O primeiro turno das eleições presidenciais que ocorreu neste domingo na Argentina mobilizou quatro políticos brasileiros que viajaram, em comitiva, para o país vizinho no intuito de acompanhar a votação de perto e dar apoio ao candidato da extrema-direita Javier Milei. Da Câmara dos Deputados, três parlamentares foram autorizados a ir para Buenos Aires em missão oficial. Entre eles, o filho 03 do ex-presidente Jair Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
Na noite deste domingo, Eduardo deu entrevista a um canal de TV argentino, mas ao defender a "liberação de armas", teve sua participação interrompida.
— Quando estamos falando de armas de fogo... E não é tão simples assim: não se pode ter problemas com a polícia, com a Justiça, há uma idade mínima. No Brasil é necessário fazer um teste prático de disparo... Então, avançar na (liberação) de armas de fogo para os cidadãos significa dar condições para sua legítima defesa, para que eles sejam... — justificava Eduardo, quando foi interrompido pelos jornalistas.
Além do filho do ex-presidente, Marcel Van Hattem (Novo-RS) e um integrante do União Brasil, partido que integra a base do presidente Lula (PT), estiveram no país. Apesar de fazer parte do quadro do União, sigla que tem Celso Sabino (Turismo) e Juscelino Filho (Comunicações) no primeiro escalão, Rodrigo Valadares (SE) vota com a oposição.
Um quarto político, o vereador de São Bernardo do Campo, Paulo Chuchu (PRTB) também integrou a comitiva. Antes de assumir seu mandato no interior de São Paulo, Chuchu foi assessor de Eduardo Bolsonaro. Em 2020, foi acusado de participar do chamado "gabinete do ódio", páginas na internet que difundiam fake news e atacavam adversários da família Bolsonaro. No total, ele teve seis contas derrubadas que se passavam por redações jornalísticas, como The Brazilian Post, The Brazilian Post ABC e Notícias São Bernardo do Campo.
Ao longo deste domingo, os políticos se dividiram em agendas. Marcel Van Hatten acompanhou a ida de Milei a sua zona eleitoral, localizada na Universidade Tecnológica Nacional, enquanto os outros três almoçaram com a vice do argentino, Victoria Vilarruel. Na ocasião, a política gravou um vídeo destinado aos brasileiros:
— Um grande abraço ao povo do Brasil que para nós é um povo irmão que compartilha conosco a história e parte da problemática — disse Victoria Vilarruel.
Após esta agenda, Valadares e Eduardo visitaram La Matanza, na região metropolitana de Buenos Aires, onde fizeram vídeos. "Essa aqui é a Argentina real, bem parecida com o Brasil", disse o sergipano.
Já durante a apuração, os quatro estiveram presentes no comício de Milei. Quando o resultado saiu, apontando um segundo turno entre o candidato da extrema-direita e o governista Sergio Massa, publicaram mensagens de "esperança":
—As perspectivas são as melhores possíveis — disse Marcel Van Hattem, afirmando que os votos de Patricia Bullrich, que ficou em terceiro lugar na disputa, vão migrar para Milei.
Apoio da esquerda nas redes
Parlamentares da esquerda se engajaram na disputa argentina, nas redes. A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou que a ida da esquerda ao segundo turno em primeiro lugar foi "a melhor notícia" do dia. "Los hermanos mandando bem contra o fascismo e Bolsonaro pé frio", afirmou.
O deputado federal André Janones (Avante-MG) publicou uma imagem de uma caneca da ex-primeira-dama Evita Peron: "Evita vive", disse em referência à votação de Sergio Massa.
Já o senador Humberto Costa (PT-PE), afirmou que ocorreu uma "resposta democrática" nas eleições: "Parabenizo o primeiro colocado. Firmeza e trabalho para o segundo turno. O ódio nunca será o melhor caminho", escreveu o petista.