Jornal da ABI - A Cronologia dos Quadrinhos - Parte 1

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Órgão oficial da Associação Brasileira de Imprensa

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NOVEMBRO 2009


Bem-vindo aos quadrinhos! sabiam que as tiras traziam mais e novos leitores. E, nesse intento, não cabia economizar papel ou tinta. A fase de extrema valorização das hqs teve início no fim do século 19, quando os processos gráficos foram aprimorados.

É POR MEIO DELAS que costumamos dar os primeiros passos nos campos do senso estético e do apreço pelas palavras. Por muitas gerações, as histórias em quadrinhos, editadas em revistas, gibis ou jornais, cumpriram a tarefa de entreter, divertir e, sobretudo, ajudar a alfabetizar. De estabelecer o efetivo laço afetivo com a leitura. Estudos chegam a sugerir que, quando adubadas no solo fértil das hqs, das pequenas crianças naturalmente brotam os grandes leitores – e essa não é uma referência apenas à estatura física.

A HISTÓRIA DOS QUADRINHOS, como os próprios, é repleta de reviravoltas. As hqs já tiveram momentos gloriosos e foram perseguidas em ações de caça às bruxas, acusadas de aliadas do comunismo. Os quadrinhos foram marginalizados, queimados sob a alegação de prejudicarem o desempenho escolar, levando à delinqüência juvenil. Pura bobagem. Tanto que, com o tempo, as próprias editoras de livros didáticos passaram a recorrer a seus traços para adoçar seus conteúdos acadêmicos.

OS PREDICADOS PRESENTES nos quadrinhos são capazes de converter sujeito indeterminado em personagem principal. Quem se deixa encantar e sabe bem explorar as hqs torna-se leitor ávido e curioso. Garante, por assim dizer, o seu final feliz. Muitos são os estímulos abarcados nos traços marcantes, nas cores contrastadas. No humor, por vezes refinado, ou exposto em ironia abrutalhada. Na magia perene dos clássicos e no frisson das aventuras inimagináveis. Nas bravatas dos superheróis e nas peraltices dos personagens infantis. OS QUADRINHOS SÃO, na verdade, uma espécie de berço no qual é possível embalar toda e qualquer imaginação. As onomatopéias não estão lá por acaso. Ao descrever sons com fonemas – pow, soc e bum rolam à vontade – o autor faz reverberar nas cabeças de quem lê tapas, socos e pontapés. Explosões. E, no deslumbramento diante do desenho estático, impresso no papel, tudo ganha movimento, no folhear entre uma página e outra. COM O ENCOLHIMENTO dos grandes jornais ocorrido nas últimas décadas, tanto em formato quanto em número de páginas, os quadrinhos perderam seu espaço. Vão longe os tempos em que eram publicadas seções diárias com tirinhas. E que as fartas edições de domingo traziam encartados, como um brinde, suplementos coloridos com

Jornal da ABI Número 348 - Novembro de 2009

Editores: Maurício Azêdo e Francisco Ucha Projeto gráfico e diagramação: Francisco Ucha Cronologia, pesquisa e redação: Otacílo Barros Apoio à produção editorial: Alice Barbosa Diniz, André Gil, Conceição Ferreira, Diogo Collor Jobim da Silveira, Fernando Luiz Baptista Martins, Guilherme Povill Vianna, Maria Ilka Azêdo, Mário Luiz de Freitas Borges. Publicidade e Marketing: Francisco Paula Freitas (Coordenador), Queli Cristina Delgado da Silva, Paulo Roberto de Paula Freitas. Diretor Responsável: Maurício Azêdo Associação Brasileira de Imprensa Rua Araújo Porto Alegre, 71 - Rio de Janeiro, RJ Cep 20.030-012 Telefone (21) 2240-8669/2282-1292 e-mail: presidencia@abi.org.br Representação de São Paulo Diretor: Rodolfo Konder Rua Dr. Franco da Rocha, 137, conjunto 51 Perdizes - Cep 05015-O4O Telefones (11) 3869.2324 e 3675.0960 e-mail: abi.sp@abi.org.br Impressão: Taiga Gráfica Editora Ltda. Avenida Dr. Alberto Jackson Byington, 1.808 Osasco, SP

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PRODUTO DA INDÚSTRIA cultural de massa, os quadrinhos experimentam o sabor de seu tempo. Há quem acredite que, de certa forma, eles sempre estiveram a nos cercar, desde as pinturas rupestres dos homens que contavam suas histórias nas paredes das cavernas. A tecnologia avançou, a comunicação revelou novas mídias e os garotos contam agora com outras diversões, o que só agrava a retração dessa indústria outrora tão rentável.

personagens preferidos das crianças. De certa forma, eficiente estratégia de cativar hoje o leitor de amanhã. Que seção cumpre tal função nas publicações atuais? HOJE, QUANDO AINDA presentes nos jornais, os quadrinhos estão espremidos entre palavras cruzadas, horóscopos e passatempos. Mas, já houve um tempo em que personagens e seus autores eram disputados por magnatas da imprensa. Eles

DIRETORIA – MANDATO 2007/2010 Presidente: Maurício Azêdo Vice-Presidente: Tarcísio Holanda Diretor Administrativo: Estanislau Alves de Oliveira Diretor Econômico-Financeiro: Domingos Meirelles Diretor de Cultura e Lazer: Jesus Chediak Diretor de Assistência Social: Paulo Jerônimo de Sousa (Pajê) Diretor de Jornalismo: Benício Medeiros CONSELHO CONSULTIVO 2007-2010 Chico Caruso, Ferreira Gullar, José Aparecido de Oliveira (in memoriam), Miro Teixeira, Teixeira Heizer, Ziraldo e Zuenir Ventura. CONSELHO FISCAL 2009-2010 Geraldo Pereira dos Santos, Presidente, Adail José de Paula, Adriano Barbosa do Nascimento, Jorge Saldanha de Araújo, Luiz Carlos de Oliveira Chesther, Manolo Epelbaum e Romildo Guerrante. MESA DO CONSELHO DELIBERATIVO 2009-2010 Presidente: Pery Cotta 1º Secretário: Lênin Novaes de Araújo 2º Secretário: Zilmar Borges Basílio Conselheiros efetivos 2009-2012 Adolfo Martins, Afonso Faria, Aziz Ahmed, Cecília Costa, Domingos Meirelles, Fernando Segismundo, Glória Suely Álvarez Campos, Jorge Miranda Jordão, José Ângelo da Silva Fernandes, Lênin Novaes de Araújo, Luís Erlanger, Márcia Guimarães, Nacif Elias Hidd Sobrinho, Pery de Araújo Cotta e Wilson Fadul Filho. Conselheiros efetivos 2008-2011 Alberto Dines, Antônio Carlos Austregesylo de Athayde, Arthur José Poerner, Carlos Arthur Pitombeira, Dácio Malta, Ely Moreira, Fernando Barbosa Lima (in memoriam), Leda Acquarone, Maurício Azêdo, Mílton Coelho da Graça, Pinheiro Júnior, Ricardo Kotscho, Rodolfo Konder, Tarcísio Holanda e Villas-Bôas Corrêa. Conselheiros efetivos 2007-2010 Artur da Távola (in memoriam), Carlos Rodrigues, Estanislau Alves de Oliveira, Fernando Foch, Flávio Tavares, Fritz Utzeri, Jesus Chediak, José Gomes Talarico, José Rezende Neto, Marcelo Tognozzi, Mário Augusto Jakobskind, Orpheu Santos Salles, Paulo Jerônimo de Sousa (Pajê), Sérgio Cabral e Terezinha Santos.

OS QUADRINHOS RESISTEM, persistem. Talvez estejam se preparando para passos futuros, possíveis com as inovações tecnológicas. Não é absurdo pensar, com os recursos já disponíveis, em revistas com animação digital e opções de interatividade. Novas formas de contar antigas aventuras. É PARA PRESERVAR o fio da meada da história das hqs que a ABI lança esta edição especial. A primeira parte da retrospectiva que aponta o que aconteceu até agora. Certamente, longe de colocar ponto final nessa história. VIDA LONGA AOS QUADRINHOS!

Conselheiros suplentes 2009-2012 Antônio Calegari, Antônio Henrique Lago, Argemiro Lopes do Nascimento (Miro Lopes), Arnaldo César Ricci Jacob, Ernesto Vianna, Hildeberto Lopes Aleluia, Jordan Amora, Jorge Nunes de Freitas, Lima de Amorim, Luiz Carlos Bittencourt, Marcus Antônio Mendes de Miranda, Mário Jorge Guimarães, Múcio Aguiar Neto, Raimundo Coelho Neto e Rogério Marques Gomes. Conselheiros suplentes 2008-2011 Alcyr Cavalcânti, Edgar Catoira, Francisco Paula Freitas, Francisco Pedro do Coutto, Itamar Guerreiro, Jarbas Domingos Vaz, José Pereira da Silva (Pereirinha), Maria do Perpétuo Socorro Vitarelli, Ponce de Leon, Ruy Bello, Salete Lisboa, Sidney Rezende,Sílvia Moretzsohn, Sílvio Paixão e Wilson S. J. de Magalhães. Conselheiros suplentes 2007-2010 Adalberto Diniz, Aluízio Maranhão, Ancelmo Góes, André Moreau Louzeiro, Arcírio Gouvêa Neto, Benício Medeiros, Germando de Oliveira Gonçalves, Ilma Martins da Silva, José Silvestre Gorgulho, Luarlindo Ernesto, Luiz Sérgio Caldieri, Marceu Vieira, Maurílio Cândido Ferreira, Yacy Nunes e Zilmar Borges Basílio. COMISSÃO DE SINDICÂNCIA Jarbas Domingos Vaz, Presidente, Carlos Di Paola, José Carlos Machado, Luiz Sérgio Caldieri, Marcus Antônio Mendes de Miranda, Maria Ignez Duque Estrada Bastos e Toni Marins. COMISSÃO DE ÉTICA DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO Alberto Dines, Arthur José Poerner, Cícero Sandroni, Ivan Alves Filho e Paulo Totti. COMISSÃO DE LIBERDADE DE IMPRENSA E DIREITOS HUMANOS Orpheu Santos Salles, Presidente; Wilson de Carvalho, Secretário; Arcírio Gouvêa Neto, Daniel de Castro, Germando de Oliveira Gonçalves, Gilberto Magalhães, Lucy Mary Carneiro, Maria Cecília Ribas Carneiro, Mário Augusto Jakobskind, Martha Arruda de Paiva e Yacy Nunes. COMISSÃO DIRETORA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL Paulo Jerônimo de Sousa, Presidente, Ilma Martins da Silva, Jorge Nunes de Freitas, José Rezende Neto, Maria do Perpétuo Socorro Vitarelli e Moacyr Lacerda. REPRESENTAÇÃO DE SÃO PAULO Conselho Consultivo: Rodolfo Konder (Diretor), Fausto Camunha, George Benigno Jatahy Duque Estrada, James Akel, Luthero Maynard, Pedro Venceslau e Reginaldo Dutra.


Ângelo Agostini e os primeiros traços dos quadrinhos na imprensa brasileira bro de 1867. Redigido por Américo de Campos e Antonio Manoel dos Reis, era adepHá 141 anos, Ângelo Agostini fez histo do Partido Liberal. Agostini encontrou tória. Na verdade, entrou para a históum período fértil para sua sátira: a Guerria ao realizar, no Brasil, a primeira HQ ra do Paraguai. Em caricaturas, desenhos, em seqüência e com um personagem ilustrações de soldados mortos e mapas, fixo, que começou a ser publicada em 30 ocupou muitas vezes as páginas do Cade janeiro de 1869. Tal obra atendia pelo brião, não esquecendo a sátira ao Duque de título de As Aventuras de Nhô-Quim ou Caxias e ao recrutamento de voluntários Impressões de Uma Viagem à Corte, e para o duro conflito. O artista criou o símduraria nove capítulos, todos sob os cuibolo do jornal: um tipo popular e mordaz dados e traços do próprio Agostini, que chamado Cabrião que percorria as ruas já acumulava outras publicações de deatrás de personagens curiosos e atazanansenhos, contudo sem personagens fixos, do os políticos do Partido Conservador. no pasquim o Diabo Coxo. Agostini muda-se para o Rio em 1867 O italiano Agostini, que chegara ao e colabora durante um ano para O ArleBrasil em 1859, criou estilo, influenciou quim. Em 1868 está no Vida Fluminense, e tornou a caricatura em forma de sátionde, no ano seguinte, publica os nove ra política, assim como os quadrinhos, episódios de As Aventuras de Nhô-Quim parte da imprensa do País. E foi um dos ou Impressões de Uma Viagem à Corte. Na fundadores da mais importante revista década de 1880 funda a Revista Ilustrada, infantil brasileira: a popular O Tico-Tico. com as famosas páginas duplas dedicadas Durante 46 anos, de 1864 a 1910, desenaos carnavais de 1881 a 1883, estampanvolveu uma perspicaz e minuciosa obserdo dezenas de figurinhas entre deuses, hevação do tipo brasileiro, especialmente róis, índios, guerreiros, religiosos, polítio carioca. Mas sua intervenção por meio cos, populares e até o Imperador. Nessa dos traços se deu, sobretudo, na cena revista, Agostini desenvolve As Aventuras política. Republicano, anticlerical e abode Zé Caipora, retomando o tema de Nhôlicionista, utilizava a crítica como moQuim, que ainda surgiria diversas vezes tor de sua ativa função social. em folhetos. O personagem fez tanto suO Segundo Reinado no Brasil (1840 cesso que, em 1901, voltaria no D. Quixote a 1889) foi marcado pela ilimitada toe na revista O Malho, de 1904 em diante. lerância com relação à imprensa perióO advento da Abolição e da Repúblidica e de propaganda, com a livre circuca não aquietou o lápis do desenhista. lação de jornais, livros e panfletos. A sáCom duas de suas causas conquistadas, tira era cotidiana e cortejos carnavalesele continuou satirizando os políticos e cos traziam carros representando as fios costumes da capital do começo do séguras importantes do Império. A ilusculo nas páginas de O Malho. No início tração ganhou seus primeiros traços no de 1904 tem breve passagem pelo jornal Brasil no Jornal do Commercio, de 14 de Gazeta de Notícias e, no dia 11 de outudezembro de 1837, com a caricatura bro de 1905, com Luiz Bartolomeu de (uma espécie de folheto litografado) de Além de desenhar o logotipo da revista O Tico-Tico , Agostini colaborou durante muitos anos Sousa e Silva, funda O Tico-Tico. Agostiautoria de um artista consagrado: Ma- produzindo diversas histórias em quadrinhos memoráveis, como esta do Chico Caçador. ni desenhou o primeiro logotipo, com um noel de Araújo Porto Alegre, que estugrupo de garotinhas nuas brincando Império: altos impostos, parlamento, políticos, ‘afidara em Paris nesse ano, e de lá trouxera a novidade. entre as letras do título da revista. Também são de lhadagem’. Ou apenas observando, inconformado, A partir daí, a influência francesa na ilustração sua autoria a História de Pai João, publicada no quinas trapalhadas da corte. brasileira foi marcante. Até que, em 1859, desembarca to número, a capa da edição de 10 de janeiro de 1906 no Brasil um piemontês, nascido em Farcelle, Itália, e a série A Arte de Formar Brasileiros, iniciada em maio Uma rica trajetória profissional em 8 de abril de 1843, neto materno de uma senhodo mesmo ano. Ao chegar ao Brasil, Agostini começou a desenvolra parisiense. Ele passara a infância e a adolescência O artista continuou desenhando em O Malho até ver sua arte em São Paulo. O primeiro jornal foi o em Paris, onde estudara pintura. O jovem era Ângeàs vésperas de sua morte, num domingo, 23 de janeiro Diabo Coxo, o primeiro periódico ilustrado editado lo Agostini. Todo o ambiente político da época foi bem de 1910, cansado pelos anos de trabalho e atingido na cidade. Semanário, começou a ser publicado em aproveitado pelo artista, que logo se tornou um dos pela morte de seu amigo de 50 anos, Joaquim Nabu17 de setembro de 1864, tendo duas séries de 12 maiores críticos do reinado. Seus traços não perdoco, que falecera no dia 17 do mesmo mês, em Wanúmeros, sendo o último conhecido em 31 de dezemavam o Papa Pio IX e demais autoridades eclesiástishington. Como herança, deixou uma obra memobro de 1865. Redigido por Luiz Gama (1830-1882), cas brasileiras. Defendiam a campanha abolicionisrável e contestadora, num volume surpreendente em também tinha a colaboração de Sizenando Nabuco. ta. Chegou a criar um símbolo do homem nacional: quantidade e qualidade, criando um estilo único, piOs desenhos de Agostini já impressionavam. Ele um índio soberbo, ao estilo de ‘O Guarani’, que nos oneiro e precursor da caricatura e da história em construía e movimentava seus desenhos com uma desenhos sempre surge carregando os desmandos do quadrinhos nacionais. impressionante facilidade. Foi célebre a caricatura do desastre ocorrido com o trem inaugural da Estrada de Ferro Santos-Jundiaí, na várzea do Carmo, que descarrilou, ferindo o presidente da Província e estragando toda a cerimônia. Já Cabrião surgiu em 30 de setembro de 1866, circulando semanalmente com 51 edições até 29 de setemPOR PAULO CHICO

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T APEÇARIA DE B AYEUX

1900 A HARLOT ’S P ROGRESS

CERCA DE 30.000 A.C

1892

X As pinturas rupestres nas cavernas podem ser consideradas as primeiras manifestações de arte seqüencial.

X James Swinnerton colabora no Examiner de São Francisco, Estados Unidos, e cria o painel semanal The Little Bears, que depois passa a sair diariamente. É a primeira série americana com personagens fixos.

CERCA DE 1070 D.C X A Tapeçaria de Bayeux — peça de pano contando em desenhos a história da invasão da Inglaterra pela Normandia — provavelmente foi encomendada para adornar a catedral do mesmo nome que foi inaugurada em 1077. Elas contam uma história em seqüência e mostram até uma aparição do cometa Halley nesse período.

1895

1731 X O pintor e gravador inglês William Hogarth (1697-1764) pinta um grupo de seis quadros que contam uma história, A Harlot’s Prog ress (O progresso Progress de uma prostituta). Esta e outras séries feitas por Hogarth são citadas por Will Eisner como uma demonstração pioneira de arte seqüencial. Os quadros originais se perderam num incêndio, mas sobreviveram através de gravuras que os reproduziam. Hogarth também se notabilizou como uma das primeiras pessoas a brigar por seus direitos autorais.

1835 X Na Alemanha, Wilhelm Busch cria os encapetados Ma Maxx und Moritz (Juca e Chico, na tradução de Olavo Bilac), uma dupla de garotos encrenqueiros que morrem torrados no final da história ilustrada e serviria de inspiração para os lendários Sobrinhos do Capitão Capitão.

1839 X O suíço Rudolfe Töpffer publica Les Amours de Monsieur V ieux Bois Vieux Bois, obra ilustrada de arte seqüencial que usa elementos mais tarde incorporados pelos quadrinhos.

1855 X O francês radicado no Brasil

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Herald. A novidade dessa série é que ela tem dupla leitura. Ao acabar de ler a primeira parte, o leitor vira o jornal de cabeça para baixo e a história continua.

M AX UND MORITZ

Sébastien Auguste Sisson publica no jornal Brasil Illustrado o que é considerado a primeira história em quadrinhos publicada no Brasil: Namoro, Quadros ao Vivo, por S… o Cio mostrando os costumes da época.

1869 X Angelo Agostini publica na venturas Vida Fluminense As A Aventuras de Nhô Quim ou Impressões de Uma V iagem à Cor te Viagem Corte te. A data dessa publicação, 30 de janeiro, foi incorporada ao calendário como Dia do Quadrinho Nacional.

1886 X Primeiro “gibi” de que se tem notícia: Angelo Agostini compila em fascículos as aventuras de Zé Caipora Caipora, que começara a publicar desde 1883 na Revista Ilustrada. Essa edição é considerada a primeira revista com um personagem fixo publicada no Brasil. Agostini depois retomaria o personagem em O Malho e Dom Quixote.

X Yellow Kid Kid, de Richard Felton Outcault, faz sua estréia no jornal The World, de Joseph Pulitzer, tornando-se publicação semanal em 1896. A série mostra um menino que mora numa favela e os dizeres são escritos no seu roupão amarelo. O uso da cor amarela foi um teste para experimentar a impressão em mais de uma cor e atrair mais leitores. Daí vem o termo “jornalismo amarelo” (correspondente ao nosso “imprensa marrom”).

1896 X Começa a compra de passes de artistas de hq e a disputa entre os magnatas da imprensa: Oultcault transfere-se do The World, de Pulitzer, para o Examiner, de Wiliam Randolph Hearst. X Hearst lança no seu Journal American o primeiro suplemento colorido de quadrinhos, intitulado The American Humourist. Além de Yellow Kid (abaixo, à esquerda), o suplemento estréia a mais antiga história em quadrinhos em circulação e a primeira a fazer uso de todos os elementos tradicionais dos quadrinhos: The Katzenjammer Kids Kids, de Rudolf Dirks. Inspirada nos clássicos Ma Maxx und Moristch de Busch, esta série seria conhecida no Brasil como Os Sobrinhos do Capitão Capitão.

H APPY HOOLIGAN

começa a sair nos jornais da rede de Hearst e é a primeira série de quadrinhos a ser adaptada para o cinema, em seis curtas dirigidos por J. Stuart Blackton no mesmo ano (e quinze anos mais tarde em um monte de animações). Também se diz que serviu de inspiração para o personagem do Vagabundo, de Charles Chaplin.

1902 X Outcault cria novo personagem que se tornará ainda mais popular: Buster Brown Brown, um encapetado menino da classe média alta. Este seria posteriormente copiado pela publicação brasileira O Tico-Tico e rebatizado aqui como Chiquinho.

1903 X The Upside Downs of Lady Lovekins and Old Man Muffaroo do holandês Gustave Verbeek começam no New York

X Nasce a primeira tira de cunho jornalístico: A. Piker Clerk Clerk, de Clare Briggs, no American de Chicago. O personagem apostava em cavalos de corrida e comentava os páreos da véspera.

1904 X The Newlyweds Newlyweds, de George McManus começa contando o dia-a-dia de um casal de recémcasados.

1905 X Considerada a primeira obraprima dos quadrinhos, Little Nemo in Slumberland Slumberland, de Windsor McCay começa no New York Herald. Mostra os pesadelos de um menino que exagera nas sobremesas e tem aventuras alucinantes no mundo dos sonhos, invariavelmente caindo da cama e acordando ao fim de cada episódio. X No Brasil, o pioneiro O TicoTico é lançado como desdobramento do jornal satírico O Malho e considerada a primeira publicação brasileira importante voltada exclusivamente para as crianças. É líder no mercado até

1900 X O vagabundo Hooligan, de Happy Hooligan Frederick Burr Opper,

T HE KATZENJAMMER K IDS , OS S OBRINHOS DO CAPITÃO


O TICO -T ICO

BUSTER B ROWN

1910 1907

THE UPSIDE D OWNS OF LADY L OVEKINS AND O LD MAN MUFFAROO

Giby X Surge o primeiro “Giby Giby”, um molequinho negro que viraria saco de pancadas de Juquinha, em O Tico-Tico. Mas, nesse mesmo ano, J Carlos deixa a publicação. X Mr Mr.. A. Mutt (que depois viraria Mutt & Jeff Jeff), de Henry Fisher, começa no San Francisco Chronicle e estabelece o marco de primeiro mega-sucesso dos quadrinhos

1908 X O jornal italiano Corriere della Sera lança a primeira publicação para crianças, o Corriere dei Piccol Piccolii, similar ao nosso Tico-Tico.

1910 X Krazy Kat Kat, de George Herriman, aparece pela primeira vez em outra série, The Dingbat Family. Em 1913 passaria a ser o titular da tira.

K RAZY KAT , DE G EORGE H ERRIMAN

X Max Yantok entra para o time de colaboradores do Tico-Tico, onde criaria divertidos personagens ximbown e Pipoca como Ka Kaximbown Pipoca, num estilo único e alucinado.

1911 X Alfredo Storni cria, para O Tico Tico-Tico Tico, o casal Zé Macaco e TicoFaustina austina, antecipando em alguns anos outro casal famoso dos quadrinhos, Pafúncio e Marocas.

1912 X J. Carlos funda a revista independente O Juquinha Juquinha, retomando seu personagem. X Primeiro processo judicial envolvendo personagens de quadrinhos. Rudolf Dirks, autor de The Katzenjammer Kids Kids, troca o Journal American de Hearst pelo The World de Pulitzer. Hearst processa o autor, que é impedido de levar consigo seus personagens para a nova publicação. A série é retomada por Harold Knerr. A briga se estende na justiça até 1914. A decisão do juiz é salomônica: Dirks readquire o direito de continuar com seus personagens, porém tem que dar outro nome à tira. Passam a existir duas séries com os mesmos personagens básicos (um capitão, uma mãe alemã, um inspetor barbudo e dois moleques endiabrados) publicadas paralelamente em jornais concorrentes, mas a nova versão assinada por Dirks recebe o título The Captain and the Kids Kids.

LITTLE N EMO IN S LUMBERLAND , DE W INDSOR M C C AY

a década de 30, quando começam os Suplementos de Adolfo Aizen, mas sobrevive até o início dos anos 1960. O TicoTico tinha leitores ilustres como Carlos Drummond de Andrade

e Ruy Barbosa. Este, certa vez, interpelado por um colega no Senado sobre a fonte de uma informação que teria acabado de falar, teria respondido: “Li... no Tico-Tico”.

1906 X J. Carlos começa a publicar alento do Juquinha em O TTalento O Tico-Tico, destronando o personagem Chiquinho na preferência dos leitores.

M UTT & J EFF , DE HENRY FISHER

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GASOLINE A LLEY

1920 1920 inkle the X Winnie W Winkle Breadwinner é pioneira ao mostrar uma mulher em papéis não-domésticos. Mas para as crianças a grande estrela da série é seu irmão mais novo, Perry, que domina as páginas dominicais.

P OLLY AND H ER P ALS

X Cliff Sterrett leva o cubismo aos cenários de quadrinhos, als criando Polly and Her P Pals als, uma tira mostrando o cotidiano de uma garota muito bonita e paquerada e sua família.

1913 X George Mac Manus consolida ing Up sua fama criando Bring Bringing Father (no Brasil conhecido como Pafúncio afúncio), mostrando as peripécias de um casal de novosricos tentando se introduzir na sociedade mas sem abrir mão de sua origem humilde.

1914 X Edgar Rice Burroughs publica em capítulos folhetinescos a primeira aventura com o personagem Tarzan na revista All-Story. Este viraria personagem de quadrinhos apenas em 1929. X Luís Loureiro, encarregado de desenhar as histórias de Chiquinho para o Tico-Tico, introduz o personagem Benjamin na série. O menino negro, que virou um sucesso instantâneo, era inspirado em um criado que trabalhava na casa da família Loureiro.

1918 X Gasoline Alley Alley, de Frank King, começa no Chicago Tribune e estabelece um novo conceito: personagens que envelhecem em tempo real. Personagens nascem, casam, envelhecem, morrem. A tira é publicada até hoje.

1919

T ARZAN OF THE APES

P AFÚNCIO , DE G EORGE MAC MANUS

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X Criado por Otto Messmer, o Gato Félix (ao lado) faz sua estréia nos cinemas. O australiano Pat Sullivan foi creditado, durante anos, como detentor dos copyrights do personagem. Em 1923

1921 X Surge o personagem de quadrinhos australiano de maior longevidade: Ginger Meggs Meggs, de Jimmy Bancks. A tira existe até hoje (feita por continuadores, claro).

1922 WINNIE W INKLE THE BREADWINNER

Messmer começa a desenhar as tiras do Gato Félix para o King Features Syndicate. Estas sobrevivem aos desenhos animados, que foram destronados pelo cinema sonoro e pelo camundongo Mickey, de Walt Disney. X Believe It or Not (Acredite… Se Quiser), de Bob Ripley, surge nos jornais. É um painel diário (com sua versão dominical) com curiosidades sobre esportes e fatos estranhos. A série vira mania nacional e é transposta para diversas mídias e permanece até hoje como uma série de documentários para tv e de livros ilustrados.

X A primeira exposição sobre histórias em quadrinhos é realizada no Waldorf Astoria, em Nova York.

1924 X Little Orphan Annie (Aninha, a Pequena Órfã), de Harold Gray, é considerado o primeiro “novelão” dos quadrinhos. Uma menina órfã acompanhada de

L ITTLE O RPHAN ANNIE

seu cãozinho passa por mil agruras até ser adotada pelo magnata Daddy Warbucks. Ela atravessa vários períodos da história norte-americana, incluindo a grande depressão de 1929.

1927 X Surge a primeira repórter mulher das histórias em quadrinhos: Jane Arden Arden.

1928 X Disney lança Mickey Mouse em desenhos animados e este se tornaria o novo queridinho da oat Willie já América. Steamb Steamboat usa a grande novidade do momento: o som. O King Features logo entra em acordo para transformar o personagem numa tira de quadrinhos, que começa a sair em 1930. X A Argentina vê surgir seu personagem mais importante, o índio Patoruzú atoruzú, de Dante Quinterno. Patoruzú é um cacique Tehuelche da Patagônia que possui força sobre-humana. X J. Carlos lança sua personagem de quadrinhos mais famosa: Lamparina (à direita) vem engrossar a sua fileira de criações que já conta com Jujuba e Carrapicho Carrapicho. Tudo publicado em O Tico-Tico.


B LONDIE S TEAMBOAT WILLIE

1930 guerra, o abade foi preso pelos ingleses acusado de colaborar com o regime nazista. X É lançado o tablóide The Funnies, precursor dos comicFunnies books que invadiriam os Estados Unidos na década seguinte, e primeira publicação periódica exclusivamente de quadrinhos, vendida em bancas e republicando tiras famosas da época. X O marinheiro Popeye faz a sua primeira aparição em The Thimble Theater Theater, de Segar, e logo se torna a estrela máxima da tira. Sua fama aumenta ainda mais quando começa a aparecer nos desenhos animados produzidos por Max Fleischer a partir de 1933.

TARZAN , DE H AL F OSTER

1929 X No dia 10 de janeiro, o jovem repórter Tintim e seu cão Milu (Milou) aparecem no suplemento Le Petit Vingtième, publicado no jornal Le Vingtième Siècle, de orientação católica. Não foi uma boa estréia: criado pelo belga Georges Prosper Remi, mais conhecido como Hergé, essa primeira aventura – No País dos Sovietes – foi praticamente produzida sob encomenda. O diretor do jornal, abade Norbert Wallez que era contrário ao regime comunista, incentivou o autor a

colocar Tintim tentando fazer uma reportagem durante uma viagem à Rússia. Na história, vários agentes do governo soviético tentam impedir que Tintim faça a matéria para que ele não revele ao mundo como é um país dominado pelo regime comunista. Depois da

X Os quadrinhos mostram pela primeira vez desenhos realistas. Duas séries oriundas dos pulp ganham adaptações. Hal Foster começa a desenhar Tarzan arzan, de

Edgar Rice Burroughs, e Buck Rogers in the 25th Century Century, de Dick Calkins, também ganha as páginas de jornais. X A Casa Editora Vecchi faz uma tentativa de lançar um tablóide semanal de quadrinhos, antecipando em cinco anos a iniciativa de Adolfo Aizen, mas fracassa. Mundo Infantil dura cerca de um ano. Publicava, ing Up FFather ather entre outras, Bring Bringing (Pafúncio), de McManus, e Laura Laura, de Pat Sulivan. X Surge A Gazetinha Gazetinha, suplemento do jornal A Gazeta, que teve diversas fases e lançou inúmeros personagens nacionais e americanos.

1930 X Chick Young cria Blondie Blondie, aproveitando o filão de tiras com mulheres bonitas desencadeado por Polly and her Pals, de Cliff Sterrett. Em 1933 a loura se casa

com o milionário Dagwood Bumstead, que por causa disso é deserdado pela família e passa a viver uma vida de americano classe média, indo trabalhar num escritório. Apesar de tudo, o casal vive feliz para sempre e a família vai aumentando com a chegada dos filhos e meia dúzia de cachorros, sobrevivendo nos jornais até hoje. Aqui foi conhecida como Belinda. X Betty Boop (acima) aparece pela primeira vez num desenho de Max Fleischer, Dizzy Dishes Dishes. Mas, quem diria: nos primeiros desenhos era uma cachorra. Mas logo ela seria humanizada e ficaria tão sexy que chegou a ter problemas com a censura. X Ham Fisher, que começou a sua carreira como repórter esportivo, teve a idéia de fazer uma tira quando entrevistou um boxeador. Mas tentou durante

TINTIM NO PAÍS DOS S OVIETES P OPEYE , DE S EGAR

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BOLÃO E AZEITONA , DE L UIZ SÁ

O S E XPLORADORES DA A TLÂNTIDA , DE MONTEIRO F ILHO

quase dez anos vender a tira, sem sucesso. Finalmente, em alooka estréia e vira 1930, Joe P Palooka um fenômeno. No Brasil recebeu o nome de Joe Sopapo Sopapo.

BRICK BRADFORD , DE W ILLIAM R ITT E C LARENCE G RAY

BRUCUTU , DE V. T. H AMLIN

1932 X Henry (Pinduca), de Carl Anderson, aparece no Saturday Evening Post mostrando as estripulias de um menino careca que nunca fala. O REIZINHO , DE O TTO SOGLOW

1931 X O genial Luiz Sá começa a Tico seus publicar no TicoTico-Tico personagens mais famosos: Réco-Réco, Bolão e Azeitona, virando colaborador regular da revista até o seu encerramento no início dos anos 60. X Dick TTracy racy, de Chester racy Gould, inaugura o gênero policial nos quadrinhos. A tira é um sucesso, principalmente por causa dos vilões bizarros, que chegam a ser mais esquisitos ainda que os do Batman. X The Little King (O Reizinho), de Otto Soglow, faz sua primeira aparição no New Yorker..

P INDUCA

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X Jane Jane, do inglês Norman Pett (aqui conhecida como Jane Pouca-Roupa), é a primeira hq a introduzir a nudez feminina (o

modelo era a esposa do autor). Depois ela teve até uma filha: Jane, Daughter of Jane Jane. X Alley Oop (Brucutu), de V. T. Hamlin, estréia nos jornais norteamericanos. No início é apenas um simples homem das cavernas, mas há uma reviravolta quando um cientista o traz aos dias atuais com a ajuda de uma máquina do tempo. A partir daí passa a viver aventuras em vários períodos da história mundial.

1933

DICK T RACY , DE CHESTER GOULD

X Na tira Fritzi Ritz Ritz, desenhada por Ernie Bushmiller, surge uma sobrinha da personagem-título que depois acabaria virando a titular da série: Nancy (conhecida no Brasil por nomes como Periquita, Xuxuquinha, Nanci, Maricota, TTeca eca e vários outros). X William Ritt e Clarence Gray lançam Brick Bradford Bradford, mais uma série de ficção científica, que no Brasil recebe o nome de Dick James James.

1934 X Vencedor de um concurso promovido pelo King Features, Alex Raymond lança de uma vez três personagens: Flash Gordon Gordon, Jungle Jim (Jim das Selvas) e Secret Agent X-9 (Agente Secreto X-9) – este escrito por Dashiell Hammett – para competir simultaneamente com Buck Rogers, Tarzan e Dick Tracy.

Raymond torna-se em pouquíssimo tempo a principal estrela do mundo dos quadrinhos. X Voltando de uma viagem aos EUA, onde viu a popularidade dos suplementos dominicais dos quadrinhos, Adolfo Aizen resolve trazer a idéia para o Brasil e lança o Suplemento Infantil Infantil, inicialmente um apêndice do jornal A Nação (ao lado). Logo a publicação torna-se independente e seu nome muda para Suplemento Juvenil Juvenil. A capa do primeiro número foi feita por J. Carlos e já trazia uma história brasileira: Os Exploradores da Atlântida Atlântida, de Monteiro Filho, a única que fez na vida. A sobrecarga de trabalho obrigou Monteiro a cancelar logo a série, que no último quadrinho tinha as iniciais “G.D.” (Graças a Deus). Embora publicasse outros quadrinhos brasileiros, como os de Carlos Augusto Thiré (primeiro marido de Tônia Carreiro e pai de Cecil Thiré), a base do Suplemento eram mesmo as histórias americanas. Em suas páginas foram lançados Flash Gordon Gordon, Mandrake, Tarzan, Príncipe V alente, Dick Valente, Tracy erry e racy,, Jim das Selvas, TTerry os Piratas e muitos outros, além de incorporar os personagens Disney, lançados antes pelo O Tico-Tico. O sucesso foi imediato: rapidamente as tiragens atingiram a casa dos


S IR T ERERÉ

T ERRY E OS P IRATAS , DE M ILTON CANIFF

1935 X Bill McCleery (escritor) and R.B. Fuller (desenhista) criam Oaky Doaks Doaks, uma espécie de versão cômica do Príncipe Valente que inclusive o precede. No Brasil recebeu o nome de Sir TTereré ereré ereré.

IMPERADOR MING, O ARQUI-INIMIGO DE F LASH G ORDON

X Li’l Abner (Ferdinando) de Al Capp faz sua estréia, retratando o universo dos caipiras, e tornase outro mega-sucesso nos EUA. X Terry and the Pirates (Terry e os Piratas) é a primeira série de sucesso de Milton Caniff, mostrando as aventuras de um garoto no extremo oriente. X Lee Falk cria Mandrake the ician (Mandrake, o Mágico) Magician Mag para o King Features Syndicate. Phil Davis é escolhido para desenhar a tira, logo traduzida no Suplemento Juvenil.

1935 X Belmonte, o inesquecível ato criador do Juca P Pato ato, publica Paulino e Albina na Gazetinha. X Jesus Blasco publica na Espanha seu personagem Cuto Cuto, na revista Chicos. FLASH GORDON , DE A LEX RAYMOND

360 mil exemplares (somando as três edições semanais), destronando o até então imbatível O Tico-Tico e motivando o sugimento de filhotes obinho. como Mirim e Lobinho Aizen inovou ainda, mobilizando os jovens de todo o País ao criar o Centro Juvenilista.

JIM DAS SELVAS , DE A LEX R AYMOND

1936 FERDINANDO , DE A L CAPP

painel semanal no Saturday Evening Post. Em 1943 a Famous Studios (pertencente à Paramount e sucedânea do estúdio de Max Fleischer) licencia a personagem para a produção de curtas de animação. Mas é nos também licenciados gibis da editora Dell de 1945 em diante que Luluzinha encontra sua mídia mais popular e é publicada regularmente por quase 40 anos. No Brasil só chegaria em meados da década de 50 nas edições publicadas pela editora O Cruzeiro.

X O planeta Saturno decide invadir a Terra. Mas só os italianos ficam sabendo, através da erra hq Saturno Contro la TTerra erra, de Cesare Zavattini, desenhada por Giovanni Scolari. X Lee Falk cria outro personagem que fará mais sucesso ainda: The Phantom (Fantasma), desta vez em parceria com o desenhista Ray Moore. Mas, aqui no Brasil, o

M ANDRAKE , O MÁGICO , DE L EE F ALK

X Marjorie Henderson Buell, assinando Marge, cria Little Lulu (Luluzinha), inicialmente um

LULUZINHA E BOLINHA

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P RAXEDES P ORCALHÃO

P OPEYE , POR BUD SARGENDORF

personagem não foi lançado pelo Suplemento Juvenil, e sim pelo Correio Universal. Depois seria lançado em revistas nas mais diversas editoras do País e se tornaria um sucesso de vendas.

Aizen versus Marinho A concorrência entre Roberto Marinho e Adolfo Aizen se acirra. Marinho lança Gibi Gibi, no mesmo formato de Mirim Mirim, e esse título se torna tão popular que o nome vira sinônimo de revista em quadrinhos. Aizen contra-ataca lançando Lobinho binho, para evitar que ele venha a lançar uma publicação chamada “Globinho”. É a primeira publicação em quadrinhos brasileira em formato standard, mas não atinge as vendas desejadas e é cancelada. O título é reaproveitado e no ano seguinte um artigo é acrescentado, virando O Lobinh Lobinhoo. Nessa fase muda também para o formato standard e as principais atrações são os super-heróis que a DC vem lançando um atrás do outro, como Joel Ciclone (Flash) e Falcão da Noite (Hawkman). O golpe de misericórdia, entretanto, vem quando Marinho compra o passe de todos os personagens do King Features publicados por Aizen, como Fantasma antasma, Mandrak Mandrakee, Príncipe V Juvenil. Valente alente e outras estrelas do Suplemento Juvenil Com as revistas privadas de seus principais personagens, as vendas caem. Devido a essa e outras dificuldades provocadas pelos tempos de guerra, como a escassez de papel, Aizen não tem outra alternativa a não ser passar o controle acionário de sua empresa (agora chamada GCSN - Grande Consórcio de Suplementos Nacionais) para a empresa A Noite, pertencente ao governo. Mas permanece como diretor.

1937 X Hal Foster abandona Tarzan e aliant (Príncipe cria Prince V Valiant Valente) para o King Features Syndicate, de Hearst. A história é considerada a mais perfeita iconografia da Idade Média e narra as aventuras de um jovem príncipe desde a préadolescência. Hearst gosta tanto que – fato raro – deixa que Foster continue mantendo os direitos sobre o personagem. X Al Capp cria outra série, mas só faz os roteiros. Os desenhos ficam por conta do ilustrador Raeburn Van Buren. Slats é um rapaz novaiorquino que fica órfão e vai morar com a tia Abigail no interior, numa cidadezinha chamada Cabtree Corners. Aqui a série ganhou o título de Zé Mulambo e a cidade virou Rancho FFundo undo undo. Mas é seu sogro Bathless Grogg ins (Praxedes Groggins Porcalhão) o mais popular personagem da série. X Animados com a propaganda gratuita que Popeye faz de seu produto (principalmente nos desenhos animados), plantadores de espinafre no Texas erigem uma estátua em homenagem ao marinheiro. Um ano depois, o criador Elzie Segar falece devido a uma doença e deixa o personagem nas mãos

G ARRA CINZENTA

de vários continuadores, notadamente Bud Sargendorf, o que mais anos passou desenhando a série, primeiro em gibis e depois assumindo o material para jornais. X Roberto Marinho foi o primeiro empresário procurado por Aizen, na época em que ele procurava um financiador para seu projeto de lançar suplementos de quadrinhos. Na época, recusou. Três anos depois, vendo o sucesso do Suplemento Juvenil Juvenil, foi a vez dele se aproximar de Aizen, propondo-lhe sociedade, e este lhe deu o troco, recusando. Marinho resolve partir para a o concorrência e lança O Glob Globo Juvenil Juvenil, imitando não só o título como o formato, e publicando personagens que não haviam sido comprados por Aizen, como Ferdinando, Brucutu e Zé Mulambo Mulambo. X Aizen lança Mirim Mirim, mantendo a mesma fórmula do Suplemento Juvenil de publicar as séries de tiras em continuação, porém em novo formato: meio

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tablóide, que evoluiria para o tamanho padrão que as revistas em quadrinhos passariam a ter na década seguinte. Como o outro, passa a sair três vezes por semana, em dias alternados ao Suplemento Suplemento. X Henning Dahl Mikkelsen (“Mik”) cria na Dinamarca Ferd’nand. X Francisco Armond e Renato Silva lançam o Garra Cinzenta na Gazetinha, precursora do gênero terror. A série faz tanto sucesso que chega a ser exportada para o México e

FANTASMA , DE L EE FALK E RAY MOORE


P RINCIPE V ALENTE , DE H AL F OSTER

França. O criador, aliás, criadora, era uma mulher: Helena Ferraz. X Surge Sheena, Queen of the Jungle (Sheena, a Rainha da Selva), criada pelo mestre Will Eisner sob o pseudônimo de William Thomas. CHARLIE C HAN

X Charles Addams começa a colocar em seus cartuns no New Yorker uns personagens muito esquisitos: uma mulher com cara de mortaviva, seu mordomo, um marido estranho, uma velha, um gordo careca e crianças nada convencionais. Eles nem tinham nomes mas se tornaram imensamente populares e

continuaram a aparecer regularmente durante décadas na revista. Só quando foram para a tv, em 1964, é que receberam amília Addams um nome: A FFamília Addams.

1938 X Após passarem anos tentando vender seu personagem sem sucesso, Joe

Shuster e Jerry Siegel conseguem uma brecha em uma nova revista que estava sendo lançada pela editora que mais tarde se tornaria a DC Comics: Action Comics Comics. Começa aí a carreira meteórica do Superman (Super-Homem), único sobrevivente do planeta Krypton que vem à Terra e A FAMÍLIA ADDAMS

S UPERMAN , DE J OE S HUSTER E J ERRY S IEGEL

adquire superpoderes. A publicação é um sucesso de vendas sem precedentes, atiça a concorrência e isso acarreta uma tonelada de imitações e mais super-heróis fantasiados, muitos lançados pela mesma DC. Superman logo vira série de animação (por Max Fleischer), tira diária de jornais e até seriados cinematográficos, novela de rádio e o que mais se puder pensar. Isso também estabelece o gênero comicbook, que prolifera no período

da II Guerra Mundial e sobrevive até hoje. X Charlie Chan Chan, o popular herói da literatura policial criado por Earl Der Biggers na década de 20, já tinha tido diversas versões cinematográficas desde os tempos do cinema mudo e continuava fazendo muito sucesso. Agora é a vez de passar para os quadrinhos, virando uma tira diária distribuída pelo McNaught Syndicate. Alfred Andriola é o desenhista Jornal da ABI 348 Novembro de 2009

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escolhido pelo próprio Biggers para fazer as tiras. X A famosa novela radiofônica Ranger, de Fran The Lone Ranger Striker, é convertida em quadrinhos distribuídos pelo King Features Syndicate. Os desenhos começam com Ed Kressy mas logo Charles Flanders assume a série. Dez anos depois a editora Dell lançaria um gibi, primeiro republicando as tiras e depois com material inédito. X Messias de Mello, com a colaboração de “Moura”, publica a série Audaz, o Demolidor em A Gazeta. X Surgido em 1934 fazendo uma ponta num dos desenhos da série Silly Symphonies – Little Wise Hen –, Donald Duck (Pato Donald) logo foi promovido a coadjuvante de

Mickey e rapidamente se tornou uma das principais estrelas da Disney, aparecendo também nas tiras do camundongo. Neste ano ele ganha sua própria tira de quadrinhos e, mais tarde, a Dell lança a revista do Pato Donald.

1939 X A DC emplaca seu segundo hit no gênero super-heróis lançando Batman de Bob Kane

no número 27 da revista D etective Comics Comics. No ano seguinte ele ganha um companheiro adolescente, Robin, e a dupla nos anos 50 enfrenta acusações de homossexualismo quando o psiquiatra Frederic Wertham publica The Seduction of the Innocent Innocent. Este livro por sua vez provoca a perseguição aos gibis como todo um gênero, fogueiras em praça pública e até mesmo uma CPI no senado norteamericano. X Namor Namor,, o Príncipe Submarino Submarino, de Bill Everett, dá seu primeiro mergulho. Neste mesmo ano surge também The Human TTorch orch (O Tocha Humana), um andróide criado por Carl Burgos.

BATMAN , DE B OB K ANE

1940 X Na cola do Superman surge o Marvel. Aqui sua Capitão Marvel identidade secreta não é de jornalista, mas sim jornaleiro (e depois radialista): o menino Billy Batson grita a palavra mágica Shazam! E adquire superpoderes, enfrentando vilões como o diabólico Dr. Silvana. No ano seguinte ganharia um “filhote”, o Capitão Marvel Jr Jr, e depois uma irmã gêmea, Mary Marvel Marvel. Os três formam a Família Marvel Marvel. Freddy Freeman, o alter ego do Capitão Marvel Jr Jr.. , era deficiente físico e precisava de muletas para andar. O personagem irrita a DC Comics, que move um processo acusando a concorrente Fawcett Publications de plágio. A briga se arrasta dezesseis anos na justiça. X Will Eisner cria e lança seu personagem The Spirit numa espécie de mini-gibi distribuído de brinde nos jornais

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1941

A UDAZ , O D EMOLIDOR , DE M ESSIAS DE MELLO

S PIRIT , DE W ILL EISNER

CAPITÃO MARVEL , DE C. C. B ECK

americanos, inovando na narrativa gráfica e tornando-se o primeiro autor do gênero a deter os direitos sobre seu personagem. X Surge uma tira protagonizada por uma mulher jornalista, Brenda Starr Repor ter Reporter ter, que era também criada por uma mulher, Dale Messick.

da guerra. Mesmo o Príncipe Valente entra em campanha, ainda que continuando na Idade Média e combatendo os hunos. Japoneses invadem Bengala, habitat do Fantasma e por aí afora.

inova por ser totalmente impressa em cores. Essa seria a primeira de um sem-número de títulos que lançaria a partir da década seguinte pelo selo da Editora O Cruzeiro.

1941 X Plastic Man (Homem de Borracha), de Jack Cole, junta brilhantemente os gêneros superherói e comédia, fazendo sua estréia na revista Police Comics.

X Goebbels, braço direito de Hitler, declara: “O Super-Homem é um judeu!”. De fato, a fonética do nome kryptoniano do personagem, Kal-El Kal-El, em hebraico pode ser traduzida como “tudo o que Deus é”.

X Francisco Irwerten cria, no Paraná, o Capitão Gralha Gralha, provavelmente o primeiro superherói brasileiro. alooka X Joe P Palooka alooka, de Ham Fisher, é o primeiro personagem de quadrinhos norte-americano a se alistar no exército visando combater na II Guerra Mundial. Logo todos os personagens em quadrinhos estariam engajados e viveriam aventuras ligadas ao universo

X Steve Roper faz sua primeira aparição na tira cômica Big Chief W ahoo Wahoo ahoo. Mas o personagem faz tanto sucesso que logo acaba virando o titular da série e Wahoo e os outros índios desaparecem, bem como o enfoque muda para aventura. Roper é um fotojornalista especializado em descobrir fraudes, que trabalha na revista Proof.

BRENDA S TARR R EPORTER , DE DALE M ESSICK

X Assis Chateaubriand completa seu leque que abrange agora todos os segmentos da imprensa entrando se sola no mercado de quadrinhos e lançando O Guri Guri, revista que

HOMEM DE B ORRACHA, DE J ACK COLE

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D ER F UEHRER ’ S F ACE

A LÔ A MIGOS

experimento ultrasecreto para criar supersoldados.

comercial não encoraja a continuação da série. X Péricles começa a publicar no Guri de Chateaubriand as engraçadíssimas aventuras do Oliveira TTrapalhão rapalhão rapalhão.

X O psiquiatra William Moulton Marston, sob o pseudônimo Charles Moulton, cria para a editora All-American (associada da DC) Wonder W oman Woman (Mulher-Maravilha), visando atingir o público feminino. O desenhista é Harry G. Peter.

X Os heróis de gibis também são recrutados para o “esforço de guerra” na luta para combater as forças do Eixo, e alguns são criados especialmente para isso: neste ano surge o Capitão América América, um soldado americano que ganha poderes especiais ao participar, como cobaia, de um

O CARANGUEJO DAS P INÇAS DE O URO

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X Na aventura de Tintin Le Crabe aux Pinces d´Or (O Caranguejo das Pinças de Ouro) Hergé cria um de seus principais personagens: o capitão Haddock, que nunca respeitou a lei “se beber, não dirija um navio”. X Pogo ogo, de Walt Kelly, surge na revista Animal Comics Comics, ainda em uma forma embrionária e voltada para o público infantil. Em 1948 ele mudou o enfoque

X Para elevar o moral das tropas, Milton Caniff cria a gostosa Miss Lace para o Camp News Service, jornal distribuído para soldados norte-americanos que estavam em missões de guerra.

para sátira política, quando começou a publicar o personagem em tiras no Star de Nova York.

filmes adolescentes da época. As histórias foram criadas por Vic Bloom e Bob Montana.

X Archie faz sua estréia na revista Pep Comics. A encomenda partiu do editor John L. Goldwater da editora MLJ, que queria um personagem inspirado em Mickey Rooney, campeão dos

1942 X Dante Quinterno produz ele mesmo a versão cinematográfica de seu personagem Patoruzú atoruzú: Upa em Apuros é o primeiro desenho animado argentino em cores, mas o resultado

X Com a entrada definitiva dos EUA na Segunda Guerra, todos os personagens se engajam e são comuns capas ridicularizando os japoneses – inimigos diretos dos americanos por causa do ataque a Pearl Harbor – ou mesmo com os heróis espancando Adolf Hitler. Até mesmo o Pato Donald entra na dança: Walt Disney e equipe começam a produzir o curta de animação Der Fuehrer’s Face, que seria lançado nos cinemas no início do ano seguinte. X Disney tinha feito um pouco antes uma viagem à América


M ISS L ACE , DE M ILTON C ANIFF

1945 1944 X Alex Raymond se alista nas Forças Armadas e as páginas dominicais de Flash Gordon são retomada por Austin Briggs, que já fazia as tiras diárias do mesmo personagem desde 1940. X Morre George Herriman, criador do Krazy Kat e devido a seu estilo único a série é cancelada – seria impossível se pensar em outro autor para continuar essa hq. X Frank Robbins cria Johnny Hazard, que começa como um Hazard aviador lutando na Segunda Guerra Mundial. A tira começa a sair no dia 5 de junho, um dia antes do Dia-D, a batalha da Normandia, que marcou a retomada do continente europeu pelos aliados.

1945

O AMIGO DA O NÇA , DE P ÉRICLES

Latina como “embaixador de boa vontade” trazendo consigo a nata de seu estúdio. O objetivo era angariar a simpatia dos países latinos à causa dos Aliados, já que alguns países estavam flertando com o fascismo. É assim que surge o papagaio Zé Carioca Carioca, companheiro de Donald no filme Alô Amigos (1943). Há quem diga que o papagaio foi inspirado num desenho de J. Carlos. Zé Carioca, entretanto, fez sua estréia mundial não nesse filme de animação e sim em páginas dominicais de quadrinhos nos suplementos americanos a partir de outubro de 1942, antes mesmo de o filme ser lançado. X Alfredo Machado cria a Distribuidora Record de Serviços

de Imprensa, cuja principal atividade é fornecer quadrinhos para revistas e jornais brasileiros, fazendo a intermediação com os produtores norte-americanos e de outros países. Mais tarde se tornaria também editora de livros, atualmente o maior grupo editorial do País.

X Adolfo Aizen funda a Editora Brasil-América, após desligar-se do Grande Consórcio de Suplementos Nacionais. Sua intenção é publicar apenas livros, mas acaba se estabelecendo novamente como a maior editora de quadrinhos do país. Em outubro de 1946 em co-edição com o ítalo-argentino Cesar Civita (irmão de Victor Civita) lança Seleções Coloridas, impressa na Argentina pela Editorial Abril.

DRAGO , DE BURNE HOGARTH

Tarzan (que depois retomaria, em 1947) e cria Drago Drago, uma espécie de “Cisco Kid latinoamericano”. A ação se passa na Argentina. Sucesso de crítica, mas não de público, a série dura apenas cerca de um ano.

1946 X Al Capp lança um concurso para escolher a representação gráfica da horrenda Lena the Hyena Hyena, uma personagem da história de Li’l Abner (Ferdinando) que nunca mostrava a cara. O

X Burne Hogarth abandona a United Feature Syndicate e

1943 Péricles cria O Amigo da Onça Onça, um cartum semanal usando linguagem de quadrinhos que vira a principal atração da revista. O nome vem de uma piada popular corrente da época, mas a inspiração vem de El Inimigo Del Hombre Hombre, do argentino Divito. X É lançado o primeiro seriado de Batman Batman, estrelado por Lewis Wilson (Batman) e Douglas Croft (Robin).

BATMAN , DE 1943

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NICK H OLMES, DE ALEX R AYMOND

L UCKY L UKE , DE M ORRIS

faria também inúmeras adaptações de romances brasileiros para quadrinhos na Edição Maravilhosa de Aizen.

júri, composto de Salvador Dali, Boris Karloff e Frank Sinatra, deu o prêmio ao então quase desconhecido Basil Wolverton. X Milton Caniff abandona Terry erry, que passa às mãos de George Wunder, e cria Steve Canyon Canyon. Ele seguiu o mesmo caminho de Roy Crane, que abandonou Wash TTubbs ubbs (Capitão César) para criar um novo personagem, Buzz Sawyer (Jim Gordon), do qual seria detentor dos direitos. X Depois de dar baixa na Marinha, onde alcançou a patente de Major, Alex Raymond volta aos quadrinhos, agora com um novo personagem: Rip Kirby (Nick Holmes), um detetive particular que é sempre acompanhado do mordomo Desmond (Duarte). X A tira Dick TTracy racy antecipa em várias décadas a telefonia celular, quando o inventor Diet Smith faz para ele um rádio de pulso.

DICK T RACY E SEU RÁDIO DE PULSO

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X O belga Maurice De Bevere, assinando Morris, cria o western cômico Lucky Luke Luke, que depois passaria a contar com a colaboração de René Goscinny (Asterix) nos textos.

1947 X A Ebal lança sua primeira revista “oficial”, isto é, sem a parceria com os Civita: O Herói Herói, um mix de personagens de aventuras, impressa em rotogravura e com capa em preto e branco (e com um erro ortográfico, pois os primeiros números não traziam acento em herói, como mandava a ortografia vigente). Essa seria a primeira de uma linha de periódicos que chegaria a uma média de 30 publicações por mês, nos tempos áureos. X O Sesi lança uma publicação para o público infanto-juvenil, Sesinho Sesinho, onde estreiam, entre outros, Ziraldo, Fortuna e um brilhante desenhista clássico que logo abandonaria a carreira nos quadrinhos para se tornar costureiro, Gil Brandão, responsável por uma história ambientada no meio rural brasileiro, Raça e Coragem Coragem. X A revista Vida D oméstica lança um filhote: Vida Infantil Infantil, voltada para o público mirim. Entre seus principais colaboradores está o lendário Joselito, criador de Pituca.

X Numa aventura do Pato Donald surge um personagem que, embora só viesse a ser incorporado aos desenhos animados na década de 1980, viraria um dos principais e mais ricos (em todos os sentidos) ícones do universo Disney: Uncle Scrooge (Tio Patinhas), como outros personagens de Patópolis (e da própria cidade em si) uma criação de Carl Barks.

1948 X Em parceria com Carlos Estêvão, Millôr Fernandes escreve os roteiros de sua única experiência em quadrinhos: Ignorabus, o Contador de Histórias (publicada no Diário da Noite). Obra-prima do nonsense, todos os personagens morrem pouco depois que a história começa, num terremoto que arrasa a cidade de Bagdá, e os autores (que também aparecem na tira) são obrigados a sair catando um novo elenco. Mais tarde a tira é rebatizada como Rato Santo Santo. X O agente Luís Rosenberg (proprietário da Apla) e o desenhista haitiano radicado no Brasil, André Le Blanc, fazem uma tentativa de montar um esquema de distribuição de tiras brasileiras nos moldes dos syndicates americanos. Morena Flor é publicada em vários jornais brasileiros (começando pelo Diário da Noite) e revendida para Argentina, Chile e Panamá. Le Blanc, que também foi o responsável pelas ilustrações dos livros infantis de Monteiro Lobato,

X Gianluigi Bonelli e Aurélio Galeppini publicam, na Itália, a primeira aventura do cowboy Tex W iller Willer iller. Em pouco tempo Tex torna-se o maior fenômeno editorial desse país. É publicado no Brasil a partir de 1951 na revista Júnior Júnior, uma edição de O Globo (que ainda não usava o selo Rio Gráfica), no mesmo formato “cheque”.

1949 X O sucesso de Vida Infantil motiva a mesma editora a lançar outra revista nos mesmos moldes, mas voltada para um público ligeiramente mais velho: Vida Juvenil Juvenil. X As feministas vencem uma batalha: Hilda Terry (a autora de Teena eena) é admitida como membro da National Cartoonists Society, entidade de classe norte-americana, até então um restrito “clube do Bolinha”.

X Surge Superboy Superboy, versão adolescente do Superman Superman, criada à revelia dos autores Joe Shuster e Jerry Siegel, que começam os desentendimentos com a DC Comics a partir daí e vão sendo expelidos da editora. X O chileno René Rios, assinando Pepo, cria Condorito Condorito. Embora nunca tenha dado certo no Brasil, esse personagem é um sucesso não só em seu país natal como em toda a América Latina. Geralmente suas histórias têm apenas uma página e invariavelmente terminam com Condorito ou outro personagem desmaiando, seguido da onomatopéia “plop”. Dizem que Pepo criou esse personagem em protesto ao filme Saludos Amigos (Alô Amigos) de Disney, ultrajado pelo fato de o Chile ter sido mal representado. Enquanto os brasileiros ganharam o papagaio Zé Carioca e os mexicanos o galo Panchito, o Chile era representado por... um aviãozinho bimotor. X Frank Godwin, que já tinha se notabilizado por Connie, ilustra as tiras de Rust Riley (no Brasil Pedrinho e Célia) com roteiros de Rod Reed (o mesmo de Cisco Kid).

T EX WILLER

A história dos próximos 60 anos continua no segundo volume do Jornal da ABI • Especial de Quadrinhos, que trará também entrevistas e perfis de alguns dos mais destacados desenhistas brasileiros.

Continua!


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