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Inesquecível Blanchard Girão, no histórico desenvolvimento sobre aparecimento, crescimento e derrubada da Dragão do Mar, não esqueceu este repórter.

Ele era um dos tocadores da emissora, que no início dos anos 60 bateu a própria pioneira Ceará Rádio Clube.

Dito já ficou pra trás que a "Dragão do Mar" reuniu em seu elenco um extraordinário cast de profissionais da maior expressão, como jornalistas, produtores de programas, locutores, radioatores e atrizes, equipe técnica de elevado padrão, sonoplastas consagrados.

Enfim, o que poderia haver de melhor no meio radiofônico local e de outros estados. Faltava, porém, um colunista social. E por esse tempo, princípio dos 60, o jovem Lúcio Brasileiro já pontificava nesse terreno.

Não partiu de mim o convite ao valoroso jornalista. Se não me falha a memória, quem interferiu nesse sentido foi Aécio de Borba, que viera da Rádio Uirapuru para dirigir comercialmente a "Dragão".

O nome foi aceito pela alta direção da emissora e Lúcio tratou logo de divulgar o seu novo programa, que seria uma vez por semana (sábado ou domingo à noite). E foi mais além, anunciando que seu primeiro entrevistado seria o deputado Armando Falcão. Aí surgiu um sério complicador. Logo o Armando Falcão?!, notório desafeto da emissora?!

Moysés Pimentel, homem de diálogo, quis conversar com o Lúcio Brasileiro, a fim de dissuadi-lo do convite àquele personagem.

Ficaria, entretanto, insustentável a posição em geral. Qualquer desculpa esfarrapada não iria convencer nem ao próprio Armando, muito menos aos ouvintes. A essa altura, tive um estalo, espécie de solução salomônica. O anunciado programa de estreia de Lúcio seria cancelado "por motivos de força maior".

Em compensação, oferecia ao colunista um espaço diário, no horário nobre da emissora, pico de sua audiência, entre 11 e 13 horas. A ideia caiu do céu. Entre mortos e feridos escaparam todos... Armando Falcão não pôde usar o microfone da Dragão.

Hoje fico conjecturando sobre o que ele poderia ter declarado (ele que nunca tinha nada a declarar) ao Lúcio Brasileiro. E este considerou a emenda melhor do que o soneto. Ganhou minutos preciosos para suas sempre interessantes informações. E a "Dragão" reforçou seu cast com mais um nome de grande prestígio na cidade.