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Monteiro Lobato é tema de exposição na Biblioteca Nacional

Contradições, curiosidades e lado profissional menos conhecido do escritor estão entre 80 itens da mostra "Monteiro Lobato: o homem, os livros", que a BN inaugura nesta quarta-feira
Ilustração de Voltolino para o livro “A menina do narizinho arrebitado”, de 1920: um dos itens da mostra Foto: Divulgação
Ilustração de Voltolino para o livro “A menina do narizinho arrebitado”, de 1920: um dos itens da mostra Foto: Divulgação

Gênio inegável, Monteiro Lobato era também controverso, desde a primeira metade do século XX. Cecília Meireles se preocupava, ainda em 1932: “Aqueles seus personagens são tudo quanto há de mais malcriado e detestável no território da infância (...). Seus livros podem divertir (...), mas acho que deseducam muito.” Em 1973, no “Jornal do Brasil”, Clarice Lispector lhe rasgou elogios: “Tive várias vidas. Em outra de minhas vidas, o meu livro sagrado foi emprestado porque era muito caro: ‘Reinações de Narizinho’. (...) Não o li de uma vez, li aos poucos, algumas páginas de cada vez para não gastar. Acho que foi o livro que me deu mais alegrias naquela vida”. Os depoimentos das escritoras fazem parte da exposição “Monteiro Lobato: o homem, os livros”, que a Biblioteca Nacional inaugura nesta quarta-feira, às 18h, com cerca de 80 itens do acervo da instituição.

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A Cuca de Rui de Oliveira: traços revelam transição dos livros para a TV Foto: DIvulgação
A Cuca de Rui de Oliveira: traços revelam transição dos livros para a TV Foto: DIvulgação

Consagrado na literatura infantil e espécie de “pai” do gênero no Brasil, Lobato tem outras vertentes profissionais, como a de editor e a de tradutor, exploradas na mostra. Chama atenção, por exemplo, sua correspondência com Lima Barreto, na qual tecia comentários sobre a dificuldade de se vender livros no país.

— Embora ele dissesse isso, seu livro “Reinações de Narizinho” vendia feito água. É uma das curiosidades que a gente mostra — comenta Verônica Lessa, coordenadora de Difusão Cultural da Biblioteca Nacional, que divide a curadoria da exposição com Ana Merege, bibliotecária da BN.

Um painel cronológico expõe fatos importantes da vida do escritor nascido na cidade de Taubaté, em São Paulo. Duas vitrines apresentam um recorte de suas obras a partir de desenhos de ilustradores como Voltolino, Andre Le Blanc e Jean-Gabriel Villin.

— Eles foram importantes na construção dos personagens. Tem um espaço dedicado ao Rui de Oliveira, responsável pela primeira adaptação do “Sítio do Pica-Pau Amarelo” para a TV. O visual da Cuca é criação dele. No livro, ela aparecia em três parágrafos, mas na TV ganhou muita importância — diz a curadora.

Onde: Biblioteca Nacional. Av. Rio Branco 217, Centro ( 2220-9608). Quando: Abertura: hoje, às 18h. Seg a sex, das 10h às 17h; sáb das 10h30m às 14h30m. Quanto: Grátis.