Catálogo Horizonte das Artes Visuais

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Natal, 20 de agosto de 2015.

Os Fazeres da Sensibilidade A arte hoje, a literatura, a poesia, os romances e ensaios, os fazeres da sensibilidade fazem parte do patrimônio da humanidade, sem fronteiras e sem regionalismos, vão além das casualidades orteguianas: é uma conquista da alma. Diz o grande poeta Donne: “nenhum homem é uma ilha”. Este conceito eleva em níveis e valores, onde aconteça a possibilidade da cultura. A abrangência dessa atividade e a visão crítica da cultura vem confirmar a necessidade, sempre, de exercitar, principalmente a arte hoje no sentido mais global. Não só nas capitais dos estados mais também, nos municípios, especialmente em se tratando de Mossoró, sede constante de arte e teatro, palco de grandes eventos. A Sociedade Amigos da Pinacoteca, a Professora Isaura Rosado, minha filha Dione Caldas e Iaperi Araujo promovem 35 artistas mossoroenses em um passeio pelos horizontes da arte desde o pioneirismo de João da Escóssia até os nossos dias com andanças também por Natal e Brasília. Parabéns Mossoró! Parabens Natal! Parabens Brasília!

Dorian Gray Caldas artista plástico 3


horizonte histórico joão da escóssia (Mossoró, RN. 1873-1919).

Talvez seja de João da Escóssia o primeiro registro de um artista mossoroense. Existiram outros antes de 1873 ou nesse Período? Ainda não sabemos. Por enquanto, lembremos, com base em Lauro da Escóssia, publicado em Dorian Gray (As Vertentes Criativas da Gravura Brasileira, 2011, Coleção Cultura Potiguar, FJA). João da Escóssia era filho de Jeremias da Rocha Nogueira, advogado, político, liberal militante, fundador de O Mossoroense (1872) e seguiria seus passos no periódico pioneiro. “Aperfeiçoando-se na arte da xilogravura, João da Escóssia realizou o milagre da restauração da imprensa mossoroense” vindo a tornar-se também referência nas artes da cidade. Ilustrava semanalmente seu jornal com sua arte. “Ora ocupava-se de acontecimentos locais, de assuntos e vultos nacionais, e de temas mundiais”: Pio X, Leão XII, Victor Emanuel. D. Carlos, Prudente de Morais, Rodrigues Alves, Pedro II, Princesa Isabel, Rui Barbosa, Cristóvão Colombo, dentre outros, foram objeto do seu trabalho” rui barbosa, xigravura 11cm x 7cm acervo do museu lauro da escóssia

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manuelito Manuelito Pereira Benigno (Fortaleza CE, 1910- Mossoró, RN, 1980). Convidado por Augusto da Escóssia, Manuelito em 1933 transferiu-se para Mossoró por indicação da Aba Filme, para trabalhar no estabelecimento da família Escóssia. Em 1942, abriu seu próprio estúdio fotográfico. Dono de uma sensibilidade impar para captar imagens e luz, Manuelito documentou a cidade e sua transformação. Edificações, tipos populares, festas, autoridades, paisagens não escaparam às lentes de Manuelito. Casou-se e teve 4 filhos. Legou a Cidade um acervo de fotografias de 30 mil negativos que estão disponíveis no Museu Lauro Monte e é fonte de pesquisa para todos aqueles que buscam o ontem da capital cultural do RN. (Folder do Centro Mossoroense)

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marieta lima Marieta Lima de Medeiros (Mossoró, RN. 12.01.1912-05.01.2013). Marieta passou sua infância no Sitio Carmo, na histórica Casa Grande construída pelos Frades Carmelitas que catequizaram os índios Monxorós. Na década de 20, estudou no Colégio Sagrado Coração de Maria, recebendo de Irmã Inês a primeira influência artística. Aos 11 anos, estudou piano e, por ter as mãos pequenas, desistiu. Nos anos 30, já pintava óleo sobre tela nos moldes do clássico europeu. Foi precursora da pintura em Mossoró. Sua primeira tela, “A Madonna”, data de 1924, quando tinha apenas 12 anos de idade. A religiosidade e a natureza morta eram os seus temas preferidos. Trabalhou na restauração de imagens sacras e em tetos de igreja, daí ter usado macacões, fato inusitado para as mulheres à época. Casou-se em 1931, teve 4 filhos, dois dos quais também pintaram, Ivanilde Medeiros e Ivan Lima. Foi professora da Escola Normal nos anos 50. Pertenceu às Damas de Caridade, o que favoreceu o contato com as comunidades e o povo carente. Isso levou Marieta Lima a incluir as questões sociais e o nordeste

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o menino da esperança esfarrapada óleo sobre tela, 1986 48cm x 28cm acervo de sandra rosado

na sua arte. A caatinga, o vaqueiro, o amanhecer e o por do sol, a carnaúba, a pobreza. No seu ateliê foi professora de Boulier, Varela e Careca. Para aumentar a renda, confeitava bolos, cortava cabelo, decorava festas. Entre os anos 60 e 70, participou ativamente das campanhas políticas, foi “senadora” na década de Aluízio Alves. De suas obras espalhadas pelo país, temos noticia de: A Sagrada Família, A Menina na Janela, O Vaqueiro, As Fofoqueiras, Ardente, O Menino da Esperança Esfarrapada, A Grande Queimada, O Preto Velho, Os Carnaubais, As Caieiras, Lampião e Maria Bonita, obras que pertencem a acervos públicos e privados. Mesmo tendo perdido uma das visões, continuou pintando. Nos últimos anos de vida recebeu homenagens da cidade: uma sala na Estação das Artes e na Biblioteca Pública. Deu nome a uma cadeira da Academia de Letras e Artes. Faleceu aos 100 anos. (Jornal de Fato 08.01.2012).

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horizonte atual anabela Anabela Vicente Alexandre (Angola, 1948-2015, Natal). Nasceu em Lobito, Angola, em 20/09. Portuguesa, viveu no Brasil durante grande parte da sua vida. Era advogada e artista plástica. Aqui, viveu em Recife (PE) e João Pessoa (PB), mas foi a cidade de Mossoró que adotou como berço, onde passou a melhor fase da sua vida. Casada com o advogado e jornalista Antônio Olímpio Rosado Maia, Anabela pintava por um impulso pessoal e criativo. Retratou a solidão, o amor maternal, a saudade de suas raízes, seus pais, a tempestade e as noites escuras. Faleceu em 08 de abril, aos 66 anos. Suas cinzas foram lançadas ao Atlântico, oceano que uniu os três mundos em que viveu sua existência: África, Europa e America. (Depoimento de Isaura Dalva, filha).

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mãe e filha na chuva óleo sobre tela, 1986 48cm x 28cm acervo da família


antônio francisco Antônio Francisco Teixeira de Melo (Mossoró, RN, 21.10.1949).

Poeta popular, cordelista, xilógrafo e compositor. Chega à literatura aos 46 anos, muito tardiamente, mas já considerado como um dos grandes poetas potiguares. De pronto, seu verso e seu texto despertaram interesse nos meios acadêmicos que estudam e analisam a leveza, o ritmo e a cadência da sua composição. Em 2006, tornou-se imortal da Academia Brasileira de Literatura de Cordel, ocupando a cadeira n. 15 que pertenceu a Patativa do Assaré. Antônio Francisco assina, já, uma larga produção literária. 9


ana selma Ana Selma Galvão (Mossoró, RN. 17.06). Considera-se uma cidadã da cultura brasileira, como ela mesma diz, apaixonada pela tradição indígena. Ao ”embrenhar-se” no mundo da escultura, das máscaras, dos vasos e gamelas, deparou-se com uma dificuldade que, enfim, transformou-se em aliada: não queria utilizar a madeira. Não queria ferir a natureza como declara. Que outro material usar? Papel! Isso mesmo! Fez um delicado processo de pesquisa sobre a transformação do papel e aprendeu como fazer papel machê e papietagem, criando inúmeras obras que já estão espalhadas pelo país e pelo mundo afora. Desenvolve projetos voltados para a cultura e sustentabilidade, com o apoio da Lei Djalma Maranhão e Banco do Nordeste, que permitem a realização de oficinas de arte ecológica em escolas da rede pública e privada. Realizou exposições individuais e coletivas no Brasil e no exterior. anaselmagalvao@hotmail.com

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escultura slim lampião 2013 papel machê e papietagem 27cm x 8cm


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ângela almeida Ângela Maria de Almeida (Mossoró, RN. 22.06.1956). Professora da Universidade Federal do RN, onde também cursou o doutorado em Ciências Sociais. Traz para a exposição “Horizontes das artes visuais” os vaqueiros que são de uma mesma família na região de Angicos-RN. Mesmo assim, podem ser vaqueiros de qualquer região do sertão, homens de qualquer lugar imaginário, porque são imagens que transitam entre o real e o fantástico, o mítico e o festivo, o lírico e o poético, a terra seca do sertão até o verde exuberante quando nela brota. Além disso, as obras fazem uma referência ao personagem Riobaldo do romance Grande Serão: Veredas, de João Guimarães Rosa. Site: angelaalmeida.com, Blog:sombradaoiticica.wordpress.com.br

riobaldos – homens imaginários III fotografia 39cm x 58cm

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bruno steinbah Bruno Steinbah Silva (João Pessoa, PB. 27.08.1958).

Neto de Alemães e Portugueses, filho de pai paraibano e mãe baiana. Dedicou-se, logo cedo, à pintura, como autodidata. Em 1976, realizou sua primeira exposição, na Galeria Pedro Américo, da UFPB. Em 1977, ganha o prêmio de melhor pintura na Coletiva Universitária de Artes Plásticas da Paraíba. Em 1978, realiza sua primeira mostra individual na Reitoria da UFPB, com desenhos e gravuras onde a temática social era um claro protesto contra o regime militar. Em 1998, expõe em Mossoró e em Natal, RN, na Capitania das Artes: Nômades, Amantes do Tempo, pintura erótica. Especialista na pintura a óleo/tela, Bruno é um artista estilisticamente nômade, percorrendo todos os lugares que a sua imaginação criadora permite, sempre buscando o aperfeiçoamento e novas técnicas, mostrando o esmero do seu requinte profissional, seja nos retratos ou nos quadros sensuais, nas paisagens ou nas naturezas mortas. Seu nome é citado em livros e há inúmeras reportagens sobre sua vida em revistas e jornais do Brasil. Os quadros de Steinbach adornam paredes sofisticadas da Europa, Estados Unidos e Canadá, integrando coleções particulares e públicas. Hoje reside em João Pessoa, Paraíba, onde possui ateliê de pintura e continua vivendo unicamente de sua arte, que mostra regularmente em viagens pelo Brasil. (Bruno Stheinbach fan pege). Contato: brunosteinbachsilva@gmail.com. os beduínos acrílica no durtex, 1998 1.22cm x 1.36cm acervo de isaura amélia

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boulier José Boulier Cavalcante Sidou (Mossoró, RN. 06.06.49 - 21.01.2000).

Riscava e coloria desde criança. Aos 18 anos foi encaminhado para a Escola de Belas Artes de SP e de lá voltou com aprovação do seu trabalho. Pintava, decorava clubes como o IPIRANGA, a ACDP e AABB. Um destaque para a decoração de carnaval que fez no prédio da NORSAL, quem viu ainda se recorda. Eram palhaços e mais palhaços lindíssimos. Foi aluno de Marieta Lima e confirmando a máxima culta que o saber é o único bem que não se perde ao se transmitir, foi professor de Vicente Vitoriano, Varela, Pedro e Paulo, mantendo vivo o fio condutor das artes plásticas da sua terra. No seu ateliê, em casa, dava aulas. Pintou painéis em paredes todos já desaparecidos. Grande folião, desfilava nos clubes e avenidas com suas próprias criações espetaculares e reluzentes. Foi referência e marcou a vida cultural da cidade enquanto viveu (depoimento de Laís Sidou, irmã).

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careca Carlos Antônio de Figueredo (Mossoró- 05.05.61). Artista plástico e escultor. Autodidata. Formado em Educação Física pela UERN e em Arquitetura pela UNP. Realizou mais de 100 exposições entre individuais e coletivas. Domina com maestria as tintas e as formas, dono de um estilo colorido e alegre que dá vida aos seus trabalhos, retratando a realidade que o circunda. Sua obra alude a temas da nordestinidade. Assim, pinta o seu lugar, expressando sentimentos universais.

quem é você? acrílico sobre papel cartão, 2015 20cm x 20cm

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ceiça pedrosa Maria da Conceição Pedrosa (Alexandria, RN. 1963). Em 1973 veio para Mossoró e anos depois se transferiu com a família para o Rio de Janeiro. Viveu, depois, em são Paulo por mais de 20 nos. Nesta trajetória, aprimorou seu talento natural pela arte contemporânea. Participou de várias exposições: Sousa PB, Circuito dos Bairros em SP, expôs na Praça da Liberdade, no Praça da Republica, Anhembi, Mossoró West Shopping, hotel Termas e outros espaços. Em Natal, na Galeria Newton Navarro e no Teatro de Cultura Popular.

urbano acrílica sobre tela 80cm x 80cm

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césar souza César Souza (Mossoró, RN).

César Souza, jovem pintor mossoroense de traço definido e elegante, tem uma vida toda de manuseio com pincéis e tintas. César é pintor de parede por profissão e artista por vocação. Atuante e engajado, participa ativamente do movimento cultural da sua cidade. Reconhecido pelos seus pares pela filigrana da sua arte, esmero das cores, inusitado dos motivos.

sentidos acrílica sobre tela 1.10cm x60cm

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clarissa torres (Natal, RN).

diva do mar mista sobre tela, 2005 80cm x 70cm

Formada pela UFRN. É especialista em artes em Campinas SP, onde se descobriu artista. Domina com maestria um estilo próprio, que chama de surrealismo pop ou realismo fantástico. Com passagem no Circo de Soleil, muito se utiliza deste cenário para suas PIN UPS, polvos e símbolos, criando uma atmosfera de quadrinhos. Jovem e madura, entusiasmada e apaixonada, Clarissa Torres integra um distinto grupo de artistas potiguares de vanguarda. Contato: clarifmt@gmail.com

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eduardo falcão Luiz Eduardo Lima Moura Falcão (Mossoró, 14.04.1969). Arquiteto por formação, desde 1997, respira todas as artes. Tem exercitado arquitetura temporária enquanto construção de cenários e palcos em momentos diversos. A Praça da Convivência, que assina, define um novo cenário na cidade. Calcada numa pesquisa histórica, recoloca antigos traços e estilos que aludem a um tempo passado, projetando um novo espaço de identidade e referência. Eduardo Falcão tem incursões na tapeçaria, colagem e pintura a óleo. Considera a arquitetura um universo especial das artes visuais e busca tempo para se dedicar a elas por inteiro, sempre esperando utilizar técnicas que imprimam razão e emoção nas suas criações. Segundo Eduardo, a arquitetura é a arte que cria os espaços para abrigar todas as artes e, em sendo ela mesma, a própria arte. (dados fornecidos pelo artista). juntando pedacinhos de papel de uma cidade maravilhosa II colagem de papel, 2015 90cm x 60cm

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escravo da arte Gilvan Almeida Vidal (Mossoró, RN, 30.04.66).

Escravo soube que era artista ainda menino. Nessa época pegava grandes parafusos da linha do trem, facas e estiletes na cozinha de sua mãe e os usava como martelo e formão, para fazer carrinhos e brinquedos. Por isso, era castigado. No dia seguinte, pegava de novo “seus instrumentos de trabalho” e recebia os mesmos castigos de sua mãe, assim sucessivamente. Desde ai, já sabia que era artista. Hoje, Escravo ocupa um lugar importante entre os artistas mossoroenses. Atuante, engajado, celebra, por iniciativa pessoal, há muitos anos, o dia da Consciência Negra. Artista de vários instrumentos e de vários materiais, Escravo é escultor, pintor, trabalha com taipa, cria e produz móveis.

São Vicente Escultura em Imburana, 2015 1.40cm x 60cm

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lampião. óleo sobre tela 74cm x 118cm acervo do museu lauro da escóssia

francisco jany Francisco Jany Tavares Rodrigues (Patu, RN, 05.05.1955). Muda-se com a família, nos anos 70, para Mossoró. Corina, sua mãe, diz que desde criança demonstrou uma habilidade diferenciada na criação e invenção de brinquedos: fazia carrinhos, parques de diversões com movimento, cheios de “calungas” sentados na roda-gigante, nos balanços de canoa, bem aos moldes dos parques de diversão do interior. Nessa época, já era procurado por vizinhos e amigos que encomendavam brinquedos ou pediam reparos em outros. Jany, acometido de meningite aos 4 anos, perde a fala. Aos 12, começa a pintar, inspirado na vida do campo: carroças, paisagens, animais da fazenda. Reconhecido como artista, passa a participar de exposições em Natal, Mossoró, São Paulo, Patu, ganhando prêmios. Suas obras estão com amigos, família e em espaços públicos, como o cangaceiro Lampião, prêmio aquisição da Prefeitura de Mossoró, aqui exposto, pertencente ao Museu Lauro da Escócia. Recluso e introspectivo, Jany não tem pintado nos últimos tempos. seus interesses se voltam para o computador, internet, estudos das conquistas espaciais, o firmamento, planetas e ETs (depoimento de Corina, mãe).

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geovane pessoa Geovane Pessoa Gomes (Mossoró, 24.01.1971). Pinta desde criança, uma vocação que aflorou muito cedo. Não refere influência de escola ou artista. Utiliza em seus trabalhos materiais tradicionais e experimenta sempre misturas de tinta, textura, metal, espelhos, madeira. Geovane se reconhece como pintor abstrato e retratista. Gosta muito de pintar retratos, tanto a partir de fotos, como de modelos vivos, utilizando lápis. Vende com muita facilidade suas telas, estando sempre presente em feiras de arte, exposições, eventos. É presença constante nos espaços culturais de Mossoró. Com o apoio da Sociedade Amigos da Pinacoteca, vem agora mostrar seu trabalho na capital. o baile flamenco que vem de mossoró acrilíco sobre tela 42cm x 32cm

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jorge fernandes

sabedoria acrílica sobre tela 52cm x 40 cm

Jorge Eduardo Fernandes Soares (Mossoró, RN, 23.12.1988). Pinta e esculpe em argila desde que se entende de gente, gosta de fazer caricaturas. A inspiração surge do nada: aí, é só pegar o barro, as telas e os pincéis, e a obra está pronta. Mistura o realismo com o abstrato. Participou de varias exposições, sempre em Mossoró.

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laércio eugênio Laércio Eugênio Cavalcante (Frutuoso Gomes, RN. 13.09.1959).

“Senhor de sua inspiração e de sua mão realizadora, algo mágica. Impressionista é a sua escola, quer dizer, pinta como lhe chega o objeto da arte, mas o faz responsavelmente, cuidando de cada pincelada, como se soubesse ou intuísse que é pintando bem que se realiza e expõe sua verdade mais autêntica. Laércio é ganhador de prêmios, expositor de prestígio, homem do jornal e da graça da rua, das histórias em quadrinhos, da charge, é criador.” (Dorian Jorge Freire apresentado Laércio e sua exposição) laercioeugenio@hotmail.com WWW.kaercioeugenio@tumbir.com

escravo acrílica sobre tela, 2013 50cm x 30cm

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Vernissage em Mossorรณ 27 de agosto de 2015

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bambu, 1999 acrílica sobre tela 54cm x 38cm

larry barbosa (Fortaleza, RN. 24 de julho de 1944). Artista plástico autodidata, desde cedo se encantou pelas plantas e fez da botânica seu sustentáculo profissional, artístico e emocional. Expressa sua arte quando desenha, pinta ou cria formas em suas esculturas: sempre repletos de encantamento pela vegetação e seu meio natural. Nas formas simples de sua arte, transmite paz, contentamento e uma certa aura espiritual do reino vegetal. Em seus jardins e paisagens, reúne ciência e toda sua intimidade com a beleza das plantas. Larry foi professor de ESAM, hoje UFERSA, período em que viveu em Mossoró por 30 anos. Contato: larrybar@oi.com.br

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marcelo amarelo Marcelo Fernandes de Lacerda (Mossoró, RN. 08.02.79). Na escola, aos 15 anos, por influência dos colegas, pintava murais, telas e já fazia esculturas. Hoje, o jovem e promissor artista mossoroense de muitas facetas, registra a influência que recebe de Nora Aires, Laércio Eugênio, Ney Morais, Guaraci Gabriel. Destaca a participação na Bienal do Recôncavo Baiano, em São Felix, a Menção Honrosa no Salão Abraham Palatnik da FAPERN, com a obra Desconcerto e a participação nas bienais de Cuba e da Patagônia. Sonha que vai conquistar o mundo e sonha com o que já esta realizando. Pintor, escultor, grafiteiro, tem feito incursões na videoarte, produzindo curtasmetragens, já exibidos em Portugal e Jericoacuara-CE.Destaca, agradecido, o apoio que recebeu de Joaquim Patrício para fazer as Três Graças do Candango, escultura gigante com material reciclado. Colaborou com Guaraci Gabriel na montagem da “Garça” e outras esculturas do mesmo talhe.

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marcelo morais Marcelo Cláudio Morais da Silva (Mossoró, RN. 1970).

Começou a desenhar ainda criança. Teve por muitos anos a serigrafia como trabalho. Em 2002, começou a pintar profissionalmente, quando morava em Cuiabá-MT. As paisagens, então, foram sua inspiração maior. Realizou exposições coletivas e individuais, foi fundador do grupo de artes visuais UNAP, do qual foi coordenador, contribuindo para a valorização do artista e da sua arte na cidade. Participou do Conselho Municipal de Cultura de Mossoró, como membro. Instrutor de Artes do Programa Mais Educação, por 4 anos. Trabalhou, ainda, ilustrando livros e cordéis. Encontrou-se na pintura, criando seu próprio estilo, inspirado na cultura nordestina e principalmente nos motivos mossoroenses.

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olhos de mossoró óleo sobre eucatex com textura, 2010


maria freire Maria Freire da Costa (Pau dos Ferros, 11.09.1939). Há 40 anos mora em Mossoró, gosta de pintar paisagens, flores e santos. Tem paixão por mar e por barcos e canoas que navegam em sua imaginação. Utiliza técnica mista. navegar é preciso óleo sobre tela, 2010 58cm x 78cm

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naido batista Francisco Gleonagle Batista da Silva (Souza PB, 27.07.1969).

Veio para Mossoró aos quatro anos de idade. Pintor profissional, recentemente se interessou pela arte, pinta em tela e esculpe. Utiliza materiais reciclados e tintas vencidas - o que dá um tom ecológico à sua arte. Define-se como artista abstrato e em suas esculturas de terríveis e horripilantes monstros emprega sucatas de motocicletas. Quer ensinar a arte que aprendeu em escolas e ateliês públicos. Naido é um artista autodidata. Contato: gleonagle@outlook.com

abstrato óleo sobre tela, 2013 98cm x 1.38cm

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ney morais Valdenei Ferreira de Morais (Mossoró, RN.12.04.1954). Ney conta que sua educação foi bastante rígida e a sua vocação de artista foi reprimida desde a infância. Naquela época, pintar era coisa de malandro e de desocupado. Apesar disso, venceu a vocação e hoje tem na sua personalidade criadora o estímulo para a existência. No colégio, começou a se destacar, fazendo cartazes. Conta uma história interessante: como atividade escolar, pintou uma rosa dos ventos, trabalho tão perfeito que a professora, duvidando da autenticidade, disse: “se fez em casa, faz na classe” e lá se foi ele a fazer novamente, à vista da mestra. Profissionalmente, começou, nos anos 70, pintando camisetas para a banda De Jetsom. Vicente Vitoriano e Boulier influenciaram a sua criação. Estudou Arte em Pernambuco, no Atelier de Rosália Camargo, no Centro Cultural do Recife. Ney se define como surrealista abstrato e refere que já recebeu convites para trabalhar com moda em Málaga, na Espanha, e para expor na Alemanha. Diz que até gostaria de ter desbravado o mundo mas se sente muito feliz como artista do “País de Mossoro”.

santa ceia óleo sobre tela 21cm x 59cm

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nelson oliveira Nelson Oliveira Junior (Mossoró, 29.05.1954). Nelson, muito cedo, expressou sua vocação para a pintura, talvez por influência de sua mãe - que desenhava com grafite. Aos 12 anos, já pintava paisagens e animais, motivos que até hoje povoam sua inspiração, temas constantes dos seus trabalhos. Sempre preocupado com sombra, luz e volume, Nelson alcança uma riqueza de detalhes que impressiona. De estilo realista, como ele mesmo se define, trabalha com tela e com madeira, cuja base é feita com látex e o acabamento com verniz em spray sobre pintura a óleo. Esculpe em imburana os animais do sertão: saguim, rolinha, garça, cavalos. Nunca expôs, nem vendeu trabalhos. Foi a insistência de Rogério Dias e de Isaura Amélia que o fez ceder telas, e se surpreendeu porque já vendeu todas. Contatos: Facebook, Nelson Oliveira Junior email: nelson_oliveira @hotmail.com chegando óleo sobre madeira 21.5cm x 30cm

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vaqueiro no asfalto รณleo sobre madeira 21.5cm x 30cm

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nora aires Maria Honorata Aires

Nôra em Mossoró e Gaudi em Barcelona invadem o espaço urbano, enchendo de significados, simbolismos, memórias, conhecimento, beleza, estética, forma, traços. Encanta os apreciadores da arte, é verdade, mas sobretudo fascina e surpreende o transeunte. Aqueles que vão ao mercado, que não frequentam galerias, tampouco exposições. Ao levar a sua arte até onde o povo está, Nora cumpre muitos papéis. Democratiza a beleza e o saber, torna o espaço urbano mais aconchegante, contemplativo e fortalece a afirmação: Mossoró capital cultural do RN. A arte feita com mosaicos coloridos, aliás coloridíssimos, realçando o Nordeste, a nossa paisagem, a fauna e a flora potiguares, tudo isso, afirma que Nôra é artista, agrônoma e paisagista. mosaico cerâmico, 2014 72cm x 52cm

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touched by the sunset nankin e aquarela sobre papel, 2015 42cm x 29.7cm

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sabrina bezerra Sabrina Bezerra (Mossoró, RN . 04.05.1987).

“Lasy” foi a terceira exposição individual de Sabrina, a primeira em Mossoró. Formada em Comunicação Social e com mestrado em Ciências Sociais, Sabrina Bezerra já participou de exposições em Natal/RN, Goiânia/GO, Brasília/DF e Pelotas/RS. Quando começou a desenhar, percebeu que a maioria dos artistas que admirava tinha a mulher como principal objeto de desenho, como Conrad Roset, Klimt e Schiele. Juntou a essa estética o fato de se identificar com o feminismo, as mulheres de personalidade forte à sua volta em casa, e passou a estudar questões de gênero, identidade e corpo. Na faculdade, no mestrado, o foco de sua investigação foi o corpo feminino. O resultado de todas essas referências pode ser conferido nos trabalhos com desenhos marcantes da figura feminina, em preto e branco com o vermelho sempre presente. Sobre o traço de Sabrina, a curadora Dora Bielschowsky destaca: “Suas personagens surgem no branco do papel com caneta nanquim e aquarela vermelha em seus lábios, mãos e auras. O vermelho que remete ao vital e à mulher dá o toque de cor e intensidade para se fazer ainda mais nítido esse arquétipo da origem natural e intensa do feminino e o rompimento com a domesticação cultural imposta às mulheres”. (Texto de Iuska Freire).

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rayron montielly Rayron Montielly de Lima Costa (Mossoró, 30.12.90).

cajú acrilíco sobre tela, 2000 36cm x 28cm

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Começa a expor como artista profissional a partir de 2006 mas desde criança já se considerava artista. Salvador Dalí, os Gêmeos, Bones, Ammer Jácome são inspiradores do seu trabalho que se inscreve na arte contemporânea. Transita do lápis ao spray, passando pelos pincéis, aludindo sempre à cultura de raiz - tanto faz que seja o teatro, a ciranda, o maracatu, o João Redondo. É neste cenário que Rayron vai buscar inspiração para retratar o local, o regional, e por isso mesmo, o universal. Pauta seu trabalho na espontaneidade e na simplicidade.


lígia morais Lígia Maria Saraiva Morais (Brejo do Cruz PB, 1973).

Participou de oficinas de desenho e pintura no RN e na PB. Considera o seu estilo realista e agradece a influência do seu companheiro e artista Marcelo Morais. Pinta por amor à arte e a Marcelo. Participa de exposições individuais e coletivas no Rio Grande do Norte desde 2011. Contato: ligiamaorais@hotmail.com

girassol óleo sobre tela 60cm x 90cm

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rogério dias José Rogério Dias Xavier (Martins, RN. 23.10.43). Em Mossoró desde 1954. Artista plástico e líder cultural, sempre presente nas lutas políticas e culturais, critico empedernido e amigo solidário. Dona Tetê, mãe de Rogério, pintava. É dela que Rogério recebe as primeiras influências. Transita entre a criação artística e a comercial, trabalha com xilogravura, serigrafia, entalha em madeira, esculpe em cerâmica e cimento. Desenha a nanquim e lápis-cera. Dias fundou a primeira serigrafia de Mossoró. Sobre sua arte atual, Rogerio diz: “Esses meus últimos trabalhos eu os chamo de “Arte como Índio”, lembram muito o padrão indígena.” Contato: halamid.rogerio@gmail.com abstrato II acrílico sobre tela 70cm x 70cm

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toinho silveira Antônio Milton Silveira (Mossoró, 24.04.51). “Cronista do cotidiano, pintor, relações públicas, amigo dos amigos, Toinho Silveira é uma festa permanente. Comunicação fácil, coração generoso, afetivo e espontâneo, esses atributos não lhe faltam. Tem talento, tem arte. Toinho, em tudo que faz se doa, se multiplica, amplia seu território humano. Os seus quadros refletem isso, os seus personagens têm uma certa brejeirice ingênua, uma cativante denguice cabocla, um quebranto de negra manhosa, herança de casa grande, dos poemas de Jorge de Lima, negra fulô, rescendendo à canela e jasmim. Cheiro de bogari nas noites de lua cheia. Aquelas noites mal-assombradas, derreadas sobre muros dos quintais de antigamente. Toinho é pintor de hoje com uma herança de muitos séculos e uma mistura de muitas raças, aquela mistura bem brasileira, inconfundível, intransferível. Nenhum povo se assemelha. Nenhum pintor estrangeiro poderá pintar com tal fidelidade estas criações caboclas de Toinho, por maior que seja a sensibilidade, engenho e arte. Por isso Toinho vai pintando suas mulatas, suas morenas, seus personagens, para o encanto desse Brasil, tão rico, tão autentico, tão generoso com a sua Arte.” (Dorian Gray Caldas, fragmento de texto crítico, 1990) a fé óleo sobre tela 38cm x 28.5cm

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varela Luiz Varela Laurentino da Cunha (Mossoró, RN. +08.03.2005) Aluno de Marieta Lima, Varela integra um grupo que poderíamos chamar artistas de transição entre os primeiros registros das artes plásticas da cidade e o grupo atual de artistas conceituados mais modernamente como artistas visuais. Da geração de Boulier e Vicente Vitoriano, Varela entra na vida da cidade também como decorador de festas, ambientando espaços interiores de hotéis e residências, ornamentando casamentos, festas de 15 anos, período onde estas atividades ainda não estavam segmentadas e profissionalizadas. Janice lembra que em 63 fez seu primeiro trabalho e com toda a carga simbólica que representa deu de presente à tia. Inspirado em Mancha, Varela aformoseia a cidade com talhas de cimento em muros, jardins e praças públicas. Nas imediações da catedral - em trabalho expressivo, que guarda significado e história, afirmando a identidade do nosso povo -, retrata para os transeuntes o pioneirismo de Mossoró, como o voto feminino de 27, a libertação dos escravos 5 anos antes da Lei Áurea e a expulsão do bando de Lampião. Na igreja de São Manoel podemos vislumbrar colunas esculpidas próximo ao altar, quase como se fora uma sacra Coluna de Trajano, onde Varela representa as estações da Via Sacra.

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williame galvão (Currais Novos, RN. 02.12.1953)

Nasceu em Currais Novos e se muda para Mossoró nos anos 90, quando começa a “fazer cabeças” tornando-se um cabeleireiro de sucesso.Procurado por todos por desenvolver uma estética no corte e no penteado já avançada para a época. Conviveu com Varela, Marieta Lima, Boulier, Vicente Vitoriano e, quando se muda para Natal já chega artista plástico. Ao tempo da Porcelana Beatriz torna-se exímio pintor de porcelanatos com uma larga e vasta produção. Pintou jogos de chá, café, conjuntos completos para almoço e jantar, sopeiras, bules, travessas. Enfim, fez uma arte muito valorizada. Em outra época, os mosaicos coloridos deram corpo à veia do artista. Hoje, sintonizado com as práticas

espirito santo escultura em madeira, 2015 48cm 50cm x 10 cm

de sustentabili dade, utiliza-se muito de reciclado. Presentemente, brancos e luzentes espíritos santos esculpidos em madeira abençoam os apreciadores da arte de Williame. Telas também mostram e exibem a versatilidade do artista e podem ser encontrados no Box do Mercado de Petrópolis onde comercializa suas criações. Williame Galvão assina obras públicas como o painel do Frasqueirão do ABC e tem obras semeadas em condomínios e prédios em Natal. Entre individuais e coletivas além do RN, já frenquentou salões em SP, Rio e BH e integrou várias coletivas.

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vicente vitoriano Vicente Vitoriano Marques (Mossoró, RN. 19.06.1954).

“Vicente Vitoriano afirma-se pelo seu equilíbrio como desenhista e programador visual. Dotado de um traço personalíssimo e de uma visão pessoal, sabe até onde exigir da sua Arte. Isso porque, além da sua preparação humanística, Vicente tem procurado atualizar o seu trabalho dentro das soluções da arte internacional, da Pop-Art e do desenho gráfico industrial. Anulando os tons intermediários, trabalha com cores puras, produz uma pintura limpa e de efeitos plásticos bem definidos. Qualquer trabalho de Vicente Vitoriano traz a marca da sua autenticidade. Trabalho de laboratório com todos os requisitos da técnica mais sofisticada. Superposição de Imagens, colagens etc. Vicente Vitoriano é professor da UFRN” (Gray, Dorian; 1990, UFRN).

zona oeste gel sobre cartão enrugado, 2015 29,7cm x 21cm

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