Leituras para a Quarentena #01: Bone.

Olá pessoal, espero que todos estejam bem!

Conforme prometido, vamos começar uma série de indicações de Histórias em Quadrinhos especialmente pensadas para quem está com um tempinho a mais sobrando, por conta da quarentena imposta por esta terrível crise sanitária mundial.

A célebre “corrida de vacas” é o destaque da capa do Box da edição brasileira.

Estamos atravessando um período conturbado, tenso, atípico e, talvez mais angustiante, um momento em que ainda não é possível prever até quando irá durar e que, inegavelmente, trará mudanças irreversíveis em diversas áreas das nossas vidas, inclusive transformações comportamentais e de convivência no trabalho, na escola, com a saúde, com o tempo, com o consumo, etc.

Claro que muitos precisam sair para trabalhar, e alguns estão trabalhando mais do que nunca – e não estou me referindo apenas aos profissionais de saúde ou de outras áreas essenciais, como segurança, energia, internet – porque mesmo para quem está em Home-Office, o volume de atividades pode ser intenso, restringindo o tempo para leitura e outras formas de lazer e entretenimento.

Por conta de tudo isso, acho mais recomendável indicar leituras com um caráter otimista – ou melhor, mais para o leve e menos para o angustiante -, e que em geral traga uma perspectiva de esperança em dias melhores que, temos certeza, virão!

Bone, de Jeff Smith, é uma obra que transborda esperança e ainda traz muitas doses de aventura e comédia, embaladas em uma fantasia medieval, claramente inspirada em Senhor dos Anéis, mas com personagens muito carismáticos, únicos, que vão fazer o leitor sentir saudades depois de concluída porque sim – ela tem um começo, meio e fim definitivos. Não haverá Parte 2 ou continuação. É, vejam só, uma obra finita! – coisa rara na Cultura Pop.

Uma das terríveis Ratazanas carnívoras

Jeff Smith publicou sua bela obra-prima de maneira esparsa nos anos 90 e só conseguiu concluir no começo da década de 2000 – exatamente na contramão do que mais se consumia na época, ao menos no mercado norte-americano.

Enquanto os super-heróis vendiam milhões de exemplares em um mercado crescentemente especulativo, com suas múltiplas edições #01 e capas metálicas, com cópias abundantes e sem graça do Wolverine, Justiceiro e X-Men na Image e outras editoras nascentes, e as próprias Marvel e DC transformavam seus ícones em versões extremas; com a “morte” do Superman; a “coluna partida” do Batman e com os “clones” do Homem-Aranha; e HQs “adultas” repletas de sangue e de subversões do lado alternativo, Bone surgiu como um audacioso ponto de luz, uma “peça de resistência” à todo esse cenário, com uma nova e autêntica abordagem, a partir de personagens inéditos “fofinhos”, que conversam com animais (?!), publicado de forma independente, em preto e branco e papel barato, tudo bancado pelo próprio autor e sua esposa.

Mas eis que o título, que saía de forma irregular, com baixa tiragem, distribuída em um restrito circuito de Comic Shops e pequenos eventos, aos poucos foi chamando a atenção dos leitores, da crítica especializada e não tardou para cair nas graças de quadrinistas famosos, que passaram a recomendar e a elogiar a obra e seu criador, Jeff Smith. Não custa contextualizar: isso tudo foi antes da internet, de smartphones e redes wi-fi.

E então vieram as premiações, que se acumularam ao longo de toda a sua publicação: venceu 11 prêmios Harvey (!) e 10 Eisner (!!). Editado em 25 países, vendeu milhões de unidades e ainda foi indicado pela revista Time como um dos 10 melhores quadrinhos de todos os tempos!

O Dragão Vermelho, Fone Bone e a adorável Espinho

Nada mal para um quadrinho independente de bichos falantes, mas é perfeitamente compreensível entender o porquê do seu sucesso quando o leitor encara a bela versão brasileira da Editora Todavia, que compila a obra completa (pela primeira vez no Brasil) em 3 volumes, com tradução de Érico Assis. Eu peguei na versão Box, completinha, em uma boa promoção uns meses atrás.

Não vamos entrar em detalhes, mas “Bone” na verdade refere-se ao trio de protagonistas, os primos Fone, Phoney e Smiley, pertencentes a uma espécie curiosa de seres, ou talvez seja uma raça de pequenos humanos (não é explicitado isso em nenhum momento e, de fato, é parte do charme da aventura), desenhados em forma de Cartum, com as características de personagens da Disney ou da Turma da Mônica, ou até de tiras de jornal mais simples do começo do Século XX, com traços nem um pouco sofisticados, mas que por isso mesmo trazem uma autenticidade e um frescor ao quadrinho.

Interessante também acompanhar a evolução técnica de Smith, que nos primeiros números ainda se esforçava com a narrativa, às vezes truncada, e com um roteiro meio vago, com enxames de gafanhotos aleatórios, animais falantes, ratazanas gigantes abobadas e uma vovozinha e sua neta vivendo isoladas no meio de uma floresta.

Não deixe esse começo meio morno afastá-lo dos capítulos seguintes, ó fiel leitor! Aos poucos, a história ganha dramaticidade, inúmeros personagens surgem, quase sempre muito bem delineados, e quando o roteiro aponta uma jornada épica, aí sim, fica difícil deixar de concluir a leitura.

Nas páginas internas percebemos a influência do mestre Barks

Não é uma HQ sem falhas. Mesmo lá na parte final, algumas páginas parecem redundantes, as ameaças, às vezes repetidas, mas logo surge um diálogo esperto, um feito impressionante ou uma situação engraçada que faz com que a gente releve essas pequenas inconsistências.

Bone é indicado para qualquer faixa etária e pode sim ser uma porta de entrada para aqueles que abandonaram quadrinhos na infância e gostariam de retornar, mas não se empolgam com os intrincados universos de super-heróis, ou procuram algo menos pretensioso ou denso como os trabalhos de Alan Moore ou Grant Morrison. Certamente é uma boa pedida para fãs de RPGs, de Tolkien, imperdível para quem adora as aventuras dos Patos de Carl Barks (talvez a maior referência estética e no storytelling de Jeff Smith) ou de uma aventura leve sim, mas encantadora.

De todos os quadrinhos que li recentemente, Bone vira e mexe volta à minha lembrança, e um sorriso automaticamente aparece. Vale a pena embarcar na saga aparentemente inexistente (a julgar pelas capas rsrs) mas completamente viciante que os simpáticos e encrenqueiros Bones e sua imensa trupe de amigos e inimigos humanos, animais de todos os tamanhos, dragões e outros seres mágicos trazem nestas mais de 1.300 páginas de histórias em quadrinhos.

Indicação de Leituras para 2020!

Olá pessoal. Espero que estejam todos bem!

Vou retomar as publicações aqui no Blog, sugerindo leituras, escrevendo resenhas, comentando sobre quadrinistas e outros assuntos relacionados ao mundo, ou melhor, ao universo inesgotável e encantador das histórias em quadrinhos.

Estive bem ocupado nos últimos meses, por conta de trabalho mesmo… e, na verdade, continuo. Mas, graças ao confinamento, sou obrigado a ficar online quase o dia inteiro. Então, vou aproveitar para deixar o Lendo Quadrinhos vivo.

A propósito, temos um Instagram que está sempre ativo, com atualizações quase diárias:

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Ah, também temos uma Página no Facebook e um Grupo Privado, exclusivamente para falar sobre nossa paixão. Participem!

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Abraços e até breve.

Sonho é ler quadrinhos até a velhice…

Feira de HQs no Liceu Pasteur em São Paulo

É com grande satisfação que o Blog Lendo Quadrinhos convida a todos os apaixonados pela nova arte para uma nova edição da Feira de HQs no Liceu Pasteur, na Vila Mariana, em São Paulo, neste sábado, 28.09.2019.

Será um encontro de colecionadores, quadrinistas e editoras no pátio do colégio, para um agradável bate papo, exposição e venda de revistas em quadrinhos novas e usadas, prints, ilustrações e muito mais.

Participe: das 9h às 12h – Evento Gratuito!

Quadrinistas Confirmados, autografando suas obras:
. Felipe Folgosi
. Alexandre Jubran
. Régis Rocha (Afrodinamic)
. Julius Ckvalheiyro
. Fabrício Grellet

– E ainda:
. Alexandre Morgado, um dos maiores colecionadores de HQs do Brasil e autor do livro “Marvel Comics: a Trajetória da Casa das Ideias no Brasil” expondo e vendendo parte de seu acervo!
. Workshop de Desenho de HQs (às 10h).
. Palestra: Processo Criativo na Produção de uma HQ, com Fabrício Grellet – Criador, Roteirista e Editor, autor de “Jacques Demolay, o Mártir Templário” e dezenas de quadrinhos para Disney, Image e outras editoras estrangeiras (às 11h).

Endereço: Liceu Pasteur Unidade Mayrink.
Rua Mairinque, 256, Vila Mariana, São Paulo (entrada pelo portão da Diogo de Faria). Esperamos vocês por lá!

Os Vingadores #3 – Panini Comics (2019)

Mais uma breve análise do primeiro arco desta mensal dos Vingadores – que ganhou força nos dois capítulos aqui contidos. Confira!

Na capa da edição #3 temos Odin e a chamada “A Origem Secreta do Universo”

Jason Aaron realmente não gosta de pensar pequeno. Quem leu suas recentes passagens por Doutor Estranho, Thor ou até mesmo o seu já longínquo trabalho com o Motoqueiro Fantasma (2008) sabe disso. Com os Vingadores dominando o mundo em popularidade há muitos anos, ele de fato pensou grande – vai ser difícil superar o tamanho da ameaça deste primeiro arco do roteirista com a equipe.

Os Celestiais são uma intrigante criação de Jack Kirby e permeiam as sagas cósmicas da Marvel esporadicamente, mas até então os argumentistas evitavam entrar em detalhes de sua origem ou quais segredos continham. Kirby inicialmente trabalhou os sempre mudos e enigmáticos Celestiais na revista dos Eternos (nos anos 1970), uma super raça criada por esses Deuses Espaciais a partir de proto humanos.

Como vimos desde o especial Marvel Legado, a proposta de Aaron é que há 1 milhão de anos atrás a Terra teria sido ameaçada por um desses Celestiais, ou pelo menos foi esse o julgamento de um grupo de entidades e avatares que, naquela ocasião, se uniram e o aniquilaram.

No primeiro capítulo desta terceira edição de Os Vingadores (Maio/2019), chamado “Uma batalha que foi perdida 1 milhão de anos atrás”, conhecemos detalhes do que aconteceu em seguida à morte daquele Celestial e aprendemos um pouco mais sobre cada um dos seres lá reunidos. Quem conta é o próprio Odin, que liderou a equipe, para seus visitantes no presente: seu filho Thor e a Mulher-Hulk.

Aprendemos um pouco mais sobre a primeira “formação” dos Vingadores.

A história avança com velocidade e há bastante ação, tanto no passado quanto no presente, onde os membros da equipe estão divididos, correndo contra o tempo para tentar conter as duas grandes ameaças apresentadas: a da Última Expedição – um grupo de Celestiais malignos que chegaram à Terra logo após dezenas de outros Celestiais, dos tradicionais, caírem mortos do céu; e a ameaça da Horda – um enxame de criaturas que irromperam do centro da Terra e, de alguma forma, está associada aos gigantes recém-chegados.

Aaron e seus desenhistas, Ed McGuinness e Paco Medina, criam bom drama em vários momentos, inclusive com o triste estado em que se encontram os Eternos. Impossível não esquecer que a Marvel Comics trouxe à tona esses personagens obscuros poucos meses antes dos mesmos serem anunciados como a próxima grande aposta da Marvel Studios nos cinemas (o filme dos Eternos está em produção).

Acredito que alguns dos conceitos destas revistas serão explorados no Universo Cinematográfico também, em pequenas doses, como é de praxe do estúdio, até algo mais bombástico lá na frente.

Arte dinâmica de uma das capas de Ed McGuinness

A explicação que Jason Aaron traz é, novamente, resultado de uma aposta gigantesca, mas calcada em pistas deixadas pelo próprio Jack Kirby no seu título dos Eternos, além de outras histórias de vários criadores diferentes. Há questões envolvendo a(s) Fênix, o(s) imortais Punhos de Ferro, o legado do Pantera Negra e do Deus Pantera, Aggamotto, a entidade que criou o “Olho” usado pelos Magos Supremos, os Espíritos da Vingança que alimentam os Motoqueiros Fantasmas e até mesmo Estigma, uma criação que eu gostava muito do Novo Universo de Jim Shooter (1986), cujo conceito foi reincorporado ao universo Marvel tradicional pelo grande Jonathan Hickman há alguns anos atrás, em outra fase marcante dos próprios Vingadores.

Sim, pode parecer muita coisa – e de fato é – mas acredito que esta história flui sem criar grandes dúvidas a ponto que a impeça de ser compreendida para novos leitores dos quadrinhos Marvel.

Juntar todos esses personagens e suas mitologias aos Eternos, aos Celestiais e – como a história vem desenvolvendo – de um modo tangencial aos Asgardianos, é um risco assumido pelos autores e a editora que podem desagradar a alguns dos fãs mais antigos mas, pelo menos até o momento, na minha opinião me parece positivo e abre possibilidades de centenas de histórias para diversos personagens.

O segundo capítulo (edição #5 do título original The Avengers) aprofunda a conexão entre os Celestiais e a Horda e traz logo nas primeiras páginas uma revelação que aparentemente esclarece o porquê da proliferação dos seres superpoderosos da Terra Marvel, um aspecto obviamente grandioso (de novo!) que a premissa pedia e o autor não se furta de entregar.

Contudo, Aaron habilidosamente traz essa novidade pela boca de Loki (o narrador em off da edição anterior) o que pode, em último caso, ser uma mentira ou, mais provavelmente, uma meia-verdade, algo que o próprio Capitão América pondera.

Conheçam… o Progenitor!

Algumas situações são resolvidas e a revista se encerra com uma splash page dupla inesquecível, um cliffhanger chocante, que deixa alguns de nossos heróis com um nível bizarro e inédito de poder. O roteirista mais uma vez demonstra uma grande capacidade de criar momentum, ao finalmente fazer com que os super heróis do presente se reúnam de modo espetacular, e acerta nos diálogos afiados, bem melhores e “no ponto” que na edição anterior.

Antes de concluir, preciso elogiar novamente o trabalho com cores de David Curiel, que opta por uma explosão de energia e vivacidade. É um estilo que combina com a arte cartunesca de McGuinness e Medina sem parecer artificial. A equipe criativa é sem dúvida de alto nível e capacitada em lidar com os temas grandiosos abordados, fazendo deste primeiro arco, até aqui, uma leitura mais do que divertida – diria até essencial – para os fãs da Casa das Ideias. Vamos ver a conclusão deste épico na próxima edição.

Nota: 7,5.

Os Vingadores #2 – Panini Comics (2019)

Avançamos com a leitura do primeiro arco da nova revista dos Vingadores. Confira nossos comentários nesta Resenha praticamente sem spoilers de um dos principais títulos atuais da Marvel/Panini.

Capa da edição #2 de Ed McGuinness

Vale lembrar que este material corresponde à fase batizada em 2018 nos EUA como Fresh Start, que zerou todos os títulos da Marvel Comics e que foi (e ainda é) um grande sucesso de vendas, em parte por ter recuperado alguns personagens nas suas versões mais icônicas.

Alguns desses títulos, como o Imortal Hulk, Venon e Capitão América, também são sucesso com a crítica especializada mas, de verdade, toda fase tem alguns títulos melhores e piores, e a maioria fica mesmo em uma avaliação mediana.

Os Vingadores (The Avengers) escrito por Jason Aaron, um dos mais celebrados nomes dos quadrinhos americanos dos últimos tempos, não figura entre os mais bem avaliados pelos resenhistas norte-americanos, mas também dificilmente leva notas baixas.

Na minha opinião, este primeiro arco começou muito bem na edição #1, mas aqui perde um pouco sua força. Ainda é divertido, mas seu desenvolvimento em termos de roteiro e arte deixa um pouco a desejar.

A nova formação conta com vários pesos-pesados da Marvel. Arte de Paco Medina.

A revista está cumprindo a promessa inicial: revelações sobre os “Vingadores de 1 milhão de anos atrás” ao mesmo tempo em quem uma nova formação dos “Vingadores do presente” é construída, calcada exatamente no retorno da primeira grande ameaça enfrentada pelos seus antepassados heroicos que, diga-se de passagem, não se chamavam Vingadores: era um grupo improvisado de Entidades e Avatares que conseguiram derrotaram um Celestial ferido.

Esta edição #2, lançada em Abril/2019, traz os Capítulos 2 e 3 do arco, chamados: “Ainda Vingando Após Todos Esses Anos” – desenhada por Ed McGuinness com arte-final de Mark Morales e Jay Leisten; e “Aonde Deuses Espaciais Vão Para Morrer” – em que McGuinness alterna com o competente Paco Medina, dono de um estilo semelhante que permite, assim, uma agradável unidade narrativa. As cores de ambos os capítulos são de David Curiel e são muito vivas e impactantes – há quadros que realmente “saltam aos olhos”.

Logo no começo, há uma narração em off, que descreve os acontecimentos para o leitor com muito sarcasmo e ironia: um grupo de Celestiais Malignos surge logo após uma enorme quantidade de outros Celestiais – do tipo mais, digamos, tradicional, terem caído na Terra por buracos dimensionais no céu; os 3 Vingadores mais emblemáticos, Thor, Capitão América e Homem de Ferro novamente reunidos (após os eventos da Guerra Civil II e do Império Secreto), enfrentam esses novos Celestiais; e aos poucos outros heróis também são obrigados a agir: a Mulher-Hulk, Capitã Marvel e o novo Motoqueiro Fantasma, Robbie Reys.

A Mulher-Hulk no modo “Selvagem” enfrenta o novo Motoqueiro Fantasma na arte de Ed McGuinness

Obviamente, o narrador será revelado no final do capítulo e, embora até funcione, eu não gostei muito do resultado dessa abordagem. Acho que Aaron não captou tão bem assim a “voz” desse que é um personagem-chave na história dos Vingadores. Os textos esbarram em clichês e soam pueris.

No capítulo seguinte, descobrimos o nível absurdo de poder dos Celestiais Malignos e todos os heróis finalmente se encontram, inclusive Pantera Negra e Doutor Estranho. Novamente, achei que Aaron escorregou em algumas abordagens, como no excesso de piadinhas forçadas de Stephen Strange. Por um lado, temos uma ameaça colossal e inédita para a equipe, que traz muita seriedade de um Capitão América e de uma Carol Danvers; e de outro temos vários heróis fazendo gracinhas a la Homem-Aranha: Stark, Estranho, Motoqueiro… como o estilo do desenho é também cartunesco, a ameaça perde força, quase parecendo banal.

No geral, gosto da arte de McGuinness pelo seu dinamismo: há algumas cenas muito bem feitas, especialmente de ação, e ele entrega um bom storytelling. Seus Celestiais certamente impressionam, e gostei da sua versão do Capitão, do Thor e principalmente do Motoqueiro Fantasma; já seu Homem de Ferro ficou um pouco esquisito, com a armadura parecendo de brinquedo.

Robbie Reyes, o Motoqueiro Fantasma que na real pilota um Charger!

Medina, o outro desenhista, procura emular ao máximo essas representações. A única que fica um pouco diferente é a Mulher-Hulk, uma personagem que passou por modificações recentes em seu status quo e agora tem uma atitude similar à do Hulk (Banner) clássico selvagem, pouco racional e disposta a esmagar tudo primeiro e perguntar depois. Não é, definitivamente, o meu retrato preferido da Jenniffer Walters.

O final deste capítulo traz alguns bons momentos, que fazem a história avançar, como Thor tomando a súbita decisão de levar a Mulher-Hulk com ele para ter uma conversinha com Odin; e Doutor Estranho e Homem de Ferro partirem atrás dos Eternos, chamados por Stark de “os especialistas” em Celestiais. Os diálogos também melhoram, mais adequados ao espírito da equipe e do perigo aparentemente sem solução que enfrentam.

Apesar das críticas, o nível da ameaça representado pelos Celestiais Malignos, chamados de A Expedição Final (leitores dos Eternos de Jack Kirby curtirão a referência!) e as (poucas) revelações adicionam interesse em acompanhar o desfecho. Em breve, volto com as resenhas das edições #3 e #4, onde este arco se conclui.

Nota: 6,0.

Rápida Resenha de X-Men #13 – Panini Comics

Prosseguindo com a análise de todas as edições da (ainda) atual mensal dos X-Men, agora com 4 histórias por edição. Resenha sem spoilers desta publicação de janeiro de 2018.

Esta capa na verdade é da história de Fabulosos X-Men da edição anterior

Extraordinários X-Men 14 e 15: de Jeff Lemire e Victor Ibañez

A Panini colocou duas histórias da equipe de Lemire, partes 2 e 3 do arco iniciado na edição #12. Basicamente, enquanto Forge está no Laboratório tentando encontrar um modo de reverter a transformação do Colossus em um Cavaleiro do Apocalipse, duas duplas de X-Men estão em missões.

Em outra dimensão, Magia e Tempestade enfrentam uma equipe bem interessante de seres místicos e demonstram toda a experiência e domínio de seus vastos poderes. A sequência desta batalha é bem desenvolvida, com detalhes divertidos. Mesmo lendo quadrinhos de heróis há mais de 3 décadas, ainda me empolgo quando vemos super seres desconhecidos em ação pela primeira vez. Sinto aquele misto de temor e curiosidade pelo que vai acontecer. Enfim, deste encontro o leitor logo vai descobrir não somente o paradeiro de Sapna – a jovem pupila de Magia desaparecida – como uma enorme ameaça no horizonte próximo dos nossos X-Men.

Colossus já virou Fanático, Fênix e bandido antes, mas é a primeira vez que vira o Guerra, ou não? rsrs

A outra dupla, Noturno e Homem de Gelo, encara Colossus, ainda fiel à Apocalipse. Leitores veteranos já viram o russo “mudando de lado” ou sofrendo alguma outra transformação vilanesca semelhante pelo menos umas 3 vezes, então nada disso parece realmente definitivo ou mesmo perigoso.

Lemire ainda consegue mexer bem as peças e novamente faz com que a moçadinha da equipe, Glob, Enole e Ernst arranquem sorrisos em vários momentos.

Sobre o prolífico roteirista, vale novamente afirmar que o destaque deste título fica por conta da competência com que ele cria tantos bons momentos de interação entre os personagens. Ponto forte, aliás, também nos seus trabalhos autorais. Ver, por exemplo, a ainda adolescente Jean Grey – e aqui com uma aparência realmente doce e meiga – provocando o Velho Logan é surreal, especialmente sabendo o que suas clássicas versões “do universo regular” já protagonizaram.

Esta cena é legal demais – e esquisita também.

Victor Ibañez faz um trabalho melhor nestes dois capítulos, tanto nas expressões como nos enquadramentos. Vale ressaltar que há um outro artista envolvido aqui, Guillermo Mogorrón, responsável pelos “esboços”. Ponto para a editoria que percebeu as limitações do Ibañez e trouxe um reforço para aprimorar o resultado final.

O capítulo se encerra de forma verdadeiramente ameaçadora para todos os mutantes do Abrigo-X. O clímax se aproxima rapidamente. Parece que desta vez o fim, sem dúvida, está próximo. Nota 7,5.

Novíssimos X-Men 13: de Dennis Hopeless e Mark Bagley

Hopeless traz uma história diferente, onde o trio de amigos Idie, Kid Apocalipse e o Homem de Gelo saem para uma baladinha em Miami, com a clara intenção de agitarem um namorado para o jovem Bobby Drake.

É quase uma tradição nas revistas dos mutantes breves momentos de paz entre arcos repletos de batalhas e violência. Partidas de baseball, passeios na praia, um dia na piscina e baladas foram mostradas diversas vezes.

A maior novidade aqui, sem dúvida, é a abordagem direta na homossexualidade do Homem de Gelo do passado, uma questão polêmica para alguns dos fãs mais antigos e, acho, os que não curtiram essa saída do armário vão torcer o nariz para este capítulo.

De fato, adultos escrevendo momentos de descontração de jovens millenials é arriscado e muito difícil de fazer sem parecer piegas, mas acho que o roteirista consegue um resultado razoável, graças em grande parte ao trabalho cuidadoso de Mark Bagley.

Há um momento “de ação” no final, com a participação especial de uma equipe de Inumanos e um novo personagem que, ao que tudo indica, deve aparecer outras vezes. No geral, os muitos clichês atrapalham o clima leve da história.
Nota 6,0.

Fabulosos X-Men 12: de Cullen Bunn e Greg Land

O capítulo começa no passado, quando Magneto recruta Psylocke para a formação desta equipe. Mas logo Bunn nos transporta para o presente, no Clube de Inferno, que agora conta com a Monet como Rainha Branca. Confesso que é difícil aceitar certas situações, mesmo com alguma boa vontade. Como Betsy Braddock fica “numa boa” na mesma sala com Sebastian Shaw e Black Tom Cassidy, dois vilões e assassinos? Ela até questiona Magneto: “O que espera conseguir aqui, Erik?” mas, continua impávida, tanto ela quanto Dentes de Sabre. Pois é, como já disse, fica complicado.

Turminha pesada para andar  com Monet e Psylocke não? Ah, pois é, o Clube do Inferno voltou a ser comandado por adultos

A história melhora quando mostra o “Complexo de Pesquisa das Corporações Futuro no Oceano Atlântico”, onde os Fabulosos enfrentam aqueles novos mutantes mostrados na edição anterior. Greg Land continua apenas mediano, com algumas boas cenas de luta e um belo Pássaro Negro, mas quando há mais talking heads suas limitações chegam a cansar. Nota 4,5.

Nota Final desta Revista: 6,0.

Rápida Resenha de X-Men #12 – Panini Comics

A revista completa 1 ano e novos arcos começam. Jeff Lemire, Cullen Bunn e Dennis Hopeless continuam nos títulos. O que achamos? Resenha praticamente sem spoilers desta publicação de dezembro de 2017.

A Panini escolheu a arte de Greg Land para a capa da edição 12

Extraordinários X-Men 13: de Jeff Lemire e Victor Ibañez

Lemire traz, logo de início, Magia procurando pistas sobre o desaparecimento de Sapna, resgatando assim um dos subplots que ele ainda conseguiu encaixar durante as tumultuadas Guerras Apocalípticas. Tempestade aparece para ajudar, mas uma bizarra equipe de super seres estão dispostos a impedi-las. Interessante.

Lemire não perde a chance de introduzir novas criações para o Universo Marvel

Há outras duas duplas bem trabalhadas pelo autor nesta história: o Velho Logan e um amargurado Forge, que conseguiu criar uma prisão para o Apocalipse; e Noturno e Homem de Gelo, que investigam bases do Clã Akkaba atrás do Colossus. É um novo arco totalmente calcado nos arcos anteriores, o que não é necessariamente ruim, porque mostra que Lemire, afinal, tem um “plano”. A arte de Ibañez em geral é boa, especialmente nas cenas de luta do Noturno, realçada pelas belas cores de Jay David Ramos, mas há algumas páginas onde a narrativa fica um pouco truncada.

Ibañez capricha nas cenas com o Noturno

Como sempre, esta é uma equipe gostosa de acompanhar, especialmente, volto a dizer, pela qualidade dos diálogos, que trazem um bom desenvolvimento de cada personagem, drama e humor na medida certa. Nota 7,0.

Novíssimos X-Men 12: de Dennis Hopeless e Mark Bagley

Ao contrário dos outros dois títulos mutantes, os Novíssimos ignoram completamente a saga Guerras Apocalípticas encerradas na edição #11. Ciclope, ainda se recuperando dos graves ferimentos infligidos pelo Groxo (quem diria!) tenta ajudar uma impaciente Laura Kinney (X-23/Wolverine) – agora uma verdadeira amiga – a liberar sua energia e acabar com suas frustrações e, para isso, a envia para uma sequência de missões perigosas pelo mundo, utilizando o teleportador Picles. A primeira parada dela é na “Amazônia Brasileira”, o que é legal. Há um plot twist bem encaixado e o autor consegue ainda resolver – em parte – a situação emocional de dois dos jovens X-Men da equipe. No encerramento, a revelação de uma provável futura ameaça. História recheada de ação, com Bagley conduzindo as batalhas com uma “câmera” sempre agradável, dinâmica, boas composições de página e dos personagens. O Anjo, em especial, aqui na sua versão “cósmica”, pós-Vórtice Negro (uma saga que envolveu os Guardiões da Galáxia) está muito bem retratado, tudo amplificado com a arte-final perfeita de Andrew Hennessy e as sempre vibrantes cores de Nolan Woodard.

O jovem Anjo em sua poderosa versão Vórtice Negro, na vibrante arte de Bagley, Hennessy e Woodard

Depois de um arco morno, esta história fechada é uma agradável leitura porque parte de uma premissa simples mas pertinente à breve história desta equipe e traz uma pegada super-heroica moderna, autêntica, vibrante. Há uma splash page com um lindo retrato de dois personagens. Nota 7,5.

Fabulosos X-Men 11: de Cullen Bunn e Greg Land

Novo arco, que começa bem, com uma equipe de superseres desconhecidos, aparentemente todos novos mutantes, invadindo uma instalação militar. Clichê? Claro, mas ainda assim interessante rsrs. Depois dessa agitada introdução, Bunn resgata nossos anti-heróis e mostra um pouquinho de cada um deles, que agora estão em uma base na Terra Selvagem, dando mais páginas para uma caçada do Dentes-de-Sabre na floresta. Apesar da “dura” que a Psylocke deu em Magneto na edição anterior, dando a impressão que abandonaria a equipe, ela também está aqui e novamente concorda em ingressar em uma missão (ai, ai). O final traz uma revelação… ok, e parece que teremos o retorno repaginado de uma equipe vilanesca clássica. Continuo achando Fabulosos bem mediano, às vezes sem graça, em suas múltiplas subtramas requentadas. Greg Land volta a fazer seu trabalho convencional, totalmente calcado em fotografia, e com menos imaginação nos layouts do que no começo da série. Nota 5,5.

Nota Final desta Revista: 6,7.

Os Vingadores #1 – Panini Comics (2019)

A nova revista dos Vingadores já está nas bancas. Cercada por expectativas de um lado e polêmicas de outro, será que vale a pena? Resenha sem spoilers e com nossa opinião sincera sobre o novo formato das mensais Marvel/Panini.

Arte de Ed McGuinness apresentando a nova e poderosa formação da equipe

Após correr com a fase Marvel Legado, a Panini começou a publicar agora em março/2019 a aguardada era Fresh Start, a primeira capitaneada integralmente pelo novo Editor-Chefe C. B. Cebulski e, por isso mesmo, optou por “zerar” alguns dos títulos mensais e também de encadernados.

Os Vingadores #1 traz material de duas revistas da Marvel Comics: Free Comic Book Day 2018 e Avengers #1 (julho/2018), ambas escritas por Jason Aaron, o celebrado roteirista de Thor, Dr. Estranho e muitos outros títulos dos últimos dez anos da editora.

A primeira história, “Criados Há 1 Milhão de Anos”, tem apenas 10 páginas e é lindamente desenhada pela italiana Sara Pichelli que tem, entre seus créditos, uma ótima passagem pelo novo Homem-Aranha (Miles Morales), ao lado de Brian Bendis.

A dupla nos apresenta um breve encontro entre o pai supremo, Odin, e o Pantera Negra. É algo surpreendente, porque trata-se de uma interação totalmente incomum nos quadrinhos. Há outros personagens, inclusive um saído diretamente da edição especial Marvel Legado, publicada no ano passado, mas o destaque fica por conta dos diálogos afiados e, certamente, da arte de Pichelli e das cores de Justin Ponsor.

Sara Pichelli e sua elegante arte digital

Esse conto serve como uma ótima introdução para a segunda história, essa sim, a verdadeira número 1 da Fase Aaron, desenhada pelo popular Ed McGuinness e chamada “A Expedição Final”.

Há muitos momentos interessantes nestas 32 páginas repletas de splash pages duplas e fatos decididamente inéditos na ampla mitologia Marvel.

Aaron revela o que aconteceu com o poderoso time de salvadores do planeta – apelidados de “Vingadores de 1 milhão de anos atrás” – imediatamente após terem derrubado um Celestial em Marvel Legado (ou seja, essa é uma leitura quase imprescindível para acompanhar esta nova equipe).

A Panini relançou Marvel Legado nas bancas porque de fato é um prelúdio para Vingadores #1

No presente, acompanhamos o reencontro de Thor, Homem de Ferro e Capitão América, o trio central dos Vingadores clássicos e que passaram por momentos conturbados nos últimos anos. Aaron trata de um jeito leve e irônico essas fases polêmicas – principalmente entre fãs mais antigos da Casa das Ideias -, em que os 3 foram substituídos por outros personagens quase que ao mesmo tempo, sendo uma mulher no lugar de Thor, um negro Capitão América e uma jovem negra (e inédita) no lugar do Homem de Ferro.

A Trindade clássica dos Vingadores se reencontra em um bar

Como de praxe em uma nova formação de equipe, os autores mostram uma grande ameaça que exige a união de vários heróis. É gostoso acompanhar a narração desses fatos e, novamente, é algo totalmente amarrado com os atos dos Vingadores da Idade da Pedra, formados por Odin, Agammotto, Fênix e antepassados do Punho de Ferro, do Pantera Negra, do Estigma e do Motoqueiro Fantasma.

McGuinness não entrega uma arte tradicional – é cartunesca mas muito poderosa, que evoca Kirby em diversos momentos. Mark Morales na arte-final e David Curiel nas cores completam o time artístico de primeira linha.

Arte de McGuinness e Morales retratando os Vingadores da Idade da Pedra ou de 1 milhão de anos atrás

Enquanto Doutor Estranho e Pantera Negra avançam em direção ao centro da Terra, na atmosfera a Capitã Marvel investiga fissuras bizarras e com energias fora da escala. É uma número #1 emocionante e com um cliffhanger quase impossível de ignorar.

Quanto à edição, a Panini caprichou em um miolo com papel couchê – ao invés do LWC da fase Totalmente Diferente Nova Marvel – que sem dúvida é de qualidade superior e permite que as cores e definições dos traços ganhem mais beleza.

E as capas cartonadas? Youtubers em geral criticaram, por acreditarem que encarece muito, a ponto de inviabilizar o acesso de uma revista mensal para muita gente. No Instagram, há fãs que também acharam desnecessário, mas até compraram, e há outros que, como eu, elogiaram.

O valor de R$ 9,90 para o material em si parece adequado, sem exagero, com cerca de 60 páginas no formato americano e colorido, papel de alta qualidade e capas encorpadas. Em comparação com outros materiais nas bancas – incluindo os mangás, Turma da Mônica Jovem, Tex e demais edições menores em preto e branco – são, sim, relativamente bem acessíveis.

Claro que não é para todo mundo mas, sendo franco, nunca foi nem nunca será. “Material de entrada”, em geral, são os formatinhos do Mauricio de Souza e da Disney, esses sim na faixa de R$ 5,00 a R$ 6,00. Quadrinhos de heróis são bem mais segmentados e complexos, mas podem ser degustados de outras formas, inclusive digitalmente, em sebos, emprestados, em promoções de encadernados, em bibliotecas, etc.

Há muitos e muitos anos que as mensais Marvel e DC não vendem milhares de edições como na década de 80. O mercado brasileiro é pequeno e, com a avalanche de encadernados de materiais novos e clássicos dividindo o orçamento dos colecionadores, e dezenas de outras ofertas de quadrinhos europeus, nacionais e alternativos – quase tudo, senão tudo, mais caro – acredito que sim, Vingadores #1 é uma opção “de entrada” para uma HQ de super-heróis. Fica difícil comprar muita coisa, é verdade, mas pelo menos os leitores tem opções de acesso e também mais quadrinhos diversificados, muito distante do cenário dos anos 80 ou 90.

Acompanho o trabalho da Panini desde 2001 e, é justo dizer, ela já testou diversos formatos e preços, inclusive um bem parecido com este na sua estreia. Acertando ou errando, vai continuar tentando o que for possível para que ela, em última instância, atinja o maior número possível de consumidores com as melhores margens.

Ressalto isso porque este novo formato parece permitir que ela comercialize as mensais também em outros canais, além das Bancas de Jornal. Há muita estridência na web brasileira, a ponto de xingarem o “departamento comercial incompetente” da editora, mas quem sabe os números concretos, mesmo, é a própria não é?

Belíssima capa variante de Avengers #1 de Esad Ribic

Há ainda um movimento interessante em curso que prega o consumo de material importado ao invés do da Panini como melhor custo x benefício.

Concordo em termos – sou grande fã dos quadrinhos originais e tenho milhares de edições by Marvel Comics – porque há vantagens incomparáveis em alguns quesitos (assunto para outro tópico) mas esse sim é um material muito mais restritivo para o consumidor típico.

Vejamos: será que R$ 9,90 está mesmo caro? É um quadrinho gourmet desnecessário e inacessível?

Façamos as contas: nos EUA há muito tempo cada edição mensal custa US$ 4,00, ou seja, cerca de R$ 14,00 em conversão simples. Nestas novas mensais nacionais, há o equivalente a duas das americanas e, portanto, custaria algo como R$ 28,00 (sem capa cartão nem papel couchê).

Tirando os seus (graves) problemas de comunicação, é compreensível que a Panini tente mirar nos leitores hardcore ao mesmo tempo que diversifique sua distribuição. A opção parece ser simplesmente o cancelamento.

Enfim, quem tem condições financeiras e gosta dos personagens, do Universo Marvel ou de uma boa HQ de super-heróis pode arriscar que a chance de gostar é muito alta.

Nota: 8,0.

Rápida Resenha de X-Men #11 – Panini Comics

Última edição das Guerras Apocalípticas. Uma saga que achei bem mediana. Resenha com alguns spoilers, mas é uma revista de novembro de 2017

Arcanjo liderando um enxame de clones na capa de Greg Land

Novíssimos X-Men 11: de Dennis Hopeless e Mark Bagley

No Egito Antigo, a versão adolescente do Apocalipse e seu clone, Evan, voltam ao acampamento dos Cavaleiros da Areia para resgatar o Fera. Este pretende recuperar o Olho de Hórus – um artefato místico obtido com o Doutor Estranho algumas edições atrás – e com ela retornar ao presente. Porém Evan acha que é seu dever “salvar” En Sabah Nur enquanto é bom e heroico antes que se corrompa. O pai adotivo de Nur, Baal e o místico do bando (cujo nome não é citado), porém, tem planos diferentes e começam a “endurecer” o temperamento do jovem mutante. Enfim, não há novidades neste capítulo final. O arco termina com a amizade entre Fera e Evan bastante abalada, mas o desfecho era o mais esperado.O trio de artistas – Bagley no lápis, Andrew Hennessy na arte-final e Nolan Woodard nas cores – entregam um bom feijão com arroz, embora ainda ache tudo muito “limpo e vibrante” para o local e a ambientação. Não é uma HQ ruim, os envolvidos são todos profissionais, mas o saldo é um arco morno, aquém dos anteriores. Nota 5,5.

Extraordinários X-Men 12: de Jeff Lemire e Humberto Ramos

Lemire e Ramos entregam outro número repleto de ação, com a batalha final entre os Cavaleiros do Apocalipse deste futurista Mundo Ômega (o ano é 3.167 DC) contra os X-Men da Tempestade reforçados pelos adolescentes – agora um pouco mais maduros e definitivamente mais poderosos – Glob, Ernst, Anole e Não-Garota (a antiga “Turma Especial” da fase Morrison ficou 1 ano perdida neste planeta). Um fato curioso é que, entre os 4 Cavaleiros desta realidade, apenas um é mutante: Colossus, Deadpool, Cavaleiro da Lua e Venon.

Apocalipse e seus 4 Cavaleiros quase sem mutantes

Noturno tem uma participação marcante em todo o arco, mas de fato todos tem seus bons momentos. Lemire ainda coloca uma dúvida cruel na Magia em relação à sua protegida Sapna. Esses momentos com linhas narrativas diferentes são sempre bem dosados e surgem com naturalidade. O final traz ao menos um fato realmente inesperado que vai trazer consequências futuras imprevisíveis. Só vai levar uma nota um pouco menor porque não tivemos tantos diálogos inspirados como nas anteriores. Nota 7,0.

Fabulosos X-Men 10: de Cullen Bunn e Ken Lashley

Fechando a edição, outra conclusão de arco. Esta equipe estava envolvida com a situação do presente das Guerras Apocalípticas e, infelizmente, é a mais pretensiosa e a menos interessante. Pelo menos, trouxe vários desfechos. O primeiro é com relação a Monet e seu irmão, o vilão Sangria, nos túneis dos Morlocks. É algo até esperado, embora pessoalmente não tenha gostado. O que é estranho, mesmo, é o argumentista ter simplesmente se esquecido de mencionar o paradeiro da Callisto após ela ganhar tanta exposição nos capítulos anteriores. O segundo desfecho envolve a confusa situação daquele Arcanjo “sem mente”, que estava com a equipe desde o começo, servindo cegamente a Magneto, e o Anjo “sem asas” que foi apresentado no começo deste arco. Pobre Anjo/Arcanjo… sua personalidade nunca mais teve sossego desde que virou um Cavaleiro do Apocalipse pela primeira vez. A conferir o que será dele. O terceiro desfecho é da Psylocke com relação ao próprio Magneto e seus segredos e manipulações. Acho que demorou um pouquinho para tomar essa atitude, mas está valendo. Uma interrogação: o poderoso Holocausto surgiu radiante no capítulo anterior mas (aí vai um spoiler) foi rapidamente derrotado pelo Magneto. Acreditava que o mestre do magnetismo estava bastante enfraquecido no começo desta série, pelo menos é o que foi dito lá na edição #1 (por conta da saga Vingadores Vs. X-Men). Será que perdi alguma explicação? Embora de fato essa limitação vinha sendo convenientemente esquecida, foi uma surpresa vê-lo derrotando tão facilmente o filho do Apocalipse. Finalmente, Bunn não esqueceu de Fantomex e Mística. Ufa! Muitos personagens, situações com dramas complexos mas trabalhados superficialmente e sem explicações convincentes, tudo em uma arte dura e às vezes bem confusa. Nota 4,5.

Nota Final desta Revista: 5,6.

Rápida Resenha de X-Men #10 – Panini Comics

As Guerras Apocalípticas são o foco desta revista, onde as 3 equipes mutantes enfrentam ameaças relacionadas ao supervilão Apocalipse em diferentes linhas temporais. Resenha praticamente livre de spoilers.

As Guerras Apocalípticas continuam

Novíssimos X-Men 10: de Dennis Hopeless e Mark Bagley

No Egito antigo, enquanto um ferido Fera é capturado pelo bando de saqueadores chamados Cavaleiros da Areia, Evan começa a desenvolver uma improvável amizade com En Sabah Nur – o futuro Apocalipse – que é ainda um adolescente, como ele mesmo. Bom, para os que não sabiam, Evan é um clone do próprio Apocalipse (as revistas dos X-Men são conhecidas por terem um universo definitivamente complexo!). Uma outra curiosidade é que os autores trazem Baal, o pai de En Sabah Nur e comandante dos tais Cavaleiros da Areia e introduzem um outro personagem, um místico que diz ter servido ao Faraó Rama-Tut. Os aficionados da Marvel das antigas imediatamente vão saber que o estranho místico está se referindo a uma versão do vilão Kang que governou o Egito e enfrentou o Quarteto Fantástico em uma história dos anos 60, por Stan Lee e Jack Kirby. Pois é… talvez hoje em dia isso possa ser considerado um easter egg bem encaixado pelo Hopeless, ou talvez seja apenas um daqueles momentos bacanas que só um imenso universo compartilhado como o da Marvel permite trazer.

Na capa da edição americana, Bagley retrata o encontro dos 2 jovens Apocalipses

Os desenhos de Bagley continuam vibrantes e perfeitos como sempre, bem como as cores de Nolan Woodard. Na verdade, talvez neste caso o traço limpo de Bagley seja um problema, afinal seu Egito antigo parece cenário de uma sitcom adolescente, onde todos são saudáveis e bem vestidos, perambulando em cenários bonitos e agradáveis. Vale registrar que a história também apresenta Erika, uma jovem aventureira e rica, aparentemente muito amiga de En Sabah Nur, que pode ter tido uma forte influência sobre ele. Fiquei intrigado como ela e muitos outros que o encontram parecem não se importar com sua aparência, afinal era um jovem mutante azul. História bem simples, com bons desenvolvimentos dos personagens mas sem nenhum grande momento. Nota 6,5.

Extraordinários X-Men 11: de Jeff Lemire e Humberto Ramos

Em um futuro literalmente “apocalíptico”, o Velho Logan é possuído pelo simbionte Venon e encara Jean Grey, enquanto os outros 3 Cavaleiros do Apocalipse enfrentam os demais X-Men. Ao mesmo tempo que precisam conter um bombado Colossus, a equipe claro quer salvá-lo, o que gera ainda mais tensão. Boas sequências de batalhas, com Humberto Ramos entregando uma arte vibrante.

Grey Vs Logan (+ Venon) by Humberto Ramos

Lemire continua bem, acrescentando pequenos detalhes, diálogos, situações que prendem a atenção e às vezes até surpreendem um leitor veterano como este aqui. Há, por exemplo, um momento inusitado e muito bacana com a Ernst – personagem que os escritores adoram incluir em suas equipes-X mas que em geral é esquecida durante as histórias. Ela e os demais membros da “Turma Especial” (lá da fase do Grant Morrison) são muito bem aproveitados neste arco. Tempestade e Noturno ainda abordam Apocalipse cara a cara. Ação desenfreada muito bem feita. Vale a leitura. Nota 7,5.

Fabulosos X-Men 9: de Cullen Bunn e Ken Lashley

Para mim, sem dúvida esta é a mais fraca das histórias desta saga, tanto no roteiro quanto na arte. Há 3 linhas narrativas. A primeira é da Monet contra seu irmão, Sangria, nos túneis dos Morlocks, com a participação do Dentes de Sabre e da Callisto. Não vejo ligação destes fatos com o Apocalipse, a não ser que parte da equipe não está disponível para ajudar… Magneto, o foco da segunda linha narrativa, que é salvo pela Mística mas logo se deparam com Holocausto (o vilão que está na capa da revista) e seu clã de adoradores Akkaba. A terceira linha apresenta Psylocke e Fantomex lidando diretamente com o Arcanjo. Enfim, é uma grande confusão. O fato de termos vários vilões saídos dos anos 90, com uma arte também nesse estilo do Lashley, parece ter “inspirado” o roteirista Bunn em diálogos cheios de “atitude” e ameaças vazias. A opção em fracionar a história – a cada 3 páginas temos uma mudança de linha narrativa – em uma série de situações que não empolgam e um grupo de personagens que não confiam uns nos outros, ora brigam entre si, ora decidem salvar fulano mas criticar beltrano, traições e alianças que surgem e somem sem a menor pausa para desenvolver suas motivações irritam. Talvez a necessidade de incluir os Fabulosos nas Guerras Apocalípticas tenha atrapalhado o autor, mas não adianta culpar o editor ou “a Marvel”. Nota 4,0.

Nota Final desta Revista: 6,0.