'Acordo cedo para me atrasar com calma': livro reúne ilustrações sarcásticas que fazem sucesso nas redes

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A obra de Pedro, de 17 anos, ultrapassou o universo digital e acaba de virar livro. “Tirando tudo tá tudo bem” é uma compilação das melhores artes do estudante, que atualmente está no primeiro ano do ensino médio.

— Minhas ilustrações são como um espelho que não reflete beleza e, sim, os próprios demônios. Tipo a poeira que fica debaixo do tapete — diz Pedro, que viu um propósito em sua arte durante a emergência sanitária. —Com gente sofrendo, morrendo, num momento político de merda, a melhor coisa foi fazer uma pessoa sorrir. Foi como tirar leite de pedra. Até pensei: “Quando passar a pandemia, será que meus desenhos vão fazer sentido?” Mas estão aí até hoje.

— Minha arte é como um espelho que não reflete beleza e sim os próprios demônios. Tipo a poeira que fica debaixo do tapete — diz Pedro, que viu um propósito ainda maior durante a pandemia. —Com gente sofrendo, morrendo, num momento político de merda, a melhor coisa foi fazer uma pessoa sorrir. Foi como tirar leite de pedra. Até pensei: “quando passar a pandemia, será que meus desenhos vão fazer sentido?” Mas estão aí até hoje.

Filho do dono de uma oficina mecânica e de uma dona de casa, Pedro tem uma irmã mais velha, Marília, de 24 anos, que cuida de sua agenda e cujo dia a dia lhe serve de inspiração (“Ela me dá ideia indireta, sem querer dar me dando”). Ele descobriu que levava jeito para a arte aos 10 anos. O convite de uma professora para pintar o muro da escola foi o incentivo de que precisava:

— Depois, ela me inscreveu numa competição de desenho, ganhei em primeiro lugar. Fui pegando gosto.

Pedro faz suas ilustrações no celular, no computador ou no tablet, mas não deixa de desenhar à mão livre “para manter a prática”. Já chegou, inclusive, a vender suas obras, mas tem “preguiça”. Diariamente, também pinta (“Pinto muito, só que ninguém vê”) e sempre escreve poesias (“que guardo na gaveta”). Sonha em cursar cinema, área em que o ídolo é o conterrâneo Kleber Mendonça Filho (“‘Aquarius’ já vi umas cinco vezes”).

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O pernambucano também é grande admirador de arte contemporânea e, por causa desse gosto, conheceu “virtualmente” Luisa Duarte, que havia feito a curadoria da exposição “O rigor da distração”, de Tunga, um de seus maiores ídolos, ao lado de Adriana Varejão. Foi ela que escreveu o texto do livro do jovem artista.

— Quando soube que ele tinha 16 anos (na época) foi uma surpresa, porque o mal-estar sobre o qual a obra dele se refere é um mal-estar da vida adulta, de uma sociedade de hipercompetitividade — diz Luisa. — Parte do sucesso dele é justamente falar desse incômodo numa rede social feita para mostrar momentos bem-sucedidos no amor, no lazer e no trabalho.

Foi exatamente isso que chamou atenção de Isabel Diegues, diretora editoral da Cobogó, que, como meio mundo, conheceu Pedro a partir do compartilhamento de amigas.