “Comemos e bebemos esses universos durante meses, ou seja, nos expusemos a esses ritmos e intensidades e nos deixamos invadir, atravessar, transtornar”, contam Levi e Russo, que desde 2010 trabalham juntas na Improvável Produções. Numa relação de proximidade com os espectadores, a bailarina Tamires Costa faz uma dança furiosamente bem-humorada que dialoga com a linguagem do stand-up, do show off e do music hall. Invadir, pilhar, empilhar e transtornar são os verbos que movem essa dança. “Deixa Arder é uma expressão que pode dizer, ao mesmo tempo, ‘que tudo se exploda’ e ‘deixa te atravessar, te queimar, te penetrar’. O que nos interessa aí é esse ‘ao mesmo tempo’”, explicam. O trabalho, que estreou em 2017 no Rio de Janeiro, foi considerado pelo jornal O Globo como um dos espetáculos de destaque daquele ano. Desde então, ele foi apresentado em países como Portugal, França, Peru e Chile.

A carioca Marcela Levi e a argentina Lucía Russo são coreógrafas e performers. Levi desenvolve trabalhos que dissolvem as fronteiras entre a dança e as artes plásticas. Já Russo é instigada por formas de ação colaborativa. Em 2010 elas fundaram a Improvável Produções, projeto de autoria compartilhada. Seus trabalhos têm sido apresentados em inúmeros festivais e centros de arte no Brasil, Américas e Europa.

Created by choreographers and directors Marcela Levi and Lucía Russo, the solo Deixa Arder [Let it Burn] is an invasion dance performed by Tamires Costa. By crossing manifestations such as dance step, pop, burlesque, and grotesque, the artists think and practice the body as something alive and indefinite that, being exposed to the world, is invaded and contaminated. “We have been eating and drinking these universes for months, that is, we expose ourselves to these rhythms and intensities and let ourselves to be invaded, crossed, disturbed,” said Levi and Russo, who have worked together at Improvável Produções since 2010. In a close relationship with the spectators, ballerina Tamires Costa performs a furiously good-humorous dance, which dialogues with the language of stand-up, show off and music hall. Invade, pillage, pile up, and disturb are the verbs that move this dance. “Deixa Arder [Let it Burn] is an expression that means, at the same time, “damn it all” and “let it touch you, pierce you, blaze you.” What is interesting to us is this “at the same time,” they explain. The work, which premiered in 2017 in Rio de Janeiro, was considered by the newspaper O Globo as one of the highlight shows of that year. Since then, it has been performed in countries such as Portugal, France, Peru, and Chile.

Marcela Levi, from Rio de Janeiro, and Lucía Russo, from Argentina, are choreographers and performers. Levi develops works that remove boundaries between dance and fine arts. Russo is instigated by forms of collaborative action. In 2010, they founded Improvável Produções, an authorship-shared project. Their work has been performed in several festivals and art centers in Brazil, the Americas and Europe.

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Eclipse: Mundo Paz Rojo Espanha Emílio Tomé

Bienal Sesc de Dança Espetáculos Shows

65 min | 12 anos [12 years and older]

Estreia [Premiere]

Concepção e Direção [Conception and Direction]: Paz Rojo Intérpretes [Performers]: Oihana Altube, Arantxa Martínez, Jaime Llopis, Paz Rojo e Ricardo Santana Trilha Sonora [Soundtrack]: Fran MM Cabeza de Vaca Iluminação [Lighting]: Carlos Marquerie Figurino [Costume]: Jorge Dutor Assistência e Técnica [Assistance and Technique]: David Benito Técnico de Som [Sound Technician]: Adolfo García e Uriel Irland Assistente de Produção [Assistant Producer]: Larissa Maine Produção [Production]: Mariana Novais/ Ventania Cultural

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A origem etimológica da palavra eclipse é abandono. Eclipse: Mundo, espetáculo concebido e dirigido pela artista espanhola Paz Rojo, é a implementação desse abandono, termo associado à uma condição destituinte. Em cena, um buraco se abre no espaço da caixa preta. Um buraco negro. Existe um aspecto errante da materialidade através da qual a dança não seria forçada a buscar um futuro. A dança não é uma coreografia para ser executada, mas deve ser criada no presente, no lugar exato onde se está. Como, então, se comprometer com o que ainda não é? Qual é a responsabilidade da arte em relação à constituição do futuro? Os bailarinos criam o que chamam de lacuna performativa entre o que acontece no palco e o dispositivo de recepção do espectador. “A coreografia faz e desfaz uma paisagem na qual diferentes texturas e planos se sucedem, se sobrepõem ou continuam independentes uns dos outros, construindo uma poética de proximidades e descontinuidades entre som, luz e dança”, explica Rojo. A ideia é colocar em movimento uma perspectiva cinética ausente como uma experiência de continuidade: uma coreografia interrompida por sua própria preparação e simultaneamente uma dança tomando forma. Uma dança que, mesmo que não signifique nada, faça algo.

A coreógrafa, dançarina e pesquisadora espanhola Paz Rojo realiza sua atividade no cruzamento entre práticas artísticas, coreografia e filosofia. A artista investiga a autonomia da dança na produção do valor capitalista. Atualmente, está fazendo um projeto de doutorado na Universidade de Artes de Estocolmo, na Suécia, com o tema “O declínio da coreografia e seu movimento: o caminho subalterno”.

The etymology of the word eclipse is abandonment. Eclipse: Mundo, a dance performance conceived and directed by the Spanish artist Paz Rojo, is the implementation of this abandonment, a term associated with a deposition condition. On the scene, a hole opens in the black box space — a black hole. There is a wandering aspect of materiality through which dance would not be forced into seeking a future. Dancing is not a choreography to perform, but rather, it must be created in the present, right where we are. So, how can we commit to what is nothing yet? What is the responsibility of art for the future constitution? Dancers create what they call the performative gap between what happens on stage and the spectator’s receiving device. “Choreography does and undoes a landscape in which different textures and planes follow, overlap or remain independent of each other, building a poetry of approaches and discontinuities between sound, light, and dance,” Rojo explains. The idea is to set in motion an absent kinetic perspective as an experience of continuity: a choreography interrupted by its own preparation and at the same time, a dance taking shape. A dance that, even if it means nothing, does something.

The Spanish choreographer, dancer, and researcher Paz Rojo performs her activity by intersecting artistic practices, choreography, and philosophy. The artist investigates the autonomy of dance in the production of capitalist value. She is currently developing a Ph.D. project at the Stockholm University of the Arts, in Sweden, with the theme “The decline of choreography and its movement: a subaltern pathway”.

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Égua Josefa Pereira e Patrícia Bergantin Brasil, SP Micaela Wernicke

Bienal Sesc de Dança Espetáculos Shows

50 min | 18 anos [18 years and older] tectonicaplataforma.com Concepção, Direção e Performance [Conception, Direction and Performance]: Josefa Pereira e Patrícia Bergantin Desenho e Operação de Luz [Design and Light Operation]: Aline Santini Desenho Sonoro [Sound Design]: Luisa Puterman Operação de Som [Sound Operation]: André Teles Colaboração Visual [Visual Collaboration]: Manuela Eichner Registro Fotográfico [Photographic Recording]: Micaela Wernicke Agradecimentos [Acknowledgments]: Julia Feldens e Casa Líquida

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“Uma égua não é um cavalo, e isso é muita coisa”, afirmam Josefa Pereira e Patrícia Bergantin, performers criadoras do espetáculo Égua. Dentro de “e isso é muita coisa” estão as diferentes conotações de “cavalo” e “égua” relacionadas ao gênero desses animais. Enquanto o macho é associado à força e à beleza, a fêmea evoca um imaginário pejorativo, confirmado inclusive por expressões populares que a reduzem à sua função sexual/ reprodutora. A mesma dinâmica pode ser aplicada a “homem” e “mulher”. “Foi essa relação entre bicho e gente, cavala e mulher, e os preconceitos intrínsecos nesses sensos comuns que impulsionaram a criação do trabalho – até hoje performá-lo ativa em nós a força de um manifesto”, contam as artistas. Premiada pelo 21º Cultura Inglesa Festival (2017), a coreografia se inspirou, entre outros materiais, nas artistas e obras de PJ Harvey, Kim Gordon e Patti Smith. As coreógrafas investigam a estética urbana e sintética do rock, que traz uma característica do selvagem enquanto atitude, em fricção com o selvagem cru do comportamento animal. O conceito de selvagem na peça comparece não como um fetiche de algo exótico a ser apreciado ou consumido e sim enquanto uma característica inata e persistente, que ativa um campo de experiências no qual as artistas assumem uma relação com o tempo presente revelando o que dele emerge. Nesse sentido, a investigação permeia o que seria um devir animal, isto é, não representar um cavalo, mas experimentar “estar” cavala.

Josefa Pereira e Patrícia Bergantin são artistas da dança. Juntas criaram, entre outros trabalhos, Mandíbula, Égua e Contágio. Esta trajetória é base para a Tectônica, plataforma que se dedica à prática e ao estudo das forças, processos e movimentos em dança.

“A mare is not a horse, and this means a lot,” said Josefa Pereira and Patrícia Bergantin, creators of the show Égua [Mare]. Within the expression “and this means a lot” are the different connotations of “horse” and “mare” related to the gender of these animals. While the male, is associated with strength and beauty, the female, evokes a pejorative imaginary, which is even confirmed through popular expressions that reduce the female to its sexual/reproductive function. The same dynamic can be applied to “man” and “woman.” “These relationships between animals and people, “mare” and woman and the intrinsic prejudices in these common senses were what drove the creation of work. Up to now, performing it activates in us the strength of a manifest”, the artists say. Awarded by the 21st Cultura Inglesa Festival in 2017, the choreography was inspired, among other materials, by the artists and works of P. J. Harvey, Kim Gordon and Patti Smith. The choreographers investigate the urban and synthetic aesthetics of rock, which features a wilderness characteristic as an attitude, in friction with the raw wilderness of the more organic and instinctive animal behavior. The concept of “wilderness” in the piece appears not as a fetish of something exotic to be enjoyed or consumed but as an innate and persistent characteristic, which activates a permanent field of experience in which artists take on a relationship with the present tense by revealing what emerges from it. In this sense, the investigation permeates what would be an animal becoming, that is, not representing a horse, but experiencing “being" a horse.

Josefa Pereira and Patrícia Bergantin are dance artists. Among other works, they created together Mandíbula [Jaw], Égua [Mare] and Contágio [Contagion]. This background is the basis for Tectônica, a platform dedicated to the practice and study of dance forces, process, and movements.

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Marcio Vasconcelos

Eu Sou uma Fruta Gogoia, em Tendência Não Binária Thelma Bonavita Brasil/ Alemanha Bienal Sesc de Dança Espetáculos Shows

50 min | 12 anos [12 years and older] fleshion.org Partitura Coreográfica, Visualidade e Orientação do Processo [Choreographic Score, Visuality and Process Guidance]: Thelma Bonavita Material Coreográfico e Autobiográfico e Performance [Choreographic and Autobiographical Material and Performance]: Pedro Galiza Iluminação [Lighting]: Mirella Brandi Produção [Production]: Dora Leão/PLATÔ Produções

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A artista Thelma Bonavita remonta o espetáculo Eu Sou uma Fruta Gogoia em Três Tendências após dez anos de sua criação. O processo de remontagem, que originou Eu Sou uma Fruta Gogoia, em Tendência Não Binária propõe pensar o que considera os três eixos principais do fazer artístico da dança contemporânea: transmissão, memória e modos de criação. A peça, contemplada pelo programa Rumos Itaú Cultural em 2009, trata dos efeitos e ecos do tropicalismo e do uso de linguagem cifrada como estratégia de burlar a censura durante os anos 1970 no Brasil, o qual passava pelos chamados “anos de chumbo”. Além de evidenciar a presença do legado da antropofagia de Mário de Andrade (18931945), canibalizando tanto a música Fruta Gogoia como Gal Costa, que foi um sex symbol no mesmo período. Nesta nova versão, o espetáculo tem o jovem artista Pedro Galiza como convidado. “A escolha de um performer não binário aprofunda a discussão do aspecto queer e feminista da primeira versão da peça. Decorrente tanto do novo contexto quanto do novo performer, existem alterações em sua fisicalidade e visualidade: essa ‘gogoia’ é gótica e não binária”, diz Bonavita. A maior parte processo de remontagem se deu pela internet, por meio de trocas via Google Docs e mensagens de áudio e vídeo no WhatsApp. A obra se estruturou através de análises do cenário atual brasileiro, da biografia do artista convidado e se baseia em uma partitura triádica: tendência a flutuar, tendência transitiva e tendência mutante.

The artist Thelma Bonavita revivals the performance Eu sou uma fruta gogoia em três tendências [I am a gogoia fruit in three trends] after ten years of its creation. The process of revival, which gave rise to Eu Sou uma fruta gogoia, em tendência não binária [I am a gogoia fruit in a non-binary trend] proposes to think about what it considers the three main axes of the contemporary dance artistic practice: transmission, memory, and modes of creation. The piece, included in Rumos Itaú Cultural program in 2009, is about the effects and echoes of tropicalism and the use of encoded language as a strategy to bypass the censorship during the 1970s in Brazil, which went through the so-called “leaden years.” In addition, it highlights the presence of the anthropophagy legacy of Mario de Andrade (1893-1945), cannibalizing both the music Fruta Gogoia and the singer Gal Costa, who was a sex symbol in the same period. In this new version, the performance has the young artist Pedro Galicia as a guest. “The choice of a non-binary performer deepens the discussion of the queer and feminist aspect of the first version of the piece. Due to both the new context and the new performer, there are changes in their perspective: this “gogoia” is gothic and non-binary,” Bonavita says. Most of the revival process took place over the Internet, through exchanges via Google Docs and audio and video messaging through WhatsApp. The work was structured through analyzes of the current Brazilian scenario, the biography of the guest artist, and it is based on a triadic score: tend to fluctuate, transitive tendency, and mutant tendency.

O trabalho da artista Thelma Bonavita, que se divide entre São Paulo e Berlim, transita entre dança, artes visuais e moda. Foi cofundadora do estúdio Nova Dança (1995), da Plataforma Desaba (2007) e do Como Clube (2010). Já o paulistano Pedro Galiza é uma pessoa não binária e um artista transmídia. Suas pesquisas têm como foco de investigação a autonomia, a cultura do remix, a pulsão de morte e a transfiguração.

The work of the artist Thelma Bonavita, who lives between São Paulo and Berlin, moves amongst dance, visual arts, and fashion. She was a co-founder of Nova Dança studio (1995), Plataforma Desaba (2007) and Como Clube (2010). On the other hand, Pedro Galicia, from São Paulo, is a non-binary person and a transmedia artist. Their research focuses on autonomy, remix culture, death drive, and transfiguration.

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Every Body Electric Doris Uhlich Áustria Theresa Rauter

Bienal Sesc de Dança Espetáculos Shows

50 min | 16 anos [16 years and older] dorisuhlich.at/en

Estreia [Premiere]

Coreografia [Choreography]: Doris Uhlich Dramaturgia [Dramaturgy]: Elisabeth Schack Criação e Performance [Creation and Performance]: Erwin Aljukic, Yanel Barbeito, Adil Embaby, Sandra Mader, Karin Ofenbeck, Thomas Richter, Vera Rosner, Danijel Sesar e Katharina Zabransky Iluminação [Lighting]: Gerald Pappenberger Som [Sound]: Boris Kopeinig Figurinos e Produção [Costumes and Production]: Christine Sbaschnigg Assistente de Produção [Assistant Producer]: Annamaria Waliczky Feedback: Yoshie Maruoka e Theresa Rauter Agradecimentos [Acknowledgements]: Lila (www.lila.cx), Omar Gomez Hernandez e todos os assistentes Coprodução [Co-production]: Tanzquartier Wien (Viena, AUT), Schauspiel Leipzig (Leipzig, ALE) & insert (Theaterverein) – Viena, AUT Distribuição [Distribuition]: Something Great

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[Corpos Elétricos] Pessoas com deficiências físicas exploram as possibilidades de suas disformidades em Every Body Electric [Corpos Elétricos], espetáculo da coreógrafa austríaca Doris Uhlich. Os bailarinos pesquisam seus próprios fluxos, batidas e dinâmicas, transformando seus corpos numa espécie de combustível endógeno. Uhlich trabalha com o conceito de ícones energéticos, no qual movimentos individuais são guiados pelo prazer e pela busca de recursos de energia. A coreografia é criada com movimentos repetitivos que carregam energeticamente o corpo durante cada sequência. “Uma carne em movimento é bela quando me sinto atraída pela energia, sensibilidade, empatia e vitalidade de um corpo, não importa como ele seja”, diz a artista, que se interessa pelas relações entre energia e forma e entre seres humanos e máquina. A performance também investiga as possibilidades que se abrem quando máquinas, como cadeiras de rodas e muletas, são consideradas extensões do corpo. “Todo corpo tem limites e, se você não tem medo de tocá-los e enfrentá-los, eles podem ser lugares inspiradores para expandir o horizonte de movimento”, afirma. Cada “corpo elétrico” é um convite simples, mas radical, para explorar os potenciais através da dança e mergulhar numa arqueologia de energia. O poder explosivo e a poesia de Every Body Electric [Corpos Elétricos], repousam em como os performers percebem seus corpos e como eles são percebidos.

A coreógrafa austríaca Doris Uhlich estudou pedagogia da dança contemporânea no Conservatório de Viena e foi membro da companhia theatercombinat. Entre outros feitos, recebeu o prêmio de dança do Ministério Austríaco de Educação, Arte e Cultura (BMUKK) por Spitze (2008) e foi nomeada coreógrafa do ano pela revista Tanz (2018). Seus trabalhos foram apresentados em importantes festivais de dança.

Physically disabled people explore the possibilities of their deformities in Every Body Electric, a dance show by Austrian choreographer Doris Uhlich. Dancers research their own movements, beats, and dynamics, turning their bodies into a kind of endogenous fuel. Uhlich works with the concept of energetic icons, in which individual movements are guided by pleasure and the pursuit of energy resources. The choreography is created by repetitive movements that energetically charge the body during each sequence. “A moving flesh is beautiful when I feel attracted to a body’s energy, sensitivity, empathy, and vitality, no matter how it is,” says the artist, who has interest in the relationships between energy and form and between human beings and machine. The performance also looks into the possibilities that open up when machines, like wheelchairs and crutches, are considered extensions of the body. “Everybody has limits, and if you are not afraid to touch and face them, they can be inspiring places to expand the movement horizon,” she states. Each “electric body” is a radical but straightforward invitation to explore the potentials through the dance and dive into the archeology of energy. The explosive power and poetry of Every Body Electric rest on how performers perceive their bodies and how they are perceived.

The Austrian choreographer Doris Uhlich studied contemporary dance pedagogy at Vienna Conservatory and was a member of theatercombinat company. Among other achievements, she received the Austrian Ministry for Education, Arts and Culture (BMUKK) dance award for Spitze (2008) and was nominated choreographer of the year by Tanz magazine (2018). Her works have been performed at major dance festivals.

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Fim Grupo Vão Brasil, SP Mayra Azzi

Bienal Sesc de Dança Espetáculos Shows

50 min | 16 anos [16 years and older] grupovao.com Direção [Direction]: *Grupo VÃO Criação e Dança [Creation and Dance]: Carolina Minozzi, Isis Andreatta, Juliana Melhado, Julia Viana e Patrícia Árabe Colaboração Dramatúrgica [Dramaturgical Collaboration]: Ana Maria Krein Composição Sonora [Sound Composition]: Gustavo Lemos Operação de Som [Sound Operation]: Tom Monteiro Iluminação [Lighting]: Laura Salerno Assistência de Iluminação e Operação de Luz [Lighting Assistance and Light Operation]: Fernando Melo Espaço e Figurino [Space and Costume]: Renan Marcondes Cenotecnia [Scenographic Technology]: Cauê Gouveia e Marcus Garcia Costura [Sewing]: Bruna Sartini e ZANG Arte Gráfica [Graphic Arts]: Pedro Jamal Campanha Fotos [Publicity Fotos]: Mayra Azzi Registro em Vídeo [Video Recording]: Bruta Flor Filmes Produção [Production]: Iolanda Sinatra Mídias Sociais [Social Media]: Matula Criativa/Rodrigo Melhado *Carolina Minozzi participou da codireção deste espetáculo *Carolina Minozzi has co-directed this show

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Estar junto e estar só, a solidão e a coletividade. É sobre a coexistência desses aspectos que o Grupo VÃO se debruça em Fim, oitavo e mais recente trabalho do coletivo paulistano. Esta coreografia propõe uma experiência imersiva em que o público habita um longo período de escuridão junto das artistas que dançam de olhos fechados. O escuro, enquanto condição e interesse, promove novas possibilidades de conexão, percepção de si, do outro e do espaço. “O espetáculo propõe a escuridão não somente como lugar de experiência compartilhada, mas também como metáfora e convite para pensar uma política das relações humanas”, afirmam as diretoras do grupo, Isis Andreatta, Julia Viana, Juliana Melhado e Patricia Árabe. A experiência sensorial e imagética do trabalho se dá com a trilha sonora, a iluminação, os elementos em cena e o movimento corporal que surgem como camadas não hierarquizadas entre si. O corpo não é necessariamente o protagonista, mas um componente desta paisagem que vai se construindo ao longo da peça. “Durante a coreografia, o aparecimento e o desaparecimento dessas camadas configuram o ritmo do espetáculo e sugerem para o público a possibilidade de imaginar novos mundos diante das paisagens/realidades que vão se apresentando” contam as diretoras.

Being together and being alone, loneliness, and the community. The VÃO Group elaborates on the coexistence of these aspects at Fim [The End], the eighth and latest work of São Paulo collective. This choreography proposes an immersive experience in which the audience inhabits a long period of darkness along with the artists who dance with their eyes closed. The dark, as a condition and interest, promotes new possibilities of connection, awareness of oneself, of the other, and space. “The performance proposes darkness not only as a place of shared experience, but also as a metaphor and invitation to think about a human relations policy”, say Isis Andreatta group directors, Julia Viana, Juliana Melhado and Patricia Arab. The sensory and imagery experience of the work occurs with the soundtrack, the lighting, the elements on the scene, and the body movement that appear as layers that are not hierarchical with each other. The body is not necessarily the protagonist, but a component of this landscape that keeps being built throughout the piece. “During the choreography, the appearance and disappearance of these layers configure the rhythm of the show and suggest to the audience the possibility of imagining new worlds in the face of the landscapes/realities that are performed,” the directors say.

O Grupo VÃO é formado por Isis Andreatta, Julia Viana, Juliana Melhado e Patrícia Árabe. Desde 2009 o coletivo de dança contemporânea investiga formas de autogestão e de direção coletiva.

VÃO Group is formed by Isis Andreatta, Julia Viana, Juliana Melhado, and Patrícia Árabe. Since 2009, the contemporary dance collective has investigated self-management and collective management ways.

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Júlio Silva Castro

Happy Island La Ribot | Dançando com a Diferença Portugal/ Suíça 70 min | 14 anos [14 years and older] danca-inclusiva.com

Estreia [Premiere]

Bienal Sesc de Dança Espetáculos Shows

Direção e Coreografia [Direction and Choreography]: La Ribot Bailarinos [Dancers]: Bárbara Matos, Joana Caetano, Maria João Pereira, Sofia Marote e Pedro Alexandre Silva Assistente de Coreografia [Assistant Choreographer]: Telmo Ferreira Realização do Filme [Film Production]: Raquel Freire Iluminação e Direção Técnica [Lighting and Technical Direction]: Cristóvão Cunha Figurinos [Costumes]: La Ribot Colaboração Artística e Direção de Entrevistas [Artistic Collaboration and Interview Direction]: Josep-María Martín Participantes nas Entrevistas [Interview Participants]: Bárbara Matos, Emília Monteiro, Maria João Pereira, Bárbara Matos e José Figueira Músicas [Songs]: Francesco Tristano, Jeff Mills, Archie Shepp, Oliver Mental Grouve, Atom™ e Raw C + Pharmakustik Assistente de Realização do Filme [Film Assistant Diretor]: Valérie Mitteaux Montagem [Production]: Raquel Freire Câmara [Camera]: Raquel Freire e Valérie Mitteaux Confecção dos Figurinos [Costume Making]: Laurence Durieux e Teresa Neves Bailarinos do Grupo Dançando com a Diferença no Filme [Dancers of “Dançando com a Diferença” Group in the Film]: Aléxis Fernandes, Bárbara Matos, Bernardo Graça, Cristina Baptista, Diogo Freitas, Filipa Vieira, Isabel Teixeira, Joana Caetano, José Figueira, Lígia Rosa, Maria João Pereira, Natércia Kuprian, Nuno Borba, Pedro Alexandre Silva, Rui João Costa, Sara Rebolo, Sofia Pires, Sofia Marote, Telmo Ferreira, Teresa Martins e Vittória Vianna Produção Executiva [Executive Production]: Henrique Amoedo, Diogo Gonçalves e Paz Santa Cecilia Esta é uma coprodução entre Dançando com a Diferença (Madeira) e La Ribot Cie. (Genebra). Em coprodução com Le Grütli-Centre de Production & de Diffusion des Arts Vivants – Festival La Bâtie-Genève e Centre National de la Danse – CND (Paris) e “Comemorações dos 600 anos do descobrimento da Madeira e Porto Santo” (Portugal). This is a co-production between Dançando com a Diferença (Madeira) and La Ribot Cie. (Geneva). Co-produced with Le Grütli-Centre de Production & de Diffusion des Arts Vivants - La Bâtie-Genève Festival and Centre National de la Danse – CND (Paris) and “600th-anniversary celebration of the discovery of Madeira and Porto Santo Island” (Portugal)

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[Ilha Feliz] Kitsch, mitológico, sexual, cabarético e geométrico. Assim é Happy Island [Ilha Feliz], espetáculo que nasce de um convite do diretor Henrique Amoedo e seu grupo, o Dançando com a Diferença, companhia de dança inclusiva profissional sediada na Ilha da Madeira, em Portugal, à coreógrafa espanhola La Ribot, que reside em Genebra. O encontro entre esses artistas originou uma montagem de dança contemporânea que fala dos desejos mais íntimos, dos sonhos e da beleza dos intérpretes. “La Ribot colocou sob a luz dos projetores o que existe de mais humano neles e o que há de mais real na sua existência e no nosso trabalho”, conta Henrique Amoedo, diretor artístico do coletivo. Além das singularidades dos bailarinos, a coreografia também tem como elemento fundamental a própria Ilha da Madeira, presente em cena por meio do filme da cineasta Raquel Freire. É nela que as figuras de Happy Island [Ilha Feliz] estão numa grande catarse orgíaca de libertação individual. A peça cria um ambiente onde a fantasia e o real se aproximam e convida o público a olhar mais atentamente para a verdade e a capacidade de transformação de cada um. “É um retrato da impossibilidade de existir, um contraste entre o real tornado mitológico, uma obra que procura descrever um encontro tornado utopia”, diz Amoedo.

Fundado em 2001, o Dançando com a Diferença é uma companhia profissional de dança inclusiva de Portugal, com sede na Ilha da Madeira, sob a direção artística de Henrique Amoedo.

Kitsch, mythological, sexual, cabaret and geometrical. This is Happy Island, a performance that arises from an invitation by director Henrique Amoedo and his group, Dançando com a Diferença, a professional and inclusive dance company settled in Madeira Island, Portugal, to the Spanish choreographer La Ribot, who lives in Geneva. The encounter between these artists gave rise to a contemporary dance production, which works on of the performers’ most intimate desires, dreams, and beauty. “La Ribot has put under the light of projectors what is most human about them and what is most real about their existence and our work,” says Henrique Amoedo, the collective’s artistic director. In addition to the dancers’ uniqueness, the choreography also has as its core element the Madeira Island itself, present in the scene through the film of the filmmaker Raquel Freire. This is where the figures of Happy Island are in a great orgiastic catharsis of individual liberation. The piece creates an environment where fantasy and reality come closer and invites the audience to take a closer look at the truth and transformability of each one. “It is a picture of the impossibility to exist, a contrast between the real turned into mythological, a work seeking to describe an encounter turned into utopia,” Amoedo says.

Established in 2001, Dançando com a Diferença is a professional, inclusive dance company from Portugal based in Madeira Island, under the artistic direction of Henrique Amoedo.

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Normal Guilherme Botelho | Cia. Alias Suíça Gregory Batardon

Bienal Sesc de Dança Espetáculos Shows

60 min | Livre [All audiences] alias-cie.com

Estreia [Premiere]

Coreografia [Choreography]: Guilherme Botelho Iluminação [Lighting]: Jean-Philippe Roy Trilha Sonora Original [Original Soundtrack]: Fernando Corona/Murcof Figurinos [Costumes]: Amandine Rutschmann Bailarinos [Dancers]: Arnaud Bacharach, Eve Bouchelot, Erica Bravini, Gabriel Simoës, Louis Bourel e Veronica Garcia Bailarina Assistente [Assistant Dancer]: Victoria Hoyland Técnica [Technician]: Alexandre Kurth Produção [Production]: Cia. Alias Coprodução [Co-Production]: Théâtre Forum Meyrin e Théâtre du Crochetan Produção no Brasil [Production in Brazil]: Corpo Rastreado Apoio [Supported by]: Corodis, Loterie Romande. Alias recebe um subsídio conjunto da cidade de Genebra, da comuna de Meyrin (cantão de Genebra), e da Pro Helvetia – Fundação Suíça para a Promoção da Cultura. Nesta produção, a companhia é apoiada pela Fondation Meyrinoise du Casino, Fondation Ernst Göhner e Fondation Sophie e Karl Binding

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Os obstáculos da vida e a capacidade de resiliência humana são temas centrais em Normal, espetáculo da Alias, companhia de dança contemporânea suíça criada pelo coreógrafo brasileiro Guilherme Botelho. A estrutura coreográfica é construída sobre um só movimento: corpos que caem e se levantam. A ação simples vai ganhando complexidade por meio de repetições que formam uma atmosfera hipnotizante. Estes movimentos cíclicos permitem que o público entre em um estado mais contemplativo, que favorece a projeção de suas próprias memórias e sentimentos pessoais. “O espetáculo traz esta capacidade que temos de nos construir sobre os destroços. Isso acontece de maneira sugerida e não narrativa ou dramática, criando uma certa ‘normalidade’ para essas quedas. Há, também, a ideia de aceitação, de que altos e baixos fazem parte da vida e que uma vida rica é uma vida também tumultuosa”, conta Botelho, que há mais de 20 anos pensa na imagem de pessoas que não conseguem ficar no eixo, em equilíbrio. Apesar de não ser diretamente inspirada na obra da poeta polonesa Wislawa Szymborska (1923-2012), a coreografia se relaciona com a atmosfera metafísica, irônica, cotidiana e, por vezes, engraçada de seus poemas que testemunham a frágil e instável estrutura da vida.

Obstacles in life and human resilience are central themes in Normal, a performance by Alias, a contemporary Swiss dance company created by the Brazilian choreographer Guilherme Botelho. The choreographic structure is built on a single movement: falling and rising bodies. The simple action gains complexity through repetitions that form a mesmerizing atmosphere. These cyclical movements allow the audience to enter a more contemplative state, which favors the projection of their own memories and personal feelings. “The performance provides this capacity we have to build ourselves from the wreckage. This happens in a suggested way rather than a narrative or dramatic way, creating a certain “normality” for these falls. There is also the idea of acceptance, that ups and downs are part of life and that a rich life is also a tumultuous life”, says Botelho, who has been thinking for over 20 years about the image of people who cannot stay on the axis, in balance. Although not directly inspired by the work of the Polish poet Wislawa Szymborska (1923-2012), the choreography relates to the metaphysical, ironic, every day and sometimes funny atmosphere of her poems, which witnesses the fragile and unstable structure of life.

Alias é uma companhia independente de dança contemporânea criada em Genebra, em 1994, pelo bailarino e coreógrafo brasileiro Guilherme Botelho, que reside na Suíça. O grupo já viajou pelo mundo com mais de 20 obras que trazem um olhar atento aos paradoxos da vida cotidiana.

Alias is an independent contemporary dance company created in Geneva in 1994 by Brazilian dancer and choreographer Guilherme Botelho, who lives in Switzerland. The group has traveled the world with more than twenty oeuvres, which provide a closer look at the paradoxes of everyday life.

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Peso Bruto Jussara Belchior Brasil, SC Cassiana dos Reis Lopes

Bienal Sesc de Dança Espetáculos Shows

35 min | 16 anos [16 years and older] jussarabelchior.com Criação, Produção e Dança [Creation, Production, and Dance]: Jussara Belchior Interlocução [Interlocution]: Soraya Portela Dramaturgia [Dramaturgy]: Anderson do Carmo Trilha Sonora [Soundtrack]: Dimitri Camorlinga Figurino [Costume]: Joana Kretzer Brandenburg Iluminação e Design Gráfico [Lighting and Graphic Design]: Marcos Klann Fotografia do Processo Criativo [Creative Process Photography]: Cassiana dos Reis Lopes Registro em Vídeo [Video Recording]: Cristiano Prim

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“Sou e sempre fui uma bailarina gorda, mas isso sempre foi um pouco incomum. O corpo gordo na dança é um corpo, geralmente, desautorizado a dançar, como se ele fosse incapaz de se mover”, expõe a bailarina Jussara Belchior. Foi a partir da urgência de falar sobre esse assunto que a paulistana radicada em Florianópolis criou o solo Peso Bruto, com o qual circula desde 2017. “E tenho percebido que esta não é uma urgência só minha. A vontade de discutir sobre a relação que temos com o nosso corpo está latente”, completa. Provocando noções preconceituosas de que o corpo gordo é feio, indesejável, doente e preguiçoso, Belchior coloca em choque esses estigmas e propõe uma reflexão sobre as concepções que excluem os corpos gordos do convívio em sociedade. O espetáculo é um trabalho de pesquisa em dança contemporânea que se dá entre imagem e movimento. A artista expõe seu corpo, com suas dobras e banhas, e se movimenta de modo a ocupar o espaço e se relacionar com os objetos de cena e com a sua própria carne que balança. Ela articula diálogos entre o peso, o desejo, o apetite e a beleza, colocando em contraposição o controle e a brutalidade.

“I am and have always been a fat dancer, but this has always been somewhat unusual. In dancing, a fat body is usually a body with no permission to dance, as if it were unable to move”, the dancer Jussara Belchior says. It was from the urgency of talking about this subject that the São Paulo artist, who lives in Florianópolis, created the solo Peso Bruto [Gross Weight], which she has been performing since 2017. “And I have realized that this is not only an urgency of my own. The desire to discuss the relationship we have with our body is latent”, she adds. By provoking prejudiced notions that the fat body is ugly, undesirable, sick and lazy, Belchior challenges these stigmas and proposes a reflection on the conceptions that exclude fat bodies from living in society. The show is a research work in contemporary dance that takes place between image and movement. The artist exposes her body, with its folds and fats, and moves around to occupy the space and relate to the objects of the scene and her own rocking flesh. She articulates dialogues on weight, desire, appetite, and beauty, contrasting control and brutality.

A bailarina paulistana Jussara Belchior mora em Florianópolis. Sua prática articula ações que questionam o imaginário e a visibilidade do corpo gordo, além de ter interesse em poéticas e políticas de movimento e posicionamento através da dança.

Jussara Belchior is a dancer from São Paulo and lives in Florianópolis. Her practice articulates actions that question the fat body’s imagination and visibility, and she is interested in poetry, as well as movement and positioning policies through dance.

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Sismos e Volts Leandro Souza Brasil, SP Jônia Guimarães

Bienal Sesc de Dança Espetáculos Shows

30 min | 16 anos [16 years and older] souzaleandro.com Dança [Dance]: Leandro Souza Som [Som]: Thiago Salas Luz [Light]: Eduardo Albergaria Produção [Production]: Leandro Souza Coprodução [Co-Production]: Plataforma Exercícios Compartilhados (4ª e 6ª edições) Apoio [Supported by]: Centro de Referência da Dança da Cidade de São Paulo (CRDSP) e Instituto de Artes da Unicamp

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Observando sua trajetória na dança, o bailarino Leandro Souza encontrou três movimentos recorrentes, mas que não haviam recebido uma atenção apropriada: tremores, desequilíbrios e giros. Pensando em aprofundar a investigação sobre eles, o artista criou o solo Sismos e Volts. Souza examina as condições pelas quais movimentos, corporalidades e gestos são construídos. “A coreografia trata de como respondemos aos desafios dos contextos nos quais estamos envolvidos não pela lógica da superação, mas da relação contínua”, diz o artista paulistano, que encontrou na ideia de trânsito um modo pulsante e desafiador de realizar a verticalização de seu trabalho corporal. “O interesse é justamente trafegar e não estancar nem em um polo nem em outro, mas navegar, cruzar dados e informações, tecer fios a partir daquilo que aparece ou deixar simplesmente que atravesse e siga seu curso”, completa. Entendendo que tremer, desequilibrar e girar não são habilidades exclusivas, já que todos os corpos são capazes de realizá-las, o bailarino quer saber se os movimentos têm inteligências e desejos próprios, se eles podem dançar ao invés de alimentar a ideia de que ele os dança. Assim, os movimentos transitam por ele e ele transita pelos movimentos.

Leandro de Souza é artista da dança, mestre em artes da cena e bacharel em dança pela Unicamp. Atualmente se dedica à continuidade da pesquisa e à apresentação dos solos Sismos e Volts (prêmio APCA 2018) e Eles Fazem Dança Contemporânea.

By observing his history in dance, the dancer Leandro Souza found three recurrent movements, which have not received proper attention: shakes, unbalances and spins. Trying to investigate them deeply, the artist created the solo Sismos e Volts [Earthquakes and Volts]. Souza examines the conditions by which movements, corporealities, and gestures are constructed. “The choreography is about how we respond to the challenges of the contexts in which we are involved, not by the logic of overcoming, but of the continuous relationship”, says the artist born in São Paulo, who found in the idea of traffic a pulsating and challenging way to perform the verticalization of his bodywork. The interest is precisely to move and not to stop at one pole or another, but to navigate, cross data and information, weave threads from what emerges or simply let it cross and follow its course”, he adds. As he understands that shaking, unbalancing and spinning are not unique skills, since all bodies are capable of performing them, the dancer wants to know if the movements have their own intelligence and desires, if they can dance instead of nurturing the idea that he dances them. Thus, the movements move through him, and he moves through the movements.

Leandro de Souza is a dance artist, master in performing arts and graduated in dance from Unicamp. He is currently dedicated to the continuation of his research and the performance of the solos Sismos e Volts (APCA 2018 award) and Eles Fazem Dança Contemporânea.

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Só Denise Stutz Brasil, SP Renato Mangolin

Bienal Sesc de Dança Espetáculos Shows

50 min | 14 anos [14 years and older] denisestutz.wordpress.com Texto, Interpretação e Direção [Text, Acting, and Direction]: Denise Stutz Colaboração [Collaboration]: Inez Viana Iluminação e Direção Técnica [Lighting and Technical Direction]: Daniel Uryon Idealização [Idealization]: Denise Stutz Músicas [Music]: Johann Straus II e Míkis Theodorákis Agradecimentos [Acknowledgments]: Laura Samy

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Uma mulher se prepara para sua última apresentação no teatro. A partir dessa ficção, Denise Stutz une no monólogo Só palavra e movimento para dar ritmo ao corpo. Utilizando aspectos da dança e do teatro, a artista tem como interesse as maneiras de construir narrativas. “A voz é corpo. Pensei no texto como movimento, mas, diferentemente dos outros trabalhos, comecei a pensar no afeto das palavras: o que atravessa meu corpo, que imagens são produzidas e como buscar estados a partir desse atravessamento”, comenta Stutz. Há três anos, tomando como referência autores como o argentino Jorge Luis Borges (1899-1986) e o irlandês Samuel Beckett (1906-1989), a artista mineira que vive no Rio de Janeiro começou a escrever o texto do solo. A ideia era convidar o público a refletir sobre a passagem do tempo e a velhice, entre outras questões. “Hoje, após tantas coisas vividas no país, Só me leva para o desaparecimento. As perguntas agora são: onde estou? O que tenho para dizer? De onde falo?”, diz Stutz, que contou com a colaboração da atriz e diretora Inez Viana na direção. A partir da questão do desaparecimento surge uma brecha entre o espectador e a intérprete. Na narrativa, as fronteiras do teatro precisam ser borradas para que essa história se transforme em outra. Ao espectador fica o encargo de dar continuidade à existência da artista ou de decidir pelo seu desaparecimento.

A woman prepares for her last theater performance. From this fiction, Denise Stutz merges word and movement in the monologue Só [Alone] to give rhythm to the body. Using aspects of dance and theater, the artist is interested in ways to construct narratives. “The voice is the body. I thought of the text as a movement, but unlike other works, I started to think about the words affection: what goes through my body, what images are produced and how to look for states from this crossing”, Stutz says. Three years ago, taking as reference authors such as the Argentinian Jorge Luis Borges (1899-1986) and the Irish Samuel Beckett (1906-1989), the artist, born in Minas Gerais and living in Rio de Janeiro, started writing the solo text. The idea was to invite the audience to reflect on the passage of time and old age, among other issues. “Today, after so many things experienced in the country, Só [Alone] leads me to the disappearance. The questions are now: where am I? What do I have to say? Where do I speak from?”, says Stutz, who had the collaboration of the actress and director Inez Viana in the direction. From the issue of disappearance, a gap arises between the spectator and the performer. In the narrative, the boundaries of the theater must be blurred for this story to become another one. The spectator is in charge of continuing the artist’s existence or deciding for her disappearance.

Denise Stutz iniciou seus estudos de dança em Belo Horizonte. Foi uma das bailarinas fundadoras do Grupo Corpo, em 1975. Trabalhou com Lia Rodrigues como bailarina, professora e assistente de direção. Atualmente, cria e interpreta as próprias obras.

Denise Stutz began her dance career in Belo Horizonte. She was one of the founding dancers of Grupo Corpo in 1975. She worked with Lia Rodrigues as a dancer, teacher, and assistant director. She currently creates and performs her own works.

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Patricia Almeida

Strip Tempo – Stripteases Contemporâneos – Vol. 1 e 2 Jorge Alencar Brasil, BA Bienal Sesc de Dança Espetáculos Shows

75 min | 18 anos [18 years and older] jorgealencar.com.br Direção e Criação [Direction and Creation]: Jorge Alencar Diretor Assistente [Assistant Diretor]: Neto Machado Assistência de Direção [Direction Assistance]: Marina Martinelli Criação e Performance [Creation and Performance]: Daniel Moura, Douglas Gibran, Fábio Osório Monteiro, Isaura Tupiniquim, Jaqueline Elesbão, João Rafael Neto, Jorge Oliveira, Leonardo França, Lia Lordelo, Neto Machado e Rainha Loulou Concepção de Luz e Edição de Trilha Sonora [Light Design and Soundtrack Editing]: Moisés Victório Temas Musicais Originais [Original Songs]: Leonardo França e Moisés Victório Operação de Luz [Light Operation]: Moisés Victório Identidade Visual e Direção de Arte [Visual Identity and Art Direction]: TANTO – criações compartilhadas Daniel Sabóia, Fábio Steque e Patricia Almeida) Supervisão de Figurino [Costume Supervision]: Neto Machado Produção [Production]: Dimenti Produções Culturais Direção de Produção [Production Direction]: Ellen Mello Produção Executiva [Executive Production]: Marina Martinelli Equipe de Produção [Production Team]: Natália Valério e Priscila Santos

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Misto de composição e curadoria, Strip Tempo – Stripteases Contemporâneos acessa zonas nem sempre visíveis dos trabalhos e corpos de cada um dos dez artistas participantes do espetáculo dirigido pelo coreógrafo e encenador baiano Jorge Alencar. Tomando como principal matéria de criação obras produzidas pelos bailarinos ao longo dos últimos anos, a peça revela um resumo estético e erótico do trajeto desses performers da Bahia. Cenas, figurinos, trilhas sonoras, pesquisas de movimento e outros componentes foram revisitados para a elaboração de dez solos apresentados em dois volumes. Alencar associa dança e memória de universos singulares em uma montagem que trabalha com linguagens do cabaré, do burlesco e da arte drag. “Reconheço grande vitalidade na articulação entre arte contemporânea e as ditas ‘artes da noite’. É um movimento de fazer vibrar a dimensão erótica da arte para criar afetos no jeito como produzimos memória no campo artístico”, afirma o coreógrafo.

Jorge Alencar cria com dança, teatro, audiovisual, curadoria, escrita e educação. Em 1998, fundou a Dimenti, produtora cultural e ambiente artístico, em Salvador, na Bahia.

A mix of composition and curatorship, Strip Tempo – Stripteases Contemporâneos [Strip Tempo – Contemporaries Stripteases] accesses areas, not always visible, of the works and bodies of each of the ten artists participating in the show directed by the choreographer and director from Bahia, Jorge Alencar. Taking as its primary creative material the works produced by dancers over the last few years, the piece reveals an aesthetic and erotic summary of the journey of these performers from Bahia. Scenes, costumes, soundtracks, movement research, and other components were revisited to produce ten solos performed in two volumes. Alencar associates dance and memory from singular universes in a production that works with cabaret, burlesque and drag art languages. “I recognize great vitality in the articulation between contemporary art and the so-called ‘night arts’. It is a movement that makes the erotic dimension of art vibrate to create affection in the way we produce memory in the art field”, the choreographer says.

Jorge Alencar creates with dance, theater, audiovisual, curatorship, writing, and education. In 1998, he founded Dimenti, a cultural production company, and artistic environment, in Salvador, Bahia.

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Supernada EP01 Clarice Lima Brasil, CE/ SP Leonardo Waintrub

Bienal Sesc de Dança Espetáculos Shows

30 min | Livre [All audiences] claricelima.org

Para Crianças [For Children]

Direção, Coreografia e Criação [Direction, Choreography and Creation]: Clarice Lima Assistente de Direção [Assistant Diretor]: Aline Bonamin Criação e Dança [Creation and Dance]: Aline Bonamin, Chico Lima, Ísis Andreatta, José Artur Campos, Manuela Aranguibel, Marcela Costa, Maurício Alves, Natália Mendonça, Patrícia Árabe e Rafaela Sahyoun Contrarregra [Stagehand]: Leandro Berton Produção [Production]: Clarice Lima & gente fina elegante e sincera Coprodução [Co-Production]: Lote Apoio [Supported by]: Publica, Casa do Povo, Meias Jaca e Lema/Converse

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A intervenção coreográfica Supernada EP01, da bailarina e coreógrafa Clarice Lima, leva as crianças para um passeio entre o fantástico e o ordinário, entre o super e o nada. Figuras lúdicas se deslocam em diferentes lógicas que organizam e desorganizam o espaço, os performers e o público. É um vaivém de imagens que aparecem e desaparecem, como a da princesa alface que é devorada por um tubarão e a do M&M azul que cai em um pote de farinha. O trabalho nasceu da ideia de empatia cinética, ou seja, aquilo que move o outro quando alguém se move, e de referências como o espetáculo de dança Menu de Heróis, de Weila Carvalho, e a série de desenhos animados Cueio, do Gato Galactico. “Eu queria muito criar um trabalho de dança para criança que não fosse careta nem chato, que a tratasse como um ser autônomo capaz de criar suas próprias conexões e formulações de sentido e subjetividade”, conta Lima, que pela primeira vez dirigiu um espetáculo de dança para o público infantil. Para a artista, Supernada EP01 é como se fosse um livro no qual as páginas foram arrancadas e dispostas em uma ordem diferente. Assim, cada espectador fica livre para criar a sua própria narrativa.

Clarice Lima é cearense. Bailarina e coreógrafa, estudou no Colégio de Dança do Ceará e é formada em dança pelo Modern Theater Dance/AHK, em Amsterdã. Hoje vive e trabalha em São Paulo. Seus trabalhos transitam entre as linguagens da dança, performance e artes visuais. Participou de mostras e festivais nacionais e internacionais.

The choreographic intervention Supernada EP01 [Supernothing EP01], by the dancer and choreographer Clarice Lima, takes the children to a journey between the fantastic and the ordinary, between the super and the nothing. Playful figures move in different logics, organizing and disorganizing the space, the performers, and the audience. It is a back and forth of images that appear and disappear, like that of the princess lettuce who is eaten by a shark and that of the blue M&M that falls into a flour jar. The work stems from the idea of kinetic empathy, in other words, what moves the other when someone moves, and from references such as Weila Carvalho’s dance show Menu de Heróis [Heroes’ Menu], and the cartoon series Cueio, by Gato Galactico. “I really wanted to create a dance work for children that was neither dull nor boring, that treated them as autonomous beings capable of creating their own connections and formulations of meaning and subjectivity,” says Lima, who directed a dance performance for children for the first time. For the artist, Supernada EP01 [Supernothing EP01], is like a book from which the pages were ripped out and arranged in a different order. This way, spectators are free to create their own narrative.

Clarice Lima is from the state of Ceará. A dancer and choreographer, she studied at Colégio de Dança do Ceará (Ceará College of Dance) and is graduated in dance from the Modern Theater Dance/AHK in Amsterdam. She currently lives and works in São Paulo. Her works move between the languages of dance, performance, and visual arts. She attended national and international exhibitions and festivals.

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Trrr Thiago Granato Alemanha/ Brasil Paula Faraco

55 min | 18 anos [18 years and older] thiagogranato.com

Bienal Sesc de Dança Espetáculos Shows

Concepção, Direção, Coreografia e Performance [Conception, Direction, Choreography, and Performance]: Thiago Granato Coreógrafos “Convidados” (Presenças Ficcionais) [“Guest” Choreographers – Fictional Attendances]: Pedra e Onça Assistência de Direção e Coautoria [Direction Assistance and Co-authoring]: Sandro Amaral Conselho Artístico [Artistic Advice]: Jefta van Dinther Treinamento Físico [Physical Training]: Daniela Visco Conselho de Dramaturgia [Dramaturgy Advice]: Laura Samy Designer de Som [Sound Designer]: David Kiers Operação de Som [Sound Operation]: Rodrigo Gava Designer de Luz [Light Designer]: Susana Alonso Operação de Luz [Light Operation]: Claes Schwennen Voz em Off [Voice Over]: Chrysa Parkinson Produção [Production]: Sandro Amaral e Thiago Granato Produção no Brasil [Production in Brazil]: Corpo Rastreado Finanças e Administração [Finance and Management]: www.penkiito.com Coprodução [Co-Production]: Stuk Kunstencentrum (Leuven/BEL); CND – Centre National de la Danse (Pantin/FRA); Tanz im August/HAU Hebbel am Ufer (Berlin/ ALE); PACT Zollverein (Essen/ALE), apoiado por fabrik Potsdam (ALE); Théâtre de Nîmes – Scène conventionnée pour la danse contemporaine (Nîsme/FRA); e Centre de Développement Chorégraphique Uzès (Uzès/FRA) Apoio [Supported by]: Étape Danse, iniciativa do Institut Francais Deutschland/Bureau du Théâtre et de la Danse; Uzès Danse CDCN; Théâtre Nîmes and fabrik Potsdam, com o apoio do Ministère de la Culture et de la Communication/DGCA e da cidade Potsdam; BUDA Arts Centre (Kortrijk/BEL); e Tanzfabrik (Berlim/ALE) Financiado por [Financed by]: Senate Department for Culture and Europe of Berlin (ALE)

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Uma espécie de futuro arcaico está presente em Trrr, solo concebido e performado por Thiago Granato. Com o espetáculo, o artista encerra o projeto Coreoversações, trilogia produzida a partir de uma pesquisa desenvolvida com diferentes colaborações imaginárias entre coreógrafos que “conversam entre eles” usando o corpo do performer como meio de comunicação. Em Treasured in the Dark, o primeiro solo, Granato trabalhou com coreógrafos mortos. Depois, em Trança, com vivos e, agora, em Trrr, com coreógrafas que ainda não nasceram. Uma pedra e uma onça são as entidades escolhidas para representarem os coreógrafos de um futuro idealizado, influenciado por culturas indígenas da Amazônia e Austrália. A metamorfose do corpo, assunto dos três solos, é entendida como a capacidade do corpo em relacionar forças internas e abstratas com signos que possam ser reconhecidos e vice-versa. Em Trrr, essa relação é articulada de forma ritualística. A transformação é abordada como uma tecnologia do corpo capaz de reinventar as suas próprias conexões com outras formas de vida. “É da arte do performer pensar a sua tecnologia de transformação do corpo como orientação política”, diz Granato. A peça é um chamado para uma dimensão espacial e temporal da realidade na qual o passado está localizado na frente do corpo e o futuro atrás dele. Trrr inscreve uma dança nas margens do tempo, realizada por um corpo que se move simultaneamente para frente e para trás em espaços ainda não mapeados ou já esquecidos.

O coreógrafo brasileiro Thiago Granato vive em Berlim. Suas produções são resultados de processos que insistem em promover experiências de transformação política através da inovação estética. Já se apresentou em países da América do Sul, Europa, Oriente Médio e Ásia. É mestre em coreografia com especialização em práticas performativas na University of Dance and Circus – Doch (Suécia).

A kind of archaic future is present in Trrr, a solo created and performed by Thiago Granato. With the performance, the artist ends the project Coreoversações, a trilogy produced from a research developed with different imaginary collaborations between choreographers who “talk to each other” using the performer's body as a means of communication. In Treasured in the Dark, the first solo, Granato worked with dead choreographers. Then in Trança, with living choreographers, and now in Trrr, with unborn choreographers. A stone and a jaguar were the entities chosen by the artist to represent the choreographers of an idealized future, influenced by certain indigenous cultures of the Amazon region and Australia. The body metamorphosis, a common subject to all three solos, is understood as the body's ability to relate internal and abstract forces to recognizable signs, and vice versa. In Trrr, this relationship is articulated in a ritualistic way. Transformation is approached as a body technology capable of reinventing its own connections with other life forms. “It is the performer's art to think of his body-transforming technology as a political orientation,” Granato says. The piece is a call to a spatial and temporal dimension of reality in which the past is located in front of the body and the future behind it. Trrr enters a dance in the edge of time, performed by a body simultaneously moving back and forth in spaces not yet mapped or already forgotten.

Brazilian choreographer Thiago Granato lives in Berlin. His productions are the result of processes that insist on promoting experiences of political transformation through aesthetic innovation. He has performed in countries in South America, Europe, the Middle East, and Asia. He has a master’s degree in choreography with specialization in performing practices from the University of Dance and Circus – Doch (Sweden).

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Z Alejandro Ahmed Brasil, SC Karin Serafin

Bienal Sesc de Dança Espetáculos Shows

60 min | 14 anos [14 years and older] alejandroahmed.com Criação, Direção e Performance [Creation, Direction, and Performance]: Alejandro Ahmed Direção Compartilhada e Ensaios [Shared Direction and Rehearsals]: Mariana Romagnani Iluminação, Direção de Montagem e Interlocução para Som [Lighting, Mounting Direction and Sound Interlocution]: Hedra Rockenbach Produção e Interlocução para Figurino [Costume Production and Interlocution]: Karin Serafin Agradecimentos [Acknowledgments]: Tom Monteiro, Theo Gomes, Dogo, Malu Rabelo, Marcos Klann, Gabi Gonçalves, Marcos Morgado, Andreia Druck, JUSC – Jurerê Sport Center, Grupo Cena11 Cia. de Dança e Bruno Bez

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Z é uma pesquisa e criação em dança com direção e performance de Alejandro Ahmed. A obra músico-coreográfica é desenvolvida na imbricação entre corpo, coreografia e composição generativa, que é um modo de criar estruturado, entre outros aspectos, na causalidade e na coautoria entre ambiente e corpo. No solo, o performer utiliza uma guitarra para guiar um labirinto melódico, cinético e ritual. Neste percurso, o instrumento opera como objeto, corpo estendido e signo que evoca voz, respiração, forma e palavra sem memória, como uma incorporação de alteridade. “É a não habilidade como recurso de alteridade, ou seja, através de um saber outro, no caso a dança, acessar outra possibilidade de performatividade. No Z o instrumento é a guitarra, o som e a potência de música”, comenta Ahmed. A desfuncionalização da guitarra é acionada pela inabilidade do performer de manipulá-la na sua condição tradicional de existência. Assim, o instrumento é a unidade que desvia e reorganiza o corpo para encontrar caminhos que tornem viva a ação do som como criação de espaço. O processo de criação, iniciado no fim de 2014, partiu do mover como ferramenta cognitiva de transdução, na qual uma energia de determinada natureza – o som, por exemplo – é transformada em outra de diferente natureza, caso de luz, vibração mecânica e palavra.

Coreógrafo residente, diretor artístico e bailarino do Grupo Cena 11 Cia. de Dança, Alejandro Ahmed situa suas áreas de interesse em campos como "situação coreográfica", "coreografia imaterial" e "dança generativa". Suas atuais proposições teóricas e práticas estabelecem a tríade correlacional emergênciacoerência-ritual como diretrizes de suas ações.

Z is a research and creation in dance, directed and performed by Alejandro Ahmed. The musical-choreographical work is developed in the interconnection between body, choreography and generative composition, which is a way of structured creation, among other aspects, in causality and co-authorship between environment and body. In the solo, the performer uses a guitar to lead a melodic, kinetic and ritual maze. In this journey, the instrument acts like an object, extended body, and sign that evokes voice, breath, form, and word without memory, as an embodiment of otherness. “It is non-ability as a resource of otherness, in other words, through another knowledge, in this case, dance, to access another possibility of performativity. In Z, the instrument is the guitar, the sound and the power of music”, Ahmed comments. The defunctionalization of the guitar is triggered by the performer’s inability to manipulate it in its traditional state of existence. Thus, the instrument is the unit that deflects and rearranges the body to find ways that make alive the action of sound as a creation of space. The process of creation, which began in late 2014, started with moving as a cognitive transduction tool, in which one energy of a particular nature – sound, for example – is turned into another of a different nature, such as light, mechanical vibration, and word.

Resident choreographer, artistic director, and dancer of Grupo Cena 11 Cia. de Dança, Alejandro Ahmed focus his areas of interest in fields such as “choreographic situation”, “immaterial choreography” and “generative dance”. His current theoretical and practical propositions establish the correlational emergency-coherence-ritual triad as guidelines for his actions.

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2 74 A Vida Enorme/ Performance Emmanuelle Huynh Plateforme Mùa 76 aCORdo Alice Ripoll | Cia. REC 78 Arrastão Edvan Monteiro Cia. Etra de Dança 80 Boas Garotas Clarissa Sacchelli

92 Procedimento 2 para Lugar Nenhum Vera Sala 94 Quem Segue as Setas Adriana Macul e Mariana Vaz Núcleo Tríade

82 Bola de Fogo Fábio Osório Monteiro

96 Rir – Intervenção em Segundo Movimento Key Sawao e Ricardo Iazzetta Key Zetta e Cia.

84 Cancioneiro Terminal Grupo MEXA

98 Sumo Júlia Rocha

86 Dentro Luciana Chieregati e Ibon Salvador Coletivo Qualquer

100 Trabalho Normal Cláudia Müller

88 Escuta! Renato Cruz Companhia Híbrida 90 Monumentos em Ação Lucía Nacht

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102 Tudo que Passa e Fica Oefehá 104 violento. Preto Amparo, Alexandre de Sena, Grazi Medrado e Pablo Bernardo

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Performances Performances Shows Performances hows Performances ps2_BienalDanca_CatalogoMiolo_BC_Des14.indd 73

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A Vida Enorme/ Performance Emmanuelle Huynh | Plateforme Mùa França Marc Domage

Bienal Sesc de Dança Performances Performances

55 min | 14 anos [14 years and older] ciemua.fr Concepção [Conception]: Emmanuelle Huynh Com [With]: Emmanuelle Huynh e Nuno Bizarro Texto [Text]: Herberto Helder (A Colher na Boca e Do Mundo) Trilha Sonora [Sound Track]: Sandy Notarianni Vozes [Voices]: Emmanuelle Huynh e Nuno Bizarro Acompanhamento do Texto [Text Follow-up]: Jean-Paul Quéinnec Produção [Production]: Compagnie Mùa Coprodução [CoProduction]: Centre National de Danse Contemporaine Angers, Entre Cour et Jardins – Dijon, Centre Chorégraphique National de Montpellier Languedoc-Roussillon, La Villa Gillet – Lyon

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Concebido pela francesa Emmanuelle Huynh como um filme, a performance A Vida Enorme/ Performance tem trilha sonora e coreografia apresentadas separadamente. No primeiro momento, uma gravação traz a conversa entre um homem e uma mulher. Os dois, que literalmente não se entendem por falarem línguas diferentes (português e francês), tentam construir um diálogo através da obra do poeta concretista português Herberto Helder. Flashs da canção Heroes, de David Bowie, também aparecem de tempos em tempos. “Ser um casal é uma situação diária heróica”, diz a coreógrafa e bailarina que performa ao lado do português Nuno Bizarro. Depois, os dois de fato tomam a cena com seus corpos. Em silêncio, eles traçam trajetórias autônomas e se encontram quatro vezes. O casal busca um equilíbrio físico que não seja uma harmonia linear, mas uma negociação. “É uma maneira de encenar um relacionamento humano em termos de peso, contatos físicos e tensões”, explica Emmanuelle. Entre diversas camadas, o trabalho investiga como uma forma (a dança) não ilustra outra (a poesia), mas, por meio de alguns componentes de uma terceira forma (cinema), propõe uma imagem que permite a circulação entre poesia, luz, som e corpos. Nesta história difusa, a linguagem e o corpo celebram a matéria do mundo e sua opacidade.

Conceived by the French Emmanuelle Huynh as a movie, the show A Vida Enorme/Performance [The Enormous Life/Performance] presents the soundtrack and choreography separately. At first, a recording brings the conversation between a man and a woman. The two of them, who literally do not understand each other due to speaking different languages (Portuguese and French), try to build a dialogue through the oeuvre by the Portuguese concrete poet Herberto Helder. Flashes of David Bowie's Heroes also arise from time to time. “Being a couple is a heroic daily situation”, says the choreographer and dancer who performs along with the Portuguese Nuno Bizarro. Then, both of them actually take the scene with their bodies. In silence, they outline autonomous paths and meet four times. The couple is in pursuit of a physical balance that is not a linear harmony, but rather a negotiation. “It's a way of enacting a human relationship in terms of weight, physical contacts and tensions”, Emmanuelle explains. Amongst several layers, the work investigates how one form (dance) does not illustrate another (poetry), but, through some components of a third form (cinema), proposes an image that allows the circulation between poetry, light, sound and bodies. In this fuzzy story, language and body celebrate the matter of the world and its opacity

Bailarina, coreógrafa e professora, a francesa Emmanuelle Huynh estudou dança e filosofia. Seu trabalho explora a relação entre dança e literatura, música, luz, ikebana (arte floral japonesa) e arquitetura.

Dancer, choreographer and teacher, the French Emmanuelle Huynh studied dance and philosophy. Her work explores the relationship between dance and literature, music, light, ikebana (Japanese floral art) and architecture.

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aCORdo Alice Ripoll | Cia. REC Brasil, RJ Renato Mangolin

Bienal Sesc de Dança Performances Performances

30 min | 14 anos [14 years and older] aliceripoll.com Direção [Direction]: Alice Ripoll Criação e Performance [Creation and Performance]: Alan Ferreira, Leandro Coala, Rômulo Galvão e Tony Ewerton Assistência [Assistance]: Anita Tandeta Produção [Production]: Natasha Corbelino Apoio [Supported by]: Centro Coreográfico do Rio de Janeiro e Rafael Machado Fisioterapia

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Hierarquias econômicas, sociais e culturais, além de violência policial e racismo são abordados em aCORdo, performance da Cia. REC, criada em 2017 para a ocupação Que Legado, realizada no Castelinho do Flamengo, no Rio de Janeiro. A ideia era que os trabalhos apresentados dialogassem com a indagação do que teria ficado como legado para a cidade após a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Sem responder literalmente à pergunta, a diretora e coreógrafa carioca Alice Ripoll propôs pensar a cidade na posição dos intérpretes com quem trabalha há oito anos: negros e moradores da favela. “Os consumidores das artes cênicas muitas vezes estão a uma distância segura do crime e do caos, dentro de uma ordem social. No entanto, a manutenção dessa ordem é acompanhada de opressão e intimidação. De uma maneira sutil e aparentemente inocente, a performance sugere uma nova ordem”, diz Ripoll. Em aCORdo, quatro performers nascidos em favelas do Brasil transformam as relações existentes entre os participantes. Uniformizados, eles criam imagens e sensações cara a cara com o público. “Quem está roubando o quê? De quem é o crime?”, indaga a performance. Para a diretora, a obra questiona o conceito de propriedade no capitalismo e a crueldade que acompanha esse sistema, no qual o lucro e a acumulação de capital pressupõem a exploração e a pobreza.

Social, cultural and economic hierarchies, as well as police violence and racism, are addressed in aCORdo, a Cia. REC’s performance, created in 2017 to be staged on the exhibition Que Legado [What Legacy], held at the cultural center Castelinho do Flamengo in Rio de Janeiro. The idea was that the piece should dialogue with the question of what would have remained as a legacy for the city after the World Cup and the Olympic Games. Without giving a straightforward answer to the question, the director and choreographer proposes to think the city through the perspective of the performers she has been working with for eight years: they are black and live in a favela (slum). “Performing arts consumers are often at a safe distance from crime and chaos within a social order. However, maintaining this order is accompanied by oppression and intimidation. In a subtle and seemingly innocent way, the performance suggests a new order”, Ripoll says. In aCORdo, four performers born in Brazilian slums transform the relationships between the participants. In uniforms, they create images and sensations face to face with the audience. “Who is stealing what? Whose crime is it?”, the performance asks. For the director, the work questions the concept of property in capitalism and the cruelty that accompanies this system, in which profit and accumulation of capital presuppose exploitation and poverty.

Coreógrafa, intérprete e diretora de movimento para teatro e cinema, a carioca Alice Ripoll é diretora dos grupos REC e Suave. Seu trabalho abraça a dança contemporânea e as danças urbanas do Brasil.

Choreographer, performer and movement director for theater and cinema, Alice Ripoll, from Rio de Janeiro, is the director of REC and Suave groups. Her work embraces contemporary dance and urban dances in Brazil.

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Arrastão Edvan Monteiro | Cia. Etra de Dança Brasil, CE/SP Lairton Carvalho

Bienal Sesc de Dança Performances Performances

50 min | 14 anos [14 years and older] ciaetradedanca.wixsite.com/ciaetradedanca Direção [Direction]: Edvan Monteiro Elenco [Cast]: Angélica Evangelista, Ariadne Filipe, Caio Rodrigues, David Soares, Diez, Felipe Faustino, Gabriel Rosário, Gisele Prudêncio, Giulia Ventriglia, Lucas Onofre, Rodney Cardoso e Tamara Tanaka Fotografia [Photography]: Lairton Carvalho Produção [Production]: Ariadne Filipe

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Em Arrastão, intervenção artística da Cia. Etra de Dança, o espaço público se torna um território de atravessamentos e o público é convidado a observar corpos que pulsam, expulsam e expurgam. O trabalho é o primeiro da trilogia Naturam Corporis, série que estuda o movimento e as peculiaridades do corpo coletivo. A principal ideia do diretor Edvan Monteiro é investigar as manifestações que corpos periféricos promovem quando estão aglomerados em grandes centros. “Eles são vistos como incômodos por quebrarem barreiras estabelecidas por uma sociedade centralizadora”, diz Monteiro, que passou a observar a movimentação de manifestantes em atos políticos e a indumentária de frequentadores de bailes na periferia. “Essa massa de corpos também me interessa como estética, pois ela traz à tona a questão do estar junto, do mover-se junto”, completa. A pesquisa resulta, em cena, num corpo que protesta contra o sistema político atual. Os corpos dos bailarinos agem sobre e sob outros corpos dos artistas do grupo por meio do contato físico direto ou de interfaces digitais. Esse ato é a força propulsora de um fluxo constante que arrasta mais e mais corpos pelo espaço com o intuito de fazer com que os indivíduos consigam ocupar seus próprios espaços, físicos e metafóricos.

Criada em 2001 por Ariadne Filipe e Edvan Monteiro, a Cia. Etra de Dança desenvolve sua pesquisa dialogando com a dança a outras linguagens artísticas. O repertório inclui trabalhos criados para a rua, para o palco e para o audiovisual.

In Arrastão, an artistic intervention of Cia. Etra de Dança, the public space becomes a territory of crossings, and the audience is invited to observe bodies that pulsate, expel, and purge. The work is the first of the Naturam Corporis trilogy, a series studying the movement and peculiarities of the collective body. The main idea of director Edvan Monteiro is to investigate the manifestations peripheral bodies promote when they are clustered in large centers. “They are seen as inconvenient because they break down barriers established by a centralizing society,” Monteiro says, who began to observe the movement of protesters in political acts and the clothes of dancers in the periphery. “This mass of bodies aesthetically interests me as well, because it brings up the matter of being together, moving together,” he adds. On the scene, the research results in a body protesting against the current political system. The dancers’ bodies act on and under other bodies of the group’s artists through direct physical contact or digital interfaces. This act is the driving force of a constant flow that drags more and more bodies through space so as individuals can occupy their own physical and metaphorical spaces.

Created in 2001 by Ariadne Filipe and Edvan Monteiro, Cia. Etra de Dança develops its research dialoguing with dance in other artistic languages. The repertoire includes works created for the street, the stage and audiovisual.

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Boas Garotas Clarissa Sacchelli Brasil, SP Pedro Napolitano Prata

70 min | 14 anos [14 years and older] clarissasacchelli.com.br

Bienal Sesc de Dança Performances Performances

De [By]: Clarissa Sacchelli Em Criação com [In Creation with]: Carolina Callegaro, Luisa Puterman e Renan Marcondes Coreografia e Performance [Choreography and Performance]: Carolina Callegaro e Clarissa Sacchelli Pensamento Visual [Visual Thinking]: Renan Marcondes Trilha Sonora [Soundtrack]: Luisa Puterman Voz – Trilha Sonora [Voice – Soundtrack]: Hwa Young Lee Lucy e Han Ah Lum Iluminação [Lighting]: Laura Salerno Coordenação Técnica [Technical Coordination]: Marcus Garcia Produção Cortina [Curtain Production]: Zang&Zagatti Apoio [Supported by]: Casa Líquida Agradecimentos [Acknowledgments]: Associação de Dança Tradicional Coreana, Anna Turra, Artur Kon, Equipe Videobrasil, Estúdio Baile Flora Kountouriotis, Julia Feldens, Thereza Farkas Obras do Acervo Histórico Videobrasil Usadas como Referência: Jerk Off 2 – Projeto Dízima Periódica, de Alice Miceli; Escenarios II, de Maya Watanabe; Rapture (Silent Anthem), de Angelica Mesiti; Female Sensibility, de Lynda Benglis; Homenagem a George Segal, de Lenora de Barros e Walter Silveira; Deep Pressure, de Alicia Nogueira; Samba #2, de Chameckilerner; La Professora, de Gérman Bobe; The Ogre, de Ip YukYiu; eTalk About Body, de Hui Tao. [Works of Videobrasil historical archive used as reference: Jerk Off 2 – Repeating Decimal Project, by Alice Miceli; Escenarios II, by Maya Watanabe; Rapture (Silent Anthem), by Angelica Mesiti; Female Sensibility, by Lynda Benglis; Homenagem a George Segal (Tribute to George Segal), by Lenora de Barros and Walter Silveira; Deep Pressure, by Alicia Nogueira; Samba #2, by Chameckilerner; La Professora, by Gérman Bobe; The Ogre, by Ip Yuk-Yiu; and Talk About Body, by Hui Tao] Obra comissionada pela Associação Cultural Videobrasil para a 1a Temporada de Dança Videobrasil

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Foi de um conjunto de vídeos que surgiu a performance Boas Garotas. Em 2017, a coreógrafa e performer Clarissa Sacchelli foi convidada a criar uma peça de dança a partir do Acervo Histórico Videobrasil. Do mergulho nesse material, a artista selecionou dez trabalhos pela via do magnetismo: não havia recortes conceituais ou temáticos préestabelecidos, o contorno foi definido diante do encontro com o acervo, a partir daquilo que seduziu a artista e se seduziu entre si. Entre os trabalhos estão Jerk Off 02 – Projeto Dízima Periódica, de Alice Miceli; Homenagem a George Segal, de Lenora de Barros e Walter Silveira; Escenarios II, de Maya Watanabe; Rapture (Silent Anthem), de Angelica Mesiti; e Female Sensibility, de Lynda Benglis. Esse recorte operou não somente como uma referência conceitual para Boas Garotas, mas também como um material bruto constituído de imagens, sons e textos que foram remixados, reinterpretados e/ou reencenados na peça. “De maneira geral, a obra investiga relações entre público e trabalho artístico, explorando o erotismo como modo de interrogar e excitar a ligação entre ver e ser visto”, explica Sacchelli, que tem Carolina Callegaro como parceira de coreografia e performance. A relação com os vídeos indicou aproximações entre a ação de editar e coreografar e apontou para lógicas que podem ser construídas a partir do olhar de quem assiste, sugerindo questões acerca dos modos de produção e recepção de um vídeo e de uma performance.

Clarissa Sacchelli é coreógrafa e performer. Nos últimos anos tem desenvolvido seus projetos movendo-se entre peças coreográficas, performances e publicações, enquanto também trabalha em colaboração com diferentes artistas.

It was from a set of videos that the performance Boas Garotas [Good Girls] came out. In 2017, choreographer and performer Clarissa Sacchelli was invited to create a dance piece from Videobrasil Historical Archive. By going deep in this material, the artist selected ten works through magnetism: there were no preestablished conceptual or thematic references, the profile was defined something in the archive seduced the artist and seduced each other. Among the works are Jerk Off 02 – Repeating Decimal Project, by Alice Miceli; Homenagem a George Segal [Tribute to George Segal], by Lenora de Barros and Walter Silveira; Escenarios II, by Maya Watanabe; Rapture [Silent Anthem], by Angelica Mesiti; and Female Sensibility, by Lynda Benglis. Not only has this selection acted as a conceptual reference for Boas Garotas [Good Girls], but also as raw material made up of images, sounds, and texts that were remixed, reinterpreted and/or restaged in the piece. “In general, the work investigates relationships between the audience and artwork, exploring eroticism as a means to question and stimulate the relation between seeing and being seen,” Sacchelli explains. She works with Carolina Callegaro as a partner for choreography and performance. The relationship with the videos has indicated approximations between the action of editing and choreographing, and has indicated logics that can be built from the viewer’s perspective, suggesting questions about the modes of a video and a performance production and reception.

Clarissa Sacchelli is a choreographer and performer. In recent years, she has developed her projects moving among choreographic pieces, performances and wpublications, while also working in collaboration with different artists.

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Bola de Fogo Fábio Osório Monteiro Brasil, BA Isabela Bugmann

Bienal Sesc de Dança Performances Performances

45 min | Livre [All audiences] @fabio.osorio | facebook.com/fabioosorio.monteiro Criação, Direção, Texto e Performance [Creation, Direction, Text and Performance]: Fábio Osório Monteiro Codireção [Co-Direction]: Leonardo França Colaboração [Collaboration]: Jorge Alencar e Neto Machado Intérprete de Libras [Interpreter of Brazilian Sign Language – LIBRAS]: Cintia Santos Produtor Assistente [Assistant Producer]: Gabriel Pedreira Produção [Production]: Dimenti Serviço de tradução em libras

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Em Bola de Fogo, o artista Fábio Osório Monteiro prepara a massa do acarajé, frita o bolinho e o vende como fazem todas as baianas do acarajé. Mas ele também performa a si próprio. “Me recrio como mecanismo para continuar existindo e resistindo”, diz. A elaboração do solo por Osório surgiu de um problema prático: sua dificuldade de se sustentar como artista. Em 2017, ele fez seu registro como baiana do acarajé e passou a vender o quitute na praça do Cacau, em Salvador. A partir dessa situação, agregouse ao trabalho outros interesses, como ancestralidade, afetividade e questões negras. “O que mais me fascina na figura da baiana do acarajé é que este é um ofício de muito esforço físico, o que mostra o quão fortes essas mulheres são. Fortes desde o surgimento deste trabalho, quando em meados do século XIX o comércio do acarajé permitiu às mulheres escravizadas ir além da prestação de serviços para seus senhores”, conta o performer. Da estreia para cá, a intérprete de Libras Cíntia Santos se uniu ao trabalho performando junto com Osório e fortalecendo o caráter sociopolítico da obra. Dessa forma, humor, política, espiritualidade e memória se cruzam no tabuleiro.

In Bola de Fogo [Ball of Fire], the artist Fábio Osório Monteiro prepares the acarajé dough, fries the dumpling and sells it as all Baiana do acarajé do. But he also performs himself. “I recreate myself as a mechanism to continue existing and resisting,” he says. The solo elaboration by Osório arose from a practical problem: his difficulty in earning a living as an artist. In 2017, he made his registration as a Baiana do acarajé and started to sell the delicacy at Praça do Cacau, in Salvador. From this situation, other interests were added to the work, such as ancestry, affection, and black issues. “What fascinates me the most about the Baiana do acarajé figure is that this is a very hard work, which shows how strong these women are. Strong since the emergence of this work, when in the mid-nineteenth century, the acarajé trade allowed enslaved women to go beyond providing services to their masters”, the performer says. From the premiere on, the sign-language interpreter Cíntia Santos joined the work by performing along with Osorio and strengthening the socio-political character of the work. Therefore, humor, politics, spirituality, and memory intersect on the board.

Baiano e baiana de acarajé, Fábio Osório Monteiro também se vira também como ator, dançarino e produtor cultural. Desde 1998 é membro da Dimenti, ambiente de criação e de produção cultural.

Fábio Osório Monteiro, artist from Bahia and “Baiana do acarajé”, also works as an actor, dancer and cultural producer. Since 1998, he has been a member of Dimenti, a creative and cultural production space.

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Cancioneiro Terminal Grupo MEXA Brasil, SP Edouard Fraipont

Bienal Sesc de Dança Performances Performances

60 min | 16 anos [16 years and older] grupomexa.com.br Com [With]: Alessandro Lins dos Anjos, Anita Silvia, Anne Dourado, Barbara Brito, Daniela Pinheiro, Dudu Quintanilha, Eterno Work in Progress, Fabíola Dummond, Giulianna Nonato, João Turchi, Juliana Zaroni, Kristen Oliveira, Lavinia Favero, Lu Mugayar, Maya Schneyder, Patrícia Borges, Pedro Machado Salazar, Suzy Muniz, Tatiane de Campobello e Yasmin Bispo Produtor Musical do Álbum Putz Bahia [Musical Producer]: Zé Nigro Iluminação [Lighting]: Helô Duran Maquiagem [Makeup]: Lavínia Favero Figurino [Costumes]: Marcelo von Trapp

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O Grupo MEXA sempre muda. Nunca se sabe, ao certo, quantas pessoas integram o grupo, que não se identifica como um coletivo de artistas, mas com a ideia de um encontro com a diversidade de pessoas que vivenciam a questão da vulnerabilidade. Essas ausências e presenças se refletem não apenas na organização, mas também são temas dos trabalhos da companhia. É o que acontece com Cancioneiro Terminal, obra criada em 2017 que ganha novos contornos para a apresentação na Bienal Sesc de Dança. Dialogando com memória e identidade, a performance propõe uma coreografia entre a transmissão de imagens gravadas do grupo e ações executadas em tempo real pelos artistas, que interferem na projeção com música, dança e narração de novas histórias. Entre os registros vistos no telão estão, por exemplo, o vídeo da performance Terminal 10 mg, na qual eles subiram em um ônibus de linha de São Paulo e criaram uma espécie de mapa da cidade a partir de suas biografias e vivências. “Esse espetáculo trata da discussão do que permanece no corpo, do que fica gravado em imagem e como existir nesse choque entre a presença e a ausência. O vídeo é pano de fundo daquilo que já fomos e nossa coreografia é uma tentativa de continuar existindo num corpo que já não é mais o mesmo, num espaço que já não é mais o nosso”, explicam os membros do MEXA.

The MEXA Group is always changing. We never know for sure how many people belong to the group, who do not identify themselves as a collective of artists but with the idea of meeting a diversity of people experiencing the matter of vulnerability. Not only do these absences and presences reflect on the organization, but are also themes of the company’s work. This is what happens with Cancioneiro Terminal [Terminal Songbook], a work created in 2017, which gains new outlines for the performance at Sesc Dance Biennial. By dialoguing with memory and identity, the performance proposes a choreography between the transmission of the group’s recorded images and actions performed in real-time by the artists, which interfere with the projection with music, dance and new storytelling. Among the records seen on the screen are, for example, the Terminal 10 mg performance video, in which they got on a São Paulo line bus and created a kind of city map based on their biographies and experiences. “This show discusses what remains in the body, what is recorded in the image, and how to exist in this clash between presence and absence. The video is the background of what we have already been, and our choreography is an attempt to continue to exist in a body that is no longer the same, in a space that is no longer ours”, the members of MEXA explain.

O grupo MEXA não se define como um coletivo artístico, mas se utiliza de táticas artísticas, principalmente escritura e performance, para defender e promover o encontro da população que se encontra em situação de vulnerabilidade social. O grupo se formou em 2015 em centros de acolhida em São Paulo e atua por meio de diversos projetos na cidade.

The MEXA group is not defined as an artistic collective, but rather a group that uses artistic tactics, especially writing and performance, to defend and promote the encounter of the population with their socially vulnerable positions. The group was formed in 2015 in shelters for homeless people in São Paulo and works through several projects in the city.

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Camila Téllez

Dentro Luciana Chieregati e Ibon Salvador | Coletivo Qualquer Brasil/ Espanha Bienal Sesc de Dança Performances Performances

60 min | 12 anos [12 years and older] coletivoqualquer.com Criação, Coreografia e Texto [Creation, Choreography and Text]: Coletivo Qualquer (Luciana Chieregati e Ibon Salvador) Performance [Performance]: Aline Bonamin, Luciana Chieregati, Ibon Salvador e Tom Monteiro Criação Sonora [Sound Creation]: Tom Monteiro e Miguel Caldas Acompanhamento Teórico-Historiográfico [Theoretical and Historiographical Support]: Vivian Costa Produção [Production]: Asociación Artístico Cultural Luciernaga

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Por meio de um passeio sonoro, a performance Dentro, criada pelo Coletivo Qualquer, se apoia em uma lógica de travelling cinematográfico para dar destaque à arquitetura e às histórias do local e das pessoas que o ocupam. “A cotidianidade, o dia a dia, o ir e vir ocupados que temos muitas vezes nos fazem deixar de ver coisas que habitam os lugares para além de nós. Dentro busca voltar a fazer visíveis e permeáveis esses lugares que deixamos de ver, produzindo interferências nas maneiras de perceber os espaços e suas temporalidades”, conta a brasileira Luciana Chieregati e o espanhol Ibon Salvador, criadores da ação. Trabalhando as relações entre lugares, corpos e ficções, os coreógrafos e performers elaboram uma vivência coreografada que reformula os limites dos territórios percorridos. Situado entre a fisicalidade da caminhada e o mundo sonoro criado pelos artistas, o público, munido de fones de ouvido, atravessa atmosferas e intervenções performáticas numa experiência imersiva que estimula a imaginação e a invenção de outros espaços dentro do próprio espaço do percurso.

O Coletivo Qualquer foi criado em 2009 por Ibon Salvador (País Basco) e Luciana Chieregati (Brasil), ambos coreógrafos e performers. Vivem atualmente em Bilbao, na Espanha, onde desenvolvem projetos que têm como foco a concepção de espetáculos de dança e a dinamização de contextos para a criação artística colaborativa.

Through a sound tour, the performance created by Coletivo Qualquer relies on a logic of cinematic traveling to highlight the architecture and stories of the place and people who occupy it. “The everyday life, the daily routine, the busy coming and going that we often have made us fail to see things that inhabit the places beyond us. Dentro [Within] seeks to make those places that we fail to see visible and permeable again, producing interference on the ways of perceiving spaces and their temporalities”, say Brazilian Luciana Chieregati and Spanish Ibon Salvador, creators of the action. By working the relationships between places, bodies, and fictions, choreographers and performers elaborate a choreographed experience that reshapes the boundaries of the territories traveled. Situated between the walk physicality and the sound world created by the artists, the audience, wearing headphones, crosses atmospheres and performance interventions in an immersive experience that stimulates the imagination and the invention of other spaces within the space itself.

Coletivo Qualquer was created in 2009 by the choreographers and performers Ibon Salvador (Basque Country) and Luciana Chieregati (Brazil). They currently live in Bilbao, Spain, where they develop projects focusing on dance shows design and the promotion of contexts for collaborative art creation.

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Escuta! Renato Cruz | Companhia Híbrida Brasil, RJ Dorothee Elfring

Bienal Sesc de Dança Performances Performances

30 min | Livre [All audiences] ciahibridaontour.wordpress.com Direção Geral, Concepção e Coreografia [General Direction, Conception and Choreography]: Renato Cruz Assistente de Direção e Preparação Corporal [Assistant Director and Body Preparation]: Aline Teixeira Direção de Produção [Production Direction]: Steffi Vigio Intérpretes Criadores [Creating Interpreters]: Daniel Oliveira, Duly Omega, Fábio Max, Jefte Francisco, Luciana Monnerat, Luidy Trindade e Mailson de Morais Designer Gráfico [Graphic Designer]: Isabela Schubert

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Com um histórico de atuação em espaços não convencionais, a Cia. Híbrida tem a rua como palco para discutir afetos na performance Escuta!. A obra é parte do projeto Estratégias para Desembrutecer o Olhar, no qual, desde 2016, o coletivo cria uma espécie de protocolo para que pessoas em lugares de grande circulação possam ter seus tempos suspensos ao participar de algo inusitado. A obra acontece em duas etapas. Na primeira, misturados aos transeuntes, os bailarinos propõem alterações no fluxo cotidiano de deslocamento de modo a causar certa estranheza. Depois, eles usam fones de ouvido desplugados de qualquer aparelho e oferecem a extremidade solta do fio aos passantes como possibilidade de estabelecerem um encontro. “Para que algo aconteça, o espectador precisa vencer seu medo da proximidade e propor o contato”, diz Renato Cruz, diretor da companhia e responsável pela concepção e coreografia do trabalho. A distância entre performer e espectador é medida pelo tamanho do cabo, o que faz com que ambos permaneçam muito próximos. “E é aí que a mágica se dá: performer e espectador se confundem e, frequentemente, trocam ou dividem os papéis”, completa Cruz.

With a history of acting in unconventional spaces, Cia. Híbrida has the street as a stage to discuss affection in the performance Escuta! [Listen!]. The work is part of the project Estratégias para Desembrutecer o Olhar [Strategies to Tame the Glare], in which, since 2016, the collective has created a kind of protocol so that people in large-circulation places can have their time suspended when participating in something unusual. The work takes place in two steps. In the first, mixed with passers-by, the dancers propose changes in the daily commuting flow in order to cause some strangeness. Then, they wear headsets unplugged from any device and offer the loose end of the wire to passers-by as a chance to set up a meeting. “For something to happen, spectators need to overcome their fear of proximity and propose contact,” says Renato Cruz, the company’s director and responsible for the work conception and choreography. The distance between performer and spectator is measured by the size of the cable, which makes them both stay very close. “And that’s where the magic happens: performer and spectator converge and often switch or share roles,” Cruz adds.

Criada em 2007 no Rio de Janeiro e dirigida pelo bailarino e coreógrafo Renato Cruz, a Companhia Híbrida recebeu diversos prêmios, como Prêmio Funarte de Dança Klauss Vianna, Fundo de Apoio à Dança, Fomento à Cultura Carioca, Iberescena e O Boticário na Dança, tendo dançado suas obras em diversos países. Como proposta estética, as criações habitam as interseções existentes entre o hip-hop, o teatro e a dança contemporânea.

Created in 2007 in Rio de Janeiro, and directed by the dancer and choreographer Renato Cruz, Companhia Híbrida was awarded with several awards, such as the Klauss Vianna Dance Award by Funarte, Fundo de Apoio à Dança, Fomento à Cultura Carioca, Iberescena and O Boticário , Dança, and their works have been performed in several countries. As an aesthetic proposal, the creations inhabit the intersections between hiphop, theater, and contemporary dance.

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Monumentos em Ação Lucía Nacht Argentina Alipio Padilha

Bienal Sesc de Dança Performances Performances

60 min | 14 anos [14 years and older] | facebook.com/monumentosenaccion

Estreia [Premiere]

Concepção e Direção [Conception and Direction]: Lucía Nacht Produção [Production]: Carolina Goulart Assistente de Direção [Assistant Director]: Ana Borré Intérpretes [Performers]: María Julieta Martín, Romina Aguirre e intérpretes locais Apoio [Supported By]: Casa Temenos, Plataforma Lodo, C.C. Konex, Centro Cultural Haroldo Conti, Prodanza, Mecenazgo Cultural, Fondo Argentino de Desarrollo Cultural y Creativo, FIBA, Centro Cultural Paco Rondo (ARG), Asociación Habita, Casa América Latina, Réunion, Largo Residencias (POR), Movimiento Sur e Fundación Cinecón (CHI) e Atelier Muse (TUR)

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A relação e as diferenças entre história e memória são trabalhadas em Monumentos em Ação, performance idealizada e dirigida pela argentina Lucía Nacht. Nela, acompanhados por um audioguia, os espectadores realizam junto aos performers um percurso pelo espaço público no qual descobrem o local e as pessoas que o habitam para criarem juntos um ato de memória coletiva. A ideia é descolonizar as narrativas contadas do ponto de vista do poder e dos governantes para reconstruir a história a partir das lembranças que a comunidade quer preservar. “Manter a memória viva é um exercício fundamental, é um ato democrático por excelência que faz com que uma comunidade tenha voz própria e possa se inscrever dentro da história”, diz Nacht. Na forma de site specific, a performance trabalha com a ideia de antimonumento. Os corpos dos bailarinos criam monumentos que, ao contrário dos feitos de concreto, são efêmeros e sensíveis, permitindo que o público se relacione de forma mais íntima com a obra e elabore seu próprio ponto de vista sobre o evento histórico resgatado. “O espaço da memória é o homem e não o monumento. Se o monumento não for ativado a partir da reflexão, é simplesmente uma figura sem vida. Somos responsáveis por dar vida à memória, rever nosso passado para encontrar novas respostas sobre nosso presente”, afirma a diretora.

Monumentos em Ação [Monuments in Action], a performance created and directed by the Argentine Lucía Nacht works on the relation and differences between history and memory. In it, by using an audio guide, spectators and performers take a tour through the public space where they discover the territory and the people who inhabit it, constructing together an act of memory. The idea is to decolonize the narratives told from the authority and governments point of view to reconstruct history stemming from the memories that the community wants to preserve. “Keeping the memory alive is a key exercise, it is a quintessentially democratic act that makes a community to have a voice of its own and to inscribe in history,” Nacht says. In the form of site-specific, the performance works on the idea of anti-monument. The dancers’ bodies create monuments that, unlike those made of concrete, are ephemeral and sensitive, enabling the audience to relate in a closer way with the oeuvre and draw up their own point of view about the recovered historical events. “The memory space is the man and not the monument. If the monument is not powered by reflection, it is simply a lifeless figure. We are responsible for bringing memory to life, reviewing our past to find new answers about our present”, the director says.

Lucía Nacht é coreógrafa, dançarina e produtora audiovisual da Argentina. Suas obras são atravessadas pela pergunta: pode um corpo estar presente e ausente ao mesmo tempo, transcendendo tempo e espaço? Dirigiu e interpretou a obra audiovisual Aparições, selecionada por festivais em Portugal, na Argentina e na Alemanha. Desenvolveu a performance territorial Monumentos em Ação, que foi apresentada em Lisboa, Buenos Aires, Valparaíso, Constitución, Moscou e São Petersburgo.

Lucía Nacht is a choreographer, dancer and audiovisual producer from Argentina. Her oeuvres are affected by the question: can a body be present and absent at the same time, transcending time and space? She directed and acted on the audiovisual performance Aparições, selected by festivals in Portugal, Argentina, and Germany. She developed the territorial performance Monumentos em Ação [Monuments in Action] which was performed in Lisbon, Buenos Aires, Valparaiso, Constitución, Moscow and Saint Petersburg.

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Procedimento 2 para Lugar Nenhum Vera Sala Brasil, SP Hideki Matsuka

Bienal Sesc de Dança Performances Performances

50 min | 12 anos [12 years and older] verasala.com.br Concepção e Direção Geral [Conception and General Direction]: Vera Sala Arquitetura e Luz [Architecture and Light]: Hideki Matsuka Operação de Luz e Som [Light and Sound Operation]: Igor Sane Estímulo à Autopercepção do Movimento [Stimulation of Movement Self-Awareness]: José Antonio Lima Agradecimento pela Colaboração Artística [Thanks for the Artistic Collaboration]: Luiz Päetow Design Gráfico [Graphic Design]: Érico Peretta Cenotecnia [Scenographic Technology]: Wanderley Wagner da Silva Assistente de Produção [Assistant Producer]: Marcelo Leão Direção de Produção [Production Direction]: Dora Leão/ PLATÔ Produções Colaborações e Compartilhamentos [Collaborations and Shares]: Diego Alves Marques e Rubia Braga Agradecimentos [Acknowledgments]: Casa das Caldeiras Trabalho realizado com XVIII Programa Municipal de Fomento à Dança (Work performed with the XVIII Programa Municipal de Fomento à Dança 18th Municipal Program for Dance Promotion)

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Em Procedimento 2 para Lugar Nenhum, a bailarina e pesquisadora Vera Sala dá continuidade ao seu percurso criativo que parte de questões propulsoras como incompletude, precariedade, errância, instabilidade, vazio e esgarçamento do tempo. É numa zona de incertezas, dissoluções e rupturas que acontecem seus processos, que não têm como objetivo a construção de uma obra, mas sim a criação de estados de derivas que se abrem para o inesperado, para atravessamentos e deslocamentos nos modos de pensar o corpo e criar dança. Neste solo, Sala realiza microgestos com seu corpo. Numa espécie de suspensão do tempo entre um instante e outro, o corpo, nas palavras da artista, se exaure, se esvazia e dissolve seus contornos e limites. Desse esgarçamento surgem frestas de percepções e poéticas que expõem a precariedade da condição humana. “O silêncio, o desaparecimento e a inoperância se instauram não como passividade, mas como resistência”, diz a diretora e intérprete da obra.

In Procedimento 2 para Lugar Nenhum [Procedure 2 to Nowhere], the dancer and researcher Vera Sala continues her creative journey that starts with driving issues such as incompleteness, precariousness, wandering, instability, emptiness, and fraying of time. It is in a zone of uncertainties, dissolutions, and ruptures that her processes happen, whose purpose is not the construction of a work, but the creation of drift states that open to the unexpected, to crossings and changes in the ways of thinking the body and creating dance. In this solo, Sala performs micro gestures with her body. In a kind of suspension of time from one moment to another, the body, in the artist’s words, becomes exhausted, emptied and dissolves its contouring and limits. From this fraying, poetic and insight gaps arise, exposing the human condition precariousness. “Silence, disappearance, and ineffectiveness are set up not as passivity, but as resistance,” says the director and interpreter of the work.

Vera Sala trabalha com pesquisa e criação artística desde 1987. Desenvolveu instalações coreográficas (ou “corpo instalação”) que se dedicaram a pesquisar como o corpo transborda no espaço e compõe ambientes. Em 2014 recebeu, juntamente com o arquiteto Hideki Matsuka, o Prêmio APCA pelos trabalhos realizados.

Vera Sala has worked with research and artistic creation since 1987. She has developed choreographic installations (or “body installation”) dedicated to researching how the body overflows in space and shapes environments. In 2014, along with the architect Hideki Matsuka, she was awarded the APCA Award for her work.

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Quem Segue as Setas Adriana Macul e Mariana Vaz | Núcleo Tríade Brasil, SP Julia Francisca

Bienal Sesc de Dança Performances Performances

Estreia [Premiere] nucleotriade.com.br

Para Crianças [For Children]

Concepção e Direção [Conception and Direction]: Adriana Macul e Mariana Vaz Criação [Creation]: Adriana Macul, Julia Francisca, Mirella Marino e Mariana Vaz Produção [Production]: Carolina Goulart

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Concebido pelo Núcleo Tríade, Quem Segue as Setas é um jogo coreográfico que discute liberdade, possibilidade de fazer escolhas e seguir os próprios caminhos. Pessoas de todas as idades ocupam diversos espaços do Sesc Campinas num circuito deambulatório permeado de experiências coreográficas, sensoriais e reflexivas. Nos jogos coreográficos-instalativos que o grupo desenvolve, da qual Quem Segue as Setas faz parte, crianças e adultos são incentivadas a jogarem juntos. “Entendemos os jogos como dispositivos lúdicos, coreográficos e sensoriais para serem jogados em pequenos grupos e que, desejavelmente, estimulem diálogos, discussões, reflexões”, afirmam Adriana Macul e Mariana Vaz, fundadoras do Tríade. Surgem, assim, mais perguntas do que respostas, além de muitas zonas de descobertas: quem coreografa as setas, as regras, as rotinas? Quem segue as setas, as regras, as rotinas? Será que as setas organizam ou as setas restringem novas formas de vida? O que há entre as setas? E se desviássemos os caminhos?

Designed by Núcleo Tríade, Quem Segue as Setas [Who Follows the Arrows] is a choreographic game that discusses freedom, the ability to make choices and go their own way. People of all ages take up several spaces of Sesc Campinas in a walking circuit permeated by choreographic, sensory, and reflective experiences. In the choreographic and installation-like games developed by the group, including Quem Segue as Setas [Who Follows the Arrows], children and adults are encouraged to play together. “We see the games as playful, choreographic and sensory devices to be played in small groups and desirably encourage dialogues, discussions, reflections,” said Adriana Macul and Mariana Vaz, founders of Tríade. Thus, questions arise, more questions than answers, as well as many discovery zones: who choreographs the arrows, the rules, the routines? Who follows the arrows, the rules, the routines? Do arrows organize or do arrows restrict new forms of life? What is between the arrows? What if we stray from the path?

O Núcleo Tríade, fundado pelas artistas Adriana Macul e Mariana Vaz, cria dispositivos coreográficos que transitam entre dança, performance, instalação e intervenção urbana. As produções do grupo já circularam por diversos estados do país e foram reconhecidas por importantes prêmios e fomentos nacionais, como o Fomento à Dança para a Cidade de São Paulo e o Prêmio Funarte Klauss Vianna.

Núcleo Tríade, founded by artists Adriana Macul and Mariana Vaz, creates choreographic devices that move between dance, performance, installation and urban intervention. The group’s productions have already traveled to several states in the country and have been recognized by important national awards and promotions, such as Fomento à Dança (Dance Promotion) for the City of São Paulo and Funarte Klauss Vianna Award.

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Rir – Intervenção Segundo Movimento Key Sawao e Ricardo Iazzetta | Key Zetta e Cia. Brasil, SP Inês Corrêa

Bienal Sesc de Dança Performances Performances

45 min | Livre [All audiences] keyzettaecia.com Concepção e Direção [Conception and Direction]: Key Sawao e Ricardo Iazzetta Criação e Dança [Creation and Dance]: Beatriz Sano, Carolina Minozzi, Key Sawao, Maurício Flórez e Ricardo Iazzetta Encontros Intensivos/Processo Riso [Intensive Meetings/”Riso” Process]: Luiz Fuganti, Gustavo Miranda e Nadja Naira Coordenação de Arte [Coordination of Arts]: Hideki Matsuka Figurinos [Costumes]: Alex Cassimiro Vídeo [Video]: Doctela Fotos [Photos]: Inês Corrêa Produção [Production]: Corpo Rastreado

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O desejo da Key Zetta e Cia. de investigar o humor e o riso por meio do corpo originou, em 2017, o espetáculo Riso. Desdobrando trechos e situações da peça, o coletivo expandiu as cenas para o espaço público e criou Rir – Intervenção Segundo Movimento. “Durante o processo de criação de Riso, o grupo se debruçou em alguns aspectos como o inesperado, a mudança de curso e ritmo e os diferentes risos-sons produzidos, como o riso constrangido, a gargalhada, o riso irônico, o riso levado às últimas consequências, o riso social que adere aos corpos sorrateiramente, o riso choro, sempre a partir do corpo”, contam os diretores Key Sawao e Ricardo Iazzetta. Agora, nesta intervenção itinerante, eles questionam o que se passa nos corpos e no espaço quando o riso ri no lugar público. Os dançarinos investigam os múltiplos sentidos que emergem com o humor e o contágio que o riso provoca ao se relacionar com diferentes ambientes e pessoas. Riso hoje é experiência, Riso hoje é precipício, Riso hoje destrói o que destruirá, O que resta, o último fio, Riso hoje é nós comum, sopro, víscera, coração, Riso hoje Riso. (Key Zetta e Cia.)

O núcleo de dança Key Zetta e Cia., dirigido por Key Sawao e Ricardo Iazzetta, parceiros artísticos desde 1996, foi criado a partir do desejo de construir um espaço que possa agregar outros artistas em torno de propostas e criações com foco no pensamento em dança e suas possíveis inter-relações. O grupo realizou cerca de 12 peças e recebeu alguns dos mais importantes prêmios e apoios para pesquisa e criação em dança.

The desire of Key Zetta e Cia. to investigate humor and laughter through the body gave rise to the show Riso [Laughter] in 2017. By unfolding parts and situations of the piece, the collective has expanded the scenes to public space and created Rir – Intervenção Segundo Movimento [Laughter – Second Movement Intervention]. “During the Riso [Laughter] creation process, the group elaborated on some aspects such as the unexpected, the change of course and rhythm, and the different laughs-sounds produced; such as the embarrassed laugh, the laughter, the ironic laugh, the laugh brought to ultimate consequences, the social laugh that sneakily clings to the bodies, the crying laugh, always from the body”, say the directors Key Sawao and Ricardo Iazzetta. Now, in this itinerant intervention, they ask what goes on in bodies and space when laughter laughs in the place of the audience. Dancers investigate the multiple senses emerging with the humor and the contagion that laughter causes when relating to different environments and people. Laughter today is an experience, Laughter today is a cliff, Laughter today destroys what it will destroy, What remains, the last thread, Laughter today is the ordinary us, blow, entrails, heart, Laughter today Laughter. (Key Zetta e Cia.)

The Key Zetta e Cia. dancing company, directed by Key Sawao and Ricardo Iazzetta, artistic partners since 1996, was created from the desire to build a space that could bring other artists together around proposals and creations focused on dance thinking and their possible interrelationships. The group has performed around twelve pieces and received some of the most prestigious awards and supports for dance research and creation.

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Sumo Júlia Rocha Brasil, SP Ilana Lichtenstein

Bienal Sesc de Dança Performances Performances

40 min | Livre [All audiences] rochajulia.hotglue.me Concepção e Voz [Conception and Voice]: Júlia Rocha Colaboração e Dança [Collaboration and Dance]: Isabel Ramos Monteiro, Joana Ferraz e Teresa Moura Neves Música [Music]: Gustavo Galo Luz [Light]: Laura Salerno Produção [Production]: Isabel Ramos Monteiro Produção de Campo [Field Production]: Caio César Atravessaram a Pesquisa [People Who Went Through Research]: Barbara Elias, Beatriz Sano, Carolina Goulart, Clara Rubim, Clarissa Sacchelli, Daniel Cordova, Eduardo Fukushima, Fabio Morais, Haroldo Saboia e Mayra Azzi Agradecimentos [Acknowledgments]: b o t e , Lote e Teatro do Centro da Terra

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“Quando a gente olha, o que a gente vê?”, questiona Júlia Rocha, criadora da performance Sumo, que experimenta as relações entre imagem, palavra e movimento. O trabalho acontece numa sala onde o público pode circular livremente. Nela, corpos estão cobertos. Suavemente, a cada movimentação que ocorre por baixo do tecido, ao seu redor ou pela transformação da luz, novas formas e sentidos emergem. Aos poucos se revelam as figuras. É uma paisagem, são bichos, algum pedaço de estrela. Não há como saber. A alternância entre o que está coberto e o que é revelado cria curvas na percepção do espaço e do tempo. “Quando um corpo morre, o primeiro gesto que fazemos é cobri-lo. Quando uma casa fica vazia, cobrimos seus móveis. Cobrir é um ato com o qual nos relacionamos todo tempo. Como é cobrir a dança?”, diz a diretora, que desenvolveu a primeira versão da obra em 2014. Simultaneamente ao desenrolar da dança, um texto é falado. Criado por Rocha a partir de uma colagem de escritos de artistas que têm alguma relação com o zen, como John Cage (1912-1992), Laurie Anderson (1947), Leonard Cohen (1934-2016) e Yoko Ono (1933), ela também propõe um passeio por diversas imagens. A ideia é evidenciar a singularidade da imaginação das pessoas e permitir que elas experimentem se perder sem sair do lugar.

“When we look, what do we see?”, asks Julia Rocha, creator of the performance Sumo, who experiences the relationships between image, word, and movement. The work takes place in a room where the audience can move freely. In it, bodies are covered. Gently, with every movement that occurs below and around the fabric, or from the transformation of light, new forms and senses emerge. Gradually, the shapes are revealed. It is a landscape; they are animals, some piece of the star. There is no way of knowing. The alternation between what is covered and what is revealed creates curves in the awareness of space and time. “When a body dies, the first gesture we make is to cover it. When a house is empty, we cover the furniture. Covering is an act to which we are related all the time. What is it like to cover dance?”, says the director, who developed the first version of the work in 2014. Simultaneously as the dance unfolds, a text is spoken. Created by Rocha from a collage of writings by artists who have something to do with zen, such as John Cage (1912-1992), Laurie Anderson (1947), Leonard Cohen (19342016) and Yoko Ono (1933), she also proposes a tour through several images. The idea is to highlight people’s imagination uniqueness and let them experience to lose themselves without going anywhere.

Júlia Rocha é artista da dança e desenvolve sua pesquisa a partir das relações entre corpo, palavra e movimento. Colabora com projetos de artistas de diferentes áreas e países. Atualmente é artista convidada do projeto “uníssono”, da Key Zetta e Cia., companhia da qual participou por sete anos. Em 2014, inventou a É Selo de Língua, com a qual edita e publica experimentações impressas.

Júlia Rocha is a dance artist and develops her research based on the relationships between body, word, and movement. She collaborates with projects by artists from different areas and countries. She is currently a guest artist at “uníssono” project by Key Zetta e Cia., a company in which she took part for seven years. In 2014, she invented É Selo de Língua, in which she edits and publishes printed experiments.

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Trabalho Normal Cláudia Müller Brasil, RJ Haroldo Saboia

Bienal Sesc de Dança Performances Performances

40h (8 horas por dia durante 5 dias) [8 hours a day, for 5 days] | Livre [All audiences] claudiamuller.com Concepção, Criação e Performance [Conception, Creation, and Performance]: Cláudia Müller Colaborações [Collaborations]: Clarissa Sacchelli e Renan Marcondes Programação Visual [Visual Programming]: Theo Dubeux Produção Executiva [Executive Production]: Bebel de Barros Produção [Production]: Cais Produção Cultural Apoio [Supported By]: Adelina Instituto Cultural, Azala Espacio de Creación, Graner – Centro de Creación de Danza y Artes Vivas e Iberescena/Fundo de Ajuda para as Artes Cênicas Ibero-americanas (Aid Fund for the IberoAmerican Performing Arts) Agradecimentos [Acknowledgment]: Gustavo Torrezan, Leandro de Paula, Mauricio de Alencar, Miriam Gandelman e Roberto Müller

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Na série Trabalho Normal, a performer Cláudia Müller faz cinco ações simples e repetitivas durante cinco dias, cada uma delas com duração de 8 horas. Ao todo, são 40 horas de performance – o mesmo tempo de uma jornada de trabalho convencional. Porém, apesar de utilizar este modo tradicional de operação, as atividades realizadas são inúteis. Ou seja, elas não geram nenhum resultado ou produto do ponto de vista prático, ainda que tenham um planejamento preciso em sua execução. Para a artista, pensando em questões referentes à precarização e à autonomia que permeiam a lógica atual de trabalho, a proposta é refletir sobre o cotidiano laboral e o uso do tempo. “Instiga-me, como em várias outras criações, trazer para o cerne o que parece marginal à obra: a construção do papel do artista no âmbito social, político e nas instituições artísticas; e as articulações entre artista, obra, instituição e sociedade”, explica Müller, que partiu de projetos de artistas que discutem, em algumas obras, o paradoxo da inutilidade da arte para criar seu Trabalho Normal. São eles: Francis Alÿs, Marta Soares, Los Torreznos, Brígida Baltar e Tehching Hsieh.

In the series Trabalho Normal [Normal Work], the performer Cláudia Müller performs five simple and repetitive actions over five days, each one lasting 8 hours. Altogether, the performance lasts 40 hours - the same time as a conventional workweek. However, while using this traditional operating mode, the activities performed are useless. In other words, they do not generate any results or products from a practical point of view, even though they have precise planning in their execution. For the artist, thinking about issues related to precariousness and autonomy permeating the current logic of work, the proposal is to reflect on daily work and the use of time. “What instigates me, as in many other creations, is to bring to the core what seems insignificant to the work: the construction of the role of the artist in the social and political scope and in the art institutions. The articulations between artist, work, institution and society”, explains Müller. She started from projects by artists who discuss, in some works, the paradox of the uselessness of art to create her Trabalho Normal [Normal Work]. They are Francis Alÿs, Marta Soares, Los Torreznos, Brígida Baltar and Tehching Hsieh.

Cláudia Müller é artista com projetos desenvolvidos em dança e performance. Investiga as poéticas e políticas do encontro, as margens dos espaços tradicionalmente destinados à arte e a crítica institucional nos processos artísticos. Doutoranda e mestra em artes pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). Docente do curso de dança da Universidade Federal de Uberlândia (UFU).

Cláudia Müller is an artist who has projects developed in dance and performance. She investigates the poetry and policies of the meeting, the margins of the spaces traditionally intended to arts and the institutional critique in the artistic processes. Ph.D. student and master in Arts from the State University of Rio de Janeiro (UERJ). Professor in the dance course at the Federal University of Uberlândia (UFU).

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Tudo que Passa e Fica Oefehá Brasil, SP Camillat

Bienal Sesc de Dança Performances Performances

300 min | Livre [All audiences] oefeha.com.br Performance [Performance]: Oefehá Produção [Production]: Camilla Torres

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Descarte e colecionismo guiam a ação de Oefehá em Tudo que Passa e Fica. A performance é realizada em dois dias. No primeiro, o artista faz uma pesquisa de campo em um trajeto entre o Sesc Campinas e o Centro de Convivência em busca de materiais, como objetos ordinários e itens que sofrem tentativa de anulação existencial. Essa coleta será captada e transmitida no espaço expositivo onde o trabalho será finalizado. No segundo dia, as peças selecionadas a partir de uma curadoria que leva em consideração a industrialização e a apropriação em quebra e retomada serão dispostas e, depois, transpassadas manualmente em um fio, formando um colar, um “resquício joia objeto”, nas palavras do artista. Este vestígio da ação ficará em exibição junto às projeções das imagens. É a quarta vez que este procedimento é realizado e surgiu da observação, catalogação e segmentação de materiais em seu próprio ateliê. Para Oefehá, o trabalho trata principalmente da exibição da alta produção, acúmulo, da não necessidade e do descarte excessivo. “É a submissão do corpo humano diante da matéria que nós mesmos produzimos. Nós como sustentação de tudo aquilo que criamos, em uma intensa elaboração de necessidades e produzindo coisas que suprem as necessidades criadas”, afirma.

Disposal and collecting guide Oefehá’s action in Tudo que Passa e Fica [All that Passes and Remains]. The performance is held in two days. On the first day, the artist conducts a field research in a pathway between Sesc Campinas and the Community Center in search of materials, such as ordinary objects and items that suffer attempts of existential annulment. This collection will be captured and transmitted in the exhibition space where the work will be completed. On the second day, the pieces selected from a curatorship, that takes into account the industrialization and appropriation in breaking and retaking, will be arranged and then manually pierced into a thread, forming a necklace, a “remnant jewel-object”, in the artist’s words. This trace of the action will be in the exhibition next to the projections of the image. This is the fourth time that this procedure is performed and it has stemmed from the observation, cataloging, and segmentation of materials in his own studio. For Oefehá, the work is mainly about the exhibition of high production, accumulation, non-need, and excessive disposal. “It is the submission of the human body to the matter that we produce ourselves. We, as a support of everything we create, in an intense elaboration of needs and producing things that supply the created needs”, he states.

Artista multidisciplinar, atua principalmente nos campos da imagem, colagem, instalação e performance. Explora a potencialidade dos materiais que coleta numa espécie de arqueologia que pesquisa as possibilidades de ser através do descarte e pertencimento.

Multidisciplinary artist, he mainly acts in the fields of image, collage, installation, and performance. He explores the potential of the materials collected in a kind of archeology that searches the possibilities of being, through discarding and belonging.

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violento. Preto Amparo, Alexandre de Sena, Grazi Medrado e Pablo Bernardo Brasil, BA/ MG Pablo Bernardo

Bienal Sesc de Dança Performances Performances

50 min | 16 anos [16 years and older] picumah.com Atuação [Acting]: Preto Amparo Direção [Direction]: Alexandre de Sena Dramaturgia [Dramaturgy]: Alexandre de Sena e Preto Amparo Produção [Production]: Grazi Medrado Registro em Foto e Vídeo [Photo and Video Record]: Pablo Bernardo Assessoria Dramatúrgica [Dramaturgical Advice]: Aline Vila Real Preparação Corporal [Body Preparation]: Wallison Culu/ Cia. Fusion de Danças Urbanas Assessoria para Trilha Sonora [Soundtrack Advice] Barulhista Iluminação [Lighting]: Preto Amparo Ilustração [Illustration]: Cata Preta Assessoria de Imprensa [Press Office]: Alessandra Brito

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No título do solo, após a palavra “violento” há um ponto final. Pode parecer um detalhe, mas mostra onde inicia a discussão colocada em cena pelo ator mineiro Preto Amparo. “O corpo masculino negro sempre foi visto e retratado como ‘violento e ponto final’. Essa leitura colonizada ainda hoje ratifica várias violências e agressões como hiperssexualização, encarceramento em massa e violência policial”, expõe o performer, que partiu principalmente de sua vivência para criar este trabalho em 2016. Além de conter a experiência de Amparo, o espetáculo dirigido por Alexandre de Sena tem como referência propostas negras visuais de Alma no Olho, curta-metragem do cineasta Zózimo Bulbul, e partituras corporais do hip-hop e do house. A musicalidade de Naná Vasconcelos e Adão Dãxalebaradã e os escritos do psiquiatra e filósofo francês Frantz Fanon também serviram de inspiração. A ideia é desnudar, de forma poética, o racismo estrutural existente no cotidiano brasileiro e criar um diálogo com a ancestralidade e com a vida do jovem negro urbano. O corpo do performer constrói narrativas buscando descolonizar os caminhos impostos e construir uma nova leitura social e cênica.

In the solo title, there is a period after the word “violento”. It may seem like a detail, but it shows where the discussion put on the scene by the actor from Minas Gerais, Preto Amparo, starts. “The black male body has always been seen and portrayed as ‘violent and period’. This colonized reading still ratifies several violence and aggressions such as hyperssexualization, mass incarceration and police violence”, exposes the performer, who started mainly from his experience to create this work in 2016. In addition to containing Amparo’s experience, the performance directed by Alexandre de Sena had a reference on black visual proposals by Alma no Olho [Soul in the Eye], a short film by the filmmaker Zózimo Bulbul, as well as hiphop and house body scores. The musicality of Naná Vasconcelos and Adão Dãxalebaradã and the writings of the French psychiatrist and philosopher Frantz Fanon have also been used as inspiration. The idea is to bare, in a poetic way, the structural racism existing in Brazilian daily life and create a dialogue with the ancestry and life of the young urban black men. The performer’s body builds narratives seeking to decolonize the imposed paths and build a new social and scenic reading.

O artista mineiro Preto Amparo, que hoje reside na Bahia, é ator, diretor, iluminador, pesquisador de arte marginal e de dramaturgia negra. Cursou teatro na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e cursa bacharelado em humanidades na Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afrobrasileira (Unilab).

The artist Preto Amparo, from Minas Gerais, who currently lives in the state of Bahia, is an actor, director, lightening technician, researcher of marginal arts and black dramaturgy. He studied theater at the Federal University of Minas Gerais (UFMG) and is graduated in Humanities from the University of International Integration of Afro-Brazilian Lusophony (UNILAB).

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108 Alignigung Nº 2/ Debut, São Paulo [Alignigung Nº 2/ Abertura, São Paulo] William Forsythe 110 Autopoiese Ricardo Alvarenga 112 O Banho Marta Soares 114 O Peixe Érica Tessarolo

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Instalações Instalações Instalações Installations ps2_BienalDanca_CatalogoMiolo_BC_Des14.indd 107

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Alignigung Nº 2/ Debut, São Paulo William Forsythe Estados Unidos/ Alemanha William Forsythe

Livre [All audiences] | williamforsythe.com

Estreia [Premiere]

Bienal Sesc de Dança Instalações Installations

Alignigung Nº 2 William Forsythe, Nova York (EUA) Frankfurt am Main (ALE). Cortesia do Artista [Courtesy of the Artist]. 2017. Conceito Coreográfico [Choreographic Concept]: William Forsythe e Rauf “Rubberlegz” Yasit Realização Coreográfica [Choreographic Performance]: Riley Watts e Rauf “Rubberlegz” Yasit Música [Music]: Op. 1 (para 9 cordas Composta Por [Composed By]: Ryoji Ikeda© Ryoji Ikeda Debut, São Paulo William Forsythe, Nova York (EUA) Frankfurt am Main (ALE). Cortesia do Artista [Courtesy of the Artist]. 2019. Direção Estúdio William Forsythe [William Forsythe Studio Management]: Julian Gabriel Richter Direção Geral Forsythe Produções [Forsythe General Direction Productions]: Alexandra Scott Articulação Internacional [International Coordination]: Paula Macedo Weiss Produção no Brasil [Production in Brazil]: prod.art.br Realização Técnica [Technical Execution]: Julio Cesarini Projeto Arquitetônico [Architectural Project]: Vinícius Cardoso Coordenação Audiovisual [Audiovisual Coordination]: Rodrigo Gava Direção de Produção [Production Direction]: Ricardo Muniz Fernandes e Ricardo Frayha

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[Alignigung Nº 2/ Abertura, São Paulo] Reconhecido mundialmente como um dos mais inventivos coreógrafos do nosso tempo, o norteamericano William Forsythe vem desenvolvendo desde os anos 1990 uma série de trabalhos instalativos que extrapolam os palcos: os Objetos Coreográficos. Fundindo conceitos de coreografia e artes visuais, as instalações motivam os visitantes a se movimentarem e tomarem consciência de seu próprio corpo. “Uma característica principal do objeto coreográfico é que o resultado preferido é uma forma de produção de conhecimento para quem quer que se envolva com ele, gerando uma percepção aguda do self dentro de esquemas de ação específicos”, explica Forsythe. Após a exposição William Forsythe: Objetos Coreográficos, realizada no primeiro semestre de 2019 no Sesc Pompeia, em São Paulo, na qual onze obras ocuparam diferentes espaços da unidade, duas obras do artista desembarcam em Campinas. São elas Debut, São Paulo [Abertura, São Paulo] (2019), instalação recriada para a exposição na forma de um tapete de entrada com uma instrução, e Alignigung Nº 2 (2017), videoinstalação inédita no Brasil que apresenta uma coreografia na qual os dançarinos Riley Watts e Rauf “Rubberlegz” Yasit combinam seus corpos em uma constelação atada.

Criado em Nova York e inicialmente treinado na Flórida com Nolan Dingman e Christa Long, o coreógrafo William Forsythe dançou com o Joffrey Ballet e, mais tarde, com o Stuttgart Ballet, onde foi nomeado coreógrafo residente em 1976. Em 1984, iniciou um mandato de vinte anos como diretor do Ballet Frankfurt. Após seu término em 2004, formou um novo grupo, The Forsythe Company, que dirigiu de 2005 a 2015. Os prêmios recebidos pelo artista e seus grupos incluem o prêmio de dança e performance de Nova York, o Bessie (1988, 1998, 2004 e 2007) e o Prêmio Laurence Olivier, de Londres (1992, 1999 e 2009).

World-renowned, the American William Forsythe is considered to be one of the most inventive choreographers of our time, and since the 1990s, has been developing a series of installation works that go beyond the stage: the Choreographic Objects. By merging concepts of choreography and visual arts, the installations motivate visitors to move around and become aware of their own body. “One of the main characteristics of the choreographic object is that the preferred outcome is a form of knowledge production for whoever engages with it, causing an acute awareness of the self within specific action schemes”, Forsythe explains. After the exhibition William Forsythe: Choreographic Objects, held in the first half of 2019 at Sesc Pompeia, in São Paulo, in which eleven oeuvres occupied different spaces in the unit, two of the artist’s oeuvres arrive in Campinas. They are Debut, São Paulo (2019), a recreated installation for the exhibition in the form of an entrance mat with an instruction, and Alignigung 2 (2017), an unprecedented video installation in Brazil that introduces a choreography where dancers Riley Watts and Rauf Yasit (“Rubberlegz”) cross their bodies in a constellation of knots.

Raised in New York and initially trained in Florida with Nolan Dingman and Christa Long, the choreographer William Forsythe danced with Joffrey Ballet and later with Stuttgart Ballet, where he was named resident choreographer in 1976. In 1984, he began a twenty-year tenure as director of the Ballet Frankfurt. After its closure, in 2004, he established a new group, The Forsythe Company, which he directed from 2005 to 2015. Awards received by the artist and his groups include the New York Dance and Performance Awards, Bessie (1988, 1998, 2004 and 2007) and the London Laurence Olivier Awards (1992, 1999 and 2009).

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Autopoiese Ricardo Alvarenga Brasil, MG Peruzzo

Bienal Sesc de Dança Instalações Installations

180 min | 16 anos [16 years and older] ricardoalvarenga.com Concepção e Performance [Conception and Performance]: Ricardo Alvarenga Fotografias [Photographie]: Peruzzo Produção [Production]: Vanessa Garcia

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O conceito de autopoiese é de autoria dos biólogos Humberto Maturana e Francisco Varela. Ele trata de uma ação fundamental e comum a todo ser vivo: a constante autoprodução de si para a manutenção da própria vida. O artista Ricardo Alvarenga transborda esse conceito para a arte e cria uma instalação homônima composta de uma série de dez fotografias e uma performance em looping. As imagens e a ação partem de um processo ritualístico: há dez anos Alvarenga recolhe fios que saem de seu cabelo durante o banho e os acumula em tufos. “Gosto de pensar nos tufos como aglomerado de memórias e que os fios e os emaranhados registram e misturam experiências que já vivi”, conta o performer, que iniciou esta obra a partir da emersão de sua história mestiça, escurecida pelo crescimento do cabelo afro, gerando desestabilizações em suas categorizações étnico-raciais. Sentado num banco de costas para o público, ele tem sobre a cabeça uma espécie de bolsa, ou casulo, feito com os próprios cabelos, contendo dezenas de tufos. O artista tira um por um e os solta no chão a sua volta. Em seguida, desfaz a “bolsa-cabelo” e trança uma máscara, a mesma vista nas fotografias, que cobre toda a face. Recolhe, então, os tufos do chão e recomeça toda a ação, refazendo o casulo. “Neste acontecimento, me interessa, sobretudo, as possíveis experiências estéticas e de alteridade, factíveis na presença do artista-obra e do público, num espaço onde o acionamento de ritos da vida-arte fazem transitar afetos, discursos, partilhas e sentidos”, diz.

The concept of autopoiesis is authored by biologists Humberto Maturana and Francisco Varela. It is about a fundamental action, which is common to every living being: the constant self-production of oneself for the maintenance of one’s own life. The artist Ricardo Alvarenga mingles this concept with art and creates a homonymous installation consisting of a series of ten photographs and a looping performance. The images and the action start from a ritual process: for ten years, Alvarenga has been collecting strands coming out of his hair during the bath, accumulating them in tufts. “I like to think of tufts as a cluster of memories and that the strands and tangles register and mix experiences that I’ve lived,” the performer says. He started this work from the emersion of his mestizo history, darkened by the growth of Afro hair, generating destabilizations in his racialethnic categorizations. Sitting on a bench with his back to the audience, he has over his head a kind of bag, or cocoon, made with his own hair, containing dozens of tufts. The artist takes off one by one and drops them on the ground around him. Next, he dismantles the “hair bag” and braids a mask, the same one seen in the photographs, which covers the entire face. He then picks up the tufts from the floor and restarts all the action, remaking the cocoon. “In this event, I am interested, above all, in the possible aesthetic and alterity experiences, feasible in the presence of the artist – work and the audience, in a space where the activation of life-art rites pass across affects, discourses, shares, and senses,” he says.

Artista do corpo e da imagem, Ricardo Alvarenga é também professor do curso de dança da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Realiza produções e pesquisas em dança contemporânea, performance, intervenção urbana, fotografia e vídeo, operando modos compositivos de re-existir nas artes e na vida.

Body and image artist, Ricardo Alvarenga is also a professor in the Dance course at the Federal University of Uberlândia (UFU). He conducts productions and research in contemporary dance, performance, urban intervention, photography, and video, operating compositional ways of re-existing in arts and life.

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O Banho Marta Soares Brasil, SP Joao Caldas

Bienal Sesc de Dança Instalações Installations

50 min | 14 anos [14 years and older] caisproducao.com/martasoares Concepção, Direção e Performance [Conception, Direction and Performance]: Marta Soares Desenho de Som [Sound Design]: Lívio Tragtenberg Desenho de Luz (Light Design]: Wagner Pinto Câmeras [Cameras]: Hélio Ishii, Marta Soares e Nelson Enohata Edição e Finalização do Vídeo [Video Editing and Finalization]: Leandro Lima Coordenação Técnica [Technical Coordination]: Cristiano Pedott Produção [Production]: Beto de Faria, Cais Produção Cultural e José Renato de Fonseca Almeida

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Como dançar o ponto de suspensão no qual nos encontramos entre vida e morte? Esta é uma das principais questões que a coreógrafa e bailarina Marta Soares aborda em O Banho, obra premiada pela Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA) em 2004 que ela revisita após 15 anos de sua criação. Composta de elementos de dança, performance e vídeo, a instalação coreográfica propõe uma reflexão sobre a subjetividade de Dona Sebastiana de Mello Freire, a Dona Yayá. Mulher da elite paulistana, ao ser diagnosticada doente mental, teve a sua casa transformada em um hospital psiquiátrico e nela permaneceu isolada entre 1919 e 1961, ano de sua morte. Durante a apresentação, o corpo de Soares permanece imerso em uma banheira que, para a performer, seria a síntese da casa de Dona Yayá. Já as imagens em vídeo projetadas durante a ação remetem à dissolução do corpo e à passagem do tempo. “Há uma relação paradoxal entre meu corpo que se move em um espaço restrito, a banheira, mas que está simultaneamente em relação aos elementos que compõem o trabalho e que remetem a um espaço de fora, a casa da Dona Yayá”, comenta a artista, que explora via movimento os estados animado e inanimado do corpo tendo como referência fotos de histéricas realizadas no hospital Salpêtrière, em Paris, durante experimentos médicos. O Banho é, sobretudo, um ritual de limpeza, cura e uma homenagem à Dona Yayá e às mulheres que viveram ou vivem situações semelhantes à dela e resistem.

A coreógrafa e bailarina Marta Soares desenvolve trabalhos que pesquisam possibilidades de convergência entre a dança, as artes visuais (vídeo e instalação), a arte performática e a música (espaços sonoros). Vencedora de diversos prêmios APCA na área da dança, a artista tem especializações no exterior e estudou com o mestre do butô Kazuo Ohno.

How to dance the hanging point at which we find ourselves between life and death? This is one of the main questions that choreographer and dancer Marta Soares works on in O Banho [The Bath], a work awarded by the São Paulo Association of Art Critics (APCA) in 2004, which she revisits after 15 years of creation. The choreographic installation, composed of elements of dance, performance, and video, proposes a reflection on the subjectivity of Sebastiana de Mello Freire, Dona Yayá. A woman from the elite of São Paulo, when diagnosed as mentally ill, had her house partially turned into a private psychiatric hospital and remained isolated according to medical orders between 1919 and 1961, the year of her death. During the performance, Soares's body remains immersed in a bathtub, which, for the performer, would be the synthesis of Dona Yayá's house, that is, a “bathtubhouse-womb.” The video images projected during the performance refer to the body dissolution and the passage of time. “There is a paradoxical relationship between my body that moves in a restricted space, the bathtub, but that is simultaneously in relation to all the elements that make up the work, and that refers to an outside space, Dona Yayá's house,” comments the artist. She explores the animate and inanimate states of the body through movement, using as reference the photographs of the hysterical women taken at the Salpêtrière hospital in Paris during the medical experiments conducted by psychiatrist Jean Michel Charcot (1825-1893). O Banho [The Bath] is, above all, a ritual of cleaning, healing and a tribute to Dona Yayá and the women who have lived or live situations similar to hers and resist.

The choreographer and dancer Marta Soares develops works, which research possibilities of convergence between dance, visual arts (video and installation), performance art and music (sound spaces). Awarded with several APCA dance awards, the artist has specializations abroad and has studied with the Butoh master Kazuo Ohno.

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O Peixe Érica Tessarolo Brasil, SP Cris Lyra

Bienal Sesc de Dança Instalações Installations

120 min | Livre [All audiences] ericatessarolo.blogspot.com Concepção e Performance [Conception and Performance]: Érica Tessarolo Paisagem Sonora [Soundscape]: Daniel Dias Gravação e Masterização de Áudio (Audio Recording and Mastering]: Nelson Pinton Iluminação [Lighting]: Lui Seixas e Renan Marcondes Figurino e Design Gráfico [Costume and Graphic Design]: Renan Marcondes Provocação da Pesquisa [Research Motivation]: Carolina Callegaro Oficinas da Pesquisa [Research Workshops]: Beatriz Sano e Renan Marcondes Texto do Programa [Program Text]: Artur Kon Desenho do Programa [Program Design]: Érica Tessarolo Fotos [Photos]: Cris Lyra e Pérola Mathias Vídeoconvite [Invitation Vídeo]: Henrique Cartaxo Videorregistro [Video-Record]: Bruna Lessa e Cacá Bernardes Produção [Production]: Daniel Dias

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Em O Peixe, a performer Érica Tessarolo oferece ao público uma imagem de espacialidade rasteira e temporalidade dilatada. A principal investigação da instalação coreográfica se dá no campo da fisicalidade: a percepção, para além do conhecimento, de que o corpo é matéria, experiência e memória. A coreografia é próxima ao chão, lenta e fluida, instaurando um estado meditativo, ou contemplativo, para os que a veem. “Me interessa a possibilidade de propor um espaço/tempo de contemplação, reflexão, na contramão da interatividade que nos é, atualmente, tão instigada. O ato de observar podendo ser tão transformador quanto o de agir, penso eu”, comenta Tessarolo. O trabalho é fruto de Seguinte, pesquisa pautada por questões autobiográficas da artista paulistana em relação ao nascimento prematuro de seu filho. Para criar O Peixe, a performer partiu de referências teóricas como os estudos do filósofo José Gil e do pesquisador do movimento Hubert Godard, além dos ensinamentos do coreógrafo Kazuo Ohno (1906-2010). Mas, ao contrário de outros processos, Tessarolo encontrou estímulos de outra natureza, até então inusitados para ela, como o movimento dos rios e do corpo de um bebê dormindo.

In O Peixe [The Fish], the performer Érica Tessarolo offers the audience an image of low spatiality and dilated temporality. The main investigation of the choreographic installation is in the field of physicality: the perception, beyond knowledge, that the body is matter, experience, and memory. The choreography is close to the ground, slow and smooth, establishing a meditative or contemplative state for those who watch it. “I am interested in the possibility of proposing a space/time for contemplation, reflection, in the opposite way of interactivity that is so instigated to us these days. Observing can be as transforming as acting, I think”, Tessarolo comments. The work is the result of Seguinte, researchbased on autobiographical questions of the artist, born in São Paulo, regarding the premature birth of her son. To create O Peixe [The Fish], the performer started from theoretical references such as the studies of philosopher Jose Gil and the movement researcher Hubert Godard, in addition to the teachings of choreographer Kazuo Ohno (19062010). But unlike other processes, Tessarolo found stimuli of a different nature, hitherto unusual for her, such as the movement of rivers and the body of a sleeping baby.

Érica Tessarolo é artista, bacharel em dança e artes plásticas pela Unicamp. Tem como foco de estudo o corpo e o movimento na criação de imagens, articulando-se entre obras coreográficas, desenhos e textos.

Érica Tessarolo is an artist, graduated in dance and fine arts from Unicamp. Her focus is on the study of body and movement while creating images, articulating amongst choreographic works, drawings, and texts.

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4 Públicos e artistas de diferentes nacionalidades são convidados a construir relações em diálogo com a programação artística e ao mesmo tempo conectada com as realidades sociais, em movimento com a roda do mundo. Os participantes da Bienal Sesc de Dança podem vivenciar a dança contemporânea não apenas nas salas de espetáculos, mas também fora delas, experimentando seus corpos e explorando suas ideias e desejos. Todas as pessoas estão convidadas a participar de rodas de conversa, residências, oficinas, exibições de materiais audiovisuais e lançamentos de livros.

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TECNOLOGIAS DE RODAS Reinvenções de Si Práticas de Encantamento Terreno de Confabulações Jogo de Corpo Memórias de Futuro

DEBATE 123 Dramaturgia na Dança – Práticas e Perspectivas Contemporâneas MICROSSEMINÁRIO 124 Estado de Crítica: Microsseminário de Crítica RESIDÊNCIAS 125 Monumentos em Ação 126 Fricção #5 127 Dança da Indignação

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OFICINAS 128 Dancing Gradmothers – Para Terceira Idade 129 Técnica da Companhia Eun-Me Ahn 130 Compartilhando a Vida Enorme 131 Superpoderes 132 Percepção Física e Composição Generativa AULA MAGISTRAL 133 Legados, Genealogias e Aprendizagens: Mercedes Batista em Foco LANÇAMENTO DE LIVROS 134 Escuro | Leonardo França e Lia Cunha 135 Fragmentos de uma Encruzilhada Fragmento Urbano 136 Historiografia da Dança – Teorias e Métodos | Rafael Guarato DOCUMENTÁRIO E BATE-PAPO 137 Voz sem Medo VIDEODANÇAS 138 Encruzidança 139 Mostra Grua 140 profanAÇÃO 141 SobreTudo

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Ações Formativas Ações Formativas Ações Formativas

Formative Learning

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Reinvenções de Si Tecnologias de Roda [Circle Technologies]

Convidados [Guests]: Carmem Luz e Flávia Meireles Mediação [Mediators]: Luciane Ramos-Silva e Rita Aquino Livre [All Ages]

No encontro Reinvenções de Si, duas intelectuais da práxis discutem temas que se aplicam à dança e à vida social brasileira, recolocando a dança como área de produção de conhecimento. Mediada pelas curadoras das ações formativas Luciane Ramos-Silva e Rita Aquino, a conversa busca elaborar um pensamento crítico sobre corpo e cultura, tendo em vista a pluralidade brasileira e as hierarquias construídas e imaginadas historicamente. Trata-se de refletir como essas camadas atravessam a maneira como reinventamos nossas danças. No campo expandido do pensamento sobre corpo e cultura, as pluralidades brasileiras têm sido abordadas sob diferentes perspectivas. A percepção de si e dos contextos e o questionamento do momento presente são traços de interesse da dança contemporânea. No contemporâneo vemos diversas formas de dança informadas por política, cultura, gênero e mudança social. Num movimento atravessado por alongamentos e contrações, “diferença”e“singularidade”tornaramse temas importantes para o debate público. Relações? Cruzamentos? Resistências? Afirmações?

Bienal Sesc de Dança Ações Formativas Formative Learning

Carmen Luz é artista da dança, realizadora audiovisual e mestra em arte e cultura contemporânea pela UERJ. Flávia Meireles é artista, pesquisadora, docente em dança do Cefet-RJ e cocriadora do site Temas de Dança. Luciane Ramos-Silva é artista da dança, doutora em artes da cena pela Unicamp, educadora e mediadora cultural. Rita Aquino é artista da dança, pesquisadora, professora na Escola de Dança da UFBA e mediadora cultural.

[Reinvention of Oneself] At Reinvenções de Si [Reinvention of Oneself] meeting, praxis intellectuals discuss topics that apply to Brazilian dance and social life, repositioning dance as an area of knowledge production. Mediated by curators Luciane Ramos-Silva and Rita Aquino, the conversation aims to develop critical thinking about body and culture, bearing in mind the Brazilian plurality, as well as historically constructed and imagined hierarchies. It is about reflecting how these layers go across the way we reinvent our dances. In the expanded field of body and culture thinking, Brazilian pluralities have been approached from different perspectives. The perception of oneself and of the contexts, as well as the questioning of the present moment are aspects of interests in contemporary dance. In the contemporary, we see several forms of dance informed by politics, culture, gender and social change. In a movement cut across by stretches and contraction, “difference” and “uniqueness” have become important topics for public debate. Relations? Crossings? Resistances? Affirmations? Carmen Luz is a dance artist, audiovisual director and master in Contemporary Art and Culture from the State University of Rio de Janeiro (UERJ). Flávia Meireles is a dance artist, researcher, teacher at Federal Center for Technological Education (Cefet/ RJ) and co-creator of Temas de Dança website. Luciane Ramos-Silva is a dance artist, educator and cultural mediator. She researches body, culture and coloniality. Rita Aquino is a dance artist and coordinator of the Dance Degree course at Federal University of Bahia (UFBA).

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Práticas de Encantamento Tecnologias de Roda [Circle Technologies]

Convidados [Guests]: Denny Neves, Luiz Anastácio e Mariana Baruco Mediação [Mediator]: Fredyson Cunha Livre [All Ages]

Como ensinar dança no século XXI engajando práticas que reconheçam os múltiplos corpos e as camadas de história que habitam a sala de aula? O encontro Práticas de Encantamento discute a formação em dança da perspectiva de diferentes propostas institucionais e movimentos epistemológicos, chamando para o centro da roda saberes populares, subalternizados, negros e indígenas. Educadoras e educadores de universidades, escolas técnicas e centros de formação continuada que vêm pensando diversas formas de ensinar considerando os saberes em sua multiplicidade repensam o corpo e seus contextos e refletem sobre os desafios de ensinar considerando as práticas e os sujeitos plurais. O que acontece quando o Brasil produtor de conhecimento em dança se percebe desde dentro? Denny Neves é professor de dança na UFBA e pesquisa currículos etnoimplicados e multirreferenciais no doutorado em dança. Luiz Anastácio é coordenador do curso de dança da Etec de artes. Mariana Baruco é professora do Departamento de Artes Corporais da Unicamp. Fredyson Cunha é artista da dança com mestrado pela Unicamp e docente no IFSP.

[Practices of Enchantment] How to teach dance in the 21st century by engaging practices that recognize the multiple bodies and layers of history inhabiting the classroom? The Práticas de Encantamento [Practices of Enchantment] meeting discusses dance training from the perspective of different institutional proposals and epistemological movements, bringing to the center of the circle popular, subordinate, black and indigenous knowledge. Educators from universities, technical schools and continuing education centers who have been thinking about the various ways of teaching taking into account the knowledge in its variety rethink the body and its contexts and reflect on the challenges of teaching considering the plural practices and subjects. What happens when Brazil as a dance knowledge producer perceives itself from within? Denny Neves is a dance professor at Federal University of Bahia (UFBA) and researches multi-referenced and ethnoimplicated curriculum in the dance doctorate. Luiz Anastácio is coordinator of the dance course at Etec de Artes. Mariana Baruco is a professor at the Department of Body Arts of University of Campinas (Unicamp). Fredyson Cunha is a dance artist and holds a master's degree from Unicamp.

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Terreno de Confabulações Tecnologias de Roda [Circle Technologies]

Convidados [Guests]: Lucía Nacht, Marina Guzzo e Ana Cristina Ribeiro Mediação [Mediator]: Fabrício Floro Livre [All Ages]

O espaço público como lugar de disputa de narrativas é um dos chamamentos da conversa Terreno de Confabulações. Mediada por Fabrício Floro, a mesa reúne experiências de artistas que dançam na cidade para refletir sobre o que se move quando se move o espaço público. São artistas cujas práticas discutem questões como essa e que estão na cidade de Campinas, seja na programação da Bienal Sesc de Dança ou ao longo do ano. Os deslocamentos dos espaços tradicionais de apresentação, o questionamento dos circuitos de arte, o debate de quando algo pode ser dança e do que pode essa dança são pautas presentes na contemporaneidade. Levando isso em conta, o encontro busca se debruçar em discussões sobre a necessidade de reinventar o espaço público e a noção de comum, o direito à cidade e os deslocamentos das danças ao encontro dos públicos. O que se inscreve no espaço público? Que coreografias emergem no encontro entre corpos que não têm os mesmos direitos à cidade? É possível pisar nesse chão com os pés descalços? Qual a importância de dançar em Campinas?

Bienal Sesc de Dança Ações Formativas Formative Learning

Lucía Nacht é coreógrafa, dançarina e produtora audiovisual da Argentina. Criou a performance Monumentos em Ação. Marina Guzzo é artista e pesquisadora das artes do corpo. Suas criações misturam dança, performance e circo. Ana Cristina Ribeiro é diretora da Cia Eclipse e Samba B. Girls e doutoranda em artes pela Unicamp. Fabrício Floro foi curador da Bienal de Dança em 2017 e é coordenador da edição do evento em 2019.

[Confabulation Ground] The public space as a place for narrative fights is one of the callings for the Terreno de Confabulações [Confabulation Ground] conversation. Mediated by Fabrício Floro, the roundtable brings together experiences of artists who dance in the city to reflect on what moves when the public space moves. They are artists whose practices discuss issues like this and are in the city of Campinas, either in the program of Sesc Dance Biennial or throughout the year. The changes in the traditional spaces for performance, the questioning of art circuits, the debate of when something can be a dance and what this dance is capable of are present topics in contemporary times. Keeping this in mind, the meeting seeks to work on discussions such as the need to reinvent the public space and the sense of common, the right to the city and the changes of dances to meet the audiences. What is inscribed in the public space? What choreographies emerge in the intersection of bodies that do not have the same rights to the city? Is it possible to step on this floor barefoot? What is the importance of dancing Campinas? Lucía Nacht is a choreographer, dancer and audiovisual producer from Argentina. She created the performance Monumentos em Ação (Monuments in Action). Marina Guzzo is an artist and researcher of body arts. Her creations combine dance, performance and circus. Ana Cristina Ribeiro is a director at Cia Eclipse and Samba B. Girl., and PhD student in Arts at University of Campinas (Unicamp). Fabrício Floro was curator of the Dance Biennial in 2017 and is coordinator of the 2019 edition of the event.

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Jogo de Corpo Tecnologias de Roda [Circle Technologies]

Convidados [Guests]: Jorge Garcia, Osmar Zampieri, Edu O., Flip Couto, Anelise Mayumi e Douglas Iesus Mediação [Mediators]: Luciane Ramos-Silva e Rita Aquino Livre [All Ages]

No encontro Jogo de Corpo o jogo é utilizado como estratégia para fazer gingar artistas e públicos. Pensamentos críticos e experiências encarnadas de corpo e dança na contemporaneidade são investigados na perspectiva de espectadores e de artistas que, de diferentes formas, tencionam em seus trabalhos compreensões do corpo na dança. As discussões em dança contemporânea perpassam questões relacionadas às construções sociais dos corpos, que podem ser normatizados, subalternizados e dissidentes, entre outras realidades e abordagens. O ato criativo é constantemente transpassado por urgências que movem diferentes espaços no corpo social. Desconstruir modelos, cruzar fronteiras, desejar transformações e lugares de afeto são pulsos de vida para quem cria hoje. A ideia é estabelecer uma conversa a partir de um dispositivo de participação baseado em perguntas como estratégia para a construção de debates críticos sobre o corpo na dança. Jorge Garcia pesquisa improviso, vídeo e performances no grupo Grua. Osmar Zampieri é artista, bailarino, videomaker e integrante do Grua. Edu O. é artista e professor da Escola de Dança da UFBA. Flip Couto é dançarino, performer e cofundador do Coletivo Amem. Anelise Mayumi é artista da dança e da cena e intérprete-criadora, produtora e codiretora do grupo Fragmento Urbano de Dança. Douglas Iesus é pesquisador, diretor e idealizador do grupo Fragmento Urbano de Dança. Luciane Ramos-Silva é artista da dança, doutora em artes da cena pela Unicamp, educadora e mediadora cultural. Rita Aquino é artista da dança, pesquisadora, professora na Escola de Dança da UFBA e mediadora cultural.

[Body Game] In the Jogo de Corpo [Body Game] meeting, the game is used as a strategy to make artists and audiences jiggle. Critical thinking and embodied experiences of body and dance in contemporary times are investigated from the perspective of spectators and artists who, in different ways, intend body comprehension in dance in their works. Discussions of contemporary dance go through issues related to social constructions of bodies, which can be standardized, subordinated and dissident, among other realities and approaches. The creative act is constantly transpassed by urgencies that move different spaces in the social body. Deconstructing patterns, crossing boundaries, wishing transformations, and places of affection are pulses of life for those who create today. The idea is to establish a conversation from a question-based participation device as a strategy for building critical debates about the body in dance. Jorge Garcia researches improvisation, video and performances at Gruagroup. Osmar Zampieri is an artist, dancer, videomaker and member of Grua. Edu O. is an artist and a professor at the Dance School (UFBA). Flip Couto is a dancer, performer and co-founder of Coletivo Amém. Anelise Mayumi is a dance and scene artist and creating performer, producer and co-director of Fragmento Urbano de Dança group. Douglas Iesus is a dance researcher, director and creator of Fragmento Urbano de Dança group. Luciane Ramos-Silva is a dance artist, educator and cultural mediator. Rita Aquino is a dance artist and coordinator of the Dance Degree course at Federal University of Bahia (UFBA).

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Memórias de Futuro Tecnologias de Roda [Circle Technologies]

Convidados [Guests]: Thelma Bonavita, Pedro Galiza, Denise Stutz, Fábio Osório Monteiro e Sérgio Andrade Mediação [Mediator]: Rafael Guarato Livre [All Ages]

Modos de se relacionar com o tempo nas urgências do presente guiam a discussão da ação Memórias de Futuro. Nela são abordadas diferentes perspectivas sobre a temporalidade nas práticas artísticas como possibilidade de (re) imaginar futuros. A relação com o tempo é tratada de forma recorrente em espetáculos e pesquisas de dança contemporânea. Atualmente, mais do que um tema, essa questão se faz imediata face às incertezas que se abatem sobre as instituições e iniciativas independentes no campo da cultura. Artistas e pesquisadores refletem sobre o tempo sob distintas perspectivas. Seus trabalhos abrangem, por exemplo, questões relacionadas à ancestralidade, aos processos históricos e à consciência da finitude a partir do corpo. As reflexões propostas são atravessadas por um debate político que inevitavelmente sugere um posicionamento em relação à história.

Bienal Sesc de Dança Ações Formativas Formative Learning

Thelma Bonavita é artista e transita entre dança, artes visuais e moda. Pedro Galiza é uma pessoa não binária e um artista transmídia. Denise Stutz cria e interpreta as próprias obras. Foi uma das bailarinas fundadoras do Grupo Corpo. Fábio Osório Monteiro é baiana do acarajé, ator, dançarino e produtor cultural. Sérgio Andrade é artista, pesquisador e professor da UFRJ. Rafael Guarato é historiador da dança e professor da UFG.

[Memories of the Future] Ways of relating to time in the urgencies of the present guide the discussion of the Memórias de Futuro (Memories of the Future) action. It works on different perspectives about temporality in artistic practices as a possibility of (re)imagining futures. The relationship with time is recurrently treated in contemporary dance shows and research. Today, more than one topic, this issue is immediate in the face of uncertainties faced by independent institutions and initiatives in the field of culture. Artists and researchers reflect about time from different perspectives. Their works embrace, for example, issues related to ancestry, to historical processes and finitude awareness from the body. The proposed reflections are crossed by a political debate that inevitably suggests a position in relation to history. Thelma Bonavita is an artist and moves amongst dance, visual arts and fashion. Pedro Galiza is a non-binary person and a transmedia artist. Denise Stutz creates and performs her own works. She was one of the founding dancers of Grupo Corpo. Fábio Osório Monteiro is a “baiana de acarajé”, an actor, dancer and cultural producer. Sérgio Andrade is an artist, researcher and professor at UFRJ. Rafael Guarato is a dance historian and professor at Federal University of Goiás (UFG)

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Dramaturgia na Dança – Práticas e Perspectivas Contemporâneas Debate [Debate]

Convidados [Guests]: Christine Greiner, Daniella Gatti, Juliana Moraes, Lígia Tourinho e Vanessa Macedo Mediação [Mediators]: Melina Scialom e Verônica Fabrini Livre [All Ages]

A dramaturgia na dança e sua prática por coreógrafos, dramaturgos e bailarinos brasileiros é o foco do debate Dramaturgia na Dança – Práticas e Perspectivas Contemporâneas. A dramaturgia na dança é um termo e um campo de atuação que vem sendo desenvolvido e pesquisado ao redor do mundo. No Brasil, ele está presente na prática de diversos artistas e consta na ficha técnica de muitos trabalhos. Apesar de o conceito ser amplamente debatido e utilizado, os pesquisadores concordam que ele não possui uma definição clara, concisa e estabelecida. A partir desse panorama e considerando a produção cada vez maior de obras coreográficas que dialogam com o conceito de dramaturgia, a mesa propõe incitar o diálogo entre artistas e pesquisadoras brasileiras que têm feito trabalhos artísticos e acadêmicos que trazem diferentes olhares e fazeres relacionados ao tema. Christine Greiner é professora do departamento de Linguagens do Corpo da PUC/SP. Daniela Gatti é artista da cena, pesquisadora e professora do curso de dança da Unicamp. Juliana Moraes é bailarina, coreógrafa e professora do Departamento de Dança da Unicamp. Lígia Tourinho é artista do movimento e pesquisadora das artes da cena formada pela Unicamp. Melina Scialom é artista-pesquisadora e professora colaboradora de dança e expressão corporal da Unicamp. Vanessa Macedo é coreógrafa, diretora e bailarina da Cia. Fragmento de Dança. Verônica Fabrini é atriz, encenadora, mestra em artes pela Unicamp e doutora em teatro pela USP.

[Dance Dramaturgy – Contemporary Practices and Perspectives] Dance dramaturgy and its practice by Brazilian choreographers, playwrights and dancers is the focus of the debate Dramaturgia na Dança – Práticas e Perspectivas Contemporâneas [Dance Dramaturgy – Contemporary Practices and Perspectives]. Dance dramaturgy is a term and field of work that has been developed and researched around the world. In Brazil, it is present in the practice of several artists and is included in the technical data sheet of many works. Although the concept is widely debated and used, researchers agree that it does not have a clear, concise and established definition. From this scenario and considering the increasing production of choreographic works dialoguing with the concept of dramaturgy, the roundtable proposes to encourage dialogue between Brazilian artists and researchers who have done artistic and academic works that bring different perspectives and doings related to the topic. Christine Greiner is a professor at the Department of Body Languages at Pontifical Catholic University of São Paulo (PUC/SP). Daniela Gatti is a scene artist, researcher and professor of the dance course at Unicamp. Juliana Moraes is a dancer, choreographer and professor at the Department of Dance of Unicamp. Lígia Tourinho is a movement artist and a researcher of performing arts graduated from Unicamp. Melina Scialom is a researcher and artist and collaborating professor of dance and body expression at Unicamp. Vanessa Macedo is a choreographer, director and dancer of Cia. Fragmento de Dança. Verônica Fabrini is an actress, director, master in arts from Unicamp and PhD in theater from University of São Paulo (USP).

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Estado de Crítica: Microsseminário de Crítica Microsseminário [Microseminary]

Ruy Filho/ Patrícia Cividanes (Revista Antro Positivo | Brasil, SP) Livre [All Ages]

Criado pela Antro Positivo, revista do crítico de teatro Ruy Filho e da designer Patrícia Cividanes, o microsseminário Estado de Crítica propõe a performatização do existir crítico naquilo que lhe é mais fundamental: a reflexão. Para isso, apresenta uma inversão no que se considera a lógica de encontros sobre crítica, na qual as falas interessam sobretudo aos palestrantes e suas pesquisas pessoais, enquanto as questões trazidas pelo público pouco se reconhecem no que foi apresentado. Realizado em local público, em roda e informal, o microsseminário começa com a inscrição de qualquer um que não seja crítico de artes cênicas. Público, artistas, estudantes e curiosos são convidados a falar por cinco minutos sobre como analisam o funcionamento e papel da crítica hoje. Após as apresentações, Ruy Filho constrói junto ao público uma reflexão sobre os principais pontos levantados. O Estado de Crítica é um encontro entre os incômodos de diversas áreas participantes de dentro e fora da cena e da produção crítica contemporânea.

Bienal Sesc de Dança Ações Formativas Formative Learning

A Antro Positivo surgiu no final de 2011, criada pelo crítico de teatro Ruy Filho e a designer Patrícia Cividanes. Trata-se de uma publicação digital com acesso livre sobre teatro, dança, performance, política cultural e pensamento contemporâneo. Nesses quase oito anos, realizou diversas entrevistas com artistas nacionais de renome e apresentou artistas, grupos de teatro e grandes nomes da cena internacional.

[Critical Condition: Critique Microseminary] Created by Antro Positivo, a magazine by theater critic Ruy Filho and designer Patricia Cividanes, the microseminary Estado de Crítica [Critical Condition] works on performing the critical existence in what is most important to it: reflection. To this end, it works on an inversion in what they consider the logic of conferences about critiques, in which the speeches are of special interest of the speakers and their personal research, while the questions raised by the audience are little recognized with what was presented. Held in a public place, in a circle and informally, the microseminary begins with the registration of anyone who is not a critic of performing. Audience, artists, students, and onlookers are invited to speak for five minutes about how they analyze the functioning and role of critiques today. After the presentations, Ruy Filho builds a reflection with the audience on the main points raised. The Critical Condition is a join of inconveniences of the many areas participating within and outside the scene and the contemporary critical production. Antro Positivo was created in late 2011 by the theater critic Ruy Filho and the designer Patrícia Cividanes. It is a digital publishing with free access about theater, dance, performance, cultural politics and contemporary thinking. During these nearly eight years, they have conducted several interviews with renowned national artists, and have introduced artists, theater groups and great names in the international scene.

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Monumentos em Ação Residência [Residency]

Lucía Nacht (Argentina) 18 anos [18 years and older]

Em Monumentos em Ação, performance criada pela argentina Lucía Nacht que será apresentada na Bienal Sesc de Dança, a relação e as diferenças entre história e memória são investigadas por meio da criação de um ato de memória coletiva. O objetivo do trabalho é expor os diferentes pontos de vista que uma comunidade pode ter sobre um mesmo fato e construir um caminho urbano que inclua performers e espectadores. De maneira site specific, a performance trabalha com a ideia de antimonumento. Os corpos dos bailarinos criam monumentos que, ao contrário dos feitos de concreto, são efêmeros e sensíveis. Apresentada em locais como Lisboa, Buenos Aires, Valparaíso, Constitución, Moscou e São Petersburgo, a ação sempre é realizada com intérpretes residentes da cidade. Dez artistas serão selecionados para trabalhar na criação coreográfica da performance.

[Monuments in Action] In Monumento em Ação [Monuments in Action], performance created by the Argentine Lucía Nacht that will be performed at Sesc Dance Biennial, the relationship and differences between history and memory are investigated by creating an act of collective memory. This work aims to expose the different points of view that a community can have about the same fact and to build an urban path that includes performers and spectators. In the form of site specific, the performance works on the idea of anti-monument. The dancers’ bodies create monuments that, unlike those made of concrete, are ephemeral and sensitive. Performed in places such as Lisbon, Buenos Aires, Valparaiso, Constitución, Moscow and St. Petersburg, the action is always performed with performers who are residents of the city. Ten artists will be selected to work on the choreographic creation of the performance.

Lucía Nacht é coreógrafa, dançarina e produtora audiovisual da Argentina. Suas obras são atravessadas pela pergunta: pode um corpo estar presente e ausente ao mesmo tempo, transcendendo tempo e espaço? Desenvolveu a performance territorial Monumentos em Ação, apresentada na Bienal Sesc de Dança.

Lucía Nacht is a choreographer, dancer and audiovisual producer from Argentina. Her oeuvres are affected by the questions: Can a body be present and absent at the same time? Transcend time and space? She developed the territorial performance Monumentos em Ação [Monuments in Action], performed at Sesc Dance Biennial.

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Fricção #5 Residência [Residency]

Marina Guzzo (Brasil, SP) Livre [All Ages]

Um dispositivo performático para coreografar um estado de presença e encontro com o território. O projeto Fricção #5, da artista e pesquisadora das artes do corpo Marina Guzzo, é uma proposta de aproximação e mediação entre artistas e territórios. Os participantes da intervenção urbana saem juntos de um local determinado carregando duas cadeiras cada e dão início a um jogo. Eles se deslocam, se sentam e deixam cadeiras vazias para os passantes que desejarem conversar e/ou apenas estar ali com eles. O projeto pretende friccionar mundos e ideias, desmistificar a figura do artista para o território e desmistificar o território para o artista, aproximar o encontro e colorir a cidade com a possibilidade de um tempo em comum. Pensada inicialmente para a área da Bacia do Mercado da cidade de Santos durante a residência A Colaboradora, já ocorreu em quatro edições em diferentes espaços daquele território. A ação teve como inspiração obras como Jogo da Cadeira, de Diego Agulló, e Converso sobre Qualquer Coisa, de Eleonora Fabião.

Bienal Sesc de Dança Ações Formativas Formative Learning

Marina Guzzo é artista e pesquisadora das artes do corpo. Tem pós-doutorado pelo Departamento de Artes Cênicas da ECA/ USP e mestrado e doutorado em psicologia social pela PUC/SP. Concentra suas criações na interface das linguagens artísticas e a incerteza da vida contemporânea, misturando dança, performance e circo.

[Friction #5] A performance device to choreograph a state of presence and connection with the territory. The project Fricção #5 [Friction 5] by the artist and researcher of body arts Marina Guzzo is a proposal of approximation and mediation between artists and territories. Participants of the urban intervention leave a specific place together, each one carrying two chairs and start a game. They move around, sit down and leave empty chairs for passersby who want to talk and/or just be there with them. The project aims to apply friction to worlds and ideas, to unveil the artist to the territory and unveil the territory to the artist, getting people closer together, coloring the city and creating the possibility of sharing common time. Initially intended for the Market Wharf area of the city of Santos, the action was inspired by oeuvres such as The Chair Game, by Diego Agulló, and The Artist is Present, by Marina Abramovic. Festival artists and local performers invited by the choreographer will take part in the activity. Marina Guzzo is an artist and researcher of body arts. She holds a PhD degree from the Performing Arts Department of the School of Communications and Arts at the University of São Paulo (ECA-USP) and a master's and PhD degree in Social Psychology from Pontifical Catholic University of São Paulo (PUC/SP). Her work focuses on the interface between artistic languages and the uncertainty of contemporary life, mixing dance, performance, and circus arts.

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Dança da Indignação Residência [Residency]

Cia. Sansacroma (Brasil, SP) 16 anos [16 years and older]

A residência artística é baseada na metodologia Dança da Indignação, criada por Gal Martins, idealizadora e diretora da Cia. Sansacroma. Por meio da dança e de uma abordagem poética e política, ela pretende reverberar indignações coletivas. A pesquisa surgiu do amadurecimento estético do coletivo paulistano, que tem o corpo negro como ponto de partida para sua criação. Destinados a estudantes e artistas de diversas linguagens, os encontros são divididos entre momentos teóricos e laboratórios de criação conduzidos por Gal Martins e Djalma Moura. Os procedimentos têm como base conceitos como a resistência, inspirada nas ideias do filósofo Charles Feitosa, e a descolonialidade do corpo. Cada um dos participantes poderá explorar situações, reflexos e contaminações através do contato de seu corpo com as indignações de seu imaginário. A proposta é que eles possam refletir e experienciar como a poética de seus corpos, que passa por estímulos e vivências pessoais, afeta seu estado cênico e cria uma dramaturgia na intersecção entre arte e vida.

[Dance of Indignation] The artistic residency is based on Dança da Indignação [Dance of Indignation] methodology, created by Gal Martins, creator and director of Cia. Sansacroma. Through dance, as well as a poetic and political approach, she intends to reverberate collective indignation. The research arose from the aesthetic maturation of São Paulo collective, whose black body is the starting point for its creation. Intended for students and artists of several languages, the meetings are divided in theoretical moments and creation laboratories conducted by Gal Martins and Djalma Moura. The procedures are based on concepts such as resistance, inspired by the ideas of philosopher Charles Feitosa, and the body decoloniality. Each participant will be able to explore situations, reflexes and contaminations through the contact of their body with the indignation of their imagination. The proposal is for them to reflect and experience how the poetry of their bodies, which goes through personal stimuli and experiences, affects their scenic condition and creates a dramaturgy at the intersection between art and life.

Criada em 2002 pela atriz, dançarina e coreógrafa Gal Martins, a Cia. Sansacroma tem se dedicado a desenvolver trabalhos baseados no hibridismo característico às criações coreográficas na contemporaneidade. O ponto de partida das criações são as poéticas do corpo negro onde quer que ele esteja inserido.

Created in 2002 by the actress, dancer and choreographer Gal Martins, Cia. Sansacroma has been dedicated to developing works based on the hybridism typical of contemporary choreographic creations in contemporary times. The starting point of the creations is the poetry of the black body wherever it is inserted.

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Dancing Grandmothers – Para a Terceira Idade Oficina [Workshop]

Eun-Me Ahn (Coreia do Sul) A partir de 60 anos [60 years and older]

Voltada para a terceira idade, a oficina ministrada pela coreógrafa coreana Eun-Me Ahn e sua companhia se concentra em práticas de controle da energia e centros corporais, abordando maneiras de controlar músculos e equilíbrio. Os artistas propõem que todos aprendam a desenvolver suas energias internas e externalizá-las. Após um aquecimento, os interessados terão contato com o repertório da companhia. Na Bienal Sesc de Dança, Eun-Me Ahn apresenta o espetáculo Dancing Grandmothers. Nele, senhoras coreanas e dançarinos profissionais propõem uma viagem através do tempo e de movimentos que se transforma em uma espécie de transe coletivo.

[Dancing Grandmothers – For Seniors] Aimed at seniors, the workshop conducted by the Korean choreographer Eun-Me Ahn and her company focuses on practices to control energy and body cores, working on ways to control muscle and balance. The artists propose that everyone learn to develop their internal energies and externalize them. After a warm up, those interested will have contact with the company's repertoire. At Sesc Dance Biennial, Eun-Me Ahn presents the show Dancing Grandmothers. In this show, Korean ladies and professional dancers propose a journey through time and movements that become a kind of collective trance.

A coreógrafa coreana Eun-Me Ahn e sua companhia confrontam tradição e modernidade em seus trabalhos.

The Korean choreographer Eun-Me Ahn and her company cross-check tradition against modernity in their work.

Bienal Sesc de Dança Ações Formativas Formative Learning

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Técnica da Companhia Eun-Me Ahn Oficina [Workshop]

Eun-Me Ahn (Coreia do Sul) 18 anos [18 years and older]

A oficina propõe uma introdução à abordagem de dança ao estilo da companhia da coreógrafa coreana Eun-Me Ahn. Destinado a estudantes e artistas da dança, performance e artes do corpo, o encontro propicia um diálogo entre diferentes técnicas de movimento que leva os participantes a se concentrarem em sua própria energia interna para desenvolvê-la e expressá-la através da linguagem universal da dança. Eun-Me Ahn e sua companhia abordam maneiras de controlar músculos e equilíbrio. Após um breve aquecimento, os participantes poderão aprofundar no repertório do grupo. Na Bienal Sesc de Dança, os artistas apresentam o espetáculo Dancing Grandmothers. Nele, senhoras coreanas e dançarinos profissionais propõem uma viagem através do tempo e de movimentos que se transforma em uma espécie de transe coletivo. A coreógrafa coreana Eun-Me Ahn e sua companhia confrontam tradição e modernidade em seus trabalhos.

[Eun-Me Ahn Company Technique] The workshop offers an introduction to the dance approach and style of the company, owned by the Korean choreographer Eun-Me Ahn. Intended for students and artists of dance, performance and body arts, the meeting provides a dialogue between different movement techniques, which leads participants to focus on their own internal energy to develop and express it through the universal language of dance. Eun-Me Ahn and her company work on ways to control muscle and balance. After a brief warm-up, the participants can go deep into the group's repertoire. At Sesc Dance Biennial, the artists perform the show Dancing Grandmothers. In this show, Korean ladies and professional dancers propose a journey through time and movements that become a kind of collective trance. The Korean choreographer Eun-Me Ahn and her company cross-check tradition against modernity in their work.

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Compartilhando A Vida Enorme Oficina [Workshop]

Emmanuelle Huynh/ Nuno Bizarro (Plateforme Mùa | França) 18 anos [18 years and older]

A bailarina e coreógrafa francesa Emmanuelle Huynh e o bailarino português Nuno Bizarro conduzem uma oficina a partir do processo criativo do espetáculo A Vida Enorme/Performance, obra interpretada por eles que integra a programação da Bienal Sesc de Dança. A performance é composta de duas partes distintas. A primeira parte é um diálogo gravado entre um homem e uma mulher, construindo seu relacionamento através de poemas do poeta concreto Herberto Helder. A segunda parte é silenciosa: a dupla se encontra no palco, dançando. Esta dança é composta de quatro encontros que podem ser definidos como contatos atléticos e desequilibrados, porém equilibrados. Durante a oficina, Emmanuelle e Nuno ensinam dois encontros do espetáculo e os caminhos individuais entre eles. Os artistas também convidam os participantes a criarem outros dois encontros e os caminhos que os ligam. O preparo para as intervenções, assim como ocorrido durante a criação da peça, será feito por meio da leitura coletiva de poemas do português Helberto Helder. Improvisos e jogos também fazem parte da dinâmica do encontro.

Bienal Sesc de Dança Ações Formativas Formative Learning

Bailarina, coreógrafa e professora, a francesa Emmanuelle Huynh estudou dança e filosofia. Seu trabalho explora a relação entre dança e literatura, música, luz, ikebana (arte floral japonesa) e arquitetura. Já Nuno Bizarro é bailarino português que reside na França. Foi um dos fundadores do Re.al et Lab., local de criação e apresentação multidisciplinar.

[Sharing A Vida Enorme (The Enormous Life)] The French dancer and choreographer Emmanuelle Huynh and the Portuguese dancer Nuno Bizarro conduct a workshop based on the creative process of the performance A Vida Enorme/ Performance [The Enormous Life/ Performance], a work they perform, and which is part of the program of Sesc Dance Biennial. The performance consists of two different parts. The first part is a recorded dialogue between a man and a woman, building their relationship through poems by the concrete poet Herberto Helder. The second part is silent: the couple meets on stage, dancing. This dance is composed of four meetings that can be defined as athletic, unbalanced but balanced contacts. During the workshop, Emmanuelle and Nuno teach two meetings of the show and the individual paths between them. The artists also invite participants to create two other meetings and the paths connecting them. The preparation for the interventions, as occurred during the creation of the play, will be done through the collective reading of poems by the Portuguese Helberto Helder. Improvisation and games are also part of the dynamic meeting. Dancer, choreographer and teacher, the French Emmanuelle Huynh studied dance and philosophy. Her work explores the relationship between dance and literature, music, light, ikebana (Japanese floral art) and architecture. Nuno Bizarro is a Portuguese dancer who lives in France. He was one of the founders of Re.al et Lab., a place for multidisciplinary presentation and creation.

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Superpoderes Oficina [Workshop]

Jorge Alencar/ Neto Machado (Brasil, BA) Para Educadores e Artistas | 120 min | 18 anos [18 years and older] Para Crianças | 180 min | Livre [All Ages]

Como descobrir superpoderes criativos? Partindo dessa pergunta, os artistas Jorge Alencar e Neto Machado desenvolvem uma oficina em que crianças e adultos investigam juntos os poderes que desejariam ter e os que já têm. O intuito é pensar arte para o público infantojuvenil entendendo a infância não pelo enquadramento da idade, mas como uma forma potente de criação e de se relacionar com o mundo. Fugindo dos binômios “adultos e crianças” e “superficial e complexo”, a oficina propõe atividades que, a princípio, podem ser consideradas como “adultas” ou “infantis”. Por meio de exercícios práticos, cada participante constrói a partir de suas características uma heroína ou um herói. A ideia é que as atividades sejam desierarquizadas e desistigmatizadas para que adultos e crianças possam descobrir novos interesses e possibilidades de narrativas e existências. Neto Machado e Jorge Alencar são uma dupla de artistas baianos que cria com dança, teatro, audiovisual, comunicação, curadoria, escrita e educação. Alguns dos diversos frutos dessa parceria são: Desastro (infanto-juvenil), Biblioteca de Dança (instalação), Vermelho Melodrama (peça de teatro), Astroneto: Dança no Espaço (livro). Os artistas vêm circulando em todas as regiões brasileiras e em contextos internacionais.

[Superpowers] How to find out creative superpowers? Based on this question, the artists Jorge Alencar and Neto Machado develop a workshop where children and adults investigate together the powers they wish they had and those they already have. The intention is to think the art for children and teenagers seeing childhood not by age rating, but as a powerful way to creating and relating to the world. By avoiding the “adult and child” and “shallow and complex” binomials, the workshop proposes activities that can at first be considered as “adult” or “childish”. Through practical exercises, each participant builds a heroine or a hero from their own characteristics. The idea is that they are de-hierarchized and destigmatized so that adults and children can find out new interests and possibilities for narratives and existences. Neto Machado and Jorge Alencar are two artists from the State of Bahia who create with dance, theater, audiovisual, communication, curatorship, writing and education. Some of the several results of this partnership are: Desastro (children and teenagers), Biblioteca de Dança (installation), Vermelho Melodrama (theater play), Astroneto: Dança no Espaço (book). The artists have been circulating through all Brazilian regions and in international contexts.

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Percepção Física e Composição Generativa Oficina [Workshop]

Alejandro Ahmed (Brasil, SC) 18 anos [18 years and older]

Ministrada pelo coreógrafo Alejandro Ahmed e pela assistente de direção e produtora Karin Serafin, ambos da Cena 11 Cia. de Dança, a oficina busca instrumentalizar o corpo dos participantes para que eles se tornem mais aptos a observar e fazer um exercício crítico do movimento e busquem um controle maior das dramaturgias que podem propor. O encontro, voltado aos interessados em dança enquanto movimento expandido do som e do espaço, explora estratégias coreográficas que evidenciam a coautoria de cenas formuladas através de emergências composicionais. A oficina transita por informações que guiam os atuais interesses estéticos da Cena 11, como habilitar através da dança outros modos de materializar o movimento e, por meio dele, acessar materialidades como luz, som e vetores emocionais. Ela é dividida em dois módulos: na primeira parte são explorados exercícios que propõem modos de lidar com o peso do próprio corpo e, na segunda, cenas das últimas produções da companhia são utilizadas como ponto de partida para a investigação de ações coletivas.

Bienal Sesc de Dança Ações Formativas Formative Learning

Alejandro Ahmed é coreógrafo residente, diretor artístico e bailarino da Cena 11 Cia. de Dança. Situa suas áreas de interesse em campos como “situação coreográfica”, “coreografia imaterial” e “dança generativa”. Karin Serafin é assistente de direção, produtora e figurinista da Cena 11 Cia. de Dança. Formou-se em artes visuais na Udesc e consultoria de moda no Senac.

[Physical Perception and Generative Composition] Conducted by the choreographer Alejandro Ahmed and the assistant director and producer Karin Serafin, both members of Cena 11 Cia. de Dança group, the workshop aims to orchestrate the participants’ bodies so that they become better able to observe and perform a critical exercise of the movement and seek greater control of the dramaturgies they can propose. The meeting, aimed at those interested in dance as an expanded movement of sound and space, explores choreographic strategies that highlight the co-authorship of scenes made up through compositional emergencies. The workshop goes through information that guides the current aesthetic interests of Cena 11, such as enabling, through dance, other ways to materialize movement, and through it, access materialities such as light, sound and emotional vectors. It is divided into two modules: the first part explores exercises that propose ways of dealing with one's own body weight and, second, scenes from the company's latest productions are used as a starting point for the investigation of collective actions. Alejandro Ahmed is a resident choreographer, artistic director and dancer of Cena 11 Cia. de Dança group. His areas of interest lie on fields such as “choreographic situation”, “immaterial choreography” and “generative dance”. Karin Serafin is an assistant director, producer and costume designer of Cena 11 Cia. De Dança group. She graduated in visual arts from Santa Catarina State University (UDESC) and fashion consulting from Senac.

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Legados, Genealogias e Aprendizagens: Mercedes Batista em Foco Aula Magistral [Master Class]

Convidados [Guests]: Marlene Silva, Charles Nelson, Evandro Passos e Debora Campos Livre [All Ages]

O legado deixado pela coreógrafa e bailarina carioca Mercedes Batista (1921-2014) é o tema da aula magistral Legados, Genealogias e Aprendizagens: Mercedes Batista em Foco. Figura emblemática da dança, Mercedes foi responsável pela proposição que origina uma das vertentes das danças afro-brasileiras. Atravessados pelos repertórios técnicos, formativos e criativos de Mercedes, quatro gerações de artistas abordam, por meio de bate-papo e de práticas, maneiras de elaborar em si e reelaborar para o mundo a linguagem e a proposição estética deixada por ela. Marlene Silva é pioneira da dança afro coreografada em Minas Gerais. Foi coreógrafa da Zezé Motta no filme Xica da Silva, bailarina do Ballet Folclórico Mercedes Baptista e lecionou danças afro na Universidade de Boston. Charles Nelson é professor, coreógrafo, pesquisador e produtor de dança afro-brasileira. Evandro Passos é diretor da Cia. de Dança Evandro Passos e professor de dança afro do Arena da Cultura, em Belo Horizonte, e do Cicalt. Débora Campos é arte-educadora e artista integrante do Coletivo Muanes Dançateatro e Performances Afro-Brasileiras.

[Legacies, Genealogies and Learning: Mercedes Batista in Focus] The legacy left by the choreographer and dancer Mercedes Batista (19212014), from Rio de Janeiro, is the theme of the master class Legados, Genealogias e Aprendizagens: Mercedes Batista em Foco [Legacies, Genealogies and Learning: Mercedes Batista in Focus]. Emblematic figure of dance, Mercedes was responsible for the approach that arises one of the aspects of Afro-Brazilian dances. Affected by Mercedes' technical, formative and creative repertoires, four generations of artists work on, through chat and practices, ways to elaborate for oneself and reelaborate for the world the language and aesthetic approach left by her. Marlene Silva is a pioneer of choreographed Afro Dance in the State of Minas Gerais. She was Zezé Motta’s choreographer in the film Xica da Silva, dancer at Mercedes Baptista Folk Ballet, and taught Afro Dances at Boston University. Charles Nelson is a teacher, choreographer, researcher and producer of Brazilian afro dance. Evandro Passos is the director of Cia. de Dança Evandro Passos and an Afro Dance teacher at Arena da Cultura (Culture Arena) in Belo Horizonte and CICALT. Débora Campos is an art educator and a member artist of Coletivo MUANES Dançateatro e Performances Afro Brasileiras.

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Escuro Leonardo França/ Lia Cunha Lançamento de Livro [Book Release]

Leonardo França/ Lia Cunha (Brasil, SP) Performance seguida de lançamento do livro-pele Escuro [Performance followed by the release of the skin book Escuro] Duna Editora, 2018 12 anos [12 years and older]

Bienal Sesc de Dança Ações Formativas Formative Learning

Concebido e criado no encontro entre as gravuras e ilustrações da artista visual Lia Cunha e os poemas eróticos existenciais do coreógrafo Leonardo França, o livro-pele Escuro (Duna Editora) tem um aspecto tátil, verbal e vestível. Ele faz da relação corporal sua aventura poética. Para materializar a dimensão relacional do livro, os artistas mesclam diferentes técnicas de impressão: relevos secos criados com raízes e placas de metal na prensa, impressão tipográfica e impressão a laser. Já na parte vestível do livro, os autores subvertem o uso da encadernação tradicional para criar um objeto maleável ao corpo. O lançamento se dá com uma ação performativa com projeção de videoperformances e apresentação de uma “versão dançada” da obra. Trata-se de uma criação coletiva entre João Milet Meirelles, Lia Cunha, Moisés Victorio e Leonardo França. Eles criam um ambiente que convida as pessoas a se engajarem numa respiração comum para experimentarem múltiplas sensações.

Developed and created by bringing together the engravings and illustrations by visual artist Lia Cunha and the existential erotic poems by the choreographer Leonardo França, the skin book Escuro [Dark] (Duna Editora) has a tactile, verbal and wearable aspect. He makes the body relationship his poetic adventure. In order to materialize the relational dimension of the book, artists mix different printing techniques: dry reliefs created with roots and metal plates in the press, letterpress printing and laser printing. Yet, in the wearable part of the book, the authors subverted the use of traditional book binding to create an object malleable to the body. The release takes place with a performative action with video performance projection and presentation of a “dance version” of the oeuvre. It is a collective creation between João Milet Meirelles, Lia Cunha, Moses Victorio and Leonardo França. They create an environment that invites people to engage in ordinary breathing to experience numerous sensations.

Leonardo França é diretor, dançarino e performer de Salvador. Lia Cunha é artista visual, designer e performer.

Leonardo França is a director, dancer and performer from Salvador. Lia Cunha is a visual artist, designer and performer.

Performance Artistas: João Milet Meirelles, Moisés Victorio, Lia Cunha e Leonardo França Performers: Leonardo Franca e Lia Cunha Desenho Sonoro e Operação: João Milet Meirelles Desenho de Luz e Operação: Moisés Victorio Figurino: Lia Cunha

Performance Artists: João Milet Meirelles, Moisés Victorio, Lia Cunha e Leonardo França Performers: Leonardo Franca e Lia Cunha Sound Design and Operation: João Milet Meirelles Light Design and Operation: Moisés Victorio Costumes: Lia Cunha

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Fragmentos de uma Encruzilhada Fragmento Urbano Lançamento de Livro [Book Release]

Fragmento Urbano (Brasil, SP) Editora Arquivo, 2018 Autores [Authors]: Anelise Mayumi, Diego Castro, Douglas Iesus, Eduardo Dialético, Fernanda Cruz, Juliana Sanso, Luan Afonso, Luciane Ramos Silva, Renata Lima e Tiago Silva Organização [Organization]: Douglas Iesus, Anelise Mayumi e Fernanda Cruz Livre [All Ages]

Entre cores, imagens e palavras, o grupo Fragmento Urbano conta no livro Fragmentos de uma Encruzilhada (Editora Arquivo) as histórias das trajetórias individuais e coletivas que compuseram o trabalho cênico do espetáculo de dança Encruzilhada (2016). Parte do processo de pesquisa de linguagem do coletivo, a obra integra o projeto Encruzilhada: In.Corpor.Ações, contemplado pelo 23º Edital de Fomento à Dança, que celebra dez anos de trabalho continuado da companhia nascida na periferia da zona leste da capital paulista. Diversos autores, como os intérpretes-criadores da coreografia e artistas e pesquisadores convidados, caso de Renata Lima, Luciane Ramos-Silva, Eduardo Dialético e Fernanda Cruz, traçam percursos teóricos, práticos e reflexivos da cena de dança da cidade de São Paulo. Eles fazem isso a partir da perspectiva de moradores e fazedores da arte na periferia, seja ela geográfica, social ou política. Fragmentos de uma Encruzilhada é um livro de muitas vozes reverberadas em textos, entrevistas, poesias, artigos, depoimentos e imagens. O grupo Fragmento Urbano nasceu em 2009 na periferia leste de São Paulo e tem como campo de pesquisa as corporeidades periféricas, afro-diaspóricas e ameríndias, com proposições para rua e sua paisagem humana a partir do hip-hop e das danças urbanas na fundamentação de corpos brasileiros.

Among colors, images and words, Fragmento Urbano group tells in the book Fragmentos de uma Encruzilhada [Fragments of a Crossroads] (Editora Arquivo) the stories of the individual and collective path that made up the stagecraft of the dance show Encruzilhada [Crossroads] (2016). As a part of the research process for the collective language, the oeuvre includes the project Encruzilhada: In.Corpor. Ações, included in the 23º Edital de Fomento à Dança (23rd Call for Dance Promotion), which celebrates ten years of continuous work of the company created in the eastern periphery in the capital of São Paulo. Several authors, such as performers-choreography creators and guest artists and researchers, such as Renata Lima, Luciane Ramos-Silva, Eduardo Dialético and Fernanda Cruz, outline theoretical, practical and reflective paths of the dance scene in the city of São Paulo. They do this from the perspective of residents and art makers in the periphery, whether it is geographical, social or political. Fragmentos de uma Encruzilhada is a book of many voices reverberated in texts, interviews, poetry, articles, testimonials and images. Fragmento Urbano group was created in 2009 in the eastern periphery of São Paulo and its research field lies on the peripheral, afrodiasporic, Amerindian corporealities, with approaches for the street and its human landscape based on hip-hop and urban dances on the grounds of Brazilian bodies.

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Historiografia da Dança – Teorias e Métodos Rafael Guarato Lançamento de Livro [Book Release]

Rafael Guarato (Brasil, GO) Editora Annablume, 2018 Livre [All Ages]

Decorrente do I Seminário Internacional de História da Dança, realizado na Universidade Federal de Goiás (UFG) em 2017, o livro Historiografia da Dança – Teorias e Métodos (Editora Annablume) reúne as palestras proferidas durante o evento por pesquisadores como Arnaldo Alvarenga, Andréia Nhur, Beatriz Cerbino, Lynn Garafola, Márcio Pizarro, Maria Martha Gigena, Mark Franko, Rafael Guarato, Rosa Primo e Susana Tambutti. Organizada pelo historiador da dança e professor Rafael Guarato, a obra propõe uma investigação histórica sobre dança pautada em critérios acadêmicos, mas sem assentar seu fazer em modelos, teorias ou perspectivas enrijecidas. O leitor poderá iniciar seus estudos estando atento, por exemplo, a como os discursos sobre artistas e obras produzidos em seu período interferem na leitura que hoje fazemos sobre eles e a peculiaridade de se fazer a história da dança a partir de um local específico, a América Latina.

Bienal Sesc de Dança Ações Formativas Formative Learning

Rafael Guarato é historiador da dança e professor do curso de graduação em dança e dos programas de Pós-Graduação em Artes da Cena e Performances Culturais da UFG. Doutor em história e líder do Grupo de Pesquisa em Memória e História da Dança (CNPq).

[Historiography of Dance – Theories and Methods] Arising from the 1st International Seminar of Dance History, held at the Federal University of Goiás in 2017, the book Historiografia da Dança – Teorias e métodos [Historiography of Dance – Theories and Methods] (Editora Annablume) brings together the lectures given by researchers such as Lynn Garafola, Rafael Guarato, Mark Franko, Susana Tambutti, Maria Martha Gigena, Rosa Primo, Arnaldo Alvarenga, Andréia Nhur, Beatriz Cerbino and Márcio Pizarro. Organized by the dance historian and professor Rafael Guarato, the work proposes a historical investigation of dance based on academic criteria, but without relying on rigid models, theories or perspectives. The readers can start their studies by being aware, for example, of how the speeches about artists and works produced in their period interfere with our reading we make about them today and the peculiarity of making dance history from a specific place, Latin America. Rafael Guarato is a dance historian and professor of the Dance Degree course and Postgraduate Programs in Performing Arts and Cultural Performances at the Federal University of Goiás (UFG). PhD in History and Leader of the Group of Research on Memory and Dance History (CNPq).

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Voz sem Medo Documentário e Bate-Papo [Documentary and Chat]

Jaqueline Elesbão (Brasil, BA) Exibição do documentário, seguida de bate-papo [Documentary screening followed by a chat] Mediação [Mediator]: Juliana Melhado (Brasil, SP) 24 min | 16 anos [16 years and older]

O documentário Voz sem Medo surgiu a partir da webssérie homônima criada pelo Coletivo Ponto Art. Com idealização dos artistas Jaqueline Elesbão e Nai Meneses, o filme reúne relatos de mulheres que foram fisicamente e psicologicamente abusadas por homens. As histórias expõem um panorama do machismo cotidiano. Ao quebrar as barreiras do silenciamento sistemático que ronda essas narrativas, os dramas particulares mostram a outras mulheres dores comuns e processos de superação e reinvenção de si. A ideia é que, ao iluminar o que estava oculto, a empatia pelo exemplo tenha poder de inibir e estancar em alguma medida a normalidade com que agressões dessa natureza ocorrem e são legitimadas socialmente. O vídeo é mais uma tentativa de fortalecer a denúncia aos agentes de violência através da coragem dessas mulheres em revelar seus traumas íntimos. Após a exibição, haverá um bate-papo com a diretora Jaqueline Elesbão. O Coletivo Ponto Art foi idealizado por Jaqueline Elesbão em 2011 com o propósito de desenvolver ações artísticas e culturais e colaborar com o fortalecimento artístico-social de grupos minorizados. Idealização Jaqueline Elesbão e Nai Meneses Direção e Curadoria Jaqueline Elesbão Produção Nai Meneses, Anderson Gavião e George Lucas Filmagem, Edição e Trilha Sonora Ives Padilha Maquiagem Reinaldo Alves

The documentary Voz sem Medo [Voice Without Fear] arose from the web series of the same name created by Coletivo Ponto Art. Designed by artists Jaqueline Elesbão and Nai Meneses, the film brings together reports of women who were physically and psychologically abused by men. The stories expose a panorama of everyday machismo. By breaking down the barriers of consistent silencing surrounding these narratives, private dramas show other women common pains and processes of overcoming and reinventing themselves. The idea is that, by lighting up what was hidden, the empathy by the example has the power to inhibit and to some extent stop the normality that aggressions of this kind happen and are socially legitimized. The video is another attempt to strengthen the report to the agents of violence through the courage of these women to reveal their intimate traumas. After the screening, there will be a chat with the director Jaqueline Elesbão. Coletivo Ponto Art was conceived by Jaqueline Elesbão in 2011 with the purpose of developing artistic and cultural actions and collaborating with the artistic and social strengthening of sidelined groups. Idealization Jaqueline Elesbão e Nai Meneses Directions and Curated Jaqueline Elesbão Production Nai Meneses, Anderson Gavião e George Lucas Filming, Edition and Sound Track Ives Padilha Make up Reinaldo Alves

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Encruzidança Videodança [Videodance]

Núcleo de Estudos em Corporeidades Negras Direção [Direction]: Kelly Santos e Naná Prudêncio (Brasil, SP) 5 min | Livre [All Ages]

Bienal Sesc de Dança Ações Formativas Formative Learning

A videodança Encruzidança é resultado da pesquisa executada pelo Núcleo de Estudos em Corporeidades Negras. Realizado sob coordenação da jornalista e dançarina Kelly Santos na Oficina Cultural Alfredo Volpi, em Itaquera, na periferia da cidade de São Paulo, o grupo investiga a presença do corpo negro na dança, nos rituais e nas artes. O trabalho traz corposencruzilhada de pessoas de diferentes idades e profissões que atravessaram esse processo entrecruzado por aprendizados e questionamentos. O ponto de partida e a inspiração para Encruzidança foi o livro Irmandade da Boa Morte e Culto de Babá Egum: Masculinidades, Feminilidades e Performances Negras, no qual a antropóloga baiana Joanice Conceição disserta sobre as feminilidades e masculinidades presentes nesses dois ritos mortuários da Bahia. As referências estéticas e simbólicas desses ritos levaram os participantes a pesquisar a obra do artista sergipano Arthur Bispo do Rosário (1909-1989), as correlações entre arte e loucura, o Toré, ritual dos índios Pankararu protagonizado pelo Praiá, e o bumba meu boi e seu personagem Kazumbá.

The videodance Encruzidança is the result of research carried out by Núcleo de Estudos em Corporeidades Negras (Black Corporeities Study Group). Performed under the coordination of journalist and dancer Kelly Santos at Oficina Cultural Alfredo Volpi in Itaquera, in the periphery of São Paulo, the group investigates the presence of the black body in dance, rituals and arts. The work presents intersectionbodies of people of different ages and professions who have gone through this process interwoven with learning and questioning. The starting point and inspiration for Encruzidança was the book Irmandade da Boa Morte e Culto de Babá Egum: Masculinidades, Feminilidades e Performances Negras, in which the anthropologist Joanice Conceição, from the state of Bahia, dives in the femininities and masculinities present in these two mortuary rites of Bahia. The aesthetic and symbolic references of such rites have led the participants to research the work of the artist from the state of Sergipe, Arthur Bispo do Rosário (19091989), the correlations between art and madness, the Toré, a ritual performed by the Pankararu Indians, acted by Praiá (characters) and the folk “bumba meu boi” with its character Kazumbá.

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Mostra Grua Videodança [Videodance]

Grua – Gentleman de Rua Direção [Direction]: Osmar Zampieri (Brasil, SP) 64 min | Livre [All Ages]

Mobilizar por meio dos afetos. É a partir desse interesse que o grupo Grua – Gentleman de Rua apresenta uma mostra composta de três filmes: Rota de Afetos (2017), Corpos de Passagem (2018) e SETe (2018). Os trabalhos entendem os afetos como vínculos sociopolíticos capazes de estimularem experiências políticas que podem promover mudanças ou desvios nos hábitos e comportamentos dos sujeitos. Rota de Afetos traz um testemunho imagético de atravessamentos ocorridos durante uma viagem de dez dias pelo rio São Francisco. O coletivo performou e interagiu com moradores de 11 comunidades, de Pirapora a São Romão. Em Corpos de Passagem, um diálogo sensível e anacrônico é construído na tensão da interação do corpo com distintas espacialidades. Do rio São Francisco aos espaços urbanos da cidade de São Paulo, homens experienciam nexos de afetos na busca de um espaço/ tempo em conflito constante. Por fim, SETe convoca a percepção para o outro na experiência do encontro. A performance recebeu o prêmio Denilton Gomes de melhor intervenção urbana (2018) e foi indicada ao prêmio APCA de melhor espetáculo de dança (2018). Por meio do trabalho com vídeo, o coletivo revela tensões a partir do que não “se mostra”, do que não se percebe na urgência do fluxo de imagens que um corpo e um ambiente produzem, e estabelece um diálogo entre distintas temporalidades.

Mobilize through affections. It is from this interest that Grua – Gentleman de Rua group presents a show comprised of three films: Corpos de Passagem [Passing Bodies] (2018), Rota de Afetos [Route of Affections] (2017) and SETe (2018). The works understand the affections as socio-political bonds capable of encouraging political experiences that can promote changes or deviations in individuals’ habits and behaviors. In Corpos de Passagem [Passing Bodies], a sensitive and anachronistic dialogue is built on the tension of the body's interaction with different spatialities. From São Francisco river to the urban spaces of the city of São Paulo, men experience affection links in pursuit of a space/time in constant conflict. Rota de Afetos (Route of Affections) brings an imaginary testimony of crossings occurred during a ten-day trip along São Francisco River. The collective performed and interacted with residents of eleven communities from Pirapora to São Romão. And finally, SETe summons the perception of the other in the meeting experience. The performance was awarded with Denilton Gomes Award for Best urban intervention (2018) and was nominated for the APCA Award for Best Dance Show (2018). Through their work with video, the collective reveals tensions from what is not “shown”, from what is not perceived in the urgency of the imaging flow produced by a body and an environment, and establishes a dialogue between different temporalities.

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profanAÇÃO Videodança [Videodance]

Direção [Direction]: Estela Lapponi (Brasil, SP)

Serviço de tradução em libras

25 min | 12 anos [12 years and older]

Bienal Sesc de Dança Ações Formativas Formative Learning

O curta-metragem profanAÇÃO, obra experimental da performer e videoartista Estela Lapponi, tem como objeto corpos com deficiências. O filme profana esses corpos de forma onírica, contemplativa e ritualística buscando ir além de suas condições físicas para transformar o status quo da normatividade vigente e fazer com que suas humanidades sejam vistas. Na trama, cinco artistas (uma pessoa surda, duas pessoas com baixa visão, uma pessoa cadeirante e outra claudicante) se deparam com perguntas que revelam o imaginário em torno de seus corpos. Juntos, eles realizam um ritual de respostas poéticas e artísticas que vão além daquilo que se deseja “ouvir”. Durante o processo criativo, Lapponi realizou uma chamada pública com o mote “tudo aquilo que você sempre quis perguntar para uma pessoa com deficiência, mas nunca teve coragem" para que as pessoas enviassem as perguntas utilizadas no filme. A ideia era estabelecer uma relação com o público desde os bastidores. Com o intuito de propiciar uma experiência estética de coexistência entre corpos visíveis e invisíveis, na qual estejam em situação de equidade na apreciação de uma obra, o curta integra como parte de sua linguagem os recursos de acessibilidade comunicacional (audiodescrição, legenda em português e Libras).

Disabled bodies are the object of the short film profanAÇÃO (a wordplay with the words Profanity and Action), pilot work by performer and video maker Estela Lapponi. The film profanes these bodies in a dreamlike, contemplative and ritualistic way attempting to go beyond their physical conditions to transform the status quo of present normativeness and make their humanities to be seen. In the plot, five artists (one deaf person, two people with low sight, one wheelchair user and one limping person) come across questions that reveal the imagination around their bodies. Together they perform a ritual of poetry and artistic responses that go beyond what one wishes to “hear”. During the creative process, Lapponi made a public call with the motto “Everything you have always wanted to ask a disabled person but never had the courage” so that people sent the questions used in the movie. The idea was to establish a relationship with the audience from behind the scenes. In order to provide an aesthetic experience of coexistence between visible and invisible bodies, in which they are in a situation of equity while enjoying an oeuvre, the short film integrates the features of communication accessibility as part of its language (audio description, Portuguese subtitle and Brazilian Sign Language (Libras).

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SobreTudo Videodança [Videodance]

Direção [Direction]: Ana Paula Mathias (Brasil, SP) 7 min | Livre [All Ages]

A videodança SobreTudo investiga como a maternidade influencia a rotina e o corpo da mulher. Nela, a artista visual Ana Paula Mathias cria um retrato íntimo e subjetivo da artista e dançarina Janette Santiago e de seu filho Jamal Mahin. Gestar, parir e amamentar foram fios condutores para a criação das células de movimento. As imagens foram captadas em dois momentos distintos. Primeiro, no interior de sua casa, Janette vivencia a maternidade. Depois, no quintal, ela dança sua própria coreografia inspirada nas transformações físicas e emocionais dessa experiência. Como esse corpo se move e como se cuida? O que ele diz e transmite no silêncio? Com trilha sonora de Erica Navarro, o filme tem sua narrativa poética construída entre o documental e o coreográfico. O trabalho já foi exibido em mostras como Visionária – O Olhar da Mulher Negra, realizada na Caixa Cultural de Brasília, e na segunda edição do festival Aiê, em João Pessoa.

The videodance SobreTudo [Above All] investigates how motherhood influences on a woman's routine and body. In it, the visual artist Ana Paula Mathias creates an intimate and subjective picture of the artist and dancer Janette Santiago and her son Jamal Mahin. Gestating, giving birth and breastfeeding were the main thrusts to create the moving cells. The images were taken in two different moments. First, inside her home, Janette experiences motherhood. Then, in the backyard, she dances her own choreography inspired by the physical and emotional transformations of this experience. How does this body move and how does it take care of itself? What does it say and convey in the silence? With a soundtrack by Erica Navarro, the film has its poetic narrative built between the documentary and the choreographic. The work has already been showed in exhibitions such as Visionária – O olhar da mulher negra [Visionary – The look of the black woman], held at Caixa Cultural in Brasília, and at the second edition of Aiê Festival, in João Pessoa.

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5 Localizado na Área de Convivência do Sesc Campinas, o Ponto de Encontro é um espaço em que, durante sete dias, acontecem shows, performances e discotecagens, promovendo um intercâmbio descontraído entre as linguagens artísticas e o público. É como se fosse uma pista de dança na qual cada um é convidado a dançar à sua maneira.

144 Baile Contemporâneo de Dança de Salão Dois Rumos Cia de Dança 146 Baile da Massa Real Convida Mel 148 Diáspora em Resistência – Ritmos, Sons e Movimentos Para Além do Carnaval Bloco Afro Afirmativo Ilu Inã 150 Rakta + Tom Monteiro 152 Rito de Passá MC Tha 154 Santo Forte Tutu Moraes 156 Festa Amem Coletivo Amem

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Ponto de Encontro Ponto de Encontro Ponto de Encontro Meeting Point

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Baile Contemporâneo de Dança de Salão Dois Rumos Cia de Dança Brasil, SP Cassio Conde

Bienal Sesc de Dança Ponto de Encontro Meeting Point

18 anos [18 years and older] Facilitadores [Facilitators] Andressa Malerba, Camila Aguiar, Carlos Araújo, Fernanda Conde, Kelly Poli e Tony Rubinho Discotecagem Juliana Sanper Foto e Vídeo [Photo and Video] Cassio Conde Produção Carlos Araújo, Fernanda Conde e Kelly Poli

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Não é necessário saber dançar para participar do Baile Contemporâneo de Dança de Salão proposto pela Dois Rumos Cia de Dança. A experiência começa com uma vivência corporal que busca criar uma atmosfera acolhedora para que os participantes se sintam confortáveis para expressar suas singularidades ao som de samba, bolero, forró e outros ritmos. Outras vivências e jogos de interação poderão ser incorporados para que ninguém fique parado. Tudo é válido: dançar a dois, a três, a um ou em grupo, homem com homem, mulher com mulher, conduzir ou ser conduzido, do tradicional ao experimental. O importante é que os participantes tragam sua própria dança. A ideia do coletivo é pesquisar uma nova dança de salão, em que se propõe ressignificar estruturas machistas e desatribuir o gênero de um “papel” pré-estabelecido. A intervenção visa questionar e desmistificar a produção artística nessa técnica e nesse espaço de baile para entender o que pode o corpo e o que as relações ali estabelecidas produzem enquanto trabalho artístico.

A Dois Rumos Cia de Dança preserva consigo a pesquisa de uma dança a dois mais igualitária, imparcial e plural, livre de preconceitos e estereótipos predeterminados pela dança de salão tradicional.

They are not required to know how to dance in order to take part in the Contemporary Ballroom Dance [Baile Contemporâneo de Dança de Salão] proposed by Dois Rumos Cia de Dança. The experience begins with a body experience aiming to create a welcoming atmosphere for participants to feel comfortable expressing their uniqueness to the sound of samba, bolero, forró and other music genres. Other experiences and interaction games may be incorporated so that no one stands still. Everything is valid: couple dancing, trio dancing, single dancing or dancing in a group, man with man, woman with woman, lead or follow, from traditional to experimental. Most important is the participants bringing their own dance. The collective’s idea is to research a new ballroom dance, in which it is proposed to give a new meaning to chauvinistic structures and dissociate the genre from a pre-established “role”. The intervention aims to question and unveil the artistic production in this technique and in this ballroom in order to understand what the body is capable of and what the relations established there produce as an artistic work.

Dois Rumos Cia de Dança upholds the research for a more equal, impartial and plural dance, free from prejudices and stereotypes predetermined by traditional ballroom dancing.

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Baile da Massa Real Convida Mel Brasil, SP

Lucas Hira

Bienal Sesc de Dança Ponto de Encontro Meeting Point

18 anos [18 years and older]

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Idealizado pelo cantor e compositor baiano Pietro Leal, o Baile da Massa Real nasceu com a proposta de provocar encontros. A cultura, a música, a dança, o jeito e o sotaque da Bahia foram ingredientes fortes para sua criação. Idealizado inicialmente para a cidade de São Paulo, o baile começou seus trabalhos em Salvador com duas edições experimentais no início de 2015. Em outubro do mesmo ano o projeto estreou na capital paulistana, apresentando à terra da garoa o que é que a Bahia tem. Com a junção da voz marcante e presença da artista Mel com o Baile da Massa Real, a apresentação traz um clima nostálgico de celebração com interpretações de clássicos inesquecíveis do axé dos anos 1990. Mel é artista e cantora. Depois de anos à frente da Banda Uó, se prepara para lançar carreira solo.

Conceived by the singer and songwriter Pietro Leal, from Bahia, Baile da Massa Real was born with the aim of producing encounters. The culture, music, dance, flair and accent of Bahia were strong ingredients for his creation. Initially conceived for the city of São Paulo, the ball has started in Salvador with two pilot editions in early 2015. In October of the same year, the project premiered in São Paulo, showing to the land of drizzle what is special about Bahia. With the combination of the artist Mel and her remarkable voice with Baile da Massa Real, the performance provides a nostalgic atmosphere of celebration with performances of unforgettable 1990s classics of axé music. Mel is an artist and a singer. After years leading Uó Band, she is preparing to start a solo career.

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AfroPunk

Diáspora em Resistência – Ritmos, Sons e Movimentos Para Além do Carnaval | Bloco Afro Afirmativo Ilu Inã Brasil, SP

Bienal Sesc de Dança Ponto de Encontro Meeting Point

18 anos [18 years and older]

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Criado por Fernando Alabê e Fefê Camilo, o Bloco Afro Afirmativo Ilu Inã busca abrir cada vez mais caminhos e possibilidades ao povo negro. Inspirado nos blocos afro-baianos e demais cortejos percussivos e coreográficos afro-brasileiros, o grupo propõe mostrar em suas saídas os arquétipos, os mitos, as simbologias e a cultura de matrizes africanas calcadas nas pertenças yorubá-nagô. Por meio da música e do corpo, os integrantes trazem a síntese urbana e contemporânea de tambores, cantos e movimentos ancestrais. Além de ocupar a avenida durante o Carnaval, o Bloco Afro Afirmativo Ilu Inã gravou seu primeiro disco, Ilu Inã, composto de canções autorais que destacam as diversas africanidades presentes no Brasil. Essas criações e versões de outras músicas que tratam da história, da luta e da resistência negra são apresentadas em Diáspora em Resistência – Ritmos, Sons e Movimentos Para Além do Carnaval. O show, que traz percussionistas, cantores e bailarinos, também conta com uma seleção baseada em movimentos e códigos vindos do candomblé.

Created by Fernando Alabê and Fefê Camilo, Bloco Afro Afirmativo Ilu Inã aims to open more and more paths and possibilities for the black people. Inspired by Afro Blocks of Bahia and other Afro-Brazilian percussive and choreographic parades, the group aims to show in their outputs the archetypes, myths, symbologies and culture of African origin based on yoruba-nagô references. Through music and body, the members bring out the urban and contemporary synthesis of drums, songs and ancestral movements. In addition to fill the avenue during Carnival, Bloco Afro Afirmativo Ilu Inã recorded their first album, Ilu Inã, composed of authorial songs highlighting the diverse Africanism that is present in Brazil. These creations and versions of other songs that address black history, struggle, and resistance are performed in Diáspora em Resistência – Ritmos, Sons e Movimentos Para Além do Carnaval [Diaspora in Resistance – Rhythms, Sounds, and Movements Beyond Carnival]. The performance, which has percussionists, singers and dancers, also features a selection based on movements and codes from candomblé.

O Bloco Afro Afirmativo Ilu Inã representa um reencontro com as matrizes africanas através da expressão pela dança dos arquétipos dos orixás e pela música reimpressa na forma urbana.

Bloco Afro Afirmativo Ilu Inã represents a reunion with the African origins through the dance expression of orixás archetypes and the reprinted music in the urban form.

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Rakta e Tom Monteiro Brasil, SP

Ivi Maiga Bugrimenko

Bienal Sesc de Dança Ponto de Encontro Meeting Point

18 anos [18 years and older]

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Pela primeira vez, a banda Rakta, vinda do cenário punk faça-você-mesmo de São Paulo, une seu som à música eletrônica minimalista criada pelo artista multi-instrumentista e compositor Tom Monteiro. Conhecido por suas apresentações intensas e imersivas, o Rakta é formado por Carla Boregas (baixo e sintetizador), Maurício Takara (bateria e eletrônicos) e Paula Rebellato (teclado, sintetizadores e voz). O trio explora ritmos repetitivamente mântricos, melodias hipnotizantes e frequências sensoriais. Sobre a base sólida de baixo e bateria emanam texturas psicodélicas criadas por manipulações de sintetizadores e pedais de efeitos. Já Tom Monteiro, que cria música e design de som para dança, teatro e performance, faz uma música de atmosfera densa de vozes delicadamente esculpidas através de contraponto intuitivo, muitas vezes atravessadas por texturas e ruídos. Atualmente, ele se dedica ao theremin e aos sintetizadores modulares.

For the first time, the Rakta band, coming from São Paulo's do-it-yourself punk scene, combines their sound with minimal electronic music created by the multi-instrumentalist artist and songwriter Tom Monteiro. Well-known for their intense and immersive performances, Rakta is formed by Carla Boregas (bass and synthesizers), Maurício Takara (drums and electronics) and Paula Rebellato (keyboard, synthesizers and voice). The trio repeatedly explores mantra rhythms, mesmerizing melodies and sensory frequencies. On the solid basis of bass and drums, psychedelic textures emanate, created by manipulations of synthesizers and effects pedals. Tom Monteiro, who creates music and sound design for dance, theater and performance, makes a dense atmosphere song with finely sculpted voices through an intuitive counterpoint, often affected by textures and noises. He is currently dedicated to theremin and modular synthesizers.

Formado por Carla Boregas, Maurício Takara e Paula Rebellato, o Rakta cria um som áspero e psicodélico acompanhado pelas performances instintivas e libertas das integrantes. Tom Monteiro é músico autodidata, sound designer, multi-instrumentista e compositor de música eletrônica minimalista.

Formed by Carla Boregas, Maurício Takara and Paula Rebellato, Rakta creates a harsh and psychedelic sound combined with the members’ instinctive and freed performances. Tom Monteiro is a self-taught musician, sound designer, multi-instrumentalist and songwriter of minimal electronic music.

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Rito de Passá MC Tha Brasil, SP Jr Franch

Bienal Sesc de Dança Ponto de Encontro Meeting Point 18 anos [18 years and older]

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Após lançar o EP acústico Versões e cinco singles, a cantora paulistana MC Tha apresenta seu primeiro álbum de estúdio, Rito de Passá. O disco, produzido de forma independente, passeia pelas lembranças íntimas da artista, presentes nas letras compostas por ela e nas experimentações sonoras de Ubunto, Jaloo, Malka, Felipe Cordeiro, DJ Tide e MU540. O bairro Cidade Tiradentes, o Nordeste, a solidão em São Paulo, as raízes espirituais e o grito de um povo forte são alguns dos temas presentes em canções como Rito de Passá, Clima Quente e Comigo Ninguém Pode. Essas e outras faixas autorais integram o repertório do show, que também traz versões de canções de outros artistas. Apesar de não se resumir a um único ritmo, a mistura brasileira dos arranjos conta com tambores e elementos do funk. Abram os caminhos que MC Tha está chegando.

Nascida e criada na Cidade Tiradentes, extremo leste de São Paulo, a cantora MC Tha navega entre o funk, o pop e a MPB.

After releasing the acoustic EP Versões and five singles, the singer MC Tha, from São Paulo, presents her first studio album, Rito de Passá. The album, independently produced, goes through the artist's intimate memories, present in the lyrics composed by her and in the sound experiments of Ubunto, Jaloo, Malka, Felipe Cordeiro, DJ Tide and MU540. Cidade Tiradentes neighborhood, the Northeast, the solitude in São Paulo, the spiritual roots and the cry of a strong people are some of the themes that are present in songs such as Rito de Passá, Clima Quente and Comigo Ninguém Pode. These and other authorial tracks are part of the concert's repertoire, which also features versions of songs by other artists. Although not limited to a single rhythm, the Brazilian mix of arrangements features drums and funk elements. Make room as MC Tha is coming.

Born and raised in Cidade Tiradentes, far east of São Paulo, the singer MC Tha navigates between funk, pop and Brazilian Popular Music (MPB).

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Santo Forte Tutu Moraes Brasil, SP

Victor Vivacqua

Bienal Sesc de Dança Ponto de Encontro Meeting Point

18 anos [18 years and older]

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Garimpar a memória musical do Brasil sem deixar de apresentar novos nomes. Essa tem sido uma das principais características dos projetos de Tutu Moraes, que traz a mistura brazuca de sua pista de dança para a Bienal Sesc de Dança. DJ e pesquisador da música popular brasileira em suas diferentes vertentes e sonoridades, ele criou há 13 anos a Festa do Santo Forte, que hoje tem residência mensal em São Paulo no Fabrique Club. Além do projeto já consagrado, Tutu criou a noite Encosto de Chacrete – que acontece no Baixo Augusta –, a Moqueca do Tutu Moraes – almoços dançantes preparados pelo DJ –, e também curadorias e programações oferecidas pela produtora Santo Forte Brasil, como a festa Brasucália, filhote da Santo Forte.

Gathering Brazil’s musical memory while introducing new names. This has been one of the main characteristics of Tutu Moraes' projects, who brings the Brazilian mix of his dance floor to Sesc Dance Biennial. DJ and researcher of Brazilian popular music in its different aspects and sounds, he created Santo Forte party (Strong Holy party, in free translation) 13 years ago, which now has a monthly residency in São Paulo at Fabrique Club. In addition to the well-established project, Tutu created Encosto de Chacrete night – which takes place in Baixo Augusta –, Moqueca do Tutu Moraes – dancing lunches prepared by the DJ –, as well as curatorships and programs offered by Santo Forte Brasil production company, such as Brasucália party, an offspring of Santo Forte.

Tutu Moraes é DJ e pesquisador da música popular brasileira. Criou projetos como a Festa do Santo Forte.

Tutu Moraes is a DJ and researcher of Brazilian popular music. He created projects such as Santo Forte Party.

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Festa Amem Coletivo Amem Brasil, SP coletivovia

Bienal Sesc de Dança Ponto de Encontro Meeting Point

18 anos [18 years and older] MCs: Biel Lima e Dani Glamourosa DJs: Flip Couto e Glenda Godoy (artista convidada) [guest artist] Performers: Andrew Lima, Félix Pimenta, Isis Vergílio, Larissa Lima, Zaila Barbosa e Akira Avalanx (artista convidada) [guest artist] Iluminação [Lighting]: Micaela Cyrino Assistente de Produção [Assistant Producer]: Jeferson Silva Projeção [Projection]: Coletivo Coletores Realização [Execution]: Coletivo Amem

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Convidando as artistas locais Akira Avalanx e Glenda Godoy, o Coletivo Amem traz à Bienal Sesc de Dança uma festa com intervenções artísticas usando as potências corporal, sonora, oral e performática negras LGBTQIA+ por meio de elementos do vogue, dancehall, funk e hip-hop que se encontram na pista discutindo questões de raça, classe, gênero, sexualidade e HIV. Idealizada em 2016, a festa performática surge a partir da urgência e do desejo de construir espaços de socialização, celebração, articulação e acolhimento da comunidade negra, LGBTQIA+ e toda sua pluralidade, tendo a afetividade e a performatividade como pontos de partida. A festa atua também como espaço de encontro e fomento da cultura ballroom. Eleita como a melhor festa de 2017 pelo Guia Folha, ela atua como uma plataforma autônoma de circulação artística e política desconstruindo o racismo, o machismo, a LGBTfobia, a sorofobia e outras opressões estruturantes.

Inviting the local artists Akira Avalanx and Glenda Godoy, Coletivo Amem brings to Sesc Dance Biennial a party with artistic interventions using the bodily, sound, oral and performing power of black people and LGBTQIA+ through elements from vogue, dancehall, funk and hip-hop which are on the dance floor discussing issues of race, class, gender, sexuality and HIV. Conceived in 2016, the performing party arises from the urgency and desire to build spaces for socialization, celebration, articulation and welcome of the black, LGBTQIA+ community and all its plurality, having affection and performativity as starting points. The party also acts as a meeting place and promotion of the Ballroom Culture. Elected the best party in 2017 by Guia Folha, it acts as an autonomous platform for artistic and political circulation deconstructing racism, machismo, LGBTphobia, serophobia and other structuring oppressions.

O Coletivo Amem é um grupo autônomo de artistas, produtores e intelectuais negros LGBTQIA+ que realiza ações artísticopedagógicas e curadorias que propõem provocar, causar, instigar e fazer pensar o mundo a partir de uma nova perspectiva ao enfrentar o racismo estrutural.

Coletivo Amem is an autonomous group of black and LGBTQIA+ artists, producers and intellectuals that performs artistic and pedagogical actions and curatorships, which propose to provoke, cause, instigate and make the world think from a new perspective when facing structural racism.

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InformaçõesShow InformaçõesShow Informações Information

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SescTV SescTV

O SescTV é o canal cultural do Sesc, disponível 24 horas por dia, gratuitamente, na Internet e em operadoras de TV por assinatura. O canal produz, licencia e exibe obras dedicadas à difusão artística e cultural. Composta de musicais, documentários e debates nas áreas de teatro, música, dança, literatura, cinema, artes visuais e arquitetura, a programação oferece acesso à fruição e à reflexão sobre manifestações culturais diversas. Além da programação ao vivo, o SescTV disponibiliza um acervo sob demanda com seus programas, séries e documentários, no site sesctv.org.br. O acesso ao conteúdo é gratuito e não precisa de cadastro para assistir. SescTV na Bienal Sesc de Dança 2019 exibição Série Dança Contemporânea Os rumos estéticos e conceituais da dança contemporânea abordados em espetáculos e entrevistas. Direção para TV de Antonio Carlos Rebesco. Sesc | Biblioteca | Livre

Bienal Sesc de Dança Informações Information

bate-papo Acervo Audiovisual de Dança Contemporânea do SescTV Bate-papo com a participação de Sidênia Freire, coordenadora de programação do SescTV e mestre em ciências da comunicação/ficção televisiva, e Gal Martins, artista da dança, atriz, gestora cultural e curadora da próxima temporada da série Dança Contemporânea, em fase de produção. Sesc | Espaço Arena | Livre

SescTV is the Sesc São Paulo cultural TT channel, available 24 hours, for free, on the internet and cable TV. It produces, license and broadcasts work dedicated to spreading art and culture. Composed by musicals, documentaries, and debates on theatre, music, dance, literature, cinema, visual arts, and architecture, the programming offers access to the fruition and reflection on many cultural manifestations. Besides live shows, SescTV also makes available on-demand an archive of its shows, series, and documentaries at the website sesctv. org.br. The content is free, and it is not required to sign up to have access. SescTV at Sesc Dance Biennial 2019 exhibition Series Dança Contemporânea [Contemporary Dance] Esthetic and conceptual directions of contemporary dance addressed in shows and interviews. Antonio Carlos Rebesco as TV Director. Sesc | Library | General Audiences chat SescTV Contemporary Dance Audiovisual Archive Chat with Sidênia Freire, SescTV programming coordinator and master’s in communication science/fiction for television, and Gal Martins, dance artist, actress, cultural manager and curator of the next season of the series Dança Contemporânea, which is in the production stage. Sesc | Arena Place | General Audiences

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Ponto Digital Digital Point

Além de assistir aos trabalhos artísticos e de participar das ações formativas durante os 11 dias da Bienal Sesc de Dança, públicos de todos os cantos também podem fruir e refletir sobre o universo da dança contemporânea no meio digital.

In addition to watching the artworks and attending the formative actions during the 11 days of Sesc Dance Biennial, audiences from all over the world will also enjoy and reflect about the contemporary dance universe in the digital environment.

Com entrevistas, reportagens, crônicas e críticas, o Ponto Digital expressa as vozes dos curadores, pensadores, artistas e públicos que compõem a Bienal. É a oportunidade de estender a experiência do evento e ouvir as histórias, conhecer os processos criativos dos artistas e descobrir os encontros, surpresas e transformações que acontecem entre os espetáculos.

Through interviews, reports, chronicles and critiques, Ponto Digital expresses the voices of curators, thinkers, artists and audiences who make up the Biennial. That is the opportunity to extend the experience of the event and listen to the stories, learn about the artists’ creative processes and find out the meetings, surprises and transformations that occur between the performances.

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Locais Locations

Sesc Campinas

Rua Dom José I, 270/333 | Bonfim Tel. (19) 3737 1500

Referência em atividades físico-esportivas e culturais, o Sesc começou a atuar em Campinas em 1948. A sede, uma das primeiras criadas no interior de São Paulo, tem um prédio moderno que abriga quadras, piscinas e um dos poucos teatros da cidade. No começo, o local oferecia serviços de assistência social mais convencionais, mas, com o passar do tempo, uma nova concepção de trabalho social foi criada e desenvolvida. Baseada no conceito de educação não formal por meio de atividades físico-esportivas, artísticas e de lazer, a nova concepção de assistência social se tornou modelo no Brasil e em outros países. Em 1998, o prédio foi desocupado para uma reforma que o modificou por completo e, em 2001, a unidade foi reinaugurada. No ano de 2006, foram adquiridos os galpões, que foram reformados e reabertos em 2011. A reference in physical, sports, and cultural activities, Sesc started operating in Campinas in 1948. The headquarters, one of the first created in the countryside of the state of São Paulo, has a modern building that houses sports courts, swimming pools and one of the few theaters in the city. At first, the place offered more general welfare services, but over time, a new conception of social work was created and developed. Based on the concept of non-formal education through physical, sports, artistic, and leisure activities, the new notion of welfare became a model in Brazil and other countries. In 1998, the building underwent a renovation that completely changed it, and in 2001 the unit was reopened. In 2006, the warehouses were purchased, which were renovated and reopened in 2011.

Casa de Vidro

Avenida Dr. Heitor Penteado, 2.145 | Lago do Café Tel. (19) 3231 3387

Bienal Sesc de Dança Informações Information

O centro multicultural foi inaugurado em 2017. Sua arquitetura imponente em concreto e vidro está instalada em um espaço de cerca de 1,5 mil metros quadrados. O prédio, que já foi sede do antigo Instituto Brasileiro do Café, da Secretaria de Cultura, Esportes e Turismo de Campinas e do Arquivo Municipal, foi desenhado pelo arquiteto Roberto José Goulart Tibau. Espetáculos de dança, exibição de filmes, debates e exposições são algumas das atrações culturais do local, que também recebe mostras temáticas do acervo do Museu da Cidade. The multicultural center was opened in 2017. Its imposing concrete and glass architecture is located in a space of around 1,500 square meters. The building, which was once the headquarters of the former Brazilian Coffee Institute, of the Department of Culture, Sports and Tourism of the city if Campinas, and the Municipal Archive, was designed by the architect Roberto José Goulart Tibau (1924-2003). Dance shows, movies, debates, and exhibitions are some of its cultural attractions. The site also receives thematic exhibitions of Museu da Cidade (Museum of the City) archive.

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Centro de Convivência Cultural Praça Imprensa Fluminense s/n | Cambuí

Projetado em 1968 pelo arquiteto paulista Fábio Penteado, se tornou um marco arquitetônico campineiro. Criado como um polo de convívio, o complexo, que passa por reformas e por um processo de revitalização, recebe diversas atividades culturais. Sua área de cerca de 6 mil metros quadrados é formada pelo Teatro de Arena Teotônio Vilela, pelas salas Carlos Gomes e Luís Otávio Burnier e pelas galerias Aldo Cardarelli, Bernardo Caro e C. Designed in 1968 by the architect from Campinas Fábio Penteado (19292011), it became the city’s architectural landmark. Created as a social center, the complex, which is going through renovations and a revitalization process, hosts several cultural activities. Its 6,000-square meter area comprises the Teotônio Vilela Arena Theater, Carlos Gomes and Luís Otávio Burnier rooms and Aldo Cardarelli, Bernardo Caro and C. galleries.

Cis Guanabara | Armazém/ Gare Rua Mário Siqueira, 829 | Botafogo Tel. (19) 3233 7801

Criado em 2006, o Centro Cultural de Inclusão e Interação Social é mantido pela Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários da Unicamp. Localizado no prédio da antiga Estação Guanabara, é um espaço público tombado como patrimônio histórico e cultural de Campinas. Suas atividades, autônomas e vinculadas à universidade, são voltadas ao desenvolvimento de projetos de lazer, educação e cultura. Created in 2006, the Cultural Center of Inclusion and Social Interaction is run by the Dean’s Office of Extension and Community Affairs of Unicamp. Located in the building of the former Guanabara Station, it is a public space listed as historical and cultural heritage of Campinas. Its activities, independent and associated with the university, are focused on the development of leisure, education, and cultural projects.

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Locais Locations

Estação Cultura

Praça Marechal Floriano Peixoto, s/n | Centro (entrada de público) Rua Francisco Teodoro, 1.050 | Centro (estacionamento) Tel. (19) 3705 8000

Estação Cultura, Estação Fepasa ou Estação Central são os diversos nomes desta antiga estação ferroviária de Campinas, inaugurada em 1872. Símbolo da cidade, sua construção, realizada por intermédio da Cia. Paulista de Estradas de Ferro, marca o início do desenvolvimento ferroviário do país. Ainda no século XIX, passou por diversas reformas e reparações. Atualmente, além de ponto turístico, é um espaço cultural plural, com estrutura composta de auditório, salas multiúso, galerias e espaços a céu aberto. Estação Cultura, Estação Fepasa or Estação Central (Cultural Station, Fepasa Station or Central Station) are the various names of this old Campinas railway station, opened in 1872. Being a symbol of the city, its construction, built by Cia. Paulista de Estradas de Ferro sets the beginning of the country’s railway development. Back in the nineteenth century, it underwent several renovations and repairs. Today, besides being a tourist sight, it is a plural cultural space, with a structure comprising an auditorium, multipurpose rooms, galleries, and open spaces.

Largo do Rosário

Largo do Rosário, s/n | Centro

A Praça Visconde de Indaiatuba, popularmente conhecida como Largo do Rosário, é um referencial urbano muito apreciado pela população campineira. Mesmo tendo passado por sucessivas reformas, segue sendo um importante palco de manifestações políticas, sociais e culturais. Sua vocação cívica vem de tempos atrás: cavalhadas e solenidades públicas foram realizadas ali para homenagear o imperador Dom Pedro II em suas visitas a Campinas nos anos 1800.

Bienal Sesc de Dança Informações Information

Praça Visconde de Indaiatuba (Visconde de Indaiatuba Square), popularly known as Largo do Rosário, is an urban reference greatly appreciated by the people of Campinas. In spite of its successive renovations, it is still an important stage for political, social and cultural manifestations. Its civic mission dates back a very long time: “Cavalhada” parties and public ceremonies were held there to honor the emperor Dom Pedro II in his visits to Campinas in the 1800s.

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Museu da Cidade

Avenida Andrade Neves, 33 | Centro Tel. (19) 3231 3387

Criado em 1992, é fruto da fusão entre os museus Histórico, do Índio e do Folclore, que funcionavam no Bosque dos Jequitibás e foram desativados. Além do acervo das três instituições, o local conta com cursos, oficinas, seminários, espetáculos e exposições temporárias. O museu funciona no antigo edifício da empresa Lidgerwood Manufacturing & Co., exemplar da industrialização propiciada pela economia cafeeira. Created in 1992, it is the result of the merge between the Historical, Indian, and Folklore museums that were located at the Jequitibás Woods and were deactivated. In addition to these three institutions archive, the Museum holds courses, workshops, seminars, shows, and temporary exhibitions. The museum is now in the former building of Lidgerwood Manufacturing & Co., a model of the industrialization provided by the coffee economy.

Praça Carlos Gomes

Avenida Irmã Serafina, s/n | Centro

Seu nome é uma homenagem ao maestro e compositor campineiro Carlos Gomes. Espaço de concentração popular, a praça é famosa por seu tradicional coreto e por sua área verde bucólica com bancos e palmeiras imperiais de mais de cem anos de história. O jardim também conta com dois monumentos, um para o jurista Rui Barbosa e outro para o médico Thomas Alves. Its name honors Carlos Gomes, the maestro and lyric composer from Campinas. Space of popular gathering, the square is famous for its traditional bandstand and its bucolic green area with benches and imperial palm trees with over one hundred years history. The garden also has two monuments, one in honor of the lawyer Rui Barbosa and one of the doctor Thomas Alves.

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Locais Locations

Praça Rui Barbosa

Rua 13 de maio, s/n | Centro

É conhecida na região por seu intenso comércio e por abrigar diversas iniciativas culturais, como espetáculos de teatro, dança e música. Construída no ano de 1920 em homenagem ao jurista Rui Barbosa, a praça já abrigou o Teatro Municipal, inaugurado em 1930 e demolido nos anos 1960. It is known in the region for its intense commerce and for hosting several cultural initiatives, such as theater, dance and music shows. The square was built in 1920 in honor of the lawyer Rui Barbosa, and once housed the Municipal Theater, opened in 1930 and demolished in the 1960s.

Teatro Castro Mendes

Rua Conselheiro Gomide, 62 | Vila Industrial Tel. (19) 3272 9359

Importante aparato cultural de Campinas, funciona no prédio do antigo cinema da Vila Industrial, o Cine Casablanca. Reinaugurado em dezembro de 2012, já sediou grandes eventos nacionais e estrangeiros, como espetáculos teatrais, óperas e coreografias de companhias de balé conceituadas. Sua estrutura de palco italiano comporta 760 pessoas na plateia. Important cultural apparatus of Campinas, it is housed in the building of the former cinema of Vila Industrial, Cine Casablanca. Reopened in December 2012, it has hosted major national and foreign events, such as theatrical performances, operas, and choreographies by renowned ballet companies. Its Italian stage structure holds 760 people in the audience.

Bienal Sesc de Dança Informações Information

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Terminal Rodoviário de Campinas Rua Pereira Lima, 60/140 | Vila Industrial Tel. (19) 3731 2930

É o segundo maior terminal rodoviário do estado de São Paulo. Inaugurado em 2008 numa área de 70 mil metros quadrados, conta com linhas intermunicipais e interestaduais que atendem a milhares de pessoas. Substituiu a antiga Estação Rodoviária Dr. Barbosa de Barros, que diante do crescimento da cidade não conseguiu atender à demanda da população que utilizava o transporte público. It is the second-largest bus station in the state of São Paulo. Opened in 2008 in an area of 70 thousand square meters, it has interstate and inter-municipal lines that serve thousands of people. It replaced the former Bus Station Dr. Barbosa de Barros, which, in the face of the city’s growth, could not meet the demand of the population using public transportation.

Unicamp | Casa do Lago

Cidade Universitária Zeferino Vaz, s/n | Barão Geraldo Tel. (19) 3521 7000

Fundada em 1966, a Universidade Estadual de Campinas se consolidou como uma das mais importantes instituições de ensino do Brasil, sendo responsável por 15% das pesquisas acadêmicas do país. Sua política estudantil é autônoma, embora subordinada ao Governo de Estado de São Paulo e a instituições de ensino nacionais e estrangeiras que fornecem seus principais recursos financeiros. No passado, o local onde está instalado o campus, que carrega o nome de seu fundador, Zeferino Vaz, era ocupado por cafezais e canaviais. Sua estrutura conta com espaços como a Casa do Lago, órgão da Diretoria de Cultura, da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura, da Unicamp, que tem a missão de estimular produções artísticas e culturais e projetos de extensão da comunidade universitária. Founded in 1966, the State University of Campinas has established as one of the most prestigious educational institutions in Brazil, accounting for 15% of the country’s academic research. Its student policy is independent, although subject to the State Government of São Paulo and to national and foreign educational institutions, which provide their primary financial resources. In the past, the space where the campus is located, named after its founder, Zeferino Vaz, was occupied by coffee plantations and sugarcane fields. The structure has areas such as Casa do Lago, a body of the Directorate of Culture, which is part of the Dean’s Office of Extension and Culture of the university. Its mission is to encourage artistic, cultural, and extension projects of the university community.

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Sobre o Sesc About Sesc Bienal Sesc de Dança Informações Information

Mantido pelos empresários do comércio de bens, turismo e serviços, o Sesc – Serviço Social do Comércio é uma instituição privada que tem como objetivo proporcionar o bem-estar e a qualidade de vida aos trabalhadores destes setores e suas famílias. Sua base conceitual é a Carta da Paz Social e sua ação é fruto de um sólido projeto cultural e educativo que trouxe, desde sua criação, em 1946, a marca da inovação e da transformação social. Ao longo de sua história, o Sesc inovou ao introduzir novos modelos de ação cultural e sublinhou a educação como pressuposto para a transformação social. A concretização desse propósito deu-se por uma intensa atuação no campo da cultura e suas diferentes manifestações, destinadas a diferentes públicos, em diversas faixas etárias e variados estratos sociais. Isso significa oferecer uma grande diversidade de eventos e, efetivamente, contribuir para experiências mais duradouras e significativas. No estado de São Paulo, o Sesc conta com uma rede de 44 unidades, em sua maioria centros destinados à cultura, ao esporte, à saúde e à alimentação, ao desenvolvimento infantojuvenil, à terceira idade, ao turismo social e demais áreas de atuação. Este patrimônio forma um conjunto arquitetônico de múltiplas linguagens e influências, constituído a partir da contribuição de nomes como Lina Bo Bardi, autora do Sesc Pompeia, e Paulo Mendes da Rocha, responsável pelo Sesc 24 de Maio. A presença da instituição no estado de São Paulo se expande, ainda, para além das cidades nas quais estão instalados seus equipamentos socioculturais. Ruas, praças, parques e outros espaços são ocupados com atividades culturais e esportivas; e toneladas

de alimentos, fornecidos por empresas doadoras, são distribuídas a instituições sociais por meio do projeto Mesa Brasil. Para além, há o Circuito Sesc de Artes e o Dia do Desafio, realizados em parceria com prefeituras e sindicatos do comércio locais. O Sesc desenvolve, assim, uma ação de educação não formal e permanente, com o intuito de valorizar seus públicosw ao estimular a autonomia pessoal, a interação e o contato com expressões e modos diversos de pensar, agir e sentir. Credencial Plena A Credencial Plena dá acesso aos serviços e programações do Sesc. Os empregados com registro em carteira profissional, funcionários temporários, estagiários, desempregados há até 12 meses e os que se aposentaram no comércio, serviço e turismo podem fazer a Credencial Plena e incluir como dependentes: – Cônjuge; – Pais, padrastos e avós; – Filhos, enteados, netos e tutelados até 21 anos. O credenciamento é gratuito e tem validade de até dois anos, podendo ser utilizado nas unidades do Sesc em todo território nacional. Mais informações: sescsp.org.br/credencialplena

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Sesc – Social Service of Commerce is a private institution supported by entrepreneurs from the trade of goods, tourism and services. Inspired by concepts from the Carta da Paz Social [Letter for Social Peace], it aims to provide well-being and quality of life to professionals working in these sectors and their family members. Sesc’s initiatives stem from a solid cultural and educational project that has borne the mark of innovation and social transformation since it was established in 1946. Throughout its more than 70 years, Sesc has been innovating by introducing new models of cultural action and underscoring education as a basic tenet for social transformation. It has been fulfilling its purpose through concentrated efforts in the field of culture and its many forms of expression, reaching audiences that span all age groups and social strata. That means offering a wide variety of activities and making an effective contribution to more long-lasting and meaningful experiences. The network of Sesc in the state of São Paulo includes 44 units, most of them dedicated to culture, sports, health and food, children and youth development, senior citizens and social tourism, among others. The venues feature different architectural styles and influences and were conceived in collaboration with renowned architects, such as Lina Bo Bardi and Paulo Mendes da Rocha, who designed Sesc Pompeia and Sesc 24 de Maio, respectively. The reach of the organization in the state of São Paulo extends well beyond city facilities dedicated to social and cultural activities. Cultural and sports initiatives occupy streets, squares, parks and other spaces, and tons of food, provided by donor businesses, are handed out to social organizations through Mesa

Brasil [Brazil Table] project. Besides, there are Circuito Sesc de Artes [Sesc Art Circuit] and Dia do Desafio [Challenge Day], held in partnership with city halls and local trade unions. Sesc ongoing and non-formal education initiatives aim to foster the development of its many different audiences by encouraging their autonomy, and contact and interaction with different forms of expressions, ways of thinking, acting and feeling. Full Credential The Full Credential gives you access to Sesc services and events. Employees with a professional card, temwporary employees, trainees, unemployed for up to 12 months and those who retire in the goods trade, services, and tourism sectors can apply for Full Credential and include as dependents: – Spouse; – Parents, stepparents, and grandparents; – Children, stepchildren, grandchildren, and tutored children up to 21 years. The credential is free and valid for up to two years and can be used in all Sesc units in the national territory. More information at: sescsp.org.br/credencialplena

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Grade de Progranação Schedule

Locais

12 Quinta

Sesc Teatro Galpão

20h Dancing Grandmothers [Avós Dançantes]

Ginásio

13 Sexta

14 Sábado

20h  Canto dos Malditos

20h  Canto dos Malditos

21h30 Dancing Grandmothers [Avós Dançantes]

21h30 Strip Tempo – Stripteases Contemporâneos Volume 1

20h30 Fim

20h30 Fim

15 Domingo

16  Segunda

17

2 20h30 Strip Tempo – Stripteases Contemporâneos Volume 2

18 2

Espaço Arena Sala Múltiplo Uso 2

19h  Boas Garotas

Convivência

18h  Boas Garotas

10h às 19h  Trabalho Normal

Teatro Castro Mendes

20h30 Happy Island [Ilha Feliz]

19

10h às 19h  Trabalho Normal

10 T

11h e 16h Dentro

11

18h  Happy Island [Ilha Feliz]

Estação Cultura Unicamp Casa do Lago CIS Guanabara  |  Armazém Sala Branca Sala Preta

20h  Procedimento 2 para Lugar Nenhum

20h  Procedimento 2 para Lugar Nenhum

CIS Guanabara | Gare

2

17h  A Vida Enorme

Centro de Convivência

11h  Tudo que Passa e Fica

11h  Tudo que Passa e Fica

Praça Rui Barbosa

Bienal Sesc de Dança Informações Information

Largo do Rosário

Praça Carlos Gomes

11h  Rir – Intervenção Segundo Movimento

11h  Rir – Intervenção Segundo Movimento 11h Supernada EP01 [para crianças]

16

11h Supernada EP01 [para crianças]

Terminal Rodoviário Museu da Cidade

170

Espetáculos  Performances

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15 Domingo

16  Segunda

17  Terça

18  Quarta

19  Quinta

20  Sexta

21  Sábado

22 Domingo

20h Só

20h Só

20h violento.

20h violento.

20h  A Boba

19h  A Boba

21h30 Every Body Eletric [Corpos Elétricos]

21h30 Every Body Eletric [Corpos Elétricos]

21h30 Eclipse: Mundo

20h30 Eclipse: Mundo

20h30  A Invenção da Maldade

20h30 Égua

19h30 Égua

21h30 Bando: Dança que Ninguém Quer Ver

21h30 Bando: Dança que Ninguém Quer Ver

19h  Sismos e Volts

19h  Peso Bruto

18h  Peso Bruto

20h30 Strip Tempo – Stripteases Contemporâneos Volume 2 18h Trrr 21h30 Trrr

18h Boas Garotas

10h às 19h Trabalho Normal

10h às 19h  Trabalho Normal

19h Sumo

19h Sumo

19h  Sismos e Voltsa

10h às 19h  Trabalho Normal

10h às 19h  Trabalho Normal

10h às 19h  Trabalho Normal

9h30 às 18h Quem Segue as Setas [para crianças]

9h30 às 18h Quem Segue as Setas [para crianças]

20h30 ACTO3/  Avasallar/Trilogía Antropofágica [Ato 3/ Arrasar/ Trilogia Antropofágica]

20h30 ACTO3/  Avasallar/Trilogía Antropofágica [Ato 3/ Arrasar/ Trilogia Antropofágica]

20h30 Normal

20h30 Normal

14h aCORdo

14h aCORdo

18h30 Eu Sou uma Fruta Gogoia, em Tendência Não Binária

18h30 Eu Sou uma Fruta Gogoia, em Tendência Não Binária

18h Happy Island [Ilha Feliz]

11h e 16h Dentro

20h30  A Invenção da Maldade

11h e 16h Dentro

20h Daimón

11h e 16h Dentro

17h  Bola de Fogo

17h  De Carne e Concreto – Uma Instalação Coreográfica

17h  De Carne e Concreto – Uma Instalação Coreográfica

18h30 Z

18h30 Z

20h Daimón

17h  Bola de Fogo

20h  Deixa Arder

20h  Deixa Arder

17h A Vida Enorme 11h Tudo que Passa e Fica 11h Monumentos em Ação 16h Arrastão

11h Monumentos em Ação

16h Arrastão

11h Supernada EP01 [para crianças] 14h Escuta!

14h Escuta!

19h30 Cancioneiro Terminal

19h30 Cancioneiro Terminal

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Grade de Progranação Schedule

Locais

11  Quarta

12  Quinta

13  Sexta

14 Sábado

Sesc Teatro

16 Segunda

17h às 19h  Voz Sem Medo

16h30 às 18h30 Escuro | Leonardo França e Lia Cunha

1

9 A D [ A P

9h às 21h  Alignigung No.2/Debut, São Paulo [Alignigung Nº 2/ Abertura, São Paulo]

9h30 às 18h  Alignigung No.2/Debut, São Paulo [Alignigung Nº 2/ Abertura, São Paulo]

9h30 às 18h  Alignigung No.2/ Debut, São Paulo [Alignigung Nº 2/ Abertura, São Paulo]

Espaço Arena

14h às 16h  Reinvenções de Si

14h às 16h  Práticas de Encantamento

14h às 16h  Terreno de Confabulações

14h às 16h Dramaturgia na Dança – Práticas e Perspectivas Contemporâneas

1 J 1 F u F U

Foyer do Teatro

VIDEODANÇA 9h às 19h30  Encruzidança Mostra Grua profanAÇÃO SobreTudo

VIDEODANÇA 9h30 às 18h  Encruzidança Mostra Grua profanAÇÃO SobreTudo

VIDEODANÇA 9h30 às 18h  Encruzidança Mostra Grua profanAÇÃO SobreTudo

VIDEODANÇA 9h às 19h30 Encruzidança Mostra Grua profanAÇÃO SobreTudo

V 9 E M p S

10h30 às 13h  Dancing Grandmothers – Para Terceira Idade

10h30 às 13h  Técnica da Companhia Eun-Me Ahn 10h às 14h Dança da Indignação

1 D I 1 S [ e

Alignigung No.2/Debut, São Paulo [Alignigung Nº 2/ Abertura, São Paulo]

Galpão

Mezanino do Galpão

10h às 14h  Dança da Indignação

Sala Corpo e Arte

22h30  Baile Contemporâneo de Dança de Salão

Convivência

2 D R R M A

22h30  Baile da Massa Real Convida Mel

18h30  O Banho

CIS Guanabara | Armazem Sala branca

Bienal Sesc de Dança Informações Information

172

15  Domingo

18h30  O Banho

1 C a

Teatro Castro Mendes 15h às 19h  Monumentos em Ação

15h às 19h  Monumentos em Ação

Terminal Rodoviário

16h às 18h  Fricção #5

16h às 18h  Fricção #5

Casa de Vidro

17h  Autopoiese

17h  Autopoiese

Praça Rui Barbosa

15h às 19h  Monumentos em Ação

15h às 19h  Monumentos em Ação

15h às 19h  Monumentos em Ação

15h às 19h Monumentos em Ação

1

Instalações  Ações Formativas  Pontos de Encontro

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1 M e

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a,

A

o

e

15  Domingo

16  Segunda

17h às 19h  Voz Sem Medo

16h30 às 18h30  Escuro | Leonardo França e Lia Cunha

9h30 às 18h  Alignigung No.2/ Debut, São Paulo [Alignigung Nº 2/ Abertura, São Paulo]

17  Terça

18  Quarta

19  Quinta

20  Sexta

21  Sábado

22 Domingo

9h às 21h  Alignigung No.2/ Debut, São Paulo [Alignigung Nº 2/ Abertura, São Paulo]

9h às 21h  Alignigung No.2/ Debut, São Paulo [Alignigung Nº 2/ Abertura, São Paulo]

9h às 21h  Alignigung No.2/ Debut, São Paulo [Alignigung Nº 2/ Abertura, São Paulo]

9h às 21h  Alignigung No.2/ Debut, São Paulo [Alignigung Nº 2/ Abertura, São Paulo]

9h30 às 18h  Alignigung No.2/ Debut, São Paulo [Alignigung Nº 2/ Abertura, São Paulo]

9h30 às 18h  Alignigung No.2/ Debut, São Paulo [Alignigung Nº 2/ Abertura, São Paulo]

14h às 16h  Terreno de Confabulações

14h às 16h  Dramaturgia na Dança – Práticas e Perspectivas Contemporâneas

14h às 16h  Jogo de Corpo 16h  Fragmentos de uma Encruzilhada | Fragmento Urbano

14h às 16h  Memórias de Futuro 16h  Historiografia da Dança – Teorias e Métodos | Rafael Guarato

VIDEODANÇA 9h30 às 18h  Encruzidança Mostra Grua profanAÇÃO SobreTudo

VIDEODANÇA 9h às 19h30  Encruzidança Mostra Grua profanAÇÃO SobreTudo

VIDEODANÇA 9h às 19h30  Encruzidança Mostra Grua profanAÇÃO SobreTudo

VIDEODANÇA 9h às 19h30  Encruzidança Mostra Grua profanAÇÃO SobreTudo

VIDEODANÇA 9h às 19h30  Encruzidança Mostra Grua profanAÇÃO SobreTudo

10h às 14h  Dança da Indignação

10h às 14h  Dança da Indignação 19h Superpoderes [para educadores e artistas]

10h às 14h  Dança da Indignação 19h  Superpoderes [para educadores e artistas]

10h às 14h  Dança da Indignação 19h  Superpoderes [para educadores e artistas]

22h30  Diáspora em Resistência – Ritmos, Sons e Movimentos para Além do Carnaval

22h30  Rakta e Tom Monteiro

22h30  Rito de Passá

16h às 18h  Estado de Crítica: Microsseminário de Crítica 22h30  Santo Forte

22h30  Festa Amem

10h às 16h  Compartilhando a Vida Enorme

10h às 16h  Compartilhando a Vida Enorme

10h às 16h  Compartilhando a Vida Enorme

10h às 16h  Compartilhando a Vida Enorme

14h às 18h  Percepção Física e Composição Generativa

14h às 18h  Legados, Genealogias e Aprendizagens: Mercedes Batista em Foco

VIDEODANÇA 9h às 19h30  Encruzidança Mostra Grua profanAÇÃO SobreTudo

VIDEODANÇA 9h30 às 18h  Encruzidança Mostra Grua profanAÇÃO SobreTudo

VIDEODANÇA 9h30 às 18h  Encruzidança Mostra Grua profanAÇÃO SobreTudo

10h  Superpoderes [para crianças]

10h  Superpoderes [para crianças]

10h30 às 13h  Técnica da Companhia Eun-Me Ahn 10h às 14h  Dança da Indignação

18h30  O Banho

15h às 19h  Monumentos em Ação

15h às 19h  Monumentos em Ação

14h às 18h  Percepção Física e Composição Generativa

10h às 19h  Monumentos em Ação

17h  O Peixe

17h  O Peixe

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SESC – SERVIÇO SOCIAL DO COMÉRCIO Administração Regional no Estado de São Paulo [Regional Administration of São Paulo State] Presidente do Conselho Regional [Chairman of The Regional Council] Abram Szajman Diretor do Departamento Regional [Regional Department Director] Danilo Santos de Miranda Superintendentes [Assistant Directors] Técnico-social [Social Technician] Joel Naimayer Padula Comunicação Social [Social Communication] Ivan Paulo Giannini Administração [Administration] Luiz Deoclécio Massaro Galina Assessoria Técnica e de Planejamento [Technical and Planning Consultancy] Sérgio José Battistelli Gerentes [Managers] Ação Cultural [Cultural Action] Rosana Paulo da Cunha Alimentação e Segurança Alimentar [Nutrition and Food Safety] Márcia Aparecida Bonetti Agostinho Sumares Artes Visuais e Tecnologia [Visual Arts and Technology] Juliana Braga de Mattos Estudos e Desenvolvimento [Studies and Development] Marta Raquel Colabone Artes Gráficas [Graphic Design] Hélcio Magalhães Atendimento e Relacionamento com Públicos [Public Relations] Milton Soares de Souza Centro de Produção Audiovisual [Audiovisual Production Center] Silvana Morales Nunes Desenvolvimento de Produtos [Products Development] Évelim Moraes Difusão e Promoção [Publicity and Promotion] Marcos Ribeiro de Carvalho Sesc Digital e SescTV [Digital Sesc and SescTV] Gilberto Paschoal Administração de Pessoas [People Management] Roberto Duarte Pera Conformidade Institucional [Institutional Compliance] Jackson Andrade de Matos Contratações e Logística [Hiring and Logistics] Adriana Mathias

Desenvolvimento de Pessoas [People Development] Cecília Camargo Maman Pasteur Finanças [Finance] José Augusto Paula Marques Licitações [Biddings] Márcia Mitter Patrimônio e Serviços [Property and Services] Nelson Soares da Fonseca Tecnologia da Informação [Technology and Computing] Sérgio Lugan Rizzon Engenharia e Infraestrutura [Engineering and Infrastructure] Amilcar João Gay Filho Assessoria de Imprensa [Press Relations] Ana Lúcia de La Vega Assessoria e Relações Internacionais [International Affairs] Aurea Leszczynski Vieira Gonçalves Assessoria Jurídica [Legal Advisor] Carla Bertucci Barbieri Sesc Campinas Hideki Yoshimoto BIENAL SESC DE DANÇA 2019 Coordenação Geral [General Coordination] Hideki Yoshimoto Coordenação Executiva [Executive Coordination] Camila Machado, Fabrício Floro e Thiago Aoki Curadoria Ações Cênicas [Curatorship of Performes] Cristian Duarte, Fabrício Floro, Silvana Santos e Thiago Aoki Curadoria Ações Formativas [Curatorship of Learning Actions] Fabrício Floro, Luciane Ramos-Silva, Rita Aquino e Thiago Aoki Produção de Programação e Ação Educativa [Programming Production and Educational Action] Daniela Scopin, Felipe Diniz e Mauricio Ricci Supervisão de Espaços [Venues Supervision] Ana Carolina Massagardi, Ana Emilia Ferreira, Ane Rocha, Camila Tavares, Carolina Reis, Cássio Quitério, Christine Villa, Cleber Rocha, Cristina Moraes, Daniel Figueira, Diego Fernandez, Diego Valladares, Fabiano Mastrodi, Fernanda Silvestre, Gabriella Rancan, Julio Cesar Pompeo, Lilian Camilo, Marcelo Paulino, Maria Eduarda Kalil, Patrícia Piazzo, Perola Lozano, Priscila Modanesi, Rejana Nogueira, Silvio Luiz da Silva e Valéria Taveiros Relações Internacionais [International Affairs] Ana Dias, Heloisa Pisani e Marina Gomes

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Horizontal Horizontal--curta curta Produção de Espaços [Venues Production] Hideki Matsuka, José Eduardo da Silva Ruiz, Michael Ahrens, Tatiana Borges e Vanessa Ogawa

Apoio Apoio Apoio

Alimentação [Nutrition] Lilian Rocha, Márcia Drabek, Priscila Vellone e Sibele Gioiosa Compras e Contratações [Purchasing and Contracts] Alexandre Porto, Ana Cláudia Pierrotti, Denise Ventura, Gisela Siqueira, José Eduardo M. de Oliveira, Karina do Nascimento Julião, Renata Corizola, Sheila Andriani e Ticiana Parisi

Realização Realização

Desenvolvimento de Produtos [Products Development] Francisco Manoel Santinho Atendimento [Attendance] André Videira, Giovana Rocha, Rose Leal, Samara Baptista e Viviane Lemos

Realização

Difusão e Imprensa [Distribution and Press] Aline Ribenboim, Andreia Dorta, Daniel Tonus, Fernanda Borges, José Junior, Renato Perez de Castro, Tamara Demuner e Viviane Trindade Internet e Mídias Sociais [Internet and Social Media] Alisson Sbrana, Brenda Amaral, Cristiane Komesu, Erica Georgino, Fernando Bisan, Leandro Nunes e Malu Maia Programação SescTV [SescTV Programming] Sidênia Freire Edição e Produção Textual [Text Editing and Production] Gabriel dal Bó (Adb Traduções), Mariana Marinho e Samantha Arana Assessoria de Imprensa [Press Office] Nossa Senhora da Pauta Assessoria de Comunicação – Frederico Paula Artes Gráficas [Graphic Design] César Albornoz, Comjazz, Márcio Rogério Rocha, Rogério Ianelli e Thais Franco Identidade Visual e Design Gráfico [Visual Identity and Graphic Design] ps.2 arquitetura + design/ Fábio Prata, Flávia Nalon, Barbara Cutlak, Claudio Luiz, Cristina Gu e Gabriela Luchetta Ambientação Urbana [Urban Adaptation] Estudio Wy e Studio Márcio Medina Produção Audiovisual [Audiovisual Production] Ana Cristina Pinho, Analu Buchmann, André Queiroz, Christi Lafalce, Daniel Fernandes e Joana Eça de Queiroz Filme da Campanha [Campaign Film] Naira Mattia (Fotografia | Photography) Olívia Lang (Direção Audiovisual | Audiovisual Direction)Vitor Kisil (Triha Sonora | Sound Track) Adriana Couto (Locução | Voiceover) Karlla Girotto (Figurino | Costume) Gal Martins, Helio Feitosa, Loïc Koutana, Raul Rachou e Valentina Luz (Elenco | Cast)

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Este catálogo foi composto em Grot10, impresso em papel Gardapat Kiara pela Gráfica Ipsis, em setembro de 2019.

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B4768 Bienal Sesc de Dança: 2019/ Serviço Social do Comércio - Administração Regional no Estado de São Paulo. – São Paulo: Sesc São Paulo, n.11, 12–22 Setembro. 2019 – . 176 p.: il. fotografias. bilíngue (Português/inglês). – ISSN: 2176-6010 11 1. Dança. 2. Dança contemporânea. 3. Brasil. 4. Bienal Sesc de Dança. I. Título. II. Serviço Social do Comércio - Administração Regional no Estado de São Paulo. III. SESC. IV. Universidade de Campinas (UNICAMP). CDD 750

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