Se Marco Aurélio, imperador romano outstanding, tivesse nascido no Crato do jornalista Cliff Villar, seria leitor d'O POVO, como nós, e certamente teria assinatura do OP (pago sem cartão corporativo, ato óbvio para um estoico militante). Afinal, o nosso jornal O POVO, jornal nosso de cada dia, no ranking dos "10 jornais que você precisa ler para entender o país" (Sherlock Communications), também é um dos poucos com edição impressa, ao lado da Folha e do The New York Times. Impensável ver Marco Aurélio e o velho Sêneca tomando café coado com tapioca no Granjeiro, lendo as notícias do Planalto num tablet... rsrsr.

Jornal O POVO, o jornal das multidões, de Blanchard Girão e Raimundo Costa na Major Facundo, de Waldemar Menezes e Adísia Sá na Aguanambi. Ao completar 95 anos, O POVO continua sendo o jornal de Demócrito Dummar, um republicano com coração de estudante, um tropicalista demasiadamente humano, como destacaria o próprio Waldemar Menezes, no editorial de 26 de abril de 2008, e a coluna "Ficamos mais pobres", do Fábio Campos.

Continua Waldemar: "Demócrito levou avante o compromisso de realizar um jornalismo crítico, pluralista e sensível à realidade social circundante ... um jornalismo além da simples observação, divulgação e interpretação dos fatos, mas um instrumento de mobilização e articulação das forças criativas da sociedade..."

Demócrito Dummar era definitivamente novidade, impulsivamente holístico, inevitavelmente envolvente. Demócrito era disruptivo! Sempre recebia os amigos com um abração por cima do ombro e os conquistava com seu sorriso abastado em recorrentes sonhos, coloridos com a sua inventiva. Sua alma jornalística era, assim, movida a ideias. Suas inovações estéticas radicais mesclavam a cultura do Ceará, o popular e a vanguarda. Tem algo mais tropicalista do que isso?

Demócrito deu asas ao Pirambu Digital, projeto que profissionalizou centenas de jovens daquela comunidade, foi parceiro do Escola 24h (formação profissional de madrugada), do Escola Fora da Escola (Jovem ensinando Jovem), da Sorveteria Zé de William (jovem pagando sem fiscalização) e tanto outros projetos que sua "alma de poeta, audaciosa, visionária e apaixonada pelo humano" permitia.

Este é um artigo de agradecimento a quem muito fez pelo Cefet (transição da Escola Técnica para IFCE). Sou muito grato a este tropicalista da comunicação, republicano com coração de estudante, cidadão do mundo, demasiadamente humano. Valho-me de um autor desconhecido para registrar a saudade que o meu amigo "comandante" (modo como nos tratávamos) me faz, com quem eu tanto aprendi: "meu filho, a vida é a travessia de um rio; não a atravesse no porão do navio!"

Parabéns, O POVO de Demócrito Dummar!