Revolução Industrial

Revolução Industrial

A Revolução Industrial foi um processo histórico de grande impacto para o destino da civilização. A saber, ela produziu consequências sociais, políticas, tecnológicas, econômicas e culturais de grande destaque.

Neste resumo, você descobrirá como ocorreu essa revolução, quais foram os seus antecedentes, as suas etapas, as lutas sociais e a sua manifestação no Brasil. Assim, prossiga com a leitura para conferir.

Revolução Industrial: antecedentes

Primeiramente, este processo histórico teve início no século XVIII nos países mais ricos da Europa, em especial a Inglaterra. Em suma, a revolução na indústria representou a transição da produção artesanal para a produção mecanizada em massa.

Afinal, o período que compreende o fim da Idade Média e o início da Modernidade tinha uma capacidade produtiva limitada. Assim, a maioria das atividades era realizada manualmente em uma manufatura de pequena escala, dentro de propriedades ou em oficinas artesanais. Entretanto, as inovações tecnológicas e as transformações sociais posteriores proporcionaram uma mudança drástica neste cenário, as quais afetaram diretamente o nascente setor industrial e a sua produção de bens.

Além do progresso na tecnologia, outra causa associada ao início da industrialização foi a necessidade do aumento da produção para satisfazer a demanda por consumo de produtos industrializados.

Cabe apontar também a influência do pensamento iluminista e dos valores da Revolução Científica para este contexto histórico. Dessa maneira, autores como Isaac Newton, René Descartes e John Locke forneceram o suporte teórico necessário para a valorização da razão e da eficiência no processo produtivo. Neste sentido, as escolas técnicas e as faculdades que formavam os inventores e os engenheiros que liderariam a indústria tinham as obras desses pensadores em seus currículos.

Pioneirismo inglês

Como dissemos anteriormente, a Inglaterra foi o país que capitaneou a Revolução Industrial no século XVIII. Em suma, ela reunia neste período histórico praticamente todas as condições necessárias ao incremento da industrialização no território, como por exemplo:

  • capital público e privado acumulado para investimento (oriundo da exploração das colônias britânicas e do comércio marítimo pelo mundo);
  • poderio naval capaz de garantir a abertura de mercados consumidores e a captação de matérias-primas em outros países;
  • protecionismo comercial oriundo dos Atos de Navegação;
  • mão-de-obra suficiente para trabalhar nas fábricas, da qual a maioria era oriunda dos campos (processo favorecido pela Lei dos Cercamentos no século XVII, que previa a privatização das terras comunais rurais e a consequente expulsão dos camponeses);
  • contexto político pacífico com a aliança entre a burguesia, a monarquia e a aristocracia, especialmente após a Revolução Gloriosa;
  • presença de cientistas, inventores e engenheiros dispostos a revolucionar a tecnologia do país;
  • localização geográfica vantajosa com acesso ao mar;
  • posse de matérias-primas necessárias para a industrialização, tais como lã, algodão, minério de ferro e carvão mineral.

1ª Revolução (1750-1850)

Adiante, um dos principais impulsionadores da Revolução Industrial foi a mecanização da produção têxtil. Neste primeiro momento, o início de um sistema produtivo de tecidos em larga escala reduziu significativamente os custos da atividade e aumentou a sua velocidade. Esse movimento ocorreu por causa de importantes inovações tecnológicas, tais como a máquina de fiar de Hargreaves, a máquina de fiar a jato d’água de Arkwright e a lançadeira volante de John Kay.

Além disso, outro aprimoramento técnico decisivo para o aperfeiçoamento da indústria foi a invenção da máquina a vapor por James Watt. Dessa maneira, isso possibilitou a mecanização de diversos setores industriais como o de mineração e produção de ferro. Igualmente, a utilização da tecnologia a vapor por meio do carvão tornou viável o funcionamento de máquinas e de equipamentos de forma mais eficiente e econômica.

Sobretudo, as transformações desta primeira revolução na indústria alteraram fortemente o sistema de transporte dos países. Por exemplo, a construção de canais fluviais e o desenvolvimento das ferrovias permitiram a circulação mais rápida e eficiente de matérias-primas, mercadorias e pessoas. Logo, isso facilitou o comércio e a expansão dos mercados, além de impulsionar o crescimento econômico.

2ª Revolução (1850-1945)

Ademais, a 2ª Revolução Industrial foi o período da exploração do petróleo, do aço e da energia elétrica. Então, esta etapa do processo histórico apresentou importantes inovações como o motor à combustão (o qual estruturou a criação do carro), a locomotiva a vapor, a lâmpada e diversos produtos químicos.

A segunda revolução também abarcou uma industrialização mais ampla, a qual se disseminou para países como a França, Alemanha, Rússia, Itália, Estados Unidos e Japão. Neste contexto, novos meios de comunicação e representação também foram desenvolvidos, tais como o telefone, o telégrafo, o rádio e a fotografia.

3ª Revolução (1945-2000)

Sobretudo, a 3ª Revolução Industrial levou a industrialização a patamares jamais vistos, agora em conexão com diferentes campos da produção humana. Bastante amparado pelo crescimento da globalização, esse movimento influenciou setores como:

  • medicina;
  • genética;
  • biotecnologia;
  • informática;
  • indústria aeroespacial;
  • cibernética.

A automação da indústria foi uma característica marcante deste momento, na qual cada vez mais a mão-de-obra humana foi substituída pela ação das máquinas na produção direta.

Além disso, o processo de industrialização no século XX passou a depender menos da intervenção estatal, o que passou a abrir mais espaço para que empresas e o capital financeiro pudessem investir no segmento. Dentre as inovações ocorridas nesta etapa, podemos citar o computador, a internet, o fax, a televisão e o telefone celular.

4ª Revolução (século XXI)

Em último lugar, embora muitos historiadores ainda mantenham a tradicional classificação da Revolução Industrial em três fases, é fato que o processo de industrialização em massa ainda está em voga no mundo, porém com “nova roupagem”.

A saber, o século XXI representa o triunfo da internet e dos sistemas digitais, o que possibilitou potencializar mais ainda o setor industrial. A saber, ele agora está estruturado por meio de modelos de negócio baseados na inovação e na integração nas cadeias globais de valor. Esta quarta etapa também é denominada como “Indústria 4.0”, a qual lida com tecnologias como:

  • inteligência artificial;
  • internet das coisas;
  • tecnologia da informação;
  • Big Data;
  • integração de sistemas;
  • robótica;
  • armazenamento de dados em nuvem.

Aspectos sociais

As transformações advindas da Revolução Industrial causaram efeitos consideráveis sobre as populações. Nesse sentido, o crescimento das indústrias atraiu uma grande quantidade de trabalhadores rurais para as áreas urbanas, o que resultou no surgimento progressivo de cidades cada vez maiores e populosas. Entretanto, as condições de vida urbana eram precárias, com superlotação e habitações insalubres.

De fato, a fábrica passa a ser o centro essencial da produção do país. Contudo, esta reproduzia as condições adversas com ambientes de pouca higiene e limpeza. No que se refere às condições trabalhistas, a maioria das indústrias empregava operários com longas jornadas, baixos salários e inclusive trabalho infantil. Igualmente, eles não tinham direito a descanso remunerado, previdência, auxílio-doença, segurança do trabalho e outros benefícios.

Além disso, a industrialização também produziu a consolidação da classe social denominada “burguesia”, representada pelos donos das fábricas e gerentes da indústria. Certamente, esta elite econômica angariou cada vez mais poder político, o que permitiu reforçar a sua influência sobre a sociedade. Inclusive, ao aliar o investimento do seu capital com as inovações científicas, este segmento conseguiu desenvolver novos modos de produção industrial, cada vez mais eficientes. Por exemplo, podemos citar o fordismo, o taylorismo e o toyotismo.

Ludismo e cartismo

A contradição entre o enriquecimento da burguesia com a Revolução Industrial e a condição precária dos trabalhadores nas fábricas proporcionou uma série de conflitos sociais. Enfim, foi este o contexto que levou à criação dos sindicatos e movimentos trabalhistas no século XIX, os quais foram entidades operárias que buscavam negociar e reivindicar melhores condições de trabalho e direitos para os seus associados, especialmente através de greves.

Alguns destes movimentos tiveram atuação violenta, como o ludismo. A saber, os ludistas pregavam que as máquinas substituíam o trabalho do operário e o patrão o explorava. Assim, esta corrente advogava pela destruição das máquinas industriais por meio de invasões às fábricas como forma de protesto.

Por outro lado, o cartismo foi um movimento mais pacífico, o qual defendia a melhoria dos direitos dos trabalhadores via sistema político. A principal reivindicação deste grupo foi o sufrágio universal masculino e a representação no parlamento britânico.

Enfim, é fundamental inserir estas lutas sociais e reivindicações no contexto histórico de disseminação de ideologias no século XIX. Por exemplo, o socialismo, o anarquismo, o liberalismo e o positivismo. A partir do cenário socioeconômico, esses sistemas de pensamento puderam angariar adeptos e influenciar o debate político e intelectual dos países.

Impacto histórico

De fato, a Revolução Industrial teve intensas contradições econômicas e sociais. Todavia, há de se balancear os seus resultados ao analisá-la por todos os seus séculos. Em suma, ela foi um processo essencial de transformação das sociedades nas quais ela se manifestou. Logo, da utilização majoritária de ferramentas, passou-se ao emprego das máquinas. Da habitação predominante nos campos, passamos à ocupação das cidades. De um sistema produtivo artesanal e manufaturado a um modelo centrado na fábrica. Do uso de energia humana à exploração de energia motriz.

A mecanização da produção proporcionou o aumento da produtividade das fábricas, o que possibilitou uma maior oferta de bens de consumo para a população e o barateamento relativo dos produtos. Assim, quando analisamos este processo histórico, fica nítido que a industrialização foi e ainda é um importante mecanismo de combate à fome. Igualmente, as condições de vida da população se tornaram progressivamente prósperas desde o início do movimento no século XVIII, principalmente quando a comparamos com o contexto agrário de resquícios feudais vigente no período anterior.

Outro aspecto a se salientar é que a industrialização apresenta um incentivo contínuo às inovações tecnológicas no mundo. A partir da necessidade de melhorar constantemente a produtividade e aumentar os lucros das empresas, estabeleceu-se um estímulo constante para a pesquisa em ciência e tecnologia, o que beneficia a sociedade de forma geral.

Dilemas

Porém, o impacto histórico das revoluções industriais é amplo, complexo e engloba outras esferas. De antemão, os seus séculos de existência coincidiram e estruturaram o desenvolvimento do capitalismo, assim como o triunfo da ideologia iluminista. Por outro lado, o êxodo rural desordenado no início do movimento trouxe problemas sociais ao campo, além dos conflitos relacionados à situação das fábricas e à urbanização descontrolada.

Ademais, a poluição e a depredação do meio ambiente foram efeitos direitos do crescimento da industrialização nas nações, a partir da utilização desenfreada das matérias-primas. Inclusive, o grau de participação nesse processo histórico foi determinante para o estabelecimento de uma clivagem econômica entre os países. Por exemplo, passou-se a classificá-los entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos, ou entre industrializados e agrários.

Surto industrial no Brasil

De fato, nunca houve uma Revolução Industrial sistemática no Brasil, mas somente “surtos industriais” em períodos pontuais da nossa história. Sobretudo, a proibição de instalação de manufaturas locais imposta pela metrópole portuguesa foi um dos fatores deste atraso nos séculos coloniais. Em suma, podemos apontar três momentos decisivos para o desenvolvimento da nossa indústria.

Em primeiro lugar, o governo de Dom Pedro II no Segundo Reinado (1840-1849) abarcou o primeiro surto industrial do Brasil. Por meio da ação estatal e do investimento de magnatas como o Barão de Mauá, foi possível construir algumas ferrovias no país, o que permitiu o aumento da integração regional e da circulação de mercadorias. Igualmente, a criação de estaleiros de fabricação de navios a vapor favoreceu o nosso comércio marítimo.

Séculos XX e XXI

Adiante, os dois governos de Getúlio Vargas (1930-1945 e 1951-1954) também foram períodos de desenvolvimento da industrialização no Brasil. Por meio da coordenação estatal que organizava a política de substituição de importações, o Estado brasileiro buscou se modernizar e multiplicar o número de fábricas no território. Além disso, foi na Era Vargas que se estabeleceram importantes empresas como a Companhia Siderúrgica Nacional, a Vale do Rio Doce, a Usiminas e a Petrobras.

Por fim, cabe citar também o governo de Juscelino Kubitschek (1956-1961) como promotor de um surto industrial no país. A sua iniciativa desenvolvimentista presente em seu Plano de Metas favorecia a entrada de grandes empresas multinacionais no Brasil por meio de incentivos fiscais. Neste sentido, a construção de Brasília foi um exemplo de estímulo ao segmento da construção civil. Especialmente, cabe ressaltar também o apoio à indústria automobilística, concretizado pela ampliação da malha rodoviária nacional.

Nas décadas posteriores, principalmente na década de 1990, o Brasil passou a se integrar progressivamente às cadeias globais de produção, a partir de privatizações e da abertura ao capital estrangeiro. Este movimento produziu o reforço na indústria e o crescimento da economia. Entretanto, nos últimos anos, é perceptível uma desaceleração da industrialização no país, afetada pelo crescimento do setor de serviços e do atraso em se adaptar a uma economia cada vez mais digital. Ademais, outros fatores relevantes para este cenário são a dificuldade de competição com as empresas estrangeiras e a falta de mão-de-obra qualificada nas fábricas.

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