Perspectiva Global Reportagens Humanas

Em Dia Mundial, ONU reforça apelo pelo fim do trabalho infantil

Dalitso Dines, de 14 anos, em aula na Escola Primária Chumani em Mulanje, no sul do Malawi
Unicef/Thoko Chikondi
Dalitso Dines, de 14 anos, em aula na Escola Primária Chumani em Mulanje, no sul do Malawi

Em Dia Mundial, ONU reforça apelo pelo fim do trabalho infantil

Direitos humanos

Organização diz que erradicação da prática é um pilar da luta por justiça social; de acordo com vítima de trabalho análogo à escravidão no Brasil, falta de estudo aumenta risco; Marinaldo Santos falou à ONU News sobre sua história com trabalhos forçados em fazendas no interior do Maranhão.

Este 12 de junho marca o Dia Mundial contra o Trabalho Infantil sob o lema "Justiça social para todos. Acabe com o trabalho infantil!'. A data tem como objetivo impulsionar o combate à prática que afeta crianças em todo o mundo.

A Organização Internacional do Trabalho, OIT, defende a criação de uma Coalizão Global por Justiça Social. A iniciativa terá como uma de suas prioridades a eliminação do trabalho infantil.

“É triste ser escravizado”: Depoimento de Marinaldo Santos, do Brasil

“É triste ser escravizado”

A ONU News ouviu Marinaldo Santos, de Pindaré-mirim, no estado do Maranhão, no Brasil. Ele foi vítima do trabalho escravo aos 16 anos.

Ele contou que começou a trabalhar, ao lado do pai, aos 10 anos na agricultura e coleta de coco, para “ajudar a conseguir o sustento da família”. Com 16 anos, foi buscar trabalho fora de casa em fazendas da região.

“Comecei a trabalhar numa fazenda e infelizmente eu fui vítima do trabalho escravo, por duas vezes. E foi muito triste, muito sofrido. É triste ser escravizado. É triste não estudar. Eu tenho certeza de que a maior facilidade para que eu tenha sido escravizado é por eu não ter estudo.”

Educação como prevenção

Santos relata que não havia escola na cidade de Monção, no interior do Maranhão, onde nasceu. Ele e os nove irmãos cresceram “trabalhando na roça.”

“Sendo escravizado, eu fiquei muito decepcionado com essa situação. E aí, quando eu fui conhecido como escravo, foi uma tristeza muito grande para mim. Ser escravizado é muito triste. E eu acho que a gente começando a trabalhar desde a infância e não estudar, a gente pode alcançar o que eu alcancei, que foi ser vítima do trabalho escravo.”  

De acordo com a OIT, Marinaldo foi resgatado aos 30 anos de idade.

Com apoio de um centro de defesa de direitos humanos, Marinaldo Santos recebeu acompanhamento e conseguiu se dedicar aos estudos.  Ele se tornou um ativista e coopera em atividades da Organização Internacional do Trabalho, no Brasil.

O diretor-geral da OIT, Gilbert F. Houngbo, discursa na sessão de abertura da 111ª Sessão da Conferência Internacional do Trabalho
OIT/ Crozet – Pouteau
O diretor-geral da OIT, Gilbert F. Houngbo, discursa na sessão de abertura da 111ª Sessão da Conferência Internacional do Trabalho

Compromisso com justiça social

O Escritório de Direitos Humanos das Nações Unidas ressalta que, em nível global, 50 milhões de pessoas ainda trabalham em formas análogas à escravidão.

A OIT realiza um evento paralelo de alto nível durante a 111ª Sessão da Conferência Internacional do Trabalho, em 12 de junho, para marcar o Dia Mundial contra o Trabalho Infantil.

O evento tem como objetivo explorar a conexão entre a justiça social e a erradicação do trabalho infantil.

Os participantes discutirão o progresso feito pelos países membros da OIT no cumprimento de seus compromissos, enfatizando como esses esforços contribuem para o avanço da justiça social.

Acompanhe aqui a transmissão.