07/10/2022 - 9:30
Salvador Dalí, pintor espanhol e mestre do surrealismo, era um homem à frente de seu tempo. Compreendeu o poder do pop antes mesmo de Andy Warhol, quando pintou uma garrafa de Coca-Cola na tela Poetry of America (1943).
Autor de obras inovadoras, como A Persistência da Memória (1931), previu que a arte seria “substituída por formas mais férteis, ainda impossíveis de imaginar”. Inconcebível à época, uma delas provavelmente seria o conceito de metaverso. Por ter explorado a ciência e a tecnologia, nada mais justo do que ceder ao catalão um espaço nesse ambiente virtual: é a proposta da exposição Dalí Cibernético, inaugurada no centro Ideal Barcelona, na Espanha.
A mostra exibe projeções em 360 graus em uma tela de mil metros quadrados. Na experiência virtual, os visitantes ingressam na realidade aumentada com óculos especiais e personalizam seus avatares, personagens que serão usados para passear pelo espaço digital onde as criações de Dalí ganham vida. São 15 minutos “dentro” da mente do artista, que foi pioneiro no uso de ferramentas digitais aplicadas à criação. A liberdade de movimentos, os hologramas, e a inteligência artificial da vivência, fazem jus ao seu legado.
Para Adriana Nakamuta, professora de História da Arte na Estácio, a estética transcendente de Dalí facilita a adaptação de suas obras para a nova linguagem. “Ele era genial em pintar sonhos e construir histórias”, afirma. A artista plástica Edna Carla Stradioto destaca que seu estilo remete ao processo imersivo pelo alto conteúdo metafórico e simbólico: “Ele foi vanguardista da unha do pé ao último fio de bigode”.
Exposições com alta tecnologia são tendência no setor cultural. “A arte é uma excelente forma de aproximar as pessoas do metaverso, principalmente quando há o acesso ao equipamento”, diz Rodolfo Brant, CEO da Dive Realites, especializada em realidade virtual. Depois da Espanha, Dalí Cibernético viajará pela Ásia e EUA. Ainda não há data para a exposição chegar ao Brasil.
