Por que Santo Antônio é o santo casamenteiro?

Santo “casamenteiro” não dedicou a vida para casar fiéis, mas teria defendido o casamento por amor.

Santo Antônio é um dos santos mais populares da Igreja Católica, venerado em diversas partes do mundo, e um dos mais queridos no Brasil. O santo é muitas vezes representado com lírios ou segurando o Menino Jesus no colo, mas também é associado a milagres casamenteiros. 

Mais de 50 milagres entram para as realizações do santo, entre eles ressurreições e controle de forças naturais. Poucos registros relacionam Antônio com milagres de matrimônios, porém ele é invocado como o protetor de coisas perdidas. De acordo com o diácono da Arquidiocese da Paraíba, Ringson Toledo, explica que sua relação com casamento é mais “folclórica”.

Vale tudo para chamar a atenção do Santo: colocar sua imagem de cabeça para baixo em água, retirar o menino Jesus do seu colo, além daquelas relacionadas a bênção de pães.

Confira qual a relação do Santo com sua fama de “casamenteiro”.

Quem é Santo Antônio?

Casar fiéis não é o ponto central da história do santo. Santo Antônio nasceu em Lisboa, em Portugal, em 15 de agosto de 1195, com o nome Fernando. Ele ingressou em diferentes instituições, como a Ordem dos Cônegos Regulares de Santo Agostinho, no Mosteiro de São Vicente de Fora, e o Mosteiro de Santa Cruz, em Coimbra, onde foi ordenado padre. O santo especializou-se em Sagrada Escritura, revelando seu interesse em estudos da Bíblia. 

Após 10 anos, em Coimbra, ele observou a passagem de cinco Frades Menores que estavam a caminho do Marrocos com objetivo de converter mulçumanos. No ano seguinte, os cinco frades retornaram mortos. O acontecimento motivou Fernando a viver como um frade menor, então converteu-se. Foi nesse momento que o jovem escolheu o nome Antônio e também decidiu partir para o Marrocos. 

Porém, precisou voltar para a Europa após uma grave doença, instalando-se na Itália. Antônio se dedicou à teologia e à educação, até um assumir um cargo de destaque entre os Frades Menores. Após esse período, ele passou a viver na região de Pádua, no norte da Itália, onde morreu em 1931, no dia 13 de junho. Antônio foi canonizado no ano seguinte, durante o papado de Gregório IX.

O Santo Antônio chega ao Brasil com a colonização portuguesa no Brasil, explica o diácono Ringson Toledo. A festa de Antônio também seria fortalecida pelas festividades juninas, principalmente na região Nordeste, que acolheu profundamente os festejos do Santo. 

As causas perdidas

Antônio é invocado como protetor de coisas perdidas. De acordo com a Paróquia de Santo Antônio, em Jundiaí (SP),  ele seria responsável por recuperar comentários escritos sobre salmos que haviam sido roubados após rezar para que o ladrão devolvesse. 

Quando alcançou uma graça por intercessão do santo, uma senhora também levou pães à igreja para serem abençoados e distribuídos aos pobres. É o surgimento de mais uma tradição: abençoar pães de Santo Antônio, no dia 13 de junho, para alcançar bençãos.

Na época, também existiam casamentos entre pessoas de igual valor de dote, ou seja, ricos deveriam se casar com ricos e pobres com pobres. Antônio defendia o casamento por amor e não por dinheiro. De acordo com o diácono Ringson Toledo, sua fama de casamenteiro está ligada à história de Antônio colaborar para moças pobres casarem. 

Segundo o frei Gilberto Marcos, de Sorocaba (SP), em entrevista ao g1, sua fama está relacionada com o pedido de uma moça que não tinha dote suficiente para se casar e pediu para se casar para o Santo. O dote aumentou e ela conseguiu o casamento. 

Outro dito popular, é que uma jovem, cansada de pedir um noivo, lançou o santo pela janela, que caiu na cabeça de um rapaz. Quando ele foi devolver, se apaixonaram.