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Artes plásticas do Paraná no século 20 – (quinta parte)

(quinta parte)

A REFERÊNCIA EM PLANEJAMENTO

Centro Cultural Brasil-Estados Unidos (Inter), na Rua Amintas de Barros com Rua Tibagi
Centro Cultural Brasil-Estados Unidos (Inter), na Rua Amintas de Barros com Rua Tibagi

O melhor trabalho memorial das artes plásticas do Paraná no século 20 foi escrita por Adalice Araújo para a revista Referência em Planejamento, publicação que criei e dirigi para a Secretaria de Estado do Planejamento, durante a gestão Belmiro Castor, no Governo Jayme Canet Jr.

Hoje um exemplar daquela revista é raridade.

O trabalho de Adalice, que a morte retirou de nosso convívio, em 2012, é até agora insuperável: nele o olhar da crítica de artes, um pouco historiadora, acaba construindo narrativa em que a própria Adalice acaba se mostrando na grandeza que teve, a de descobridora de talentos.

NO CCBEU

Lamento que, com o tempo – e em decorrência desses desencontros que a vida nos reserva – Adalice e Ennio Marques Ferreira tenham se afastado um do outro. Poderiam ter feito enormidades juntos. Como enormidades, nos anos 1970, Ennio Marques Ferreira, Alberto Massuda, Eliane Prolik (eu fazia parte do grupo) fizemos ao implantar e desenvolver a Galeria de Arte do Centro Cultural Brasil-Estados Unidos, no prédio central do CCBEU, na Rua Amintas de Barros com Rua Tibagi.

E faço justiça: a galeria nasceu porque a então diretora toda poderosa então do “Inter”, Layla Cury (in memoriam) aceitou a proposta do nosso grupo. Ela e o presidente do CCBEU da época, Carlos Meissner Osorio.

Do projeto da Galeria do CCBEU (não sei se ainda ela se mantém ativa), os resultados foram expressivos. Só pelo fato de Bia Wouk e Carlos Eduardo Zimmermann terem sido praticamente se lançados ao grande público naquele espaço, a galeria já se justificaria.

ALBERTO MASSUDA

Bia Wouk com o colunista Aroldo Murá G. Haygert, e Juarez Machado
Bia Wouk com o colunista Aroldo Murá G. Haygert, e Juarez Machado

O olhar crítico de Massuda – irônico, com palavras frequentemente duras mas oportunas sobre obras e artistas – foi importante para o desenvolvimento da galeria. Dentre os que me lembro de terem passado por lá, houve o monge beneditino Plácido, com suas talhas.

Osmar Chromiec foi um dos que na galeria fizeram suas primeiras mostras.

Eu tenho muito forte em minha lembrança o momento em que acolhemos, por sugestão de Ennio, a ideia de expor os óleos de Antonio Pilarski, um paraplégico de Ponta Grossa, com sua pintura ingênua, um “naif” centrado nas paisagens rurais do Paraná. Numa delas, diviso o próprio Pilarski pescando (em sua cadeira de rodas), a casinha de madeira ao fundo, com a chaminé fumegante, a araucária majestosa, o Ford de bigodes estacionado mais adiante, sob um céu claríssimo…

Impossível não se comover com os quadros de Pilarski que, àquela altura, praticamente desconhecido em Curitiba, já tinha, no entanto, uma galeria que o representava em São Paulo, e onde tinha mercado consistente.

Com o passar dos anos, Ennio, Eliane, eu e Massuda nos desligamos da galeria.

A mim me é impossível rememorar pisadas de gente que ajudou a formar o mercado de artes plásticas em Curitiba sem citar a primeira grande aposta que o “Inter”, o CCBEU, fez em artes. Foi lá por 1964, quando a mesma Layla Cury já citada (e já muito poderosa na instituição que dirigia com ampla liberdade), acatou sugestão do jornal Diário do Paraná, que eu representava nesse caso, para promover evento que acabou denominado de Primeira Semana de Arte e Cultura do Centro Cultura Brasil-Estados Unidos.

Essa semana de artes teve por lugar o último andar do histórico Edifício Garcez, na Boca Maldita. Tenho medo de omitir nomes ou acrescentar alguns sobre os quais não tenho certeza nem consegui checá-los, que recordo como participantes do evento que constava de exposição de pinturas, esculturas, gravuras e desenhos. Além de palestras sobre literatura e apresentação de pianistas.

Tenho certeza que Juarez Machado, então despontando graças especialmente ao trabalho na TV Paraná, do Diários Associados, então, no programa “Um lugar ao sol”. O João Osorio também mostrou telas suas, assim como Helena Wong. Fernando Calderari e Fernando Velloso devem ter comparecido, assim como o muito controvertido (mas ótima praça) Érico Silva, que vendia bem seus desenhos e óleos abstratos.

Cleto de Assis deve ter se apresentado na mostra. Ele, hoje dedicado à Educação, é um dos mais completos artistas de conheço, em artes visuais.

Fernando Calderari, Carlos Eduardo Zimmermann e Cleto de Assis
Fernando Calderari, Carlos Eduardo Zimmermann e Cleto de Assis

(PROSSEGUE)

Leia mais:

Artes plásticas do Paraná no século 20 (primeira parte)

Artes plásticas do Paraná no século 20 (segunda parte)

Artes plásticas do Paraná no século 20 (terceira parte)

Artes plásticas do Paraná no século 20 (quarta parte)

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