Real Ferraz bate Campinense de virada e adentra o G4 de Garopaba

Olá!

Tirei o domingo para ir a Garopaba. Qualquer um perguntaria: “mas foste em qual praia? Rosa, Silveira, Ferrugem?” Nada. A pergunta correta seria: “em qual cancha?”.  A resposta se encontra no bairro Encantada, mais precisamente no Estádio Bertoldo Álvaro dos Santos, onde Real Ferraz e Campinense se enfrentariam pela 5ª rodada do Campeonato Municipal de Garopaba.

O Campinense entrou em campo com: André Nicolodi; Julinho, Natan Vitor Cruz e Gil; Jackson, Luca Toni, Itauê e Felipe Oliveira; Kleyffer e André. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)
O Campinense entrou em campo com: André Nicolodi; Julinho, Natan Vitor Cruz e Gil; Jackson, Luca Toni, Itauê e Felipe Oliveira; Kleyffer e André. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)
O Real Ferraz começou com a seguinte escalação: Songa; Maico, Douglas, Messias e Chiva; Tana, Rafael, Biano e Leandro; Massarico e Dauri. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)
O Real Ferraz começou com a seguinte escalação: Songa; Maico, Douglas, Messias e Chiva; Tana, Rafael, Biano e Leandro; Massarico e Dauri. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)

Ao contrário de outros campeonatos, o Municipal de Garopaba não é federado. Sendo assim, é comum os times contarem com jogadores que já disputaram alguma competição federada por outra equipe ou até mesmo com atletas profissionais. Os visitantes, por exemplo, contavam com praticamente todo o time titular do Grêmio Cachoeira, campeão de Florianópolis, além de seu técnico, Djone Kammers. Em seu elenco, o Campinense ainda tem jogadores profissionais como Thiago Silvy, que já rodou o Brasil e estava no Inter de Lages, Jackson, presente no acesso do Novorizontino à elite de São Paulo, além de três atletas que disputaram a Série B do Catarinense desse ano: Felipe Oliveira, pelo Atlético Tubarão, Cleyton, eleito o melhor zagueiro da competição pelo Brusque, e Douglas, o Buia, goleiro que defendeu o Porto – sendo, inclusive, um dos personagens daquele Brusque 1×1 Porto, que teve a presença d’O Cancheiro.

Sabe aquelas bolas de mercado ou de promoção de posto de gasolina? Pois bem, são bolas assim que estão sendo usadas na competição, apesar do ótimo nível técnico. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)
Sabe aquelas bolas de mercado ou de promoção de posto de gasolina? Pois bem, são bolas assim que estão sendo usadas na competição, apesar do ótimo nível técnico. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)

O Real Ferraz, por sua vez, contava com a experiência do mito Dauri em seu elenco. O atacante, com passagens marcantes por clubes como Criciúma, Botafogo, Juventude e Grêmio, atualmente se dedica ao futebol amador da região. Apesar de ter clubes grandes no currículo, a maior recordação que tenho de Dauri é daquele time lendário do 15 de Novembro de Campo Bom, no qual ele foi vice-campeão gaúcho em 2005 e semifinalista da Copa do Brasil de 2004. Mesmo sendo catarina, Dauri foi um dos folclóricos nomes do futebol gaúcho.

Dauri, no auge de seus quase 42 anos, brigava pela bola como se fosse um guri. Aqui, trava um duelo com Itauê e Jackson. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)
Dauri, no auge de seus quase 42 anos, brigava pela bola como se fosse um guri. Aqui, trava um duelo com Itauê e Jackson. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)

Com elencos fortes dos dois lados, se esperava muito do jogo daquela tarde de domingo. Para o Ferraz, a vitória era imprescindível para os planos da equipe no campeonato. Já para o Campinense, com uma situação mais tranquila, o objetivo era carimbar a vaga nas semifinais e, quem sabe, assumir a ponta da classificação. Assim que chegamos no campo do Encantadense, a pelota já estava rolando para uma partida dos aspirantes, na qual o Real venceu por 1 a 0. O clima, já naquela partida, era um tanto quanto tenso, prevendo o que estava por vir na partida principal.

Time do Campo D'Una tem até torcida organizada. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)
Time do Campo D’Una tem até torcida organizada. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)
Mancha Verde Campinense. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)
Mancha Verde Campinense. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)

O começo da partida apontava para uma goleada do time do Campinense, tamanha a superioridade em campo. A equipe base do Grêmio Cachoeira aproveitou o bom entrosamento e tratou de impor seu futebol. O lateral-direito Julinho foi o grande destaque do time nos primeiros 20 minutos. Com menos de 5 minutos, ele avançou com velocidade, deixou os marcadores para trás, e rolou no capricho para André, livre no meio da área, isolar. Logo depois, o zagueiro Vitor bateu de esquerda da entrada da área, mas bola passou longe – ao contrário do que ele fizera contra o Bandeirante, na semifinal do Municipal de Floripa, quando usou sua potente canhota para classificar o Grêmio. O ímpeto ofensivo do Campinense veio a render o gol aos 18 minutos, quando Jackson levantou uma bola na área, André subiu para cabecear, mas quem desviou para as próprias redes foi Tana.

André subiu, mas quem desviou a bola para o próprio gol foi Tana. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)
André subiu, mas quem desviou a bola para o próprio gol foi Tana. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)

Com o placar desfavorável e a obrigação de vencer, o jogo começou a ficar quente. Dois minutos após o gol, a tensão resultou em uma confusão generalizada, que só foi controlada pelo árbitro seis minutos depois, com a expulsão de Natan, do Campinense, e Douglas, do Real Ferraz, por supostamente terem se agredido, além de amarelo para Vitor, um dos pivôs da briga. A impressão inicial de goleada para o Campinense morreu ali.

Em meio à confusão, Natan, do Campinense, e Douglas, do Real, foram expulsos. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)
Em meio à confusão, Natan, do Campinense, e Douglas, do Real, foram expulsos. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)

Com 10 homens para cada lado, o jogo mudou completamente, com o Real Ferraz no domínio das ações. Aos 35, Biano recebeu um cruzamento, livre na pequena área, de frente para o gol, e chutou no meio, mas o goleiro André Nicolodi realizou uma baita defesa à queima-roupa. Logo depois, Biano tentou compensar ao fazer fila pela direita, puxar para o meio e rolar para Dauri finalizar mal. Naquele período, as únicas duas boas chances do Campinense saíram de cobranças de falta de Gil, sendo que em ambas ele bateu cruzado direto para o gol, mas o goleirão Songa estava esperto e não deixou passar.

Gil tentou surpreender o goleiro Songa em duas faltas laterais cobradas na direção do gol. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)
Gil tentou surpreender o goleiro Songa em duas faltas laterais cobradas na direção do gol. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)

O domínio do time da casa continuou na etapa final. Logo no começo, aos 3, Leandro bateu da entrada área, após cobrança de falta ensaiada, e a bola passou por todo mundo, inclusive pelo goleiro André Nicolodi, que estava encoberto por vários jogadores a sua frente. A torcida, entretanto, não perdoou e injustamente cobrou do técnico Djone Kammers o motivo de não ter colocado o Douglas Buia, arqueiro titular até então. Logo após o gol, Biano novamente ia puxando da direita para o meio, quando cortou para a esquerda e chutou na trave; a bola ainda bateu em André e foi para fora. Os contragolpes dos visitantes saíam, em sua maioria, pelo lado direito, graças à magnífica atuação ofensiva do veloz lateral Julinho. Entretanto, a equipe acabava pecando no último passe ou nas finalizações, causando pouco perigo para a defesa do Real.

Itauê teve que ser improvisado na zaga. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)
Itauê teve que ser improvisado na zaga. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)

Um pouco apagado na partida, o incansável Dauri “negou” seus quase 42 anos de idade e começou a se destacar na segunda metade da etapa final. Numa primeira oportunidade, ele trombou com a zaga e rolou para Rafael chegar batendo, nas mãos de André. Já eram decorridos mais de 30 minutos, quando o lateral-direto do Real avançou e cruzou rasteiro, encontrando o matador Dauri na pequena área; o experiente artilheiro demonstrou seu faro de gol e só completou para as redes, às costas do zagueiro Vitor.

O lendário e incansável Dauri apareceu às costas da zaga e completou para o gol. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)
O lendário e incansável Dauri apareceu às costas da zaga e completou para o gol. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)

O jogo se encaminhou para o fim com o Campinense pressionando, mas sem obter êxito nas finalizações. Leandrinho entrou na segunda etapa e bem que tentou, mas a defesa do Real mostrava tranquilidade e afastava o perigo. Faltando pouco para o fim, Laion se envolveu em uma confusão e foi expulso, para a ira de Djone. O motivo da raiva do treinador: só na etapa final ele colocou o jogador, que já tinha dois cartões amarelos e estava sendo poupado para a próxima rodada (confronto direto contra o Garopaba); nesse jogo, o Campinense contará com apenas 12 jogadores, já que os 11 atletas do Grêmio viajarão com a equipe da capital para o Estadual Amador e desfalcarão a equipe.

Chiva foi um dos destaques do Real Ferraz, com uma atuação segura e serena. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)
Chiva foi um dos destaques do Real Ferraz, com uma atuação segura e serena. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)

Apesar de contar com o quase todo o elenco titular e o treinador do time campeão da Grande Florianópolis, a torcida local não perdoou: “isso aí é o melhor time de Floripa?”. Os adversários também não deixaram barato: “aqui não é aquele campeonato fraco lá de Floripa não”. De fato, o nível do Municipal de Garopaba é um pouco superior, devido ao fato de ele não ser federado e contar com atletas profissionais e semi-profissionais, da LARM (campeonato regional de Criciúma) e da Grande Florianópolis.

Julinho foi um dos destaques do Campinense na partida. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)
Julinho foi um dos destaques do Campinense na partida. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)

O resultado de 2×1 foi muito comemorado pela torcida do Real Ferraz, já que coloca o time na zona de classificação às semifinais, com a mesma pontuação do Limeira, mas superior nos critérios de desempate. Na próxima rodada, a equipe busca se manter no G4, em confronto contra o Palhocinha. O Campinense, por sua vez, segue na terceira posição, mas começa a ver sua vaga ameaçada. A partida da próxima rodada será um baita desafio para a equipe do Campo D’Una, visto que, como citado anteriormente, pega o Garopaba, adversário direto, sem os 11 jogadores que viajarão para o oeste com Grêmio Cachoeira. Sorte que o time rival também vem desfalcado, já que conta em seu elenco com jogadores do Metropolitano de Nova Veneza, outro participante do Estadual.

A experiência de Dauri (campeão brasileiro e da Copa do Brasil) pode fazer a diferença para o Real Ferraz se manter no G4. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)
A experiência de Dauri (campeão brasileiro e da Copa do Brasil) pode fazer a diferença para o Real Ferraz se manter no G4. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)

Adivinha quem também viajará para o oeste catarinense? Sim, O Cancheiro! Já na próxima quarta, o destino deste que vos escreve é Chapecó, onde acontecerá uma partida meia-boca, entre o time daquela cidade e um tal de River Plate. Para o blog, o que realmente importa começará três dias depois, no sábado. Estaremos em São Miguel do Oeste, quase na divisa com a Argentina, trazendo tudo que rolará no Campeonato Catarinense de Amadores, que reunirá as melhores equipes de cada um dos cinco cantos do estado: os já citados Grêmio Cachoeira, campeão da Grande Florianópolis, e Metropolitano, campeão do Sul, além de Atlético Itoupava, do Vale do Itajaí, América de Joinville, do Norte, e o anfitrião Guarani de São Miguel do Oeste, campeão da fase regional do oeste, nesse domingo.

Figuem ligados que já durante a semana teremos novidades no blog. Até!

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