No início da década de 1980, desenhos enormes de frangos
assados, telefones e botas de salto fino começaram a aparecer em muros de São
Paulo. Eram alguns dos primeiros grafites em espaço público da
capital paulista, feitos pelo artista etíope radicado no Brasil Alex Vallauri.
Naquela época, com a liberdade de expressão caçada pela
ditadura militar, o grafite era considerado crime pela legislação brasileira.
"A própria ocupação da rua já era vista como um ato político", diz o
sociólogo e curador de arte urbana Sérgio Miguel Franco.
E nas obras de Alex Vallauri era possível entender o lado
político do grafite paulistano: um dos seus primeiros desenhos foi o "Boca
com Alfinete" (1973), uma referência à censura.
Nos anos seguintes, ele encheu os muros da capital de araras
e frangos que pediam Diretas Já, o slogan do movimento por eleições diretas no
final da ditadura.
Vallauri influenciou outros artistas a ocuparem as ruas da
capital paulista e a data de sua morte - 27 de março de 1987 - é lembrada como
o Dia do Grafite no Brasil.
O aniversário de 30 anos da data, em 2017, criou nos
artistas a expectativa de que este seria um ano de valorização do trabalho que
fazem na cidade.
No entanto, em 14 de janeiro, o novo prefeito da capital
paulista, João Doria Jr. (PSDB), anunciou que seriam apagados os painéis da
avenida 23 de Maio, como parte do programa "São Paulo Cidade
Linda".
A decisão provocou críticas dos artistas e dividiu opiniões
entre especialistas em arte urbana
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