Do vapor à produção em massa: 6 pontos para saber sobre a Revolução Industrial

Dividida em três fases principais, a Revolução Industrial foi o início do mundo que conhecemos hoje; entenda mais sobre a primeira etapa

Em uma época em que os campos de plantação deram espaços às fábricas, cavalos foram trocados por locomotivas e novas estruturas sociais surgiram, a Primeira Revolução Industrial reformulou o cenário do mundo moderno, desencadeando transformações profundas na economia, política e cultura, redefinindo os pilares da sociedade.

A máquina a vapor foi uma das bases da Revolução Industrial, impulsionando métodos de produção, como a maquinofaturaA Revolução Industrial trouxe uma nova forma de fabricação, priorizando a manufatura e a produção em massa – Foto: iStock/Divulgação/its Teens

Como um processo gradual que se estendeu por anos, foi no final do século 18, na Inglaterra, que o mundo se encaminhou para uma mudança jamais vista anteriormente.

Com os avanços tecnológicos, a migração do campo para as áreas urbanas e o estímulo ao livre comércio, novas demandas surgiram e, com elas, inovações.

“Quando falamos nas principais mudanças e transformações, podemos falar do modo como a sociedade se organizou e se organiza em relação aos meios de produção, de exploração dos bens naturais e da própria forma de viver a partir das relações de trabalho”, explica o professor de História Pedro Romão Mickucz.

Um novo jeito de viver (e produzir) se inicia na Revolução Industrial

1. Motor a vapor

Com o aperfeiçoamento da máquina a vapor, por James Watt, novos métodos de produção introduziram progressos nas indústrias, especialmente a têxtil, e impactaram locomotivas e embarcações.

O que antes era somente confeccionado de forma manual e em pequenas quantidades passou a ser produzido em massa e em menos tempo na Revolução Industrial.

“Com o surgimento das máquinas, surge a lógica de ‘maquinofatura’, ou seja, o trabalho continua dividido em etapas, mas com a implementação de máquinas nos processos de produção. Hoje, grande parte das indústrias pós-modernas utilizam essa lógica de maquinofatura”, comenta Pedro.

A capacidade de transportar as mercadorias também foi modificada — com meios de transportes mais eficientes e viagens mais rápidas, o comércio global se expandiu.

“Entendeu-se que agilizar e aumentar as produções seria a melhor forma de obter mais lucros. Assim surgia a manufatura onde um proprietário detinha os meios de produção e contratava artesãos e funcionários para trabalhar em produções seriadas, (em que) cada trabalhador fazia um dos processos de produção”, esclarece.

2. Telégrafo

Não foi apenas o modo de trabalho que sofreu alterações durante esse período. Com novas formas de produção em massa, comunicação e transporte, novos hábitos e padrões culturais surgiram, impactando a vida cotidiana dos cidadãos.

Desenvolvido por Samuel Morse e Alfred Vail, o telégrafo foi outra invenção marcante da época, revolucionando a comunicação à distância. Utilizando o código morse, o aparelho era capaz de transmitir mensagens através de fios — os códigos de ponto e traços representavam letras e números.

3. Educação e saúde

Embora tenha havido avanços significativos nos âmbitos da educação e da saúde, os pontos negativos estavam também presentes. Os novos empregos exigiam novas habilidades, levando à necessidade de sistemas educacionais especializados e técnicos. Já na área da saúde, houve o aprimoramento na expectativa de vida e no desenvolvimento de tratamentos.

Entretanto, o acesso às melhorias era limitado. Os operários, por muitas vezes, ficavam à parte, e, com as circunstâncias insalubres nos centros industriais, acabavam sofrendo com surtos de doenças. A desigualdade refletia igualmente na distribuição dos bens de consumo.

4. Em contrapartida…

A baixa remuneração e os turnos exaustivos eram um dos maiores problemas da Revolução IndustrialA baixa remuneração e os turnos exaustivos eram um dos maiores problemas da Revolução Industrial – Foto: iStock/Divulgação/its Teens

Apesar de trazer inovações que beneficiaram todo o mundo, as consequências prejudiciais da Revolução Industrial foram além da desigualdade.

“Vemos a busca por matérias-primas que serão utilizadas no processo de produção em escala industrial, como por exemplo, num primeiro momento, a Inglaterra, que utilizava do carvão e ferro para suas máquinas e indústrias movidas a vapor. Além das explorações de mão de obra, se mencionarmos as lógicas escravocratas ou relações abusivas com trabalhadores nas dinâmicas de produção industrial”, destaca Pedro.

5. Condições de trabalho

Com uma alta demanda de mão de obra, as condições de trabalho não eram das melhores — os turnos rigorosos, os salários baixos e a falta de equipamentos seguros resultavam em fadiga extrema, estresse, exploração e acidentes. O que, futuramente, desencadeou movimentos sociais em busca de direitos trabalhistas.

“A busca pelo lucro acaba por trazer problemas nocivos aos operários que trabalham em condições exaustivas e insalubres nas fábricas. Se, por um lado, somos beneficiados e melhoramos nossa qualidade de vida devido às inovações promovidas pelas diferentes fases da Revolução Industrial, por outro lado, percebemos problemas como desemprego, desigualdades sociais e impactos ambientais”, complementa.

6. Poluição

Uma marca da Revolução Industrial foi a exploração dos recursos naturais e a poluição. Fontes de energia para alimentar fábricas e locomoções, minérios como carvão e ferro, junto com o uso de madeira para a fabricação de produtos, foram extremamente utilizados, causando um impacto ambiental que segue até os dias atuais.

“Hoje, já se sabe que muitos dos problemas ambientais e catástrofes naturais estão atreladas ao uso desenfreado, descontrolado e abusivo, provocado por séculos de exploração, influenciados pela lógica e a dinâmica estabelecidas pela Revolução Industrial”, finaliza o professor.

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