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Por Cláudio Gabriel, Especial Para O GLOBO — Rio de Janeiro

Marcelo D’Salete fez uma extensa pesquisa para criar “Angola Janga”, história em quadrinhos sobre o Quilombo dos Palmares que levou o Jabuti de Melhor HQ em 2018. Durante uma daquelas leituras, “Sonhos africanos, vivências ladinas”, de Cristina Wissenbach, o quadrinista ficou intrigado pela história de Tiodora Dias da Cunha, uma mulher negra nascida no Congo e trazida para o Brasil como escravizada no século XIX. No ano de 1866, Tiodora contou com a ajuda de outro escravizado, Claro Antônio dos Santos, para escrever cartas tentando encontrar marido e filho e conquistar sua alforria.

D’Salete usou essa trama como ponto de partida para “Mukanda Tiodora”, seu primeiro livro em cinco anos — a primeira palavra significa “carta” na língua kimbundu.

Após retratar a escravidão em outras partes do Brasil, D’Salete decidiu que era hora falar de como seus antepassados foram tratados em sua cidade natal.

— Era importante falar sobre São Paulo naquele período, que tinha uma presença negra muito impactante. Segundo registros oficiais, esse número chegou a passar de 150 mil pessoas em 1872 na província de São Paulo — diz o paulistano de 43 anos. — Acho que existem vários modos de pensar a violência desse período. No “Angola Janga”, tem toda uma questão dos conflitos armados, que acaba sendo um contexto. No “Tiodora”, tentei mostrar alguns tipos de negociação nesse sistema escravista. O caminho de Tiodora, a escrita, era um deles.

Mestre em História pela USP, o quadrinista conta que seu objetivo em “Mukanda Tiodora” não é dar aula, mas “fazer com que o leitor conheça a História a partir dos personagens”, alguns baseados em pessoas reais e outros, uma criação do quadrinista.

— Tudo é em volta dos protagonistas. É importante, para mim, que o leitor tenha acesso a esse contexto histórico todo a partir dos protagonistas. Em alguns instantes, os dilemas deles remetem a esse contexto maior do país. Fiz isso em outros trabalhos, trazer pessoas quase anônimas da nossa história para pensar diferentes contextos.

D’Salete conta que planeja fazer mais trabalhos sobre a escravidão no Brasil, mas também abordar as questões de exploração e violência nos tempos atuais:

— É preciso entender que há marcas negras muito grandes na cidade de São Paulo até hoje. Esse livro é uma tentativa de imaginar esse contexto sob outro olhar.

‘Mukanda Tiodora’
Autor:
Marcelo D’Salete. Editora: Veneta. Páginas: 448. Preço: 79,90.

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