Logo O POVO+
Jornalista e escritora Ana Márcia Diógenes reflete sobre papéis da escrita e da leitura
Vida & Arte

Jornalista e escritora Ana Márcia Diógenes reflete sobre papéis da escrita e da leitura

Lançando livro "Rosa dos ventos", jornalista e escritora cearense Ana Márcia Diógenes fala sobre inspirações e relações entre literatura e jornalismo
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
A escritora e jornalista Ana Márcia Diógenes estreia na poesia com
Foto: @somoselasclube / divulgação A escritora e jornalista Ana Márcia Diógenes estreia na poesia com "Rosa dos ventos"

Do alento de receber um livro a cada injeção tomada na infância em Quixadá — e eram muitas, por conta de frequentes crises de garganta — ao lançamento em breve da primeira publicação poética, Ana Márcia Diógenes acumula experiências guiadas pela palavra. Com carreira reconhecida no jornalismo, incluindo passagem pelo O POVO como diretora de redação, a escritora e jornalista foi sempre acompanhada pelo gosto e pela crença no poder da escrita e da leitura.

Para marcar o lançamento de "Rosa dos ventos" — que ocorre no próximo sábado, 3, no Passeio Público, no Centro de Fortaleza —, a autora fala ao Vida&Arte sobre inspirações no cotidiano, projetos futuros que incluem livros de contos e romance e, ainda, aproximações entre as práticas jornalística e literária.

"Lá em casa, a fartura que tinha era em livros. Cresci com a possibilidade de ler muitos deles", remonta em entrevista ao Vida&Arte. A "compensação" das injeções com livros fortaleceram o contato da pequena Ana Márcia com a literatura, o que resultou em um estímulo à imaginação. "Criava mil histórias na minha cabeça, com personagens, enredo", compartilha.

A partir do início da adolescência, passou a registrar as histórias imaginadas e escrever novas produções, especialmente poesias e crônicas, que acabaram engavetadas. O costume dessa escrita, ela compartilha, se manteve até o início da faculdade de jornalismo.

Apesar das dúvidas comuns à fase entre o que cursar, Ana Márcia encontrou no pai jornalista de uma amiga um apoio. Era Blanchard Girão (1929-2007), com quem se reencontrou anos depois ao fazer teste para estágio no O POVO. Ana Márcia reconhece a própria escrita literária como resultado da prática e do olhar jornalístico que construiu na carreira na área.

"Minha obsessão como escritora é o que se passa dentro do outro, a forma como vê e sente o mundo, como se relaciona, as questões familiares, as conversas dos ônibus, das filas nas farmácias. O jornalismo me proporcionou essa visão de mundo que dificilmente outra profissão nos traz", destrincha.

Outra experiência profissional destacada pela autora que ajudou a aprofundar esse olhar foi junto ao Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), onde atuou como coordenadora para Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte. Foi nesta época, no início dos anos 2010, que ela decidiu retomar a prática da escrita literária.

"Adorava o envolvimento com a questão da infância e adolescência, mas comecei a me questionar quando iria também fazer outras coisas que gostava", afirma. Inquieta por "vontades que ficaram pelo caminho", refletiu sobre a decisão de deixar o trabalho e buscar novos passos. "Defini três projetos: engrossar os dedos na literatura, falar e agir atravessada pela gentileza, onde fosse, e ter um programa de rádio. Só o terceiro projeto ficou pelo caminho. Os outros engatei a marcha", celebra.

De lá para cá, lançou a ficção juvenil "De esfulepante a felicitante, uma questão de gentileza" (Ed. Dummar, 2017), os conto longos "Pérfuro-Matante" (2022) e "Reze que meus pés não apontam para você" (2023) e "Poesias e contos pequetitos" (2022), além de compor coletâneas e publicar textos em revistas. Ainda em ligação com o jornalismo, é também colunista da plataforma O POVO.

"Rosa dos ventos" é a primeira publicação poética da escritora e traz 80 poemas que tomam inspiração na natureza, como num convite para pausar a rapidez da vida e teimar em reparar em elementos que compõem o que está ao nosso redor.

"Os elementos da natureza literalmente me fascinam, tocam minha vida, meus passos, me estacionam nos detalhes da grandeza de um mundo em que somos apenas detalhes. Aprecio a delicadeza das pessoas e das coisas, dos detalhes, do pequeno, do que não precisa se impor porque já é", aponta Ana Márcia.

"O que me move a escrever é tentar registrar como sinto o mundo, como quero aprender mais sobre a vida, os relacionamentos, os sentidos, as pessoas e a mim mesma", define a autora. Nesta busca, segue apostando em novos lançamentos literários.

Um romance, previsto ainda para 2023, irá mostrar "um lado cruel na vida dos que não têm acesso a praticamente nada, que seguem no mundo quase sem ser vistos". Há ainda um projeto de livro de contos sobre silenciamentos da vida e outro do gênero voltado ao público juvenil que fala sobre medos.

"O poder da literatura está em seduzir o pensamento, vontades, curiosidades, dúvidas, em despertar sensações, em fazer o leitor se sentir também um autor, por empatia com o que lê ou escuta. Seja poesia, conto, romance ou novela, a escrita traz circunstâncias de vida que aproximam quem escreve de quem lê", acredita.

"Levar esta arte para o leitor ou ouvinte é uma forma de expandir ideias, desejos, criações, de compartilhar, de se lançar à compreensão, de interagir com o mundo de forma aberta, pronta para aprender, crescer. É um torcer ideias para gerar sentidos, é um perceber-se para além de si", finaliza a escritora.

Rosa dos ventos

Lançamento da publicação

  • Quando: sábado, 3, a partir de 11 horas
  • Onde: Café Passeio - Espaço Cultural Gilmar de Carvalho (Praça dos Mártires, Centro)
  • Entrada gratuita, sem consumação; música ao vivo de 12h30min às 15h30min, com cobrança de couvert artístico de R$8 a partir de 13 horas

Para comprar

Podcast Vida&Arte

O podcast Vida&Arte é destinado a falar sobre temas de cultura. O conteúdo está disponível nas plataformas Spotify, Deezer, iTunes, Google Podcasts e Spreaker. Confira o podcast clicando aqui

O que você achou desse conteúdo?