Organismos Bentônicos do RN

Veja também Ambientes Bentônicos do RN

 

        Os organismos bentônicos marinhos são comumente divididos em microbentos, meiobentos e macrobentos através do uso de peneiras com malhas de tamanhos distintos, sendo a de 500 µm para macrobentos, a de 63 µm para meiobentos e as de milimetragem inferior para os microbentos. Essa divisão não reflete apenas o tamanho dos organismos, mas também seus modos de vida, visto que os macrobentos são menos seletivos quanto aos recursos alimentares em comparação aos meiobentos. Os bentônicos apresentam uma grande diversidade e tem papel importante na ciclagem dos nutrientes e aeração dos sedimentos marinhos. Seus ambientes são os costões rochosos e fundos inconsolidados. As comunidades bentônicas tendem a ter estrutura diferenciada e serem maiores nas regiões costeiras, que constituem um dos ambientes mais produtivos do mundo, em relação aos oceanos profundos, devido, principalmente, a composição do sedimento e a disponibilidade de alimentos, reflexos das diferenças na profundidade dessas regiões.

 

    Dentre os grupos de bentônicos mais comuns para o Rio Grande do Norte temos:

 

    Gastropoda

 

    Os gastrópodas constituem a maior e mais diversificada classe do Filo Mollusca. Essa classe reune os caracóis, caramujos aquáticos e as lesmas marinhas e terrestres. Estima-se que existam cerca de 60.000 espécies de gastrópodes e constata-se que a maioria são animais que habitam preferencialmente a região bentônica, tornando-se adaptados para viver em todos os tipos de fundo. Uma característica comum a todos os gastrópodes, é a torcão de 180° da massa visceral no sentido anti-horário em relação ao pé. Nesses animais também é comum a presença de uma concha, a qual pode ser interna ou externa. As características dos gastropodas fizeram com que fosse estabelecida, ao longo da evolução, uma correlação entre a forma da concha, seu habitat e modo de locomoção. A classe gastropoda é dividida em três subclasses (Opistobranchia, Pulmonata e Prosobranchia), para as quais foram usados diversos critérios de classificação, tais como concha, cavidade do manto, rádula, sistemas respiratório, circulatório e nervoso . A subclasse Opistobranchia é composta por organismos primariamente marinhos (lesmas do mar e aparentados) com conchas geralmente reduzidas ou ausentes. A subclasse Pulmonata apresenta poucas espécies marinhas e é representada pelas lesmas e os caracóis terrestres, os quais estão distribuídos amplamente pelo mundo. Prosobranchia é representada principalmente por espécies marinhas, porém exibe também animais terrestres e límnicos. 

 

Espécies de gastropodas encontradas no RN a) Olivella minuta; b) Stramonita rustica (fotos de Conquinologistas do Brasil); c) Seila adamsii (foto de https://www.gastropods.com); d)Micromelo sp. (fotos de https://opisthobranchia.lifedesks.org)

 

Aplacophora

 

    Esta classe compreende cerca de 300 espécies  marinhas de moluscos vermiformes, as quais estão divididas em duas subclasses: Chaetodermomorpha e Neomeniomorpha. De forma geral,  são animais muito pequenos (menores que 5 mm) e diferem dos outros moluscos por apresentarem espículas calcárias no lugar de uma concha. Os apalcóforos exibem muitas características comuns ao molusco generalizado (sistema nervoso, manto, rádula, cavidade do manto e coneção gonocele-pericárdio), no entanto sob alguns aspectos essa classe é especializada, à exemplo do corpo cilíndrico e ausência e/ou redução do pé. Esses animais podem ser encontrados em todos os oceanos até profundidades de 7.000 metros, sendo mais numerosos entre 200 e 3.000 metros.

 

  

Aplacophoras (foto de https://www.ucmp.berkeley.edu)

 

 

    Scaphopoda

    

    Scaphopoda é uma classe de moluscos exclusivamente marinhos e bentônicos, chamados popularmente de conchas-presa-de-elefante ou dentálios, devido à sua forma. A concha varia de 3 a 150 mm de comprimento. O grupo possui cerca de 900 espécies, compreendendo organismos dotados de uma concha tubular com uma abertura em cada extremidade e um pé adaptado para cavar, o que possibilita o hábito de viverem enterrados na areia. A maioria das espécies é constituída por microcarnívoros que vivem em fundos arenosos entre 6 e 7.000m de profundidade, embora exista relato de espécie que ocorre em zona entremarés. É comum se encontrar em praias conchas vazias que foram arrastadas de zonas litorâneas.

 

Scaphopodas

 

    Bivalves

 

    A classe Bivalvia inclui moluscos tão comuns quanto ostras, mexilhões, vieiras e teredos, apresentando cerca de 8.000 espécies recentes descritas, das quais aproximadamente 1.300 vivem em água doce e as demais são marinhas. A classe reúne três grupos morfológicos principais, os protobrânquios, os lamelibrânquios e os septibrânquios, distinguidos por diferenças em suas brânquias e por seus modos de alimentação. A classificação dos bivalves tem sido muito rebatida nos últimos 50 anos. Nos dias de hoje, dificilmente dois autores utilizam a mesma classificação ou nomenclatura. Os bivalves variam muito de tamanho desde os minúsculos psidiídeos de água doce, alguns dos quais com menos de 2mm de comprimento, até a gigante Tridacna do Pacífico Sul, que atinge mais de um metro de comprimento e pode pesar quase 300kg. O nome comum para bivalve é “marisco”, sendo correto chamar qualquer bivalve de marisco, mesmo que ele seja uma vieira ou uma ostra.

 

   Bivalves encontrados na costa do RN a) Macoma constricta; b) Strigilla pisiformis; c) Semele bellastriata; d) Corbula operculata (fotos de Conquiliogistas do Brasil).

 

 

    Cephalopoda

    

    Cephalopoda é um táxon antigo e altamente especializado com cerca de 700 espécies viventes e 10.000 espécies extintas, incluindo náutilos com conchas externas septadas, sibas, lulas e polvos, bem como nautilóides, amonóides e belemnóides fósseis. Os cefalópodes são exclusivamente marinhos, carnívoros e muitos são predadores ágeis, rápidos e ativos. Apesar de alguns cefalópodes, como Octopus,terem assumido secundariamente um hábito bentônico, os demais representantes da classe estão adaptados a nadar suspensos na coluna de água por um dos muitos mecanismos de compensação de flutuabilidade. Esses animais são certamente os moluscos mais ativos e têm o sistema nervoso, sensorial e locomotor, altamente desenvolvidos. Os cefalópodes atingiram o maior tamanho entre todos os invertebrados e os maiores cefalópodes rivalizam com os maiores vertebrados. Embora a maioria varie entre 6 e 70cm de comprimento, incluindo braços e tentáculos, algumas espécies alcançam proporções gigantescas.

 

  

Polvos (fotos de Cláudio Sampaio)

 

    

    Oligochaetas

 

    Grupo composto principalmente por minhocas terrestre, mas que também pode ser encontrado em ambiente aquático, sendo a sua maioria em água doce, com apenas poucas espécies marinhas que vivem desde a zona entremarés até grandes profundidades. Das 3.500 espécies conhecidas apenas cerca de 200 espécies são marinhas. São vermes caracterizados por apresentarem um corpo segmentado, clitelo (estrutura reprodutiva) e a pouca presença de cerdas. A maioria dos oligoquetas são hermafroditas. 

 

  

Oligochaetas aquáticos: (a) foto de https://www.inhs.uiuc.edu; (b) foto de David H. Funk 

 

 

    Polychaetas

    Os poliquetas apresentam uma ampla distribuição e compõe um dos grupos mais diversos dentre a macrofauna bentônica, sendo caracterizados por apresentar muitas cerdas no corpo e possuir formas coloridas. Assim, são em sua maioria bentônicos marinhos, podendo também ser encontrados em águas salobras e em menor frequência em água doce.  A maioria dos organismos tem cerca de menos de 10 cm, mas alguns podem exceder 1m de comprimento.

 

   

Poliquetas encontrados no RN: a) Magelona sp. (foto de https://www.senckenberg.de); b) Diopatra sp.; c) Hermocidae carunculata, mais conhecido como poliqueta verme de fogo; d) Sabellidae (fotos de Alvaro E. Migotto)

 

    Nemertinos

    São vermes não segmentados, geralmente achatados dorso-ventralmente, moderadamente cefalizados e que exibem uma grande variedade de formas. O tamanho do corpo varia de menos de 1 cm até vários metros e possuem uma grande capacidade de extensibilidade. Em sua maioria são bentônicos marinhos com algumas espécies terrestres ou de água doce. Podem ser aparentemente pouco atraentes, mas muitos são coloridos e brilhantes. 

 

Nemertíneo (foto de https://mcn.unilasalle.zip.net/)

 

 

Nematodas (nematódeos)

        Os nematoides são vermes encontrados em quase todos os ambientes aquáticos e terrestres. Seus representantes marinhos estão entre os organismos mais abundantes e diversos entre os bentônicos e também possuem ampla distribuição, indo da zona costeira até as regiões abissais.

 

  

Nematodas (foto de https://www.simbiotica.org/nematoda.htm e https://zoologiajmv-hilda.blogspot.com.br)

 

 

 

 

Referências Bibliográficas

 

https://nematodadobrasil.com.br/o-projeto/biologia/

 

https://www.ufrgs.br/ceco/mapem/pdf/capitulo%207.pdf

 

Brusca, R. C.; Brusca, G. J. 2007. Invertebrados. 2 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan.

 

Conquiliologistas do Brasil. Classe Scaphopoda. Disponível em: . Acesso em 31/08/2012.

 

Ruppert, E. E.; Fox, R. S.; Barnes, R. D. 2005. Zoologia dos invertebrados: uma abordagem funcional-evolutiva. 7 ed. São Paulo: Roca.