Cultura

Beatriz Milhazes expõe gravuras na Caixa Cultural

Exposição reúne 17 trabalhos da artista que foram doados à Pinacoteca
A gravura "Bibi" (2003), de Beatriz Milhazes, será exposta na Caixa Cultural do Rio Foto: Divulgação
A gravura "Bibi" (2003), de Beatriz Milhazes, será exposta na Caixa Cultural do Rio Foto: Divulgação

RIO - Mais conhecida pelas pinturas ultracoloridas — e valorizadas no mercado internacional, onde alcançam mais de US$ 1 milhão —, Beatriz Milhazes vai expor suas gravuras na Caixa Cultural, em mostra que será aberta nesta segunda-feira, às 20h, para convidados, com 17 trabalhos.

Há dez anos sem uma individual na cidade, a artista mostrará aqui as obras criadas em parceria com a Durham Press, na Pensilvânia, onde faz residências desde 1996 para produzir serigrafias com a ajuda do impressor e editor Jean Paul Russel. Beatriz doou os trabalhos criados entre 1996 e 2006 à Pinacoteca de São Paulo que, então, organiza mostras com tais obras da artista pelo país.

Fora do Brasil, a artista também divulga o trabalho paralelo ao da pintura. Em dezembro de 2011, por exemplo, Beatriz mostrou suas serigrafias na galeria Whitechapel, em Londres. “Beatriz Milhazes: Screenprints 1996-2011” foi a primeira grande exposição de seu trabalho com gravuras, descritas pela galeria como capazes de fazer caminhar juntos “o modernismo europeu e a tropicália brasileira”. Algumas obras que estarão na Caixa, como “As irmãs” ou “Bibi”, ambas de 2003, foram exibidas na mostra na Inglaterra.

— O meu trabalho em serigrafia se tornou importante dentro do contexto da minha produção desde que pude desenvolver obras com este estúdio americano — conta Beatriz, que, agora, está no estúdio da Pensilvânia e não virá ao Rio para a abertura da mostra.

A artista vai a cada três anos à Durham Press para trabalhar numa série inédita.

— Estas imagens acabaram por dialogar de forma rica com a minha pintura — afirma ela. — Os tamanhos são variados, tendo serigrafias de até 2,5m por 1,3m. A técnica é complexa e expressa muito bem os meus interesses em arte.

De fato, as gravuras de Beatriz dialogam com suas conhecidas telas, pelas cores e formas sobrepostas que exploram. No entanto, para o diretor técnico da Pinacoteca de São Paulo, Ivo Mesquita, as gravuras não devem ser vistas como mera analogia às pinturas da artista que, no mês passado, viu sua tela “O elefante azul” ser leiloada pela Christie’s por US$ 1,463 milhão, maior valor alcançado por uma pintura sua em leilão internacional.

Para Mesquita, o trabalho da artista com as gravuras é uma espécie de “investigação em torno das possibilidades do meio”. Como ele escreve no material da exposição, Beatriz explora a serigrafia, que oferece cortes precisos, e a xilogravura, que “possibilita a textura e certo imediatismo”. A gravura, enfim, escreve ele, “colabora na estruturação, ampliação e adensamento da pintura e da colagem de Milhazes”.