Túnel rompido no rio Tietê, em SP, e sua importância ambiental para demandas futuras de despoluição

O professor Pedro Luiz Côrtes descreve os impactos do rompimento e comenta sobre os seus possíveis desdobramentos

 11/02/2022 - Publicado há 2 anos

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A obra é extremamente importante no sentido de coletar o esgoto atual e também ter capacidade de atender às demandas futuras para a despoluição do rio Tietê – Foto: Flickr

 

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O presidente da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), Benedito Braga, afirmou que o esgoto do túnel que rompeu ao lado da obra do Metrô na marginal não está despejando no rio Tietê. A empresa vai utilizar o sistema antigo de coleta da região para receber dejetos. O chamado interceptor de esgotos, tubulação que rompeu, faz parte de um projeto de despoluição do rio Tietê, entregue em 2020. Em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª edição , o professor Pedro Luiz Côrtes, da Escola de Comunicações e Artes (ECA) e do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da USP, comenta sobre os últimos acontecimentos e projeta possíveis soluções.

Pedro Luiz Côrtes – Foto: IEA-USP

Para esclarecer a situação da tubulação de coleta de esgoto e a sua importância ambiental, o professor Côrtes explica que “o túnel foi desenvolvido com o objetivo de coletar o esgoto de cerca de dois milhões de pessoas da região central da cidade de São Paulo e levar esse esgoto para a estação de tratamento de Barueri. Essa obra é extremamente importante no sentido de coletar o esgoto atual e também ter capacidade de atender às demandas futuras para a despoluição do rio Tietê. Ao invés do esgoto ser lançado direto no rio Tietê, ele vai para uma estação de tratamento de altíssima capacidade. O objetivo dessa linha era fazer a coleta e destinação desse esgoto, evitando que ele fosse lançado no rio Tietê.”

Um ponto fundamental a ser discutido é sobre como será realizada a recuperação após o rompimento. “Com a obra da construção do Metrô, houve a ruptura desse túnel; eu acredito que tenha sido pela própria vibração do equipamento, embora quem trabalhe com isso diga que as vibrações são muito reduzidas e que tudo é muito bem calculado, mas eu acredito que ali os sedimentos estavam inconsolidados”, indica o professor. A disposição inicial do rio deve ser relembrada, porque ele era repleto de meandros. Durante o projeto de retificação, essas curvas foram aterradas de forma deliberada, sem preocupação com os resíduos, o que pode ter influência nos últimos acontecimentos. 

Metrô não será prejudicado

De acordo com o professor Côrtes, “é possível que nessa escavação tenha sido atingida uma parte desse aterro, que é um material muitas vezes inconsolidado. Esse material, quando cede, faz o túnel perder sustentação. Ele tem uma ruptura e o esgoto começa a jorrar, inundando a cratera e também parte da escavação do metrô. A companhia responsável pela obra drenou esse esgoto e a quantidade que chegou ao rio Tietê não foi tão grande. Agora, ela providenciou a concretagem no buraco para evitar que ele continuasse a se expandir. Isso tem uma consequência, porque interrompeu a linha dessa tubulação. No caso do Metrô interrompido, o equipamento utilizado tem condições de perfurar concreto, então a retomada das obras do Metrô não serão prejudicadas.”

“Nós temos que recuperar a tubulação, porque foi projetada para atender à demanda do esgoto” – Foto: Flickr

 

Após os primeiros atos para conter a situação, é importante pensar nos desdobramentos que os impactos terão e quem será o responsável pela reparação. “Nós temos que recuperar a tubulação, porque foi projetada para atender à demanda do esgoto, ela custou muito e não pode ficar abandonada”, comenta o professor, que ainda projeta a discussão sobre quem irá pagar a reparação da obra: “Pode ser que a empresa responsável pela construção da linha do Metrô queira judicializar isso, alegando que ela não teve imperícia, imprudência e foi uma fatalidade, então não caberia a ela fazer esse tipo de reparação, e claro que não vai sair barato. Acredito que, no primeiro momento, o governo do Estado venha a bancar essa reconstrução e depois na justiça venha a ser determinado de quem é essa responsabilidade.”

Para conhecer mais sobre o trabalho do professor Pedro Luiz Côrtes, confira o seu canal no Youtube: O ambiente é o nosso meio


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