Ditadura militar na Paraíba: professor explica 4 fatos do período no estado

Nesta sexta-feira (31), o golpe completa 59 anos. Ditadura militar na Paraíba cassou mandatos e resultou em pessoas torturadas, mortas ou desaparecidas.

Foto: Reprodução/Memorial da Resistência/Jornal o Movimento

O historiador e professor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) Paulo Giovani Antonio Nunes falou sobre alguns acontecimentos na Paraíba durante a ditadura militar. Nesta sexta-feira (31), o golpe completa 59 anos.

Perseguição às ligas camponesas

O professor Paulo Giovani explica que na época do golpe, o governo da paraíba mantinha algum diálogo com os movimentos sociais, especialmente com as ligas camponesas. Isso mudou no começo de 1964.

“No início do ano de 1964 essas relações começam a se desgastar, principalmente depois do chamado conflito de Mari e conflitos com o movimento estudantil. Forças de direita no estado, liderados pelo deputado Joacil de Brito articulavam o golpe, junto com militares”.

Um dos fatos marcantes do período na Paraíba foi o desaparecimento de dois líderes das ligas camponesas de Sapé, Nêgo Fuba e Pedro Fazendeiro. Eles nunca foram encontrados.

Apoio do governador Pedro Gondim

Segundo o professor, o governador Pedro Gondim fez uma reunião no Palácio da Redenção, em João Pessoa, e ficou esperando o desenrolar dos acontecimentos. Quando soube que o golpe foi vitorioso, aderiu ao movimento e passou a apoiar fortemente o regime.

Cassações durante ditadura militar na Paraíba

Na ditadura militar, diversos políticos paraibanos foram cassados, como o vereador Antonio Augusto de Arroxelas, de João Pessoa, além de deputados estaduais e suplentes. De acordo com o professor Paulo, cerca de 35 políticos do estado foram cassados, inclusive o ex-governador Pedro Gondim, que mesmo sendo apoiador do regime militar, foi cassado quando eleito mais tarde deputado federal.

“35 detentores de cargos eletivos, entre deputados federais, deputados estaduais, prefeitos e vereadores foram cassados, entre eles Ronaldo Cunha Lima, da prefeitura de Campina Grande e o ex-governador Pedro Gondim, quando era deputado federal. 12 juízes e um desembargador foram afastados de seus cargos, aconteceu censura a imprensa e perseguição a jornalistas e aos setores culturais”.

Paraibanos mortos, desaparecidos e torturados

Pelo menos 14 pessoas da Paraíba morreram ou desapareceram durante a ditadura militar, segundo o professor.

Além disso, o estado torturou 125 pessoas e afastou definitivamente 101 estudantes universitários.

“A ditadura no estados se caracterizou por forte repressão, tivemos 14 paraibanos mortos e desaparecidos; em torno de 125 pessoas torturadas, inclusive numa granja privada em Campina Grande, conhecida como Granja do Terror, 101 estudantes afastados definitivamente das universidades, a UFPB e a FURNE, intervenções em sindicatos, com a destituição e prisão de seus presidentes”.