A Ordem do Templo (Cavaleiros Templários)

Recentemente assinalou-se os 700 anos sobre a data do processo que levou à extinção da célebre Ordem dos Templários, cuja natureza e ação tem motivado um mar imenso de literatura de ficção e de cinema; este interesse, tem contribuído para mitificar a Ordem dos Templários; e o papel histórico daquela que foi até aos dias de hoje, a mais poderosa de todos os tempos.

A Ordem Militar do Templo (assim se chamava), foi fundada em França na (região de Champagne) no ano de 1120, quando da realização do Concílio de Nablus, tendo como objetivo proteger os movimentos de peregrinação aos Lugares Santos do Cristianismo no médio oriente, que estavam sob a ameaça crescente do poderio da confissão Islâmica.

As “Grandes Ordens Militares” nasceram na Idade Média; sendo a mais famosa de todas elas, a Ordem de São Bento.

Portugal tem um vasto historial de ligação às Ordens, onde existem vestígios um pouco por todo o país; em especial nas regiões do Norte e Centro, com marcas bem evidentes em muitos locais; como a exemplo no Convento do Santo Sepulcro em Trancozelos-Penalva do Castelo, a primeira fundação da Ordem do Santo Sepulcro em Portugal.

Os Templários tiveram inicialmente na dependência dos Cónegos do Santo Sepulcro, vindo rapidamente a autonomizar-se com a liderança do seu primeiro Grão Mestre “Huges de Payns”.

Janela do Convento de Cristo - Tomar

Janela do Convento de Cristo – Tomar

Guardiões do Templo, Freires de Cristo, ou Freires do Templo de Salomão como também eram designados, associavam à consagração religiosa os conselhos evangélicos de Pobreza, Castidade e Obediência, com o solene compromisso de entregarem as suas vidas em favor da proteção dos peregrinos; e na defesa da Cristandade, contra a ameaça do poder islâmico que afrontava os cristãos.

Leça do Balio - Casa dos Hospitalários em Portugal

Leça do Balio – Casa dos Hospitalários em Portugal

 A Ordem do Templo estava ao lado de outras como a de Santiago, Calatrava, e as Ordens do Hospital e de Avis; estas Ordens, cooperavam com os exércitos dos Reis e dos grandes senhores cristãos nas (Grandes Cruzadas), num combate sem tréguas travado no Médio Oriente e na Península Ibérica; procurando reconquistar os territórios do antigo domínio cristão, que entretanto tinham sido conquistados pelos muçulmanos; e eram constituídas como uma tropa de elite bem treinada e altamente motivada.

O serviço prestado por estas instituições aos monarcas cristãos, com especial destaque para a Ordem do Templo, foi largamente recompensado com a atribuição de bens; nomeadamente terras, castelos e outras regalias que as tornaram poderosas e influentes.

Em Portugal, a Ordem do Templo a par das suas congéneres teve um papel ativo na formação do Reino; com grande relevância no povoamento e controlo do território conquistado.

Em 1308 uma bula papal a que se seguiu uma outra em 1309, decretava a prisão de todos os “Freires de Cristo” a que se seguiu a bula Ad Providum em março de 1312, que ordenava a anexação e transferência de todos os bens dos Templários para a posse da Ordem do Hospital.

O processo cheio de vicissitudes, foi liderado pelo Rei de França Filipe “o Belo” que contou com a conivência do Papa Clemente V; que levaria posteriormente à extinção da Ordem; sendo o golpe fatal dado em 1314, com a morte na fogueira do seu último Grão-Mestre “Jacques de Molay”; no entanto, a extinção Universal da Ordem pelo Papa Clemente XIV só aconteceu 459 anos depois em 1773.

  1. Dinis que ao tempo reinava em Portugal resistiu à diretiva papal, que mandava extinguir a Ordem do Templo; consciente do serviço que tinham prestado e continuavam a prestar na defesa e povoamento do território português; através de uma hábil ação diplomática, conseguiu obter do Papa uma solução para acatar a extinção; mas sem extinguir a Ordem, porque não convinha à estratégia política do Reino de Portugal.

A solução passou por manter os mesmos efetivos e bens e a estrutura organizativa, mas teria que mudar o nome da Ordem que passou a chamar-se Ordem de Cristo.

Sabemos hoje toda a importância deste empenho político de D. Dinis, em evitar a extinção dos Templários em Portugal; mais tarde, a sucedânea Ordem de Cristo irá liderar a promoção de uma das mais importantes e significativas epopeias de toda a História de Portugal e do Mundo, que marcou a História da Humanidade com as viagens marítimas dos descobrimentos; onde a Nação portuguesa teve o papel principal, ativo e preponderante.

Através da liderança de um dos mais famosos Grão Mestres da Ordem de Cristo, o Infante D. Henrique, Portugal ficou na história Universal como o primeiro império global da humanidade, e o pioneiro da construção da globalização.

Os Templários nunca foram esquecidos pelos portugueses, tendo as Naus de Vasco da Gama, Afonso de Albuquerque e Pedro Álvares Cabral, ostentado a Cruz da Ordem dos Templários nas suas Armadas. 

Cavaleiro Templário - O Juramento

Cavaleiro Templário – O Juramento

Freires de Cristo, Ordem do Templo (Templários) ou Ordem de Cristo, todas elas estiveram subjacentes a uma causa única a Cristandade.

Nota: No “Monte do Templo em Jerusalém” funcionou a primeira Sede dos Cavaleiros Templários; precisamente no mesmo local, onde foi construída a Mesquita de Al-Aqsa.

  • Joaquim Vitorino, Jornalista e Blogger

 

 

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