Professor, artista e pesquisador do doutorado em Letras da UFC
Professor, artista e pesquisador do doutorado em Letras da UFC
Nome incontornável das artes e da cultura brasileira das décadas de 1980 e 1990, José Leonilson Bezerra Dias, ou simplesmente Leonilson, como tornou-se mais conhecido ou Leó, morreu há quase 30 anos, em 28 de maio de 1993. Criador de um trabalho absolutamente pessoal, seu estilo transformou-se numa referência imediatamente reconhecível no panorama artístico brasileiro, sendo muitas vezes reapropriado nas últimas décadas, deixando marcas profundas na produção contemporânea.
O artista cearense, nascido em Fortaleza e logo radicado em São Paulo, sempre manteve forte conexão com as letras e a literatura. Um dos traços decisivos de sua obra, conforme tantos críticos já destacaram, é a incessante elaboração poética que nascia dos seus trabalhos com o desenho, a pintura e o bordado. Criar e escrever eram para ele atividades inseparáveis e muitas vezes indiscerníveis. Durante toda a sua extensa produção - apesar da vida curta, interrompida muito precocemente pelas doenças decorrentes da contaminação pelo vírus HIV - o artista tratou de narrar-se, inventando versos e imagens de extrema delicadeza, mas de singular força erótica, lírica e política, registrando desejos intensos, distúrbios sociais e acontecimentos banais do seu cotidiano.
Como quem ia compondo um diário assumidamente ficcional, Leonilson escrevia a sua vida e embaralhava todas as cartas: suas telas e tecidos e objetos iam se enchendo de palavras e de cores, de corpos e textos que davam conta de uma vida tornada obra e de uma obra imantada pelo encanto e pelas idas e vindas de uma existência plena de realizações e expectativas, mas também de solidão, esperas e leituras intermináveis. Dada a importância de seu trabalho plástico-poética, nacional e internacionalmente reconhecido em sucessivas mostras e exposições nos últimos anos, há um crescente interesse que suas peças vêm despertando em pesquisadores de inúmeras áreas do conhecimento.
Neste sentido, dois eventos se propõem a discutir a obra de Leonilson. Eles acontecerão em fins de março na Universidade Federal do Ceará e no começo de abril na Universidade Federal de Minas Gerais. O primeiro, "Porto Leó", reúne os professores e escritores Gustavo Silveira Ribeiro (UFMG) e Tércia Montenegro (UFC) no Auditório José Albano no bairro fortalezense Benfica. O evento tem mediação do colunista do Vida & Arte, Lúcio Flávio Gondim, que acaba de defender doutorado sobre a expansão em/de Leonilson.
Em Belo Horizonte, a Faculdade de Letras da UFMG realiza um dia de debates, apresentações e exposições artísticas dedicadas ao artista. A "Jornada Leonilson - Carta para o Corpo" se propõe, desse modo, a celebrar a sua memória e o seu legado, reunindo pesquisadores de várias universidades brasileiras e de diferentes áreas de atuacão, congregando docentes e pesquisadores da FaLe e da Escola de Belas-Artes/UFMG, da FAAP-SP,da UFOP, da UFC e da UFAL, além de estudantes de pós-graduação da UFMG. Nomes como o da escritora, jornalista, professora e crítica de arte brasileira Veronica Stigger formam parte da programação.
Porto Léo - 30 anos sem Leonilson
Quando: quinta-feira, 23, às 18 horas
Onde: Auditório José Albano, no Centro de Humanidades - Área I - UFC (avenida da Universidade, 2683 - Benfica)
Programação gratuita
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