Por Memória Globo, Memória Globo

Jorge Baumann/Globo

José Mayer Drumond Araújo nasceu no dia 3 de outubro de 1948 em Jaraguaçu, Minas Gerais. O pai era enfermeiro e a mãe, cabeleireira. Em 1968, entrou para o curso de Letras da Faculdade de Filosofia de Belo Horizonte, mesmo ano em que ingressou no Grupo de Teatro Geração. Em 1972, venceu uma licitação e passou a dirigir o Teatro Senac da capital mineira. Durante sete anos foi de tudo um pouco: produtor, diretor, ator e cenógrafo. Até que, numa noite de setembro de 1979, diante de uma plateia vazia, e atuando num espetáculo elogiado pela crítica, decretou que era hora de arrumar as malas e partir para o Rio de Janeiro. Oito meses depois, ele estava escalado para o episódio 'O Foragido', da primeira temporada da série 'Carga Pesada'. “Eu morria numa praia, metralhado. Estrebuchei como se daquilo dependesse toda a minha vida e o meu futuro. E de fato dependiam.” Começava assim, sua carreira como ator de TV.

Conhecido pelos papeis de galã, José Mayer tenta explicar a fama argumentando que os personagens, sim, é que são bem escritos. “Eu não sou um homem bonito. Tenho, sim, recebido papéis interessantes, que são os condutores das histórias. Legais de serem observados pelo público”, pondera. Quem primeiro observou que José Mayer tinha talento para as artes cênicas foi um professor de declamação, no primeiro ano ginasial.

Representar foi algo que acalentei desde muito cedo. Logo, me destaquei nas aulas de declamação e passei a ser escalado para bons papéis nas montagens do colégio. Tanto no ginásio, quanto no clássico e, depois, na universidade.

Início da carreira

Os anos 1980 foram marcados pela presença abundante das séries baseadas em temas brasileiros na dramaturgia da Globo. “Fiquei fascinado. Foi um dos motivos que me fez vir para a televisão, trabalhar assuntos que até então eram censurados.” Além de 'Carga Pesada', o ator participou de episódios de 'Plantão de Polícia', 'Malu Mulher' e 'Caso Verdade'. Até que, em 1982, foi convidado para um dos principais papéis da minissérie 'Bandidos da Falange', de Aguinaldo Silva.

José Mayer em 'Bandidos da Falange', 1983 — Foto: Vieira de Queiroz/Globo

'Bandidos da Falange' só foi ao ar em 1983. Nesse mesmo ano, José Mayer também ganhou o seu primeiro papel numa novela: o galã Ulisses, de 'Guerra dos Sexos', de Silvio de Abreu. Por esses dois trabalhos, recebeu o prêmio de Ator Revelação da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA). Não tardou a receber o convite para interpretar um protagonista no horário nobre das oito da noite. O personagem Piscina, em 'Partido Alto', de Gloria Perez e Aguinaldo Silva. “Estava progredindo”, analisa. Mas as séries brasileiras continuavam encantando o ator. Em 1985, participou de 'O Tempo e o Vento', adaptação de Doc Comparato da obra de Erico Verissimo, e viveu o galã Edson na novela 'A Gata Comeu', de Ivani Ribeiro – um grande sucesso do horário das seis da tarde.

O Pagador de Promessas

Entre a chegada ao Rio e a participação em Carga Pesada, o ator trabalhou como dublador do Burro Falante do Sítio do Picapau Amarelo. Coincidentemente, em alguns anos, ele conquistaria a vaga para um dos protagonistas mais marcantes de sua carreira: Zé do Burro, na minissérie O Pagador de Promessas (1988), de Dias Gomes. Uma história com lances dramáticos, que ele conta com orgulho: “Cruzei o corredor da Globo e vi alguém falando ao telefone com o Dias Gomes. Sabia que eles iriam fazer O Pagador. Deixei a vergonha de lado, pedi emprestado o telefone e tentei convencer ao Dias de que eu era o Zé do Burro. Sugeri um teste. Fui aprovado”. Pelo Zé do Burro, recebeu, novamente, o prêmio da APCA como Melhor Ator de TV.

EXCLUSIVO MEMÓRIA GLOBO

Webdoc sobre a minissérie 'O Pagador de Promessas' com entrevistas exclusivas do Memória Globo.

Webdoc sobre a minissérie 'O Pagador de Promessas' com entrevistas exclusivas do Memória Globo.

Brilhou como 'Zé do Burro', em 'O Pagador de Promessas', obra adaptação televisiva da peça homônima de Dias Gomes. Não mediu esforços para viver o personagem: mudou-se para o local das gravações, em Monte Santo, no interior da Bahia, e lá morou durante um mês, num casebre, vivendo de maneira simples e cuidando do burro com o qual contracenaria. A minissérie demorou a ser exibida. Quando foi ao ar, ele também interpretava Fernando Flores, na novela 'Fera Radical' (1988), de Walther Negrão.

Participou das novelas 'Tieta' (1989) e 'Meu Bem, Meu Mal' (1990). Outra trama de sucesso com participação de José Mayer foi 'De Corpo e Alma', em 1992. O ator interpretou Caíque, marido de Bia (Maria Zilda Bethlem), que descobre que o filho Júnior (Aron Hassan) – com a pele bem mais escura do que a deles – havia sido trocado no berçário.

EXCLUSIVO MEMÓRIA GLOBO

Webdoc sobre a novela 'Meu Bem, Meu Mal' com entrevistas exclusivas do Memória Globo.

Webdoc sobre a novela 'Meu Bem, Meu Mal' com entrevistas exclusivas do Memória Globo.

Prêmios

Prêmios são muitos em sua carreira. Em 1989, por exemplo, enquanto interpretava o galã rude Osnar, em 'Tieta', de Aguinaldo Silva, Ana Maria Moretzsohn e Ricardo Linhares, pelo qual recebeu o Troféu Imprensa de Melhor Ator, nos palcos recebia o Mambembe pela peça 'Perversidade Sexual em Chicago', de David Mamet. Nos anos 90, teve atuação destacada em outra minissérie: 'Agosto' (1993), baseada na obra de Rubem Fonseca e escrita por Jorge Furtado e Giba Assis Brasil, na qual interpretou o comissário Mattos.

EXCLUSIVO MEMÓRIA GLOBO

Webdoc: sobre a minissérie 'Agosto' com entrevistas exclusivas do Memória Globo.

Webdoc: sobre a minissérie 'Agosto' com entrevistas exclusivas do Memória Globo.

Os galãs de Manoel Carlos

Mas é nos anos 2000 que, além de consagrado como ator, consolida o status de galã sob a pena de Manoel Carlos. Em 'Laços de Família' (2000), foi o impetuoso Pedro, um criador de cavalos. Na minissérie 'Presença de Anita' (2001), o escritor Fernando, que vivia um caso amoroso com a jovem interpretada por Mel Lisboa. Em 'Mulheres Apaixonadas' (2003), interpretou o médico César. Em 'Páginas da Vida' (2006), Maneco escreveu para o ator o personagem Gregório, ou Greg, um empresário mulherengo, par romântico da personagem da atriz Natália do Vale. Em 2009, em 'Viver a Vida', interpretou Marcos, um dom-juan casado com a bela modelo Helena, interpretada por Taís Araújo.

José Mayer em 'Mulheres Apaixonadas', 2003 — Foto: João Miguel Júnior/Globo

Além dos galãs de Maneco, também interpretou papeis importantes em 'Senhora do Destino' (2004), 'A Favorita' (2008), 'Fina Estampa' (2011), 'Saramandaia' (2013), 'Império' (2015) e 'A Lei do Amor' (2016). José Mayer saiu da Globo no dia 15 de janeiro de 2019.

Fontes

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