Rio

Polêmica sobre futuro do Belvedere, na Região Serrana

Moradores de Petrópolis e Concer, que administra trecho da BR-040, batem de frente quando o assunto é a revitalização da obra

Destino do Belvedere, que está se deteriorando, ainda é incerto
Foto: Márcia Foletto / O Globo
Destino do Belvedere, que está se deteriorando, ainda é incerto Foto: Márcia Foletto / O Globo

RIO - Uma visão panorâmica da Reserva Biológica de Tinguá, com uma beleza natural que vai muito além do que a vista alcança, fez do Belvedere do Grinfo um dos mais privilegiados cenários da Região Serrana. O local, que já foi um ponto de visitação, transformou-se em alvo de disputa. Desde julho deste ano, os integrantes do Movimento Pró-Revitalização do Belvedere do Grinfo travam uma briga acirrada com a Companhia de Concessão Rodoviária Rio-Juiz de Fora (Concer), que administra o trecho da BR-040 desde 1996. O grupo, liderado pela Associação Petropolitana de Engenheiros e Arquitetos (Apea), defende a realização de exposições e pequenos shows no espaço. Mas a Concer vetou a ideia, alegando que eventos afetariam a segurança do trânsito.

O único consenso entre as partes até agora se deu em torno da proposta de revitalizar o Belvedere com um restaurante e um laboratório para pesquisas, onde seria feito o monitoramento do clima e da Mata Atlântica da região. O projeto apresentado pelo movimento à Concer prevê o apoio da Petrobras, embora a estatal ainda não confirme o interesse.

Localizado entre Petrópolis e Xerém, o Belvedere foi inaugurado na década de 1960 para sediar um restaurante, o Disco, logo após a abertura da nova pista. Na época, o tráfego era em mão dupla e o restaurante, bastante movimentado.

Com a construção da pista de subida de mão única, o movimento caiu e o Disco fechou. Além de ter acesso apenas para quem desce a serra, os que param ali só podem retornar a Petrópolis indo até Xerém. Depois disso, a construção não abrigou mais qualquer atividade e sofreu com o desgaste do tempo.

Para o presidente da Apea, Luiz Antônio do Amaral, isso é um sinal de falta de manutenção, responsabilidade da Concer.

O presidente da concessionária, Pedro Jonsson, contesta. Segundo ele, o contrato de concessão tem sido cumprido. Entre as obrigações, estão a recuperação da parte exposta do prédio, capina e jardinagem. Jonsson frisa que a revitalização não está no contrato:

— O Belvedere tem uma localização excelente e tinha que ter uma destinação. Sou a favor de qualquer coisa que seja feita. Não acho que um restaurante seria ideal, porque o trecho da estrada é curto e não teria público suficiente.

Já o presidente da Apea acredita que o Belvedere do Grinfo deve ser usado para incrementar o turismo de Petrópolis. Ele defende a instalação de um polo gastronômico.

Um dos motivos de atrito entre as entidades e a Concer foi a proibição de festas após um evento realizado em agosto deste ano.

— A revitalização não pode ser feita de qualquer maneira. Sou contra shows, instalação de parque de diversões. O local não tem área de estacionamento suficiente, o que acabaria fazendo com que muitos estacionassem às margens da rodovia. Num evento este ano, retornaram na contramão — diz Jonsson.

Entre as propostas já feitas para o lugar, havia a de criar um campo de pouso de voo livre. Após adaptações para viabilizar a prática, o local não atraiu os adeptos do esporte.