MORTE

Morre o cartunista pernambucano Ral, aos 71 anos; conheça a trajetória do artista

Romildo Araújo Lima colaborou para o Jornal do Commércio, O Pasquim e lutava contra a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA)

Emannuel Bento
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Emannuel Bento
Publicado em 29/05/2023 às 15:00 | Atualizado em 29/05/2023 às 15:07
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LUTO Romildo Araújo Lima, conhecido como Ral, faleceu no domingo (28) - FOTO: DIVULGAÇÃO

O cartunista, chargista e ilustrador pernambucano Romildo Araújo Lima, conhecido pelo apelido Ral, morreu na noite do último domingo (28), aos 71 anos. Um dos fundadores do jornal humorístico "Papa-Figo" e colaborador de "O Pasquim", o artista lutava contra a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), doença degenerativa para qual não existe cura.

O velório foi realizado na manhã desta segunda-feira (29), na Funerária Batista, em Santo Amaro, Centro do Recife. O sepultamento foi realizado no cemitério Parque das Flores, às 14h30.

Na capital pernambucana, Ral trabalhou para as redações do Jornal do Commércio, Diario de Pernambuco, Folha de Pernambuco e Gazeta Mercantil.

Romildo Araújo Lima nasceu no município de Arcoverde, no Sertão de Pernambuco. Se mudou para a família para o Recife ainda na infância e passou a desenhar por influência do irmão, Rui, iniciando com desenhos de heróis de histórias em quadrinhos.

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Romildo Araújo Lima, o Ral, passou por várias redações de Pernambuco - DIVULGAÇÃO

"Quando eu cheguei aqui no Recife eu tive uma espécie de curso superior: eu comecei a frequentar uma banca de revistas do meu tio. Aquilo para mim era um mundo", disse, em entrevista ao portal La Insignia, em 2007.

"Comecei a mudar com 'O Pasquim'. Comecei a estudar os traços dos grandes cartunistas. Algum tempo antes já me impressionava Borjalo, de O Cruzeiro. Então comprei livro, comecei a ler, a me informar, e de repente comecei a sair no Pasquim. Um desenho, outro, uma página, o que terminou por me ajudar muito a entrar nos jornais daqui".

RAL estudou ilustração e jornalismo na Escola Panamericana de Artes, em São Paulo, e na Unicap, no Recife. Em 1968, com 17 anos, começou como colaborador do Jornal do Commércio. Ele ajudou a fundar o tabloide "A Xepa" em 1973.

Já o "Papa-Figo" nasceu nos anos 1980 e que fez bastante sucesso, tendo entre seus colaboradores Bione, Lailson e Clériston, além de Jaguar, Nani, Pimentel, Amorim, Cervantes e Sávio Araújo.

Em 1995, entrou para o "Diário de Pernambuco" como editor de arte. De lá, foi para a "Folha de Pernambuco" e depois para a "Gazeta Mercantil".

Em 2007, Ral foi homenageado na nona edição do Festival Internacional de Humor e Quadrinhos de Pernambuco (FIHQ). A homenagem foi um momento de reconhecimento de uma carreira que acabou por marcar gerações seguintes de cartunistas, chargistas e ilustradores.

O artista foi diagnosticado com esclerose lateral amiotrófica em 2020. Para ajudar no tratamento, ele chegou a criar uma loja virtual pelo WhatsApp para vender camisas e canecas com suas artes. Também foi feita uma campanha para arrecadar doações.

O Sindicato de Jornalistas de Pernambuco emitiu uma nota lamentando o falecimento: 

"RAL lutou como um guerreiro. Graças à solidariedade de muita gente, que lhe ajudou através de uma loja virtual criada em 2022 para vender camisetas e canecas com artes feitas por ele, ele conseguiu arrecadar recursos para seu tratamento. Infelizmente, a doença venceu o talento, a competência e a força de vontade viver do grande RAL. Siga em paz e na luz! Neste momento de dor e consternação, manifestamos nossas profundas condolências aos seus familiares, amigos e colegas de profissão, desejando-lhes força para superar essa irreparável perda."

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