Ela Decoração

Paredes coloridas: pintura com duas ou mais cores vira tendência na decoração

Contrastes fortes e figuras geométricas embelezam a casa sem encarecer o projeto
Quatro cores nas paredes no ambiente "Mini apê cores", de Camila Fleck Foto: MCA Estudio
Quatro cores nas paredes no ambiente "Mini apê cores", de Camila Fleck Foto: MCA Estudio

RIo - Não é de hoje que paredes multicoloridas são um recurso para embelezar ambientes. Em casarões antigos é comum encontrar meias-paredes, boiseries e lambris, em tons suaves e comportados. Agora, a tendência está de volta, mas repaginada em cores fortes e com formas geométricas. A novidade ajuda a baratear projetos, ao substituir o papel de parede e outros revestimentos caros.

A tendência está em pelo menos 15 ambientes (adultos e infantis) da mostra Morar Mais por Menos, que de 8 de agosto a 22 de setembro no CasaShopping.

— Esta técnica tem sua raiz nas clássicas boiseries , painéis de madeira que cobrem paredes até o meio, desde a França dos séculos XVII e XVIII. Porém, um olhar mais atento logo perceberá que os participantes da mostra apresentam, na verdade, releituras com uma pegada mais descolada — lembra Ligia Schuback, uma das organizadoras da mostra, ao lado de Sabrina Schuback Rocha.

Quarto do irmãos, de Raquel Martins e Cris Polli Foto: MCA Estudio
Quarto do irmãos, de Raquel Martins e Cris Polli Foto: MCA Estudio

A maioria dos profissionais usou paletas de cores em combinações ousadas, criando sobre as paredes desenhos gráficos ou algum efeito bicolor na horizontal ou diagonal.

— Com pouco dinheiro você compra algumas latas de tinta e fita crepe e transforma completamente o visual de um ambiente, deixando-o mais jovial e moderno. Quem tiver alguma habilidade e tempo também pode se aventurar — ressalta Sabrina.

Para quem quer pôr a mão na massa, o conselho das arquitetas Raquel Martins e Cris Polli é limpar a superfície da parede limitando as áreas com fita crepe, conforme as cores escolhidas. Depois de pintar (duas demãos), basta retirar as fitas.

Não há limite de cores para este tipo de pintura: é só deixar a imaginação fluir.

Enquanto antigamente as combinações mais comuns tinham tons diferentes da mesma cor — mais escuro embaixo e mais claro em cima — a proposta atual é justamente ousar e abusar dos contrastes.

Quarto da mãe solo, de Viviana Alvadia Foto: MCA Estudio
Quarto da mãe solo, de Viviana Alvadia Foto: MCA Estudio

— No caso das paredes bicolores divididas na horizontal, não há regras quanto à altura da linha, que pode ser posicionada mais baixa, bem no meio ou próxima ao teto — diz Ligia.

A designer Viviana Alvadia, que assina o “ Quarto da Mãe Solo” na mostra, acredita que a pintura na parede é uma alternativa de baixo custo e também um jeito de imprimir certa personalidade ao projeto.

— No final dos anos 2000 a tendência era a decoração clean . Naquela época, a segmentação do ambiente era feita por meio de mobiliário e marcenaria. Hoje conseguimos segmentar e compor o ambiente usando cores.

Custo maior é o da mão de obra

Para quem quer ousar e embarcar na tendência das paredes com muitas cores, a arquiteta Camila Fleck, que assina o “Mini Apê Cores”, alerta que o custo maior no processo é o da mão de obra.

— O material em si não é o mais caro, pois trata-se de uma tinta comum de parede. O gasto maior pode ser com mão de obra, pois é necessário contratar alguém com certa habilidade, já que trata-se de um trabalho mais artesanal. Em compensação, você não precisará gastar dinheiro com quadros — salienta.

Neste caso, as arquitetas Karla Khalil e Luciane Borges do Carmo, responsáveis pelo “Quarto Paranauê” na mostra, lembram que o custo do trabalho do pintor será determinado pelo nível de dificuldade da pintura.

Quarto Paranauê, de Karla Khalil e Luciane Borges do Carmo Foto: MCA Estudio
Quarto Paranauê, de Karla Khalil e Luciane Borges do Carmo Foto: MCA Estudio

— Muitas formas geométricas, com figuras mais complexas, por exemplo, custam um pouco mais caro. Simplificando o desenho, conseguimos baratear e ter um bom resultado —explicam.

Para escolher as cores, uma das formas é usar o círculo cromático, explica a arquiteta Luana Bombiere, que assina “Quarto do Zion” com Dafne Sampaio.

Sala de jantar, de Natalia Viviani Foto: MCA Estudio
Sala de jantar, de Natalia Viviani Foto: MCA Estudio

— Com ele, podemos usar as cores análogas (aquelas que estão relativamente próximas umas das outras), as cores complementares (estão posicionadas nas extremidades opostas) e as cores por triangulação (combinação de três, equidistantes) —explica Luana.

Um alerta importante: não é regra combinar as cores da parede com as do restante da decoração do ambiente. Mas para que o cômodo fique mais harmônico, é interessante dar um toque com tons parecidos, finaliza Dafne Sampaio.