Rio

Novo trecho da obra do bondinho de Santa Teresa será entregue ainda este mês

Trajeto da Praça Odylo Costa Neto ao Largo do França, que seria concluído em Novembro, já está pronto
O bonde de Santa Teresa Foto: Bárbara Lopes / Agência O Globo
O bonde de Santa Teresa Foto: Bárbara Lopes / Agência O Globo

RIO – Marcada por uma série de atrasos, a obra de expansão do sistema de bondes de Santa Teresa tem mais uma etapa concluída - da Praça Odylo Costa Neto até o Largo do França - e, desta vez, a entrega conseguiu ser antecipada em um mês. A partir da segunda quinzena deste mês, eles estarão de volta aos trilhos num percurso de 1,5 km, melhorando o atendimento a turistas e  aos moradores do bairro e do entorno. Segundo a  Secretaria  estadual de Transportes, os trabalhos terão prosseguimento com a ampliação do trecho no sentido Dois Irmãos. O objetivo, diz o órgão, é retomar de forma gradativa o trajeto operado em 2011.

Iniciada em 16 de julho, a obra que levou o bonde até a Praça Odylo Costa Neto custou R$ 9 milhões, sob o contrato do Consórcio Elmo/Azvi.

Para o estudante de engenharia mecânica Paolo Maiolino, de 18 anos, que mora em Santa Teresa desde que nasceu, o bonde era melhor antigamente, quando fazia um trajeto maior, indo até o Silvestre, onde havia uma conexão com o bondinho do Cristo Redentor. Ele ficou surpreso com a agilidade na entrega deste trecho da obra:

— Eu passei todos os dias pela obra e sempre via o pessoal trabalhando. Comparado com o tempo que ficou parado é até excelente.

Há sete anos, um bonde descarrilou no bairro, deixando seis mortos e mais de 50 pessoas feridas. Paolo diz que casos assim não podem mais ocorrer, ainda mais num local que atrai muitos turistas:

— Agora, na baixa temporada, até são menos visitantes. Mas o transporte também é essencial para o morador. Estudo na Zona Sul e o trajeto de bonde é mais rápido do que o de ônibus. E ele me deixa perto do metrô.

Os bondes de Santa Teresa vão do Largo da Carioca, passando pelos Arcos da Lapa e Largo dos Guimarães, até chegar à Travessa Vista Alegre, onde as viagens estão sendo finalizadas atualmente. Mas, em breve, seguirão até o Largo do França. Os intervalos entre os carros variam entre 15 e 20 minutos, e a passagem de ida e volta custa R$ 20. Estudantes uniformizados da rede pública, maiores de 65 anos com CPF e moradores de Santa Teresa cadastrados com a carteira não pagam.

O trajeto do Bonde de Santa Teresa
Galhos de árvores caíram sobre a rede aérea do Bonde, próximo ao Largo do Curvelo.
Largo do Curvelo
Largo dos
Guimarães
CACHAMBI
Praça Odylo
Vista Alegre
CATETE
Largo do França
Flamengo
SANTA TERESA
Fonte: Secretaria de Estado de Transportes
O trajeto do Bonde
de Santa Teresa
Galhos de árvores caíram sobre a rede aérea do Bonde, próximo ao Largo do Curvelo.
Largo do
Curvelo
Largo dos
Guimarães
Praça Odylo
Vista Alegre
CATETE
Largo do França
SANTA TERESA
Fonte: Secretaria de Estado de Transportes

Wesley Coelho, de 27 anos, que mora em Belo Horizonte, andou no bonde e ficou atento à paisagem:

— A minha primeira impressão como turista é de muita surpresa. No ano passado eu vim ao Rio e peguei o trenzinho do Corcovado. E, hoje, usando esse de Santa Teresa, achei o trajeto muito mais rico em termos de arquitetura, por exemplo. Vale mais a pena. O trajeto é curto por R$ 20 tá um pouco puxado, mas, mesmo assim, eu indicaria a um amigo para fazer esse passeio cultural.

Segundo a Secretaria estadual Transportes, o recurso arrecadado com a passagem é integralmente usado para a manutenção e a melhoria do sistema. Além disso, o órgão explica que "dará prosseguimento à ampliação do percurso".

Para o motorneiro Ferreira, que há 25 anos guia bondes em Santa Teresa, o serviço é fundamental para manter a vitalidade do bairro:

— O bonde representa tudo para o bairro. Quando ele não tá rodando o bairro fica morto, o comércio não funciona e fica triste esse lugar. Essa obra ajuda muito o morador, porque saindo do Largo do França ele  chega em 20 minutos ao Centro.

A comerciante Simone Campos, de 37 anos, também comemora o avanço das obras:

— Eu estou gostando muito dessa expansão porque o bonde volta a passar bem aqui na frente da minha loja de doces. Antigamente a gente tinha um público bem maior, o bonde passava aqui lotadíssimo, mas, depois do acidente, caiu bastante o movimento.

Santa Teresa respira arte e cultura, e o artista plástico Zé Andrade, morador do bairro há 40 anos, fala com satisfação da retomada do bonde:

— O bonde é a alma desse lugar, uma prova de resistência dentro do sistema de modernização. Acho que a gente tem que comemorar a conclusão desse pequeno trecho e agradecer, pois a felicidade é feita de pequenos pedaços. Obras sempre causam transtornos, mas não há benfeitoria sem sacrifício.

* Estagiária sob supervisão de Leila Youssef