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Já vacinado, Luis Fernando Verissimo se recupera em casa de um AVC e manda recado: 'Viva o SUS'

Escritor praticamente não sai de sua casa, em Porto Alegre, há mais de um ano e conversa com a neta pelo portão
Isolado e já vacinado, o escritor Luis Fernando Verissimo lê O GLOBO na varanda de sua casa, em Porto Alegre Foto: Fernanda Verissimo
Isolado e já vacinado, o escritor Luis Fernando Verissimo lê O GLOBO na varanda de sua casa, em Porto Alegre Foto: Fernanda Verissimo

Na terça-feira passada (6), foi publicada no GLOBO uma carta da leitora Tania Pessanha Paula, preocupada com a saúde de Luis Fernando Verissimo e ansiosa pelo retorno dos textos inteligentes e bem-humorados do escritor gaúcho às páginas do jornal. “Por que não está mais escrevendo? Como está sua saúde?”, perguntou a leitora. Verissimo, de 84 anos, publicou sua última crônica no GLOBO há quase três meses, em 14 de janeiro. O criador do Analista de Bagé e da Velhinha de Tautabé precisou interromper as colunas para cuidar da saúde: sofreu um AVC (acidente vascular cerebral) isquêmico em meados de janeiro e precisou passar algumas semanas no hospital.

Para acalmar os leitores saudosos das crônicas de Verissimo, O GLOBO foi buscar mais notícias do escritor. Numa troca de e-mails, a filha Fernanda Verissimo diz que o pai está convalecendo em casa.

— Ele recuperou os movimentos muito rápido, mas ainda está com dificuldade para falar e escrever, por isso ainda não conseguiu voltar ao jornal — explica. — Mas ele tem feito fisioterapia e já melhorou bastante. Tudo é mais complicado com a pandemia, inclusive os tratamentos.

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A família Verissimo leva a quarentena a sério. O escritor e a esposa, Lucia, estão trancados em casa, em Petrópolis, bairro de Porto Alegre, desde março do ano passado, escondendo-se do coronavírus. O filho caçula, Pedro, está confinado junto com eles. O casal já tomou as duas doses da vacina, mas continua se cuidando. As poucas visitas não entram na casa e conversam com o casal no portão ou, se o dia está bonito, no pátio.

— É chato, mas necessário — diz Fernanda.

Desde março do ano passado, Verissimo saiu de casa poucas vezes, e para ir ao hospital. Em novembro, ele precisou fazer uma cirurgia na mandíbula e ficou duas semanas internado. Em janeiro, depois do AVC, ficou mais algumas semanas no hospital antes de voltar para casa.

Grupo de risco

Em entrevista ao GLOBO, ainda no início da pandemia , há mais de um ano, o cronista lembrou que faz parte de mais de um grupo de risco: “Sou cardíaco, diabético e velho. O vírus que me pegar vai ganhar a Tríplice Corona”. Na mesma entrevista, ele ainda lamentou que, confinado, só podia “trocar abanos tristes” com sua neta Lucinda, uma de suas maiores paixões e personagem de algumas de suas colunas. Os abanos continuam. Lucinda vê os avós quase todos os dias e conversa com eles do portão. Dependendo do dia, vai até o pátio e a varanda, lugar em que o escritor gosta de ficar para ler jornal, como se vê na foto enviada por Fernanda.

Para se reunir nas festas de final de ano, todos na família Verissimo fizeram testes para a Covid-19 e passaram alguns dias isolados. A saudade era tamanha que decidiram ficar quase um mês inteiro juntos.

Apesar da dificuldade para falar, Verissimo, conta Fernanda, mandou uma mensagem para seus leitores: “Viva o SUS!”. Assim que estiver recuperado, o escritor voltará com sua coluna, às quintas-feiras, agora na editoria de Cultura.