Chama-se “grind” ou “grindadrap” e é uma prática levada a cabo todos anos por pescadores das ilhas Faroé que consiste em encurralar golfinhos em várias baías deste arquipélago, matando-os de seguida. A tradição cumpre-se há vários anos, sob um coro de críticas de várias associações de defesa dos animais, e, em 2023, voltou a realizar-se. Morreram mais de 500 animais desde o mês de maio, avança o Guardian.

Despois de conseguirem encurralar os animais com os barcos de pesca nas baías, os pescadores que estão em terra acabam por matá-los com recurso a facas. Segundo a Sea Shepherd, uma associação que faz campanha contra a caça de baleias e golfinhos, 269 baleias-piloto (uma espécie do grupo dos golfinhos) foram mortas em Vestmanna e outras 178 em Leynar. Estas foram a 4ª e a 5ª matanças do ano, sendo que em maio tinham sido mortas outras 60 baleias noutros locais das Ilhas Faroé.

Todos os anos, as imagens dos golfinhos mortos junto à costa correm o mundo. Em 2021, o governo das Ilhas Faroé — um arquipélago que pertence à Dinamarca mas que detém autonomia em várias áreas — justificou a matança, que nesse ano vitimou mais de 1400 animais, com a organização. “Não há dúvida de que a caça aos cetáceos nas Ilhas Faroé é um espetáculo dramático para as pessoas pouco habituadas à caça e abate destes mamíferos. Estas caçadas são, no entanto, bem organizadas e totalmente regulamentadas”, disse um porta-voz do governo à agência France Presse.

Ainda assim, o governo local admitia analisar a prática da caça aos golfinhos. “Vamos observar atentamente as caças aos golfinhos e que papel devem desempenhar na sociedade faroense”, garantia, há dois anos, primeiro-ministro do arquipélago, Bardur a Steig Nielsen. A verdade é que nada mudou e a tradição volta a cumprir-se.

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A Sea Shepard, que está no arquipélago desde o primeiro dia de maio a documentar os massacres, teme que o número de animais mortos possa subir ainda mais. “Sem uma quota/limite, parece que este ano vai ser muito pior”, diz a organização, numa publicação na rede social Facebook, onde pede, mais uma vez, o fim da caça aos golfinhos.

Depois de mortos, os animais são enviados para o Japão, onde a sua carne é muito apreciada. Normalmente, as matanças rendem mais de 3500 toneladas de carne de golfinho, exportadas, na sua totalidade, para o país nipónico.

A Sea Shepard queixa-se ainda de nada poder fazer para impedir as matanças, uma vez, garante, a marinha dinamarquesa intervém sempre, de modo a que a tradição sangrenta se cumpra.