a tragedia que foi teresopolis e a regiao serrana do rio de janeiro toma conta de todo mundo nesse lugar do quase desconforto, por estar ai com a vida inabalada e ver tanta gente morta e desabrigada. dificil falar da condicao de vulnerabilidade dessas pessoas, o sentimento de perda e desabamento de tudo, o sobreviver ferido no meio de tanto resto, de todo aquele aniquilamento.

e me tocam profundamente as fotos de caes abandonados, que tiveram seus donos mortos ou desaparecidos, e que agora sao realmente caes sem dono, sem ninguem. a condicao de abandono generalizada se intensifica no estado desses caes. e me faz pensar na nossa condicao de humanos, vivendo ao lado desses animais e estabelecendo um modo de existencia para nossa relacao com eles. me vem ai uma sensacao de paralelo com nos humanos, prioritarios na escala formulada por nos mesmos de como administrar o mundo, involucrados nos mesmo nessa mesma escala, onde uns sao prioridade sobre outros.

a condicao humana esta ali no olhar desses caes, nossa maneira de resistir e sobreviver no mundo, o mesmo abandono, a mesma solidao. o cao caramelo quando saiu da enfermaria se postou por dias ao lado da cova de sua dona, ate ser recentemente adotado. me pergunto se nos humanos fariamos isso, ficariamos ali de corpo presente fazendo companhia aa propria perda. e se nao existe ai um traco de essencialidade da condicao humana: o vinculo, o apego, a fidelidade, o amor e a amizade.