Leitor de Machado de Assis , Candido Portinari ilustrou 88 dos 160 capítulos de “Memórias póstumas de Brás Cubas” em uma edição particular, feita sob sob encomenda do mecenas carioca Raymundo de Castro Maia para a Sociedade dos Cem Bibliófilos do Brasil, em 1942. Com sete águas-fortes e 74 desenhos reproduzidos em clichê, o pintor capturou toda a melancolia e a estranheza do romance do Bruxo do Cosme Velho, escrito em 1881.
As ilustrações originais foram leiloadas em um jantar, em 1944, e o livro permaneceu como uma raridade, mesmo após o relançamento em uma edição fac-similar àquela, em 1973 (hoje posta à vendapor nada menos do que R$ 4 mil). Muito mais acessível será a edição da editora Antofágica, que chega às livrarias em julho resgatando tanto o texto de Machado quanto as ilustrações de Portinari . Dois mestres brasileiros, enfim reunidos para o grande público.
“Estou respeitando o texto, tenho estudado indumentária. Os retratos estou procurando dar um jeitão de gente que existiu mesmo”, escreveu Portinari ao amigo Mario de Andrade. Parte da carta é reproduzida no texto de apresentação da nova edição, assinado por João Portinari, filho do pintor.
Este é um dos primeiros livros do catálogo da Antofágica, uma nova editora que pretende fazer releitura de clássicos com intervenções artísticas. Em abril, ela lançou “A metamorfose”, de Kafka, com ilustrações de Lourenço Mutarelli .
O LIVRO:
“Memórias póstumas de Brás Cubas”. Autor: Machado de Assis e Candido Portinari (ilustrações). Editora: Antofágica. Páginas: 456. Preço: R$ 49,90. Lançamento: 10 de julho.