EDUARDO PEREIRA DA SILVA CORREIA
1.º Presidente – 1914 a 1922
Nasceu a 3 de Fevereiro de 1863, em Castanheira de Pera, e faleceu a 26 de Agosto de 1927. Era Comendador da Ordem de N. Sra. da Conceição, de Vila Viçosa.
Dotado de excepcional inteligência e de rara intuição política, o Dr. Eduardo Correia foi um homem certo no lugar certo na luta pela autonomia do concelho e na consolidação do projecto nos anos complicados que se seguiram.
Orador de grandes recursos (o Dr. Eduardo havia sido sacerdote e pároco de Castanheira), sabia prender o auditório e possuía todas as características de um verdadeiro "leader".
A sua forte personalidade impôs-se no concelho onde foi chefe indiscutível, dirigente político e orientador espiritual de muita gente, durante muitos anos. Foi naturalmente o primeiro Presidente da Câmara, lugar que ocupou até 1922 e donde se afastou por doença.
O seu afastamento, aliás, provocou grande convulsão política no concelho que culminou na crise, as duas Câmaras, decorrida entre 1923 e 1926. Gozando de grande influência política a nível nacional, era íntimo de João Franco que o chegou a convidar para deputado às cortes, cargo que não aceitou porque o seu ideário republicano o impedia.
O Dr. Eduardo Correia foi aliás convidado para outros altos cargos que não aceitou, porque amava demasiadamente a Castanheira e dela queria fazer "uma pequenina república onde não haveria lugar a opressores e oprimidos". O seu discurso, aquando da instalação do concelho, constituiu uma notável peça literária e um programa político de grande brilhantismo que vale a pena reler atentamente. Foi um dos fundadores da Santa Casa da Misericórdia de Castanheira, seu primeiro Provedor (1901), cargo que ocupou durante vinte e dois anos. Eduardo Pereira da Silva Correia foi um dos grandes homens da fundação do concelho e da sua implantação. São lapidares frases do seu discurso na data da inauguração do concelho, como as que se reproduzem:
"A Câmara do novo concelho empenhará os seus melhores esforços em fazer uma administração inspirada só nos altos interesses públicos e pautada pela mais severa eescrupulosa honestidade. Não tentará enveredar pelos atalhos da politiquice que degrada nem da perseguição que desprestigia e avilta. Procurará fortalecer o novo
município, sem sectarismos nem intransigências, porque à sua sombra bendita, como àsombra abençoada da árvore da Pátria poderão e deverão acolher-se todos osmunícipes, com a mesma liberdade e igualdade, qualquer que seja a sua crençapolítica, a sua posição social, ou a sua confissão religiosa, porque o Concelho de
Castanheira de Pera é de todos e para todos que quiserem ordem e trabalho. Osdinheiros públicos merecerão à Câmara do novo município, todo o respeito e zelo,aplicando-se somente onde as necessidades públicas o reclamem e justifiquem, mas sempre com equidade. Nunca da tesouraria da Câmara sairá um centavo para corromper consciências, nem locupletar afilhados, nem angariar falsas simpatias. (...) havemos de trabalhar devotadamente para fazer do novo concelho uma pequeninarepública, onde se conserve o sagrado fogo da liberdade, onde não haja opressoresnem oprimidos, onde não se sinta a dureza do privilégio que tem martirizado através dos séculos uma grande parte da humanidade: onde triunfe a santa ideia da igualdade, ingénita a todos os homens e condição essencial de toda a liberdade (...) "
Durante o seu mandato, as estruturas do concelho foram-se implantando apesar dasdificuldades.
Entretanto, a sede do município foi instalada gratuitamente, durante 10 anos, num edifício propriedade do Dr. Manuel Diniz Henriques. No período do mandato da primeira câmara, em que ainda se respiravam os ventos da Liberdade trazidos pela República de 1910, é fundado o primeiro jornal do concelho, é realizada a 1.ª reunião operária, forma-se uma das primeiras Associações Operárias do Distrito (de operários e tecelões) com sede nesta vila. Em 1918, a peste pneumónica, que grassou pelo país, vitimou também dezenas de conterrâneos, provocando o encerramento de algumas casas.
JOSÉ CORREIA DE CARVALHO ( Presidente duas vezes)
2.º Presidente – 1923
11.º Presidente – 30/04/1931 a 29/10/1931
Nasceu em Castanheira de Pera, em 1897, tendo falecido a 4 Agosto de 1993.
Com algum aparente distanciamento oficial foi, afinal, um homem sempre envolvido na política, tendo também sido um industrial com mérito. Em 1923, aquando da problemática que envolveu a questão das duas câmaras, foi eleito Presidente da Câmara, pelo Partido Evolucionista orientado pelo Dr. José Fernandes de Carvalho, cargo que não chegou a exercer dada a contestação política e impugnação levantada pelo Partido Democrático, que até 1922 foi liderado pelo Dr. Eduardo Correia.
O ano de 1922 começara fortemente agitado a nível da Administração do Concelho. Em 27 de Janeiro, detectou-se um telegrama de Manuel Alves Bebiano para os CTT locais, informando que assumiu funções de administrador do concelho, mas a 31 do mesmo mês, Joaquim Diniz diz o mesmo, em telegrama para o Governo Civil. Em 1 de Fevereiro, voltou à carga Manuel Alves Bebiano e logo a seguir, no dia 9, Joaquim Diniz confirmou ter assumido essas funções. Todavia, nos registos de Administradores do Concelho e Delegados Locais do Governo figurava o nome de Joaquim Diniz em 31 de Janeiro de 1922 e em 9 de Fevereiro de 1922. Porém, de 16 de Março de 1922 a 13 de Abril de 1923 foi João de Barros o administrador. Ele foi também uma das personagens centrais dos eventos conhecidos como "período das duas Câmaras". Em 14 de Novembro de 1922, iam realizar-se eleições municipais disputadas, como sempre, pelo Partido Democrático e pelo Partido Evolucionista. O Dr. Eduardo Correia, que desde a fundação do concelho era o presidente da Câmara, encontrava-se afastado por doença, embora nominalmente se mantivesse em funções. Todavia, já não concorria às eleições e a sua ausência acicatava os adversários, onde já pontificava o espírito irrequieto do Dr. José Fernandes de Carvalho ao mesmo tempo que naturalmente perturbava as hostes democráticas. Nas vésperas das eleições, ao mesmo tempo que João de Barros, administrador do concelho, temendo perturbações da ordem pública, pediu mais quatro guardas republicanos ao Governo Civil para reforçar o Posto local, o Dr. José Fernandes de Carvalho redigiu e registou no Livro de Correspondência Expedida um telegrama ao Ministro do Interior informando: "Anunciam-se violências ao acto eleitoral. Administrador do Concelho exerce pressão ameaçando seus subordinários. Percorre concelho pedindo votos". As eleições realizaram-se, mas foram de imediato impugnadas. Em 12 de Dezembro, João de Barros enviou reclamação para o Governo Civil, alegando irregularidades no acto eleitoral. Em 30 de Dezembro de 1922, o Governador Civil de Leiria oficiou à Câmara de Castanheira a sentença de Auditoria, indicando a relação dos vereadores efectivos e suplentes legalmente eleitos, dando assim provimento à reclamação. Eram eles: Mário Alves Bebiano, José Fernandes de Carvalho, António Rodrigues, Manuel Rodrigues da Costa Júnior, Abel Barreto de Carvalho, António Fernandes de Carvalho, António Alves Tomáz Morgado, Joaquim Fernandes Dias, António Lopes da Costa, Joaquim Diniz, Domingos Fernandes de Carvalho e José Coelho Júnior. Desconhecendo ou fazendo que desconhecia (o Dr. Fernandes de Carvalho alegou mais tarde que o ofício só chegou a 4 de Janeiro), tudo se aprontou para que a 2 de Janeiro de 1923 tomasse posse a seguinte vereação: José Correia de Carvalho, Manuel Diniz Júnior, Abdias Francisco Correia, Manuel Rodrigues Costa Júnior, António Rodrigues, Mário Alves Bebiano, António Lopes da Costa, José Fernandes de Carvalho, António Alves Tomáz Morgado, Abel Barreto de Carvalho e António Fernandes de Carvalho. Logo nessa sessão se distribuíram os cargos, cabendo a presidência da Câmara a José Correia de Carvalho, a vice-presidência a Manuel Diniz Júnior e a Presidência da Comissão Executiva ao Dr. José Fernandes de Carvalho. Ao ser conhecido o resultado da Auditoria gerou-se a confusão, tanto mais que o cidadão designado para Presidente da Câmara fora considerado ilegalmente eleito. Por força do despacho teriam que sair José Correia de Carvalho, Manuel Diniz Júnior e Abdias Francisco Correia e entrar Joaquim Fernandes Diniz, Joaquim Dias, Domingos Fernandes de Carvalho e José Coelho Júnior. As coisas porém não eram fáceis dado o acirramento político das forças em presença, entendendo os vereadores (que não tinham tomado posse) que deveria haver nova distribuição de cargos e contestando o Dr. José Fernandes de Carvalho. Em 23 de Janeiro, tentando encontrar uma solução, o Dr. José Fernandes de Carvalho, considerando-se eleito Presidente da Comissão Executiva, convocou para 27 desse mês uma sessão extraordinária da Câmara Municipal e, nesse sentido, oficiou a todos os eleitos segundo a auditoria, convidando-os a tomarem posse nessa data. Em 29 desse mês, registou-se o seguinte telegrama ao Governador Civil de Leiria:
“Em nome do povo deste concelho protesto energicamente atitude de administrador do concelho, concentrando força armada a fim de facilitar correligionários cometer ilegalidades amedrontar povo ordeiro forma tomarem de assalto Câmara e Secretaria sendo certo 2 de Janeiro tomou posse Câmara legalmente eleita. Povo concelho manifestação ordeira a protesta presença de forças torna responsável administrador do concelho alteração ordem pública. Peço providências. Presidente Comissão Executiva
a) José Fernandes de Carvalho.”
Só em 30 de Abril de 1931, exerceu efectivamente funções, já não por acto eleitoral, mas por indigitação da ditadura, entretanto implantada no país após o golpe de 28 de maio de 1926.
Pela sua influência política no Estado Novo, colaborou na criação do Grémio dos Industriais de Lanifícios do país.
2.º Presidente – 1923
11.º Presidente – 30/04/1931 a 29/10/1931
Nasceu em Castanheira de Pera, em 1897, tendo falecido a 4 Agosto de 1993.
Com algum aparente distanciamento oficial foi, afinal, um homem sempre envolvido na política, tendo também sido um industrial com mérito. Em 1923, aquando da problemática que envolveu a questão das duas câmaras, foi eleito Presidente da Câmara, pelo Partido Evolucionista orientado pelo Dr. José Fernandes de Carvalho, cargo que não chegou a exercer dada a contestação política e impugnação levantada pelo Partido Democrático, que até 1922 foi liderado pelo Dr. Eduardo Correia.
O ano de 1922 começara fortemente agitado a nível da Administração do Concelho. Em 27 de Janeiro, detectou-se um telegrama de Manuel Alves Bebiano para os CTT locais, informando que assumiu funções de administrador do concelho, mas a 31 do mesmo mês, Joaquim Diniz diz o mesmo, em telegrama para o Governo Civil. Em 1 de Fevereiro, voltou à carga Manuel Alves Bebiano e logo a seguir, no dia 9, Joaquim Diniz confirmou ter assumido essas funções. Todavia, nos registos de Administradores do Concelho e Delegados Locais do Governo figurava o nome de Joaquim Diniz em 31 de Janeiro de 1922 e em 9 de Fevereiro de 1922. Porém, de 16 de Março de 1922 a 13 de Abril de 1923 foi João de Barros o administrador. Ele foi também uma das personagens centrais dos eventos conhecidos como "período das duas Câmaras". Em 14 de Novembro de 1922, iam realizar-se eleições municipais disputadas, como sempre, pelo Partido Democrático e pelo Partido Evolucionista. O Dr. Eduardo Correia, que desde a fundação do concelho era o presidente da Câmara, encontrava-se afastado por doença, embora nominalmente se mantivesse em funções. Todavia, já não concorria às eleições e a sua ausência acicatava os adversários, onde já pontificava o espírito irrequieto do Dr. José Fernandes de Carvalho ao mesmo tempo que naturalmente perturbava as hostes democráticas. Nas vésperas das eleições, ao mesmo tempo que João de Barros, administrador do concelho, temendo perturbações da ordem pública, pediu mais quatro guardas republicanos ao Governo Civil para reforçar o Posto local, o Dr. José Fernandes de Carvalho redigiu e registou no Livro de Correspondência Expedida um telegrama ao Ministro do Interior informando: "Anunciam-se violências ao acto eleitoral. Administrador do Concelho exerce pressão ameaçando seus subordinários. Percorre concelho pedindo votos". As eleições realizaram-se, mas foram de imediato impugnadas. Em 12 de Dezembro, João de Barros enviou reclamação para o Governo Civil, alegando irregularidades no acto eleitoral. Em 30 de Dezembro de 1922, o Governador Civil de Leiria oficiou à Câmara de Castanheira a sentença de Auditoria, indicando a relação dos vereadores efectivos e suplentes legalmente eleitos, dando assim provimento à reclamação. Eram eles: Mário Alves Bebiano, José Fernandes de Carvalho, António Rodrigues, Manuel Rodrigues da Costa Júnior, Abel Barreto de Carvalho, António Fernandes de Carvalho, António Alves Tomáz Morgado, Joaquim Fernandes Dias, António Lopes da Costa, Joaquim Diniz, Domingos Fernandes de Carvalho e José Coelho Júnior. Desconhecendo ou fazendo que desconhecia (o Dr. Fernandes de Carvalho alegou mais tarde que o ofício só chegou a 4 de Janeiro), tudo se aprontou para que a 2 de Janeiro de 1923 tomasse posse a seguinte vereação: José Correia de Carvalho, Manuel Diniz Júnior, Abdias Francisco Correia, Manuel Rodrigues Costa Júnior, António Rodrigues, Mário Alves Bebiano, António Lopes da Costa, José Fernandes de Carvalho, António Alves Tomáz Morgado, Abel Barreto de Carvalho e António Fernandes de Carvalho. Logo nessa sessão se distribuíram os cargos, cabendo a presidência da Câmara a José Correia de Carvalho, a vice-presidência a Manuel Diniz Júnior e a Presidência da Comissão Executiva ao Dr. José Fernandes de Carvalho. Ao ser conhecido o resultado da Auditoria gerou-se a confusão, tanto mais que o cidadão designado para Presidente da Câmara fora considerado ilegalmente eleito. Por força do despacho teriam que sair José Correia de Carvalho, Manuel Diniz Júnior e Abdias Francisco Correia e entrar Joaquim Fernandes Diniz, Joaquim Dias, Domingos Fernandes de Carvalho e José Coelho Júnior. As coisas porém não eram fáceis dado o acirramento político das forças em presença, entendendo os vereadores (que não tinham tomado posse) que deveria haver nova distribuição de cargos e contestando o Dr. José Fernandes de Carvalho. Em 23 de Janeiro, tentando encontrar uma solução, o Dr. José Fernandes de Carvalho, considerando-se eleito Presidente da Comissão Executiva, convocou para 27 desse mês uma sessão extraordinária da Câmara Municipal e, nesse sentido, oficiou a todos os eleitos segundo a auditoria, convidando-os a tomarem posse nessa data. Em 29 desse mês, registou-se o seguinte telegrama ao Governador Civil de Leiria:
“Em nome do povo deste concelho protesto energicamente atitude de administrador do concelho, concentrando força armada a fim de facilitar correligionários cometer ilegalidades amedrontar povo ordeiro forma tomarem de assalto Câmara e Secretaria sendo certo 2 de Janeiro tomou posse Câmara legalmente eleita. Povo concelho manifestação ordeira a protesta presença de forças torna responsável administrador do concelho alteração ordem pública. Peço providências. Presidente Comissão Executiva
a) José Fernandes de Carvalho.”
Só em 30 de Abril de 1931, exerceu efectivamente funções, já não por acto eleitoral, mas por indigitação da ditadura, entretanto implantada no país após o golpe de 28 de maio de 1926.
Pela sua influência política no Estado Novo, colaborou na criação do Grémio dos Industriais de Lanifícios do país.
DOMINGOS FERNANDES DE CARVALHO
3.º Presidente – 1923/1926 (Período das 2 Câmaras - Partido Democrático)
Nasceu nos Pisões do Baeta, a 1 de Junho de 1882, filho de Manuel Fernandes de Carvalho e de Florinda Maria. Era casado com Cândida Cepas, tendo falecido no Brasil. Membro do Partido Democrático Republicano, era homem de confiança do Dr. Eduardo Correia e por isso figura fulcral do período em que houve duas câmaras no concelho e em que foi sempre o Presidente em nome do seu partido, cuja vitória eleitoral em Dezembro de 1922 reclamava.
As diversas tentativas para a sessão extraordinária da Câmara não tiveram êxito e os vereadores rebeldes Joaquim Fernandes Dias, do Carregal Cimeiro, Joaquim Diniz, do Coentral, Abel Barreto de Carvalho, do Casalinho, José Coelho Júnior, Domingos Fernandes de Carvalho de Castanheira e António Fernandes de Carvalho, da Gestosa Fundeira, assumiram-se como Câmara e reuniram-se, pela primeira vez, na sala de sessões em 3 de Fevereiro de 1923. Imediatamente o Dr. José Fernandes de Carvalho oficiou ao Procurador da República nestes termos:
"Na qualidade de Presidente da Comissão Executiva da Câmara Municipal do concelho de Castanheira de Pera como se prova com a certidão da acta de posse da Câmara Municipal, deste concelho de dois de Janeiro de 1923, que tenho a honra de junto enviar a V. Ex.ª não podia deixar de vir comunicar a V. Ex.ª os factos seguintes: Testemunho que na sala de sessões da Câmara Municipal deste concelho os cidadãos Joaquim Fernandes Dias, Joaquim Dinis, José Coelho Júnior, Abel Barreto de Carvalho, António Fernandes de Carvalho e Domingos Fernandes de Carvalho efectuaram diariamente reuniões com o carácter de sessões extraordinárias da Câmara Municipal deste concelho de Castanheira de Pera como se constata nos dois ofícios que tomo a liberdade de enviar a V. Ex.ª e pode ser provado e encontrando-se presente na sala das sessões dos Paços do Concelho no dia três de Fevereiro pelas vinte horas. Na mesma sala das sessões perante as testemunhas, Manuel Antunes Ceppas, Manuel Alves Bebiano, Adelino Henriques Gaspar dos Santos, Abílio Henriques, Roberto Fernandes de Carvalho e José Alves Miranda no momento em que se encontravam para reunir os cidadãos referidos: Joaquim Fernandes Dias, Joaquim Dinis, José Coelho Júnior, Abel Barreto de Carvalho, António Fernandes de Carvalho e Domingos Fernandes de Carvalho.
Como Presidente da Comissão Executiva intimei a que não reunissem na sala das sessões da Câmara Municipal por representar uma forma de usurpação de funções públicas e portanto saírem sob a alçada do poder judicial, desobedecendo à minha intimação os referidos cidadãos reuniram pouco depois na mesma sala de sessões sob a presidência de António Fernandes de Carvalho, secretariado por José Coelho Júnior, simulando assim uma sessão da Câmara Municipal, o que pode ser testemunhado por Manuel Antunes Ceppas, Manuel Alves Bebiano, Adelino Henriques Gaspar dos Santos, Abílio Henriques, Roberto Fernandes de Carvalho, José Alves Miranda, Sebastião Diniz de Carvalho, Álvaro Alves Bebiano e Horácio Francisco Antunes. Como Presidente da Comissão Executiva não podia deixar de participar a V. Ex.ª semelhantes actos atentatórios da lei.
O Presidente da Comissão Executiva – José Fernandes de Carvalho" As posições estavam extremadas. De um lado, o Dr. José Fernandes Carvalho que se considerava o presidente da Comissão Executiva e como tal exercia funções, embora tivesse sido eleito em sessão plenária da Câmara (2 de Janeiro) com a presença de vereadores que a Auditoria excluíra; de outro, Domingos Fernandes de Carvalho e os seus companheiros que consideravam que aquela era nula e de nenhum efeito e que só teria validade a distribuição de lugares resultante de novo escrutínio em sessão plenária a realizar com todos os vereadores indicados no ofício de 30 de Dezembro de 1922 do Governo Civil de Leiria.
Talvez desgostoso da política, Domingos Fernandes de Carvalho deixou a sua residência em Castanheira e, após ter sido comerciante em Coimbra, foi para o Brasil, onde faleceu anos mais tarde.
ANTÓNIO ALVES TOMAZ MORGADO
4.º Presidente - 1923 (Período das 2 Câmaras - Partido Evolucionista)
Nasceu na Moita, Castanheira de Pera, onde teve indústria de lanifícios. Foi um dos três presidentes de Câmara do Partido Evolucionista, no período das duas câmaras. Em face dos resultados eleitorais de Dezembro de 1922, contestados pelo Partido Republicano, chegou a considerar-se eleito como representante do Partido Evolucionista mas não exerceu funções.
Em 12 de Fevereiro de 1923, o Comandante da GNR comunicou ao Dr. José Fernandes de Carvalho que a bem ou a mal tomaria a Câmara e prendê-lo-ia, caso não abandonasse o edifício. Em 14 desse mês, o facto foi consumado como relatou o próprio Dr. José Fernandes em sessão da designada "Comissão Executiva" que se realizou a 15, na Junta de Freguesia. Esta reunião foi estranha, porque só teve a presença de duas pessoas: o Dr. José Fernandes e Manuel Rodrigues Costa Júnior, mas ouçam o relato:
“O Presidente informou a Comissão, que no dia 14 de Fevereiro, estando na Secretaria da Câmara com o Vogal da mesma Comissão, Manuel Rodrigues Costa Júnior, Tesoureiro da Câmara e outras pessoas, a mesma Secretaria fora subitamente invadida pela força armada composta por 4 praças da GNR sob comando de um sargento que por ordem do administrador do concelho e em atitude agressiva ordenava a evacuação completa da secretaria. Invocando a qualidade de Presidente da Comissão Executiva que provei com várias certidões de actas, foi-me respondido pelo sargento que eram ordens terminantes do administrador do Concelho o que justificou mostrando um oficio da mesma autoridade mandando evacuar a secretaria e a sala de sessões, tendo vindo o Administrador do concelho declarar publicamente que assumia a responsabilidade de tal acta. Em face disto o Presidente e vogal secretário da Comissão Executiva foram forçados a abandonar a secretaria da Câmara e sala das sessões, assim como o próprio chefe de secretaria (José Lousã), Tesoureiro da Câmara (Abílio Henriques) e alguns contribuintes, factos estes que levaram a Comissão Executiva a reunir hoje na sala das sessões da Junta de Freguesia de Castanheira de Pera, continuando a reunir neste local impróprio até resolução definitiva da questão, conforme editais que foram publicamente afixados.”
Em 15, foi preso o chefe da secretaria, José António Lousã, por se ter recusado a entregar a chancela, os livros de actas da Câmara e Comissão Executiva e os livros de registos da correspondência recebida e expedida, alegando que os havia confiado à guarda do Dr. José Fernandes Carvalho e protestando contra o facto de lhe terem tirado violentamente as chaves da secretaria. João de Barros oficiou assim ao juiz da Comarca:
"Com adjunto auto e queixa do Presidente da Câmara Municipal deste Concelho (Domingos Fernandes de Carvalho) envio a V. Ex.ª sob prisão o chefe da secretaria da Câmara Municipal, José António Lousã por não querer entregar a chancela e livros de actas que faltam na respectiva secretaria o que grandes prejuízos está causando ao Município, por não poder dar expediente na respectiva secretaria da Câmara deste concelho.”
MANUEL RODRIGUES COSTA JÚNIOR
5.º Presidente – 1924 (Período das 2 Câmaras - Partido Evolucionista)
Nasceu no Troviscal – Castanheira de Pera, sendo homem estimado no concelho, com alguns recursos.
Foi mais um protagonista do período das duas Câmaras.
Foi Presidente da Câmara pelo Partido Evolucionista simultaneamente com Domingos Fernandes de Carvalho, que foi sempre o presidente pelo Partido Democrático.
Entretanto as duas Câmaras reuniam-se regularmente, exercendo os actos próprios e a respectiva autoridade.
A que reunia nos Paços do Concelho (do Partido Democrático) era constituída por: Domingos Fernandes Carvalho, de Castanheira, como presidente da Câmara; Joaquim F. Dias, do Carregal Cimeiro, como presidente da Comissão Executiva; e nas restantes funções: Abel Barreto de Carvalho, do Casalinho; António Fernandes de Carvalho, da Gestosa Fundeira; Joaquim Diniz, do Coentral; e José Coelho Júnior de Castanheira tendo-se juntado o substituto José Henriques Barata, do Coentral.
Desta Câmara não há registos de actas (os livros estavam em poder da outra facção) e usavam a chancela que lhes havia sido emprestada pelo Administrador do Concelho.
A que reunia na Junta de Freguesia (do Partido Evolucionista) era constituída por: Dr. José Fernandes de Carvalho (Castanheira), Antonio Alves Tomaz Morgado (Moita), Mano Alves Bebiano (Castanheira), António Lopes da Costa (Coentral) e Manuel Rodrigues da Costa Júnior (Troviscal). Esta Câmara elegeu como presidente em 2 de Abril de 1923, Antonio Alves Tomaz Morgado e em 2 de Fevereiro de 1924, Manuel Rodrigues da Costa Júnior; o Dr. José Fernandes de Carvalho é, porém, sempre o presidente da Comissão Executiva.
Desta Câmara há registos de actas, com excepção do período que vai de 29 de Abril de 1924 a 13 de Março de 1925, nos livros levados dos Paços do Concelho, bem como registos de correspondência. Usavam o selo branco existente na secretaria.
Consta que o problema era quando eram atribuídos subsídios do Estado, porque ambas se achavam com direito e, nesse sentido, usavam as influências políticas de que dispunham.
ANTÓNIO RODRIGUES
6.º Presidente - 1925/1926 (Período das 2 Câmaras - Partido Evolucionista)
Nasceu na Moita em 19 de Julho de 1892 e faleceu a 30 de Julho de 1959. Era um homem prestigiado no concelho e o último dos três Presidentes de Câmara do Partido Evolucionista, no período das duas câmaras.
Em 13 de Março de 1925, foram convocados todos os vereadores efectivos e suplentes para a formação da Câmara Municipal, só que a maioria dos vereadores que compareceu foi da facção do Dr. José Fernandes de Carvalho e a Câmara ficou constituída por António Rodrigues como presidente e António Lopes da Costa, Manuel Alves Bebiano e Manuel Rodrigues Costa Júnior como vereadores. Na presidência da Comissão
Executiva, permaneceu o Dr. José Fernandes de Carvalho.
Claro que o conflito não estava solucionado. Inácio da Costa Ilharco, aspirante de Finanças em Castanheira, não reconheceu a Câmara e reteve 9 contos do Município, entregando-os à Câmara de Domingos F. Carvalho.
Embora a Câmara da facção do Dr. José Fernandes Carvalho voltasse aos Paços do Concelho, a Câmara da facção Domingos Fernandes de Carvalho, Abel Barreto e José Coelho Júnior não desarmava.
Em 23 de Outubro de 1925, Inácio da Costa Ilharco, Manuel Filipe Tomaz, amanuense, do Troviscal e Manuel Fernandes Soares, guarda-livros dos Esconhais, arrombaram a secretaria da Câmara e levaram o livro de recenseamento eleitoral.
Em 2 de Janeiro de 1926, a facção do Partido Evolucionista reelegeu António Rodrigues como presidente da Câmara e o Dr. José Fernandes de Carvalho como presidente da Comissão Executiva.
A outra Câmara afecta ao Partido Democrático mantinha Domingos Fernandes de Carvalho como presidente da Câmara e Joaquim Fernandes Dias como presidente da Comissão Executiva. Em 23 de Maio de 1926, o Dr. José Fernandes de Carvalho informava que em 13 de Março de 1925 se tinha constituído em Câmara, António
Rodrigues, António A. T. Morgado, Mário A. Bebiano, António F. de Carvalho, António L. da Costa, Manuel Rodrigues da C. Júnior e ele próprio, mas que Domingos F. de Carvalho, Abel B. de Carvalho, José C. Júnior, Joaquim F. Dias e Joaquim Diniz constituía um grupo que "se arvorou e arvora ainda em Câmara Municipal". António F.de Carvalho fazia porém parte do segundo grupo.
É um período interessantíssimo de analisar pelos que gostam de História e Sociologia e pelos que amam esta terra.
Tudo se acabou com a implantação do golpe de 28 de Maio 1926 a que sucedeu uma ditadura em que Salazar assumiu o controlo de toda a política.
Se é um facto que a confusão e a anarquia levaram o país ao caos, de que é triste exemplo este concelho, mais uma vez se prova que a falta de entendimento entre os homens conduz a uma ditadura cujo início se conhece mas nunca se sabe quando acaba; e em Portugal, com o seu cortejo de prisões arbitrárias, perseguições, censura e torturas, de que também alguns castanheirenses foram vítimas, durou 48 anos.
Saibamos pois amar a Liberdade e a Democracia.
ANTÓNIO GOMES DA CRUZ
7.º Presidente - 07/1926 a 10/1926
Tenente da Infantaria 7
O Tenente António Gomes da Cruz, nomeado pela Junta Militar para impor a ordem no Concelho, na sequência do 28 de Maio, nasceu em Rio de Loba - Viseu, a 5 de Dezembro de 1884, filho de António Rodrigues Costa e Maria Rosa.
Assentou praça como voluntário no Regimento de Infantaria 14, em 28 de Janeiro de 1904, tendo sido sucessivamente promovido na hierarquia militar, saindo com o posto de Capitão.
Possuía várias condecorações e louvores militares.
28 DE MAIO
Cinco dias depois, a 28 de Maio de 1926, deu-se o golpe de Estado que abriu o caminho à ditadura e surgiu a Junta Governativa constituída por Mendes Cabeçadas, Carmona e Gomes da Costa.
A conjuntura política portuguesa de 1926 explica suficientemente o êxito imediato do pronunciamento militar de Braga. A instabilidade era enorme (a Castanheira era exemplo disso) e de todos os lados se pedia abertamente uma espécie de ditadura periódica que permitisse implementar as bases de uma vida política corrigida e renovada. Só que das ditaduras sabe-se quando começam e nunca quando acabam. O resultado foi o Estado Novo e um sistema corporativo-fascista, cujo ditador era Salazar, sistema que só o 25 de Abril de 1974 veio pôr fim.
O golpe de 28 de Maio acelerou o fim do processo das duas Câmaras, a fim de pôr cobro à situação e entregar o poder aos apaziguados, neste caso à facção do Dr. José Fernandes de Carvalho.
Ainda em Junho chegou à Castanheira o Tenente António Gomes Cruz, que a 4 desse mês se assumiu como Administrador do Concelho, destituindo José Coelho Júnior, que desde 8 de Fevereiro exercia essas funções, e exigindo-lhe a devolução do selo branco. No seu acto de posse está riscada a expressão "Fazer cumprir a Constituição da República Portuguesa", expressão que era usada até aí, o que comprova os intuitos anticonstitucionais do golpe de 28 de Maio. Note-se que oficialmente a Constituição de 1911 só deixa de vigorar em 1933 com a fraude constitucional dessa data. Em 14 de Julho, o Tenente António Gomes da Cruz oficiou nestes termos:
“Governador Civil do Distrito de Leiria
Não desconhece V. Ex.a o que desde 1923 se vem passando neste concelho, no que respeita à Administração Municipal, pois constituindo-se os dois grupos - Nacionalistas e Democráticos - em duas Câmaras se fizeram desviar alguns dos escudos das receitas municipais não só passando-se recibos aos que eram autuados por falta de pagamento, como até aconselhando outros a que não agissem. Nestas condições e para que não continuem assim desfalcando as receitas camarárias. Também as do próprio Estado, vou revogar a V. Ex. a se digne providenciar para que uma força de cinco soldados e um cabo seja fornecida pela Guarda Nacional Republicana pelo espaço de um ou dois meses, até que tudo esteja normalizado, visto só assim ser possível meter dentro da lei quem há tanto tempo se afastou dela fugindo ao pagamento de tudo. Estas praças serão
alojadas num espaçq por mim arranjado.
Saúde e Fraternidade. O Administrador do Concelho António Gomes da Cruz. Tenente 2 de Infantaria n.º 7.” Mas um dia antes foi dissolvida a Câmara Municipal por decreto dessa data, n.º11875 e publicado na folha oficial. A 15, o tenente António Gomes da Cruz oficiou ao
presidente da Câmara de Castanheira comunicando que tinham sido dissolvidos todos os corpos administrativos e que lhe tinha de ser entregue tudo o que pertencia ao Município. “Presidente da Câmara Municipal de Castanheira de Pera Nos termos do D. 11875 publicado no D. do G. de 13 do corrente são dissolvidos todos os corpos administrativos, pelo que V. Ex.a me entregará tudo o que pertença ao município. Saúde e Fraternidade Administrador do Concelho (a) António Gomes da Cruz. Tenente de Infantaria n.º 7.”
MANUEL ALVES CEPPAS (Presidente duas Vezes)
8.º Presidente – 25/11/1926 a 13/02/1930
15.º Presidente – 03/01/1938 a 14/02/1947
Manuel Alves Ceppas era filho de um dos grandes construtores do concelho, Manuel Antunes Ceppas, cidadão interessado cuja conduta ética e cívica foi reconhecida por todos, e irmão dos ilustres castanheirenses António, Franklim e João que se radicaram no Brasil e onde foram importantes industriais.
Foi provedor da Misericórdia e benemérito, tendo sido várias vezes Administrador do Concelho.
Na sequência do golpe militar de 28 de Maio e da dissolução dos órgãos municipais, Manuel Alves Ceppas foi nomeado Presidente da Comissão Administrativa da Câmara, de 25 de Novembro de 1926 a 13 de Fevereiro de 1930.
Já antes havia sido membro de uma Comissão Administrativa nomeada por diploma de Abril de 1915, após o período denominado "ditadura de Pimenta de Castro” e que teve efémera duração.
A 15 de Julho, o Tenente António Gomes da Cruz oficiou ao presidente da Câmara de Castanheira comunicando que tinham sido dissolvidos todos os corpos administrativos e que lhe tinha de ser entregue tudo o que pertencia ao Município.
Na mesma data, foi empossada uma Comissão Administrativa composta por José Fernandes de Carvalho, Casimiro Correia e Manuel Alves Ceppas.
O tenente administrador deu ordem de prisão a Joaquim Fernandes Dias na sua qualidade de Presidente da Comissão Executiva da Câmara do Partido Democrático por não ter acatado o decreto 11875 e se ter negado a entregar os haveres do Município que tinha à sua guarda. Com eles foram detidos Manuel Fernandes Soares e José Alves Miranda, secretário e tesoureiro do Partido.
Em 26 de Novembro de 1926, tomou posse a nova Comissão Administrativa da Câmara Municipal presidida por Manuel Alves Ceppas e composta por Casimiro Correia, António Matos Serrano e Joaquim Ferreira.
Esta Comissão Administrativa manteve-se em funções até Fevereiro de 1930.
Autoritariamente assumiu a administração do concelho em 14 de Fevereiro de 1927, o Tenente da infantaria 7, Francisco Boaventura Militão, a fim de fazer um inquérito sobre os acontecimentos revolucionários neste concelho.
As diligências do tenente Boaventura Militão desenvolveram-se e, logo no dia seguinte à sua chegada, recebeu por intermédio do chefe dos correios dois documentos: um com a relação dos sócios do Centro Democrático União Coentralense e outro com a relação dos fundadores do mesmo Centro.
Este Centro, onde funcionava uma escola do sexo feminino desde 1913, era de concepção republicana, onde logicamente era difundido o respectivo ideário. A grande ligação deste Centro à colónia Coentralense residente em Lisboa podia ter alguma coisa a ver com as movimentações revolucionárias de 7 de Fevereiro de 1927 e daí as imediatas represálias.
Em 11 de Abril de 1927, sob acusações de fazer política contrária ao regime imposto pelo 28 de Maio de 1926, foi mandado encerrar. Só que os sinos tocaram a rebate e as mulheres saíram à rua para impedir, enquanto iam chamar os homens que estavam no trabalho.
Todavia em Setembro de 1928, uma força da GNR, armada, equipada e segundo consta 2 com "ordem para matar", compareceu no Coentral.
O último presidente do Centro foi Domingos Manuel Machado, generoso coentralense. A última professora foi Maria do Socorro Bártolo que foi demitida e só o 25 de Abril a reabilitaria.
Entretanto, havia chegado ao fim o zelo policial do Tenente Boaventura Militão e, em 16 de Março de 1927, comunicou ao Governador Civil de Leiria que lhe ia expor verbalmente o resultado do inquérito em que ouvira 76 pessoas “mais trinta e três das que estavam previstas”.
Em Agosto de 1927, a Castanheira perdeu um dos seus filhos mais prestimosos. Minado pela doença e pelos acontecimentos políticos que já não podia controlar, ferido no âmago dos seus ideais democráticos morria o Dr. Eduardo Pereira da Silva Correia. A Castanheira já não era a pequenina república com que sonhara e "onde não havia mais lugar a opressores e oprimidos".
Em 3 de Outubro de 1928, Castanheira foi visitada pelo ex-Presidente do Brasil, Dr.Artur Silva Bernardes, então senador do Estado de Minas Gerais, sendo alvo de grandes homenagens. Artur Bernardes tinha vindo em romagem de saudade ao Fontão, aldeia onde tinha nascido seu pai.
A Câmara de então deliberou chamar António Silva Bernardes, nome do pai do estadista, à rua que parte da Praça em direcção ao Fontão - Rua Silva Bernardes. Em 27 de Agosto de 1929, foi inaugurada a Estrada da Serra, fruto de uma união de esforços entre Castanheira de Pera e a Lousã.
No período de 3 de Janeiro de 1938 a 14 de Fevereiro de 1947, Manuel Alves Ceppas já era um homem completamente integrado no regime designado de Estado Novo, muito respeitado no Concelho pelas suas qualidades humanas e pela capacidade industrial que demonstrou na fábrica Ceppas, dos Esconhais de Cima.
Foi no período complicado da 2.ª Guerra Mundial que teve de gerir a Câmara com a fiscalização da Federação Nacional dos Industriais de Lanifícios (FNIL), com o racionamento alimentar da população e com variadíssimos problemas económicos que o país atravessou. Em algumas tarefas teve a hábil assessoria de Eduardo Silva.
MANUEL DINIZ JÚNIOR
9.º Presidente da Câmara – 03/1930 a 23/10/1930
Natural de Castanheira, industrial de lanifícios, era homem conceituado e embora não fosse activista político, por legítima opção pelos seus negócios, teve o apoio local dos que comandavam a política.
A sua permanência à frente da Câmara durou uns curtos seis meses.
OS ANOS TRINTA
Para termos um pouco a ideia de como era Castanheira no ano de 1930 vale a pena compulsar os registos da época como por exemplo, o “Anuário de Coimbra, Beiras e Centro de Portugal”, editado em Coimbra.
“Concelho de 3.a ordem e fiscal de 4.a classe. Constituído por duas freguesias: Castanheira de Pera (S. Domingos) e Coentral (Nossa Senhora de Nazaré). Pertence à comarca de Figueiró dos Vinhos, da qual dista 17 quilómetros. Distrito de Leiria. Bispado de Coimbra. Dista 89 quilómetros da sede do distrito. Em 1914 foi elevada à categoria de vila para efeito da criação do respectivo concelho.
A sua maior importância é-lhe dada pelas numerosas fábricas de lanifícios que aqui estão em laboração ao longo da Ribeira de Pera pelo que a vila de Castanheira de Pera está classificada como sendo o terceiro centro industrial de lanifícios do país.
Esta vila é servida pelas estações de caminho de ferro de Pombal e Lousã. Da primeira há carreiras diárias de camionetas de carga e há também 2 carreiras de camionetas de passageiros, partindo uma de Pombal às 5 horas da manhã e outra às 16 horas. Pombal dista da Castanheira 62 quilómetros.
Com a abertura da estrada da Serra, efectuada em 27 de Agosto de 1929, ficou esta vila em comunicação directa com a Lousã, da qual dista 38 quilómetros.
Há uma carreira de camionetas de passageiros e camionetas de carga.
A chamada estrada da Serra é muito pitoresca e tanto para o lado da Castanheira como para o lado da Lousã tem lindas vistas, principalmente da Catraia (Alto da Serra a 1200 metros de altitude).
A Sociedade de Melhoramentos Lousã-Castanheira pensa no aproveitamento do planalto da serra da Lousã, desde a Catraia até ao Tervim, para fins turísticos, estando a ser aberta uma estrada de ligação com o castelo do Tervim, onde será construído um mirante.
Feira anual de 20 a 22 de Julho, sem qualquer encargo camarário. Há mercado todos os domingos. Dia feriado do concelho: 4 de Julho data da criação do concelho. Tem estação telégrafo-postal de 2.ºa classe, com serviço de valores declarados, encomendas postais, apartados e cobrança de títulos.”
ROBERTO FERNANDES DE CARVALHO
10.º Presidente de Câmara – 6/11/1931 a 30/04/1931
Nasceu em Castanheira de Pera em 24 de Setembro de 1895, tendo falecido em 26 de fevereiro de 1975. Irmão do poderoso político Dr. José Fernandes de Carvalho, "leader" local do regime do Estado Novo, ser-lhe-ia fácil aspirar e conseguir lugares a nível nacional. Limitou-se, porém, a ser cidadão interessado na sua terra, onde foi industrial de lanifícios. Em 1938, foi delegado do Grémio dos Industriais de Lanifícios ao Conselho Provincial da Beira Litoral.
Nos anos trinta, existiam as seguintes fábricas de maior ou menor dimensão colectadas nas finanças, conforme descreve o Anuário de Coimbra, Beiras e Centro de Portugal de 1930.
Lanifícios (Fábricas de) – Barros & c.a, Irmão, Abelheira; Silva & Correia, Limitada,Abelheira do Meio; Carvalhos & c.a, Bolo; Domingos Correia de Carvalho, Sucessores, Limitada, Esconhais de Baixo; Manuel A. Cepas & Comandita, Esconhais de Cima; José Alves Bebiano & c.a, Foz; Rodrigues Morgado & Irmão, Limitada, Moita; Tomás Costa & Irmão, Limitada, Pereiros; Manuel Lopes Henriques & c.a, Souto Escuro; Sociedade de Tecidos do Pisão Novo, Limitada, Pisão Novo; Sociedade Industrial de Lanifícios, Limitada, Várzea, Alberto Coelho, Armindo Fernandes, Casimiro Correia, Gil Bebiano, João Correia Júnior, Joaquim Alves da Silva, José Alves Bebiano, Manuel Alves Bebiano, Manuel Fernandes de Carvalho, Manuel Francisco Carvalheira, Manuel Rocha Júnior, Marcolino da Silva Tomás & Lourenço, Bolo; Alfredo Henriques David,
Jesuíno Tomás Correia, Joaquim Lopes Ladeira. Botelhas: Francisco Tomás Pinhal, Camelo: Manuel Paulo Júnior e Miguel Paulo. Carregal Fundeiro: João Vicente Coelho, José Denis Pereira, Marcolino Alves Tomás. Casalinho: Manuel Henriques de Carvalho e Abel Barreto de Carvalho. Fontão: Manuel Fernandes de Carvalho, Manuel Simões, Manuel Joaquim Simões (Viúva de), Serafim Fernandes. Gestosa: Manuel Tavares de Carvalho, Abílio Carlos Henriques, António Fernandes de Carvalho, Joaquim Mendes Coutinho. Moita: Alfredo Alves de Carvalho, António Rodrigues, Manuel Alves Pereira, Mateus Nunes. Pera: Albano Fernandes Tomé, Joaquim Ferreira, José Henriques Lopes, José Simões. Sapateira: Manuel Carvalho da Silva. Sarzedas de S. Pedro: António Alves Tomás Morgado, João Henriques Fernandes. Sarzedas do Vasco: Abílio da Silva Nunes e João Vicente Antunes. Souto do Vale: José Luís de Amorim. Troviscal: Adelino Carlos Henriques, Adelino Joaquim Júnior, Adriano Rodrigues Costa, Alfredo Bernardo, Artur Antão, Augusto Barata Salgueiro, Augusto Rodrigues Soeiro, Avelino Fernandes, Eduardo Barata Salgueiro, Eduardo Domingues, Emídio Coelho Antunes, Filipe Alves, João Joaquim Júnior, João Rodrigues Júnior, José Coelho Dias, José Rodrigues Soeiro, Manuel Antão de Carvalho, Manuel Barata Salgueiro, Manuel Denis, Manuel Francisco dos Santos, Manuel Henriques, Manuel Henriques de Campos, Manuel. Joaquim, Manuel Lopes de Almeida, Manuel Lopes Henriques, Manuel Rodrigues Costa (Viúva & Filhos). Vale do Mendo: Manuel Pereira. Vilar: Augusto Alves Pereira.
Meias de lã (Fabricantes de) – Francisco Rodrigues, Moita; Germano Fernandes de Carvalho e Manuel Francisco dos Santos, Troviscal.
MARCOLINO DA SILVA
12.º Presidente – 29/10/1931 a 23/01/1935
Natural de Castanheira de Pera, licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra, foi notário durante vários anos, exercendo fundamentalmente as suas funções neste concelho.
Os anos do mandato do Dr. Marcolino da Silva são contemporâneos de alguns eventos locais e nacionais relevantes como a promulgação do Estatuto Nacional do Trabalho (1933), que regulamentava os horários e estabelecia algumas regras nas relações laborais, e a inauguração do campo de futebol junto da serração (1934), a fundação do Sport Lisboa (mais tarde designado Sport Castanheira de Pera e Benfica) (1935).
Ainda nesse período foi fundado o Grémio dos Industriais de Lanifícios dos distritos de Leiria e Coimbra, com sede em Castanheira de Pera.
Estávamos em plena consolidação do poder de Salazar do Estado Corporativo.
Ainda em 1934, em face da crise da Indústria de Lanifícios, os industriais de todo o país reuniram-se, em Janeiro, a fim de discutirem os problemas com que se debatia e tentarem, dentro do quadro corporativo do regime do Estado Novo, a organização em grémios patronais e numa federação.
ANÍBAL RODRIGUES DIAS CORREIA
13.º Presidente – 23/01/1935 a 12/02/1936
Nasceu em Castanheira de Pera, em 1907, e faleceu nas Caldas da Rainha, onde foi advogado durante muitos anos.
Durante o período do Estado Novo, exerceu vários cargos nacionais, tendo sido deputado à Assembleia Nacional pela União Nacional durante vários anos.
Na sua juventude, fez parte de um animado grupo de teatro de Castanheira que actuava no Clube Castanheirense, hoje sede do Sport Castanheira de Pera e Benfica.
JOSÉ FERNANDES DE CARVALHO
14.º Presidente – 13/05/1936 a 03/01/1938
Nascido em Castanheira de Pera, em 6 de Abril de 1897, aqui faleceu a 7 de Novembro de 1984. Licenciado em Medicina pela Universidade de Coimbra, em 14 de Julho de 1920, doutorou-se a 21 de Maio de 1921. Cedo se implantou no concelho onde foi médico durante muitos anos.
No exercício da profissão foi um "médico dos pobres", nunca levando nada pelos seus serviços "para ter o eleitorado na mão", segundo as suas próprias palavras.
Após o afastamento do Dr. Eduardo Correia na gestão autárquica, o Dr. José Fernandes emergiu como lutador político de grande acutilância, tendo desempenhado papel relevante no período das duas Câmaras, tornando-se afinal o centro político da discórdia então havida e que se arrastou até 1926.
A partir daí foi localmente o chefe incontestado e Presidente da Comissão Concelhia da União Nacional. Sobrepondo-se aos dirigentes autárquicos, conduziu politicamente o concelho de forma autocrática e tinha grande influência no distrito.
Tão contestado como temido pelo seu feitio policial, o Dr. José Fernandes de Carvalho era um político extremamente hábil e desfrutando de todo o poder após o 28 de Maio (era ardoso defensor de Salazar), jamais se serviu dele para seu benefício pessoal.
Figura controversa, foi várias vezes convidado para altos cargos políticos que não aceitou, preferindo seguir o seu ideário no concelho onde morreu pobre.
Era orador brilhante e a sua habilidade política soube colocá-lo ao lado do operariado e dos pequenos na construção do campo de futebol do Sport Castanheira de Pera e Benfica contra os poderosos industriais de então que exigiam outra iniciativa e outro campo (o da Retorta).
O Dr. José Fernandes de Carvalho foi Presidente da Câmara durante alguns anos e médico municipal. Era sócio honorário do Sport e benemérito da Misericórdia de Castanheira. Em 5 Outubro de 1931, foi agraciado pelo Presidente da República com a Comenda de Cavaleiro Ordem Militar de Cristo.
Assumiu naturalmente a Presidência da Câmara (que desde 28 de Maio era por indicação política e não por eleição popular) em 13 de Maio de 1936, cargo que manteve até 3 de Janeiro de 1938.
Foi nesta época que, a despeito da promulgação do Estatuto Nacional do Trabalho ter sido já em 1933, se assistia a atropelos sem conta nas fábricas. Na luta operária, distinguiram-se os sindicalistas João Corga, José Rodrigues Isaac, Manuel Coelho, Pompeu Braga, José Veras, Inácio Lameiras, João Domingues e Manuel Rebelo.
Em 1936, foi encerrada a Associação Operária e os móveis vendidos em praça pública.
Em falsa substituição, foi fundado, por alvará de 27 de Junho de 1939, o Sindicato Nacional po pessoal da Indústria de Lanifícios, que abrangia os distritos de Leiria,
Coimbra e que, como todos os outros de então, era um organismo corporativo de controlo dos trabalhadores.
Antes havia sido fundado o Grémio dos Industriais de Lanifícios dos Distritos de Leiria e Coimbra com sede em Castanheira.
Em 1934, foi inaugurado o Campo de Jogos da Serração, que foi baptizado com o nome do Dr. José Fernandes de Carvalho e, em 1935, nasceu o Sport Lisboa e Castanheira de Pera, mais tarde Sport Castanheira de Pera e Benfica e a Casa do Povo.
Em 1937, surgiu "O Castanheirense" reatando a tradição jornalística do concelho, 2 interrompida desde 27 de Abril de 1919. Deste jornal foi director o Dr. José Fernandes de Carvalho e editor e administrador Eduardo Silva que foi a alma do jornal.
No ano de 1937, surgiram dois novos órgãos: o Conselho Municipal e o Conselho Paroquial, ambos tomaram posse perante o Presidente da Câmara.
JOSÉ BEBIANO CORREIA HENRIQUES DA SILVA
16.º Presidente – 03/01/1948 a 13/01/1951
Filho do Dr. Marcolino da Silva, 12.° Presidente da Câmara, nasceu em Castanheira de Pera, licenciando-se em Direito.
Tal como seu pai, foi também notário, exercendo funções em Castanheira, mas acabou por se radicar em Lisboa, onde faleceu.
Em jovem foi um dos interessados no desenvolvimento do teatro em Castanheira, tendo representado vários papéis em saborosas revistas de costumes locais dos anos 20/30. Contemporâneo de tempos difíceis após a 2.ª Guerra Mundial, a Câmara teve que enfrentar a primeira crise da Indústria de Lanifícios.
Em 1948, foi fundada a Associação dos Bombeiros Voluntários.
Ainda em 1950, foi inaugurado o busto do Visconde de Castanheira, por iniciativa de "O Castanheirense", então dirigido por Ilídio José Coelho.
Na ocasião, foram distinguidos com a medalha de mérito industrial, atribuída pelo então Presidente da República, Almirante Américo Tomaz, dois operários Manuel Domingues e Joaquim Alves Tomaz.
Em finais de 1950, talvez por discordância com atitudes repressoras que muitas vezes ultrapassavam a Câmara, o Dr. José Bebiano e o vice-presidente Aurélio Lopes demitiram-se dos cargos, ficando os lugares ocupados interinamente por Joaquim Ferreira e Pompeu Rodrigues Costa.
ERNESTO MARRECA DAVID
17.º Presidente – 13/01/1951 a 13/01/1963
Nascido em Castanheira de Pera, em 6 de Outubro de 1909, é filho de Alfredo David e de D. Ilídia Marreca, agraciada com a Comenda de Cavaleiro da Instrução Pública.
O Dr. Marreca, descendendo de gente ilustre, conta entre os seus antepassados Gaspar Dias de Oliveira Marreca, fidalgo da Casa Real e Cavaleiro do Hábito de Cristo, e Francisco José Barbosa Pereira Couceiro Marreca que foi desembargador.
Licenciado em Medicina pela Universidade de Coimbra, em 1934, após uma breve passagem por Pedrógão Grande, instalou-se na sua terra natal como médico, não sem que sofresse alguns dissabores e perseguições que o fizeram desabafar em metáfora que "só não morrera porque sabia nadar debaixo de água".
Como médico, político, industrial e cidadão, o Dr. Marreca conseguiu manter um equilíbrio aceitável que o fazem estimado dos seus conterrâneos.
Como médico, foi Director do Posto Clínico da Caixa de Previdência da Indústria de Lanifícios durante trinta e cinco anos, exercendo clínica geral para além disso, a maior parte das vezes gratuitamente. Demonstrando grande capacidade intelectual, especializou-se, mais tarde, em estomatologia, participando em numerosos congressos médicos.
Médico distinto, já reformado de funções públicas, manteve a sua actividade como estomatologista. Foi procurado, durante longos anos, por doentes de toda a região, cedendo mais tarde a sua posição ao seu neto.
Como político, soube manter sempre uma isenção só possível pela sua alma bem formada. Recusou a filiação no partido único de Salazar, quando o convidaram para presidente da Câmara, cargo que exerceu com brilhantismo, durante 12 anos, de 13 de janeiro de 1951 a 13 de Janeiro de 1963, período em que se verificou um surto de desenvolvimento no concelho. A estrada do Camelo, a electrificação de grande parte do concelho e outras obras são dessa altura, bem como os projectos para os edifícios dos CTT e CGD.
É também de registar a aquisição da capela do Santo António da Neve, então propriedade particular, e a sua entrega à freguesia do Coentral.
Como industrial, demonstrou grande abertura à inovação. A sua grande capacidade de enfrentar a adversidade levou-o a reconstruir a sua fábrica, destruída quase totalmente durante um incêndio, a despeito da sua idade o aconselhar a desistir e a retirar-se.
Como cidadão, colaborou desde jovem em grupos teatrais, sendo ainda hoje recordada a sua veia de actor. Foi dirigente e impulsionador do Sport Castanheira de Pera e Benfica (são da sua direcção a construção dos muros do campo); dirigente da Filarmónica dos Bombeiros Voluntários, devendo-se-lhe o arranque final da sua organizaçao e sendo o seu primeiro Presidente; dirigente da CERCI; e sócio honorário do sindicato pela acção cultural (CAT).
Coleccionador inveterado de uma das melhores colecções de relógios e de candeias existentes no país.
Foi agraciado pela Ordem dos Médicos e pelo Presidente da República com a Comenda da Ordem da Benemerência, quando deixou as funções de Presidente da Câmara, pelos serviços prestados.
Foi-lhe atribuída, em 1995, a medalha de honra do município.
O Dr. Marreca faleceu em Fevereiro 2005.
JOSÉ FRANCISCO DINIZ (CARVALHEIRA)
18.º Presidente – 22/08/1963 a 06/05/1974
Nasceu a 18 de Novembro de 1921, em Castanheira de Pera, e faleceu a 31 de Março de 1976. Sócio-gerente da firma "José Tomaz Henriques, Sucrs. Lda.", foi industrial interessado no desenvolvimento da indústria de lanifícios e nos diversos problemas que se lhe punha num futuro próximo, como aliás se verificou entretanto.
Vice-Presidente da Câmara durante vários anos, acompanhando o Dr. Marreca David em grande parte da gestão municipal, sucedeu-lhe na presidência em 22 de Agosto de 1963 e aí se manteve até ao 25 de Abril de 1974.
Em jovem José Carvalheira (nome por que era conhecido e que aliás era do seu pai) esteve ligado ao MUD juvenil, organização de Juventude da Oposição Democrática, afastando-se depois de actividades políticas, não se lhe conhecendo sequer filiação no partido único situacionista (União Nacional ou a sucessora Acção Nacional Popular).
Homem interessado nas coisas da sua terra, esteve ligado a diversas actividades associativas, tendo sido atleta e dirigente do Sport Castanheira de Pera e Benfica.
Foi um lutador pelo desenvolvimento do concelho, pugnando durante a gestão autárquica pelos Bombeiros, pelos novos edifícios dos CTT, Caixa Geral de Depósitos e pelo ensino secundário, sendo um dos promotores do Externato S. Domingos.
Em 1963, assumiu a presidência da Câmara, tendo como vice-presidente, Cursino Henriques Coutinho.
Em 1964, foram comemorados condignamente os 50 anos de autonomia municipal. Foi inaugurado o busto do 1.° Presidente da Câmara, Dr. Eduardo Pereira da Silva Correia, numa homenagem que se impunha. Houve um desfile das actividades do concelho; foi representada a peça "Lenda da princesa Peralta" expressamente escrita para o efeito, por Kalidás Barreto; foi apresentado o Rancho Neveiros do Coentral sob a direcção do Dr. Herlander Machado, iniciando aí este agrupamento uma actividade cheia de êxitos; o Sporting Clube de Portugal participou numa tarde desportiva; o Rancho do Vilar colaborou também.
Durante as comemorações, registaram-se várias exposições de grande importância, com um inestimável contributo do Dr. Arnaldo Pereira Brasão: filatelia, numismática, fotografia, indústria e arte sacra. Foi, sem dúvida, um acontecimento de extraordinária relevância na vida local e que mobilizou o concelho inteiro.
Em 1966, foi inaugurado o quartel dos Bombeiros.
Nesta década, foram montadas importantes secções de fiação de penteado, as primeiras do concelho - em 1966, na Retorta e em 1968, na Várzea. A estrada do Camelo foi ligada (1960/61).
Em 1969, após a doença de Salazar e a assunção do poder por Marcelo Caetano, assistiu-se a uma tentativa de liberalização do regime, marcaram-se eleições gerais para Outubro; havia esperanças de democracia, cedo desiludidas pelos governantes, apertados pela extrema direita do regime e pela oposição que abrangia a ala liberal da ANP (Acção Nacional Popular) que sucedera à UN (União Nacional) e onde pontificavam nomes como Sá Carneiro, Miller Guerra e outros.
A Oposição Democrática era representada em Castanheira por uma Comissão em contacto estreito com o Dr. Vasco da Gama Fernandes, de Leiria, e composta por Kalidás Barreto, Abílio Gama, Afonso Henriques, José Henriques dos Anjos, Francisco Serra Matias, José Nunes, António Henriques e José Antunes António.
2 Em 1973, a convite da colónia Castanheirense ali radicada, visitou o Brasil, constituindo a viagem uma notável jornada de propaganda de Castanheira e de cimentação da ligação com os nossos emigrantes. No 25 de Abril, tendo em conta a exaltação do momento político que se atravessava e o respeito devido ao cidadão José Francisco Diniz, foi aconselhado particularmente a pedir a demissão do cargo que ocupava.
Aceitando a sugestão, em sessão de Câmara de 6 de Maio, fê-lo com extrema dignidade, explicando que saía de "cabeça erguida, consciência tranquila e pela imposição que compreendia, atendendo ao momento histórico que se vivia". Terminou com um Viva a Portugal, à Castanheira e às gloriosas Forças Armadas.
VIRGÍLIO TOMAZ HENRIQUES
19.º Presidente – 09/07/1974 a 03/1975
Foi o primeiro presidente após o 25 de Abril, no período de transição.
Filho de José Tomaz Henriques, industrial da Várzea, e de D. Maria Preciosa Tomaz, conhecidos pela sua firmeza de carácter e sentido solidário, nasceu em Castanheira de Pera em 17 de Maio de 1926, segundo registos oficiais.
Concluído o curso liceal em Coimbra, licenciou-se na Universidade de Verviers, Bélgica, em engenharia têxtil.
Cedo se ligou à fábrica de seus pais, na Várzea, de que se desligou, fundando, em 1972, a primeira fábrica de penteação do concelho.
Esteve ligado a diversas associações do concelho, desempenhando cargos directivos, no Sport (presidente da Assembleia-geral), Misericórdia (Provedor), Grémio dos Industriais (Presidente), Externato S. Domingos (Presidente), etc.
Foi membro da comissão de apoio à candidatura do General Humberto Delgado. Nas comemorações nacionais do 40.° aniversário do evento, foi agraciado pela Câmara Municipal com a medalha de cidadão de mérito.
O 25 de Abril foi saudado em Castanheira, como em todo o País, com manifestações de júbilo.
Foi o Sindicato de Lanifícios que liderou os acontecimentos e primeiro saudou, em comunicado público, o evento histórico.
Em palavras entusiásticas, o sindicato saudou o MFA (Movimento das Forças Armadas) e o Povo, lembrando que, a despeito de todas as razões de queixa do operariado, não era a hora própria para vinganças.
Estas palavras ditas no momento exacto, apelando para a calma do operariado, evitaram excessos de algumas mais radicais e tiveram repercussões futuras no comportamento de todo o processo político local caracterizado por ausência de violências ou perseguições. Foram os dirigentes sindicais que, liderando a transição, convocaram o 1.° de Maio, que constituiu uma manifestação de alegria, de unidade e de espírito anti-fascista.
Os manifestantes percorreram a vila em desfile entusiástico em que a palavra de ordem mais gritada era a de Pablo Neruda, do Chile de Allende “o povo unido jamais será vencido”. Vários cartazes eram empunhados pelos manifestantes, correspondendo a reivindicações populares.
Urgia, porém, promover a substituição da Câmara, não tanto porque nela existisse resistência anti 25 de Abril, mas para evitar algum acto isolado de ocupação cujos rumores iam chegando e cuja prática foi vulgar por esse país fora.
A Comissão Administrativa que tomou posse, em 9 de Julho de 1974, foi a seguinte:
Presidente – Eng.º Virgílio Tomaz Henriques – pelo MDP/CDE. Vice-Presidente – Luís Kalidás Barreto – pelo MDP /CDE. Vogal – Júlio Piedade Nunes Henriques – pelo MDP/ /C DE. Vogal – Fernando Ascensão Job – pelo PS. Vogal – Belarmino Henriques Correia – pelo PPD.
Até à posse da Comissão Administrativa, assumiu interinamente a Presidência da Câmara, Abílio Rodrigues Lopes de Carvalho e em 17 de Junho fez emitir um comunicado em que, homenageando a figura do Presidente cessante, deu conta dos 2 projectos em curso no plano camarário, exortou a população a colaborar com a nova Câmara, louvou as Juntas de Freguesia e saudou as Forças Armadas e a Junta de Salvação Nacional.
A nova Câmara empenhou-se de imediato num trabalho de levantamento das necessidades das povoações e nesse sentido promoveu plenários nas aldeias para eleição de Comissões de Moradores. Estes cidadãos colaboraram activamente com a autarquia, fazendo um levantamento completo dos anseios de cada aldeia, em documento designado por "Cadernos Reivindicativos".
Estas Comissões de Aldeia, uma para cada aldeia, colaboraram na abertura dos melhoramentos de minas, condutas de abastecimento de água, abertura de caminhos, além de terem montado um sistema de vigilância à floresta, na prevenção e combate de incêndios.
Ainda, em 1974, a Comissão Administrativa da Câmara avistou-se em Coimbra com o Dr. Bissaya Barreto a fim de promover a reabertura da Casa da Criança, entretanto encerrada, aquando da saída das Irmãs de Caridade ali sediadas.
Em 4 de Outubro de 1974, foi inaugurado finalmente o edifício dos CTT, aspiração antiga por que muito se bateram as Câmaras da Presidência do Dr. Marreca e José Francisco Diniz.
JÚLIO DA PIEDADE NUNES HENRIQUES
20.º Presidente – 03/1975 até às 1.as eleições autárquicas em 12/12/1976,
ano em que foi, sucessivamente, reeleito até 31/12/1989
Nasceu em Vila Facaia (Pedrógão Grande) a 31 de Março de 1938 e após conclusão com brilhantismo do ensino primário, veio para Castanheira de Pera onde tinha familiares.
Aqui subiu a pulso por seu mérito criando amizades e respeito, aqui casou e aqui nasceram seus filhos.
Trabalhando e estudando, a sua carreira e ascensão local e nacional é exemplar: empregado de hotelaria, comerciante, professor e co-fundador do Externato de S. Domingos, Bancário (gerente BPA anos 60/70); Presidente C. Adm. C.M.C. Pera (1974/75); Presidente CM Castanheira de Pera (eleito) (1976/1989); Presidente Assembleia Municipal (1999/2001); Deputado à AR (1990/1999); Governador Civil de Leiria (1995/1996); Presidente do Serviço Nacional de Bombeiros (1997/1999); Administrador de Empresa Municipal/Sintra (2000/2002); Administrador Delegado da Fundação Antero Quental; Fundador e Presidente da Assembleia-geral CERCI (1999/2003); Dirigente local, distrital e nacional do PS.
Em 1 de Março de 1975, o Dr. Mário Soares, como secretário-geral do PS, visitou Castanheira em apoio à candidatura de Kalidás Barreto, realizando-se um grande comício nos Esconhais. Entretanto o PPD elegeu os seus órgãos locais, presidindo ao Plenário e à Comissão Política respectivamente o Dr. Belarmino Correia e o Eng. Virgílio Tomaz Henriques, enquanto as duas facções do PS se uniam.
Entretanto e por serem candidatos a deputados, o Eng. Virgílio Tomaz Henriques (PPD) e Kalidás Barreto (PS) cederam interinamente as suas funções, passando a presidência da Câmara para Júlio da Piedade Nunes Henriques.
No dia 12 de Dezembro de 1976, realizaram-se as 1. as eleições autárquicas.
Com as eleições autárquicas completava-se a normalização das instituições democráticas nascidas com o 25 de Abril. Júlio Henriques, Kalidás Barreto e António Tomaz Henriques eram respectivamente o Presidente da Câmara, o Presidente da Assembleia Municipal e Presidente da Junta de Freguesia de Castanheira eleitos.
Em 1978, a crise da Indústria de Lanifícios foi ponderada na Assembleia Municipal, bem como a necessidade imperiosa de se criarem novos postos de trabalho alternativos. Em 1979, nasceu a Associação os Reformados de Castanheira sob a iniciativa de António Rodrigues Neto, Jaime Henriques Lopes, Manuel Rosa Arinto, António Rodrigues Mourão e Joaquim Correia Neves.
Aquando das comemorações do 68.º aniversário da fundação do concelho, Castanheira foi visitada, pela primeira vez, por um Presidente da República, o General Ramalho Eanes.
Em 1981, foi inaugurado o cemitério de Pera e alargado o de Castanheira e, no mesmo ano, foi electrificado o campo de jogos do Sport.
Em 1982, foi fundado o "Jornal de Castanheira de Pera", mensário regionalista cujo n.º 1 saiu a 31 de Outubro sob a direcção do Dr. Herlander Machado.
Em 1982, a 22, 23 e 24 de Novembro, foi promovida pela Câmara Municipal uma conferência subordinada ao tema "Que futuro para Castanheira", que pretendia ser o motor de desenvolvimento económico do concelho, procurando a criação de postos de 2 trabalho e tornando-se pioneira em Portugal dos processos designados por ILE’s (Iniciativas Locais de Emprego).
Durante este mandato, a Câmara, que já dispunha de um bom património fundiário, comprou terrenos no Ramal da Retorta (1980), o S. João da Mata (1981) e o Valseá (1984).
Em 1984, a 18 de Fevereiro, Castanheira recebeu a visita do Primeiro-ministro, Dr. Mário Soares, que inaugurou as instalações remodeladas dos Paços do Concelho.
Ainda, em 1984, Júlio Henriques foi ao Brasil a convite dos castanheirenses ali residentes.
Em 1986, foram comemorados os 200 anos da Capela de Santo António da Neve. Na vila foram iniciadas as obras do Heliporto e foi inaugurada a Biblioteca Municipal. Em 1987, foi doada à C.M. o edifício hoje designado "Casa Pimentel", onde esteve instalada a 1.ª Câmara e foi inaugurado o moderno edifício do BCP, então BPA. Nesse ano, registaram-se as primeiras emissões da rádio (Rádio Giesta) e da televisão. Neste mesmo ano, o ministro Valente de Oliveira visitou-nos.
Em 1988, foi inaugurado o edifício onde se instalaram as finanças e a tesouraria, ao mesmo tempo que a urbanização do Dordio (19 moradias) prosseguia. Foi inaugurada oficialmente a Piscina Fluvial "Poço Corga."
O concelho comemorou, em 1989, o seu 75.° aniversário com pompa e circunstância, estando presente um representante do Presidente da República.
O número de fundo foi a realização do cortejo histórico, que era composto por 14 quadros figurativos, contando a história local. Constituiu um assinalável êxito e envolveu toda a população e individualidades de todas as matrizes políticas.
VIRIATO GRAÇA OLIVA
21.º Presidente – 01/1990 a 12/1993
Nasceu no lugar do Torno, em Castanheira de Pera, em 31 de Agosto de 1937.
Cedo foi procurar ganhar a vida para Lisboa, e aos 11 anos já trabalhava no comércio. Fruto do seu labor e espírito empresarial, fundou a empresa Tulipa Negra, em Loures, dedicando-se à importação e comercialização de artigos decorativos.
Logo que a sua vida empresarial estabilizou, começou a olhar com outros olhos a sua terra natal, Castanheira de Pera, tendo sido administrador da Ribeirapera, S.A.
Adquiriu a Quinta dos Esconhais de Cima, pertença da família Cepas, melhorando-a com obras de grande vulto, e que baptizou de Quinta de Santo António, onde vinha passar grande parte dos fins-de-semana e períodos de férias.
Em 1989, concorreu à Presidência da Câmara Municipal de Castanheira de Pera, que ganhou por um voto, conseguindo para o PSD a primeira vitória eleitoral de sempre no concelho de Castanheira de Pera.
Outra faceta importante da sua vida foi o Desporto, com a arbitragem em particular. Um acidente com um tractor, quando cuidava da sua Quinta de Santo António, veio de certa maneira refrear uma carreira brilhante como árbitro de futebol, iniciada em 1966, sendo dos poucos árbitros nacionais a ostentar as insígnias da AFA. Foi posteriormente monitor e conselheiro de arbitragem junto da UEFA e da AFA.
A D. Fernanda Oliva, que sempre o acompanhou ao longo da sua vida, desenvolvia igualmente a sua actividade profissional na Tulipa Negra. Em Loures, promovia actividades de caridade, sendo pessoa de grande sensibilidade artística, com alguma obra feita no campo da pintura e artes decorativas.
Graça Oliva faleceu junto com a sua esposa D. Fernanda Oliva num brutal acidente de viação em 9 de Março de 2001.
Sob a presidência de Graça Oliva, a Câmara gizou um projecto de desenvolvimento
turístico sob o lema "Vamos fazer de Castanheira de Pera o pulmão da Europa", assente nas seguintes ideias:
Construção de Hotéis;
Construção de um Campo de Golf;
Construção de Escolas de Golf;
Construção de um Restaurante Golf;
Canstrução de Piscinas Municipais;
Construção da Casa do Povo;
Construção da Casa da Cultura, Cinecasa, Teatro, Discoteca;
Circuito de Manutenção;
Estádio Municipal;
Parque de Campismo;
Campo de Tiro;
Aeroporto;
Estudar a possibilidade de engarrafamento de água e sua exploração;
Saneamento básico em todo o Concelho;
Aproveitar e explorar as condições que nos oferece a zona do St. António da Neve;
Aproveitamento da Ribeira com Truta.
VAMOS CRIAR RIQUEZA INDUSTRIAL
A Câmara Municipal de Castanheira de Pera está atenta no que diz respeito a este Sector de Actividade, apoiando todos os que queiram investir na nossa terra, através da criação de infra-estruturas, bem como da cedência de terrenos a preços simbólicos.
Nesta área propomos:
- Criação de um Polígono Industrial de nível Europeu.
- Encetar esforços que permitam ao Mini-parque Industrial do Safrujo atingir a sua máxima projecção e desenvolvimento.
- Reactivar a Indústria existente procurando que esta vença a crise, regressando ao expoente que foi adquirindo nos anos 50.
- Estimular o aparecimento de indústrias alternativas.
- Fazer o repovoamento florestal com castanheiros, pinheiros, etc.
- Tirar partido da vegetação onde nos inserimos.
O projecto era demasiadamente ambicioso e a despeito de se estar em pleno cavaquismo (Cavaco Silva – PSD governava com maioria absoluta e tinha afluxo dos fundo comunitários ao seu dispor desde 1986, entrada de Portugal na União Europeia), a Câmara encontrou sérios obstáculos.
Todavia, Graça Oliva envidou esforços, quer indo ao Brasil a fim de se encontrar com os castanheirenses ali residentes, procurando a adesão da Sociedade Neveiros SA, entretanto criada, quer trazendo a Castanheira vários elementos do Governo, entre os quais o Primeiro-ministro Cavaco Silva, que em Julho de 1990 inaugurou o Heliporto.
De registar, ainda neste período, a melhoria dos serviços municipais, o projecto de urbanização do Valseá, a construção inacabada da piscina, a construção de pontões, entre os quais o das Botelhas, o alcatroamento troço Coentral – St. António – Pista.
Uma delegação da cidade de Leimen visitou-nos, chefiada pelo seu Burgo-mestre Herbert Chribor, sendo-lhe atribuída a medalha de honra de Castanheira de Pera. Da comitiva fazia parte o general PTAK, grande amigo de Portugal.
No dia 4 de Julho de 1993, dia do 79.º Aniversário do Concelho de Castanheira de Pera, foi assinado o protocolo de geminação entre Castanheira de Pera e a cidade alemã de Leimen.
Neste período, infelizmente, a aspiração de se criar uma Escola Técnica, e após já se ter a aprovação superior do Ministério da Educação, gorou-se.
A Câmara, logo no princípio do seu mandato, viu a crise da indústria de lanifícios acentuar-se, com o iminente encerramento de algumas fábricas e com toda a problemática social que envolveu.
PEDRO MANUEL BARJONA TOMAZ HENRIQUES
22.º Presidente – 01/1994 a 10/2005
Nasceu em Coimbra a 26 de Dezembro de 1955, filho do Eng. Virgílio Tomaz Henriques e D. Maria Ester Barjona de Freitas, descendente do ministro Barjona de Freitas que, no século XIX, subscreveu o decreto que aboliu a pena de morte em Portugal.
Aqui teve sempre a sua residência habitual e após a conclusão dos estudos liceais em Coimbra, depressa se integrou na gestão da fábrica de lanifícios de seus pais, em Castanheira.
Nas eleições de Dezembro de 1993, foi convidado a candidatar-se pelo PS como independente, em confronto com o único presidente eleito pelo PSD que conquistara a Câmara em 1989, por um voto. O PS voltou, assim, à Câmara e imediatamente se verificou que uma nova época seria implantada em Castanheira.
Possuidor de grande capacidade de planeamento, visão e estratégia de desenvolvimento, Pedro Barjona soube procurar e captar com excelente sentido de oportunidade os fundos comunitários suficientes.
Consciente da crescente crise da indústria de lanifícios, a Câmara procurou, em primeiro lugar, a aprovação de um hábil plano de desenvolvimento integrado que envolvia empresas da região interessadas, admitia a deslocalização de outras e oferecia oportunidades como a de empreendimentos turísticos, empresas de co-geração, centro de formação profissional.
Este plano, que chegou a estar aprovado no Ministério da Economia, gorou-se, mas a Câmara teve a capacidade de ultrapassar a crise social e económica que marcou o encerramento da maioria das fábricas de lanifícios, primeira empregadora no concelho. Sendo impossível, de um momento para o outro, evitar a desertificação, procurou colmatar com a implantação de vários programas de formação profissional e de apoio, cujos efeitos sociais foram visíveis evitando uma crise de maior proporção.
Castanheira de Pera foi então visitada por vários membros do Governo e pelo Presidente da República, Dr. Jorge Sampaio.
De 1994 a 2005 foram inúmeras as realizações, bem visíveis por quantos nos visitam e que após a inauguração da Praia das Rocas já são milhares.
De grande sensibilidade artística, Pedro Barjona concebeu todo o traçado urbano da vila, os acessos envolventes e as peças ornamentais das rotundas.
O Concelho está hoje dotado, na quase totalidade, de acessos rodoviários, água domiciliária, electricidade e saneamento básico, muito à frente da esmagadora maioria dos concelhos do distrito. Surge também, nesta época, a implantação da energia eólica. Para além disso, há ainda obras em curso, como a da Praça da Notabilidade e dezenas de habitações novas por toda a área concelhia.
O turismo, com os seus segmentos e oportunidades, é a viragem da página e o futuro que a serra acolhe com toda a sua beleza.
Eleito folgadamente por três vezes, Pedro Barjona abandonou voluntariamente a presidência, a que não se candidatou ao fim de 12 anos; ele é o grande responsável por esta nova página na história do desenvolvimento do concelho, que agora se abre aos castanheirenses e à qual ficará indelevelmente ligado.