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    Artista que "matou" Lula e FHC em obras na Bienal diz que sua "lista é muito maior"

    JULIANA VAZ
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    18/09/2010 21h14

    O artista pernambucano Gil Vicente, 52, que está no centro de uma polêmica com a obra "Inimigos", em que ele aparece cortando a garganta do presidente Lula e atirando contra personalidades como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, diz que tem "uma lista muito maior" de personagens para a série.

    "Eu não queria desenhar ninguém matando, eu queria desenhar a mim mesmo matando", afirmou. "Não pouparia ninguém desses assassinatos, de jeito nenhum. Pelo contrário, eu tenho uma lista muito maior, representando vários tipos de poder, em vários lugares do mundo."

    Marcelo Justo/Folhapress
    Obras do artista Gil Vicente, em que ele faz autorretratos polêmicos nos quais mata FHC e Lula
    Obras do artista Gil Vicente, em que ele faz autorretratos polêmicos nos quais mata FHC e Lula

    A série "Inimigos" será exposta na 29ª Bienal de São Paulo, que abre ao público no próximo dia 25. A polêmica em torno dela foi desencadeada pelo pedido feito nesta semana pela OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil) para que os trabalhos sejam removidos, por fazerem "apologia à violência e ao crime".

    Além de cortar a garganta de Lula e atirar contra FHC, Gil Vicente também alveja em seus desenhos o Papa Bento 16, a rainha Elizabeth e o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad e o ex-presidente dos Estados Unidos George W. Bush.

    O atual governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), e o ex-premiê de Israel Ariel Sharon são outras de suas vítimas.

    A Fundação Bienal classificou como tentativa de censura a manifestação da OAB-SP e reafirmou a exibição da obra.

    Gil Vicente diz ter achado "curioso" que a reação contrária à sua obra tenha acontecido apenas em São Paulo. "Expus em 2005 em Recife, e depois em Natal, em Campina Grande, em Porto Alegre, e em canto nenhum houve esse tipo de reação", afirmou.

    Quanto à acusação de que sua obra incite à violência, ele diz: "apologia ao crime é o que o nosso governo faz o tempo todo, é o que os políticos fazem, como roubar dinheiro público".

    Curador da 29ª Bienal, Agnaldo Farias assinalou que a Bienal não excluirá a obra. Os desenhos vão continuar expostos e com localização estratégica, aos olhos do visitante que sobe a rampa para o terceiro andar do pavilhão de Oscar Niemeyer.

    O artista diz que sua intenção com a obra foi "descarregar o inconsciente".

    Além de "Inimigos", Gil Vicente expõe na Bienal uma série de desenhos pornográficos feitas em páginas de livro.

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